Opinião, Miguel Vassalo

Opinião

Miguel Vassalo

COUNTRY MANAGER AUTOROLA

Será o azul

o novo verde? combustível, nomeadamente os catalisadores e Os veículos 100% elétricos estão gradualmente a conquistar o seu espaço e prometem substituir, dentro de alguns anos, o motor de combustão interna, à medida que fazemos a transição para formas ecologilibertada através da oxidação produz apenas água como resultado. E é in nitamente renovável, pelo menos enquanto o sol brilhar. Mas tem outras. Sem querer ser exaustivo, menciono apenas algumas: o veículo de passageiros típico equipado com célula de combustível tem tempos de abastecimento e níveis de autonomia comparáveis com os motores de combustão interna. Energeticamente é também mais e ciente do No presente, os 100% elétricos estão em vantagem, graças à sua mais elevada e ciência energética e, de alguma forma, por terem a capacidade de tirar partido da infraestrutura existente. Uma vantagem competitiva do ponto de vista de custos que fez desta a tecnologia escolhida para uma produção acelerada em massa, garantindo assim o cumprimento das crescentes restrições sobre as emissões de CO2 de uma forma mais rápida e fácil. Assim, é provável que nos próximos camente mais sustentáveis de transporte. que o motor de combustão interna, ainda que, anos o hidrogénio se mantenha uma tecnologia No entanto, quando nos anos 90 a indús- neste campo, esteja hoje ainda aquém dos 100% de nicho nos veículos de passageiros, ainda que tria automóvel intensi cou a sua pesquisa para elétricos. Apesar disso, comparativamente com os bastante mais prometedora, a curto prazo, para encontrar alternativas aos combustíveis fósseis, 100% elétricos, esta tecnologia permite armazenar veículos comerciais e transporte marítimo e aéreo. o hidrogénio foi também considerado como energia, para a mesma autonomia, em elementos Vai ser interessante seguir o duelo à medida uma opção viável. E até hoje, ambas as linhas de mais leves e menos volumosos. que o avanço cientí co decorre em ambas as tecinvestigação têm feito o seu caminho em para- No entanto, grandes desa os técnicos e in- nologias. Continuar a estudar comparativamente lelo. Na realidade, as duas tecnologias assentam fraestruturais se colocam. A produção de hidro- o ciclo de necessidades energéticas, impacto amna propulsão através de motores elétricos, mas génio pode derivar de várias fontes primárias de biental e custos, desde a produção da energia até enquanto o 100% elétrico é alimentado por energia (Carvão, Gás Natural, Biomassa, Solar, à reciclagem, passando pela cadeia de distribuição baterias de iões de lítio, o outro utiliza pilhas etc.), mas é um processo industrial complexo de combustível e produção automóvel, que hoje de combustível para transformar hidrogénio e dispendioso. A jusante, a construção de uma pendem a favor do 100% elétrico. Finalmente, em eletricidade. infraestrutura de distribuição completa e capilar não nos esqueçamos também que uma motivaAlém de ser o elemento mais abundante no para o fornecimento de hidrogénio é um investi- ção subjacente para promoção do hidrogénio e universo, o potencial do hidrogénio como uma mento colossal e um enorme desa o logístico, do produção da pilha de combustível é originada fonte de combustível limpa é inquestionável. Na qual dependende uma ótica económica assente pela procura de independência do petróleo, noverdade, até já está comercialmente disponível na procura, que facilmente esbarra no paradoxo meadamente no Japão, e não só necessariamente em vários países como o Japão, Estados Unidos do ovo e da galinha. Adicionalmente, o elevado devido a questões de sustentabilidade ambiental. e Europa, ainda que, com um nível de adoção custo de fabricação de um veículo a hidrogénio Portanto, o acesso à matéria-prima e a política muito baixo devido à atual limitada infraestrutura está principalmente relacionado com o custo industrial dos países in uenciará decisivamente de abastecimento e elevado custo de aquisição. dos materiais usados na produção da pilha de a agenda tecnológica do futuro. Em 1994, a Daimler apresentou um dos primeiros protótipos de um veículo comercial utilizando a pilha de combustível: O NECAR 1.

Mas foi preciso esperar 20 anos para que o Toyota

Mirai zesse história, ao ser o primeiro veículo de passageiros de produção em série a utilizar esta

outros metais nobres utilizados como a platina. tecnologia. Desde então, outros fabricantes se Uma motivação subjacente para promoção do hidrogénio seguiram na exploração do seu potencial, como e produção da pilha de combustível é originada pela a Honda, Hyundai e as Chinesas SAIC e Grove. O hidrogénio tem, desde logo, duas grandes vantagens sobre os combustíveis fósseis para procura de independência do petróleo, nomeadamente no Japão, e não só necessariamente devido a questões de aplicações no âmbito da mobilidade. A energia sustentabilidade ambiental