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Será que a terapêutica ESG tem efeitos secundários?
NÚMERO 44 MAIO E JUNHO 2022 .
ENTREVISTAS BIN SHI, UBS AM JOSH DUITZ, ABRDN LEGISLAÇÃO AS SOCIEDADES GESTORAS DE PEQUENA DIMENSÃO PLANIFICAÇÃO OS INVESTIDORES E A CRISE
COM ESTILO UM CONTRABAIXO A INVESTIR A GRANDE DESCONEXÃO
SELECIONADORES FAVORITOS À NUVEM NEGRA DA PANDEMIA, QUE AINDA PAIROU DURANTE O ÚLTIMO AS NUVENS NO HORIZONTE Olhar paraANO, JUNTARAM-SE OUTRAS COMO A DA INFLAÇÃO E A DA GUERRA. OBSTÁCULOS QUE DIFICULTARAM, MAS NÃO IMPEDIRAM OS SELECIONADORES o futuro DE FUNDOS NACIONAIS DE FAZER UM TRABALHO NOTÁVEL.investindo
em saúde
AB International Health Care Portfolio
Existem produtos financeiros que pela sua opacidade podem não conferir o acompanhamento necessário aos diversos stakeholders de uma operação. Fica assim a incerteza sobre as métricas na redução de efeitos de gases de estufa, por exemplo.
Como temos visto ao longo da história da ciência, todas as terapêuticas realizadas no corpo humano podem trazer efeitos secundários indesejáveis que na maioria das vezes são irrelevantes, mas outras vezes podem até aumentar as condições da doença.
Será que as urgentes e necessárias terapêuticas que o planeta terra está a ser alvo, têm também efeitos secundários? E se sim, qual a importância dos mesmos? Em traços muito largos, vejamos então como está a correr o tratamento.
Apesar de todos os objetivos, métricas e iniciativas que as COP de Paris e Glasglow trouxeram para os diversos governos mundiais, o ano 2021 registou o maior consumo de carvão para geração de eletricidade da história do planeta Terra, e pela estimativa da International Energy Agency, no presente ano de 2022 a procura por carvão irá suplantar o ano de 2021.
A retoma da atividade económica do último ano levou a uma procura muito acelerada por gás natural, aliada aos constrangimentos pandémicos que impuseram muitas dificuldades na produção e exploração, bem como nas interrupções na cadeia de valor, o que fez disparar o seu preço (em termos médios o preço do gás natural na Europa DTTF subiu de 3,2$ MBTU em 2020 para 15,2$ MBTU em 2021 ou no mercado Americano Henry Hub de 2.1$ MBTU em 2020 para 3.9$ MBTU em 2021).
Economias como a da China e Índia (responsáveis por 2/3 do consumo mundial de carvão) sem o compromisso ambiental que tem a União Europeia ou mesmo os Estado Uni-
PRIVATE EQUITY DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS VS. CARTEIRAS DE ATIVOS RENOVÁVEIS 2010-2020
Número de aquisições
COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS RENOVÁVEIS
40
35
30
25
20
15
10
5
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Fonte: Relatório Private Equity Propels the Climate Crisis (Private Equity Stakeholder Project). Outubro de 2021 .
dos da América, optaram e optam por motivos económicos e de competitividade a substituição do gás natural por carvão na geração da sua energia. Como já todos nos apercebemos pelas inúmeras constatações macroeconómicas e indicadores energéticos, o mundo está dividido em diferentes posicionamentos e ritmos no que toca à descarbonização.
No lado ocidental temos assistido nos últimos anos nas principais bolsas mundiais a uma pressão cada vez mais ativista por práticas e políticas ESG - Environmental, Social, and Governance - por parte de acionistas e obrigacionistas institucionais e de retalho direto ou indireto através de subscrição de fundos de investimento.
O enorme sucesso e a popularidade dos investimentos em produtos financeiros ESG tem sido avassalador em termos de crescimento de número e em diferentes tipologias de produtos financeiros, bem como em montantes investidos.
Os investidores ESG além de aplicarem o seu capital para obterem um determinado retorno financeiro, também decidiram investir de forma a serem retribuídos com um prémio moral de estarem a ajudar a salvar o planeta e as próximas gerações.
PRESSÃO DE MUDANÇA
Os gestores das empresas cotadas que operam no setor da energia tradicional (petróleo, gás, carvão, entre outras) rapidamente constataram que além da gestão do risco do negócio tendo em vista as metas impostas pelas COP de se alcançar a neutralidade carbónica em 2050, a perceção e a má reputação que as unidades de negócio ou ativos dirty, isto é Não ESG têm junto dos seus acionistas ou obrigacionistas, originaram uma forte pressão na tomada de decisão em se desfazerem (spin-offs) ou transformarem esses ativos dirty em ativos limpos.
O reflexo dessa alteração na política de portefólio de produtos ou unidades de negócio de cada uma dessas empresas cotadas levou rapidamente a uma positive brand awareness que se traduziu em processos de angariação e renovação de capital com um custo de capital mais baixo.
A necessidade das empresas cotadas se desfazerem dos ativos sujos - Não ESG -, as assimetrias mundiais na descarbonização, o crescimento económico da Ásia e o subsequente aumento acentuado dos preços das commodities, favoreceu e promoveu que os private equity funds e os hedge
NÚMERO 44 MAIO E JUNHO 2022 .
ENTREVISTAS BIN SHI, UBS AM JOSH DUITZ, ABRDN LEGISLAÇÃO AS SOCIEDADES GESTORAS DE PEQUENA DIMENSÃO PLANIFICAÇÃO OS INVESTIDORES E A CRISE
COM ESTILO UM CONTRABAIXO A INVESTIR A GRANDE DESCONEXÃO
SELECIONADORES FAVORITOS À NUVEM NEGRA DA PANDEMIA, QUE AINDA PAIROU DURANTE O ÚLTIMO AS NUVENS NO HORIZONTE Olhar paraANO, JUNTARAM-SE OUTRAS COMO A DA INFLAÇÃO E A DA GUERRA. OBSTÁCULOS QUE DIFICULTARAM, MAS NÃO IMPEDIRAM OS SELECIONADORES o futuro DE FUNDOS NACIONAIS DE FAZER UM TRABALHO NOTÁVEL.investindo
em saúde
AB International Health Care Portfolio OS DIVERSOS STAKEHOLDERS NÃO CONSEGUEM ACOMPANHAR OS DESENVOLVIMENTOS EM TERMOS DE DESCARBONIZAÇÃO QUE OS GESTORES ESTÃO A EFETUAR
funds vissem uma oportunidade junto das empresas cotadas de lhes adquirir a desconto os projetos e ativos Não ESG.
Operações de exploração de petróleo offshore, petróleo e gás de xisto, centrais termoelétricas de combustíveis fosseis, redes de gás ou minas de carvão, entre outros projetos dirty, têm sido adquiridos nos últimos anos às empresas cotadas por fundos fechados, que pelo seu perfil regulatório são muito mais discretos na sua publicidade e (parca) divulgação de informação, tipicamente a forma comum dos hedge funds, dos fundos soberanos e da generalidade dos private equity funds.
Diversos exemplos de operações podem ser encontrados nas agências de comunicação especializadas, bem como no relatório de outubro de 2021 da Private Equity Stakeholder Project, organização que monitoriza a indústria de private equity ou na investigação que a LittleSis (um dos principais watchdogs de governance nos EUA) realizou sobre a indústria do Oil&Gas na América do Norte.
INCERTEZA
Como a opacidade e a falta de transparência na informação deste tipo de produtos financeiros é elevada, os diversos stakeholders não conseguem acompanhar os desenvolvimentos em termos de descarbonização que estes gestores estão a efetuar, ficando a incerteza se as métricas na redução dos efeitos gases de estufa está ou não a ser reduzida nesse tipo de projetos.
Ironicamente, uma grande maioria dos investidores institucionais como os fundos de fundos, fundos de pensões, ou seguradoras que investem parte das suas carteiras em private equity funds ou em hedge funds, são muitas das vezes esses mesmos investidores institucionais que investem ativamente nos fundos ESG ou em sociedades cotadas com ativos limpos, estimulando desse modo uma alienação dos ditos ativos Não ESG a desconto para veículos financeiros muito pouco transparentes e sem compromissos nas políticas e objetivos ESG.
Será que a pressão da terapêutica imposta pelos investidores ativistas ESG junto das empresas cotadas criaram uma nova e mais perversa versão de greenwashing? Será que esses ativos sujos ficariam melhor entregues aos seus antigos proprietários?
Possivelmente, só eliminaremos essas dúvidas destes possíveis efeitos secundários e minimizaremos o risco de um novo tipo de greenwashing quando a análise ou scoring ESG deixar de ser unicamente às sociedades ou veículos financeiros e passar a ser realizada também de forma obrigatória aos ativos e projetos energéticos, independentemente do seu proprietário.
Para bem de todos nós e das futuras gerações, o Planeta Terra necessita de tratamento urgente e com o menor número de efeitos secundários.
A OPINIÃO DE
GREGOR M.A. HIRT, Diretor global de Investimentos em MultiAtivos, Allianz Global Investors
ALOCAÇÃO GLOBAL DE MULTIATIVOS: SLOWFLATION É A NOVA NORMA
Ao longo do último trimestre, os impulsionadores dos movimentos cruzados no mercado de ativos podem ser em grande parte atribuídos à preocupação com a aceleração da inflação e ao tom mais rígido dos bancos centrais. Estes receios foram agravados pela invasão da Ucrânia pelas forças russas a 24 de fevereiro, impulsionando uma subida acentuada nos preços das mercadorias. Em meados de março, as ações globais estavam firmemente em território de correção, antes de uma recuperação no final do mês ajudar a reduzir estas perdas para cerca de 5% (MSCI ACWI). Neste cenário, a nossa opinião sobre as ações varia consoante a região, mas é, em última análise, neutralmente cautelosa em geral, enquanto as matérias-primas (commodities) e o dólar dos EUA continuam a ser exposições favoráveis. Em geral, estamos atentos às obrigações, particularmente com prazos de vencimento mais longos, onde ainda existe espaço para que as expetativas de inflação aumentem ainda mais as yields. Assim, no que respeita às ações, o nosso ponto de vista é misto. Por um lado, as valorizações permanecem no limite, enquanto as margens podem ficar cada vez mais sob pressão devido a maiores exigências salariais e ao aumento dos preços dos fatores de produção. Por outro lado, as ações tendem a ter um bom desempenho em tempos de inflação crescente. Quanto às obrigações, mantemo-nos cautelosos nos mercados soberanos desenvolvidos, especialmente para maturidades mais longas. O ponto de vista é motivado em grande parte pelas expetativas de subida da inflação que parecem ter um preço mais elevado para maturidades mais curtas, mas menor para maturidades mais longas.