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RÉPLICA SINTÉTICA EM ETF TER OU NÃO TER (OS ATIVOS), EIS A QUESTÃO!

A forma como os ETF proporcionam ao investidor o acesso ao mercado subjacente é um pilar importante na seleção dos produtos. Se para alguns investidores ser o dono final dos ativos é importante, para outros, o central é ter acesso à réplica mais eficiente possível.

Os Exchange Traded Funds ou ETF têm-se tornado cada vez mais populares pela sua flexibilidade, baixo custo e capacidade de fornecer aos investidores exposição diversificada a uma variedade de classes de ativos. No entanto, os ETF não são uma categoria uniforme de produto e a diversidade de estruturas em que se materializam é vasta. Um ponto em particular, o tipo de réplica, é muito relevante para muitos dos profissionais de investimento. Se muitos fazem finca-pé na réplica física, outros mostram-se mais abertos a recorrer a produtos de cariz sintético. De acordo com dados do relatório da ETFGI com o nome Global ETF and ETP industry insights December 2022, citados por Nina Petrini, Responsável de ETF e Fundos Indexados na Península Ibérica e América Latina na UBS AM, nos ativos sob gestão globais em ETF, os “produtos sintéticos representam apenas 3,5% do total. Por outro lado, na Europa, os produtos sintéticos são mais populares, representando cerca de 13% da quota de ativos sob gestão”, destaca a profissional da UBS AM.

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Como referência, com base em dados de carteiras dos fundos de domicílio português ou internacionais de gestão nacional disponibilizados pela Morningstar, vemos que os gestores portugueses veem este tipo de instrumentos passivos como uma importante ferramenta de construção de carteiras, considerando que do total de 1,97 mil milhões de euros em ETF europeus nas carteiras dos fundos, 17% estão em produtos de réplica sintética, acima da média do mercado em geral. Destes, uma categoria de ETF é evidentemente relevante: as ações norte-americanas de elevada capitalização. Estas representam 247 milhões de euros ou 75% dos ativos líquidos neste tipo de instrumentos. Os mercados emergentes, a segunda categoria mais relevante, agrega pouco mais de 30 milhões de euros em ativos. Olhando para outras realidades no sul da Europa, o panorama muda significativamente no que à vizinhança geográfica diz respeito. Em Itália, fica ligeiramente aquém

Distribui O Dos Ativos

"OS AVANÇOS TRANSPARÊNCIANA E ESTRUTURAÇÃO DE ETF DE RÉPLICA SINTÉTICA FIZERAM COM QUE ALGUNS INVESTIDORES SE SENTISSEM MAIS CONFORTÁVEIS EM UTILIZAR ETF SINTÉTICOS PARA CERTAS EXPOSIÇÕES"

SILVIA SENRA BLACKROCK

"EM GEOGRAFIAS ESPECÍFICAS PODE SER EFICIENTE EM TERMOS FISCAIS UTILIZAR A RÉPLICA SINTÉTICA, UMA VEZ QUE CONDUZ A UM INCREMENTO NO DESEMPENHO”

NINA PETRINI UBS AM dos 10% o peso dos ETF sintéticos no total de ETF nas carteiras dos fundos italianos, enquanto que em Espanha, a percentagem supera marcadamente a média indicada por Nina Petrini, cifrando-se nos 28,5%.

Ecossistema

O mercado tem-se desenvolvido e a regulação tem dado resposta aos desafios da indústria. Para Silvia Senra, membro da equipa de Distribuição da BlackRock em Espanha, Portugal e Andorra, “os avanços na transparência e estruturação de ETF de réplica sintética também fizeram com que alguns investidores se sentissem mais confortáveis em utilizar ETF sintéticos para certas exposições. As melhorias na resiliência do ecossistema de swaps para exposição a ações americanas, por exemplo, permitiu que a entidade se sentisse confortável em lançar uma solução sintética para investimento neste universo. Nina Petrini vai mais além e destaca o potencial fiscal. "Em geografias específicas (EUA) pode ser eficiente em termos fiscais utilizar a réplica sintética, uma vez que conduz a um incremento no desempenho”, diz. Segundo indica Cesar Muro, responsável de Distribuição Passiva na

“A RÉPLICA SINTÉTICA É PARTICULARMENTE ÚTIL PARA ÍNDICES VASTOS COM UM ELEVADO NÚMERO DE COMPONENTES OU QUANDO O MERCADO SUBJACENTE É MAIS DESAFIANTE EM TERMOS DE ACESSO OU LIQUIDEZ"

JUAN SAN PÍO AMUNDI ETF

DENTRO DOS PAÍSES DO SUL DA EUROPA, DESTAQUE PARA ESPANHA QUE SUPERA MARCADAMENTE A MÉDIA EUROPEIA NA

DWS (Xtrackers), o principal argumento a favor deste tipo de réplica "é a possibilidade de melhorar a rentabilidade em mercados específicos, dando acesso eficiente a mercados complexos e oferecendo um tracking error muito inferior”. Por outro lado, vê na complexidade da estrutura - dado o recurso a swaps - a principal desvantagem. “O mecanismo de criação e resgate, sendo monopolizado por uma contraparte, leva a spreads bid-ask que são normalmente um pouco mais amplos do que na réplica física”, indica, apontando o recurso a contrapartes múltiplas para mitigar este risco.

VANTAGENS

A opinião comum é que tanto a réplica física como a sintética têm as suas vantagens e os seus espaços naturais. Silvia Senra destaca “os mercados de mais difícil acesso, tais como as matérias primas”, e Juan San Pío, diretor Comercial da Amundi ETF, Indexing & Smart Beta para a Península Ibérica e América Latina, salienta que são particularmente úteis para “índices vastos com um elevado número de componentes ou quando o mercado subjacente é mais desafiante em termos de acesso ou liquidez, como é o caso dos índices de mercados emergentes”.

Já em índices mais comuns, como o S&P 500 ou o MSCI Europe, o profissional da Amundi salienta a preferência dos investidores pela réplica sintética, quando a tracking difference e a performance são de maior relevância e, nesta linha, Cesar Muro comenta que a réplica sintética "tem vantagens de desempenho distintas quando inclui ações norte-americanas ou ações A chinesas”. E, claro, existem índices onde não há opção de réplica, que o profissional da DWS enumera, nomeadamente, “índices de matérias-primas diversificados, índices curtos ou alavancados e índices do mercado monetário que oferecem a taxa overnight do banco central”.

As mulheres europeias são cautelosas ao ponto de limitarem maioritariamente a gestão das suas finanças a fazer poupanças periódicas e não entram no mundo dos investimentos.

A análise dos dados mostra também que existe um fosso significativo entre a vontade de investir e a adoção de ações concretas, como se pode ver no caso sueco, em que 93% das mulheres reconhecem que estão determinadas a investir, mas apenas 25% investem.

As razões que condicionam este comportamento são várias. Dois dos obstáculos são a perceção de que não têm dinheiro suficiente para investir e de que já estão financeiramente confortáveis com os seus padrões de poupança. No entanto, as perspetivas a curto e médio prazo são encorajadoras, uma vez que dois terços das mulheres europeias que ainda não investem estão a considerar fazê-lo no futuro.

TERMOS

CESAR MURO

DWS (XTRACKERS)

Contudo, entre os quatro gigantes provedores europeus que consultámos a realidade é só uma: o cliente é rei, na seleção da estrutura de réplica. A grande maioria dos clientes procura fundos de réplica física, mas a verdade é que a réplica sintética tem o seu lugar, não só em segmentos mais de nicho, como também nas classes de ativos mais representativas a nível global.

A entrada deste dinheiro seria em grande parte acompanhada pelo trabalho de consultores financeiros que têm mais confiança entre as mulheres do que entre os homens (64% vs. 46%). O catalisador destes especialistas responde à confiança que as mulheres depositam neles, e à autoperceção da falta de conhecimento financeiro. Outro catalisador importante é a poupança para a reforma. 39% das mulheres europeias reconhecem que este é o principal gatilho para se tornarem investidoras.

por Luís Sancho

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