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Emilie Leveille
Se houve um momento na história em que o investimento socialmente responsável (ISR) provou a sua capacidade de criar valor, esse momento foi, sem dúvida, nesta crise da COVID-19. E não só nos mercados desenvolvidos. Também nos emergentes. Quem o sabe bem é Emilie Leveille, gestora do Nordea 1- Emerging Stars Equity Fund, um fundo com a classificação de Consistente do Selo FundsPeople 2020, que nos últimos 12 meses conseguiu uma rentabilidade de 15%, ou seja, 15 pontos percentuais da média da sua categoria e 13 acima da média do índice de referência, o MSCI Emerging Markets Net Return. Uma metodologia com mais de nove anos de track record é o que está por trás deste sucesso.
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ÚLTIMAS MOVIMENTAÇÕES NA CARTEIRA A crise provocada pelo coronavírus não tornou as gestoras mais ativas do que no passado. “Surgiram algumas oportunidades que aproveitámos. A China foi o primeiro país a ser afetado pela COVID-19 e também o primeiro a sair. A queda do mercado chinês permitiu-nos reforçar algumas das nossas posições e, ainda, incorporar algumas ideias novas, o que se traduziu num aumento da nossa exposição ao país. Na Índia, o mercado também nos brindou com a oportunidade de adicionar posições, sobretudo do setor bancário”.
s resultados conseguidos recentemenO te pela dupla Emilie Leveille e Juliana Hansveden à frente do Nordea 1 - Emerging Stars Equity Fund foram impressionantes. Em 2019, este fundo de ações de mercados emergentes da Nordea AM foi o terceiro melhor da sua categoria e este ano também se mantém no primeiro decil por rentabilidade. Qual é o segredo? “A filosofia de investimento. Seguimos um processo sólido, bastante orientado pela análise fundamental e com o principal objetivo de identificar as melhores empresas dentro dos segmentos onde existe um forte potencial de crescimento estrutural. Queremos os vencedores.” – revela.
Não procuram apenas uma temática específica. Podem ser empresas que estejam a beneficiar do impulso do cloud computing na China, da penetração do setor da saúde no Brasil ou do comércio eletrónico no sudeste asiático. “O mais importante é serem empresas que geram rentabilidades acima dos custos de capital. Não se trata de analisar oportunidades do ponto de vista de uma estratégia de crescimento, mas sim entender o negócio, saber como a empresa se posiciona de forma holística e quais são os elementos que vão criar lucro e rentabilidade, pelo menos, nos próximos cinco anos.” – explica.
Quando Leveille e Hansveden fazem a análise de uma empresa, fazem-na a pensar no longo prazo. O período médio de detenção de uma ação na carteira situa-se entre os três e os cinco anos. “O segredo está em determinar como essa empresa se vai comportar durante os próximos cinco anos. Nos países emergentes, é possível encontrar várias empresas expostas a tendências de crescimento de longo prazo muito significativas. Contudo, é necessário ir mais além. Muitas dessas empresas podem estar inseridas numa indústria demasiado competitiva, na qual exista pressão sobre os preços e seja difícil gerar rentabilidade”.
O FILTRO ESG Outro fator muito importante no processo de análise é a sustentabilidade da empresa. É aqui que as gestoras aplicam os critérios ambientais, sociais e de governação corporativa (ESG), que funcionam como um filtro no processo de seleção de ativos no âmbito da gama de produtos Stars da Nordea AM, sendo o Nordea 1 – Emerging Stars Equity Fund o primeiro deste tipo. Surgiu no ano 2011, quando a empresa nórdica decidiu juntar a análise fundamental aos critérios ESG e criou um ranking de empresas para a identificação de riscos setoriais e riscos específicos de cada uma delas.
A posição atribuída a cada ação na classificação resulta de um processo de estudo assente em cinco pilares. O mais importante de todos é a análise do modelo de negócio, com uma ponderação de 30%, mas também são avaliadas a governação corporativa, a ética do negócio, o impacto ambiental e a responsabilidade social da empresa. Uma vez ponderados este cinco fatores, cada empresa recebe uma nota: A, B ou C. Os fundos da gama Star investem apenas em empresas com a classificação A ou B com perspetivas de melhoria.
“Não procuramos retornos a curto prazo; pensamos no longo prazo. Ainda que estes fatores possam não ter qualquer efeito na avaliação de uma empresa no curto prazo, a verdade é que, a longo prazo, podem ter um impacto financeiro sobre a marca ou reputação. Uma empresa pode estar a conseguir ter margens elevadas, mas estas não serem sustentáveis no futuro. Deve ser gerida de forma sustentável.”, sublinha. E, para isso, é imprescindível conhecer pessoalmente quem comanda estas empresas, o que nos mercados emergentes tem uma importância particular, uma vez que a carteira é
composta por empresas de 20 países com culturas empresariais muito diferentes.
CONHECIMENTO IN LOCO “Nunca investimos numa empresa sem termos falado antes com a sua administração. Visitar as empresas e conhecer a sua cultura é fundamental para o nosso trabalho. Com a pandemia, fazemo-lo de forma virtual. Mas assim que for possível e seguro, voltaremos a fazê-lo presencialmente. É uma parte essencial do nosso processo de investimento e permite-nos ter mais informações acerca do ambiente no qual a empresa opera, das dinâmicas subjacentes, que vão mudando, e do que a torna diferente. Este tipo de encontros ajuda-nos a perceber se estamos a fazer uma alocação correta no capital da empresa. Além disso, ajuda-nos a perceber quais são as oportunidades que a empresa vê no futuro e quais são os planos para tirar partido das mesmas”.
Por fim, o trabalho passa por materializar todas estas informações e atribuir um peso na carteira a cada uma das empresas. Isso é feito com base em dois fatores: a convicção na ação e o seu potencial. As empresas nas quais as duas gestoras depositam maior confiança têm uma maior ponderação. Se veem uma oportunidade cla-
ra, não hesitam. O melhor exemplo é a Alibaba, a empresa que ocupa hoje a maior posição na carteira, com um peso de 10%. “A nossa estratégia passa por uma carteira de alta convicção, centrada em 40 títulos, um active share elevado e um beta próximo de um”. É assim que se consegue as cinco estrelas da Morningstar, os cinco globos do rating de sustentabilidade dessa plataforma de análise e o Selo FundsPeople.