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Richard Carlyle
“Manter posições significativas em empresas inovadoras e disruptivas que alimentam o crescimento da economia digital e a disrupção digital”. É assim que Richard Carlyle, diretor de investimento do New Perspective Fund, do Capital Group, se refere à metodologia que tem vindo a ser desenvolvida ao longo dos anos.
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NER T PAR
O IMPACTO DA PANDEMIA Para o especialista, é importante reiterar que o potencial de crescimento de longo prazo para muitas multinacionais não diminui devido à COVID-19.
ão quatro décadas de experiência que perS mitem a Richard Carlyle, diretor de investimento em Equity no Capital Group e um dos responsáveis de uma das estratégias de ações globais de grande sucesso da entidade gestora norte-americana, usufruir de uma grande segurança nas convicções que traça para o mercado acionista. Em entrevista à FundsPeople sobre um dos fundos mais conhecidos da casa de investimentos norte-americana, senão o mais conhecido, o profissional explicou as motivações e a filosofia por detrás do New Perspective Fund (NPF), que conta agora com cinco anos de vida na Europa e mais de 40 anos na sua versão original.
Uma carteira de ações globais tem de sustentar uma estratégia que funciona e que captura de forma ativa o valor do mercado. De modo a alcançar os objetivos do fundo, a equipa gestora do NPF tem vindo a seguir uma estratégia que passa por identificar as empresas que possam vir a ganhar com a mudança de padrões a nível global, bem como com as relações económicas e políticas. O diretor de investimento acredita que esta filosofia se mantém desde o início, com base na observação das “oportunidades em empresas que operam em áreas como o cloud computing e software-as-a-service”, mas também em serviços digitais, “como o e-commerce, pagamentos digitais e media”. “A crescente dependência tecnológica é suportada pela maior procura por semicondutores”, começa por justificar Richard.
O critério de investimento em empresas multinacionais de alta qualidade é essencial para o sucesso do produto. Como tal, Richard Carlyle explica a importância que a sua equipa tem na gestão do portefólio. “Os gestores do portefólio focam-se em empresas que podem vir a fornecer um crescimento duradouro – que fornecem produtos ou serviços altamente diferenciados, possuem vantagens competitivas e um enorme potencial de mercado que lhes permita sustentar o crescimento ao longo do tempo”, atesta.
Todavia, qual terá sido a política de investimento que vem sendo adotada pela equipa do Capital Group? Segundo o profissional, um processo globalmente integrado e orientado pelo research. Este método permite à equipa responsável pela gestão descobrir as empresas multinacionais que ainda estão na fase inicial de implementação no mercado, por meio de um rigoroso research de empresas que se destacam no seu mercado local e que têm uma visão de expansão nos mercados com o objetivo de se virem a tornar líderes nesses mercados.
O contexto mundial em que vivemos, com o aumento da tensão comercial global e a pandemia COVID-19, forçou muitas empresas a reconsiderarem fatores como a segurança das suas cadeias de distribuição e a proceder a algumas mudanças e adaptações. Neste sentido, o diretor de investimentos do Capital Group realça como a política do produto foi seguida à risca pelos gestores durante o ano 2020. “Um objetivo importante da estratégia do New Perspective é identificar empresas que beneficiam com as mudanças nas condições comerciais, portanto, esta é uma área em que os nossos gestores focam particular atenção”, explica Richard. “Os clientes responderam bem a esta estratégia de investimento e o NPF registou recordes de fluxos de 1.600 milhões de dólares americanos no terceiro trimestre deste ano quando o fundo se aproximava dos 10 mil milhões em ativos sob gestão”, elucida o gestor.
A composição da carteira de investimento do fundo é determinante para o seu sucesso. Como se terá adaptado este produto às novas tendências de mercado ao longo dos últimos anos? Segundo o responsável, o produto “continua a manter posições significativas em empresas inovadoras e disruptivas, que alimentam o crescimento da economia digital e a disrupção digital envolvida”. Porém, o fundo também aplica ativos em empresas que beneficiam do crescimento multigeracional de consumidores de mercados emergentes com elevado património. Richard explica que “isto está a ser expresso de várias maneiras”, nomeadamente através do “aumento da despesa em saúde, aumento da procura por produtos básicos e de luxo,
O NEW PERSPECTIVE FUND COMPLETOU A 30 DE OUTUBRO DE 2020 CINCO ANOS DE VIDA NA EUROPA E ATINGIU 10 MIL MILHÕES DE DÓLARES EM ATIVOS SOB GESTÃO
mas também com o incremento da procura crescente por seguros e serviços bancários”.
No entanto, o fundo continua estruturalmente exposto em larga escala à economia antiga/tradicional, que se concretiza em investimentos como bancos tradicionais, energia e empresas de telecomunicações. “Estes modelos de negócio caracterizam-se por estarem a ser desintermediados, ou seja, modelos em que se removem os intermediários na economia da cadeia de negócio”, acrescenta o diretor.
Na prática, Richard refere que não tomam “decisões de investimento a olhar para o fundo com uma abordagem top down”. Em vez disso, conta o profissional, analisam as oportunidades de investimento bottom-up, empresa a empresa, ao mesmo tempo que usam as ferramentas de pesquisa de que dispõem.
AJUSTES Apesar da pandemia, a estratégia que o fundo tinha delineado não se alterou. Ou seja, a ideia que o Capital Group lançava há quase 50 anos, que consistia numa estratégia de capital global, hoje em dia, continua viva. O que a entidade gestora acreditava nessa altura era que as multinacionais estavam bem posicionadas para operarem num mundo complexo devido à sua flexibilidade, adaptabilidade e agilidade. Atualmente, além de flexíveis, ágeis e resilientes, as multinacionais de sucesso podem oferecer excelentes oportunidades de crescimento ao longo das décadas. Richard conclui este ponto ao comentar que “é importante reiterar que o potencial de crescimento de longo prazo para muitas multinacionais não diminui devido à COVID-19”.
Fruto destas convicções, o turnover do portefólio é baixo. Segundo Richard Carlyle, investem com uma abordagem de investimento de longo prazo e, “mais de 50% dos ativos da carteira têm um período de permanência no portefólio por mais de cinco anos”. Significa isto que a equipa gestora e analista do NPF está à procura de empresas que possam gerar retornos em vários horizontes temporais. “No final de setembro, a média a 12 meses do turnover era de 27,3%”, refere o gestor.
PERMANECER INVESTIDO O responsável do produto não deixa de fora a recente e disputada eleição nos Estados Unidos e a forma como esta afetou a classe de ativos em que investe. “Os recentes eventos acrescentaram um novo nível de volatilidade a um já alto nível de incerteza. Contudo, historicamente falando, as eleições presidenciais não têm feito diferença no que concerne aos retornos dos investimentos de longo prazo. De facto, o mercado acionista dos Estados Unidos passou por todas as eleições desde 1933, atingindo sempre novos máximos ao longo do tempo, independentemente de ter sido um republicano ou democrata a vencer as eleições”, aborda o diretor de investimento. Para Richard, o que mais importa é permanecer investido. “Sair do mercado durante a época de eleições raramente valeu a pena”, acrescenta o profissional. “Por definição as eleições têm sempre um vencedor e um vencido, mas o verdadeiro vencedor foram os investidores que evitaram a tentação de controlar o mercado e permanecerem investidos por muito tempo.”, conclui o especialista do Capital Group.