Inocência em quadrinhos MDP

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VISCONDE DE TAUNAY

INOCÊNCIA Adaptação de Ronaldo Antonelli Ilustrações de Francisco Vilachã

E nsino M édio

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR autoria de Gustavo Assano CC BY NC 4.0 International


Inocência

São Paulo, 2021 – 1a- edição Material Digital do Professor Ensino Médio

Responsabilidade editorial: Ana Mortara Coordenação editorial: Estúdio Caraminhoca Autoria: Gustavo Assano Revisão: Equipe Casa de Letras

Hedra Educação Rua Fradique Coutinho, 1139 Vila Madalena - São Paulo - SP Tel. 011 2157-3687

Produzido sob licença CC BY 4.0 International


Sumário

Carta aos professores .............................................. 5 Propostas de atividades 1 ........................................ 6 Propostas de atividades 2 ...................................... 18 Para aprofundar ..................................................... 33 Sugestões de referências complementares ....... 37 Bibliografia Comentada ........................................ 38



Carta aos professores Caro educador/educadora, Este manual busca estabelecer pontos de contato entre a matéria literária apresentada neste livro e você, que é quem de fato coloca em prática o processo educativo. O presente volume consiste numa adaptação para a forma de história em quadrinhos de um dos romances mais importantes do romantismo tardio da literatura brasileira. O fato de ser uma adaptação em HQ não pode ser tratado como mero detalhe. Aqui serão fornecidas uma série de questões, propostas de atividades e materiais suplementares que permitirão elaborar o quão proveitoso o uso dessa forma pode ser. Esperamos que ache útil e divertido! O romance adaptado é Inocência, de Visconde de Taunay. Foi publicado em 1872. É contemporâneo, portanto, a um período em que a literatura brasileira já ganhava fortes ares de maturidade autoconsciente. Taunay publica suas obras mais marcantes quando nomes como José de Alencar, Manuel Antonio de Almeida, Joaquim Manuel de Macedo e o jovem Machado de Assis já circulavam como autores apreciados pelo público letrado metropolitano da época. De origem nobre, oriundo de família envolvida com os meios oficiais da cultura e da arte do século XIX, o Visconde de Taunay será responsável pela consolidação, em sua forma mais bem-acabada, do que se convencionou chamar de “regionalismo romântico”, em que regiões consideradas distantes e ermas para um público urbano são tratadas como dignas de atenção e reconhecimento. A linguagem em quadrinhos permitirá que estes temas e questões sejam apresentados com tinturas de atualidade, tornando o que pode parecer distante da realidade de nosso tempo em algo presente e palatável. Temas como a ordem escravocrata, a ordem patriarcal e o conflito entre cultura do campo e cultura da cidade poderão ser tratadas como temas que dizem respeito ao leitor que aprecia as linhas e cores dos quadrinhos. Esperamos que achem útil para o bom trabalho em sala de aula! Inocência

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Propostas de atividades 1 1) Tema: O universo das HQs relacionado com prosa romanesca e cinema. (EM13LP51) Selecionar obras do repertório artístico-literário contemporâneo à disposição segundo suas predileções, de modo a constituir um acervo pessoal e dele se apropriar para se inserir e intervir com autonomia e criticidade no meio cultural. (EM13LP52) Criar obras autorais, em diferentes gêneros e mídias – mediante seleção e apropriação de recursos textuais e expressivos do repertório artístico –, e/ou produções derivadas (paródias, estilizações, fanfics, fanclipes etc.), como forma de dialogar crítica e/ou subjetivamente com o texto literário.

Conteúdo: Apresentação das histórias em quadrinhos enquanto forma específica de expressão artística compreendida e comparada com formas literárias em prosa e formas cinematográficas. Objetivos: Capacitar alunos para a compreensão das histórias em quadrinhos como forma e gênero artístico que possui uma especificidade expressiva, e para a distinção entre esta forma e a especificidade das formas narrativas em prosa, bem como das formas cinematográficas. Justificativa: A forma de composição de obras ficcionais a partir de história em quadrinhos representa uma forma de comunicação de massa amplamente difundida e profundamente consolidada em termos de penetração popular. Neste sentido, sob um primeiro olhar, não há grandes desafios em propor que se leia uma obra escrita no formato de história em quadrinhos para educandos. Em boa medida, a maior parte destes jovens já se familiarizaram com sua estrutura de composição, suas convenções básicas de apresentar personagens, espaços, temporalidades e dinâmicas de enredo.

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No entanto, tal como acontece com a maior parte dos temas relacionados à conversas e discussões sobre obras de arte e apreciação de escrita literária, dificilmente alguém gastou alguns minutos refletindo sobre como estes elementos estão dispostos em termos de consolidação da forma específica em que este material é consumido. Não é muito diferente do que se passa quando se tenta discutir um romance ou um poema narrativo. Ao perguntar sobre as impressões sobre um livro como, digamos, Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, alguns dirão que acharam o personagem Leonardo Pataca engraçado e divertido, enquanto outros poderão acha-lo cruel e irresponsável; alguns poderão achar o enredo dinâmico ao ponto de não poder largar o livro, e outros acharão uma chatice sem fim. Independente destas posições, é muito fácil esta conversa ser desfiada esquecendo-se que a forma lidada é a de um romance, assim como é deixado de lado a consciência sobre quais elementos da leitura são específicos dessa forma artística. Pois bem, a mesma preocupação pode estar presente quando se discute uma história em quadrinhos com estudantes em sala de aula. Tanto uma revista em quadrinhos quanto um romance dispõem narrativas que se constroem a partir de enredo, foco narrativo, personagens, linguagem contextual e variedade de recursos de narração. E por terem estes elementos em comum, ambos também podem trazer grandes questões a partir de problemas da natureza do material fictício, do papel do leitor e da importância e maneira de emitir juízos de valor. Cabe ao professor atentar e enfatizar o fato de que ao se discutir estes elementos, se está assimilando construções formais comuns à prosa literária, assim como ao cinema de ficção.

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Metodologia: Numa primeira rodada de conversa, é possível que muitas de algumas das mais célebres HQs de super-heróis sejam mencionadas, como Homem-Aranha, Batman, e X-Men. Talvez seja da predileção de alguns as revistas derivadas de tirinhas humorísticas e espirituosas como Calvin, Asterix, Turma da Mônica ou até mesmo a obra da Laerte ou a Mafalda de Quino. Pode ser que na sala de aula já se possa encontrar aficionados do gênero, havendo citações de obras consideradas de grande maturidade da forma, como as de Alan Moore ou Neil Gaiman (nunca se deve subestimar as possibilidades de contato dos estudantes com uma forma artística tão diversa e tão massificada!). Ao propor esta atividade, que pode ser das mais descontraídas, é importante que se incentive nos alunos: - A compreensão e consciência sobre o amplo leque de possibilidades sobre a variação de formas de contar histórias e de apresentar gêneros narrativos. Por mais que alguém goste de tirinhas concebidas por Maurício de Souza e não aprecie tiragens limitadas da Marvel, é importante que se articule e enuncie esta diferenciação a partir de elementos das obras levadas em conta pelos alunos. - A reflexão sobre os conteúdos das obras citadas na atividade. São muito bem-vindas perguntas simples como “por que você gosta dessa HQ?”, ou “por que você não gosta desse personagem?”. Aqui o educador também é um facilitador no convite para que os alunos elaborem sobre o próprio gosto, ainda que seja uma fase inicial da conversa sobre forma proposta em sala de aula. Desta forma os alunos se sentirão incentivados a lidar com a obra a ser lida em sala de aula como uma continuidade da fruição estética que já trazem tida como hábito extra-escolar. No entanto, não se deve deixar de levar em conta que se trata agora de uma discussão compromissada e não um mero momento de lazer. - A compreensão da existência de um alto nível de informação em diferentes gêneros de histórias em quadrinhos, com elemen-

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tos passíveis de serem absorvidos e discutidos em sala de aula. O próprio conhecimento do educador sobre a forma será de grande proveito nessa questão, pois é deste material que informações são constantemente absorvidas e assimiladas à própria linguagem dos educandos. Ao longo desta atividade, uma clássica comparação que poderá ser feita é sobre a relação entre histórias em quadrinhos e a forma do cinema. É muito possível que alguns alunos terão chegado ao universo das HQs tendo como primeiro contato com personagens célebres através de obras cinematográficas. Será de grande proveito enfatizar as proximidades entre estas formas, ambas de natureza primordialmente visual, dependendo de imagens para fazer narrativas progredirem, mas também concebendo o cinema como dependente de elementos de natureza diversa, como o som para o cinema e o texto escrito para os quadrinhos. Ao estabelecer esta relação, porém, é de grande importância enfatizar que estes meios não são idênticos. Ao assistir um filme, o espectador toma uma atitude muito mais passiva do que quando alguém lê uma revista em quadrinhos. Quando uma cena de filme se encerra, obrigatoriamente se assistirá a sequência seguinte, não sendo mais possível revisitar o trecho passado quando assistido no cinema. É desta forma que o diretor organiza o ritmo da recepção de seu público, fruindo da obra em plena passividade. Histórias em quadrinhos, por outro lado, cobram do leitor uma atitude ativa, não muito distante da leitura de um romance em prosa. Pode-se ler uma página em alguns segundos, ou pode-se contemplá-la por muitos minutos a fio, sendo da escolha do leitor o ritmo da experiência de apreciação. Um grau maior de interatividade e compromisso é cobrado dos leitores de HQ e estas diferenças não podem ser perdidas de vista nesta conversa introdutória. Tempo estimado: Duas aulas de 50 minutos.

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2) Tema: As especificidades da forma HQ . (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. (EM13LP54) Criar obras autorais, em diferentes gêneros e mídias – mediante seleção e apropriação de recursos textuais e expressivos do repertório artístico –, e/ou produções derivadas (paródias, estilizações, fanfics, fanclipes etc.), como forma de dialogar crítica e/ou subjetivamente com o texto literário.

Conteúdo: Apresentação de elementos estruturais e estilísticos específicos da forma artística história em quadrinhos a partir do desenvolvimento de conhecimentos prévios do contato com esta forma. Objetivos: Capacitar os alunos para a identificação e articulação de elementos estruturais e estilísticos específicos da forma história em quadrinhos, bem como romper com prévias ideações sobre a oposição entre arte elevada e arte de menor valor em relação a outras formas artísticas, como o romance moderno. Espera-se que com esta aula os alunos tenham os instrumentais necessários para ler uma história em quadrinhos conscientes da linguagem específica desta forma Justificativa: Num momento prévio à leitura da obra em questão, se tem uma boa oportunidade de quebrar preconceitos antigos sobre os quadrinhos como uma cultura menor e as obras romanescas em prosa como necessariamente fonte de elevação por mera convenção do gênero literário. Romper este preconceito é uma forma de furar o bloqueio da intimidação que os grandes nomes da literatura podem fazer recair sobre jovens leitores.

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Metodologia: Propor, seja em duplas ou individualmente, em discussão ou por escrito, que os próprios alunos façam uso de seu conhecimento prévio sobre a forma em quadrinhos e elenquem quais elementos desta forma se diferem de um romance em prosa. Conforme diferentes recursos técnicos são elencados, poderão ser reunidos na lousa, como balões de diálogo, caixas de narração, quadros sequenciados, balões de pensamento, onomatopeias ou imagens. - A partir dessa decomposição, que pode ter maior ou menor amplitude dependendo do que é reunido pelos estudantes, usar um exemplo que concentre uma sequência de três quadrinhos. Pode ser tirado do próprio livro que este manual introduz! - Proponha que, em duplas ou individualmente, se discuta e se coloque por escrito o que acham que está acontecendo na sequência de três imagens, independente dos balões de diálogo. É a oportunidade de encorajar que refinem e reflitam sobre o plano icônico e imagético dos quadrinhos independente do plano textual. Peça que cada dupla ou aluno individual leia o que redigiram. Nas

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orientações desta atividade, as seguintes ênfases podem ser dadas: Peça que relatem o que está acontecendo; que articulem como eles sabem disso; que digam como a sequência de imagens faz com que se sintam em relação aos personagens ou situação apresentada, e por quê sentem-se assim; que descrevam como os personagens se sentem, e que justifiquem a elaboração da resposta com elementos presentes nos quadrinhos. A partir do material fornecido pela discussão, uma série de elementos serão levantados para se esmiuçar a especificidade da forma de histórias em quadrinhos. Poderá ser sublinhada a importância da linguagem corporal e expressões faciais de personagens desenhados. Poderá ser discutido como imagens estáticas por si só podem contar histórias e, ao dispô-las em sequência, como uma progressão de conteúdos narrativos acontece. Será também uma oportunidade de discutir o papel das cores, quando são vivas, quando são neutras, ou até mesmo ausentes, trazendo ênfase para a consciência das escolhas artísticas das composições cromáticas dos quadros. Se poderá discutir a função da combinação entre linguagem verbal e imagética, entendendo-as como inter-relacionadas seja por complementariedade, seja por contradição (o que o personagem diz pode não ser condizente com o que é mostrado pelo quadro). Assim, se poderá apresentar os elementos básicos da construção narrativa em quadrinhos não a partir de exposições teóricas, mas da articulação da prática interpretativa sobre o material em questão. Esta consciência da forma artística poderá ser trabalhada a partir de conhecimentos que os alunos já possuem! Tempo estimado: Uma aula de 50 minutos.

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3) Tema: A relação da forma literária em prosa com a linguagem dos HQs. (EM13LP51) Selecionar obras do repertório artístico-literário contemporâneo à disposição segundo suas predileções, de modo a constituir um acervo pessoal e dele se apropriar para se inserir e intervir com autonomia e criticidade no meio cultural.

Conteúdo: A especificidade da atividade de leitura e a necessidade do uso da imaginação do leitor para o bom aproveitamento do material fruído esteticamente na forma histórias em quadrinho e a diferenciação dos mesmos elementos para relacionar-se com a escrita em prosa. Objetivo: Capacitar os alunos para o exercício ativo e progressivo do exercício da imaginação para ir além dos elementos dispostos nos quadrinhos, bem como saber diferenciar ativamente a forma do exercício imaginativo para a fruição de textos em prosa. Justificativa: Um dos elementos básicos a se levar em conta ao tratar da forma história em quadrinhos é a fixidez da narrativa, em que momentos-chave da história são revelados pela expressão visual e outros são deixados a cargo da imaginação do leitor. Neste sentido, os estudantes são constantemente convidados a pensar quando leem histórias em quadrinhos, complementando na imaginação o que não está expresso em composição gráfica. Uma forma clássica do uso de histórias em quadrinhos em sala de aula em que estas facetas são exercitadas é quando o professor fornece uma tirinha qualquer e pede que os alunos completem os balões de diálogo em branco de forma que o conteúdo do texto verbal se harmonize com o que foi apresentado visualmente como ação narrada.

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Este precedente tão comum sobre o uso desta forma em sala de aula pode ser aproveitado para refletir sobre o sentido da adaptação de um meio artístico para outro. Dentro das possibilidades expressivas que se compõem num livro de histórias em quadrinhos, se pretende refletir sobre a compreensão da relação de adaptações como tradução de uma determinada forma de construir códigos simbólicos narrativos para outro, sem que a passagem da linguagem verbal para a icônico-textual seja vista como redução, limitação ou perda de complexidade. Metodologia: A partir de uma página ou coluna de histórias em quadrinhos, propor que se escreva em sala de aula um parágrafo que narre em prosa o material visual e textual em forma de HQ. O professor poderá justamente incentivar que o estudante complete com o uso da imaginação e organizando em forma de texto em prosa o que é apenas sugerido e não explicitado pelo material gráfico. Com o resultado do exercício feito pelos alunos, se terá a oportunidade de apontar como muitas linhas podem ser resumidas numa única unidade visual, um único quadro da HQ, ou como o contrário também vale, ou seja, como uma frase curta, ou um parágrafo de poucas linhas, ao omitir detalhes, pode resumir o conteúdo de uma página com 12 ou mais quadros. Desta feita, se terá claro e em termos práticos o que se deve ter em mente ao se levar em conta a leitura de uma adaptação de um meio para outro, que no fundo não é nada mais e nada menos que a tradução de um código expressivo (texto em prosa) para outro (HQ). Tempo estimado: Uma aula de 50 minutos.

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4) Tema: O apelo sentimental e idealismo lírico do romantismo literário em Inocência na forma HQ. (EM13LP48) Analisar assimilações e rupturas no processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perceber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos. (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mundo nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos romances, a dimensão política e social de textos da literatura marginal e da periferia etc.) para experimentar os diferentes ângulos de apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.

Conteúdo: A sentimentalidade introspectiva e o idealismo lírico convencionais do romantismo presentes na adaptação em quadrinhos do romance Inocência, de Visconde de Taunay. Objetivos: Capacitar os alunos para a identificação de elementos e recursos expressivos na forma história em quadrinhos que indicam os conflitos subjetivos, de natureza íntima e que se objetivam na objetividade do conflito dramático organizado no romance Inocência. Justificativa: Tendo apreciado as diversas especificidades da forma artística composta em história em quadrinhos, é possível conceber atividades específicas sobre a adaptação de Inocência, de Visconde de Taunay. Por tratar-se de uma obra clássica do romantismo brasileiro, uma série de questões podem ser indicadas e percebidas durante a leitura da HQ. Em sala de aula, pode-se sugerir que os alunos pontuem elementos que indiquem as convenções estilísticas básicas desta escola literária do século XIX e adaptados para a narrativa gráfica.

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A título de exemplo, a adaptação coloca balões que diferem falas diretas e pensamentos de personagens. Estes são bons motes para tematizar o conflito entre sentimentos reprimidos e não expressos e a necessidade de preservação de aparências sociais. Estes elementos permitem tornar explícita uma das dinâmicas do conflito que mobilizam o enredo: o amor platônico e reprimido, que é idealizado e impedido de ser praticado, vivido em plena efetividade. São traços da estética romântica, em que a interioridade guarda forças de autenticidade dos sentimentos dos pares amorosos. Com esta atividade será possível discutir diferentes etapas da progressão do conflito do enredo e também relacioná-las com a convenção romântica mencionada após a conclusão da leitura da adaptação em quadrinhos. Metodologia: Em sala de aula, seja em grupos, em pares ou individualmente, propõe-se que: - Apresente o primeiro quadro da página 25, o terceiro quadrinho da página 42 e sublinhe os balões de pensamento colocados sobre Cirino. Ao lado destes, apresente o diálogo nos dois primeiros quadros da terceira coluna na página 44. - Tendo em vista os temas e convenções do romantismo literário brasileiro, proponha aos alunos que elaborem por quê Cirino pensa e não diz estas falas. Seja por escrito ou em discussão em sala de aula, oriente para que as respostas sejam dadas justificando com elementos do enredo apresentado até então. - Após esta discussão, proponha aos alunos que pensem em outros momentos em que os personagens pensam coisas que não são ditas pelos personagens e apenas pensadas. Incentive a elaboração das reflexões para que sejam feitas em função do que é apresentado nos quadros e nas situações específicas do enredo.

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Quando o segundo quadro da terceira coluna da página 44 apresenta o rosto perplexo de Cirino diante de Pereira, reação à fala do pai autoritário e hiperprotetor, se apresenta a exasperação e angústia do protagonista pela força de sua expressão facial. Pereira opina que é melhor prezar por quem fala o que guarda em plano íntimo, pois quem não fala o que pensa pode ser “perigo donde não se espera”. Em poucos quadros se resume a colisão de vontades entre os personagens, bem como a situação ambivalente e de duplo vínculo do protagonista ao ser bem recebido pelo anfitrião. Estes são exemplos de uso proveitoso dos recursos da forma de histórias em quadrinhos para a adaptação dos conflitos centrais do romance. Tempo estimado: Uma ou duas aulas de 50 minutos.

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Propostas de atividades 2 1) Tema: O período histórico em que o romance Inocência é retratado. (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. (EM13LP48) Analisar assimilações e rupturas no processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perceber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos. (EM13LP52) Analisar obras significativas da literatura brasileira e da literatura de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos), considerando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais etc.) e o modo como elas dialogam com o presente. (EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais da emergência de matrizes conceituais hegemônicas (etnocentrismo, evolução, modernidade etc.), comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos. (EM13CHS104) Analisar objetos da cultura material e imaterial como suporte de conhecimentos, valores, crenças e práticas que singularizam diferentes sociedades inseridas no tempo e no espaço.

Conteúdo: Apresentação dos elementos que permitem refletir sobre conflitos e temas da vida cultural e social brasileira durante o século XIX do Segundo Reinado, na última quadra de século anterior à Proclamação da República. Objetivos: Capacitar os alunos para a identificação e reflexão sobre a distância histórica entre o período retratado na adaptação em quadrinhos do romance Inocência e o período contemporâneo.

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Justificativa: O romance Inocência é publicado em 1872 e se passa em 1860 no sertão mato-grossense. A maior parte da ação retratada no enredo se passa numa casa de um médio fazendeiro proprietário de escravos, propriedade isolada numa região sertaneja amplamente inexplorada. O conflito dramático central é desencadeado pela desventura amorosa e platônica condicionada pelo trato de casamento arranjado, em que uma moça é prometida a um bom-partido selecionado e arranjado pelo pai e que se apaixona por um boticário forasteiro que está só de passagem num amor à primeira vista. Há noções específicas e datadas sobre trabalho cientifico como signos de progresso e modernidade e da vida rural como atraso e rusticidade. Todos estes são elementos cruciais para a compreensão da progressão do enredo de Inocência, mas que podem causar relativo estranhamento ou confusão sobre a coerência e verossimilhança da matéria literária apresentada se não forem devidamente contextualizadas. Hábitos e convenções culturais, bem como estruturas sociais expostas como dados naturais são motivo de proveitosos debates e reflexão sobre o período histórico retratado e o que o romance se mantém atual e o que já não diz respeito à imaginação espontânea de estudantes que são incentivados a refletir sobre a obra adaptada. Metodologia: Propor que, em roda de conversa, se discuta a distância temporal dos conflitos do enredo de Inocência a partir de quatro eixos: As relações familiares retratadas; a intriga amorosa entre Cirino e Inocência; as formas da vida no campo; a autoridade e reverência ao suposto médico e o naturalista Meyer.

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Após esta discussão, propor que, em duplas ou individualmente, se enumere e se discorra sobre dois exemplos contidos na adaptação em quadrinhos de cada um dos eixos colocados em discussão na roda de conversa. Esta reflexão poderá ser acompanhada das seguintes provocações e questionamentos: O que torna esta situação selecionada estranha para nosso tempo? O que mudou daquele tempo para o nosso? Se esta situação nos é estranha, como seria a mesma prática hoje? Mas será que hoje é tão diferente assim? O que diz sobre nossos hábitos e práticas sociais hoje o fato de termos sido assim num passado não muito distante? O que permanece e o que ficou dessas práticas que parecem tão distantes? Feito este exercício, propor que alguns dos alunos leiam suas formulações e discutam o que foi percebido, debatam as divergências e concordâncias do que é percebido sobre o material analisado. Esta será uma oportunidade de, a partir do que é percebido e mobilizado pelos próprios alunos, tecer comentários sobre o ato de refletir historicamente. É importante enfatizar a consciência sobre um determinado ponto de vista no momento da reflexão histórica e literária, portanto é um momento de incentivo à reflexão crítica tanto sobre a história do Brasil como também sobre o exercício do próprio gosto sobre a matéria literária. Cabe ao professor incentivar que os alunos reflitam sobre as diferentes causalidades que mobilizam e promovem determinadas formas de agir e pensar em sociedade. Para que não se recaia no risco de triunfalismo do presente, ou no reverso, que seria a nostalgia sobre o passado, é preciso colocar em prática a reflexão sobre formas de viver e pensar condicionadas pelas situações históricas. Tempo estimado: Uma aula de 50 minutos.

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2) Tema: Os conflitos entre forças sociais do sertão e da cidade retratados no enredo da adaptação do romance Inocência. (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. (EM13LP48) Analisar assimilações e rupturas no processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perceber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos. (EM13LP52) Analisar obras significativas da literatura brasileira e da literatura de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos), considerando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais etc.) e o modo como elas dialogam com o presente. (EM13CHS101) Analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão e à crítica de ideias filosóficas e processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais. (EM13CHS105) Identificar, contextualizar e criticar as tipologias evolutivas (como populações nômades e sedentárias, entre outras) e as oposições dicotômicas (cidade/ campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/sensibilidade, material/virtual etc.), explicitando as ambiguidades e a complexidade dos conceitos e dos sujeitos envolvidos em diferentes circunstâncias e processos. (EM13CHS206) Analisar a ocupação humana e a produção do espaço em diferentes tempos, aplicando os princípios de localização, distribuição, ordem, extensão, conexão, arranjos, casualidade, entre outros que contribuem para o raciocínio geográfico.

Conteúdo: Apresentação de alegorias sobre conflitos sociais retratados no enredo de Inocência a partir das relações estabelecidas entre os personagens centrais que mobilizam o enredo e os temas sociais que a colisão de vontades estabelece no plano dramático da narrativa.

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Objetivo: Incentivar mobilizar nos estudantes o espírito crítico e reconhecimento do processo de representação de conflitos e temas fora da linha dramática estabelecida pelo arco da trama construída no enredo da adaptação em quadrinhos. Justificativa: O conflito dramático de Inocência apresenta personagens fortes, marcantes, com ações concretas que mobilizam formas convencionais do romantismo brasileiro como o amor impossível, o desenlace violento desencadeado por intriga amorosa, os temas conflitivos que remetem à intensidade emotiva de um drama elegíaco como Romeu e Julieta. Pode-se torcer contra ou a favor da boa fortuna do casal, esperar a punição e desventura de personagens que agem como antagonistas, vilões e intriguistas. No entanto, é muito fácil assim perder de vista o que a relação entre os personagens pode significar num sentido não apenas do que o enredo melodramático coloca em movimento. Quando se estabelece um conflito de vontades, como é típico dessa forma de intriga romântica, estas vontades não são apenas conflitos individuais, mas também representações de conflitos sociais, ideológicos, políticos, religiosos, etc. Ou seja, o conflito dramático também representa o conflito entre forças exteriores, de natureza mais ampla do que o mero ambiente doméstico retratado. É desta forma que os pares, conflito e diálogos são também alegorias de temas sociais da época. O conflito entre Cirino e Pereira não é apenas entre pai zeloso e amante frustrado, mas também entre o discurso da modernidade, do pensamento científico e letrado, dos hábitos urbanos recém-formados nas capitais do país e os hábitos da vida do Brasil colonial, hábitos iletrados, de vida rural, de costumes tidos por muitos como signo de atraso. Um paralelo deste sentido pode ser estabelecido entre o cientista zoologista alemão Meyer e seu criado Juque, que não são apenas patrão e criado,

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mas também cultura sofisticada e cosmopolita contraposta ao homem comum criado em ambiente rural no Brasil. O próprio desenlace expõe um triunfo do pensamento científico reconciliado com um ideal de pureza sentimental com a homenagem de Meyer dando o nome de Inocência à nova espécie de borboleta descoberta, contraposta a uma imagem de autoritarismo e repressão que os costumes coloniais de Pereira representam. Por sua vez, Cirino prevalece como voz de razoabilidade e razão entre contraposto a Pereira no respeito à vontade da filha. Todos estes elementos facilmente são ignorados quando a única ênfase é o estabelecimento da intriga amorosa e sua resolução. Metodologia: Após seleção de quadrinhos que exemplifiquem a relação entre os personagens centrais, propor que reflitam individualmente ou em duplas o que o encontro e o diálogo estabelecido no trecho mostrado mobiliza e representa no enredo de Inocência. Como exemplo, tomemos os quatro quadrinhos da segunda coluna da página 26. São exemplo de construção proveitosa do uso da forma quadrinho para a exposição de elementos não dramáticos na construção dos personagens. Se expõe a ingenuidade de pereira sobre a perturbação sentimental de Cirino, seguido da subalternidade de Juque em relação a Meyer e, por último, expõe-se Cirino, Pereira e Meyer dispostos um ao lado do outro, cada qual em cores diferentes, possibilitando a compreensão e interpretação de que cada um representa forças e valores diferentes em interação. Proponha aos alunos que elaborem o que cada personagem representa nesta interação usando dos recursos expressivos da forma história em quadrinhos. As seguintes questões podem ser proveitosas: Por que Cirino está de olhos fechados ao escutar a fala de Pereira? Por que Juque e Meyer são colocados em quadrinhos separados? A interação entre os dois quer revelar o quê sobre a re-

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preensão de Meyer? Por quê Cirino, Pereira e Meyer estão pintados de cores diferentes no último quadrinho? O que estas cores querem dizer ao diferenciá-los, o que as cores podem representar? A mesma estratégia pode ser usada em diferentes passagens e momentos da história em quadrinhos, seja na apresentação de Juque e Meyer, seja nos diversos encontros e confrontos dos diferentes personagens em interação no enredo. Desta forma, a vida social e o período histórico retratados em Inocência poderão ser matizados e discutidos em sala de aula sem abandonar o plano particular do enredo encontrado na adaptação. Tempo estimado: Uma ou duas aulas de 50 minutos.

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3) Tema: Os elementos de uma sociedade escravocrata no enredo do romance Inocência. (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. (EM13LP48) Analisar assimilações e rupturas no processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perceber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos. (EM13LP52) Analisar obras significativas da literatura brasileira e da literatura de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos), considerando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais etc.) e o modo como elas dialogam com o presente. (EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais da emergência de matrizes conceituais hegemônicas (etnocentrismo, evolução, modernidade etc.), comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos. (EM13CHS104) Analisar objetos da cultura material e imaterial como suporte de conhecimentos, valores, crenças e práticas que singularizam diferentes sociedades inseridas no tempo e no espaço. (EM13CHS105) Identificar, contextualizar e criticar as tipologias evolutivas (como populações nômades e sedentárias, entre outras) e as oposições dicotômicas (cidade/ campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/sensibilidade, material/virtual etc.), explicitando as ambiguidades e a complexidade dos conceitos e dos sujeitos envolvidos em diferentes circunstâncias e processos. (EM13CHS501) Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identi cando processos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, o empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade.

Conteúdo: Apresentação dos elementos dentro do enredo e dos recursos estilísticos da forma história em quadrinhos da adaptação do romance Inocência as marcas que permitem reconhecer que se trata de uma sociedade escravocrata.

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Objetivo: Capacitar os alunos para o reconhecimento de temas, hábitos e costumes retratados no material em quadrinhos da adaptação do romance Inocência sobre o que permite inferir e entender que se trata de uma sociedade escravocrata retratada no enredo. Também se busca incentivar a reflexão crítica os posicionamentos da narrativa na forma de retratar negros em uma sociedade escravocrata. Justificativa: O romance se passa em 1860, dez anos após a conquista da Lei Eusébio de Queirós, e publicado em 1872, um ano após a promulgação da Lei do Ventre Livre. As marcas do movimento abolicionista, no entanto, que aos poucos passava a ganhar expressão ao longo desta última quadra do século XIX, não estão explicitadas na composição do enredo de Inocência. No entanto, as marcas de uma sociedade dividida entre escravos, homens livres e proprietários se faz presente ao longo de toda a obra. Dificilmente este tema passará batido e é necessário que o ambiente em sala de aula seja um espaço em que as delicadas questões sobre a formas de retratar o negro e a cultura negra na literatura brasileira sejam exploradas. No caso da adaptação em quadrinhos para Inocência, o tema pode ser concentrado na apresentação de dois personagens coadjuvantes: Maria Conga e Tico. A primeira é a cozinheira da propriedade de Pereira, o segundo é o “faz-tudo” do proprietário. Circulam, portanto, no ambiente doméstico e surgem como forças subalternizadas, afeitos, leais e adaptados à situação de cativeiro. Pressupõe-se a normalidade e fidelidade sem conflitos ao amo sob a condição de cativos. Maria Conga é quase um personagem adereço, que imprime peso de realidade ao retratar uma média propriedade rural do período, sem que se desdobre como força decisiva na resolução dos conflitos colocados. Esta naturalidade do convívio com a escravidão deve ser discutida nos termos do reconhecimento do ambiente doméstico assimilado e tido como verossímil para o público leitor da época. Já Tico, cumpre uma função decisiva: É a testemu-

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nha que delata o caso amoroso entre Cirino e Inocência a Pereira e Meyer. Em sua condição de testemunha e delator, apresenta uma relação de contraditoriedade em relação ao amo: é subalterno, mas sabe mais do que ocorre entre as paredes do ambiente doméstico do que o dono da casa. Por ser tratado como ser irrelevante, consegue perceber muito mais que o amo sobre as ações estabelecidas às escondidas e é tem uma visão privilegiada sobre o todo do enredo antes de sua resolução. Esta condição de mensageiro e observador privilegiado o torna, ainda que coadjuvante, peça decisiva para a progressão da narrativa. Metodologia: Em roda de conversa, apresentar os trechos dos quadrinhos das páginas 9 e 10 (chegada de Cirino e Pereira na casa e apresentação de Maria Conga), da página 17 (diálogo entre Meyer e Juque sobre o sentido de espancar o animal) e a página 58 (tico relata o caso entre Inocência e Cirino a Pereira e Manecão).

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Após a leitura dos trechos, apresentar as seguintes questões: O que as ações de Maria Conga dizem sobre sua função na fazenda de Pereira? O que a cumplicidade da personagem diz sobre a relação entre escravo e amo no mundo retratado em Inocência? Quais elementos da construção narrativa organizada no enredo imprimem à personagem a condição de coadjuvante? A cena de Juque esmurrando o burro, não poderia ser pensada como um comentário sobre a relação entre amos e escravos? O que a cena parece querer comentar? Qual a função de Tico neste momento do enredo o qual sua importância para o desenrolar da narrativa? Como poderíamos comparar Tico e Maria Conga em termos de função cumprida na história em quadrinhos? É necessário que se matize estas determinações da cultura brasileira em termos de recepção do material, mas também esclarecendo o que desta subalternidade da condição de escravo revela sobre a função cumprida por parte dos personagens no enredo. Assim, se conseguirá matizar a escravidão como uma segunda natureza, uma força que se sedimentou ao ponto de sua naturalização na vida social do século XIX, mas sem que se abandone em sala de aula as consequências da estrutura narrativa de Inocência ao enfatizar-se a questão. Tempo estimado: Uma aula de 50 minutos.

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4) Tema: Os elementos de conflito de gênero da sociedade patriarcal retratada na adaptação do romance Inocência. (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. (EM13LP48) Analisar assimilações e rupturas no processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perceber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos. (EM13LP52) Analisar obras significativas da literatura brasileira e da literatura de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos), considerando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais etc.) e o modo como elas dialogam com o presente. (EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais da emergência de matrizes conceituais hegemônicas (etnocentrismo, evolução, modernidade etc.), comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos. (EM13CHS104) Analisar objetos da cultura material e imaterial como suporte de conhecimentos, valores, crenças e práticas que singularizam diferentes sociedades inseridas no tempo e no espaço. (EM13CHS105) Identificar, contextualizar e criticar as tipologias evolutivas (como populações nômades e sedentárias, entre outras) e as oposições dicotômicas (cidade/ campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/sensibilidade, material/virtual etc.), explicitando as ambiguidades e a complexidade dos conceitos e dos sujeitos envolvidos em diferentes circunstâncias e processos. (EM13CHS501) Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identi cando processos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, o empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade.

Conteúdo: Apresentação das diversas nuances e dimensões conflitivas que permitem pensar o lugar social reservado às mulheres no mundo retratado no enredo de Inocência.

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Objetivo: Capacitar os alunos para o reconhecimento dos conflitos sobre as relações de gênero tratadas como tema e como forma de estabelecer relações entre as diversas colisões e relações individuais entre personagens no conflito dramático da adaptação em quadrinhos do romance Inocência. Justificativa: No núcleo central que organiza os diversos conflitos contidos na narrativa de Inocência está o debate sobre o papel da mulher sob dois pontos de vista divergentes: o modo de pensar e agir de Pereira e Manecão e as concepções de Cirino. São destes dois pontos de vista que se moldarão as barreiras e fronteiras de tensão sobre o processo de construção da personagem, bem como o sentido expressivo de suas vontades e vivências de desejos dentro do conflito amoroso. Esta relação de co-dependência da personagem feminina dentro da composição de um universo patriarcal restritivo e composto por uma série de imperativos demandados por tradições familiares são resultado de uma série de sedimentos culturais sobre relacionados à manutenção de status e honra na vida sertaneja.

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Estas posições se desdobram na oposição entre respeitar ou não respeitar a opinião e vontade de Inocência para o casamento, o que, trocando em miúdos, se faz ou não sentido trata-la como uma pessoa autônoma, independente e imbuída de vontade própria. Em termos limitados e adaptados para as convenções do romantismo da época, é central para a compreensão do enredo os debates da época sobre emancipação feminina como signo de modernidade. No entanto, colocar a questão nestes termos pode causar uma série de estranhamentos que podem se desdobrar em proveitosos debates em sala de aula. Há uma série de nuances que devem ser levadas em conta: a evolução histórica do debate sobre o lugar social da mulher dentro sob uma ordem estruturalmente patriarcal, a matização do quanto este debate evoluiu da perspectiva crítica de leitores do século XIX e o exercício crítico que possibilite as ponderações sobre os posicionamentos e valorações ajuizadas no enredo concebido por Visconde de Taunay. Será esta uma atividade que incentivará tanto nos alunos quanto nos professores a reflexão sobre distanciamento histórico, a evolução da sociedade em mediar a vida das mulheres e a importância da preservação de um espírito crítico livre de anacronismos na capacidade de formulação. Tudo isto deve ser almejado sem que se perca de vista a realização formal e artística do enredo por onde se deu o ponto de partida da discussão.

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Metodologia: Apresentar aos estudantes o diálogo entre Cirino e Pereira nas páginas 13 e 14, em que Pereira coloca suas posições sobre a necessidade de arranjar casamento para a filha e Cirino coloca que não divide das mesmas posições das mulheres. Em seguida, expor o diálogo na página 40 e 41, o escândalo de Pereira com a sugestão de “consultar” a filha se lhe agrada a ideia do casamento. Por último, expor o diálogo entre Inocência e Cirino na página 45, em que Cirino a trata como santa e Inocência diz que prefere a morte a rejeição do par amoroso. Após a leitura dos trechos, propor que, em duplas ou individualmente, releiam com cuidado os trechos e elaborem por escrito reflexões sobre as seguintes questões: O que a posição de Pereira revela sobre o lugar social ocupado pelas mulheres no mundo retratado em Inocência? O que a resposta de Cirino revela sobre sua posição em relação à questão? O que o escândalo de Pereira revela sobre esta questão enquanto convenção social? Colocadas estas questões e estabelecidas respostas, propor para serem discutidas as seguintes questões sobre o diálogo da página 45: O que Cirino revela sobre sua relação com Inocência ao compará-la com uma “santa”? O que Inocência revela sobre o que espera de sua relação amorosa ao declarar que prefere a morte à rejeição? O que se espera de Inocência nesta relação amorosa em seu papel de mulher? Assim, feitas estas atividades nesta ordem se espera que primeiro se consiga identificar a oposição entre a coerção social sobre mulheres no costume de casamento arranjados e a condição submissa e opressora sobre as mulheres na voz de Pereira. No entanto, com a atividade seguinte se espera que se possa problematizar a idealização santificante de Inocência como santa e emocionalmente co-dependente da figura masculina como também uma relação que limita a autonomia da figura feminina na relação estabelecida. Tempo estimado: Uma aula de 50 minutos 32

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Para aprofundar Inocência, de Visconde de Taunay, consiste na primeira grande obra de fôlego que consegue retratar o sertão mato-grossense com imaginação literária consistente, transformando a forma romanesca em instrumento de desbravamento de um Brasil ainda não plenamente conhecido pelas classes letradas brasileiras do Brasil da última quadra do Século XIX. Os dilemas e temas apresentados em latência nesta obra não desbotaram, sendo estes cruciais para a compreensão da origem conflitiva da diversidade regional e cultural brasileira. Pensar neste romance significa refletir sobre os tempos e os espaços de nossa experiência cultural. O espaço do sertão é determinante na obra de Taunay, pois dele se apreende um estado de contradição permanente. Dele se enfatiza belezas arrebatadoras, é fonte de infinitas possibilidades de vida no mesmo compasso que abarca pobreza e desespero - o esplendor e o inóspito são colocados em determinação recíproca, síntese de natureza e cultura simultaneamente. Tida como uma obra de transição entre o esgarçamento das idealizações idílicas do romantismo para o chã-chão, terra-terra do fatalismo científico naturalista, o romance aqui adaptado em história em quadrinhos apresenta um amalgama de temas apresentados em termos contraditórios. Uma série de oposições mobilizam a estrutura do enredo impresso nos quadrinhos: Paisagem e conflito dramático; o pitoresco e o cosmopolita; patriarcado colonial de casa grande e dignidade do lugar social da mulher do ponto de vista liberal-positivista; amor platônico e convenções de honra familiar; iluminismo e autoridade intelectual pedante de teatro social. Em

Inocência, Taunay acreditava ter realizado a grande aspiração do romantismo brasileiro: a sedimentação do nacionalismo estético.

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Ex-militar e descendente de pintores renomados próximos à corte, Taunay conheceu o sertão brasileiro como expedicionário militar da expedição de Mato Grosso integrando a Comissão de Engenheiros como tenente na Guerra do Paraguai. Celebradas páginas de escrito memorialístico amplamente estudadas e concebe sua obra mais célebre depois de Inocência, A retirada da Laguna (1874). É desta experiência que recolhe impressões preciosas como testemunha de paragens, pessoas, hábitos e processos da reprodução da vida social do sertão. O olhar militar e científico combinado com a sensibilidade artística o transformam num dos primeiros sertanistas com sensibilidade poética. Fato que pode ser atestado com o primeiro capítulo de Inocência, em que a descrição apurada da fauna e flora da topografia encontra ritmo e harmonia na riqueza de imagens e vocação para a capacidade retórico-expressiva. Estas páginas são tidas como prefiguração e modelo para as primeira e segunda parte d’Os sertões (1902), de Euclides da Cunha, e passagens diversas do Grande Sertão: Veredas (1956), de Guimarães Rosa. Ainda assim, mesmo nesta destreza com a objetividade expressiva, o meio exterior serve de artifício para traduzir a interioridades, havendo céu trevoso e hostil quando personagens em desespero são retratados, e paragens verdejantes e de comovente harmonia quando estão satisfeitos e gozando de felicidade plena. Aqui temos a natureza como uma tradução da vida espiritual artisticamente retratada, outro forte traço da estética pertencente ao romantismo. O retrato do meio sertanejo é reflexo da relação entre pessoas; relações sociais, portanto. O território é ao mesmo tempo espaço quase mítico e espaço que determina a vida de toda uma população. Neste sentido, pensar o território era também pensar cultura e disputas por poder e dominação. Daí o enfoque da trama do romance em conflitos entre personagens de origem urbana e rural, culminando no assassinato do elemento alienígena da cultura local: a eli-

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minação de Cirino, ação violenta que restitui ordem e preserva noções de honra ferida. A dimensão trágica do romance parece, dado o destino malogrado dos amantes ingênuos, trazer um balanço sobre esta cultura, relacionando a vitória dos costumes locais como um juízo de negatividade, em que a brutalidade vence a delicadeza e relações de mando triunfam sobre aspirações aparentemente liberais. Não é sem estranhamento que leitores do século XXI receberão a sentimentalidade por trás do conflito amoroso e desenlace trágico expostos na relação entre Inocência e Cirino. O amor à primeira vista, o desejo pela morte na percepção da impossibilidade da união amorosa, a luta pela honra e a busca pela redenção no momento da morte por amor soam soluções prescritas, quase forçadas. No entanto, é preciso exercer o esforço de aprofundar-se na materialidade artística da obra lida, para evitar que soluções que reproduzem convenções sejam lidas como receitas cumpridas de maneira mecânica. Os aspectos de novela passional por trás da narrativa de Taunay servem propósitos artísticos bem específicos sobre as diversas colisões que expressam conflitos sociais, políticos e ideológicos já abordados neste manual e que permeiam o enredo de Inocência. É preciso contextualizar o sucesso das obras sentimentais do período romântico, salientar em sala de aula o contexto histórico dos gostos literários. A prevalência do idealismo amoroso concebe o sentimento promovendo-o à categoria do incomensurável, assumindo um estatuto que resvala no religioso, de tal maneira que as tentativas de consumar o amor são tornadas vulgares diante de tal elevada perfeição. Não é difícil entender como será fácil parodiar esta forma de conceber o mundo por grandes autores realistas, basta comparar com qualquer aspecto da vida mundana. Mas aqui, o idílio ainda é convenção legitimada e é preciso entender por quê assim o foi para que a obra possa ser devidamente explorada.

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O fatalismo do sentimento que conduz os amantes em suas ideias fixas explora uma noção de intensidade da vida que é incompatível com o mundo real. É dessa fricção entre o plano ideal e os conflitos sociais que foi possível imprimir sentido à resolução trágica. É essa relação contraditória entre idealismo idílico e dureza dos obstáculos da vida real que permite transformar este plano da idealidade em parâmetro de avaliação sobre o que impede a sua realização na vida real. Daí a percepção de um posicionamento crítico da obra sobre forças sociais em conflito. Taunay via no projeto civilizatório e no lamento pelo triunfo da rusticidade a carência pela unidade nacional, sendo ainda uma luta contra vestígios coloniais para os anseios nacionalistas deste romantismo a superação do vasto território ainda não explorado, governado a partir de núcleos urbanos separados entre si, nunca juntados. Esta percepção também ajuda a pensar sobre o ponto de partida do romance, de dois forasteiros cruzando-se por uma estrada deserta a quilômetros de qualquer vestígio de alma humana. Há, portanto, dentro do reconhecimento de um localismo não explorado uma vontade e anseio por integração nacional, parte dos sonhos do projeto romântico e nacionalista de unidade nacional e cultural forjado no período. Também pensando no plano do que se manifesta como tensão, a cultura do sertanejo aparece em Inocência aparece com os primeiros vestígios de consciência sobre a penúria, o sofrimento e a falta de condições de vida digna. Pode-se pensar assim as diversas visitas encadeadas de adoecidos que Cirino recebe mesmo não sendo um médico propriamente. A passagem da visita do morfético, o homem que padece de lepra, revela a consciência de que nem todo final pode ser feliz, ou todo sofrimento ter explicação e sentido. Mais alguns anos e esta consciência descambaria para uma nova forma de ver o mundo e conceber obras literárias: o Naturalismo.

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Sugestões de referências complementares Inocência. TAUNAY, Visconde de. 1872. Martin Claret – Romance (Prática de estudo e pesquisa e campo artístico) Inocência. Direção: Walter Lima Jr. 1983 – Filme (Campo artístico) “Representações do Sertão em Inocência, de Visconde de Taunay”. CRUZ, Ednília Nascimento. Macabéa – Revista Eletrônica do Netlli, Vol.7, N. 7, jan-jun., 2018. – Artigo científico (Prática de estudo e pesquisa) Memórias de Paranaíba. Município de Paranaíba. 2020. Endereço eletrônico: <https://www.memoriasdeparanaiba.com.br> – Site memorialístico da cidade com muitas referências da passagem de Taunay, o uso da região como ambiência do romance Inocência e a história da região com imagens de época. (Jornalístico-midiático) “Qual a diferença entre paixão e amor”. DUNDER, Christian. Canal Falando Nisso. 13 de nov. 2016. Endereço eletrônico: https://www. youtube.com/watch?v=-WqnQqiZxiM. – Vídeo sobre o sentido dos conceitos segundo o psicanalista Christian Dunker, que apresenta a questão nos termos da vida pessoal e cotidiana. (Atuação na vida pública)

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Bibliografia Comentada ALAMBERT, Francisco. Literatura e política no Visconde de Taunay. In: De sertões, desertos e espaços incivilizados. ALMEIDA, Ângela Mendes et al. (Orgs). Rio de Janeiro: FAPERJ: MAUAD, 2001. p. 219228. – Neste breve porém denso artigo do historiador é apresentada a natureza multifacetada da expressão do sertão na obra do Visconde de Taunay, bem como há proveitosas digressões sobre o contexto histórico da vida do autor e da historicidade das ideologias e conceitos que reproduz em seus escritos. AMADO, Janaína. Região, Sertão. Nação. In: Estudos Históricos. Rio de Janeiro, Vol. 8, n. 15, 1995. p. 145-151. – Neste artigo a autora apresenta as diversas dimensões e influências do território sertanejo sobre a imaginação social, histórica e literária sobre a cultura brasileira, bem como expõe um apanhado amplo das formas de manifestação e apreensão dos diferentes “sertões” de diferentes regiões do país. CASTRILLON-MENDES, Olga Maria. Taunay viajante e a construção da imagética de Mato Grosso. Campinas, 2007. 243 f. Tese de Doutorado (Instituto de Estudos da Linguagem) – Universidade Estadual de Campinas – SP, 2007. – Tese de doutorado em que se apresenta a obra do Visconde de Taunay no contexto do romantismo brasileiro no século XIX, da busca por um sentido de nacionalidade característico do período monárquico e de sua formação militar oriunda de diferentes campanhas militares. Trata-se de um apanhado geral sobre o sentido formativo da prosa do autor.

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BARBOSA, Alexandre; RAMOS, Paulo; RAMA, Angela; VILELA, Túlio; VERGUEIRO, Waldomiro (orgs.). Como usar a história em quadrinhos na sala de aula. 2. Ed. São Paulo: Contexto, 2005. – A publicação consiste numa coletânea de textos em que são apresentadas didaticamente as diferentes facetas e possibilidades do uso da forma história em quadrinhos em sala de aula. Há artigos que versam sobre a história da forma, as possibilidades de variação estilística e as precedências proveitosas do uso deste tipo de material por educadores. BOSI, Alfredo. “O Romantismo”. In: História concisa da literatura brasileira. 48ª edição. São Paulo: Editora Cultrix, 2006. – Capítulo que resume a evolução do romantismo brasileiro a partir da exposição de seus diversos autores. A obra de Visconde de Taunay é apresentada como exemplo de projeto autoral de “sertanistas”, ao lado de Franklin Távora e Bernardo Guimarães. Panorama de grande valia para se levar em conta ao pensar o contexto da escola literária a que Taunay toma parte. CANDIDO, Antonio. “A corte e a província”. In: Formação da literatura brasileira – Momentos decisivos. São Paulo; Ouro Sobre Azul, 2007. – Capítulo em que a obra e a trajetória de vida de Taunay são apresentadas no contexto formativo da consolidação da literatura brasileira enquanto sistema por formar-se e em que o conceito de regionalismo romântico é exposto. Trata-se de uma das sínteses mais bem-acabadas dos sentidos da prosa do autor como transição das convenções românticas para a objetividade descritiva de escolas literárias futuras. D’ANGELO, Paolo. A estética do romantismo. Lisboa; Editora Estampa, 1998. – Pequeno volume em que são sintetizadas algumas das convenções básicas do romantismo enquanto escola literária, pensamento estético-filosófico e ruptura artística no contexto Europeu.

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