Têm na produção de mel uma fonte de rendimento
Apicultores do Alto Minho adaptaram-se para se proteger da vespa asiática Os apicultores profissionais do Alto Minho tiveram de adaptar as suas explorações à invasão da vespa asiática para proteger o sustento da família, que tem na produção de mel uma fonte de rendimento.
com um “maxilar capaz de roer a casca de qualquer fruta e até de carne, a abelha-europeia (Apis mellifera), utilizada para a produção de mel, não sai das colmeias. Os apicultores profissionais “há muito que estão sensibilizados para o problema e arranjaram técnicas para manter Desde a chegada desta praga a Portugal, há 11 anos, as as suas colmeias”. “Como as abelhas não saem é necessária contas do presidente da Associação Apícola de Entre Minho alimentação de suporte. Estamos a gastar quatro a cinco e Lima, Alberto Dias, apontam para mais de meio milhão de quilos de alimentação, por ano, para garantir a sobrevivêneuros de prejuízos por ano causados pela vespa asiática, cia, em média, de 60 mil abelhas, dentro das colmeias”, exespécie que precisa de comer por dia “entre 700 gramas a plicou. um quilograma de abelhas” para crescer forte. “Por ano, A praga começa a “despertar” na Primavera. “Os ninhos cerca de 30% das 12 mil colmeias que os nossos assocomeçam por ter o tamanho de uma bola de pingue-pongue, ciados têm morrem. São cerca de quatro mil colmeias e por volta de Maio de uma bola de futebol e depois temos um cerca de 100 euros de investimento, em cada uma, que cesto que pode ter mais um metro de altura e 80 centímetros se perdem anualmente”, avançou. de largura”, explicou. É a partir de agora, realçou Alberto Dias, Segundo Alberto Dias, “cada colmeia produz, em méque deve avançar a prevenção com colocação em “massa” de dia, por ano, 20 quilogramas de mel”. “Estamos a perder armadilhas de fabrico caseiro. Basta uma garrafa de plástico, uma média, por ano, de 80 mil quilos de mel, vendido de um litro, que se corta pela parte superior. O gargalo é ina seis ou sete euros o quilograma. São mais de meio troduzido no interior da parte cortada e funciona como entrada milhão de euros que vão ao ar. Se o cálculo simples de para a vespa asiática, atraída pelo açúcar, fermento de padeiro fazer for alargado ao país, é fácil perceber o impacto e água colocados no interior. desta praga no setor apícola”, alertou Alberto Dias. Outra “alternativa mais eficaz é fazer um buraco na garrafa, Natural das regiões tropicais e subtropicais do Norte introduzir uma cápsula de café usada nas máquinas caseiras, de da Índia ao leste da China, Indochina e ao arquipélago preferência amarela, cor que atrai a espécie. No interior da garda Indonésia, a espécie entrou na Europa através do rafa há na mesma açúcar, fermento de padeiro e água”. Atraídas porto de Bordéus, em França, em 2004. Os primeiros pelo alimento, entram e acabam por morrer de exaustão, ao tenindícios da presença da vespa velutina no distrito de tar escapar do recipiente. Viana do Castelo surgiram em 2011, mas a situação A “grande preocupação” da APIMIL são os apicultores amadocomeçou a agravar-se a partir do final do ano seguinres, “mais de 50% com mais de 65 anos” que “não se adaptaram te. à nova realidade ou não querem abandonar a forma tradicional de A partir daí, adiantou Alberto Dias, a apicultura viuproduzir mel”. “Perdem muitos efetivos. Tememos que essa ativi-se obrigada a “dar uma volta” para se adaptar à dade venha a desaparecer rapidamente”, referiu. nova realidade. “Percebemos que para termos 100 Com as alterações climáticas, em Janeiro, na freguesia de Castelo colmeias a produzir temos de instalar 140 colmeias. de Neiva, em Viana do Castelo, “foram detetados ninhos ativos”, Sabemos que vamos perder as 40 colmeias para a quando até aqui “mantinham-se ativos até Outubro, no máximo até vespa asiática, a que se junta o prejuízo com todo Novembro”. “Ou seja, neste Inverno a espécie pouco ou nada hio material que compramos”, especificou. Com um bernou e, por isso, temos mais fundadoras. Se temos mais fundadopredador “altamente carnívoro” nas redondezas, ras, vamos ter um ano com muitos mais ninhos”, vaticinou.
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