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Unidade 1 - Em torno dos rios: formando povos

Esta unidade propõe o estudo do processo de formação das primeiras sociedades complexas conhecidas ao redor do mar Mediterrâneo e no continente americano, com ênfase em suas relações com o espaço geográfico ocupado. Na abordagem destaca-se o papel dos rios para atividades como plantar, transportar e se comunicar, facilitando as concentrações populacionais. Busca-se discutir também as relações atuais com o rio, nem sempre evidentes, mas fundamentais para as sociedades humanas.

Neste ano, muitos dos conteúdos são relacionados a processos de longa duração. Embora mais distanciados no tempo, veremos que esses processos servem tanto para pensar a diversidade dos povos e culturas e suas formas de organização como também alguns desafios do mundo contemporâneo, a exemplo de questões ambientais e populacionais.

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Proposta pedagógica

A proposta central desta unidade é levar os estudantes a compreender o processo de formação das primeiras sociedades. A intenção eles compreendam a importância da água para essa formação. Assuntos como “Entre rios surgiram as primeira cidades”, “Na África, o vale do rio Nilo” e “A importância dos rios na formação do Brasil”, auxiliarão de maneira direta essa compreensão.

GUSTAVO FRAZAO/SHUTTERSTOCK

Vista aérea de trecho da Floresta Amazônica, 2020.

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Objetivos da Unidade

• Identificar a importância dos rios e fontes de água para as sociedades humanas. • Identificar a importância dos mares nas relações entre povos e na formação da identidade de vários deles. • Analisar o papel da agricultura na consolidação das sociedades complexas. • Conhecer as diferentes relações que os povos estabelecem com a natureza.

Habilidades trabalhadas: EF05HI01 EF05HI02 EF05HI03 EF05HI09 EF05HI10

Para começar... Respostas pessoais.

1. Procure se lembrar de alguns nomes de rios que você conhece. Faça uma lista com os colegas. 2. Há algum rio que passa pela sua cidade? Se sim, você sabe o(s) nome(s) dele(s)? 3. Você já viu um rio de perto? Pôde entrar em suas águas?

Se sim, como foi essa experiência? Se não pôde entrar no rio, conte o motivo.

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Pré-requisitos

• Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço. • Identificar as transformações ocorridas na paisagem através da ação do homem. • Compreender a relação entre a cultura e o espaço geográfico ocupado. • Entender a importância da água para o surgimento das primeiras comunidades. • Estabelecer comparações no tempo e no espaço, identificando semelhanças e diferenças. • Ter entrado em contato com fontes históricas: orais; imagens (fotografias e pinturas); documentos de época como cartas, relatos entre outros.

Explore a imagem da página, comparando o Rio Amazonas a outros grandes rios do mundo, como o Nilo, lembrando aos estudantes o sobre as civilizações que surgiram a beira de grandes rios. Peça que olhem as margens, o tipo de vegetação, imaginar se há populações que habitam as margens do rio.

A imagem mostra a grandiosidade do Rio Amazonas, a Floresta Amazônica, as margens e os igarapés.

Com 6992 quilômetros, o rio percorre o norte da América do Sul, a floresta amazônica e deságua no Oceano Atlântico. A maior parte do rio está inserida na planície sedimentar amazônica, embora a nascente em sua totalidade seja acidentada e de grande altitude. Marginalmente, a vegetação ribeirinha é, em sua maioria, exuberante, predominando as florestas equatoriais da Amazônia.

Além dos grandes rios brasileiros, como Amazonas, São Francisco ou Paraná, incentive os estudantes a mencionar rios da região onde moram.

Caso não tenha nenhuma represa ou rio próximo da escola, busque pelo curso de água mais próximo ou mesmo mais significativo da região.

Explore as respostas positivas dos estudantes: como era a cor das águas do rio, se tinha cheiro, como era o fundo do rio. Explore também os motivos das respostas negativas: as águas eram “bravas”, tinha muita correnteza, era muito raso ou muito fundo, o banho não era apropriado (as águas eram poluídas ou contaminadas) etc.

Habilidades trabalhadas:

EF05HI09 EF05HI10

Se possível, apresente aos estudantes diferentes imagens de rios, cujas margens são férteis e usadas para a agricultura ou onde há populações ribeirinhas.

Para auxiliar, sugere-se as seguintes palavras-chave: • Populações ribeirinhas; comunidades ribeirinhas; agricultura na margem de rios; civilizações hidráulicas; margens férteis dos rios.

Depois, discuta com eles sobre a mudança na paisagem e no espaço geográfico, a partir da ação do homem: mostre imagens de um mesmo local onde a ocupação ou a agricultura às margens dos rios provocaram mudança na paisagem. Observe as imagens a seguir.

Rio Tietê cheio após um dia de chuva intensa. São Paulo (São Paulo), 2020.

MAURICIO SIMONETTI/PULSAR IMAGENS

Paulistas passeiam de canoa no rio Tietê, em São Paulo (São Paulo), década de 1930.

CLÓVIS FERREIRA/ESTADÃO CONTEÚDO

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Para ampliar

Na internet existem diversos conteúdos produzidos por órgãos governamentais, ONGs e grupos de pesquisa sobre rios e recursos hídricos brasileiros. Além da busca de informações sobre a situação das águas em sua própria região, sugerimos como exemplo o portal “Cuide dos Rios”, parte do projeto “Equipamento Urbano Multimídia de Sinalização de Rios e Educação Ambiental”, vinculado à USP e ao CNPq (disponível em: www.cuidedosrios.eco.br. Acesso em: 12 ago. 2021).

9o Encontro de monções no sertão. Pintura de Oscar Pereira da Silva, 1920. Óleo sobre tela, 95,5 cm × 173 cm. A pintura retrata eventos históricos ocorridos entre 1825 e 1829.

MUSEU PAULISTA DA USP

Você consegue imaginar atividades como remo e nado ocorrendo no rio Tietê, no trecho onde fica a cidade de São Paulo?

A história do rio Tietê é quase tão antiga quanto a história do Brasil. Os portugueses navegavam por esse rio para conseguir chegar ao interior do território.

Por meio dessas três imagens, feitas em três tempos distintos, podemos conhecer um pouco da história desse importante rio paulista.

1 Como o rio Tietê se apresenta atualmente?

Instrua os estudantes a observar na fotografia o aspecto da água, indicando poluição, e o entorno, hoje bastante urbanizado e parcialmente degradado. 2 Observando as imagens, o que você nota que mudou na paisagem ao longo do tempo ? 3 Qual é o impacto da poluição e do lixo na paisagem retratada nas fotografias? 4 De onde vem todo esse lixo e como esse problema pode ser resolvido? 5 Além das mudanças na paisagem, o que mais você acha que mudou nesse lugar com o passar do tempo?

Observando as imagens é possível identificar o impacto da urbanização.

O lixo que se acumula nas margens e o processo de urbanização modifica a paisagem.

Resposta pessoal. Os estudantes podem levantar impressões com base em imagens ou notícias, histórias de familiares ou outras referências que tenham. 4. Resposta pessoal. Os estudantes podem indicar que projetos de despoluição do rio ou retirada do lixo não resolvem o problema. É preciso que as pessoas se conscientizem sobre o trajeto do lixo produzido e formas corretas de consumo e de descarte. Aqui pode ser realizado um trabalho de pesquisa sobre o trajeto do lixo e como ele chega ao rio Tietê.

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A proposta dessa página é colocar em discussão a importância dos rios e fontes de água para produção de alimentos, transporte e comunicação, contribuindo para o surgimento das primeiras concentrações humanas. São utilizadas imagens de três momentos do Rio Tietê: atualmente, na passagem do século XIX para o século XX e imagem do rio na época das monções. Explore, nesse momento, a mudança na paisagem com o tempo, explicando aos estudantes que os usos do rio e da água se modificam com o tempo.

Se possível, faça uso em aula de programas de mapas online para apresentar aos estudantes. Você pode aproximar o foco para mostrar mais detalhes a eles, como cursos d’água, cidades e outras construções, e distanciar, para mostrar áreas mais abrangentes.

Habilidades trabalhadas:

EF05HI01 EF05HI09

Para ampliar

Roteiro dos Bandeirantes

O Roteiro dos Bandeirantes engloba oito cidades paulistas. São 180 quilômetros, partindo de Santana do Parnaíba, passando pelas cidades de Pirapora do Bom Jesus, Araçariguama, Cabreúva, Itu e Porto Feliz, até chegar à cidade de Tietê.

As cidades do Roteiro fazem parte de um polo de referência histórico-cultural para todo Brasil. São museus, fazendas, trilhas e caminhos dignos de serem explorados por novos desbravadores.

A viagem é uma excelente oportunidade para o visitante se aprofundar na história do Brasil, pisando nas mesmas terras por onde passaram personagens como Bartolomeu Bueno da Silva – O Anhanguera e Fernão Dias Paes Leme, o Caçador de Esmeraldas. Tais avanços levaram o Brasil ao formato que tem atualmente.

O estudo das sociedades antigas é baseado em processos de longa duração que nem sempre podem ser datados com precisão, principalmente pelas dificuldades em se localizar vestígios que forneçam informações precisas sobre determinada época e populações, em geral desgastados ao longo do tempo.

Para os estudantes dessa faixa etária, os longos períodos podem ser difíceis de serem compreendidos, com maior facilidade para perceberem momentos de mudanças rápidas e intensas. O mais importante, porém, é que eles entrem em contato com outras sociedades, de outros tempos, com outras lógicas e dinâmicas. Além de estranhar o diferente e apreender que tudo muda ao longo do tempo, conforme a ação das pessoas como eles.

Habilidade trabalhada:

EF05HI01

O nome Mesopotâmia é formado por duas outras palavras de origem grega. São elas: “meso”, que quer dizer “meio”, e “potamos” que significa “rios”, em português. Juntas, significam “terra entre rios”.

Comente com os estudantes que isso se dá também com outras palavras, como hipopótamo (hipos = cavalo / potamos = rio).

Diga também que há uma região da Argentina chamada Mesopotâmia Argentina, que faz fronteira com o Brasil. Procure dispor de um mapa para apontar essa área que pode ser vista entre dois grandes rios: Corrientes e Entre Rios.

Há cerca de 8 mil anos, entre dois rios, um chamado Tigre e o outro Eufrates, alguns povos nômades encontraram um lugar para se estabelecer, em uma região que mais tarde seria denominada Mesopotâmia. Atualmente, essa região faz parte de um país chamado Iraque.

Observe um mapa da região da Mesopotâmia.

Com água abundante para beber e plantar, os povos que habitavam essa região conseguiam produzir muita comida e alimentar muitas pessoas. Em uma região cercada por terras áridas e extensos desertos, os rios foram essenciais para o desenvolvimento dessas civilizações, que souberam aproveitar suas águas desenvolvendo técnicas como canais de irrigação, diques, muros de contenção e valas. Tais técnicas permitiram a ampliação da produção de alimento. Nessa região da Mesopotâmia, como as terras eram férteis e apropriadas para as plantações, algumas pessoas podiam também se dedicar a outras tarefas – em alguns casos, apenas a determinadas tarefas.

F1_AC5_U1_M001

Mesopotâmia

Mar Negro

40° L

ALLMAPS

TURQUIA

Mar Cáspio

Mar Mediterrâneo

LÍBANO SÍRIA

PALESTINA

Rio Ti gre

Rio Eufrates Tikrit

Bagdá

IRAQUE

35° N

IRÃ

EGITO

R io Nilo

Região aproximada da Mesopotâmia Limites atuais dos países Rios

ISRAEL JORDÂNIA

Mar Vermelho

ARÁBIA SAUDITA

Basra

KUWAIT

Golfo Pérsico

0 165

km

Fonte: World History Atlas: mapping the human journey. London: Dorling Kindersley, 2005.

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Para ampliar

O conceito de longa duração em história foi elaborado pelo historiador francês Fernand Braudel para explicar aspectos da sociedade que permanecem inalterados por um longo período, como alguns hábitos e costumes. A ideia influenciou toda uma geração de pesquisadores e motivou estudos do cotidiano e do trabalho das pessoas comuns.

Algumas pessoas tornaram-se artesãs, trabalhando a madeira, o barro e a palha, que também havia em abundância nessa região. Assim, desenvolveram várias técnicas de construção de objetos e de moradias utilizando esses materiais.

Por isso, as pessoas tornaram-se cada vez mais sedentárias, ou seja, passaram a viver em moradias fixas, estabelecidas em um terreno. Como as plantações e as construções exigiam o trabalho conjunto de muita gente, as moradias começaram a ser construídas mais próximas, uma ao lado da outra, com vias que passavam entre elas. Aos poucos, as moradias próximas foram formando aldeias, que, depois, se transformaram nas primeiras cidades de que se tem conhecimento atualmente.

Vestígios arqueológicos de Uruk, no atual Iraque. Nesse local se desenvolveu uma das primeiras cidades do mundo. Estima-se que, por volta de 3300 a.C., Uruk concentrava uma população de cerca de 40 mil pessoas.

ESSAM AL-SUDANI/SHUTTERSTOCK

• Você ou alguém da sua família já teve oportunidade de cultivar alguma planta para usar na alimentação? Experimente! Se você mora em apartamento ou em um lugar sem quintal, pode plantar algum tempero – salsinha, cebolinha, manjericão – em um vaso, por exemplo.

Anote passo a passo como você cultivou a sua planta, as dificuldades que teve e também as conquistas. No dia marcado pelo professor, você vai explicar aos colegas o passo a passo do cultivo, os recursos que teve de buscar e os cuidados que precisou ter.

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Atividade complementar

Proponha aos estudantes que formem grupos para explorar vídeos, cartilhas e notícias sobre agricultura familiar, aprofundando a atividade sobre plantio. Eles podem fazer um levantamento dos produtos (hortaliças, legumes, temperos) que são produzidos em maior quantidade pelas famílias, que são mais comuns na agricultura familiar e de que forma eles circulam fortalecendo o comércio local. Essa prática diminui os gastos da família com as compras em mercado? Aumenta a segurança alimentar? A família pode vender esses produtos em feiras locais ou na comunidade? Como se dá o projeto sobre merenda escolar que estabelece a relação entre a família e a escola? São algumas das questões que o grupo pode responder.

Caso não seja possível realizar o plantio, você pode propor aos estudantes que façam uma pesquisa sobre hortas ou métodos de plantio de verduras e legumes para responder as perguntas. Eles também podem conversar com alguém que já teve a oportunidade de ter horta em sua moradia. De toda forma, pretende-se que eles percebam que, qualquer plantação (mesmo de um simples pé de alface em um vaso) envolve trabalho, cuidados e recursos. De modo geral, é preciso ter sementes ou mudas, terra adubada ou apropriada para o plantio, água e iluminação.

Habilidade trabalhada:

EF05HI09

A resposta é pessoal, mas seria interessante explorar com os estudantes a importância da agricultura familiar no Brasil. Há publicações regionais que fazem mapeamentos, apresentam recursos e caminhos para a implementação da agricultura familiar e estabelecem parcerias dessas famílias com escolas da região, buscando garantir a qualidade da merenda escolar.

Mostre imagens dos rios Tigre e Eufrates, explicar o nome da região, “entre rios” destacando que vários povos ocuparam a região. O professor deve destacar que os rios eram um atrativo para a região, ressaltando a importância da água para os povos que disputavam o poder e o domínio de suas terras.

As profissões de destaque seriam aquelas importantes para atender as necessidades básicas das pessoas, como alimentação e moradia, principalmente, mas também vestuário e saúde. Assim, é possível que os alunos mencionem: agricultores, construtores (pedreiros, marceneiros etc.), costureiros ou artesãos, médicos (ou curandeiros ou similar).

Conforme os alunos escolhem as profissões mencionadas pela turma, procure organizá-los em grupos para trocarem as informações sobre o que já sabem e, depois, sobre os resultados das pesquisas e conversas com os profissionais. No caso dos artesãos, como as atividades citadas podem ser bem variadas, incentive-os a procurar por profissionais da localidade.

Espera-se que os estudantes apontem algumas atividades fundamentais para a organização e funcionamento das cidades, por exemplo, produção e fornecimento de alimento (agricultores), construção ou reforma de moradias (pedreiros). Nas cidades médias e grandes, podem ser mencionados também os profissionais que atuam para garantir a mobilidade das pessoas, por exemplo, motoristas de ônibus, guardas de trânsito etc.

Habilidades trabalhadas:

Na Mesopotâmia foram construídas algumas das cidades mais antigas do mundo. Os povos sumérios organizavam-se em cidades independentes entre si, governadas cada qual pelo seu próprio soberano.

Além dos sumérios, outros povos ocuparam territórios na Mesopotâmia, por exemplo, os acadianos, os assírios e os elamitas, atraídos pelas águas e pelas terras férteis da região.

Embora o convívio entre esses povos nem sempre tenha sido pacífico, todos aprenderam uns com os outros. Ao longo de séculos foram adotando crenças e costumes, adaptando técnicas para construir casas e templos, aperfeiçoando modos de escrever e registrar informações.

METROPOLITAN MUSEUM OF ART, NY/ALBUM / ALBUM / FOTOARENA Soberano: pessoa que governa sem restrições de poder.

Peça em bronze mesopotâmica com dois homens que trabalhavam na produção de tecidos para os templos, c. 2000 a.C. a 1600 a.C.

• Na vida em sociedade, todas as profissões são importantes. No entanto, na época em que essas primeiras cidades estavam se formando, será que alguma profissão tinha destaque? Com mais um colega, pesquisem o que se pede e, depois, respondam individualmente no caderno. Respostas pessoais. a) Cite três profissões que seriam muito importantes para a população daquelas primeiras cidades. b) Entre as profissões que você citou, escolha uma e faça uma breve pesquisa sobre ela. Se essa profissão existir atualmente, procure saber como é o trabalho que o profissional dela executa diariamente. c) Atualmente, todas as profissões que você citou são importantes para o funcionamento das cidades? Explique sua resposta.

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Para ampliar

Você pode buscar informações de profissões dos brasileiros que passaram pela hospedaria, onde hoje funciona o Museu do Imigrante. No site do museu, há uma reportagem (disponível em: http://museudaimigracao.org.br/es/blog/conhecendo-o-acervo/brasileiros-na-hospedaria-ocupacao-trabalho-e-genero. Acesso em 12 ago. 2021) que faz um levantamento sobre ocupação, trabalho e gênero, trajetórias e formas de trabalho dos migrantes nacionais acolhidos pela Hospedaria de Imigrantes do Brás. O texto traz um aprofundamento sobre a questão da mulher, que muitos reduziam como “do lar” ou como companheira do homem. Traz ainda documentos que podem ser explorados em sala de aula. O professor pode aproveitar a atividade para estabelecer as diferenças entre os conceitos: imigração, migração e emigração.

De olho no tempo

Um longo processo

Será que demorou muito tempo para todo o processo de formação das primeiras cidades acontecer? Mas o que é “muito tempo” nesse caso? Os arqueólogos que pesquisam a Mesopotâmia sabem, hoje, que as primeiras aldeias da região começaram a se formar por volta de 8 mil anos atrás, e as primeiras cidades surgiram 3 mil anos depois, ou seja, 5 mil anos antes do tempo presente.

Por que demoraram tanto tempo? Há vários motivos. Um deles é que nem sempre há necessidade de mudar o modo de viver. Até hoje, há povos que são nômades ou que moram em aldeias e vivem do jeito que consideram bom para eles. Outro motivo é que nem sempre existem recursos para mudar o modo de viver. Outra razão é que nem sempre há conhecimento de como mudar e como passar as informações para as novas gerações. Enfim, há muitos motivos.

Observando o passado com os conhecimentos atuais, alguns desafios dos povos antigos podem parecer simples, mas é preciso considerar que tudo isso – viver em grandes grupos, em um mesmo lugar, armazenar alimentos, construir moradias – era novo para eles.

As primeiras cidades

Com o surgimento das cidades, a história dos diversos povos da Mesopotâmia passa a ser também muito longa e diversificada.

Nas cidades concentravam-se as pessoas e também conhecimentos e habilidades daqueles que se dedicavam a executar atividades específicas. A cestaria e a cerâmica que os povos nômades e os primeiros agricultores já conheciam adquirem características diferentes. Os artesãos começam a experimentar outros materiais, principalmente os metais — o bronze e, depois, o ferro. Também passam a utilizar cada vez mais os animais que, além de servir de fonte de alimentação, ajudavam a trabalhar a terra e carregar cargas.

ERICH LESSING/ALBUM/FOTOARENA

A domesticação de animais foi importante para a fixação dos grupos humanos. Baixo-relevo mostrando o uso de cavalos na Mesopotâmia, século VIII a.C.

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Como já dito, talvez não seja simples para os estudantes compreenderem contagem de tempo longa. Ajude-os nessa tarefa, com montagens de linhas do tempo, por exemplo, o que pode servir, inclusive, como método de avaliação continuada. Pode-se ainda trabalhar as dimensões temporais considerando o tempo de vida de um ser humano de 70 anos: foi, assim, há mais ou menos 70 gerações (5000 anos atrás) que começaram a surgir as primeiras cidades.

Habilidades trabalhadas:

EF05HI07 EF05HI09

Atividade complementar

Passe a atividade a seguir na lousa para os estudantes e peça a eles que copiem em uma folha à parte e respondam. 1. Sobre a passagem do tempo e a memória que temos dos acontecimentos passados, converse com seus colegas e responda: a) Qual é o fato mais antigo em sua vida de que você se lembra? Você se lembra bem dos detalhes? Ou só mais ou menos? Quanto tempo faz que isso aconteceu? b) Faça essas mesmas perguntas para duas ou três pessoas da sua família que, se possível, tenham mais de 50 anos. Compare as respostas delas, sobre o tempo, com a sua. Faça a conta e veja a diferença nessa quantidade de anos. (Sobre a passagem do tempo e a memória que temos dos acontecimentos passados, espera-se que os alunos percebam que os detalhes de fatos ocorridos há mais tempo são mais difíceis de lembrar. Quem tem mais tempo de vida, tem mais tempo também entre o momento presente e o momento em que ocorreu o fato.

Essa introdução sobre o vale do rio Nilo e as condições de vida em seu entorno podem ser relacionadas à Geografia. Se julgar pertinente, use um planisfério para mostrar a localização dessa região. Também pode ser interessante mostrar fotos atuais, destacando a diversidade cultural existente no local.

Atualmente, ao longo de seu percurso, o rio Nilo atravessa o Sudão do Sul, o Sudão e o Egito. Procure lembrar os alunos de que não façam uma relação automática entre a sociedade e o território do Egito atual e do Egito Antigo.

Habilidades trabalhadas:

EF05HI01 EF05HI02

Outra região onde os seres humanos encontraram boas condições para cultivar, formar grandes grupos e construir cidades foi o vale do rio Nilo. Com uma extensão de cerca de 7 mil quilômetros, esse rio é um dos maiores do mundo. À sua volta há desertos, até chegar ao mar Mediterrâneo, onde deságua.

A sociedade do Egito Antigo desenvolveu-se entre cerca de 4000 a.C. e 700 a.C. ao longo do rio Nilo. A região do delta do rio, junto ao mar Mediterrâneo, ficou conhecida como Baixo Egito, e a região no interior da África foi chamada de Alto Egito.

As terras próximas ao rio Nilo eram férteis porque, durante as cheias, as águas depositavam nutrientes nas margens do rio. Depois, quando o nível das águas baixava, nessas terras era feito o cultivo, principalmente, do trigo e da cevada, em quantidade suficiente para alimentar os povoados ao longo do Nilo o ano todo.

Para ampliar as áreas cultiváveis, os habitantes dos povoados começaram a fazer canais e diques, o que muitas vezes afetava os povoados vizinhos, causando vários conflitos.

35° L Trópico de Câncer

ChipreMar Mediterrâneo

Biblos

Sídon

Tiro Gaza

Tânis Monte Sinai DESERTO DA LÍBIA Mar Vermelho DESERTO DA ARÁBIA

Sais Gizé

Heliópolis

Mên s Tínis Tebas

Karnak Buhen Kumma

CANAÃ

Limite sul do Antigo Império (3200 a.C. a 2100 a.C.) Limite sul do Médio Império (2100 a.C. a 1580 a.C.)

FENÍCIA MESOPOTÂMIA

Heracleópolis

Akhetaton (El Amarna) 1ª - catarata 2ª - catarata

GEOGRAFIA

Delta: porção de terra em forma triangular que se acumula na foz de um rio. F1_ACH5_U1_M002 Egito Antigo (4000 a.C. e 715 a.C.) Jerusalém Rio Nilo Elefantina

HISTÓRIA LIVRO

3ª - catarata Kerma

NÚBIA

4ª - catarata

Napata

0 240

ALLMAPS

• Stewart Ross. Egito Antigo: histórias da Antiguidade.

São Paulo: Companhia das

Letrinhas, 2005.

Neste livro, por meio de história em quadrinhos, você vai conhecer o cotidiano e os costumes dos egípcios, destacando o papel das cheias na agricultura.

km

Baixo Egito Alto Egito rio Nilo Cataratas Terras férteis Extensão máxima do Antigo Egito (entre 1580 a.C. e 715 a.C.) Cidades Cidades mais importantes

Fontes: Pierre Serryn e René Blasselle. Atlas Bordas géographique et historique. Paris: Bordas, 1996; Atlas historique: histoire de l’humanité. Paris: Hachette, 1987.

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Para ampliar

Águas rumo ao mar

Os rios correm de regiões de maior altitude para as mais baixas, onde desaguam em outros rios e lagos ou nos mares. Os termos “alto” e “baixo” são geralmente usados para nomear a parte dos rios e as regiões por onde eles passam. Note que, no caso do rio Nilo, é chamada Alto Egito a parte do reino que se desenvolveu nas terras mais altas, ou seja, com mais altitude. E é chamada Baixo Egito a parte do reino que se desenvolveu nas terras mais baixas, mais próximas do mar Mediterrâneo.

Muitos pesquisadores acreditam que os conflitos levaram alguns povoados a dominar outros ou a fazer acordos para que usassem as águas do rio Nilo da melhor maneira. Ao longo de séculos, esse teria sido um dos motivos para a criação de um governo centralizado, que também passou a exercer controle sobre o armazenamento dos alimentos, garantindo alguma segurança em tempos difíceis, quando as colheitas não fossem boas ou quando houvesse ataque de outros povos.

Assim, ao longo do tempo, os povoados foram se unindo cada vez mais, formando os dois grandes reinos, no Baixo Egito e no Alto Egito. Cerca de 5 mil anos antes do tempo presente, ocorreu a união desses dois reinos sob um único soberano – chamado de faraó –, dando origem ao que hoje chamamos de Egito Antigo, que é um dos povos com governo centralizado mais antigo de que se tem conhecimento. A cultura dos egípcios antigos difundiu-se e exerceu muita influência tanto em povos vizinhos como distantes.

BIBLE LAND PICTURES/AKG/ALBUM / ALBUM / FOTOARENA

Pintura mural encontrada em uma tumba do Egito Antigo que mostra camponeses trabalhando na agricultura, 1300 a.C.

• Dos alimentos que consumimos atualmente, você sabe quais são feitos de trigo e cevada? Se não souber, pesquise ou pergunte à pessoa que prepara as refeições em sua família. Resposta pessoal.

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Destaque a importância da água e da agricultura para o surgimento do Estado e da centralização de poder nas sociedades antigas. O controle de estoque de alimentos, o armazenamento de grãos, o controle das áreas férteis nas margens dos rios, são elementos importantes no surgimento das primeiras civilizações.

A imagem encontrada em uma tumba, destaca a agricultura no Egito Antigo, revelando a importância dessa prática na Antiguidade. Você pode levantar os principais produtos cultivados pelas sociedades da antiguidade e comparar com sua produção nos dias de hoje.

Os estudantes podem mencionar diversos itens. O mais provável é citarem pães, bolos, biscoitos e massas. Se quiser aprofundar o assunto, relacionando-o com Ciências, comente que, na alimentação, o trigo pode ser substituído por outros ingredientes, como arroz, mandioca ou batata. O glúten, uma substância encontrada no trigo, é causa de diversas alergias em algumas pessoas.

Habilidades trabalhadas:

EF05HI01 EF05HI02

Procure esclarecer aos estudantes que os fatores ambientais ou geográficos são parte de vários elementos presentes na organização das sociedades. Embora no caso da Mesopotâmia e do Egito Antigo a gestão dos recursos hídricos teve um papel importante na organização das primeiras estruturas sociais, por si só não explica todo o processo. Mesmo em sua origem, pesam outros elementos como o estabelecimento de hierarquias e a disputa por poder.

Como veremos no caso do Egito Antigo, há condições ambientais significativas que influenciaram na unificação, já que havia praticamente um único grande curso de rio em que o uso das águas por uma comunidade repercutia imediatamente na seguinte. Mas a própria crença de que o faraó controlaria as cheias do Nilo mostra o quanto a sociedade egípcia era regida pelas crenças.

Com 6 992 quilômetros, o Rio Amazonas percorre o norte da América do Sul, a floresta amazônica e deságua no Oceano Atlântico. A maior parte do rio está inserida na planície sedimentar amazônica, embora a nascente em sua totalidade seja acidentada e de grande altitude. Marginalmente, a vegetação ribeirinha é, em sua maioria, exuberante, predominando as florestas equatoriais da Amazônia. Explore a imagem com os estudantes, comparando o Rio Amazonas a outros grandes rios do mundo, como o Nilo, no Egito, Tigre e Eufrates na Mesopotâmia, entre outros. Destaque que, no continente americano, as primeiras comunidades, vilas e cidades também surgiram nas margens de rios.

O termo “sociedade complexa” não deve ser entendido como valoração, em detrimento das demais sociedades. O termo serve para indicar modos de vida que, nas sociedades complexas, demandam diversos processos e procedimentos interligados e relacionados entre si, implicando, por exemplo, em maior divisão de trabalho.

Os rios também foram muito importantes para a organização das comunidades americanas.

A história da ocupação da região amazônica, por exemplo, remonta há aproximadamente 14 mil anos, quando grupos caçadores e coletores também se estabeleceram próximo a rios, principalmente no rio Amazonas.

Recentemente pesquisadores brasileiros revelaram que os primeiros habitantes da Amazônia formavam sociedades organizadas e complexas.

WORLDCLASSPHOTO/SHUTTERSTOCK

Vista aérea de trecho do rio Amazonas.

Trata-se de uma investigação que deve mudar boa parte do que se tinha estudado sobre a ocupação da região amazônica. De imediato, desmente que o lado oeste da Amazônia é uma vasta área estéril de cultura humana complexa, como se pensava. Trabalhos de terraplenagem enigmáticos deixados por sociedades organizadas mostram que elas viveram e cultivaram ali.

Gonçalo Júnior. Amazônia perdida e achada. Revista Fapesp. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/amazonia-perdida-e-achada/. Acesso em: 5 jun. 2021. Estéril: que não tem ou é desprovido de alguma coisa.

Terraplenagem:

escavação, transporte de terras.

1 De que modo as recentes descobertas arqueológicas na Amazônia podem mudar o que se sabia até então da ocupação da região? Elas apontam para a existência de comunidades complexas em uma região que se acreditava não ter sido habitada anteriormente. 2 O texto revela um dado importante sobre a ocupação na região e sua relação com os rios. Que dado é esse? O texto afirma que os povos que habitaram aquela região modificaram o solo para cultivar alimentos. Espera-se que os estudantes identifiquem que essa modificação se relaciona com a água dos rios, que na época eram fundamentais para a agricultura.

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Para o professor

MONTERO, Paula. Reflexões sobre uma antropologia das sociedades complexas. Revista de Antropologia. São Paulo: Dez. 1991. Disponível em: www.revistas.usp. br/ra/article/view/111255/109519. Acesso em: 12 ago. 2021.

Artigo comentando a trajetória do conceito de sociedade complexa a partir das discussões das noções de humanidade e cultura pelos antropólogos e da crítica ao etnocentrismo.

No continente americano, rios como o Amazonas e o Uruguai foram muito importantes para diversos povos, nômades e sedentários, que se desenvolveram às suas margens ou próximo a eles.

No entanto, a maior parte dos povos que se desenvolveram nesse continente buscou a proximidade com lagos ou nascentes de rios em regiões montanhosas.

Além disso, muitos dos povos americanos antigos usavam o milho como principal alimento, pois seu cultivo pode ser feito em regiões com maiores altitudes.

Povos da América Central

Na América Central, os mais antigos aldeamentos foram datados pelos arqueólogos em 4 mil anos. Várias culturas distintas se sucederam na região, como os zapotecas e os olmecas. Por volta de 1200 a.C., os olmecas já se organizam em cidades; já os maias começam a construir as suas a partir de 1000 a.C., aproximadamente.

Por praticar a técnica de queimada nas plantações após as colheitas, os maia enfrentaram problemas de esgotamento do solo em algumas regiões, o que os obrigou a construir novas cidades em outros locais onde as terras ainda não haviam sido cultivadas.

Os diversos povos antigos da América Central conservaram a autonomia de suas aldeias e cidades até os astecas estabelecerem seu domínio na região, por volta de 1300 d.C. Mas o milho permaneceu na base da alimentação, mantendo-se o principal alimento cultivado.

Estatueta feita de jade policromado de deus maia do milho, cerca de 600 d.C.

BRIDGEMAN IMAGENS/EASYPIX BRASIL – MUSEU NACIONAL DE ANTROPOLOGIA, CIDADE DO MÉXICO

Os estudantes podem mencionar diversos itens com base no fubá e no amido de milho. Entre os mais prováveis –

além do milho in natura, cozido ou assado, e da pipoca – podem estar pães e bolos, em geral combinados com trigo. Também podem ser mencionados: pamonha, canjica, cuscuz, mingau, angu (ou polenta), entre outros.

• Converse com as pessoas da sua família e responda: Quais alimentos produzidos com milho fazem parte da nossa alimentação atualmente? 21

Faça uma leitura compartilhada com os estudantes do texto. Aproveite o momento para verificar se lembram e compreenderam, de fato, a diferença entre povos nômades e sedentários. Esse pode ser um momento de avaliação continuada.

Amplie a discussão, destacando a estatueta feita de jade. Inicie uma discussão com os estudantes sobre fontes históricas, fazendo a seguinte pergunta: Quais informações a imagem pode nos trazer essas populações? Deixem que discutam livremente sobre o assunto, apenas mediando para que não fiquem dúvidas.

Você pode aprofundar a questão das sociedades agrárias relacionando com o modelo de sociedades africanas. Quais são as semelhanças? Quais os produtos cultivados? A partir da indicação abaixo os alunos podem buscar outras referências de pesquisa e trazer para a sala para aprofundar a discussão sobre as sociedades agrárias no continente africano.

Procure enfatizar aos estudantes que todas as primeiras sociedades complexas precisaram garantir algum excedente para possibilitar a diversificação de atividades.

Também é interessante observar que, apesar de ocorrerem sociedades agrárias bastante antigas, elas não representam parte de uma trajetória obrigatória para toda a humanidade. Ainda hoje existem povos caçadores-coletores e horticultores que fazem questão de preservar seu estilo de vida tradicional.

De olho no tempo

As sociedades agrárias

As sociedades que estamos estudando são chamadas pelos pesquisadores de sociedades agrárias. Elas recebem esse nome porque organizaram seu cotidiano, sua economia, seus costumes e suas crenças em torno de um ou alguns poucos produtos agrícolas principais.

No caso do Egito Antigo e dos povos da Mesopotâmia, era o trigo. Na América Central e na América do Sul, era o milho. Também existiram outras sociedades antigas com essa característica, como a que se desenvolveu na China, entre os rios Azul e Amarelo, onde o arroz era o produto agrícola principal. No entanto, é importante considerar que os contextos em que esses povos se desenvolveram são diferentes e nem sempre ocorreram ao mesmo tempo, na mesma época.

Com relação às primeiras sociedades da América Central e da América do Sul, algumas são mais recentes: sua origem remonta ao século III, mais ou menos. Mas há outras sociedades realmente muito antigas, com vestígios que remontam a 5 mil anos.

De toda forma, há várias pesquisas em processo, e com frequência são feitas novas descobertas que podem mudar nosso conhecimento sobre as primeiras sociedades complexas da Sítio arqueológico em Machu Picchu, Peru, com terraços América Central e da América do Sul circulares incas, utilizados na agricultura. (leia o texto da seção De olho nas pistas, a seguir).

Essa parte de nossa história precisa ser conhecida e valorizada, pois conhecer o passado e as origens dos povos nos ajuda a conhecer o presente.

DOUGLAS PEEBLES/ALAMY/FOTOARENA

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De olho nas pistas

A diversidade cultural dos povos indígenas

Estima-se a existência de cerca de 200 sociedades indígenas no Brasil. O número exato não pode ser estabelecido, na medida em que existem grupos indígenas que vivem de forma autônoma, não mantendo contato regular com a sociedade nacional. [...]

A população dessas sociedades é muito variável, havendo grupos relativamente numerosos como os tikuna (20 mil), guarani (30 mil), kaingaing (20 mil), yanomami (10 mil) e outros como os ava-canoeiros, cuja população atual é de apenas 14 pessoas, o que implica que essa sociedade se encontra seriamente ameaçada de desaparecer.

As sociedades indígenas são muito diferenciadas entre si e, normalmente, essas diferenças não podem ser explicadas apenas em decorrência de fatores ecológicos ou razões econômicas.

Na década de 50, [...] os grupos indígenas do Brasil foram classificados em 11 áreas culturais: Norte-Amazônica; Juruá-Purus; Guaporé; Tapajós-Madeira; Alto-Xingu; Tocantins-Xingu; Pindaré-Gurupi; Paraná; Paraguai; Nordeste e Tietê-Uruguai.

A área cultural do Alto-Xingu, por exemplo, adquiriu sua conformação geográfica a partir da observação de certos costumes comuns e específicos à maioria dos grupos indígenas da região. Entre esses costumes, destacam-se: a festa dos mortos, também conhecida como Kuarup; o uso cerimonial do propulsor de dardos; o uluri, acessório da indumentária feminina; as casas de projeção ovalada e tetos-parede em ogiva e o consumo da mandioca como base da alimentação desses grupos.

RENATO SOARES/PULSAR IMAGENS Indígenas da etnia waurá enfileirados durante o ritual do Kuarup. Parque Indígena do Xingu, Gaúcha do Norte (Mato Grosso), 2019.

A diversidade cultural dos povos indígenas. Museu do Índio. Disponível em: http://www.museudoindio.gov.br/educativo/pesquisa-escolar/251-a-diversidade-cultural-dos-povos-indigenas. Acesso em: 5 jun. 2021.

A primeira questão a ser discutida sobre a diversidade indígena é que esses povos lutam para poder contar a sua própria história e preservar a sua identidade. Inicie uma conversa com os estudantes sobre o assunto. Pergunte a eles: Podemos afirmar que existe uma identidade indígena? Quais os critérios utilizados para a definição de indígena? Esse pode ser um momento importante para valorização desses povos. Peça aos estudantes que realizem pesquisas sobre o assunto e tragam para a sala de aula.

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Esses antigos povos americanos são considerados sociedades agrárias e complexas porque possuíam governo centralizado, organização em cidades ou aldeamentos fixos (sedentarismo), economia, cultura e organização social com base na agricultura.

Mesmo que os estudantes não reconheçam a imagem dos produtos, é preciso que mencionem seus nomes.

Habilidades trabalhadas:

EF05HI01 EF05HI09

Juntar saberes

1 Com base no que você estudou sobre a Mesopotâmia, responda: Por que a presença de terras férteis é considerada um fator importante para a sedentarização dos povos?

Você pode usar as expressões da lista a seguir em sua resposta. • Cultivo de produtos para alimentação. Na região da Mesopotâmia, a presença de terras férteis atraiu vários povos que percorriam longas • Locomoção frequente de um lugar a outro. distâncias para obter alimentos. O cultivo de • Obtenção de alimentos. produtos destinados à alimentação sempre no mesmo lugar foi um dos fatores que levou esses • Plantio e criação de animais. povos a se tornarem sedentários, mantendo-se próximo às terras férteis. 2 Relacione as seguintes expressões entre si e escreva um texto que explique o surgimento das primeiras cidades na região da Mesopotâmia. • Cultivo de plantas para alimentação. Espera-se que no texto os estudantes indiquem • Moradias próximas. que a existência de terras férteis permitia o cultivo de plantas para alimentação, o que exigia trabalho • Terras férteis. conjunto de várias pessoas, levando à construção • Trabalho conjunto. de moradias próximas umas das outras, formando as aldeias e, depois, as cidades. 3 Quais são as características dos antigos povos americanos que os identificam como sociedades agrárias e complexas? 4 Nas imagens a seguir, identifique aquelas que representam: a) o principal produto agrícola de vários povos americanos antigos; b) o produto agrícola que teria sido domesticado pelos povos antigos que viviam às margens do rio Nilo, no Egito.

Eles tinham governo centralizado, organizavam-se em cidades ou aldeamentos fixos (sedentarismo) e tinham a economia, a cultura e a organização social estruturadas com base na agricultura. a) milho; b) trigo.

trigo

24 feijão cevada

milho arroz

soja

MACIEL SANTOS/YAN

Atividade complementar

Passe a atividade a seguir para os estudantes. Ela pode servir também como avaliação para o encerramento da unidade. 1. A Cidade Sagrada de Caral-Supe, localizada no Peru, foi construída por um dos antigos povos americanos.

Atualmente, ela é um sítio arqueológico e foi considerada Patrimônio Cultural Mundial pela Unesco. Junte-se a alguns colegas, façam uma pesquisa e descubram: a) Por que a Cidade Sagrada de Caral-Supe foi considerada um Patrimônio Cultural Mundial? Quando isso ocorreu? b) Qual foi o antigo povo americano que construiu essa cidade? Quando isso ocorreu? c) Relate pelo menos uma característica cultural, social e política desse povo.

5 Reescreva as frases no caderno completando as lacunas. a) São chamados de ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| os povos que, para obter alimentos, sempre se mudam, sem se fixar por muito tempo em um único lugar. nômades b) São chamados de ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| os povos que vivem em moradias fixas em um lugar e praticam atividades que não exigem mudança constante, como a agricultura. sedentários c) Denominam-se sociedades ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| aquelas que possuem governo centralizado e organização em cidades ou aldeamentos fixos. complexas

6 Observe as fotografias a seguir e responda às perguntas.

RENATO SOARES/PULSAR IMAGENS

Indígenas da etnia waurá arrastam rede para pescaria na lagoa Piyulaga. Parque Indígena do Xingu, Gaúcha do Norte (Mato Grosso), 2019. Crianças indígenas da etnia xavante brincam em rio na Terra Indígena Sangradouro. General Carneiro (Mato Grosso), 2020.

Indígenas da etnia maxakali lavam roupas em rio. Porto Seguro (Bahia), 2019.

CESAR DINIZ/PULSAR IMAGENS

CHICO FERREIRA/PULSAR IMAGENS

a) O que as fotografias nos revelam sobre a divisão de tarefas nessas comunidades indígenas? Elas mostram parte das responsabilidades de cada um. Aos homens cabe providenciar alimentos; às mulheres, os cuidados domésticos; e às crianças, aprender e brincar. b) Qual é a importância do rio para essas comunidades?

O rio é importante para a alimentação, o trabalho e o lazer das comunidades.

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Avalição formativa

Aproveite essa seção para realizar a avaliação formativa, propondo aos estudantes a reflexão e a relação entre os conceitos e conhecimentos explorados na unidade. Identifique, junto aos estudantes, os diferentes espaços e tempos históricos explorados estabelecendo relações entre eles a partir da questão da importância da água para o surgimento das primeiras civilizações. Destaque, ainda, o processo de sedentarização e o domínio da agricultura. Leve os estudantes a refletir sobre como esta prática trouxe mais qualidade de vida para os homens na época, favorecendo o surgimento de grandes civilizações que cresceram às margens dos rios. Observe que esse é um fato que ocorre em diferentes espaços e épocas sem necessariamente haver relação entre elas. Conceitos importantes a serem avaliados: nomadismo; sedentarização e sociedades agrárias. Você pode explorar também as habilidades dos estudantes na leitura de imagens, estabelecer relação com o conteúdo da unidade sobre os usos e a importância do rio, observar também a questão do banho como hábito cultural indígena e o papel da mulher na divisão de tarefas.

Habilidades trabalhadas: EF05HI01 EF05HI09

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