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OPERAÇÕES DO MERCADO TRANSACIONAL DE PRIVATE EQUITY EM PORTUGAL - 2015 A 2022
Oinvestimento no mercado de private equity teve um crescimento muito significativo, não só em Portugal mas, em geral, em todo o mundo nos últimos dois anos. Dada a atual conjuntura macroeconómica, a elevada volatilidade e taxas de inflação nos mercados, somadas à possível crise sistémica que o setor bancário norte-americano enfrentaria com a falência do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank, o capital privado tem sido extremamente atrativo para investidores que, além de diversificar as suas carteiras, procuram alocar os seus recursos em setores que demonstraram resiliência, estabilidade e rentabilidade nos últimos períodos.
Record Desde 2015
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Segundo dados do TTR Data, os investimentos de empresas de private equity em Portugal registaram um crescimento significativo nos últimos quatro anos. No ano de 2022, houve 49 transações e um capital mobilizado de 1,6 mil milhões de euros, esses números representam um aumento de 32% em relação ao volume de operações e de 60% no valor total.
Em 2022, o ano apresentou o maior volume de investimentos desde 2015, sendo o ano com maior registo de operações desde então. Em relação aos setores mais ativos nos últimos anos, tecnologia e serviços e distribuição, foram os que mais se destacaram contabilizando 14 e 18 transações cada. No entanto, quando se trata do capital mobilizado, o setor de tecnologia no ano de 2019 evidencia-se com um valor de 2,3 mil milhões de euros.
Referente às geografias nas quais ocorreram as transações, as cros - s-border registam volume e valor superior às operações domésticas. Em 2022, 67% dos investimentos de private equity em Portugal apresentaram uma ou mais partes estrangeiras, sendo o total registado de 1,6 mil milhões de euros no ano, exclusivamente do âmbito cross-border.
Nos últimos cinco anos, no que diz respeito ao volume de transações, Espanha e os Estados Unidos foram os países que mais investiram no mercado português, registando 38 e 32 operações, respetivamente. Por outro lado, em valor, os Estados Unidos e a França, aportaram 7,2 mil milhões de euros e 5,6 mil milhões de euros, respetivamente, desde 2018. Os setores mais ativos em aquisições inbound em 2022, foram tecnologia com 12 operações, serviços e distribuição com 10, e o setor imobiliário com três transações.
Um dos maiores investimentos realizados em Portugal por uma entidade de private equity nos últimos quatro anos, foi a aquisição pela Morgan Stanley Infrastructure Partners de uma participação de 49% na Altice Portugal FTTH, anteriormente detida pela MEO, subsidiária da Altice por um valor de 2,3 mil milhões de euros.
No que diz respeito a firmas de private equity com maior volume de aquisições no mercado português nos últimos quatro anos, está a Explorer Investments com 10 transações, a Oakley Capital e a Oxy Capital com oito, cada. Quanto à maior operação realizada pela Explorer Investments no ano de 2022, foi o investimento de cinco milhões de euros na NextBitt, sediada em Lisboa. Em relação aos desinves -
As Maiores Empresas De
timentos feitos, encontra-se a Oxy Capital com sete operações, seguida da Explorer Investments com cinco, nos últimos quatro anos.
PONTO DE RUPTURA?
Apesar desses resultados positivos, hoje os fundos de private equity estão expostos a um paradoxo interessante: embora sejam produtos com boas perspetivas e retornos financeiros, os investimentos nesses veículos implicam desafios que podem despertar um clima de cautela e até grandes riscos entre os investidores mais experientes.
Apesar do evento mais recente da falência do Silicon Valley Bank (SVB), as empresas de private equity continuam muito interessadas em investir, mesmo neste banco.
Neste contexto, as maiores empresas de private equity do mundo, tais como a Apollo Global Management, a Ares Management, a Blackstone, a Carlyle Group e a KKR & Co. estariam interessadas em adquirir um livro de empréstimos detido pelo SVB, à medida que os investidores começam a circular os ativos deste banco cali- forniano que, segundo a MOODY’S, “tem um historial há muito estabelecido no setor que apoia a sua perícia, subscrição conservadora e melhor desempenho do que os seus pares em termos de qualidade de ativos”.
Nesse sentido, as perspetivas para o mercado de private equity em Portugal parecem encorajadoras no meio do ambiente incerto. O apoio ao investimento em participações privadas em Portugal pelo Governo permanece constante e os seus resultados refletem-se no grande número de fundos que estão a aderir e nos níveis de angariação de fundos atualmente observados no mercado. Mais ainda, quando os regimes de incentivos fiscais são hoje em dia aplicáveis a empresas de private equity, tanto fundos de PE como empresas de PE.
A expansão deste mercado exigirá, portanto, que o mercado de private equity seja capaz de se concentrar no crescimento orgânico e na expansão das margens, a fim de investir capital no meio da incerteza global, do aumento da concorrência, das avaliações e das expetativas das partes interessadas.
AÇÕES PORQUÊDEFENSIVAS: AGORA?
Os sinais de inflação e a trajetória futura de aumento das taxas tornaram-se menos claros nas últimas semanas. Os dados de inflação chegaram significativamente acima do esperado, particularmente nos EUA, mas também na Europa. À medida que os medos inflacionários se adensam e a euforia do início do ano continua a diminuir devido ao recente fracasso do SVB e do CS, os mercados globais podem enfrentar uma jornada mais volátil. Apesar da relativa atratividade das yields das obrigações, os investidores também podem querer ter ações defensivas nas suas carteiras, uma vez que os ganhos e dividendos tendem a ultrapassar significativamente a inflação no longo prazo. O que comprar quando as coisas ficam feias?
(1) Value - Xtrackers MSCI World Value UCITS ETF: tende a superar o growth em cenários de aumento das taxas de juro e o desempenho relativo está fortemente correlacionado com a 10Y UST.
(2) Dividendos - Xtrackers Euro Stoxx Quality Dividend UCITS ETF: os índices de dividendos superam durante os períodos de volatilidade e recessão do mercado.
(3) Volatilidade Mínima - Xtrackers MSCI World Minimum Volatility UCITS ETF: historicamente, superou o MSCI World em bear markets em 80-90% do tempo em diferentes holding periods, portanto, pode oferecer uma exposição de ações mais defensiva.
(4) Europa - Xtrackers MSCI Europe UCITS ETF: a Europa pode oferecer avaliações atrativas e maior rendimento de dividendos devido à sua orientação mais defensiva do setor.