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Opinião: Hélder Pedro
OPINIÃO HÉLDER PEDRO
SECRETÁRIO-GERAL DA ACAP PRESIDENTE DO COMITÉ DE LIGAÇÃO DA ACEA
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AUnião Europeia tem vindo a aprovar, ao longo dos últimos anos, uma legislação sobre a transição climática que tem vindo a estabelecer, metas cada vez mais difíceis de cumprir e que, em nossa opinião, não tiveram em conta a realidade.
Mas, estamos na Europa e é com este cenário que vamos trabalhar.
O recente pacote “Fit for 55”, apresentado em julho pelo vice-presidente da Comissão Europeia, Franz Timmermans, contempla várias propostas legislativas para atingir os novos objetivos de descarbonização. No caso das emissões de veículos ligeiros de passageiros, o objetivo atual é a redução das emissões em 37,5%, em 2030. Ora, este novo pacote aponta para uma redução de 55% nesse mesmo ano! E para uma redução de 100% em 2035, o que, a ser aprovado, significa o fim da comercialização dos motores de combustão interna nessa data!
Recorde-se que, quando o Parlamento Europeu aprovou o objetivo de redução de 37,5% para 2030, a própria Comissão tinha apresentado uma proposta de redução de 35%. Entretanto, a nova Comissão vem agora aumentar esse objetivo para 55%!
Estamos, pois, na velha Europa a querer ir, deste modo, à frente do resto do mundo no que respeita à transição para a descarbonização da economia.
A Associação Europeia de Construtores de Automóveis (ACEA) tem, recorrentemente, chamado a atenção dos vários poderes da União Europeia, para a necessidade de termos uma transição realista e objetiva.
Devemos lembrar que as emissões de CO2,
A Velha Europa e a descarbonização
dos veículos novos, já se reduziram em 23% nos últimos dez anos.
Esta redução não tem paralelo noutros sectores económicos e revela o grande investimento efetuado pela indústria no sentido da descarbonização. A este propósito, é preciso salientar que a indústria automóvel é a que, de forma destacada, mais investe em I.D., na União Europeia. Anualmente, este investimento (no montante de sessenta e dois biliões de Euros), representa 33% do total do investimento em ID na UE.
É ainda de salientar que 12,6 milhões de europeus trabalham no sector automóvel, o qual representa 8,2% do PIB europeu.
Mas o pacote “Fit for 55”, agora apresentado, não refere concretamente três aspetos que consideramos essenciais. O primeiro, a necessidade de uma sólida rede de carregamento a nível europeu, que seja de fácil acesso aos cidadãos. A chamada Diretiva AFIR (Alternative Fuel Infrastructure Regulation) vem, pela primeira vez, propor uma métrica para a instalação de pontos de carregamento, que não é, de todo, realista. Assim, enquanto estabelece como objetivo 3,5 milhões de pontos de carregamento na U.E., estudos indicam que, para o cumprimento dos propostos de redução de emissões instituídos para 2030, serão necessários sete milhões de pontos de carregamento…
É de salientar que existem, atualmente, 225 mil pontos de carregamento e que destes, 70% estão localizados em apenas três países (Holanda, Alemanha e França).
A segunda questão não abordada é a capacidade de acesso dos cidadãos europeus aos veículos eletrificados, dada a diferença de poder de compra dos cidadãos europeus entre Estados. Atualmente, 73% das vendas de veículos elétricos estão concentradas em apenas quatro países, os quais possuem os mais elevados PIB/per capita da União Europeia.
O terceiro ponto prende-se com a necessidade de haver uma transição justa no que respeita ao impacto que a transição para veículos de emissões zero vai ter para muitas empresas, sobretudo fabricantes de componentes, em muitas regiões da Europa. Várias associações, sindicatos e outras organizações têm chamado a atenção da Comissão Europeia para este facto. Estima-se que esta transição terá impacto no emprego de cerca de 2,4 milhões de trabalhadores.
O vice-presidente da Comissão, Franz Timmermans, referiu que novos postos de trabalho serão criados com as medidas agora apresentadas. Mas não será fácil a readaptação da economia e da sociedade, devido às diferentes necessidades dos empregos a criar.
Dito isto, apesar destes constrangimentos, é importante salientar que não podemos ter uma política de “avestruz” em relação ao assunto. Ou seja, não podemos simplesmente “enterrar a cabeça na areia”!
A indústria automóvel provou que é uma indústria resiliente, que sempre soube readaptar-se à custa de elevados investimentos e tem consciência do seu papel na questão da sustentabilidade ambiental. Os diversos construtores têm apresentado os seus planos no caminho da eletrificação e estão apostados nessa direção.
Porém, como vimos anteriormente, em qualquer dos três pontos salientados, os poderes públicos têm também um importante papel a desempenhar, trabalho que, em nossa opinião, não está a acontecer. É isso que, quer a nível europeu, quer a nível nacional, a indústria tem vindo a exigir e vai continuar a fazê-lo.
09h10 APRESENtAÇÃO 1. Custos da mobilidade das empresas. Plano de Recuperação Económica pode aplicar-se às frotas?
ORADOR
José pedro Farinha
CEO DA VISEEON PORTUGAL
A estabilidade fiscal é fundamental em qualquer atividade económica. E é um requisito importante para os departamentos de frota, dado o peso que os encargos fiscais podem assumir nos custos de utilização dos veículos
Administrar uma frota automóvel passa não apenas por um trabalho operacional de acompanhamento da utilização das viaturas, como implica decidir as melhores escolhas com base nos modelos automóveis e nos modelos financeiros de aquisição. Para o bem (redução de custos) e para o mal (agravamento de custos), uma e outra escolha acabam por estar diretamente relacionadas, sendo a estabilidade fiscal um dos fatores mais importantes para o equilíbrio das contas de qualquer previsão financeira que justificou a decisão tomada.
De facto, para qualquer departamento de frota, a fiscalidade é, seguramente, um dos fatores mais complexos de gerir. Provavelmente é também, mais ainda do que a sinistralidade, que pode ser minimizada através de medidas internas, aquele que acarreta um grau mais elevado de imprevisibilidade. Recorde-se o sobressalto vivido por alguns gestores de frota/responsáveis de viaturas de empresa com as alterações produzidas pelo Orçamento do Estado para 2021, nomeadamente as novas exigências, de emissões e de autonomia elétrica, nos veículos plug-in elegíveis para taxas mais reduzidas de Tributação Autónoma.
Num momento particularmente complicado para a economia mundial, de incerteza quanto às decisões que podem condicionar o Orçamento do Estado para 2022, mais do que nunca, as empresas e os empresários portugueses precisam de descobrir caminhos que ajudem a chegar a um desejado equilíbrio dos custos com a frota, que pode ou não passar pelo aproveitamento integral dos benefícios fiscais existentes, como por outros que podem ainda assim vir a surgir.
Para debater estas e outras questões que importam ao sector, José Pedro Farinha, CEO da Viseeon Portugal, rede internacional de contabilistas certificados, e diretor da Ordem dos Contabilistas Certificados entre 2018 e 2021, está de novo no grande encontro anual da área das frotas, organizado pela FLEET MAGAZINE. Entre outros assuntos (recorde-se que o público pode também levantar questões através da aplicação da Izigo), estes são alguns com urgência de resposta: • Como mitigar o impacto financeiro e contabilístico resultante da aquisição/utilização de viaturas no decurso da atividade de uma empresa? • Como estar preparado para reagir perante alterações fiscais que produzam efeito sobre a frota já existente? • Os incentivos fiscais previstos no Plano de Recuperação Económica podem ser extensíveis à aquisição de viaturas? • Quais são e de que forma podem ser corretamente utilizados os benefícios dirigidos à mobilidade elétrica? • Que vantagens existem quando uma empresa decide transitar a viatura para a esfera do colaborador e quais os reflexos dessa decisão no apuramento do IRS do colaborador?
09h40PAINEL DE DEBAtE 2. Gestão de Frotas Pós-COVID-19
CONVIDADOS ana Cardoso
GESTORA DE FROTA DO GRUPO EDP
Diogo Real
REAL GEST
Rui Forte
COO DA DPD PORTUGAL
tiago Elias
HEAD OF BUSINESS DA TARGA TELEMATICS EM PORTUGAL
MODERADOR Rogério lopes
EDITOR DA FLEET MAGAZINE
Para os gestores de frota os últimos anos têm sido particularmente desafiantes. Os dois últimos em particular. A juntar à inevitável transição energética em curso, com o abandono dos motores a gasóleo e integração de mais viaturas eletrificadas, que levantam exigências novas, nomeadamente ao nível do carregamento, o Orçamento do Estado para 2020 introduziu alterações no regime da
Tributação Autónoma para viaturas híbridas plug-in, gerando algumas incertezas quanto ao rumo a tomar no futuro.
No ano passado e na primeira metade deste ano, grande parte da atividade das empresas foi condicionada pela pandemia. Afetando mais quem prorrogou a decisão de adquirir ou renovar a frota, os responsáveis das empresas estão a ser confrontados com dois cenários: falta de veículos para entrega imediata e subida do preço de aquisição de alguns modelos, em resultado da redução das margens de desconto praticadas anteriormente.
A isto junta-se outra preocupação: o aumento dos custos com o combustível, mas também com a eletricidade, e, em alguns casos, com a manutenção e com os pneus. Qualquer destes fatores com dimensão suficiente para baralhar as contas de qualquer cálculo de TCO elaborado antecipadamente.
Para discutir estas e outras questões que se colocam às empresas, no palco da Conferência Gestão de Frotas organizada pela FLEET MAGAZINE vão estar a gestora de frota de uma multinacional portuguesa com uma frota vasta e extraordinariamente diversificada (grupo EDP), o CEO da Real Gest, que tem a seu cargo a gestão de várias frotas automóveis, sendo a da LG a mais representativa, o diretor de operações da DPD Portugal, uma multinacional de logística urbana que se comprometeu a descarbonizar completamente as rotas de distribuição nas cidades de Lisboa e do Porto até ao final de 2023, e Tiago Elias, da Targa Telematics, que vem falar do modo como soluções de telemetria são aliadas da otimização da frota, podendo contribuir para a redução dos custos de gestão e facilitar a aplicação de serviços de mobilidade mais sustentáveis. Que desafios enfrentam as empresas num momento tão desafiante de desejada retoma económica, depois dos atrasos provocados pela pandemia? Como acompanhar as exigências colocadas pela transição energética, como ultrapassar o problema de falta de viaturas no mercado e da ameaça da escalada dos custos de utilização do veículo? E será que a tendência de mudança dos modelos de trabalho e de mobilidade já estão a alterar os padrões de gestão de frota?
11h20 APRESENtAÇÃO EDP 3. A oportunidade de transição para uma frota elétrica
ORADOR
gonçalo Castelo branco
DIRETOR DE MOBILIDADE INTELIGENTE DA EDP COMERCIAL
A eletrificação das frotas é fundamental para não perder a corrida da competitividade e da inovação. Com soluções integradas e ajustadas às necessidades das frotas automóveis, a EDP Comercial pretende ser a parceira privilegiada na transição das empresas para uma mobilidade mais sustentável
Aresponsabilidade com o ambiente e os compromissos com a descarbonização dos transportes, regulamentados por legislação europeia nesta matéria, estão a fazer acelerar a mobilidade elétrica. Que está a acontecer não apenas nas grandes empresas como, de uma forma geral, em todas as entidades, públicas ou privadas, que beneficiam de incentivos fiscais para ajudar a realizar esta transição energética.
Construtores automóveis, governo central, autarquias e entidades privadas estão a responder e a contribuir para este crescimento, desenvolvendo automóveis com mais autonomia e rapidez de carregamento ou desenvolvendo tecnologia e cada vez mais infraestruturas de carregamento para veículos elétricos. No entanto, a tecnologia em redor da mobilidade elétrica não se esgota aqui: ainda existem muitos desafios para vencer e a produção de energia e a utilização dos postos de carregamento podem gerar novas oportunidades de negócio, incluindo a criação de parcerias que concorram para a oferta de serviços e soluções mais eficazes e, sobretudo, mais eficientes.
Pioneira da mobilidade elétrica em Portugal, não apenas enquanto fornecedor de energia e de soluções de carregamento para empresas e particulares, como enquanto utilizador (o grupo EDP foi um dos primeiros a adquirir viaturas 100% elétricas para a sua frota regular), a EDP Comercial viu na Conferência Gestão de Frotas organizada pela FLEET MAGAZINE uma oportunidade para dar a conhecer as soluções de carregamento para frotas empresariais, dimensionadas à medida das necessidades e do modelo energético de cada estrutura.
No grupo EDP desde 2010, Gonçalo Castelo Branco é, desde 2018, diretor de Mobilidade Inteligente da EDP Comercial, departamento ao qual compete desenvolver novos produtos e serviços, bem como modelos de negócios em mobilidade elétrica (para segmentos residencial e empresarial), a gestão de parcerias, o crescimento da rede pública e ainda novas iniciativas de negócios em novas geografias e mercados adjacentes.
10h30APRESENtAÇÃO LEASEPLAN PORtUGAL 4. A digitalização do negócio de Gestão de Frotas
ORADOR
pedro Miranda
DEPUTY COMMERCIAL DIRECTOR – BUSINESS DEVELOPMENT DA LEASEPLAN
A transformação digital é um pilar estratégico do Grupo LeasePlan a nível global. O processo iniciado em 2018 tem como objetivo capacitar o modelo de negócio para responder às novas necessidades dos clientes bem como potenciar as oportunidades de interação que a tecnologia atualmente existente já possibilita
Com a transformação digital a LeasePlan espera estar melhor posicionada para extrair todo o potencial dos dados e convertêlos em propostas de valor apelativas e em servir os clientes de forma proativa e eficaz.
Empenhada em digitalizar totalmente a experiência do serviço juntos dos clientes, a LeasePlan tem vindo a criar tecnologia que permita aos condutores, através do smartphone ou de um computador, gerir tarefas como o agendamento da manutenção do veículo ou a troca de pneus ou mesmo relatar danos relativos a um sinistro, de forma mais simples e imediata.
Através da Mobile App, os clientes da LeasePlan Portugal podem também aceder ao processo de contratação da viatura, atualizar os dados pessoais e até, de forma totalmente interativa, encontrar resposta para as dúvidas mais habituais colocadas pelos clientes do serviço renting.
“A transformação digital em curso na LeasePlan está a ter impacto nos produtos e na qualidade dos serviços que propomos. Conheceremos no final deste processo uma LeasePlan mais competitiva, moderna e ágil na sua oferta de serviços”, refere Pedro Miranda, diretor comercial adjunto da LeasePlan Portugal e colaborador habitual da FLEET MAGAZINE, que neste painel explica as soluções oferecidas pela gestora de frota para o mercado português.
12h00APRESENtAÇÃO ADENE, AGÊNCIA PARA A ENERGIA MOVE+ na transição energética dos ligeiros aos pesados
ORADOR
hélder Rodrigues
GESTOR MOVE+
A ADENE- Agência para a energia lançou o MOVE+ há dois anos, no decorrer da 8.ª Conferência de Gestão de Frotas em 2019. Os objetivos da iniciativa eram claros e cumpriram-se: mobilizar as pessoas para a eficiência e transição energética das frotas
Os números apresentados pela ADENE revelam que mais de cinco mil viaturas ligeiras de 26 frotas foram abrangidas por esta ação, trabalho que se traduziu numa economia de 1,7 milhões de euros e de 2,8 mil toneladas de CO2 que foram poupados ao ambiente. A ADENE deu formação a 120 pessoas, onde a prioridade continua a ser transmitir conhecimento que contribua para encontrar soluções que permitam vencer os desafios que se levantam na transição energética da frota.
O MOVE+ quer também chegar a mais empresas e aumentar o seu impacto no sector dos transportes. Para isso, pretende tornar o sistema mais acessível, desenvolvendo ferramentas de acesso aberto.
Apesar dos veículos ligeiros serem responsáveis pela maior fatia do sector do transporte rodoviário, o foco nas viaturas pesadas torna-se porém fundamental. Embora no transporte de mercadorias apenas 25% do stock de viaturas utilizadas sejam viaturas pesadas, elas percorrem 55% dos quilómetros efetuados e são responsáveis por 80% das emissões de CO2
Nesse sentido, a ADENE decidiu adaptar a metodologia MOVE+ aos veículos pesados de mercadorias, categoria onde os desafios são diferentes e as tecnologias se encontram num estado de desenvolvimento inicial.
Porém, o potencial impacto da otimização da operação é ainda maior do que nos ligeiros. Assim, o MOVE+ da ADENE servirá como plataforma de acompanhamento da transição energética das frotas de pesados, ajudando as empresas e entidades a posicionarem-se da melhor maneira perante os novos desafios e oportunidades da descarbonização.
A ADENE – Agência para a Energia, responsável pela decisão do Prémio “Frota Verde” atribuído pela FLEET MAGAZINE, utiliza de novo o palco da Conferência Gestão de Frotas Expo & Meeting para mostrar o que as empresas de ligeiros podem beneficial com o MOVE+ e, a partir de agora, também as frotas de veículos pesados.
14h00PAINEL DE DEBAtE A crise dos semicondutores e o sector automóvel
CONVIDADOS Domingos Silva
VOLVO CAR PORTUGAL
José neto Rebelo
SANTOGAL BMW & MINI
MODERADOR Miguel Vassalo
COUNTRY MANAGER DA AUTOROLA
Com o acalmar da pandemia e regresso gradual da atividade económica, particulares e empresas foram confrontados com uma surpresa: a falta de oferta de viaturas novas disponíveis para compra imediata
As dúvidas e os desafios multiplicam-se com o avolumar dos meses, tornando cada vez mais nítidas as consequências desta problemática.
Quanto tempo demorará a resolver-se esta situação? Este é o ponto de partida de um debate com responsáveis do sector automóvel em Portugal onde, entre outras questões que possam surgir no decorrer da conversa, se vai falar sobre: • Quais as tipologias automóveis mais atingidas pela falta de semicondutores? • Como comercializar localmente automóveis mesmo quando estes não correspondem a todas as especificações de produto típicas do mercado português, ou não existe capacidade de responder a exigências específicas do cliente em termos de equipamento? • Como preparar e lidar com as equipas comerciais que estão na linha da frente da relação da marca com o cliente final?
• Como gerir as relações comerciais face à escassez de produto? Priorizar as vendas a clientes particulares que garantem margens de negócio mais elevadas, em detrimento de canais com margens mais reduzidas (empresas, gestoras ou rent-a-car)? • Como podem os construtores desenvolver novos modelos e preparar renovações, quando não se consegue corresponder à procura do ciclo atual do produto? • Que impacto a falta de modelos novos está a produzir no comércio de carros usados? E o mercado pós-venda também está a ser atingido? • Sobretudo, quando podemos esperar que a situação de escassez de semicondutores seja ultrapassada e que efeitos este duplo hiato na produção automóvel (primeiro por causa da pandemia, agora devido à falta de um componente) produzirá na indústria automóvel.
Depois de períodos de interrupção por causa da pandemia por COVID-19, a generalidade dos construtores de automóveis está a ser obrigada a parar novamente ou abrandar o ritmo de produção de determinados modelos.
Entre as causas está um tipo de componente, pequenos microprocessadores capazes de realizarem e comandarem operações essenciais ao bom funcionamento de um automóvel, incluindo os cada vez mais complexos sistemas de segurança ativa e passiva ou de tratamento de gases e de inibição de emissão de partículas poluentes. Ou simplesmente o deslizar correto e preciso do sistema de abertura de um teto de abrir, por exemplo.
Se a escassez de semicondutores é, em primeira instância, uma má notícia para os construtores automóveis, impedidos de retomarem em força a produção, as consequências estendem-se a todos os ramos de atividade; desde logo os sectores que têm o automóvel como objeto do seu negócio (comerciantes retalhistas, gestoras de frota e empresas de aluguer automóvel, por exemplo), aos que utilizam a viatura como ferramenta de trabalho, da logística aos serviços, à mobilidade dos colaboradores.
15h00APRESENtAÇÃO Gestão de Frotas na aviação – que lições a reter?
ORADOR nuno leal
CHIEF MARKETING OFFICER DA WORLD STAR AVIATION
Do financiamento aos aspetos operacionais, que pontos de contacto existem entre a gestão de uma frota de aviões e uma frota de automóveis?
Oleasing de aeronaves comerciais começou na década de 70. No final dessa década, as aeronaves em leasing representavam menos de 2% da totalidade da frota mundial.
Com o decorrer do tempo, não só a frota mundial cresceu significativamente, como também a percentagem de aeronaves em regime de leasing aumentou para mais de metade da frota mundial. No pós-pandemia há indicadores que apontam para que mais de 60% das novas entregas de aeronaves sejam através de empresas de leasing.
Os históricos problemas de liquidez do sector das companhias aéreas, assim como a capacidade de financiamentos mais baratos por parte das empresas de leasing suportam esta mudança. Os fabricantes de aeronaves, por seu lado, também sustentam esta viragem, uma vez que as companhias de leasing são compradoras financeiramente mais estáveis, o que reduz o seu risco operacional e comercial.
O painel que Nuno Leal traz para a Conferência parece surpreendente, mas acaba por fazer mais sentido do que parece. Há até quem diga que a recente norma IFRS 16 teve a sua origem no facto de as companhias aéreas não apresentarem a sua frota de leasing nos seus balanços.
Contabilidade à parte, apesar de serem sectores com números muito distintos, há diversos outros aspetos em comum entre as frotas de aviões e de automóveis. Em ambos, o custo total de utilização é fundamental, as capacidades operacionais e o custo com combustível também o são.
As opções e configuração são determinantes no custo de aquisição e manutenção, na utilização, mas também no risco de valor residual e vida futura para além do primeiro leasing. O preço negociado com os fabricantes e a negociação da aquisição e dos contratos leasing também encerram nuances que são mais semelhantes do que parece. No final, que lições são possível retirar da gestão de frotas de aviões para utilizar no sector automóvel?
Nuno Leal juntou-se à World Star Aviation em Maio de 2021, após uma carreira de 14 anos na TAP Air Portugal, enquanto Diretor de Frota da companhia aérea nacional. Atualmente na World Star Aviation desempenha a função de Chief Marketing Officer e é responsável pela equipa baseada em Portugal, assim como pelas atividades comerciais da empresa.
A World Star Aviation é uma empresa de leasing baseada em Londres mas com escritórios em Lisboa, São Francisco e Telavive, que gere um portfólio de mais de 100 aeronaves e motores.
Nuno Leal é também consultor de aviação especializado em planeamento e gestão de frota, assim como financiamento de aeronaves. É ainda docente do ISEC Lisboa no Mestrado de Operações de Transporte Aéreo.