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OBRIGAÇÕES EMERGENTES DEPOIS DA TEMPESTADE, CHEGA A BONANÇA O

Depois das perdas registadas pelas obrigações emergentes em 2022, o mercado recuperou em força. Todos os fatores que penalizaram esta classe de ativos parecem agora soprar a favor de um segmento de mercado no qual alguns riscos não desapareceram.

ano passado foi historico para o rendimento fixo emergente. Negativamente. Medido pelo índice JP Morgan

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GBIEM Global Diversified em moeda local, a rentabilidade em euros registada por esta classe de ativos foi de -13,8%. Em divisa estrangeira, o comportamento do índice JP Morgan EMBI Global Diversified em euros foi ainda pior: -17,7%. Para os gestores de fundos de investimento de rendimento fixo emergente foi um período muito difícil.

“Nas três décadas que percorri no mundo da gestão de ativos nunca tinha visto um ano tão complexo”, reconhece Damien Buchet, gestor do Finisterre Unconstrained Emerging Markets Fixed Income.

Refere-o pelo complicado que foi para ele tentar antecipar a sucessão de eventos que se foram concatenando e que atingiram o mercado diretamente: guerra na Ucrânia, aumento do preço das matérias-primas, forte valorização do dólar, aumento inflacionário, subidas agressivas das taxas de juro pelos bancos centrais, confinamentos na China... Todo esse ruído assustou os investidores. “Saíram da categoria 80.000 milhões de dólares. O peso dos títulos de mercados emergentes nas carteiras de investidores institucionais

JUPITER GLOBAL EMERGING MARKETS SHORT DURATION BOND globais está agora entre 1% e 2%, quando historicamente se moveu na faixa de 3% a 5%. É uma classe de ativos que ninguém tem”, diz. A boa notícia é que, depois da tempestade, vem a bonança. O mercado da dívida iniciou uma recuperação no final do ano passado que parece estar a consolidar-se. Tudo o que em 2022 explodiu contra a classe de ativos agora é um vento a favor. A margem para ver novas subidas do dólar e das taxas de juro nos EUA está a diminuir; e o contexto macro é mais positivo. “A inflação nos EUA está a moderar-se e existe a possibilidade de uma aterragem económica suave”, sublinha Mary-Therese Barton.

Segundo a diretora de Mercados Emergentes da Pictet AM, nos países emergentes o contexto também ajuda. “Na América Latina, Europa de Leste, Médio Oriente e África, o ciclo de subida de taxas de juro está em etapas tardias ou em máximos”, indica. Tudo isso sem esquecer o que representa a reabertura da China para a melhoria do turismo, o comércio e a exportação de metais, o que beneficia principalmente a Europa de Este, o Chile, Perú, assim como a Malásia e a Tailândia. “As perspetivas da dívida emergente melhoraram muito depois do fim da política de COVID zero na China e o seu renovado apoio ao se -

MFS MERIDIAN FUNDS EMERGING MARKETS DEBT FUND

NEUBERGER BERMAN SHORT DURATION EMERG. MARKET DEBT FUND

3 ANOS: RENTABILIDADE 5 ANOS:

RENTABILIDADE 1 ANO: RENTABILIDADE 3 ANOS: RENTABILIDADE 5 ANOS:

RENTABILIDADE 1 ANO:

3 ANOS:

5 ANOS:

Produtos Compara O

Aberdeen Standard Sicav I Frontier Markets Bond Fund

Gestor Kevin Daly

Mercados Fronteira

Este fundo investe em obrigações emitidas por empresas, governos ou outros organismos de países de mercados fronteira. A sua abordagem de investimento unconstrained leva a uma carteira de yield mais elevada e menos correlacionada com outras classes de ativos. Utilizam uma abordagem de valor relativo, ponderando sistematicamente o risco e a rentabilidade, identificando investimentos com caraterísticas atrativas por retorno-risco. Fazem-no através da sua plataforma Quantum, que integra a gestão de risco no processo de investimento e construção da carteira, além da análise ESG. Gerem o portefólio com base no retorno total e não em relação a um índice de referência, mas procuram gerar um excesso de retorno de 200 pontos base anuais face ao índice geral dos mercados emergentes. Investem predominantemente em obrigações soberanas em divisa forte, embora também tenham margem para o fazer em dívida corporativa em divisa forte, juntamente com obrigações em divisa local, onde assumem diretamente o risco de divisas.

Bl Bond Emerging Markets Sustainable

GESTOR JEAN-PHILIPPE DONGE

Abordagem Sustent Vel

Trata-se de uma estratégia do BLI que oferece uma exposição moderada ao risco da dívida de mercados emergentes, uma vez que prestam especial atenção à redução do risco de queda. A carteira foca-se em investimentos de emitentes com uma qualidade de crédito estável ou em vias de melhorar. Investem em obrigações denominadas em dólares, embora também façam investimentos oportunísticos em emissões de divisas locais. Uma das características idiossincráticas da estratégia é que combina várias abordagens de investimento sustentável e responsável através da otimização ESG da componente soberana, mediante uma classificação própria ou realizando investimentos em obrigações de impacto ligadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS). Em 2022, o fundo manteve um posicionamento mais qualitativo e defensivo do que o mercado, o que lhe permitiu resistir melhor. Por exemplo, enquanto o índice está cerca de 50% exposto a high yield, a ponderação do mercado de high yield do fundo representa apenas um quarto da carteira.

Goldman Sachs Emerging Markets Debt Portfolio

Um Fundo Com Cinco Pilares

A carteira deste fundo está investida em títulos de obrigações de todo o tipo de emitentes de emergentes. O objetivo desta estratégia é superar o JP Morgan EMBI

Diversified Index em 1,5%-2% brutos anuais com um tracking error de 2%-3% por ano. A sua filosofia de investimento apoia-se em cinco pilares fundamentais: gestão ativa; abordagem de análise consistente para capturar oportunidades de forma disciplinada e consistente; horizonte de investimento a longo prazo; uso de tecnologia de ponta para controlar o risco de forma sistemática, e pontos de vista diversos de outras equipas de investimento internas para construir uma visão mais informada sobre temas macro. Atualmente, estão subponderados em crédito IG e sobreponderados em crédito BB. Estão cautelosamente otimistas em relação ao crédito soberano de mercados emergentes e construtivos quanto ao crédito, por considerarem que a solvência é sólida e que os custos do serviço da dívida externa são controláveis

Jupiter Global Emerging Markets Short Duration Bond

Mfs Meridian Funds Emerging Markets Debt Fund

NEUBERGER BERMAN SHORT DURATION EMER. MARKET DEBT FUND

Gestor Alejandro Ar Valo

Tentando Reduzir A Volatilidade

O que a Jupiter AM tenta oferecer aos investidores com este produto é uma estratégia de investimento que proporcione o rendimento e o crescimento típics da dívida dos mercados emergentes, mas limitando o perfil de risco global com um nível de volatilidade mais moderado. Mantêm estruturalmente uma baixa exposição às taxas de juro, com uma duração global do fundo de cerca de 2,2 anos. Do ponto de vista do crédito geral, têm um modesto viés para o segmento de maior qualidade do mercado de dívida high yield, com uma classificação geral de BB. No entanto, nos últimos meses aumentaram gradualmente a qualidade na carteira, com um aumento da exposição a investment grade e uma diminuição progressiva da alocação a high yield. Focamse nos fundamentais, algo que consideram essencial para conseguir o retorno do capital investido e evitar incumprimentos. Por último, evitam realizar apostas concentradas.

Gestores

Sele O E Diversifica O

O objetivo de investimento deste fundo é superar a rentabilidade do índice JPMorgan Emerging Markets Bond Global Diversified durante um ciclo de mercado completo. Consideram que a melhor maneira de conseguir um retorno ajustado ao risco consistentemente favorável é explorar as ineficiências do mercado através de uma análise fundamental superior, uma procura global de valor e uma ênfase na gestão do risco de queda. Foca-se principalmente em dívida soberana e quase soberana denominada em dólares, mas pode investir pontualmente em dívida corporativa e em instrumentos de taxas e divisas locais. O seu estilo de investimento está orientado para o value. Colocam uma forte ênfase na gestão do risco de queda. Para isso, tentam obter retornos superiores através de uma cuidadosa seleção de países e créditos (ou seja, decisões de alfa, não decisões de beta timing), mantendo uma boa diversificação e, por outro lado, focam-se em títulos líquidos para assegurar a flexibilidade na resposta a condições de mercado em mudança.

UMA FILOSOFIA DE BUY & HOLD

Este fundo investe numa carteira agregada emergente de curta duração, em divisa forte e investment grade. A estratégia é gerida por uma equipa de 41 profissionais com uma média de 25 anos de experiência em gestão de obrigações emergentes. A carteira é uma combinação de emitentes corporativos e soberanos, com uma duração média de aproximadamente dois anos e uma classificação média a nível estratégico investment grade. A equipa não utiliza derivados para cobrir a exposição (taxas de juro/CDS), uma vez que a filosofia do fundo consiste numa seleção bottom-up que se centra principalmente em cobrar os cupões que os seus investimentos oferecem e manter, geralmente, as obrigações até ao vencimento. Por isso, a carteira apresentou historicamente uma rotação relativamente baixa, pois o fundo é fundamentalmente uma estratégia buy & hold. Em linha com a sua exposição histórica, apresenta um posicionamento equilibrado entre crédito (47%) e dívida soberana ou quase soberana (47%).

tor imobiliário”, sublinha Alejandro Arévalo, gestor de dívida emergente na Jupiter AM.

Outra questão importante é o risco político, área em que os gestores veem uma mudança, que é especialmente percetível na América Latina. “Muitos governantes assumiram que criar crises da dívida soberana não é a melhor forma de implementar as suas agendas. Aprenderam as lições do passado”, interpreta Buchet.

Por outro lado, as classificações de crédito das empresas de mercados emergentes são efetivamente limitadas pela notação do país em que estão sediadas. Normalmente, há um limite de um ou dois escalões acima da classificação soberana. “Embora as ten- dências das classificações de empresas de mercados emergentes tenham sido negativas em termos líquidos nos últimos anos, isso deveu-se mais a mudanças nas notações soberanas do que a alterações nas classificações independentes provenientes dos fundamentais da empresa”, diz Kathy Collins. De acordo com o responsável de investimentos de Dívida Corporativa de Mercados Emergentes da abrdn, cortes impulsionados pelos Estados podem levar a potenciais oportunidades de avaliação incorreta.

Maior Apetite

Todos estes fatores em conjunto aumentaram o apetite por esta classe de ativos. O ritmo de entrada de dinheiro este ano em fundos de dívida de mercados emergentes não é visto desde 2021, com o consenso dos gestores que esperam que esse tipo de títulos ofereça retornos positivos em 2023. No entanto, há também quem alerte que há aspetos que travam o entusiasmo. “As avaliações soberanas e corporativas dos mercados de rendimento fixo de mercados emergentes não são tão baixas quanto parecem. As moedas locais e as taxas de juro dos mercados emergentes parecem potencialmente mais interessantes, mas com nuances”, diz Ward Brown, gestor do MFS Emerging Markets Debt.

Pela positiva, acredita que as divisas desses mercados podem continuar a beneficiar do sentimento de debilidade

4 5 6 4 5 6 4 5 6 do dólar, à medida que o ciclo de subidas da Fed desaparece e a possibilidade de uma aterragem suave permanece. Também destaca que as taxas dos mercados emergentes podem seguir a trajetória descendente das treasuries, bem como a recente melhoria ou flexibilização das condições financeiras nos mercados emergentes. “No entanto, sinais mais claros de recessão nos EUA provavelmente afetariam todos os ativos, incluindo moedas de mercados emergentes e taxas locais nos países mais perigosos, com prémios de risco mais elevados”.

Todos estes são fatores que os investidores devem ponderar ao analisar uma classe de ativos para a qual os riscos diminuíram, mas não desapareceram.

Já ninguém duvida de que não há volta atrás no caminho da transição energética e da adoção de energias limpas. Cinco grandes tendências que apoiam este tema: climáticas. Os Estados Unidos, a China, o Japão ou o Brasil, entre outros, também lançaram ambiciosas iniciativas para apoiar esta transição;

A informação sobre Organismos de Investimento Coletivo ou outros instrumentos financeiros incluída na FundsPeople é apresentada apenas com fim informativo e ilustrativo e não deve ser interpretada como uma oferta de venda ou recomendação de investimento. A informação não representa uma descrição completa dos OIC ou outros instrumentos financeiros e mercados a que faz referência.

CRISTINA CARVALHO

Diretora para o mercado Institucional Ibérico e responsável pelo Mercado Português, Amundi

Cinco Tend Ncias Que Apoiam A Energ Ticatransi O

1. Oferta insuficiente quando precisamos de reduzir drasticamente as emissões, reduzir a dependência de energias fósseis e expandir as renováveis; para não mencionar os problemas de abastecimento ligados ao contexto geopolítico e problemas de segurança;

2. Procura crescente com uma população em crescimento e maiores necessidades de urbanização;

3. Política e regulação não apenas na Europa, onde a UE tem uma longa trajetória na luta contra as alterações

4. Maior despesa em infraestruturas em setores como as energias renováveis, a gestão da água, a agricultura…

5. Melhores soluções tecnológicas, com importantes avanços em áreas como a agricultura de precisão, gestão de cultivos por satélite, redes inteligentes, veículos elétricos, armazenamento de energia, entre outros.

Na Amundi contamos com diferentes soluções para acompanhar esta transição impulsionada pela necessidade de abordar as alterações climáticas.

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