CHEOK KA
hojemacau
Betão de alarme
A construção da estátua de Kun Iam, nos espaços verdes da Barragem de Hac Sá, está a revelar-se um autêntico bico-de-obra para o Governo. Agora, e depois de uma petição posta a circular pelo deputado Ron Lam, várias associações tradicionais recuaram no apoio dado anteriormente e juntam-se também ao coro de críticas a pedir o cancelamento do projecto. A petição conta já com mais de 8.000 assinaturas.
ANTIGO secretário de Estado de Richard Nixon, Henry Kissinger é há muito conhecido como um “velho amigo” da China, país que já visitou inúmeras vezes. A sua mais recente estadia em Pequim, onde chegou a reunir com o Presidente Xi Jinping, “tem um imenso simbolismo”, isto numa altura em que as relações entre a China e os EUA acarretam algumas tensões.
“A China também está a jogar, utilizando um pouco a figura de Kissinger para dar um sinal aos EUA. Ele [Kissinger] é um líder
ESTADOS UNIDOS-CHINA VISITA DE KISSINGER A
PEQUIM VISTA COMO UM APROXIMAR DE RELAÇÕES
Jogos diplomáticos
espécie de diplomata a defender a imagem do país”, acrescentou o académico.
Com esta visita, a China quer, no fundo, mostrar que “se predispõe a fazer uma aproximação aos EUA, uma vez que os americanos também fazem algum esforço para se aproximarem da China”. “Há tensões que não vão mudar, há a questão da tecnologia e do Mar do Sul da China, mas os EUA tentam
agora uma certa aproximação, o que sucedeu com algumas visitas [John Kerry]. Tentam chamar a atenção para certas questões, como a questão climática, que pode avançar. É fundamental que os dois países não entrem numa escalada de tensão. Os EUA estão preocupados com isso, e Kissinger está a ser usado para a China dar um sinal de que o caminho certo é o do diálogo”, frisou o académico.
A jogada da Casa Branca
“Há muitas camadas de análise e intenção e não há inocência no ocorrido. Washington percebeu, no ano passado, que Pequim está com uma postura mais assertiva e até de cariz mais beligerante, pelo que importa tentar aliviar tensões e esclarecer mal-entendidos.”
TIAGO ANDRÉ LOPES ESPECIALISTA EM ASSUNTOS ASIÁTICOS
quadro da diplomacia triangular, o país, durante a Guerra Fria, era uma espécie de contra-peso ao jogo de influências travado entre a URSS e os EUA”. Assim, a Casa Branca
histórico e também é respeitado pela própria elite política americana, sendo uma figura lendária da diplomacia americana que se aproximou muito da China”, defendeu ao HM Jorge Tavares da Silva, analista de assuntos chineses ligado à Universidade da Beira Interior, em Portugal.
Outrora uma influente figura política no panorama norte-americano, Kissinger é hoje “uma espécie de lobista pró-China”, pois “durante muitos anos ajudou empresas americanas a entrar na China”. O antigo secretário de Estado tornou-se, assim, “quase uma
Jorge Tavares da Silva entende que Henry Kissinger foi, nos anos 70, um político “pragmático” na sua tentativa de encetar o diálogo bilateral numa altura em que a China comunista estava fechada ao mundo
Tiago André Lopes, especialista em assuntos asiáticos e docente na Universidade Portucalense, defendeu ao HM que a visita de Kissinger não é mais do que uma “diplomacia de celebridade”, pois o antigo secretário de Estado “usou o seu estatuto académico-diplomático para encetar uma verdadeira operação de charme, sabendo que Xi Jinping é um fã confesso da política de Kissinger que terminou com o isolamento da RPC, que a alavancou para o Conselho de Segurança da ONU e que permitiu à China ter uma palavra dizer no sistema internacional”.
O académico entende que a visita é, também, uma “jogada diplomática da Casa Branca que sinaliza a sua vontade de ter uma cooperação mais estreita com Pequim, sem, contudo, se comprometer aberta e publicamente com os resultados da visita”.
Desta forma, os EUA pretenderam “relembrar a China que, no
Tido como um “velho amigo” da China, Henry Kissinger, antigo secretário de Estado norte-americano, terminou recentemente a sua visita a Pequim onde foi recebido ao mais alto nível e deixou várias sugestões de paz e diálogo entre os EUA e a China. Académicos entendem que esta é uma viagem simbólica, e que Pequim recorre a Kissinger para enviar sinais de uma certa aproximação
“parece querer voltar à ideia do ‘Condomínio a Dois’, avançada no final da Guerra Fria, no qual a estrutura internacional seria bipolar, mas de matriz cooperante e não de matriz conflitual”.
Acima de tudo, a ida de Henry Kissinger à China não pode ser encarada como sendo apenas “um acaso de agendas”, acrescentou Tiago André Lopes. “Há muitas camadas de análise e intenção e não há inocência no ocorrido. Washington percebeu, no ano passado, que Pequim está com uma postura mais assertiva e até de cariz mais beligerante, pelo
que importa tentar aliviar tensões e esclarecer mal-entendidos, antecipando desde já a previsível fúria de Pequim quando o candidato ao governo de Taiwan passar pela América Latina e se encontrar com representantes políticos dos EUA. A visita de Kissinger tenta instaurar uma nova fase de cooperação pragmática na Ásia Oriental, mas creio que Pequim tem menos interesse nessa cooperação neste momento”, adiantou.
Um homem “pragmático”
Jorge Tavares da Silva entende que Henry Kissinger foi, nos anos
70, um político “pragmático” na sua tentativa de encetar o diálogo bilateral numa altura em que a China comunista estava fechada ao mundo. Numa viagem secreta a partir do Paquistão, Kissinger vai a Pequim onde se reúne com
Com esta visita, a China quer, no fundo, mostrar que “se predispõe a fazer uma aproximação aos EUA, uma vez que os americanos também fazem algum esforço para se aproximarem da China”
o então primeiro-ministro chinês, Zhou Enlai, para discutir os pormenores da viagem. Em 1972, Richard Nixon aterrava em solo chinês para uma viagem que ficou para a história, que ficou conhecida como “A semana que mudou o mundo”.
“Foi ele iniciou negociações para o restabelecimento das relações bilaterais entre os países. O momento histórico era terrível, porque a China e a URSS estavam num período de tensão e os EUA aproveitaram esse momento para se aproximarem da China. O país tornou-se comunista em 1949 e nos EUA as autoridades questionavam como tinham perdido a China, o que foi um grande abalo para os interesses americanos no mundo. Durante muitos anos nunca se reconheceu a RPC”, descreveu Tavares da Silva.
Na década de 70 a China dava sinais de uma aproximação, mas “Kissinger foi o interlocutor máximo, encontrando-se com Zhou Enlai nessa viagem secreta”. Contudo, só em 1979 é que as relações diplomáticas entre os dois países seriam formalizadas, com Deng Xiaoping e Jimmy Carter no poder.
Na sua passagem pela China, Henry Kissinger deixou vários recados em prol do relacionamento bilateral EUA-China, apelando a que se “eliminem mal-entendidos e coexistam pacificamente [os dois países]”, disse, durante um
encontro com o ministro da Defesa chinês, Li Shangfu.
Segundo um comunicado emitido pelo ministério da Defesa chinês, Kissinger afirmou que, no mundo actual, coexistem desafios e oportunidades, e que Pequim e Washington devem “evitar a confrontação”. O veterano político norte-americano disse esperar que as duas potências façam o seu melhor para alcançar resultados positivos no desenvolvimento da relação bilateral, de forma a salvaguardar a paz e a estabilidade mundiais. “A história e os factos mostraram repetidamente que EUA e China não podem arcar com o custo de se tratarem como oponentes”, realçou.
A visita não anunciada de Kissinger coincidiu com a presença na China do enviado especial dos EUA para os Assuntos Climáticos, John Kerry, que também foi secretário de Estado, entre 2013 e 2017, durante parte do mandato presidencial de Barack Obama.
Na quarta-feira, Xi Jinping, Presidente chinês, destacou o significado da deslocação a Pequim de Kissinger, lembrando que ele fez recentemente 100 anos e já visitou a China por mais de 100 vezes. “Este resultado de ‘duzentos’ torna a visita significativa”, disse o também secretário-geral do Partido Comunista da China.
O Presidente chinês sublinhou que, há 52 anos, os dois países viviam um “momento crítico”, mas que graças à visão estratégica dos líderes da época, foi tomada a “decisão certa” de retomar a cooperação sino - norte-americana. Xi referiu-se ao veterano político norte-americano como um “velho amigo da China”.
Kissinger expressou a sua “honra por visitar novamente a China”, no mesmo local onde se encontrou, pela primeira vez, com os líderes chineses, em 1971, e sublinhou que a relação entre os dois países é “importante” para a “paz mundial e o progresso da sociedade humana”.
Andreia Sofia Silva (com Lusa)ESTÁTUA DE KUN IAM PETIÇÃO CONTRA PROJECTO COM MAIS DE 8 MIL ASSINATURAS
Virar o bico ao prego
tradicionais que na semana passada tinham defendido o projecto do Governo recuaram, e pediram a suspensão das obras
UMA petição a exigir que o Chefe do Executivo suspenda a construção da estátua gigante de Kun Iam perto da Barragem de Hac Sá e que mantenha a zona de churrasco reuniu mais de 8 mil assinaturas até ontem. A iniciativa foi lançada pela Associação da Sinergia de Macau, ligada ao deputado Ron Lam, e o número de assinantes foi actualizado ontem, no mesmo dia em que as associações tradicionais começaram a recuar no apoio inicial ao projecto.
No texto da petição pode ler-se que “de forma a preservar o ambiente ecológico da Barragem de Hac Sá” é pedido ao Chefe do Executivo que a construção da estátua gigante seja suspensa, que as zonas de churrasco e para escorregar na relva sejam mantidas e que haja uma explicação detalhada sobre os motivos que fizeram o orçamento do futuro Campo de Aventuras Juvenis da Praia de Hac Sá subir de 230 milhões de patacas para 1,6 mil milhões de patacas.
Ao mesmo tempo, a polémica para a construção da estátua adensou-se, porque o contrato de 42 milhões de patacas foi adjudica-
do sem concurso público à empresa Companhia de Arte Shang Guo, Limitada (tradução fonética do nome), sediada em Guangzhou. A empresa foi fundada em 2021 e não disponibiliza informação online.
Nas averiguações sobre a empresa, Ron Lam afirmou não ter encontrado qualquer ligação entre a Shang Guo e o famoso escultor Liang Runan, conhecido pelas obras do estilo Lingnan, característico de
Cantão. Durante a apresentação do projecto para Hac Sá, André Cheong, secretário para aAdministração e Justiça, frisou as ligações entre a estátua,
CONFERÊNCIA ESTA TARDE
O Governo anunciou na tarde de ontem que vai realizar hoje, a partir das 15h30, uma conferência de imprensa para fazer um ponto de situação sobre o projecto do Campo de Aventuras Juvenis da Praia de Hac Sá. O evento vai ser organizado pelo Instituto para os Assuntos Municipais e apenas é aberto à comunicação social. Não foi adiantada qualquer informação sobre a possibilidade de suspensão do projecto.
a empresa e o escultor. Liang Runan tem obra em Macau e é o autor da estátua em forma de aperto de mão instalado no Parque Municipal Dr. Sun Yat Sen.
No fim-de-semana ficou igualmente a saber-se que os trabalhos de construção da estátua já começaram e que existem várias máquinas no local. Neste momento, foi concluída a demolição do labirinto com plantas que existia na zona. Agora, podem avançar os trabalhos para instalar uma grande base de betão.
Recuos tradicionais
O dia de ontem ficou ainda marcado pelo recuo de várias associações tradicionais, com representação na Assembleia Legislativa, que
REDES SOCIAIS DIRIGENTE DE ASSOCIAÇÃO FAZ APELO À CENSURA
Opresidente da Associação para o Desenvolvimento da Indústria Financeira e de Tecnologia da Grande Baía, Un Ieng Long, defendeu que as declarações nas redes sociais a acusar o Governo de despesismo e de tomar decisões com base em jogos de bastidores são “falsas”, pelo que devem ser censuradas e os responsáveis punidos criminalmente.
Numa opinião reflectida à Lótus TV, o também coordenador de ligação comunitária, um órgão de informadores do Corpo de Polícia de Se-
gurança Pública (CPSP), apontou que estes crimes de difamação devem ser prevenidos e combatidos na origem, e que a censura rápida dos comentários nas redes sociais pode impedir impactos negativos para a imagem do Governo. Un Ieng Long também indicou que é necessário aplicar multas aos censurados e aumentar as molduras penais
para este tipo de crimes, como efeito dissuasor.
Un Ieng Long justificou que as declarações de despesismo e cedência a jogos de bastidores são falsas, porque “todas as obras e planos do Governo são aprovadas por comissões para efeito, o que também acontece com os orçamentos” do Executivo. O residente indicou também que os
tinham expressado apoio público ao projecto.
Amanhã começou com três deputados da Federação das Associações dos Operários de Macau, Lam Lon Wai Ella Lei e Leong Sun Iok, a pedirem, em comunicado, a suspensão do projecto, devido às “várias opiniões negativas” que receberam.
O recuo de Lam Lon Wai Ella Lei e Leong Sun Iok é mais significativo porque os três tinham feito comunicados na quinta-feira demonstrando o apoio total ao projecto.
Uma posição semelhante foi adoptada pela Associação de Moradores. Na sexta-feira, depois das primeiras críticas, a associação saiu em defesa do Governo, numa posição assinada por Chan Ka Leong, presidente da associação e membro do Conselho Executivo. A publicação foi inundada com críticas e pedidos para que fosse a associação a financiar a estátua de 42 milhões de patacas.
O deputado Nick Lei vai apresentar uma proposta de debate na Assembleia Legislativa, caso o Governo não suspensa a construção
Porém, 48 horas depois, através de um artigo do jornal Ou Mun, as críticas ficaram sem resposta, mas Chan Ka Leong apelou ao “Governo para suspender a construção da estátua”, ouvir a população e focar-se “nas instalações daquela zona que verdadeiramente interessam aos cidadãos”.
Wong Kit Cheng e Ma Io Fong, deputados da Associação das Mulheres, também deram o dito por não dito, e colocaram-se ao lado dos que querem a suspensão das obras.
Por sua vez, o deputado Nick Lei, ligado à comunidade de Fujian, que na sexta-feira havia pedido a reformulação dos planos para Hac Sá, afirmou que vai apresentar uma proposta de debate sobre o tema na Assembleia Legislativa, caso o Governo não suspensa a construção.
João Santos Filipe e Nunu Wu
mecanismos de supervisão internos são complementados pela fiscalização dos deputados da Assembleia Legislativa e pelos governantes, pelo que “não existem jogos de bastidores” em Macau.
Após as declarações, o artigo da Lótus TV acabou removido do site da estação, sem que tivesse sido apresentada qualquer justificação.
Ecologia Associação contra estátua de Kun Iam
O vice-presidente da Associação de Ecologia de Macau, Joe Chan, destacou que a estátua de Kun Iam vai ter um impacto ambiental muito negativo para Coloane. Segundo o dirigente associativo, a estátua não vai diversificar as zonas verdes do local, nem prima por uma intervenção equilibrada em termos ecológicos. Joe Chan justificou ainda que a obra apenas vai reduzir a zona verde e levar à instalação de luzes fortes, que vão aumentar a poluição luminosa e incomodar a fauna local. Como alternativa, Joe Chan sugeriu que o Governo plante mais árvores que servem como protecção durante os tufões ou que construa casas nas árvores, na zona destinada à estátua de Kun Iam.
Com a petição a ganhar tracção, as associações
Justiça Ministra chinesa visitou Macau
Na passada quinta-feira, a Ministra da Justiça He Rong reuniu com o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, para estreitar o intercâmbio “a propósito dos serviços de Estado de Direito que asseguram a construção da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, anunciou o gabinete de André Cheong no sábado. Os dois governantes discutiram também formas de aprofundar o “intercâmbio do sector judicial e jurídico, do apoio aos advogados de Macau na prestação de serviços jurídicos no Interior da China e a optimização do regime de nomeação de notários”. A delegação chefiada pela Ministra de Justiça visitou na sexta-feira “a Conservatória do Registo Predial, a Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis, a Conservatória do Registo Civil e o 2.º Cartório Notarial, a fim de se inteirar do regime dos registos e do notariado da RAEM”.
Encontro Ho Iat Seng reuniu com He Rong
O Chefe do Executivo encontrou-se na quinta-feira com a Ministra da Justiça do Governo Central, He Rong, e deixou o desejo de cooperação para “garantir um Estado de Direito mais aperfeiçoado para a Zona de Cooperação Aprofundada e a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”. Por outro lado, Ho apresentou as principais políticas do território, e apontou que o Governo local “está a usar bem e de forma ordenada as tecnologias de informação para impulsionar o trabalho de administração de justiça”. Por sua vez, a ministra He Rong revelou que o Ministério da Justiça está determinado e empenhado em “desempenhar plenamente o papel de consolidação da fundação de um Estado de Direito, estabilidade das expectativas e benefícios a longo prazo, bem como impulsionar a concretização da cooperação de um Estado de Direito de alto nível entre o Interior da China e Macau”.
INFLAÇÃO TAXA SOBE 0,8% EM JUNHO, A 19º SUBIDA MENSAL CONSECUTIVA
Até ao céu e mais além
A taxa de inflação em Macau voltou a subir em Junho, o décimo nono mês consecutivo de crescimento. A subida foi impulsionada por propinas escolares, salários de empregados doméstico, refeições e quartos de hotel. Em contrapartida, os preços de bilhetes de avião e habitação caíram face a Junho do ano passado
subiu 0,11 por cento, face ao verificado em Maio.
A inflação verificada em Junho culmina um período de 19 meses de subidas sucessivas de um ciclo iniciado em Dezembro de 2021, depois de três trimestres de deflação provocada pela paralisia económica resultante do combate à pandemia.
Na variação mensal dos preços, a DSEC destaca a subida nas secções de vestuário e calçado, com o aumento de preços de 1,61 por cento, e da saúde, com a subida de 0,38 por cento, “graças ao acréscimo dos preços do vestuário de Verão e das consultas externas”.
Apesar da descida de preços em termos anuais, entre Maio e Junho, os preços dos bilhetes de avião aumentaram 0,27 por cento
Ataxa de inflação em junho em Macau subiu 0,8 por cento face ao mesmo mês do ano passado, de acordo com dados oficiais divulgados na sexta-feira.
“O crescimento foi impulsionado, principalmente, pela ascensão das propinas escolares e dos salários dos empregados domésticos, assim como pela subida dos preços:
das refeições adquiridas fora de casa; dos quartos de hotéis e do vestuário”, explicou em comunicado a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).
Os maiores aumentos verificaram-se nos preços de bens e serviços, com os custos da educação a subirem 9,98 por cento, vestuário e calçado 5,44 por cento, recreação e cultura 5,38 por cento e produtos
alimentares e bebidas não alcoólicas 2,64 por cento.
Porém, os índices de preços das secções dos transportes, assim como da habitação e combustíveis baixaram 3,74 e 1,76 por cento, respectivamente.
Comparação mensal
Em termos mensais, o índice de preços no consumidor de Junho
Apesar da descida de preços em termos anuais, entre Maio e Junho, os preços dos bilhetes de avião aumentaram 0,27 por cento.
Em relação ao índice de preços dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, o aumento de 0,21 por cento foi impulsionado pela subida dos preços “dos produtos do mar e das refeições adquiridas fora de casa, apesar dos preços dos produtos hortícolas terem diminuído”, indicou a DSEC. João Luz com LUSA
FUNÇÃO PÚBLICA JOSÉ PEREIRA COUTINHO PEDE AUMENTO DE SALÁRIOS
DEPOIS de aplaudir a proposta de aumento do salário mínimo, o deputado Pereira Coutinho defendeu a actualização de dois ou três pontos da tabela indiciária que estabelece as remunerações dos funcionários públicos.
Em declarações à TDM – Rádio Macau, o deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) referiu que os bons resultados económicos verificados desde o início do ano, assim como a “rea-
lidade social de Macau”, deveriam levar o Governo a actualizar os salários da Função da Pública, assim como os subsídios anexados aos próprios vencimentos dos trabalhadores.
Em relação ao aumento do salário mínimo,
Pereira Coutinho argumentou que a actualização peca por tardia, uma vez que a discrepância entre pobres e ricos tem crescido, levando muitos residentes comprar bens essenciais do outro lado da fronteira.
O deputado deixou ainda críticas ao Governo por gastar em “obras megalómanas”, como o Parque Juvenil de Hac Sá que irá custar 1,6 mil milhões de patacas, e não actualizar o salário mínimo e das remunerações dos funcionários públicos.
ALFÂNDEGA CCAC ACUSA AGENTES DE FALSIFICAR REGISTOS DE ASSIDUIDADE
Para marcar presença
O caso foi revelado na sexta-feira pelo CCAC, que acusa os sete agentes dos Serviços de Alfândega de terem recebido de forma indevida mais de 130 mil patacas
Ochefe de um posto alfandegário em conjunto com seis subordinados duplicaram os cartões de presença, para picarem o ponto uns por outros e evitarem penalizações por atrasos ou saídas antes da hora do fim do turno. O caso foi revelado na sexta-feira pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC), que acusa os agentes dos Serviços de Alfândega (SA) de receber indevidamente mais de 130 mil patacas.
Segundo o CCAC, a investigação começou em 2020, quando foi recebida uma denúncia de que “uma chefia de um posto alfandegário de um posto fronteiriço reproduziu, em segredo, o seu cartão de assiduidade e ordenou aos seus colegas que ‘picassem ponto’ em sua substituição”.
A queixa levou o CCAC a concluir que “o responsável do posto alfandegário e uns agentes alfandegários da secretaria, envolvidos no caso, tinham cartões de identificação dos SA reproduzidos em segredo”. Esses cartões eram utilizados pelo primeiro indivíduo do grupo a chegar ao trabalho para fazer o “registo de assiduidade em substituição de outros colegas”, que ainda não tinham chegado.
Suicídio Pedidos de ajuda de jovens aumentam
A directora da linha de apoio para a prevenção do suicídio da Cáritas, Ng Lai Ieng, revelou um aumento do número de jovens que recorre ao serviço para pedir ajuda. Segundo os dados apresentados pela associação, entre Janeiro a Junho, a linha recebeu um total de 5.100 pedidos de apoio psicológico e de prevenção de suicídio. O número total de pedidos de auxílio teve uma redução, mas os pedidos de ajuda face a pensamentos suicidas registaram um aumento de 18 por cento, com 260 chamadas. Segundo o jornal Ou Mun, a responsável revelou que a maioria dos pedidos devido a pensamentos suicidas partiu de jovens com cerca de 20 anos. Todos aqueles que estejam emocionalmente angustiados ou considerem que se encontram numa situação de desespero devem ligar para ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do telefone n.º 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emocional.
UM Nobel da Física e inventor do LED dá palestra em Agosto
Os cartões duplicados eram ainda utilizados para permitir aos colegas saírem mais cedo, antes do fim do horário de trabalho, para “criar no sistema electrónico de controlo de assiduidade dos SA uma simulação de assiduidade normal em relação aos referidos indivíduos”.
Os abusos não terão ficado por aqui, com o órgão de supervisão a indicar que os agentes aproveitaram ainda as “competências como responsáveis pelos turnos, como auditores e como oficiais revisores” para apresentarem “às subunidades competentes os dados onde constavam os seus registos falsificados de assiduidade, com o objectivo de encobrir as respectivas infracções disciplinares”, nomeadamente, os atrasos e saídas antecipadas”.
Os sete indivíduos são suspeitos dos crimes de falsificação praticada por funcionário, falsificação informática e burla de valor elevado, tendo o caso sido encaminhado para o Ministério Público.
SA dizem-se “chocados”
Face à situação revelada pelo CCAC, os Serviços de Alfândega afirmaram estar “chocados”. “Os SA estão profundamente chocados com o caso e enfatizam que nunca irão tolerar qualquer violação de leis e
O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, “manifestou-se surpreendido e lamentou profundamente o caso”
disciplinas, cooperando plenamente com o trabalho de investigação do Comissariado contra a Corrupção e do Ministério Público”, pode ler-se no comunicado.
Foram também instaurados processos de disciplinares aos sete suspeitos, que resultaram em suspensões preventivas de funções por 90 dias da chefia envolvida no caso e de um outro subordinado.
Por outro lado, o SA revelou as medidas de coacção aplicadas aos agentes, que passam por apresentações periódicas.
Também o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, “manifestou-se surpreendido e lamentou profundamente o caso” e “deu instruções ao Director-geral dos Serviços de Alfândega (SA) para seguir rigorosamente o respectivo processo disciplinar”. João Santos Filipe
FOTOGRAFIA SOMOS LANÇA HOJE CONCURSO SOBRE SOLIDÃO DA PANDEMIA
AAssociação de Comunicação em Língua Portuguesa (Somos — ACLP) lança hoje a quarta edição do concurso de fotografia “Somos – Imagens da Lusofonia”, subordinada ao tema “Na solidão dos dias”. Num comunicado divulgado ontem, a associação explica que “depois de um hiato de cerca de dois
anos, devido às medidas de combate à pandemia de covid-19, na edição deste ano, a associação desafia os participantes a fazerem uma auto-reflexão e a submeterem fotografias que simbolizem justamente o tipo de solidão vivido naqueles dias de restrições impostas globalmente pelas autoridades sanitárias”.
A Somos — ACLP “pretende reunir imagens que retratem como a pandemia mudou a nossa vida e mesmo fragmentos desses momentos de solidão originados pela pandemia, por exemplo em contextos hospitalares, em lares, escolas, nos quartos de casa”.
A associação indica que a ideia é retratar fotografi-
camente os sentimentos das comunidades dos Países de Língua Portuguesa e de Macau nesse período, e dar uma visão de como se vai fechando esse ciclo de solidão”.
Um júri composto por profissionais da área da fotografia irá escolher três vencedores, com os prémios a variar entre 10.000 patacas
A Universidade de Macau (UM) organiza no dia 2 de Agosto, quarta-feira, uma palestra que tem como orador principal Shuji Nakamura, que foi distinguido em 2014 com o Prémio Nobel da Física. O cientista japonês, que recebeu em 2020 o doutoramento honoris causa pela UM, ficou conhecido como o inventor do LED azul, ou díodo emissor de luz que, que permite economizar energia em iluminação. O desenvolvimento desta tecnologia e o contexto da descoberta serão os temas fulcrais da palestra do japonês com nacionalidade dos Estados Unidos. Durante a palestra, o académico irá partilhar “as suas experiências, desafios e soluções na invenção de LEDs azuis e díodos laser de elevada eficiência, bem como sobre as suas perspectivas de aplicações futuras”, adiantou a universidade num comunicado. A palestra está marcada para as 11h no Multi-function Hall, do Guest House da UM.
ao primeiro classificado, 5.000 patacas ao segundo e 3.500 patacas ao terceiro.
O júri será constituído pelos fotojornalistas Gonçalo Lobo Pinheiro (presidente do júri e membro da Somos — ACLP), Marcio Pimenta (Brasil), Henry Milleo (Brasil), Rui Miguel Pedrosa (Portugal) e Francisco Ricarte (Macau). J.L.
O bairro clandestino da povoação de Cheok Ka, na Taipa, foi palco de uma acção de despejo de larga escala, depois de a empresa proprietária do terreno ter vencido uma batalha judicial. O bairro foi cercado pelas autoridades, com agentes antimotim a entrarem na povoação.
Moradores exigem compensação
NA manhã de sexta-feira, foi montado um grande aparato policial no bairro clandestino da povoação de Cheok Ka, entre o caminho das Hortas e a Avenida Dr. Sun Yat Sen, no coração da Taipa. A intervenção teve como objectivo cumprir a ordem judicial que determinou que os moradores da povoação deveriam desocupar e devolver o terreno à proprietária do terreno, a Companhia de Investimento e Desenvolvimento Continental Ocean.
A intervenção começou às 10h da manhã de sexta-feira, com a presença no local de oficiais de justiça, acompanhados por elementos da Polícia Judiciária, Corpo de Polícia de Segurança Pública, Direcção dos Serviços de Cartografia e Cadastro, Instituto de Habitação, Instituto de Acção Social, Instituto para os Assuntos Municipais e Corpo de Bombeiros.
TAIPA INTERVENÇÃO POLICIAL EM DESPEJO EM CHEOK KA
Gentes sem terra
CINCO ACOLHIDOS
O Instituto de Acção Social (IAS) providenciou acolhimento temporário para cinco moradores da povoação de Cheok Ka, logo na sexta-feira, após a acção de despejo. Nas próximas duas semanas, os responsáveis do IAS vão avaliar as necessidades sociais das pessoas acolhidas, assim como a sua situação económica, indicou ontem o canal chinês da Rádio Macau. O IAS destacou para a acção de despejo seis profissionais para prestar apoio psicológico e um supervisor que ficou no local o dia inteiro para acalmar os moradores e responder às suas necessidades emocionais.
chamados a levantar do local os bens pessoais.
Viver nas margens
Uma moradora que não se quis identificar, ou ser fotografada, afirmou ao jornal Ou Mun ter sido apanhada de surpresa com a acção de despejo.
Após quatro décadas a residir na povoação de Cheok Ka, a execução da ordem judicial chegou numa altura em que a residente partilhava casa com seis familiares. Para já, a moradora tem esperanças que o proprietário, ou o Governo, compense os residentes do bairro com casas novas.
A circulação de veículos à entrada da povoação também foi controlada, com as vias rodoviárias e os acessos para pedestres a serem cortadas. Além disso, foram desmanteladas construções de madeira, com camiões a saírem do local carregados com material extraído.
Apesar de as autoridades não terem confirmado, o jornal Ou Mun refere que alguns moradores recusaram abandonar o local tendo os agentes do CPSP sido chamados a intervir e que, por volta do meio-dia, alguns moradores saíram do bairro transportados por
DST Visitantes diários podem chegar aos 80 mil
A directora dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, acredita que o número de visitantes em Julho vai trazer notícias positivas para o território. As declarações foram citadas pelo canal chinês da Rádio Macau, e Maria Helena de Senna Fernandes afirmou que o número deverá rondar as 80 mil entradas de turistas por dia. Ao mesmo tempo, a directora DST informou que a taxa de ocupação hoteleira na semana passada rondou os 90 por cento. Em relação aos primeiros seis meses do ano, a en-
trada de turistas vindos de Hong Kong alcançou o nível de 90 por cento dos valores registados antes da pandemia. Segundo os dados oficiais, em Junho chegaram a Macau 2.209.662 visitantes, no que foi uma média superior a 73 mil entradas por dia. O número representou um acréscimo de 480,5 por cento, em termos anuais, o que não é uma surpresa uma vez que no ano passado a circulação enfrentava várias restrições, principalmente para quem vinha da RAEHK ou do resto do mundo, à excepção do Interior.
ambulâncias. Não foi revelado se a intervenção do Corpo de Bombeiros se ficou a dever a ferimentos ou indisposição física.
Por volta das 13h, um contingente alargado de agentes policiais, equipados com escudos e farda antimotim, entraram no bairro à medida que ambulâncias entravam e saíam
Por volta das 13h, um contingente alargado de agentes policiais, equipados com escudos e farda antimotim, entraram no bairro à medida que ambulâncias entravam e saíam.
Cerca de uma hora depois, quase duas dezenas de trabalhadores não-residentes, presumivelmente moradores da povoação de Cheok Ka, acorreram ao local, depois de terem sido notificados enquanto trabalhavam, para recolher bens pessoais.
Depois de identificados, os moradores foram, um a um e acompanhados por agentes policiais,
No dia da intervenção, já o bairro clandestino estava cercado com barreiras físicas e contingente policial, o Tribunal Judicial de Base emitiu um comunicado a indicar que, depois de julgamentos nas três instâncias, o Tribunal da Última Instância (TUI) proferiu decisão final em 8 de Junho de 2022, que confirmou definitivamente a sentença do Tribunal Judicial de Base, no sentido de julgar procedente o pedido da autora de reconhecimento do seu direito de propriedade sobre o terreno, e de condenar os réus a devolver o referido terreno à autora no prazo de seis meses. João Luz
Acidente Automóvel capotou na Avenida General Castelo Branco
Um carro capotou ontem, por volta das 11h00, na Avenida General Castelo Branco, de acordo com o Jornal Ou Mun. Segundo os testemunhos, o carro vinha da direcção de Qingmao e seguia para a Rua de Lei Pou Ch’ôn, quando a condutora perdeu o controlo da viatura ao fazer uma curva mais apertada, tendo batido nas carreiras metálicas e capotado. A mulher conseguiu sair da viatura pelos seus meios, mas acabou transportada para o Hospital Kiang Wu, pelo Corpo de Bombeiros para receber tratamento às lesões, que não foram reveladas. Antes de ser transportada, a mulher foi testada ao consumo de álcool, tendo o resultado sido negativo.
(Continuação da edição anterior)
DAS 493 grutas, o grupo mais antigo são as 268, 272 e 275. Oito outras grutas foram escavadas desde a segunda metade do séc. V até à primeira metade do séc. VI. Mostram o estilo associado ao processo de sinização. Algumas das características chinesas mais óbvias são a mudança de traje nas imagens de Budas e bodhisattvas e o tipo facial mongólico. Os bodhisattvas já não mostram o peito nu, que aparece envolto numa capa disposta simetricamente que cruza no abdómen.
Os melhores exemplos de estatuária budista de Dunhuang datam da dinastia Tang. As figuras apresentam formas arredondadas e robustez, um maior realismo e individualidade (Figura 63) e adoptam uma grande diversidade de posturas. No séc. VII, começam a surgir grupos de cinco figuras: Buda, dois bodhisattvas e dois luohan (arhats)
outras em tamanho natural, outras com trinta centímetros ou menos de altura. As paredes, tectos e grande parte das esculturas eram coloridas (Figura 64).
As Grutas de Yungang 云冈石窟
As grutas de Yungang foram escavadas principalmente na dinastia Wei do Norte. Foi por volta de 460 d.C. que teve início essa tarefa colossal, perto da então capital, Pingcheng (a actual Datong), na província de Shanxi. A maior parte da mão-de-obra constava de artesãos de Liangzhou, na província de Gansu, que estavam familiarizados com a arte das regiões a ocidente. Em cinquenta e três grutas que se espalham por mil metros quadrados encontram-se mais de 51 000 estátuas que remontam a várias épocas, entre elas muitas de grande valor artístico. Há figuras de dimensões gigantescas,
Nas grutas mais antigas vêem-se estátuas dos primeiros imperadores Wei que apoiaram o budismo. Em cinco diferentes grutas de arenito (16 a 20) foram esculpidas por ordem imperial cinco imagens em grande escala de Buda, símbolos do poder dos primeiros cinco imperadores dos Wei do Norte. Exibem uma forte influência das escolas de Gândara e Matura sob o governo Kushan, por exemplo, na veste do Buda, que se vê ou a cobrir ambos os ombros ou a expor parcialmente o ombro direito e o braço direito. Mas na gruta 20, onde se encontra uma das esculturas mais notável, de um Buda Shakyamuni sentado na posição de meditação (dhyāna) com catorze metros de altura que se tornou no símbolo do complexo Yungang (Figura 65) regista-se já uma alteração deste último modo de envergar a veste e o ombro e braço direitos surgem parcialmente cobertos, para satisfazer a ética confucionista do recato. As dobras da veste são sugeridas através de linhas esculpidas estilizadas, de modo a não realçar demasiado o corpo, o que difere da maior sensualidade dos protótipos indianos. A borda interna superior foi decorada com uma faixa de padrão floral. O aspecto é maciço, um tanto rígido, o torso poderoso, mas com vestes reduzidas que parecem delicadas por comparação. A cabeça também é poderosa, com os olhos vivos e o nariz aquilino. Os lábios sorriem ligeiramente, todo o conjunto recebendo um tratamento facial similar ao de uma máscara. O resto da parede principal encontra-se coberto por uma enorme auréola flamejante sobre a cabeça do Buda, projectada como um padrão tradicional chinês de nuvem.
Os ushnishas dos budas de Yungang são lisos e os corpos exibem traços masculinos, com ombros largos e uma sugestão de força. Outra escultura notável é o Buda Maitreya com quinze metros de altura (gruta 18), escala monumental sem precedentes na China (Figura 66). Nesta gruta 18 vêem-se os três Budas (Shakyamuni, Amitaba e Maitreya) em pé, assim como os seus dez grandes discípulos. Maitreya ocupa o espaço central. Tem um rosto redondo e o peito e os ombros largos. A mão direita pende para baixo e a mão esquerda ergue-se até ao peito. O manto cai de modo semelhante ao Buda da gruta 20. A parte superior do corpo é coberta com pequenos Budas dhyāna e aupapadukas (Budas que nascem da flor de lótus) em relevo. A janela desta gruta é enorme e pode avistar-se através dela a maior parte da figura de Maitreya. Os dez grandes discípulos, cinco de cada lado, têm expressões faciais vívidas e sorrisos gentis. Por um lado, os Budas desta gruta em forma de santuário lembram as grandes estátuas de Bamian ou Kucha. Por outro lado, o estilo de expressão das linhas de roupas situa-se na tradição das estátuas de Buda de Gândara ou do estilo Gupta de Matura.
A escultura
mais estreitos. Quanto à indumentária, ganha igualmente um aspecto mais chinês, sobretudo a veste que cobre os ombros e partes dos braços. O penteado também parece chinês. A partir dos sécs. V-VI, emergiram novos estilos, alguns influenciados pela arte indiana do período Gupta clássico, outros por tradições autóctones. No final do séc. VI, as figuras tornaram-se mais cheias, com as vestes aderindo ao corpo.
As Grutas de Longmen 龙门石窟
À medida que se avança no tempo, assiste-se à transformação de um tipo centro-asiático para um estilo chinês já bem afirmado. A expressão facial torna-se mais suave, os olhos mais amendoados e a boca mais pequena. O corpo também se torna mais esguio e mais bem proporcionado e os ombros
Quando o imperador Xiaowen decidiu mudar a capital Wei de Datong para Luoyang, na província de Henan, iniciaram-se nos arredores desta uma outra série de esculturas em grutas, nas falésias calcárias de Longmen. Longmen conta com 97 300 estátuas de Budas que adoptam variados mudra e asana (posição dos pés), bodhisattvas e guardiões celestes, quarenta pagodes e pilares e 3608 inscrições (Figura 67). A maioria das grutas e imagens estão localizadas na secção oeste dessas falésias calcárias, incluindo as obras tardias dos Wei do Norte, cerca de um terço do total.
O tipo de rocha calcária de Longmen era mais adequado para a escultura do que o arenito grosseiro de Yungang. Assim, as esculturas ganharam ali uma maior delicadeza e formas mais esbeltas e elegantes. Os rostos tornaram-se mais planos, mais próximos das feições chinesas e, , as vestes cobrem os corpos, dada a aversão chinesa pela nudez.
Os Budas do séc. IV no estilo de Longmen apresentam um aspecto simples e um tanto esquálido, envolvidos em roupagens amplas e com enormes auréolas flamejantes. Mas as duas grutas mais prestigiosas de esculturas dos Wei do Norte são Guyangdong e
escultura na China
Binyangdong, do séc. VI. Nesta última, cada parede exibe uma colossal figura de Buda flanqueada por bodhisattva erectos. Na gruta central de Binyangdong, Shakyamuni adopta uma expressão concentrada conferida por linhas dos olhos nítidas, boca que sorri ao de leve e nariz bem afirmado. O tórax é maciço, proporcionado, com as pregas da veste a cobrir ambos os ombros e revelando uma linearidade que se afasta das formas sensuais da escultura indiana (Figura 68).
https://www.flickr.com/photos/101561334@N08/10255458934/, CC0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=97425900
d.C. By Gary Todd - https://www.flickr.com/photos/101561334@ N08/10242163503/, CC0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=97425608
Huayan que tinha a vantagem de encorajar os crentes a considerar o seu governante terreno como o representante do Buda Vairocana, a forma transcendente do Buda histórico Shakyamuni que reside no centro do cosmos. Wu Zetian assumia-se como um Buda renascido e uma descendente directa dos reis da antiga dinastia Zhou. Crê-se que o Buda Vairocana foi esculpido de modo a parecer-se com ela (Figura 70). Ladeando o Buda Vairocana acham-se as estátuas de dois dos seus principais discípulos, Kasyapa e Ananda (Figura 71), assim como dois bodhi-
sattvas coroados, além de numerosas outras imagens de lokapalas (guardiões ou reis celestiais), dvarapalas (guardas do templo) e devas esvoaçantes. Apesar da sinização geral das formas, todavia, por vezes nota-se uma nova onda de influência indiana que é perceptível, por exemplo, na pose das ancas (tribhanga) dos lokapalas (Figura 69, esquerda)
As Grutas de Maijishan 麦积山石窟
No século VI, desenvolveu-se um estilo de influência indiana mais tridimensional que floresceu durante a dinastia Tang (618–907). Isso foi possível, entre outros factores, porque as ligações da China com a Ásia Central através da Rota da Seda atingiram então um novo grau de intensidade. Na maior e mais emblemática das grutas de Longmen, a gruta Fengxian, esculpida entre 672 e 676 d.C., encontram-se esculturas que são consideradas das mais perfeitas dessa dinastia, entre elas o Buda Vairocana de 17,14 metros de altura sentado sobre um trono de lótus (Figura 69). É uma figura sólida e bem nutrida que se afasta das formas sensuais da arte indiana mas que também já não se perde no panejamento, como sucedia com os Budas da dinastia Wei. Adopta a pose da meditação, com um tórax bem desenvolvido, feições muito nítidas e uma expressão de intensa concentração, natural e tranquilizante. A imperatriz Wu Zetian estava particularmente interessada neste empreendimento, para o qual doou muitos dos seus recursos. Era devota do budismo
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As grutas de Maijishan localizam-se em Tianshui, na província de Gansu, 1742 metros acima do nível do mar (Figura 72). A construção teve início no final da dinastia Qin (384-417 a.C.) e prosseguiu na dinastia Wei do Norte (386-534 d.C.), passando pela dinastia Song (960-
1279 d.C.) até ao séc. XIX. Trata-se da quarta maior área de grutas budistas da China, só ultrapassada por Dunhuang, Yungang e Luoyang. São 194 grutas que contam com mais de sete mil esculturas de terracota e mais de mil metros quadrados de murais. A montanha onde se encontram é de arenito vermelho-arroxeado. Este conjunto escultórico sobreviveu a várias guerras e perseguições ao budismo. Em 734 d.C. porém, um terremoto dividiu-o num penhasco leste e num penhasco oeste. Por um lado, a sua destruição dificultou o acesso a algumas das grutas mas, por outro lado, protegeu-as da interferência humana.
Nos termos do artigo 6.º da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), o Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais (FGCL) deliberou, em 29 de Junho de 2023 e 13 de Julho de 2023, autorizar a atribuição dos créditos requeridos a favor dos trabalhadores dos devedores abaixo mencionados (inclusive os eventuais juros de mora), pelo que, de acordo com a alínea 1) do n.º 1 do artigo 9.º da lei acima referida, conjugada com o n.º 2 do artigo 72.º do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M de 11 de Outubro, os devedores abaixo referidos são notificados que o FGCL irá, no prazo de oito dias contados a partir da data da publicação deste edital, atribuir os montantes resultantes dos créditos a favor dos trabalhadores mencionados no quadro abaixo. Além disso, nos termos do artigo 8.º da mesma Lei, o FGCL fica sub-rogado nesses créditos, após a sua atribuição. Número Devedor(es)
Nome dos trabalhadores N.º do pedido Montante total dos créditos (MOP)
Os devedores acima referidos podem comparecer, durante as horas de expediente, na sede da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos. 221 a 279, Macau, para consultar o respectivo processo.
Presidente do Conselho Administrativo do FGCL, Wong Chi Hong
UCRÂNIA PEQUIM PROMETE AUMENTAR IMPORTAÇÕES DE PRODUTOS UCRANIANOS
Virar olhos para Kiev
A primeira viagem de um governante ucraniano a Pequim, desde o início da guerra, serviu para fortalecer os laços entre os dois países e promover a cooperação económica bilateral
Ovice-ministro chinês do Comércio, Ling Ji, disse ao seu homólogo ucraniano, Taras Kachka, que a China quer aumentar as suas importações da Ucrânia, informaram sexta-feira as autoridades de Pequim.
Nesta que é a primeira visita de alto nível de uma autoridade ucraniana a Pequim, desde o início da invasão russa, Ling transmitiu a mensagem de que Pequim quer “trabalhar com Kiev para desenvolver activamente a cooperação económica e comercial bilateral”, bem como “promover a parceria estratégica entre os dois países”.
“A China está disposta a aumentar as importações de produtos de alta qualidade da Ucrânia”, acrescentou Ling durante a reunião, realizada na quinta-feira.
Pelo seu lado, Kachka garantiu que Kiev espera “expandir as exportações de produtos agrícolas para a China”, numa promessa feita após uma reunião com repre-
MARINHA FORÇAS DA CHINA E RÚSSIA DESTROEM MINA EM EXERCÍCIOS CONJUNTOS
AS forças navais da China e da Rússia destruíram sexta-feira o exemplar de uma mina flutuante e repeliram um ataque aéreo simulado, durante exercícios navais conjuntos no Mar do Japão, informou o ministério da Defesa russo.
A mesma nota informou que os navios dos dois países realizaram exercícios de telecomunicações.
sentantes do Ministério da Agricultura em Pequim. Desde o início da invasão russa, a Ucrânia tentou, por meios diplomáticos, impedir a China de ajudar militarmente a Rússia e espera que Pequim use a sua influência sobre o Kremlin para conseguir uma redução nos ataques russos contra a Ucrânia.
Da mesma forma, as negociações também acontecem depois de a Rússia ter abandonado, na
Kachka garantiu que Kiev espera “expandir as exportações de produtos agrícolas para a China”, numa promessa feita após uma reunião com representantes do Ministério da Agricultura em Pequim
segunda-feira, o acordo pelo qual se havia comprometido a não atacar navios que exportam cereais ucranianos pelo Mar Negro.
Desde essa altura, a Rússia tem intensificado os ataques a infraestruturas ucranianas, nomeadamente no porto de Odessa, localizado na costa do Mar Negro.
As autoridades ucranianas denunciaram, na quinta-feira, que o consulado chinês na cidade sofreu danos na sequência de um ataque russo com mísseis e veículos aéreos não tripulados (‘drones’).
O Governo chinês afirmou sexta-feira que não houve “vítimas” após as “explosões” ocorridas nas proximidades do seu consulado na cidade de Odessa, no sul da Ucrânia, afirmando que as instalações “foram evacuadas há muito tempo”.
Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China indicou que a onda de choque “despedaçou parte das paredes e janelas” do consulado. A mesma nota referiu que há “informações”
que apontam para o Exército russo como responsável.
Da neutralidade
Pequim recusou condenar a invasão da Ucrânia em fóruns internacionais, mas assegurou que não fornecerá armas para nenhum dos lados da guerra. A China afirma ser neutra no conflito, mas acusou os Estados Unidos e os seus aliados de provocarem a Rússia e reforçou a relação económica, diplomática e comercial com Moscovo.
Desde o início da invasão, a Ucrânia tentou diplomaticamente impedir que a China ajudasse militarmente a Rússia e expressou esperança de que Pequim use a sua influência sobre o Kremlin para conseguir uma redução nos ataques russos.
Em Fevereiro de 2022, pouco antes do início da intervenção militar russa, os líderes de ambas as nações, Vladimir Putin e Xi Jinping, proclamaram uma “amizade sem limites” entre os seus países, em Pequim.
TAIWAN BUSCA POR 600 CONTENTORES DE EMBARCAÇÃO NAUFRAGADA
ASautoridades de Taiwan destacaram equipas para recuperar cerca de 600 contentores de um cargueiro que naufragou ao largo do porto de Kaohsiung (sul), informou ontem a agência de notícias oficial taiwanesa CNA.
O navio, baptizado de Angel e com bandeira do Palau, pequeno país da Micronésia, naufragou na quinta-feira, quando estava ancorado a cerca de cinco quilómetros da saída do porto de Kaohsiung, de
acordo com a CNA. Os 19 membros da tripulação conseguiram abandonar a embarcação, acrescentou.
As autoridades taiwanesas, apoiadas por 17 navios, estão a tentar recuperar os contentores, muitos dos quais foram localizados a flutuar nas águas perto da zona de Linyuan e do município de Donggang. ATaiwan International Ports Corporation, que gere as operações do porto, estimou serem necessários até cinco dias
para retirar os contentores da água, dependendo das condições do mar. Apenas 26 tinham sido recuperados até sábado, sendo que os contentores estão a bloquear a passagem de barcos de pesca locais e a danificar o seu equipamento.
Uma equipa deverá efectuar uma inspecção ao navio e retirar o combustível para evitar um derrame.
Ainda de acordo com a CNA, o cargueiro contém quase 500 toneladas métricas de combustível.
A Rússia, que é representada nos exercícios pelos caçadores de submarinos Admiral Tributs e Admiral Panteleyev e pelas fragatas Gromkiy e Otlichnyy, realizou treinos de tiro, contra um alvo de superfície, com peças de artilharia. Quatro navios de guerra e um navio de apoio da Marinha do Exército de Libertação Popular, as Forças Armadas da China, participaram nos exercícios do lado chinês, incluindo os contratorpedeiros Qiqihar e Guiyang, as fragatas de mísseis guiados Zaozhuang e Rizhao e o navio de abastecimento Taihu.
Os exercícios decorreram até ontem. “O principal objectivo destes exercícios é fortalecer a cooperação naval entre a Federação Russa e a República Popular da China, bem como apoiar a estabilidade e a paz na região da Ásia – Pacífico”, informou o lado russo.
Os exercícios, designados “Norte/Interacção-2023», ocorrem apesar das crescentes repercussões económicas e humanitárias suscitadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
Internet Encerradas 21 mil contas para conter rumores
A China encerrou desde Abril mais de 21 mil contas em redes sociais e deteve 620 pessoas, como parte de uma campanha para acabar com a propagação de rumores na Internet, informou a agência de notícias oficial Xinhua. Foram investigados mais de 2.300 casos e apagadas mais de 705 mil informações falsas das plataformas sociais durante a campanha de 100 dias, disse, na sexta-feira, o Ministério de Segurança Pública chinês, de acordo com a Xinhua. Mais de 620 suspeitos envolvidos em mais de 130 casos foram detidos, ainda segundo o departamento governamental, que realçou que a iniciativa pretendia promover um ambiente saudável no ciberespaço. A China é o país com mais utilizadores da Internet no mundo, embora exerça forte controlo sobre o conteúdo. Google, Facebook, Twitter ou YouTube são alguns dos serviços que estão bloqueados no país há já vários anos.
ARTE MACAU MOSTRA COM CURADORIA DE ALICE KOK APRESENTADA EM SETEMBRO
Entre o sonho e a realidade
“Sincronicidade - Topologia da mente” é o nome da exposição com curadoria de Alice Kok que integra a “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023”. Para ser apresentada em Setembro, junto ao Mercado Vermelho, a mostra junta trabalhos de Vincent Cheang, natural de Macau, e de Tan Bin, de Hangzhou, explorando os conceitos de realidade, sonhos e mente
INTITULADO “Sincronicidade - Topologia da Mente”, é um dos projectos criativos locais seleccionados pelo Instituto Cultural (IC) para integrar a edição deste ano da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau”. Com curadoria de Alice Kok, a mostra apresenta-se ao público no “All Around Space”, junto ao Mercado Vermelho, entre os dias 30 de Setembro e 26 de Novembro. Trata-se de uma fusão de trabalhos díspares do artista local Vincent Cheang e do artista de Hangzhou Tan Bin que, com o trabalho de curadoria, acabam por se juntar e complementar. Vincent Cheang apresenta uma série
de desenhos em “Sinfonia da Destruição”, enquanto Tan Bin traz uma instalação móvel intitulada “A Caverna do Céu: Sonhos em Sonhos”.
Apresentam-se, nesta mostra, uma variedade de meios artísticos, incluindo
o desenho, a escultura, instalações de vídeo móveis e imagens geradas por computador, integrando ainda espectáculos de som e música ao vivo de artistas de Macau e Hong Kong, bem como com workshops espirituais.
Uma vez que o tema central da bienal Arte Macau 2023 é “A Estatística da Fortuna”, Alice Kok desenvolveu uma exposição centrada nas ideias de sonho, realidade e consciência, com ligações ao mundo da espiritualidade e dos adivinhos.
“O meu projecto gira em torno das ideias de espiritualidade e de como se podem associar à ciência”, contou a curadora ao HM. “Construí, com a minha equipa e os dois artistas, esta ideia de sincronicidade, de topologia da mente.”
Tan Bin propõe, com as suas obras, “um estudo sobre a tipologia dos sonhos”, apresentando “uma instalação que se move, com uma espécie de comboio que contém uma câmara que vai fotografando dentro de uma escultura de montanhas e túneis [envolvidos] numa paisagem”.
Desenvolvem-se, assim, ideias em torno da dimensão e do espaço e de “como a matéria ou a substância vão mudando de forma”, que Alice Kok resolveu expandir “como um todo, além da
tipologia dos sonhos e da própria mente”. Isto porque “num sonho estamos aqui, mas de repente podemos estar noutro lugar, por isso a dimensão do que vemos pode ser extrapolada em diferentes lugares, mas, ao mesmo tempo, tem origem na mesma fonte”.
Por sua vez, os desenhos de Vincent Cheang variam entre o figurativo e o abstracto, tendo sido criadas “uma espécie de figuras que não são verdadeiramente
reconhecíveis, mas cuja textura apela ao imaginário dos aliens, mas é também às criaturas mitológicas mais tradicionais”. “Há uma combinação desta mitologia com a dimensão do sonho”, frisou Alice Kok.
Geometria secreta
Em termos espaciais, os trabalhos dos dois artistas coexistem numa exposição desenhada mediante o conceito de geometria secreta, com o espaço a ser organi-
zado “de forma sistemática e harmoniosa”. “A geometria [tem uma base] matemática e espiritual por detrás, porque podemos encontrar a geometria secreta tanto na arte como na arquitectura”, explicou a curadora, que dividiu a exposição em três grandes áreas, viradas para a realidade, sonhos e o centro da mente. Cria-se, assim, um percurso percorrido pelo público, uma “espécie de túnel” que começa com o trabalho de Vincent Cheang,
Acelebrar 10 anos, o Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida (FEA), em Évora, afirma-se como “lugar incontornável” da arte contemporânea no sul do país, e quer reforçar a internacionalização com a futura programação.
“O projecto alcançou uma maturidade cultural, artística e de relação com a comunidade local e os diferentes públicos que faz dele um lugar incontornável e, definitivamente, o maior centro de arte contemporânea a sul do Tejo”, afirma à agência Lusa a secretária-geral da FEA, Maria do Céu Ramos.
Inaugurado em Julho de 2013, o Centro de Arte e Cultura (CAC) funciona no edifício do antigo Palácio
Dez anos é muito tempo
Centro de Arte e Cultura de Évora celebra uma década com ‘os olhos postos’ no mundo da Inquisição, que remonta ao século XVI, no centro histórico, ‘paredes meias’ com o Templo Romano, o museu da cidade e a Biblioteca Pública de Évora. Considerando que esta
primeira década do espaço foi “muito bem-sucedida”, a secretária-geral da FEA frisa que o CAC “é hoje um lugar de liberdade, de pensamento crítico, de diálogo, de reflexão que tem a arte como pretexto”.
Antes, “não existia [em Évora] um lugar onde através da arte se produzisse reflexão, questionamento, aprendizagem e também a experiência prazerosa de estar em relação com a arte, mesmo quando ela não é bela, mesmo quando ela é inquietante”, assinala.
Segundo Maria do Céu Ramos, o centro já apresentou, desde a sua abertura, 65 exposições, com uma média anual de seis mostras, envolvendo disciplinas como instalação, fotografia, escultura, pintura, vídeo, arte antiga e arte contemporânea.
Actualmente, o CAC acolhe as exposições “No tempo dos dias lentos”, com fotografias que revelam a ligação da família Eugénio de Almeida à cidade de Lisboa, e “Fenda”, que apresenta arte antiga e contemporânea, no convite a
uma reflexão sobre a pobreza. A responsável da FEA realça que a missão da fundação é promover a arte, a cultura e a educação, frisando que o CAC junta tudo isso com uma “programação pluralista, que representa várias correntes e que dá oportunidade aos artistas emergentes e aos que têm obra”. “Todas as exposições que são feitas no CAC são originais”, fazendo com que o espaço seja “um centro de produção de exposições temporárias”, algumas em coprodução com outros centros de arte no mundo e outras com produção exclusiva, destaca.
O serviço educativo, sublinha a secretária-geral da FEA, é uma das componentes do espaço e uma
“A ideia central da exposição é criar uma experiência visual, mas estimulando a mente quanto ao que pode acontecer num só espaço com obras de arte.”
ALICE KOK CURADORA
ou seja, a zona da realidade, passando-se depois para a zona dos sonhos, no meio, com a instalação de Tan Bin. A área destinada à mente junta os trabalhos dos dois artistas “de uma forma relativamente abstracta”.
“Estas áreas mostram as diferentes dimensões dos trabalhos e o público poderá experienciar visualmente e fisicamente as imagens que são reveladas do interior. Apresenta-se uma nova forma de leitura de uma exposição, é como uma experiência”, disse Alice Kok.
Universo pinhole
“Sincronicidade - Topologia da mente” inclui ainda uma sala escura onde são projectadas imagens do mercado vermelha com recurso à técnica pinhole, onde apenas se utiliza a luz natural. “A ideia central da exposição é criar uma experiência visual, mas estimulando a mente quanto ao que pode acontecer num só espaço com obras de arte”,
adiantou Alice Kok, que considera este um dos melhores projectos de curadoria que desenvolveu até à data.
Partindo do tema central da bienal, Alice Kok
das apostas da fundação, com um conceito de educação informal e iniciativas que incluem visitas guiadas às exposições e outras.
Trabalho de casa
Em 2022, o serviço educativo realizou 738 actividades, que abarcaram iniciativas com as escolas de todos os níveis de ensino do concelho, ateliês para famílias, entre outros projectos, adianta Maria do Céu Ramos.
A programação deste ano do Centro de Arte e Cultura fica marcada pelo início da itinerância de algumas das suas exposições, com mostras a ‘viajarem’ até aos concelhos vizinhos de Reguengos de Monsaraz, Redondo e, em outubro, também Estremoz.
diz ter tentado combinar “o trabalho de todos os artistas, que não se conhecem e que têm uma grande diferença de idades, além de possuírem estilos artísticos
“Mas há uma outra linha de trabalho que é já antiga na fundação, que é de cooperação transfronteiriça”, nota a responsável, referindo-se às “permutas anuais” com o Museu Estremenho e Iberoamericano de Arte Contemporânea de Badajoz (Espanha).
Aliás, conclui, a FEAdefiniu uma estratégia para a sua programação para os próximos anos que pretende “reforçar a componente internacional” e “a ligação entre a identidade da cidade e a identidade europeia”.
Criada por Vasco Maria Eugénio de Almeida, com o objetivo de desenvolver e valorizar Évora e a sua região, nos domínios cultural, educativo, social e espiritual, a FEA está a comemorar 60 anos de existência.
completamente diferentes”, mas que acabam por se complementar.
“Para mim sincronicidade é isto, ter dois temas não relacionados entre si que, de
repente, se unem para criar alguma conexão e um significado. Este é o meu trabalho principal como curadora, encontrar temas que não se relacionam propriamente entre
si, não de forma óbvia, e que é algo maior do que simplesmente colocar dois trabalhos juntos de forma técnica.” É “algo mágico”, confidenciou. Andreia Sofia Silva
Óbito Morreu o cantor norte-americano Tony Bennett
O cantor norte-americano Tony Bennett, que deu voz a clássicos como “I left my heart in San Francisco”, morreu sexta-feira aos 96 anos, em Nova Iorque. A morte do cantor, que tinha sido diagnosticado com Alzheimer em 2016, foi confirmada à agência de notícias norte-americana Associated Press pela agente Sylvia Weiner. Tony Bennet ficou famoso no início dos anos 1950 com sucessos como “Because of you”, tendo relançado a sua carreira a partir de meados dos anos 1990, com duetos com figuras ‘pop’, destacando-se mais recentemente duetos com Amy Winehouse e Lady Gaga. A par de Sinatra, Perry Como e Dean Martin, Tony Bennett é apontado com um dos mais importantes cantores norte-americanos de origem italiana, que dominaram o panorama musical norte-americano durante décadas.
“Este é o meu trabalho principal como curadora, encontrar temas que não se relacionam propriamente entre si, não de forma óbvia, e que é algo maior do que simplesmente colocar dois trabalhos juntos de forma técnica. É algo mágico.”
ALICE KOK CURADORA
Premiado com o melhor argumento em 2018 no Festival de Cannes, “Lazzaro Felice” é uma ode à bondade e uma análise assaz às relações de poder e de trabalho. Lazzaro é um jovem que faz o que for preciso para ver os outros felizes. Neste processo é tido como um idiota, acabando por ser escravizado por todos os que o rodeiam. O filme de Alice Rorhwacher é aquele filme para se ver quando é necessário recordar alguma inocência e ter nela uma fonte de humanismo. Isto para além de ser uma película que conta com a belíssima interpretação do protagonista, Adriano Tardiolo, que com a ausência de expressões faciais e de palavras consegue, ainda assim, definir um personagem. Hoje Macau
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AVISO COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL
1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º 10/2013《Lei de Terras》, de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana.
Localização dos terrenos:
- Rua Um do Bairro Iao Hon, n.os 75 a 81, Rua Nove do Bairro Iao Hon, n.os 1 a 8 e Estrada dos Cavaleiros, n.os 28 a 34, em Macau, (Edifício Hong Tai);
- Avenida da Longevidade n.os 49 e 51, Rua Três do Bairro Iao Hon n.os 1 a 4 e Rua Dois do Bairro Iao Hon n.os 50 e 52, em Macau, (Edifício Son Lei);
- Rua Dois do Bairro Iao Hon, n.os 23 a 49, Rua Quatro do Bairro Iao Hon, n.os 41 a 65, Rua Um do Bairro Iao Hon, n.os 22 a 48, Rua Cinco do Bairro Iao Hon, n.os 26 a 42 e Rua Seis do Bairro Iao Hon, n.os 40 a 64, em Macau, (Edifício Mau Tan);
- Rua Um do Bairro Iao Hon, n.os 47 a 73, Rua Quatro do Bairro Iao Hon, n.os 17 a 39, Rua Cinco do Bairro Iao Hon, n.os 3 a 24 e Rua Seis do Bairro Iao Hon, n.os 18 a 38 e Estrada dos Cavaleiros, n.os 2 a 26, em Macau, (Edifício Heng Long);
- Rua Dois do Bairro Iao Hon, n.os 8 a 22, Avenida da Longevidade, n.os 17 a 21 e Rua Quatro do Bairro Iao Hon, n.o 82, em Macau, (Edifício Seng Yee);
- Estrada Marginal do Hipódromo, n.os 35 a 55, Avenida da Longevidade, n.os 7 a 15 e Rua Dois do Bairro Iao Hon, n.os 2 a 8, em Macau, (Edifício Iau Tim);
- Rua Dois do Bairro Iao Hon, n.os 51 a 77, Rua Seis do Bairro Iao Hon, n.os 41 a 65, Rua Um do Bairro Iao Hon, n.os 50 a 76, Rua Sete do Bairro Iao Hon, n.os 25 a 42 e Rua Oito do Bairro Iao Hon, n.os 26 a 50, em Macau, (Edifício Kat Cheong);
- Rua Dois do Bairro Iao Hon, n.os 7 a 21, Rua Um do Bairro Iao Hon, n.os 8 a 20A e Rua Quatro do Bairro Iao Hon, n.os 52 a 72, em Macau, (Edifício Man Sau);
- Rua Um do Bairro Iao Hon, n.os 39 a 45 e Rua Quatro do Bairro Iao Hon, n.os 38 a 46 e 50, em Macau, (Edifício Industrial Iao Seng);
- Rua Um do Bairro Iao Hon, n.os 19 a 39, em Macau, (Edifício Yau Kai);
- Estrada da Areia Preta, n.os 16 a 18B, em Macau, (Edifício Iao Pong);
- Estrada Marginal do Hipódromo, n.os 15 a 33, Rua Um do Bairro Iao Hon, n.o 8 e Rua Dois do Bairro Iao Hon, n.os 1 a 7, em Macau, (Edifício Iau San);
- Rua Um do Bairro da Areia Preta, n.os 1 a 54, Rua Quatro do Bairro da Areia Preta, n.os 34 a 42, Rua Dois do Bairro da Areia Preta, n.os 2 a 50, Rua Sete do Bairro da Areia Preta, n.os 6 a 10A, Avenida de Venceslau de Morais, n.os 1 a 7K e Rua - Cinco do Bairro da Areia Preta, n.os 36 e 36B, em Macau, (Edifício Kam Heng);
- Rua Dois do Bairro da Areia Preta, n.os 1 a 39, Rua Sete do Bairro da Areia Preta, n.os 12 a 28D, Rua Quatro do Bairro da Areia Preta, n.os 2 a 28, Rua Três do Bairro da Areia Preta, n.os 2 a 40, e Estrada Marginal do Hipódromo, n.os 30 a 36A, em Macau, (Edifício Man Lei Lau);
- Rua Um do Bairro da Areia Preta, n.os 49 a 75, Rua Dois do Bairro da Areia Preta, n.os 52 a 76, Rua Quatro do Bairro da Areia Preta, n.os 29 a 33 e
Rua Cinco do Bairro da Areia Preta, n.os 30 a 34, em Macau, (Edifício Man Fung Lau);
- Rua Cinco do Bairro Areia Preta n.os 1 e 1A e Estrada Marginal do Hipódromo, n.o 54, em Macau, (Edifício Industrial Man Fung);
- Rua Dois do Bairro da Areia Preta, n.os 41 a 67, Rua Três do Bairro da Areia Preta, n.os 39 a 68, Rua Quatro do Bairro da Areia Preta, n.os 1 a 27, Rua Cinco do Bairro da Areia Preta, n.os 2 a 28 e Estrada Marginal do Hipódromo, n.os 36B a 52, em Macau, (Edifício San Mei On);
- Estrada Marginal do Hipódromo, n.os 56 a 68, em Macau, (Edifício Industrial Lei Cheong);
- Estrada Marginal do Hipódromo, n.os 70 a 76, em Macau, (Edifício Fu Po Garden);
- Rua Seis do Bairro da Areia Preta, n.os 7 a 13, em Macau, (Edifício Industrial Veng Cheong);
- Avenida de Venceslau de Morais, n.o 9, Rua Seis do Bairro da Areia Preta, n.os 10 a 16 e Rua Cinco do Bairro da Areia Preta, n.os 5 a 11, em Macau, (Edifício Complexo Industrial Ho Tin);
- Rua Seis do Bairro da Areia Preta, n.o 25 e Estrada Marginal do Hipódromo, n.o 138, em Macau, (Edifício Shell);
- Rua Seis do Bairro da Areia Preta, n.os 18 a 22, em Macau, (Edifício Industrial Hap Si);
- Rua Seis do Bairro da Areia Preta n.os 15 e 17, em Macau;
- Rua Norte do Canal das Hortas n.os 4 a 48, Rua dos Currais, n.os 39 a 77 e Travessa dos Currais, n.os 5 a 57, em Macau, (Edifício Industrial Cidade Nova);
- Avenida do Almirante Lacerda, n.os 169 e 169A e Avenida Marginal do Patane, n.os 910 e 912, em Macau, (Edifício Industrial Iao Fai);
- Avenida do Conselheiro Borja, n.os 314 a 330, em Macau, (Edifício Hang Fat) ;
- Estrada de Nossa Senhora de Ka-Ho, n.o 980A, na Ilha de Coloane).
2. Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam à Recebedoria destes serviços, situada no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Serviços da RAEM das Ilhas, para os efeitos do respectivo pagamento.
3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada. Aos, 7 de Junho de 2023.
O Director dos Serviços de Finanças Iong Kong Leong
A SEITA ESPIRITUAL E A MORTE DE UM BEBÉ DE CATORZE MESES
AO QUE isto chegou em Portugal. Uma seita dita espiritual, denominada Reino do Pineal, instalada na aldeia de Seixo da Beira, em Oliveira do Hospital, no ano de 2020, comprou uma herdade de cinco hectares completamente fechada. O seu líder não acredita que a terra seja redonda ou que o homem tenha ido à Lua. Os membros são brancos e pretos e passam a maioria do tempo em danças e abraços. A seita assistiu à morte de um bebé de pouco mais de um ano, e resolveu cremá-lo e atirar as cinzas para o rio Mondego, em Abril do ano passado. Um crime hediondo, com a agravante de existirem na herdade mais crianças que estão a preocupar as suas famílias e as autoridades. O Ministério Público já começou a investigar a morte do bebé e a avó de um outro bebé de sete meses alertou as autoridades para forçarem a entrada na herdade e recuperarem todas as crianças que lá vivem. A bebé que a avó reclama nunca foi registada, não foi vacinada e nem teve qualquer assistência médica. A preocupação dos familiares das crianças deve-se fundamentalmente ao facto devido às crenças da seita ali praticadas estarem relacionadas em não ter acesso a cuidados de saúde, educação e cidadania. A Câmara Municipal de Oliveira do Hospital já participou várias denúncias sobre a comunidade em causa à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e consequentemente ao Ministério Público.
Os membros da seita caracterizam-se como “nómadas viajantes com uma vocação espiritual” que escolheram “restaurar, proteger e preservar os modos de vida orgânicos, naturais, espirituais, culturais e indígenas”. Um chorrilho de mentiras chocantes que levam a uma prática incivilizada sem lei e sem moral.
O líder da seita, Água Aknal Pinheiro, teve o desplante de afirmar que “estamos aqui a viver em paz, cuidando respeitosamente da terra que actualmente habitamos até ao momento em que encontrarmos e estabelecermos uma casa permanente, talvez uma ilha...”.
Inclusivamente, a Câmara Municipal de Coimbra já tinha feito denúncias sobre esta comunidade às várias instâncias oficiais, salientando a presença na herdade de mais crianças e com a edilidade coimbrã preocupada com a segurança dos menores e por suspeitar que os mesmos não tinham acesso a cuidados de saúde, cidadania e educação, quando a lei diz que o ensino é obrigatório até aos 12 anos de idade.
A avó de uma bebé de sete meses luta na justiça pela guarda da neta – que está na seita do Reino do Pineal. A criança nascida no seio da seita está a deixar os seus familiares desesperados, sobretudo depois de terem conhecimento da morte de um bebé no ano passado. A avó da criança não consegue falar com a filha e quer urgentemente a guarda da neta. A Polícia Judiciária já está a investigar as circunstâncias da morte do bebé, mas até agora as outras crianças da comunidade seitosa continuam na quinta à guarda do chefe da seita. Toda esta prática inacreditável nos dias de hoje, poderá ser alvo de processos judiciais, especialmente devido à exposição ao abandono, maus-tratos e profanação de cadáver, crimes pelos quais
O que não é aceitável é que perante tanta
ainda não tenham tomado uma posição severa, chamado à colação os membros da seita e terminar em absoluto com este denominado Reino do Pineal
a seita do Reino do Pineal pode responder judicialmente após a morte e cremação de uma criança.
Vários canais de televisão, jornais e revistas têm dedicado o maior espaço à actuação desta seita em causa, salientando-se que vivem na marginalidade, que a morte da criança e a cremação decorreu completamente na ilegalidade e à margem da lei, que uma comunidade de 40 a 100 pessoas que se instalou em território português e que decretou a autodeterminação, que ao acreditarem que a terra é plana é inserir-se numa teoria de conspiração que leva a todo o tipo de pensamento depravado, que a maioria das pessoas que vivem na herdade não é portuguesa tratando-se de estrangeiros que se conheceram na internet e que ninguém sabe se estão em Portugal dentro da legalidade, que a soberania que apregoam relativamente ao Estado português é por si só uma afronta ilegal ao Direito Constitucional português, que naquele espaço se gera uma grande vulnerabilidade dos direitos fundamentais particularmente dos menores, que se trata de um abuso sobre humano possuir uma criança que morre sem registo e cremada sem certidão de óbito. Enfim, estamos perante algo idêntico ao que tem acontecido por esse mundo fora na área das teorias de conspiração e que em certos casos tem levado ao suicídio dos membros pertencentes a este tipo de seitas.
O que não é aceitável é que perante tanta gravidade, as autoridades judiciais ainda não tenham tomado uma posição severa, chamado à colação os membros da seita e terminar em absoluto com este denominado Reino do Pineal.
gravidade, as autoridades judiciaisHerdade da seita
MYANMAR PELO MENOS 14 MORTOS EM MASSACRE
Ogoverno paralelo de Myanmar (antiga Birmânia), que se opõe à junta militar no poder, denunciou ontem a morte de pelo menos 14 pessoas num massacre “atroz” na região central do país.
O porta-voz do autodenominado Governo de Unidade Nacional (NUG, na sigla em inglês), que se declara o governo legítimo do país asiático, denunciou nas redes sociais a repressão no município de Yin Mar Pi, na região de Sagaing, uma das áreas onde a junta militar encontra mais resistência.
Os soldados atacaram a localidade na sexta-feira com armas pesadas, disse o porta-voz do NUG, conhecido como Sasa.
Onze civis e três membros do grupo rebelde Força de Defesa do Povo (PDF, na sigla em inglês), criado pelo governo paralelo, morreram, disseram residentes do município citados pelo jornal birmanês The Irrawaddy.
Três dessas pessoas foram decapitadas pelos militares.
“A junta militar genocida esconde-se atrás de secretismo, fugindo do escrutínio internacional. Mas não podemos permanecer observadores silenciosos, devemos tomar medidas decisivas agora”, apelou o porta-voz, num comunicado divulgado no sábado.
Sasa apelou ainda à comunidade internacional para tomar medidas concretas para bloquear o “fluxo de dinheiro e armas”, estas últimas fornecidas principalmente pela Rússia e China, e despojar a junta militar de qualquer sinal de “legitimidade”.
De acordo com o governo paralelo - formado por deputados depostos no golpe militar de 01 de Fevereiro de 2021 e activistas de minorias étnicas - desde o levantamento, o regime levou a cabo mais de 70 massacres.
G20 SEM ACORDO SOBRE CALENDÁRIO DE REDUÇÃO DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
OSministros da Energia dos países do G20 reuniram-se sábado na Índia sem chegar a acordo sobre um calendário que permita reduzir progressivamente o recurso aos combustíveis fósseis (petróleo, gás, carvão).
Sem precedentes
Incêndios levam à maior operação de evacuação de sempre na Grécia
OS incêndios que assolam a ilha turística de Rodes levaram as equipas de resgate a realizar “a maior operação de evacuação alguma vez realizada na Grécia”, segundo referiu a porta-voz da polícia à AFP. “É a maior operação de evacuação alguma vez realizada na Grécia (…). Correu tudo bem. Todas as pessoas, sobretudo os turistas, acataram as indicações que lhes demos”, precisou Konstantia Dimoglidou.
Entretanto, o operador turístico TUI anunciou ontem a suspensão de todos os voos de passageiros para a ilha de Rodes, devido aos incêndios, medida que se mantém até amanhã.
“Até terça-feira, o grupo alemão não efectuará novos voos de turistas para a ilha”, declarou à AFP a porta-voz Linda Jonczyk, acrescentando que estão a ser mantidos voos vazios para retirar os milhares de turistas que ainda se encontram na ilha e que foram afectados pelos incêndios.
Cerca de 30 mil pessoas tiveram sábado de deixar as suas casas ou os hotéis onde estavam alojadas na sequência do violento incêndio que assolava a parte leste da turística ilha.
Segundo dados da polícia, citados pela agência de notícias ANA, cerca de 19 mil pessoas foram retiradas por precaução, das quais 16 mil por terra e 3 mil por mar.
No total, uma dúzia de localidades tiveram de ser evacuadas, incluindo Lindos, uma das principais atrações turísticas da ilha, com a sua Acrópole a delinear o topo da colina.
A escaldar
Cédric Guisset, turista belga, contou à rádio RTBF que teve de abandonar o seu hotel, fugindo a pé, depois de ter recebido mensagens de alerta no seu telemóvel.
No hotel “nem sequer estavam a par da situação”, referiu, adiantando que na fuga, as pessoas apenas levaram o documento de identificação, água e alguma coisa para cobrirem a cabeça e a cara. As cerca de 30 mil pessoas
que tiveram de abandonar as suas casas ou hotéis foram alojadas em ginásios, escolas ou centros de conferências, tendo aí passado a noite.
Panagiotis Dimelis, autarca local da aldeia de Archangelos, em declarações ao canal de televisão grego Skai TV, referiu-se a “uma situação sem precedentes”, com as autoridades a indicarem que o combate ao incêndio se vai ainda prolongar por vários dias. O Observatório Meteorológico Nacional avisou que a Grécia iria registar temperaturas superiores a 44.º C, estando “provavelmente” a atravessar a mais longa vaga de calor da sua história.
A ilha de Rodes, com mais de 100 mil habitantes, é um dos destinos turísticos mais populares da Grécia, estando a ser assolada por incêndios há seis dias. No ano passado, a ilha recebeu cerca de 2,5 milhões de turistas.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros grego criou uma unidade de crise em Atenas para facilitar o repatriamento de turistas estrangeiros.
UE Borrell diz que ataque a Odessa é outro crime de guerra
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, considerou ontem que o ataque das forças russas em Odessa, na passada madrugada, que deixou pelo menos dois mortos e 22 feridos, é “outro crime de guerra” do Kremlin. “O terror contínuo dos mísseis russos contra Odessa, classificada pela UNESCO, é mais
um crime de guerra do Kremlin, que demoliu também a catedral ortodoxa, considerada património mundial”, disse Josep Borrel, numa mensagem através das sua conta oficial no Twitter. O chefe da diplomacia europeia salientou que a Rússia já danificou centenas de sítios culturais na sua tentativa de “destruir
a Ucrânia”. A Rússia lançou ontem um ataque sobre Odessa, disparando 19 mísseis, atingindo infraestruturas civis, blocos de apartamentos e automóveis e danificando a Catedral da Transfiguração de Odessa. Segundo o balanço das autoridades há pelo menos dois mortos e 22 feridos.
Justificando o impasse, a Índia, que preside ao G20 (19 maiores economias do mundo e a União Europeia) até Novembro, explicou que alguns dos membros queriam “uma redução contínua dos combustíveis fósseis” e não apoiada em dispositivos de captura ou armazenamento de carbono “de acordo com as diferentes circunstâncias nacionais”.
Outros membros do G20, segundo a presidência indiana, “têm uma opinião diferente sobre o facto de as tecnologias de captura e armazenamento de carbono responderem a essas necessidades”.
No final, a declaração do encontro em Goa não menciona sequer o carvão, um dos grandes contribuintes para o aquecimento do planeta, mas também uma das principais fontes de energia para países como a Índia, o mais populoso do mundo, e a China, segunda economia mundial.
A falta de acordo no seio do G20 acontece dois meses depois de os líderes do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) terem manifestado a vontade de acelerar o abandono dos combustíveis fósseis.
Uma coligação de 18 países liderada pelas Ilhas Marshall reclamou na sexta-feira “uma saída urgente dos combustíveis fósseis”.
Contudo, muitos países em desenvolvimento consideram que os países ricos, os maiores poluidores, devem financiar mais a transição energética.
“As acções são muito mais sinceras do que as palavras.”
Scudéry