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O SONHO DE VISITAR A ISLÂNDIA
Apesar do contratempo causado pela perda das malas e, consequentemente, a roupa mais quente, o frio da Islândia é apenas um detalhe. O espetáculo mágico proporcionado pelas cascatas, pelo gelo, e pelas auroras boreais, aquece a alma de quem visita o país.
Visitar a Islândia sempre foi um sonho. Convidei mais três amigos para se juntarem, que também são apaixonados por viagens. Sabendo que se trata do terceiro país mais caro do mundo para viver, foi importante um bom planeamento para garantir que o orçamento não era muito ultrapassado. Ainda assim, ninguém consegue planear que uma sopa composta, uma cerveja local e um pãozinho, para duas pessoas, custasse 5.900 coroas islandesas, ou seja, cerca de 38 euros.
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A aventura começou com a perda das bagagens na escala em Frankfurt, onde a ligação do voo Lisboa-Reykjavik se fazia com apenas uma hora, fazendo com que ficássemos apenas com a roupa do corpo e algumas coisas que tínhamos na mochila que levámos para a cabine do avião. Este foi um dos desafios da viagem: lidar com o frio de calças de ganga e um blusão que se usa no clima tem- perado de Lisboa. Para agravar a situação, o planeamento da visita à ilha implicava fazer o círculo dourado, um circuito com cerca de 300 km de extensão, a partir da capital Reykjavík, que passa por três das mais emblemáticas atrações da Islândia, o Parque Nacional Thingvellir, a queda de água de Gullfoss e o vale Haukadalur, onde se localiza a área geotermal de Geysir. Quer isto dizer que as nossas bagagens só chegaram passados três dias, quando já estávamos no norte da ilha.
As primeiras paragens deste circuito foram em Seljalandsfoss e Skógafoss, umas impressionantes cascatas com 60 metros de queda de água com muita estalactite de gelo a adorná-las. Aqui deu para passear pelo percurso de água e observar o percurso do rio, parcialmente congelado. Ainda neste dia, seguimos caminho e parámos no desfiladeiro Fjaðrárgljúfur que possui 100 metros de altura e cerca de dois quilómetros de comprimento, localizado no su- deste da Islândia. Diz-se que este desfiladeiro foi formado há cerca de 9.000 anos, no final da era do gelo e que surgiu a partir da erosão progressiva dos glaciares.
No dia seguinte acordámos com a informação de uma tempestade de neve que fez bloquear as estradas durante toda a manhã, e só pela tarde pudemos seguir o nosso círculo dourado. Felizmente chegámos a um dos pontos que mais gostei da Islândia, a Diamond Beach. Imagine uma praia de areia preta onde existem pedaços de gelo que brilham como diamantes. O derreter lento do glaciar faz com que grandes pedras de gelo flutuem sobre a lagoa glaciar Jökulsárlón, deslizando até à praia, para depois serem puxadas para o mar. O cenário é indescritível e não há foto que faça jus.
Depois de dormir num Airbnb espaçoso, com muita qualidade e até um jacuzzi no exterior, rumámos no nosso círculo dourado por umas centenas de quilómetros pelo norte da ilha. Finalmente chegámos à área geotérmica de Mývat, no norte, onde as placas tectónicas da América do Norte e da Eurásia se encontram. Nesta zona encontram-se vulcões, lama borbulhante, terra fumegante, paisagens sobrenaturais, lagos azuis brilhantes e um cheiro muito intenso, inesquecível.
Espet Culo M Gico
A paragem no lago Mývatn foi simplesmente incrível, um verdadeiro postal de Natal. É concerteza visita obrigatória para qualquer turista.
Seguiu-se a cascata de Godafoss, conhecida por cascata dos deuses, com uma altura de 12 metros e 60 de largura. Parte dela estava congelada, mas também é um ponto obrigatório de visitar. A dormida neste dia foi em Akureyri, uma cidade no norte da ilha, considerada a 5ª maior da Islândia, localizada num dos vários fiordes que existem no país e que possui cerca de 18.000 habitantes. Foi aqui que vimos a nossa aurora bo- real (northern lights), uma incrível dança de luzes no céu escuro desta ilha gelada. Ficámos umas duas hora num bosque escuro a tentar apreciar, absorver e registar todo aquele espectáculo mágico.
No dia seguinte chegámos a Reykjavík, a capital e a maior cidade da Islândia, onde tentámos absorver um pouco da cultura local. Conhecemos a igreja luterana Hallgrímskirkja, ícone da cidade, construída entre 1945 e 1986 em homenagem ao poeta religioso Hallgrímur Pétursson. O desenho da sua fachada foi inspirado nas colunas de basalto abundantes no país, como as da cascata Svartifoss de Skaftafell.
Nessa mesma noite, um grande nevão deixou o nosso SUV alugado com uma camada de neve. Nesse dia fomos visitar o famoso Geysir, que entra em erupção em cada vários minutos e lança água até 70 metros de altura, e ainda a Gulfoss, outra cascata muito famosa, com duas camadas, a primeira com uma queda de água de 11 metros e a segunda com 20 metros, totalizando assim uma queda de água de 31 metros.
Neste dia tivemos tempo de ir relaxar a umas piscinas naturais geotérmicas, um dos pontos obrigatórios na visita. O mais popular é a Blue Lagoon, mas como não tínhamos reservado estava lotado e acabámos por ir à Laugarvatn Fontana. Para além das piscinas, tem banheiras de hidromassagem, saunas a vapor orgânicas, sauna finlandesa e acesso ao frio e refrescante lago Laugarvatn. Algumas das piscinas estavam a 38º e a experiência do quente e frio é simplesmente incrível.
Para terminar esta viagem em beleza, fomos contemplados com mais uma aurora boreal. Foram mais 45 minutos de uma beleza absolutamente incrível e que toda a gente deveria ter a oportunidade de assistir. Ficámos com vontade de poder voltar numa época do ano em que o verde domina a paisagem, substituindo o manto branco por onde navegámos.
