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Figura 9 - Gravuras dispostas sobre a mesa na biblioteca da EAV

A escolha da confecção de um carimbo, que é uma gravura em relevo, obedeceu ao desejo de utilização de uma outra técnica de gravura (relevo) e de um outro tipo de linguagem no trabalho (figura 8). O início de confecção das cópias exigiu um grande esforço físico e empenho emocional, pois ocorreram durante o mês de janeiro de 2014, durante um verão de temperaturas elevadas, na casa dos cinquenta graus, que me faziam sentir como se estivesse pagando uma promessa por alguma graça recebida (a revelação da imagem). A escolha de duas cores para compor a imagem em sua frente e uma única cor para o seu verso, reforçam a utilização do colorido e do preto e branco em gravuras no decorrer das épocas. O preto no verso representa o passado, o tradicional e o colorido em sua frente o mais moderno. O tradicional é o literal e o moderno é o gráfico. As tintas serigráficas escolhidas foram nas cores amarelo ouro, que infelizmente é muito diferente do amarelo ouro desejado para remeter ao sagrado das iluminuras bizantinas porém o único disponível no mercado de tintas serigráficas na época e vermelho intenso para remeter a paixão que pode ser tanto de ordem sagrada e espiritualizada como também secular e irracional. O complemento ao nome do trabalho: Os Ex-Votos, obedeceu a ideia de graça recebida (a revelação/descoberta da imagem) e a compreensão de que a produção das estampas foi similar ao pagamento de uma promessa através de um sacrifício – produção durante um calor sobre-humano – pela graça obtida:

Não há religião sem separação, mas toda a separação contém ou conserva em si um núcleo genuinamente religioso. O dispositivo que realiza e regula a separação é o sacrifício: por meio de uma série de rituais minuciosos, diversos segundo a variedade das culturas, que Hubert e Mauss pacientemente inventariaram, o sacrifício sanciona em cada caso a passagem de alguma coisa do profano para o sagrado, da esfera humana à divina. Mas aquilo que foi ritualmente separado pode ser restituído pelo rito à esfera profana. A profanação é o contradispositivo que restitui ao uso comum aquilo que o sacrifício tinha separado e divino. (AGAMBEN, 2009, p. 45)

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Por meio da minha profanação, através do meu contradispositivo, eu procuro restituir ao uso comum aquilo que o rito (o dispositivo) objetivado pelo mercado de arte através dos congressos e encontros internacionais de artistas e uma

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