José Roberto Parra
Pragas
Avanço biológico Tendência mundial, o controle biológico tem crescido ao longo dos anos no Brasil, especialmente como parte do manejo integrado de pragas. Contudo, um dos grandes desafios consiste em desenvolver um modelo específico para regiões tropicais, alicerçado em critérios científicos sólidos e que respeitem particularidades e diferenças de outras partes do mundo
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uando se fala em controle de pragas no Brasil, o agricultor, de um modo geral, pensa em agroquímicos. É uma “cultura” arraigada no brasileiro que sempre foi difícil de mudar. É um tipo de controle que vem sendo utilizado desde 1939, após a descoberta das propriedades inseticidas do DDT por Paul Müller, pesquisa que lhe rendeu um prêmio Nobel. A partir daí, criou-se uma “cultura familiar” de que todos os problemas agrícolas seriam resolvidos com o uso de agroquímicos. Por mais que se fale em alternativas de controle, o agricultor brasileiro gosta de aplicar um produto químico e ver a praga morta no solo. A Entomologia Econômica brasileira nasceu e cresceu com base em métodos químicos. Entretanto, são claros os resultados negativos decorrentes de uma aplicação inadequada de produtos químicos. Devido à ocorrência crescente de problemas, começaram a surgir pesquisadores preocupados em resolvê-
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Agosto 2020 • www.revistacultivar.com.br
-los; entre eles, destacou-se a bióloga Rachel Carson, que em 1962 publicou o livro Primavera Silenciosa (Silent Spring) que chamava, de forma contundente, a atenção para as consequências da utilização incorreta dos produtos químicos. Seguiram-se outros trabalhos e no final da década de 1960 surgiram pesquisas com a filosofia de Manejo Integrado de Pragas (MIP), que previa a utilização de um conjunto de medidas para manter a população das pragas abaixo do nível de dano econômico, levando-se em conta critérios econômicos, ecológicos e sociais. Alguns pesquisadores americanos se destacaram, dentre eles Marcos Kogan, brasileiro radicado na Universidade de Illinois, EUA, que transferiu a tecnologia para a soja, que estava em plena expansão no Brasil, o que fez com que esta cultura fosse uma das primeiras a utilizar o MIP no País.