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Ned Naylor-Leyland
“Os mercados financeiros funcionam como se os US Treasuries fossem o instrumento sem risco do sistema, mas isso não é verdade. O ouro em barras é o instrumento sem risco do sistema e tem um imenso mérito para os investidores, tal como uma posição de liquidez”. É com esta ideologia em mente que Ned NaylorLeyland aborda a gestão do fundo que tem a seu cargo, um produto caracterizado por uma estratégia de investimento única que o distingue dos seus pares.
PARTNER
NER T PAR
GESTOR DO MERIAN GOLD AND SILVER, JUPITER ASSET MANAGEMENT
mbora o ouro e a prata sejam muitas vezes E encarados como commodities, para Ned Naylor-Layland, são muito mais do que isso. O gestor acredita que aquele que por excelência é um ativo refúgio, o ouro, desempenha um papel importante num portefólio diversificado. Acredita também que os melhores resultados são obtidos através da gestão ativa ao combinar as alocações a ouro, prata e a ações de empresas de exploração mineira. Foi com esta filosofia que em 2016 nasceu o Merian Gold and Silver, uma solução feita à medida que equilibra o investimento em ouro e prata em barras com ações de empresas de exploração mineira de forma a conseguir os melhores retornos.
O ouro e a prata são irmãos. Contudo, segundo explica o gestor, os movimentos da prata tendem a ser mais bruscos. “A prata geralmente aumenta de valor mais rapidamente do que o ouro quando os preços dos metais preciosos estão a subir, embora diminua mais rápido quando os preços estão a cair. Ter exposição a ações de empresas que extraem ouro e prata também oferece potencial para gerar retornos superiores quando os preços do ouro e da prata estão a subir, já que as ações de uma empresa de exploração mineira tendem a subir e a cair mais do que os preços dos metais em si”, explica Ned Naylor.
O gestor da Jupiter AM explica que normalmente os investidores compram ouro em barras ou ações de empresas de exploração mineira. Quando compram os dois
UMA TENDÊNCIA ASCENDENTE Alguns países, incluindo a China, têm procurado substituir por ouro o papel historicamente desempenhado pelo dólar, por exemplo, para comprar petróleo. Se esta tendência continuar, a importância do papel do ouro pode crescer.
acabam por juntá-los erradamente pois não têm em conta os problemas estruturais de cada um. “O que fazemos no fundo é gerir os subcomponentes de cada segmento de forma otimizada, tentando maximizar os retornos”, conta. A forma principal de o fazerem é ao utilizar prata e ações de empresas de exploração mineira de prata porque, segundo refere o gestor, o beta disponível é muito grande e há um grande potencial para um upside adicional.
UMA CALL OPTION NO OURO Quanto à composição da carteira do Merian Gold and Silver, no mínimo, 15% do portefólio está investido em lingotes de ouro e prata. A restante percentagem é composta por ações das empresas já referidas. “Num mercado bullish, como o que enfrentamos agora, há uma divisão de 50/50% entre mineradoras de ouro e de prata”, explica o especialista.
“Também temos um modelo defensivo, o que significa que podemos reduzir a exposição a prata, reduzir as ações de explorações mineiras, aumentar o ouro físico em carteira”, comenta. Segundo esclarece o gestor, muitos investidores não são sofisticados o suficiente para entender as ondas por onde flutuam as taxas de juro reais. Se as taxas de juros reais estiverem a subir durante cinco ou seis anos, isto significa que o ouro irá cair durante cinco ou seis anos. A forma como o gestor olha para o investimento em empresas de exploração mineira tem paralelismos com uma call-option. “Empresas mineradoras são uma
forma de open-ended call option para problemas monetários. Uma onça de ouro vale cerca de 2.000 dólares. Se compramos uma onça de ouro e esta subir 500 dólares estamos expostos a essa subida de 25%. Com os custos operacionais, uma empresa mineradora, só consegue 500 dólares em cada onça. Se o preço sobe esses 500 dólares, teoricamente, duplicam a sua margem e a ação deveria duplicar também. Não funciona exatamente desta forma, mas este é o princípio básico de investir em ouro por esta via”, explica o especialista da Jupiter AM.
A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO ATIVA Para o gestor, os melhores resultados são obtidos através da gestão ativa. Porquê? Na opinião de Ned Naylor-Layland, porque uma abordagem de gestão ativa pode significar que até uma pequena alocação do fundo poderá oferecer potenciais benefícios semelhantes aos de uma participação maior em ouro puro, por exemplo, num ETF.
Outra das razões apontadas pelo gestor é a governance, já que, conta, “é importante ter exposição ao ouro em barras armazenadas e controladas de acordo com os mais altos padrões globais, bem como ter exposição às empresas de exploração que operam com as melhores práticas e regras de conduta que promovam o bem-estar dos funcionários. “Um fundo gerido ativamente pode fazer isto, mas não acreditamos que um ETF possa oferecer tais garantias”, afiança o gestor.