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O perigo está nas redes
from CDM 58
Beatriz Tsutsumi, Camila Acordi, Maria Vitória Bruzamolin e Sarah Guilhermo
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Os pensamentos em espiral sobre magreza e as calorias ingeridas no dia não são a única coisa que enchem a mente de quem sofre de um transtorno alimentar. Por ser um local de fácil acesso para todos os públicos, as redes sociais possuem grande potencial para criar “gatilhos” a certas doenças, entre elas os transtornos alimentares. No twitter as hashtags #Borboletana, #NF (No food - Sem comida, no português), #ED (eating disorder - em português, transtorno alimentar, ), #TA (transtorno alimentar) são constantemente usadas por internautas, em sua maioria, meninas na adolescência. As tags têm como objetivo se tornar um código “secreto” aos que apoiam corpos extremamente magros.
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A estudante Anna Ulson descobriu a comunidade de uma forma que considera cômica, como uma piada de mau gosto do universo. “E minha psicóloga me perguntou se eu conhecia a ‘anamia’, e foi assim que eu descobri”, contou rindo. “Fui pesquisar e descobri a comunidade no Tumblr. Eu passava horas vendo fotos de meninas do T.A., lendo depoimentos, salvando dicas para autocontrole, dietas…” Com uma breve pesquisa no Twitter, é fácil identificar um certo padrão entre os usuários das hashtags, que geralmente possuem em sua biografia seu peso
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Arquivo pessoal
inicial, altura e meta. Sempre seguido do aviso “Se não tiver T.A, não me siga”. Eles não querem que pessoas de fora desenvolvam o transtorno também.
Uma das hashtags mais utilizadas pela comunidade virtual de transtornos alimentares é a #borboletana, que com seu prefixo “Borbolet”, remete a borboletas, inseto considerado leve e belo pelos membros da comunidade. Já o sufixo “Ana” é frequentemente utilizado para fazer alusão à palavra anorexia, uma forma de personificar o transtorno e transformá-lo em uma pessoa “real”.
“Ah, sei lá, deve ser só ansiedade, né?”. Para o estudante de Psicologia, Kaue Cadene, de 19 anos, tudo parecia apenas ansiedade. As crises de vômito, o mal estar e a agonia ao estar fazendo uma refeição eram quase despercebidas. Afinal de contas, ele convivia com a ansiedade desde pequeno.
A gota d’água foi um simples comentário de uma pessoa conhecida sobre seu corpo. Bastou isso para que um episódio de vômito acontecesse. A partir daí, a frequência aumentou, o desejo e necessidade de colocar para fora o que tinha acabado de comer parecia ser insaciável. “Não tem droga
Anna Ulson, estudante.
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que te faça sentir tão bem quanto vomitar, parece que você fica mais leve, fica mais disposto, e isso fica na minha cabeça até hoje”, diz Kaue. Para ele, a bulimia havia se tornado a amiga que o acalentava em momentos de estresse e nervosismo, era um escape, um meio de se livrar de toda a carga que sentia nas costas.
“Eu dizia ‘ah, eu sei a hora de parar’, mas eu não sabia que hora eu ia querer parar”. O vício no vômito e a compulsividade por tirar a refeição pouco ingerida marcaram o ensino médio inteiro de Kaue e toda a sua relação com os colegas. A aflição do mau hálito e os dentes amarelos eram reflexo daquilo que ninguém sabia e nem suspeitava. Disfarçar os episódios virou rotina e ir em restaurantes era um pesadelo, foram incontáveis as vezes em que a ânsia e o desespero de ter que correr para o banheiro público vieram a acontecer.
Mesmo superado sua pior época com o transtorno alimentar, a bulimia ainda deixa lembranças. Uma simples refeição gera desconforto, é difícil de engolir, como se o corpo entendesse que aquilo que está sendo comido logo seria rejeitado. A relação de Kaue com os alimentos ainda é complexa e turbulenta, mas para quem atingiu a marca de seis vômitos por dia, manter uma refeição inteira no estômago é uma grande vitória.
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Veja alguns exemplos das comunidades nas redes sociais
portalcomunicare.com.br
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Como é realizado o tratamento de um transtorno alimentar?
Cada caso é um caso. Mas, em geral, é realizada uma avaliação de comportamento alimentar e clínica para identificar possíveis deficiências como desnutrição e outras questões biológicas. Em seguida, o tratamento se dá de acordo com os resultados obtidos na triagem, levando em conta diversos fatores e áreas. Entre os profissionais envolvidos estão: Psicólogos, nutricionistas, psiquiatras, nutrólogos, pediatras (dependendo da idade), endócrinos e clínicos (para ter uma visão multidisciplinar). Dependendo do caso, ainda podem participar do tratamento fonoaudiólogos, fisioterapeutas e educadores físicos.