Gazeta Rural nº 414

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www.gazetarural.comEuros4,00Preço|2022deAgostode31|QuinzenalPeriodicidade|414N.º|AraújoLuísJoséDirector: deemDãoanoseca! • Mostra Gastronómica junta mar e terra na Praia de Mira

Ano XIX | N.º 414 Periodicidade: Quinzenal Director: José Luís Araújo (CP n.º 4803 A) E-mail: jla.viseu@gmail.com | 968 044 320 Editor: Classe Média C. S. Unipessoal, Lda Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Redacção: Luís Pacheco Opinião: Júlio Sá Rego | Gabriel Costa Departamento Comercial: Ana Pinto Sede de Redacção: Lourosa de Cima 3500-891 Viseu | Telefone: 232 436 400 E-mail : Web:gazetarural@gmail.comwww.gazetarural.comICS:Inscriçãonº124546Propriedade: Classe Média - Comunicação e Serviços, Unip. Lda Administrador: José Luís Araújo Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Capital Social: 5000 Euros CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507 021 339 Detentor de 100% do Capital Social: José Luís Araújo Dep. Legal N.º 215914/04 Execução Gráfica e Impressão: Novelgráfica, Lda R. Cap. Salomão, 121 - Viseu | Tel. 232 411 299 Estatuto sãohttp://gazetarural.com/estatutoeditorial/Editorial:TiragemMédiaMensal:2000exemplaresNota:Ostextosdeopiniãopublicadosdaresponsabilidadedosseusautores. FICHA TÉCNICA sumário 04 Feira Agropecuária Transfronteiriça de Vale do Poço mostra o melhor da Serra de Serpa 05 Festival gastronómico em Proença-a-Nova promove o plangaio e do maranho 06 Feira Nacional dos Frutos Secos quer afirmar o Figo Preto de Torres Novas 08 Expodemo exalta a maçã e a cultura de Moimenta da Beira 10 Feira do Vinho do Dão reúne “mais de 70 expositores” 12 Quebra de produção no Dão pode “andar acima dos 20%” 34 “A marca ‘Dão’ é um dos eixos fundamentais da estratégia de afirmação da região”, CIM Viseu Dão Lafões 38 Produtores de vinho do Planalto Mirandês esperam quebras de 20% 40 Xutos e Pontapés, José Cid e Quim Barreiros são os nomes maiores da FICTON 41 Rota do Dão e Petiscos decorre até 21 de setembro 43 Festival promove o pão e outros produtos endógenos de Vila Cova à Coelheira 44 Mostra Gastronómica da Região da Gândara junta o mar e a terra na Praia de Mira 47 Festival de Vinho e Sabor Douro regressa à praia fluvial da Foz do Tua FEIRA DO VINHO DO DÃO REÚNE EM NELAS “MAIS DE EXPOSITORES”70 O Largo do Município, em Nelas, recebe a XXXI Feira do Vinho do Dão, este ano com 45 produtores de vinho, na “maior participação” neste evento, que o presidente da Câmara Municipal de Nelas quer internacionalizar. O certame, que decorre de 1 a 4 de setembro, reúne, ao todo, “mais de 70 expositores, entre produtores de vinho e outros produtos endógenos, como o queijo da serra da Estrela, o azeite ou o mel”, salientou Joa quim Amaral. 09 EspecialvinhodoDão

GISELA JOÃO MÚSICA 22h00 SET 03 sábado MARA PEDRO MÚSICA 22h00 SET 04 domingo ANA BACALHAU MÚSICA 22h00 SET 02 sexta WILSON HONRADO MÚSICA 23h30 SET 03 sábado After Hours SET 2022 0 1 02 03 04DÃO feira vinho nelas DESCUBRA DESFRUTE parceiros lapa do lobo fundação EXPOSITORES PRODUTOS REGIONAIS PROVAS GASTRONOMIA SHOWCOOKINGS ATIVIDADES INFANTISDESPORTOPASSEIOS ANIMAÇÃO feiradovinhododao cm-nelas.pt@feiradovinhododao

Dia 17 de setembro | sábado 08.00 h – Passeio equestre 09.00 h – Caminhadas do Pulo do Lobo à Ribeira de Li mas (mediante inscrição prévia)

• O contexto da Agricultura Biológica na Margem Esquerda do Guadiana • Medidas de apoio ao setor da Agricultura Biológica no âmbito do Pepac – Plano Estratégico da Política Agrícola Co mum para o período 2023-2027

• Validação do Plano de Ação da Bio-Região da Margem Es querda do Guadiana 11.30 h – TAN – Teste de aptidão natural e demonstração de Cães de Pastoreio – Apucap – Nuno Lobinho 15.30 h – “Património Agrícola da Serra de Serpa, Conheci mento para o Futuro” – Sessão de apresentação da estratégia de valorização do território; Apresentação do Sipam “Sistema Agro-silvo-pastoril do Barroso”; • O futuro dos Sipam em Portu gal; Apresentação da proposta de Sipam – Sistemas Importan tes do Património Agrícola Mundial “Montado da Serra de Serpa” e Recolha de contributos para o Plano de Ação da proposta do Sipam “Montado da Serra de Serpa” 21.30 h – Gala Equestre Miguel Fonseca – Organização do Cen tro Equestre Vítor Fraústo 23.00 h – Baile com a Banda Quarta Série Dia 18 de setembro, domingo 9.00 h – Caminhadas do Pulo do Lobo à Ribeira de Limas (me diante inscriçãoCaminhosprévia)da Transumância dos Pastores da Serra de Serpa 15.00 h – Oficina de iniciação à Saboaria Natural – Vamos apren der a fazer sabão de azeite e plantas da Serra de Serpa, pelo método artesanal – Saboaria D`aldeia 20.30 h – Baile com Celso Graciano

Destaques da programação

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O Montado da Serra Grande de Serpa (inclui visita à Serpocarnes)10.30h–IIIEncontro de Produtores de Agricultura Bioló gica da Margem Esquerda do Guadiana

De 16 a 18 de setembro realiza-se a Feira Agropecuária Transfronteiriça de Vale do Poço, com exposição do que melhor se faz na região no setor agropecuário, serviços de apoio à agricultura, exposição de animais e de maquinaria agrícola, gastronomia e animação.

Para além dos habituais expositores de produtos agroa limentares, das tasquinhas com gastronomia regional e da animação, realizam-se o III Encontro de Produtores de Agricultura Biológica da Margem Esquerda do Guadiana, atividades de promoção do turismo de natureza e valoriza ção da biodiversidade da Serra de Serpa, caminhadas, um passeio equestre e uma Gala Equestre.

A organização do certame cabe à Câmara de Serpa, com o apoio da Câmara de Mértola, da União das Fre guesias de Salvador e Santa Maria (Serpa) e da Junta de Freguesia de Santana de Cambras.

Dia 16 de setembro | sexta-feira 16.00 h – Abertura do certame 18.00 h – Sessão pública de apresentação do Mode lo de Cogestão do Parque Natural do Vale do Guadia na; Abertura e boas-vindas – Presidente da Câmara de Serpa – João Efigénio Palma; A co-gestão nas áreas protegidas – Diretora Regional de Conserva ção da Natureza e Florestas – Olga Martins 19.00 h – Inauguração oficial 23.00 h – Baile com Rui Chora De 16 a 18 de setembro Feira Agropecuária

damostradeTransfronteiriçaValedoPoçoomelhorSerradeSerpa

João Efigénio Palma, presidente da autarquia serpense, sublinha que a Feira contribui para “dar alguma dinâmica à região, promovendo os produtos da serra de Serpa, que tanto nos orgulham, através da sua exposição e venda, representando um cartão de visita do que é a Serra de Serpa e das suas potencialidades”.

www.gazetarural.com 5 União das Freguesias de Serpa Salvador e Santa Maria FEIRAXVIII TRANSFRONTEIRIÇA DE VALE DO AGROPECUÁRIAPOÇO 16 ı 17 ı 18 SETEMBRO

gastronómicoFestival eopromoveplangaioomaranho

ANIMAÇÃO2022PASSEIOACAVALOGALAEQUESTRECAMINHADASJOGOSTRADICIONAISMÚSICAPOPULARARTESANATOAGRICULTURABIOLÓGICAGADOOVINOCAPRINOBOVINOTASQUINHASQUEIJOVINHOENCHIDOSAZEITEPASTELARIATRADICIONALGASTRONOMIAREGIONALPROGRAMACOMPLETOwww.cm-serpa.pt

O Festival do Plangaio e do Maranho regressa ao Município de Proença-a-Nova nos dias 24 e 25 de setembro, para renovar a promoção de dois produtos tradicionais do concelho e característicos da zona de Sobreira Formosa, localidade onde se irão realizar as festividades.

O certame regressa à Sobreira Formosa, mais propriamen te ao Largo da Devesa, com um espaço dedicado à gastrono mia local, para as associações inscritas com sede na Junta de freguesia de Sobreira Formosa e Alvito da Beira, bem como a outros produtores do concelho que queiram dar a conhecer os seus artigos aos visitantes. Música popular, fado, arruadas, bombos, animação infantil, animação circense, show-cooking com produtos endógenos, atividades desportivas e jogos tradicionais são algumas das atrações que fazem parte da programação definida para esta nova edição do Festival do Plangaio e do Maranho. Entre os jo gos tradicionais estarão os Jogos da Malha e o Jogo da Tala, típico e jogado de forma praticamente exclusiva em Sobreira Formosa e áreas envolventes. No sábado, dia 24 de setembro, o grupo Sons do Minho so bem a palco, seguidos do Grupo Musical Inovação, que prome tem animar a noite. No domingo, a 25 de setembro, os Bombos da Casa do Benfica de Vila de Rei abrem as hostilidades para o fadista Emanuel Moura fazer as delícias dos espectadores e assim fechar esta edição do festival.

Ao longo dos dois dias a animação vai ser uma constante, com ofertas para miúdos e graúdos, “numa clara aposta do Mu nicípio de Proença-a-Nova, tanto na potencialização dos recur sos endógenos característicos do concelho, como no reavivar de tradições antigas da população desta área regional”.

Nos dias 24 e 25 de setembro na Sobreira Formosa, em Proença-a-Nova

Ao longo dos quatro dias de Feira a animação musical está ga rantida, através da instalação de dois palcos por onde irão passar os Tal&Qual na quinta-feira, dia 8; Fernando Daniel e Festa M80 na sexta-feira, dia 9; Anjos, Peekaboo, Dj Diego Miranda e DJ Sunlize no sábado, dia 10; e os Sons do Lago que encerram o certame no domingo, dia 11. A Feira de Setembro, que tem entrada livre, abre portas na quin ta-feira, dia 8, a partir das 19 horas.

A Feira de Setembro está de regresso ao Parque Mu nicipal de Feiras e Exposições do Concelho de Moura, entre os dias 08 e 11 de Setembro. O certame, que tem como temáticas centrais o Artesanato, o Turismo e a Natureza, congrega, como habitualmente, o Prémio Municipal de Artesanato, o XXVIII Concurso de Méis da Região de Moura, a feira tradicional, o espaço Ludoteca e tasquinhas.

6 www.gazetarural.com Afirmar o Figo Preto de Torres Novas, enquanto produ to diferenciador e de identidade local, é um dos objetivos da XXXV Feira Nacional dos Frutos Secos, que regressa nos seus moldes habituais, após dois anos de interregno devido à pandemia, de 30 de setembro a 9 de outubro na Praça 5 de Outubro e Praça dos Claras, em Torres Novas. Haverá espaço para frutos secos, produtos locais, gastronomia e artesanato numa área de exposição de mais de 2500 m2 Este é um evento de cariz tradicional, que espelha uma alian ça entre a tradição e a inovação, conjugando objetivos de di ferenciação e de qualidade, de transmissão de conhecimento e de envolvimento da comunidade torrejana e dos visitantes.

De 8 a 11 de setembro, Parque Municipal de Feiras e Exposições Fernando Daniel é cabeça de cartaz da Feira de Setembro em Moura

Tem como principais objetivos dinamizar e dignificar o setor dos frutos secos e passados, criar momentos etnográficos representativos da cultura rural local, afirmar o Figo Preto de Torres Novas enquanto produto diferenciador e de identidade local, preservar os saberes e sabores associados aos frutos secos, com principal destaque para a tradição, cultura e pa trimónio torrejanos e afirmar Torres Novas enquanto palco de eventos nacionais de destaque e de qualidade. a 9 de outubro Feira Nacional dos Frutos Secos quer afirmar o Figo Preto de Torres Novas

De 30 de setembro

www.gazetarural.com 7 Milhares de anos de História, ecopista e natureza a perder de vista.LafõesDãoViseu visitviseudaolafoes.pt /visitviseudaolafoes verãoUm comparasemção Promotor Co-Financiamento Parceria

A Expodemo 2022 regressa em versão mais alargada, de três para quatro dias, ocupando a área habitual, agora totalmente renovada da Praça do Tabolado, espaço privilegiado loca lizado no miolo mais urbano e nobre da nossa vila.

O certame vai animar Moimenta da Beira de 15 a 18 de setembro, “numa edição que se espera poder vir a ser a melhor de sempre, com mais visitantes, mais expositores, ainda mais negócio, mais cultura e mais animação”, refere o presidente da Câmara de Moimenta da Beira, que destaca “a massacrada e invadida Ucrânia será o país convidado, representa da pelo seu embaixador em Lisboa e por uma expo sição de fotografias patente ao público no átrio dos Paços do Concelho”. No programa artístico-musical, toda a relevân Na Praça do Tabolado, de 15 a 18 de setembro

cia vai para o concerto de Pedro Abrunhosa, o músico, cantor e escritor de tantas canções que se juntam a tan tos outros hinos, lendas e adágios. Multiplatinado em pra ticamente todos os discos, homem de palco por excelência e de poderosa escrita de canções, Pedro Abrunhosa é uma estrela-maior. O concerto é na noite de 16 de setembro, que logo a seguir dará guarida à primeira Apple Party, com DJ Pedro Costa e Guitos Live Percusion.

Na noite do dia seguinte, a magia chega de França com a Compagnie des Quidams que preparou para a Expodemo o “Fiers à cheval”, espetáculo que é um sonho passageiro, uma procissão de imagens que começa com personagens estra nhas, bizarramente vestidas, venezianos de ficção científica, orgulhosas de si mesmos.

Expodemo exalta a maçã e a cultura de Moimenta da Beira

A Expodemo está de volta, de 15 a 18 de setembro, depois de dois anos de realizações não presenciais. O certame regressa para celebrar a sua décima primeira edição, enquanto feira de cultura, de negócios, de artes e espetáculos de música, teatro, dança, poesia, livros e gastronomia, mas também de experiências enogastronómicas únicas. É, enquanto festa, de exaltação à maçã, fruto da terra, das raízes e da luz. Tudo em três palcos, mais de 150 artistas e mais de 30 espetáculos, com entrada grátis.

Nessa noite, destaque também para a segunda Apple Party com os DJ’s e produtores Carlos Silva e André Reis, protago nistas dos Karetus, que proporcionam espetáculos intensos, apostando em ‘sets’ personalizados que executam munidos de um ‘software’ especializado. Com eles em palco vai estar Dj Piratas, quase residentes do certame. No domingo e a tarde fica por conta da TVI, que transmite em direto do palco Expodemo o seu “Somos Portugal”, programa lí der de audiências. Quase oito horas de emissão, tempo em que dezenas de artistas populares sobem ao palco, tempo em que o nosso concelho e os nossos produtos de maior valia são pro movidos nesta ação verdadeiramente mediática transmitida em direto de Moimenta da Beira para todo o mundo. Mas não só de música vai viver o programa do certame. “Há outros momentos de evidência enorme, alguns que se repetem e outros que constam desde o primeiro cartaz. Destaco os expo sitores dos nossos melhores produtos; o Pavilhão das Letras, que com tertúlias e debates à volta do livro, sessões de poesia e mú sica erudita, enche de cultura a Expodemo; o festival de estátuas vivas, sempre excecional; e claro as inevitáveis provas de maçãs, porque a Expodemo é a Festa da Maçã”, acrescentou o autarca de Moimenta da Beira. Do programa contam também provas de vinhos, algumas comen tadas por especialistas de renome; as tasquinhas; os espaços infan tis; a tradicional gastronomia local.

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vinhoEspecialdoDão

O certame, que decorre de 1 a 4 de setembro, reúne, ao todo, “mais de 70 expositores, entre produtores de vinho e outros produtos endógenos, como o queijo da serra da Estrela, o azeite ou o mel”, salientou Joaquim Amaral.

O Largo do Município, em Nelas, recebe a XXXI Feira do Vinho do Dão, este ano com 45 produtores de vinho, na “maior participação” neste evento, que o presidente da Câmara Municipal de Nelas quer internacionalizar.

Feira do Vinho do Dão reúne “mais de expositores”70

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muito grande por parte do público e da organização, mas também por parte dos produtores, já que se trata de uma das maiores feiras de vinho do país, com exceção para Lis boa e Porto”, defendeu. No entender de Joaquim Amaral, a feira de Nelas “é das maiores do país em termos qualitativos e em dimensão e impacto daquilo que é a promoção deste produto de exce lência” de Portugal. “É claramente um evento de referência não só a nível regional como nacional. A ideia é fazer do Dão o vinho de referência e de excelência na mesa de todo o país e também a nível internacional, porque o nosso objetivo é paulatinamente internacionalizarmos esta nossa feira”, ad mitiu.Oautarca explicou que esta feira foi “trabalhada em con junto com os produtores de vinho, de forma a ir ao encontro dos seus anseios e do que pretendem enquanto modelo de negócio, mas também com o pensamento no futuro”. “Que remos juntar os parceiros e os produtores para trabalhar no alargamento do evento ao enoturismo, à sua profissionaliza ção e à sua internacionalização. É o caminho para promover este nosso produto de excelência que é o Dão”, sublinhou.

ESPECIAL VINHO DO DÃO

Ao longo dos quatro dias haverá degustações e provas dos produtos regionais, para além de outras atividades. Além da vertente mais vitivinícola, há também progra mação para toda a família, com animação para os mais novos, DJ para os mais jovens e ainda os concertos ao início da noite com artistas como Ana Bacalhau, Gisela João e Mara Pedro. No decorrer dos quatro dias estão também agendadas visitas a quintas da região do Dão, a quintas de enoturismo, passeios e “outras iniciativas ligadas ao turismo de Natureza”. Aumento significativo de produtores O aumento de produtores presentes no certame deixou o autarca de Nelas bastante satisfeito. “Te mos 45 produtores de vinho confirmados para a edição deste ano da feira, o que é um aumento sig nificativo comparado com os 30 e pouco dos anos anteriores”, disse Joaquim Amaral. A trigésima primeira edição vai acontecer de 01 a 04 de setembro, na Praça do Município, depois de dois anos sem evento presencial, devido à pan demia de covid-19, o que, no entender do autarca, fez “aumentar a expectativa”. “Há uma expectativa Em Nelas, de 1 a 4 de setembro

Estátua do escanção foi reabilitada Joaquim Amaral destacou que, no primeiro dia de feira, “vai ser inaugurada a reabilitação da estátua do escanção, que é úni ca no mundo, e está em Nelas e foi agora alvo de reabilitação”. “A estátua foi criada precisamente com o intuito de identificar Ne las como o coração do Dão e nunca foi requalificada. Nós requa lificámos a estátua e todo o espaço envolvente com melhoria do espaço e colocação de luzes”, apontou. Um investimento que “não foi muito grande, foi controlado, com um pouco mais de 10.000 euros aquele espaço está totalmente requalificado e é uma home nagem aos profissionais” do vinho e da vinha”.

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Há cerca de um mês as previsões da Comissão Vitivinícola Regional (CVR) do Dão anteviam uma quebra de produção na região a rondar os 10%. Contudo, na situação excecional que vivemos fazer previsões é sempre arriscado, tendo em conta a seca extrema que atravessamos. Em conversa com a Gazeta Rural, o presidente da CVR Dão, Arlindo Cunha, admite que as perdas possam ultrapassar os 20%, mas mantem-se otimista. Se houver “alguns dias de chuva regular”, podem “salvar a vindima”. Gazeta Rural (GR): A estimativa de há um mês, sobre a quebra da produção na região do Dão, que apontava para perdas de 10% está ultrapassada? Arlindo Cunha (AC): As nossas estimativas basearam -se em duas situações climatológicas bastante graves na região, que foram, por um lado, uma sequência de cinco dias com temperaturas elevadíssimas, acima dos 40’, situação que é inusitada na região e que causou um enorme stress térmico em muitas videiras, parando a maturação e matando algumas delas nas zonas mais secas. Por outro lado, a situação gravíssima de seca que atravessamos, com falta de humidade no solo, em que, uma vez mais, muitas vinhas, sobretudo as mais novas, de sequeiro, situadas em zona de encosta, so freram bastante e estão a ter dificuldades com a ma turação das uvas. Nesta altura, há uma ou outra empresa que já co meçou a vindima excecionalmente, sobretudo para espumantes e da casta Jaen, nalguns sítios onde não havia problemas de água. Porém, regra geral, Arlindo Cunha, presidente da CVR Dão

AC: Todos nós tememos essa situação e a acontecerem as trovoadas são normalmente localizadas. O que gostaríamos era que nas próximas duas semanas houvesse dois ou três dias de chuva regular, que ficaria no solo e isso era fantástico. Se as previsões que citou se confirmarem será muito bom e podem salvar a vindima.

ESPECIAL VINHO DO DÃO

GR: Consegue antever que vindima será esta?

Vamos ser otimistas e esperar ter uma vindima mais próxima pos sível do normal.

AC: Não consigo fazer futurologia. No Dão temos sete sub-re giões e, em cada um delas, temos vinhas em zonas mais frescas e com melhores recursos hídricos, outras com rega, mas a maior parte não tem. Há vinhas em zonas de sequeiro e de encosta alta, que são as que sofrem mais com esta seca. Nesta altura seria es peculativo prever o que vai acontecer nesta vindima, mas temos de ser sempre otimistas e esperar que ainda possa haver alguns dias de chuva regular antes das vindimas, ou pelo menos frescura noturna e nevoeiros matinais, que seria muito importantes para a recuperação das videiras e assim poderem cumprir a sua função.

Quebra de produção no Dão pode “andar acima dos 20%” na região, temos um atraso cerca de três semanas para o grosso da vindima. Quanto à estimativa da produção, fazê-la nesta situação excecional é muito difícil, mas com base nestes dados não podemos ser otimistas. Se há um mês prevíamos que era realista uma quebra de 10 a 15%, nesta altura andamos aci ma dos 20%, mas pouco mais podemos dizer.

GR: O IPMA prevê a possibilidade de trovoadas dispersas e alguma chuva a partir do primeiro fim de semana de setembro. Teme que algum fenómeno possa acontecer?

www.gazetarural.com 13www.gazetarural.com 5 Parque Industrial Coimbrões, Lote 76 Apartado 5002, 3501-997 VISEU Tel.: 232 470 760 | Fax: 232 470 769 | E-mail: viseu@soveco.pt www.soveco.pt

Miguel Ginestal é um defensor convicto de que os preços dos vinhos do Dão devem ser compa rados à sua qualidade. O produtor da Quinta dos Monteirinhos aplicou essa máxima nos vinhos que produz na quinta situada em Moimenta da Maceira Dão, no concelho de Mangualde. Em conversa com a Gazeta Rural, Miguel Ginestal diz que “é absolutamente incompreensível que se insista em Portugal, nos vinhos portugueses, em manter uma tendência de preços bai xos”.

vinhos

O produtor diz que 2022 “está a ser um ano mui to difícil”, com aumento das matérias-primas, mas também atrasos nas entregas, factos que fizeram com que os novos vinhos, nomeadamente bran cos, só tivessem chegado ao mercado em agosto, com um atraso de cerca de três meses. Quanto à vindima deste ano Miguel Ginestal está com boas expetativas. Diz Miguel Ginestal, da Quinta dos Monteirinhos “É baixosnaqueincompreensívelseinsistatendênciadepreçosdosportugueses

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Gazeta Rural (GR): Como está o ano vitícola na Quinta dos Monteiros?MiguelGinestal (MG): Está a ser um ano muito difícil. Os anos de 2019 e 2020 foram difíceis, nomeadamente nos setores li gados à nossa atividade comercial, como a restauração e canal HORECA, mas, ainda assim, conseguimos chegar aos clientes e foram dois anos muito positivos para nós. 2022 é um ano atípico, porque depois passarmos a fase mais dura, achámos nós, do Covid, os efeitos de 2020 e 2021 abate ram-se todos este ano, designadamente na cadeia de produção de matérias-primas e materiais essenciais à indústria do vinho, nomeadamente garrafas, rótulos, cápsulas, a que se juntaram atrasos nas entregas de meses. No nosso caso afetou-nos bas tante, na estratégia que tínhamos para este verão, com o lança mento de vinhos brancos, o que só conseguimos fazer no início de agosto. Isto significa que o verão… já foi. Este é um ano difícil e muito exigente e tivemos de adaptar a nossa estratégia em função das novas dificuldades com que toda a cadeia do vinho se viu con frontada. Para além do que já referi, houve um aumento generaliza do dos preços dos fatores de produção, desde a garrafas, às rolhas e à logística. Tudo isto bate naquilo porque nos temos batido, que é no preço do nosso produto final. É absolutamente incompreensível,

GR: A questão é que isto é uma cadeia e pagam to dos pela mesma moeda? MG: Claro. A partir do momento em que se coloca no mercado um vinho barato, por exemplo Encruzado, con tamina toda a cadeia desta casta. O Encruzado é um embaixador do Dão. Nos vendemos vinhos tintos porque temos um Encruzado de referência no mercado. Há 40 anos o Dão era uma região de vinhos tintos. E continua a ser, de vinhos de grande qualidade, como mo novarietais Touriga Nacional e Alfrocheiro, mas tambémblends.

GR: O que lançaram de novo este ano, com o atraso que já re feriu?MG: Engarrafámos quatro vinhos, dois brancos, o Avô António 2020 e Avó Fernanda 2021, e dois tintos, Manual Chaves 2019 e Menino Afonso 2019. Lançámos também um novo espumante ‘blanc de noir’, da nossa referência, produzido pelo método clás sico e feito a partir de uvas tintas. Devemos lançar nas próximas semanas um espumante Rosé. Para além destes vinhos, temos na gama de brancos, um Encruzado e um Blend, e dois tintos, um Touriga Nacional e um Blend.

ESPECIAL VINHO DO DÃO

Mas é também uma grande região de vinhos brancos, em particular de Encruzado, que é uma casta nossa, autóctone. Pode ser produzida em todo o mundo, porque é uma planta, mas só aqui, no Dão, é que ela mostra todo o seu esplendor e qualidade.

Foi isso que estivemos a fazer durante o mês de agosto, que deveríamos ter feito em abril, mas o ano de 2022 é o que é, com os atrasos na entrega das garrafas, rótulos e cápsulas. Ainda as sim, estamos com boas expetativas. A vindima está um pouco atrasada em relação ao que fize mos o ano passado. Na última semana de agosto de 2021 já tínhamos vindimado as uvas para espumante. É um processo muito importante na quinta, que nos ajuda a fazer a maturação final dos tintos. Para já as uvas estão saudáveis, mas como diz a sabedoria popular, até ao lavar dos cestos é vindima e só depois desta é que estamos em condições de saber se vai, ou não, ser um grande ano de vinhos, mas estamos com essa expetativa. Devemos começar a vindima nos primeiros dias de setem bro.

para nós, que se insista em Portugal, nos vinhos portugueses, em manter uma tendência de preços baixos.Hápouco tempo, o Claúdio Martins, uma pessoa por quem tenho muito respeito, disse uma coisa que a região devia ouvir com muita atenção: “Os estrangeiros olham para os vinhos portugueses, na generalidade, como baratos e, portanto, pouco ape lativos”. Nos vinhos o preço é uma qualidade, não é um defeito. Os vinhos portugueses têm qualidade. Este ano a Quinta dos Monteirinhos, na Decanter, teve 97 pontos, em 100, no tinto ‘Manuel Chaves Tou riga Nacional’. Se nos equipararmos a alguns países, e em muitos casos podemos dizê-lo com orgulho, se temos melhores vinhos que os outros, se temos cus tos de produção iguais aos outros, porque não have mos de ter preços iguais aos outros? Esta mudança no pensamento dos operadores do vinho tem de chegar ao nosso país e ao Dão, em particular.

Peter Eckert é um sonhador no que ao vinho diz respeito. Fleumático, no melhor do significado da palavra, tem-se demarcado da corrente tradicional dos vinhos do Dão. Na Quinta das Marias, em Oliveira do Conde, em Carregal do Sal, produz cerca de 60 mil garrafas de vinho, onde tem as castas tradicionais do Dão, oferecendo ao mercado vinhos monovarietais e bends de Touriga Nacional, Alfrocheiro e Encruzado, na sua vertente mais tradicional, mas lançando-se em ‘aventuras’ como o ‘Crudus’, o vinho branco dos seus sonhos, mas também o ‘Sem’, indo ao encontro das novas tendências dos vinhos naturais. Contudo, como insatisfeito que é, anda à procura do ‘tal vinho’ Touriga Nacional, como referiu nesta conversa, muito interessan te, com a Gazeta Rural.

O ‘Crudus’ “é o vinho branco dos meus sonhos”

Peter Eckert, produtor da Quinta das Marias, à Gazeta Rural

Gazeta Rural (GR): Qual é o estado das vinhas na Quinta das Ma rias?Peter Eckert (PE): As nossas vinhas têm-se aguentado bem, de vido ao terreno onde foram plantadas, com solos graníticos, com cerca de metro e meio de areia, e pedras de granito, que são bons conservadores de água. Para já, não temos tido grandes problemas

GR: E tem muito boa Touriga Nacional?

PE: Sim, mas nunca estou satisfeito.

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GR: O futuro passa por esses ‘caminhos’ que anda a ‘trilhar’, com um Dão fora da caixa? PE: Sou economista de formação e sempre trabalhei no am biente ‘o que quer o cliente’, quais as suas necessidades e as ten dências do mercado. Eu encontrei na Suíça, e noutros mercados, onde comercializamos os nossos vinhos, uma nova geração de pessoas interessadas em coisas diferentes. Por exemplo, nesta tendência do ‘Vin Naturel’ há coisas horro rosas, mas também há vinhos muito interessantes e há pessoas que estão por detrás destas novas tendências, diferentes do habitual. É este consumidor que nós queremos satisfazer com os nossos produtos. Para nós é interessante, porque podemos fazer pesquisas de mercados, mas também ver o que se pode fazer na produção e vinificação de vinhos diferentes do passa do, utilizando unicamente as castas tradicionais do Dão.

PE: O ‘Crudus’ é o vinho branco dos meus sonhos. O Luis fez, neste vinho, um excelente trabalho. Nos tintos… ainda estou à procura do meu Touriga Nacional ideal.

GR: Que vinho sonha fazer?

GR: O que vai lançar de novo este ano? PE: Com a vinda do Luís Lopes (enólogo) decidimos fa zer duas linhas de vinhos, os clássicos, como o Encruzado, o Lote, o Cuvée TT, o Touriga Nacional e o Alfrocheiro, mas também os vinhos que chamamos de ‘out of the bottle’, da expressão inglesa ‘out of the box’, que não cabem comple tamente ‘dentro da caixa’, que são diferentes. Já lançámoso‘Crudus’, que tem tido um grande êxito e que conquistou, em pouco tempo, um lugar de prestígio nos vinhos brancos, mas também o ‘SEM’, que é um vinho sem sulfitos. Para breve vamos ter um Alfrocheiro, mas também dois ou três vinhos surpreendentes, que vamos tentar lançar ainda este ano, se ultrapassarmos as burocracias de registo de marcas e aprovação dos rótulos.

QuintaMariasdas V I N H OS DE QU A L I DA DE A N OS S A PA I X Ã O . Quinta das Marias_Inserat halbseitig 23.08.2017 14:36 Seite 2 e esperamos que assim de mantenha até à vindi ma. O estado sanitário das uvas é bom, o que nos deixa otimistas quanto à qualidade do vinho desta vindima.

GR: Abriu a loja de vendas de vinhos da quinta no início do verão. Está a correr bem? PE: Está a correr muito bem e mudou completamen te a forma como recebemos os clientes. Entram para um ambiente próprio, onde podem ver e provar os novos vinhos, bem como os preços dos mesmos. Um detalhe que fez a diferença foi a colocação de um placar à porta da quinta a dizer que temos a loja aberta. Isso tem-nos trazido bastantes clientes, gente que passa e pára.

GR: Espera ter alguma quebra de produção? PE: Este ano, ao contrário de anos anteriores, pra ticamente não fizemos monda de cachos. Temos a nossa produção ‘calibrada’ para seis toneladas de uvas brancas e cinco de tintas, pelo que esperamos ter uma produção mais ou menos igual a anos ante riores. Nas campanhas passadas fizemos uma mon da de cachos maior, para reduzirmos a produção, que este ano não fizemos.

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A vindima já começou na Quinta da Pellada, em Pinhanços, no sopé da Serra da Estrela. “Este ano temos tudo menos uma vindima típica do Dão”, disse Álvaro Castro em entrevista à Gazeta Rural, acrescentando que “o que estamos a passar é o contrário de tudo o que eu achava que era uma grande colheita”. O produtor de Pinhanços tem procurado contrariar o ano atípico regando as vinhas. Mas “isto não vai no bom sentido”.

GR: Dentro desse prima, como olha para os próximos anos?

GR: Com tudo isso, continua preocupado? Este é um verão atípico?AC:Claro que sim, porque isto não vai no bom sentido. É um verão atípico e o problema é que tenho visto que, ao longo dos anos, as coisas vão nesse sentido, ou seja, embora com infle xões, mas a tendência é cada vez mais calor e menos chuva. É verdade que o ano passado choveu bastante por altura da vindima, mas a tendência geral é o que estamos a passar, é a desertificação e o aumento da temperatura. A dúvida é se isto é por efeito de mão humana ou são ciclos, embora eu aponte para a primeira.Nós,anível mundial, temos vindo a exagerar na exploração do planeta. Há bem pouco tempo eramos dois mil milhões e hoje so mos mais de oito mil milhões, com hábitos de consumismo muito mais gravosos. Antigamente as pessoas nasciam e viviam no mes mo sítio, agora almoça-se em Londres e janta-se em Barcelona.

Diz Álvaro Castro, produtor da Quinta da Pellada, em Pinhanços “Este ano temos tudo menos uma típicavindima do Dão”

AC: Em pensava que isto já não me ia afetar muito, mas começo a ter dúvidas.

Gazeta Rural (GR): Tendo em conta o verão que tivemos, que preocupações teve, nomeadamente no que á água diz respeito? Álvaro Castro (AC): Evidentemente que sim e essa é a parte fulcral. As minhas vinhas continuam a es tar com as folhas verdes, mas tudo tem limites. Nas práticas culturais fiz mais movimentações, embo ra sobre isto haja opiniões diversas, porque a erva beneficia a retenção da água na fase inicial quando esta cai, embora eu tenha algumas dúvidas sobre isso.Lembro-me das frases antigas em que se dizia que uma redra é uma rega. A redra era cortar ervas

secas e quebrar as fissuras na terra, que são canais de aspira ção que ajudam à evaporação.

GR: Que vinhos novos lançou, ou vai lançar?

AC: Ela, coitada, é uma árvore rústica e vai fazendo o que pode. Se me perguntar o que vai acontecer, tal vez seja uma coisa diferente, de certeza. Só não sei se é pior ou melhor. Eu gostava mais que fosse como era dantes, embora com as dificuldades que havia. Duran te o verão não chovia e depois, na altura da vindima, caía se Deus a dava. Este ano estou convencido que isso não vai acontecer.

AC: Pois. O ‘tal vinho’ não é mal nenhum procurá-lo, sobre tudo com consistência. Perguntava-me como vai ser este ano, andei na vinha e ela tem zonas com aspeto muito bom, mas não sei. O que estamos a passar é o contrário de tudo o que eu achava que era uma grande colheita, em que o pintor vem muito cedo e com uma maturação longa e suave, que este ano não existe. O que estou a fazer é regar a vinha, na minha luta contra as condições climatéricas. Tenho zonas com gota-a-gota, mas eu prefiro uma rega mais natural, como das chuvas, mais intensa. É isso que tenho feito, por que felizmente tenho água.

“A ‘mata’ abandonada não arde se não lhe pegarem o fogo.

GR: Os incêndios que assolaram a Serra da Estrela podem afetar a região?

AC: Essa é uma boa pergunta. Estamos a apren der nesse aspeto. Este ano temos tudo menos uma vindima típica do Dão. Lembro-me das pes soas mais velhas aqui da região dizerem que iam para a praia em setembro e vinham a 5 de outubro para fazer as vindimas. Eu já comecei as vindimas e sobre isso está tudo dito.

GR: Que vindima vai ter este ano?

GR: O ciclo da videira tem-se vindo a adaptar a esta nova realidade?

GR: E o ‘tal vinho’?

AC: Continuo a fazer o Carrocel, o Quinta da Pellada, que é a nossa base, e a gama Quinta de Saes. Vamos fazendo o que podemos. Não tenho dificuldade em continuar a produzir os vinhos que faço, com algumas modificações, para fazer o que sempre fiz, que é a procura da excelência.

ESPECIAL VINHO DO DÃO

AC: Acho que não é afetada diretamente por isso. Os incêndios são mais emissões e, por consequência, mais deterioração do meio ambiente, mas não há uma conse quênciaResistimosdireta.aos incêndios de 2017, mas combater uma ‘coisa’ de fundo, como são as mudanças climáticas, é mui to mais difícil. Não é com a minha atuação. Sou um no meio de oito mil milhões, mas tenho é que fazer a minha parte, mas não vou ter a arrogância de querer influenciar a minha geração.Nosincêndios, o que é inadmissível, desde que me lembro, é que não se tenta fazer nada de diferente. Faz-se o combate, que até es tará mais estruturado, que nestas condições é difícil, mas para re solver o problema de fundo é possível tentar fazer diferente, pelo menos isso. Não se pode ser reativo. Este problema tem décadas e está a tornar-se numa nova normalidade. Já tinha metido na minha cabeça que não me aborrecia e que já tinha esquecido desta história dos incêndios, mas isso voltou a acontecer este ano. Não me conformo com o facto de não se tentar acabar com as causas dos incêndios, que são as ignições. Esta conversa de que a ‘mata’ tem menos gente chateia-me. A ‘mata’ abandonada não arde se não lhe pegarem o fogo.

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As vindimas na sub-região de Penalva, no que aos associados da adega diz respeito, devem ter início em meados de setembro. O presidente da Adega de Penalva, à Gazeta Rural, diz que apesar do ano atípico, o calendário de vindima previsto deve manter-se. José Clemente destacou as chuvas, mas também algum granizo, que caíram na última semana de agosto, que ajudaram um pouco à maturação das uvas, mas que são insuficientes para as necessidades das vinhas. O dirigente destacou mais três medalhas de outro que os vinhos da adega receberam na Feira do Vinho do Dão de Penalva.

GR: Há previsão de chuva na segunda semana de setembro?JFC:

Adiantou o presidente José Frias Clemente Adega de Penalva do Castelo mantem o calendário de vindimas e, também, mais alguma quantidade. Neste momento, no que toca aos nossos associados, não prevemos alterar o nosso calendário de vindimas, que deve rão começar em meados de setembro.

Isso pode ajudar bastante. Precisamos de água nas vinhas, que não seja demasiada, para aju dar a maturação das uvas. Se isso acontecer vem ajudar bastante à melhoria da qualidade das uvas

Gazeta Rural (GR): Caiu alguma chuva na última se mana de setembro. Veio ajudar à maturação das uvas? José Frias Clemente (JFC): Sim, na zona de Penalva caiu alguma chuva, mas também algum granizo, mas, ao que sabemos, não deu grande prejuízo. Estas chu vas vieram ajudar um pouco à maturação das uvas, que estiveram sob grande stress, por efeito do ca lor, nas últimas semanas. O mês de agosto foi muito quente, com temperaturas acima dos 30 graus e, nal guns casos, a uva tem estado a secar e o cacho a ficar mirrado. Estas chuvas vieram compor o cenário, mas foram suficientes.

GR: Recebeu mais três medalhas de ouro do Concurso Ci dades do Vinho, a nível europeu? JFC: Efetivamente. Recebemos medalhadas de ouro com os vinhos Reserva 2017, o Tinta Roriz e um Reserva Branco, entre muitas outras que recebemos ao longo deste ano. Para além disso, três vinhos da Adega de Penalva foram provados e avaliados pela revista “Wine Enthusiast”. O Adega de Penalva branco colheita 2021 recebeu 87 pontos e a referência de “me lhorTudocompra”.istoé motivo de orgulho para mim, para a Adega e para os nossos associados, sem esquecer o papel importante na nossa equipa de enologia. Os nossos sócios são os grandes ven cedores, pois é deles o esforço de trabalharem bem a vinha, para nos entregarem uvas de grande qualidade que nos permitem de pois fazer vinhos que ganham prémios.

ESPECIAL VINHO DO DÃO

GR: Há produtores a queixarem-se que as vendas caíram bas tante este ano. Como está a adega? JFC: Dira que temos vendido mais ou menos bem. É claro que é um ano atípico, diferente de outros anos. A Adega aguentou bem os dois anos de pandemia, mas com a guerra da Ucrânia tivemos alguma quebra nas vendas. É verdade que temos mais algum vinho em stock, em relação a anos anteriores, que precisávamos de vender. Estávamos a contar que houvesse a possibilidade de uma destilação de crise, conforme foi anunciado pela Ministra da Agricultura, pois há muitos pequenos produtores que terão dificuldade em armazenar o vinho da vindima deste ano, que não é o nosso caso.

Gazeta Rural (GR): No site da quinta diz que quer “devolver à Alameda o fulgor de outrora”. Já o con seguiu?

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A Quinta da Alameda, situada em Santar, no concelho de Nelas, é um caso sui-generis na região do Dão. Mais do que uma quinta, “é uma infraestrutura ecológica” que “também tem vinha” e “uma floresta autóctone fantástica”, como referiu o seu proprietário em entrevista à Gazeta Rural. Para Luis Abrantes, a Quinta da Alameda é o seu contributo para melhorar o planeta. “É uma infraestrutura ecológica com um ecossistema plenamente a funcionar, de que nós cuidamos todos os dias”, acrescentando que “a Quinta da Alameda dá-nos o prazer de poder manter tudo aquilo que lá existe”.

A Quinta da Alameda “é uma infraestrutura ecológica” que “tem vinha e floresta”

Luis Abrantes (LA): Esse é o objetivo, mas também ultrapas sá-lo, com paciência, pois o vinho precisa de tempo. A Quinta da Alameda teve grande relevância na região do Dão, pois produzia vinhos excelentes, naquele que foi o ‘movimento’ de quintas nas décadas de 80 e 90 do seculo XX quando atingiu grande relevân cia. De facto, queremos levar a Alameda ao fulgor que teve nou tros tempos.

GR: Com uma ‘filosofia’ ambientalista, se a expressão me é permitida, tem práticas culturais como “o uso sustentável do solo e a salvaguarda da preservação da natureza e dos ecossis temas”?LA:Essa é a parte de que mais gosto de falar sobre a Quinta da Alameda e não tanto do fulgor e relevância que a quinta já teve. Ad quirimos a quinta em 2012 e eu costumo dizer, naquilo que é uma realidade, que a Quinta da Alameda também tem vinha e, acima de tudo, é uma infraestrutura ecológica com um ecossistema plena mente a funcionar, de que nós cuidamos todos os dias. A quinta tem 12 hectares de vinha, tem uma floresta autóctone fantástica, com

Diz o proprietário Luis Abrantes, à Gazeta Rural

medronheiros, carvalhos, sobreiros e outras espé cies.Deixe dizer-lhe algo que repito sempre: gosto muito da vinha, mas gosto mais da floresta. A Ala meda tem uma riqueza fantástica, que esteve na base da sua aquisição. Tem várias nascentes, com água em abundância, o que nos permite manter aquele ecossistema vigoroso. Todo o tratamento da quinta e da vinha assenta numa infraestrutura eco lógica, o que para nós é extremamente importante. Eu sou ambientalista, mas não sou fundamentalista. Efetivamente a Quinta da Alameda dá-nos o prazer de poder manter tudo aquilo que lá existe e de acrescen tar, sempre respeitando o que está.

LA: Exatamente. Aquilo que fazemos na empresa apli camos na quinta, até porque as pessoas são as mes mas. Na Movecho temos responsabilidade ambiental e lá fazemos a mesma coisa. Na Movecho fazemos o ‘fato à medida’ do cliente com o nosso saber e com as nossas pessoas. Na Quinta da Alameda fazemos vinhos genuí nos que em tudo vão expressar a identidade da quinta e do nosso Dão, com a expressão e a coerência daquilo que somos.

LA: Vamos lá ver, aquilo que cada um faz é com cada um e não me cabe comentar. Falo apenas sobre o que queremos fazer na Quinta da Alameda, que são vinhos genuinamente do Dão, que antigamente se faziam, com a sua elegância e fres cura, que a região e o seu terroir melhor são capazes de fazer. É esse o nosso caminho.

GR: Esse é o caminho, que passa pela recuperação das castas antigas do Dão, que leva à diferenciação no mer cado?LA: A diferenciação para vingar tem de acrescentar e tem de fazer sentido. Se procuramos moda perdemos identidade, então nesse sentido o antigo que queremos pode ser perfeito. É esse o caminho em que acreditamos.

GR: O que lhe dizem os vinhos que produz na Quinta da Alameda?LA:Adquirimos a quinta em 2012, mas só em finais de 2019 assumimos verdadeiramente as rédeas da Quinta da Alameda e do caminho a seguir. Os vinhos que estamos e queremos produzir são, em tudo, genuinamente do Dão. Fa zer o melhor que o Dão consegue, e pode fazer, é o nosso projeto, o nosso propósito e o nosso foco.

temos uma grande mistura de castas, como era tradicional na região, com algumas vinhas velhas. Temos as castas tradicionais do Dão nos tintos e nos brancos e es tamos em fase de recuperar algumas castas mais antigas do Dão em vinhas que estamos a converter e noutras que temos a intenção de plantar. Temos tudo o que precisamos para fazer bons vinhos.

GR: Aquilo que se faz na região motiva-o para fazer dife rente na Alameda?

GR: Com as preocupações ambientais que demonstra ter, espelhadas naquilo que está a fazer na Quinta da Alameda, como olha para o momento que atravessa mos e para o futuro?

GR: Nesse aspeto, a Quinta da Alameda é uma extensão da Movecho? É um modo de estar?

ESPECIAL VINHO DO DÃO Rua Capitão Salomão, nº 121-123 | 3510-106 VISEU | Tel.: 232 411 299 | E-mail: novelgrafica1@gmail.com

LA: O que estamos a atravessar é um momento de de sassossego e de uma incerteza muito grande a todos níveis. Estão aí as alterações climáticas, vamos ter de aprender a lidar com essa realidade e arranjar formas de mitigar todos os impactos associados. Costumo di zer que as adversidades também podem ser oportuni dades. Temos de acreditar.

GR: Quais os últimos lançamentos que fizeram?

LA: Lançámos o Alameda tinto, o Alameda Parcelas tinto e o Alameda Parcelas branco, com as castas tradicionais. Na quinta temos uma pequena parcela de Pinot Noir, de que gosto bastan te, e fizemos o Quinta da Alameda Rosé 100% que acabamos de lançar.Naquinta

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João Barbosa, da Adega da Corga “1986 foi um ano estamoscomparecidooqueapassar”

Há muitos anos que faz vinho. João Barbosa, da Adega da Corga, em Pindo, no concelho de Penalva do Cas telo, tem na memória as muitas vindimas já feitas e as dificuldades que o tempo foi colocando. Numa altura em que atravessamos um dos períodos mais difíceis, com a seca extrema a afetar todo o país, João Barbosa puxou a ‘fita do tempo’ e lembra-se que “1986 foi um ano parecido com o que estamos a passar”, com tempo seco, trovoadas e granizo. Já o neto Rafael Formoso, responsável pela enologia da adega, diz que nesta altura há outro problema que preocupa, que é a hete rogeneidade das uvas. “No mesmo cacho temos bagos desenvolvi dos e outros ainda verdes”, diz. Sobre o resultado da vindima deste ano, o avô João Barbosa diz que “as uvas estão boas”, mas “só na vindima saberemos que vinhos vamos ter”.

GR: Na Adega da Corga têm vinhas bastante antigas e também vinhas mais novas. As primeiras suportaram melhor este tempo quente?RF: A nossa grande vantagem é termos vinhas velhas de Touri ga Nacional, plantadas há cerca de 50 anos. Nessa altura poucos produtores apostavam nesta casta, por produzir pouco. Hoje es sas vinhas são o nosso ex-libris, estão viradas para o rio Dão, o que lhes permite ter bastante humidade, em especial nesta fase, e conseguirem levar a maturação das uvas até ao fim. Nestas vinhas os cachos estão mais homogéneos. São os vinhos pro duzidos nestas vinhas de Touriga Nacional, que são a imagem da Adega da Corga, com Reservas e Grandes Reservas.

GR: E a aposta nos brancos?

GR: 2022 está a ser um ano diferente e, mais re centemente, 2017 também foi um ano seco. Lembra-se de outros anos difíceis?

RF: Vamos lançar brevemente, talvez em outubro, o melhor branco alguma vez feito na Adega da Corga, numa aposta di ferente. É um blend de Encruzado e Malvasia Fina, fresco e com uma boa acidez, que nos remete para um patamar dife rente. Os brancos estão na moda e têm tido uma crescente procura.

ESPECIAL VINHO DO DÃO

JB: Lembro-me de 1986, que foi muito parecido com o que estamos a passar. Tempo quente, trovoa das e granizo. Diz-se que com a geadas ‘rebenta um espoldro e traz um cacho’, mas com o granizo, como aconteceu em 86, as uvas secam. Nessa altura 30% das vinhas foram afetadas pela saraiva. Este ano as uvas estão boas, mas só na vindima saberemos que vinhos vamos ter. Se vier alguma chuva, talvez a coisa se componha.

Gazeta Rural (GR): Já tem muitas vindimas feitas. Que ano de vinho será este? João Barbosa (JB): Sinceramente não sei. Face ao ano atípico que vivemos, não tenho uma opinião clara sobre o que sairá da vindima deste ano. As uvas nas videiras não estão homogenias.

GR: Como é possível ter bom vinho, tendo em conta a situação que vivemos? Rafael Formoso (RF): Estamos com um problema da heterogeneidade das uvas, pois no mesmo cacho temos bagos desenvolvidos, maduros, e outros ainda verdes. A juntar a isto há a questão da casca e como se vai aguen tar.Este ano março, em termos comparativos com anos anteriores, foi o mês em que menos choveu, e maio e ju lho foram os mais secos dos últimos 100 anos. Felizmente a floração foi boa, pois em junho tivemos alguma precipitação. Em julho, ape sar de seco, houve um bom desenvolvimento da videira, mas com a reserva de humidade no solo a diminuírem tudo se tornou mais difícil, em especial nas vinhas novas, com stress hídrico, - a que se juntou o stress térmico, como noites muito quentes, - e falta de maturação das uvas. Todas estas questões trazem-nos algumas preocupações.

Diz Fernando Tavares Pereira, da FTP Vinhos

A produção deste ano “será bastante menor que em vindimas anteriores”

Com cerca de 90 hectares de vinha na Região do Dão (20 em Tábua e 70 em Penalva do Castelo) e 60 no Douro Superior, Fernando Tavares Pereira diz que Penalva e Tábua são regiões distintas. Em Penalva tem mais uvas tintas, com as vinhas em bom es tado, enquanto em Tábua tem mais vinhos bran cos, nomeadamente em vinhas novas, plantadas depois dos incêndios de 2017, e que têm sofrido bastante com a seca. No Douro a perda é maior nos brancos. No computo geral, a FTP Vinhos terá uma quebra de produção “entre os 20 e os 30%”, avançou o produtor.

GR: Tem uma estimativa da quebra de produção nas suas vinhas?FTP: Devemos ter uma quebra de 20 a 30%. Há regiões mais afe

Com vinhas em duas regiões demarcadas, - no Dão, em Tábua e Penalva do Castelo, e no Douro, em Vila Nova de Foz Côa, - Fernando Tavares Pereira, detentor da FTP Vinhos, diz que a pro dução desta vindima será inferior a anos anteriores. O produtor, à Gazeta Rural, diz que nas zonas onde há água as vinhas estão mais ou menos boas, mas onde não há, ou nas vinhas novas, as dificuldades são maiores.

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Gazeta Rural (GR): Num ano de seca extrema, como antevê a próxima vindima?

Fernando Tavares Pereira (FTP): Sabíamos, com os meca nismos que temos hoje, que esta seca era previsível, admitin do-se até que ela se pode prolongar por mais tempo. No que às vinhas diz respeito, onde houve água para regar estão mais ou menos boas, onde não houve as vinhas, e as outras culturas, estão a ter problemas graves, nomeadamente na maturação das uvas, que ficam mirradas e amargas. Tivemos outra contrariedade. Independentemente de haver ou não água, houve escaldões naqueles dias de temperaturas elevadas, acima dos 40’, especialmente onde os cachos esta vam mais expostos ao sol, porque todos gostamos de esparrar as videiras para dar mais grau ao vinho, mas este ano, com o es caldão, muitas uvas secaram. Esta situação vai agravar a qualida de e a quantidade do vinho. Sabemos que a produção deste ano será bastante menor que em vindimas anteriores.

tadas que outras. Por exemplo, passei há poucos dias no Ribatejo e as vindimas estavam quase concluídas. No Alentejo estão adiantadas, assim como a vindimas dos brancos no Douro e na Beira Interior. As vindimas anteciparam, nestas regiões, cerca de três semanas, porque não há condições para manter as uvas mais tempo nas videiras. As graduações andam pelos 11 a 12 graus e isso já é bom para o período e as condições que atravessa mos.

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FTP: Temos de ver duas situações. Em Penalva do Castelo temos mais vinhos tintos, onde há algumas quebras, apesar de termos água, mas as uvas estão com uma boa maturação e qualidade. Na zona de Tá bua temos mais vinhos brancos, onde os efeitos da seca se fizeram sentir na maturação, nomeadamente nas videiras mais novas. As vinhas mais velhas estão a suportar melhor este tempo quente e seco, com bons teores de álcool e açúcar. Nas vinhas mais novas a si tuação é diferente, apesar da boa produção. São vinhas que plantamos de novo, em zonas que arderam nos in cêndios de 2017, que têm rega, mas têm sofrido bastan te com este tempo. Penalva e Tábua são regiões distintas. Penalva é muito boa para tintos, enquanto Tábua é melhor para brancos, onde temos também tintos, de vinhas que não arderam nos incêndios.

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T.Portugal+351232 428 Sociedade Agrícola do Castro de Pena Alba, S.A. Quinta do Serrado 3550 163 Penalva do Castelo T.Portugal+351232 642 428 www.tavfervinhos.comvinhos@tavfer.com

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GR: Tem vinhas no Dão, em Tábua e Penalva do Castelo, e no Douro, em Foz Côa. A situação é similar nas duas regiões?

GR: E no Douro? FTP: No Douro temos duas situações, os vinhos quentes, na zona do Pocinho e nas margens do Douro, até um cota de 400 meros de altitude, e os vinhos frios, em cotas a mais de 600 metros. Temos uma vinha no Vale do Viso, com mais de 20 hectares, que está boa em termos de quantidade e qualidade. É uma zona mais fresca e onde as maturações estão mais atrasadas. Nos brancos temos uma quebra sig nificativa de produção, provocada pelo escaldão. Nos tintos as perdas são menores.

Sociedade Agrícola do Castro de Pena Alba, S.A. Quinta do Serrado 3550 163 Penalva do Castelo

GR: Considerando que 2022 é um ano inusitado e, tendo em conta as alterações climáticas, como olham para o futuro? Melhores, ou diferentes, práticas culturais na vinha ou mais “enólogo”?

GR: Têm vinhas no Dão e nos Vinhos Verdes. Como estão as uvas nas duas regiões e que comparações sãoSMA:possíveis?

GR: Quais as castas que mais dificuldades sentiram neste verão atípico?

Com vinhas no Dão e nos Vinhos Verdes, a vindi ma na Amora Brava vai, segundo a CEO Suzana Melo Abreu, correr “em excelentes condições”, pois a vinha do Dão tem rega. Já em Arcos de Valdevez a vinha é tratada “em modo biológico e sem rega”, com alguma perda na casta Loureiro. A Amora Brava vai lançar este ano um novo Colheita e um Reserva da gama Índio Rei.

Gazeta Rural (GR): Face ao momento de seca que atravessamos, o que esperam da vindima deste ano?

Susana Melo Abreu (SMA): A vindima na Amora Brava, felizmente, vai decorrer em excelentes condições. A nos sa quinta tem rega gota a gota e charca própria, o que permitiu termos uvas muito boas. Estamos apenas à espera do amadurecimento para iniciar uma excelente vindima.

Carlos Silva (CS): Neste ano de seca foram muitos os produtores que de tudo fizeram para regar as suas vi nhas, com moderação, e sempre na esperança de que as temperaturas viessem a baixar. Até à vindima dos bran cos, a iniciar na primeira quinzena de setembro, as condi ções vão manter-se e, nos tintos, esperamos não ter mais surpresas negativas. Quem regou tem boas uvas e quem não teve essa possibilidade terá quebras de produção e ca chos desprovidos de um bom desenvolvimento. Teremos assim um ano vinícola com quebras de produção, mas de alguns excelentes vinhos. Vinhas mais velhas e/ou viradas a norte, ressentiram-se menos.

Gazeta Rural (GR): Que vindima espera fazer e que di ficuldades este ano coloca aos produtores?

SMA: Este ano a marca Índio Rei terá um novo branco Colheita e um Reserva. A adega está a crescer. Diz Suzana Melo Abreu A navindimaAmoraBrava “vai decorrer em condições”excelentes

CS: No Dão a vinha tem futuro. Foi um ano difícil, as tempe raturas vão continuar a ser mais altas, mas pode haver mais pluviosidade e mais reservas de água. Não é por acaso que novas empresas estão a instalar-se no nosso território. “Mais enólogo” é mais fácil e é essencial. Contudo a condução da vi nha anda muito deficiente. faltam pessoas capazes, com von tade de trabalhar bem, e em número. Podas, desladroamentos, desfolhas, tratamentos, etc., têm de ser muito bem programa das e com cautela. Opinião

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SMA: Na minha quinta de família sofreram mais o Jean e o Alfrocheiro, mas mesmo assim as uvas estão boas.

As uvas da Quinta de São José, na nossa pro priedade em Arcos de Valdevez, nos Vinhos Verdes, são tratadas em modo biológico e sem rega. Tive mos alguma perda de Loureiro, mas o Vinhão resis tiu completamente, por estar num solo mais húmi do, perto das minas da quinta.

GR: Há novos vinhos para lançar, nas diferentes gamas da Amora Brava?

ESPECIAL VINHO DO DÃO

Carlos Silva: “Teremos quebras de produção, mas com alguns excelentes vinhos”

CARLOS SILVA VINHOS Acompanhamento Enológico de Projetos Vitivinícolas Análises info@carlossilvavinhos.ptFormaçãoLaboratoriaisProvasdeVinhoseAconselhamentoElaboraçãodeVinhosparaMarcas+351 966 553 802

duas questões a enólogos da região sobre o momento que vivemos, com uma seca sem precedentes e os efeitos que a mesma pode ter na vindima de 2022. As opiniões ficam aí.

2 - O futuro será, infelizmente, de mais anos como este. A aposta tem de ser na vinha com práticas culturais que ajudem a minimizar ou a nos adaptar a anos secos. Pelos terrenos, pelos sistemas de rega, pela implementação de castas mais resistentes (novas castas aptas a vinho DOP), práticas de viticultura adaptadas à nova realidade. Sempre terá de ser mais vinha e uva. A matéria-prima define tudo. Depois a Enologia, também com alguma adaptação de tecnologia e sabedoria, fará o melhor para interpretar e transformar os mostos que chegam na adega.

Colocámos

Que vindima em 2022 e os efeitos do clima?

António Narciso: “O futuro será, infelizmente, de mais anos como este”

2- Considerando 2022é um ano inusitado e, tendo em conta as alterações climáticas, como olham para o futuro? Melhores, ou diferentes, práticas culturais na vinha ou mais “enólogo”?

PERGUNTAS:

1 - Vai ser mais uma difícil vindima, em ano seco, em que o mais importante será não estar à espera das graduações perfeitas, mas ter o mínimo de equilíbrio com alguma frescura e aproveitar o pouco rendimento em líquido que há antes de maior desidratação.

1 – Face ao momento de seca que atravessamos, o que esperam da vindima deste ano?

ESPECIAL VINHO DO DÃO

30 www.gazetarural.com Opinião

2 - 2022 é o início de toda a transformação que iremos viver daqui em diante. Não é este o ano atípico, mas o que teremos e constância. Em primeiro lugar teremos que repensar a rega, mas não esquecendo que a água é escassa e poderemos não ter para regar. Depois as práticas cultu rais, castas, porta-enxertos e sistemas de condução terão que ser introduzidos na equação, para que seja possível continuar a viticultura de forma sustentável tanto economicamente como em qualidade de matéria-prima.

o ano em que a seca e as temperaturas elevadas são realmente avassala doras. Esperamos uma vindima difícil, com decisões no momento, e onde o conhecimento e a técnica farão a diferença no que será o produto final.

A intervenção do enólogo será claramente ainda mais importante, porque não serão anos fáceis. É importante e urgente remarmos o mesmo barco e não nos deixarmos levar pela maré!

Patrícia Santos: “Uma vindima difícil, com decisões no momento” António Pina: “As novas plantações de vinhas devem ser repensadas”

ESPECIAL VINHO DO DÃO

1 - O ano até começou bem, pois tivemos uma boa floração na vinha, as doenças foram quase inexistentes, mas depois vieram as altas temperaturas e perdeu-se alguma produção por escal dão e desidratação. As vinhas mais antigas foram as que responderam melhor à falta de água e as humidades noturnas que se fazem sentir, estão a ajudar a minimizar este efeito. À medida que nos aproximamos da vindima verificamos que os cachos estão a amadurecer muito bem e as acidezes estão boas, prevê-se que seja uma boa campanha.

Opinião

2 - Já alguns anos que notamos estas alterações, o ano passado foi bastante chuvoso, e este ano está ser de seca extrema. A nossa região tem solos únicos e um microclima específico, que de uma maneira geral se vai autoequilibrando a ele próprio. Mas por outro lado, o futuro deve passar por melhorar as nossas práticas culturais e as novas plantações de vinhas devem ser repensadas e dar prioridade a porta-enxertos e clones mais resistentes a estas alterações climáticas extremas.

1 - A seca não chegou este ano, as temperaturas têm vindo a subir nos últimos 10 anos, e a chuva tem sido cada vez menor. Claro que o Dão ganhou, de certa forma, com esta mudança climática.2022érealmente

Gazeta Rural (GR): Em 2022 faz 30 anos ligado ao mundo do vinho e à enologia. O balanço é positivo, tendo em conta o trajeto feito? Carlos Lucas (CL): Sim, penso que é positivo, pois continuo a trabalhar com o mesmo espírito de há 30 anos. Contudo, são os consumidores que melhor o podem dizer. Sou um homem feliz, faço o que gosto e com qualidade e sinto que mantenho uma atitude muito atual no setor.

32 www.gazetarural.com Carlos Lucas, enólogo e produtor de vinho, que este ano completa 30 anos de atividade no setor, não poupa nas palavras e diz que “por culpa de dois ou três operadores, a região do Dão não consegue aumentar os preços”. O CEO da Magnum Vinhos, de Carregal do Sal, em entrevista à Gazeta Rural, diz que “o preço do vinho do Dão poderia subir um euro, coisa perfeitamente possível, e todos poderíamos ganhar mais dinheiro”. Quan to à vindima deste ano, Carlos Lucas diz que “é apenas mais uma”, pois hoje o setor está bem apetrechado em recursos e conhecimento.

GR: Vivemos um tempo novo e particularmente difícil, com grandes mudanças. Com a experiência acumulada, como olha para os efeitos das alterações climáticas na região?

GR: Quais os momentos positivos que mais o marcaram e os que menos gostou? CL: Os momentos mais positivos continuam a ser trabalhar com vontade todos os dias. Sou mui to proativo e os momentos positivos fui-os tendo ao longo da vida com a vitórias conseguidas, a ní Carlos Lucas e o preço do vinho do Dão ou três grandes operadores na região continuamquea puxar o preço para baixo” vel nacional e internacional, mas também com o reconhe cimento que fui obtendo. Também tive alguns momentos menos bons, mas gos to mais de lembrar as coisas positivas. Há um ditado que diz “quem não esquece não é feliz” e, partindo disto, prefi ro esquecer os momentos negativos e lembrar-me sempre das coisas boas, e foram muitas, algumas em termos mais individuais, outras mais coletivas. Obviamente que tive bas tantes reconhecimentos ao longo da minha carreira, que me deram bastantes alegrias.

Há “dois

CL: Já há muitos anos que estamos alertados para as mu danças do clima. Não tem a ver só com o setor vitivinícola, mas em todos os setores ligados ao mundo rural. Em particular, queixo-me claramente dos políticos, nacionais e internacionais, das nossas chefias governamentais, das direções regionais, em suma, queixo-me de quem tem de tomar decisões, nos diferen tes níveis, que sempre pensou mais em termos económicos e nunca na espécie humana, que se não tiver água não vai sobre viver.Aespécie humana é, entre todos os seres, quem mais água gasta, na parte agrícola, industrial e no seu dia-a-dia. Ainda não ouvi ninguém responsável a dizer que não se podem lavar carros ou regar jardins, coisas desnecessárias nesta altura para os hu manos.Todaa gente diz que é a agricultura quem mais água consome, esquecendo-se que muitos dos alimentos que tem à mesa é de lá

ESPECIAL VINHO DO DÃO

Portanto,não

faz sentido estarmos a queixar-nos, porque acho que estamos preparados e as pessoas têm de fazer o seu trabalho, cada um no seu papel.

que vêm. Se pensarmos que há bem pouco tempo se dizia que os vegetarianos eram os mais evoluí dos mentalmente, em termos alimentares, então estamos mal, porque para a produção de alimen tos que comem é preciso muita água. Em resumo, em termos agrícolas acho que nunca se estimulou o aproveitamento da água, que deveria ser possível. Nunca se estimulou na formação, nas cadeiras de civismo da escola, que esse bem essencial de ser devidamente tratado e usado. Portanto, diria que, de uma madeira geral, na agricultura e nos outros se tores vamos ter grandes problemas com a escassez de água. GR: Nesse contexto, esta vindima é particular mente difícil? CL: Não. É apenas mais uma vindima. Este ano queixamo-nos da seca, o ano passado tivemos água a mais, chovendo em plena vindima. Neste momento, a agroindústria ligada ao setor está muito bem prepa rada, com técnicos bem qualificados, desde a parte agrícola à parte industrial, desde os enólogos aos viti cólogos. Talvez seja dos setores em Portugal com me lhor formação e conhecimento daquilo que estão a fa zer. Portanto, acho que ninguém se pode queixar. Agora, podemos ter mais ou menos quantidade e, obviamente, poderíamos ter uma vindima ótima, mas eu já não me lembro de nenhuma. Talvez 2011, mas é uma de vez em quando e não se valoriza como tal, tampouco o vinho que dela resultou, que se vende ao preço das outras.

GR: Recentemente estalou uma polémica em torno de um artigo do Claúdio Martins, que diz que “há clientes estrangeiros que não compram vinhos portugueses porque são superbaratos”. Concorda com esta afirmação.

CL: Não li o artigo e, como tal não me posso pronunciar. Posso, contudo, falar de uma maneira mais dirigida à região. Por cul pa de dois ou três operadores, a região não consegue aumentar os preços. São estes operadores que teimam em puxar o preço do vinho do Dão para um patamar que é visível nas prateleiras dos supermercados, com as marcas próprias, e que baralham claramente o preço a quem compra vinhos do Dão. Eu já aler tei a CVR Dão, que não tem poderes para intervir, mas podia sensibilizar e exercer algum controlo apertado a esse tipo de operação.ARegião do Dão podia subir o preço dos vinhos, porque a quantidade e o número de operadores existentes têm procu rado levá-los para preços interessantes, mas há uma teimosia de dois ou três grandes operadores que continuam a puxar o preço para baixo e a baralhar o consumidor. Isto é algo que ninguém compreende, até porque se sabe que esses ope radores compram uvas mais caras. Tem de haver aqui um fenómeno, que as pessoas podem saber qual é, pois com as auditorias consegue-se controlar. O que eu posso dizer é que o preço do vinho do Dão poderia subir um euro, coisa perfeitamente possível, e todos poderíamos ganhar mais dinheiro, a começar pelos viticultores.

ESPECIAL VINHO DO DÃO

Gazeta Rural (GR): No âmbito da CIM Viseu Dão Lafões, que peso representam os produtos turísticos ‘Vinho do Dão’ e ‘Enoturismo’ ou ‘Rota do Vinho doNunoDão’?Martinho

ESPECIAL VINHO DO DÃO

Em entrevista à Gazeta Rural, o secretário executi vo da CIM Viseu Dão Lafões salienta a importância do trabalho realizado na promoção do território, nomea damente o projeto “Enoturismo na região demarcada dos Vinhos do Dão”, que visa “criar uma dinâmica tu rística, tendo como foco central os vinhos do Dão e as atividades a ele relacionadas”.

Este trabalho assenta naquilo que designamos de produtos turísticos integrados de base intermunicipal, no qual, natural mente, assume destaque o produto gastronomia e vinhos. Te mos, assim, dinamizado várias iniciativas para valorização de dois importantes recursos da região, como é o Vinho do Dão e o Queijo Serra da estrela. Este trabalho tem sido desenvolvido em estreita parceria com os municípios, com a CVR do Dão, o Turismo Centro de Portugal, a ARHESP e os agentes privados do alojamento, da restauração e do ativo, que tem possibilitado de senvolver iniciativas conjuntas, sempre numa lógica de comple mentaridade e de ganhos de escala. Uma dessas iniciativas é o projeto “Enoturismo na região de marcada dos Vinhos do Dão”, complementar ao projeto das “Ro tas do Vinho do Dão”, que estamos a desenvolver, e que tem como objetivo principal criar uma dinâmica turística, tendo como foco central os vinhos do Dão e as atividades a ele relacionadas, atra vés da capacitação de agentes locais, contribuindo, assim, para a qualificação da nossa oferta e promoção enoturística no mercado nacional e internacional. Este programa é muito dirigido a operado res do setor do enoturismo (quintas, adegas e solares).

De referir, igualmente, que esta estratégia integrada de promoção turística valoriza a combinação cruzada entre os vários recursos, as várias ofertas turísticas, sejam elas no domínio do turismo de natu reza, saúde e bem-estar, ou cultural e patrimonial. Entendemos que

O secretário executivo da CIM Viseu Dão Lafões à Gazeta Rural

“A marca ‘Dão’ é um dos eixos fundamentais da nossa estratégia de afirmação da região”

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(NM): A CIM Viseu Dão Lafões tem vindo, ao longo dos anos, a estruturar uma oferta turística integrada, diferenciadora e de valor acrescentado, com base no melhor que os recur sos endógenos da nossa região têm para oferecer.

Afirmar a marca ‘Dão’ como um dos eixos fundamentais da estratégia de afirmação da região é um dos objetivos da Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões, que tem vindo a levar a cabo diversas ações promocionais de uma região com 14 municípios.

GR: Neste quadro, o que representa a Feira do Vi nho do Dão, em Nelas?

Esta feira é, ainda, uma homenagem e uma forma de valorizar todos aqueles que trabalham neste setor e que levam a marca “Dão” a todos os cantos do mundo, tor nando-a numa referência internacional da nossa Região. Assim, esta é uma Feira que diz muito não só ao território, como aos produtores e consumidores deste produto de excelência, assumindo-se claramente como um evento de dimensão e notoriedade nacional.

GR: Numa visão macro, como foi este verão em termos dos diversos produtos turísticos que a CIM lançou?

Sendo cedo, ainda, para realizar um balanço final, na medida em que a campanha delineada para o verão de 2022 ainda decorre, creio que já é certo que este está a ser um dos melhores verões na região, em termos de procura turística. Mas também pelo que representa em termos de recuperação, económica e de hábitos, dos anos anterio res, tristemente marcados pela pandemia.

NM: A Feira do Vinho do Dão tem acumulado diver sos êxitos, que lhe granjearam uma posição de desta que no contexto da região e mesmo a nível nacional, afirmando-se, por mérito próprio, enquanto montra de relevo para produtores do Dão e um ponto de encontro, sem igual, para consumidores deste produto de exce lência, que são os vinhos do Dão.

estásustentada

GR: Que novas iniciativas estão a ser preparadas para osNM:próximos?

Neste momento ainda temos a campanha “Um Verão sem Comparação” a decorrer, sendo certo que iremos, já de seguida, começar a preparar iniciativas de promoção para o período de Natal e de passagem do ano.

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NM: A CIM tem previstas diversas ações relativas ao pro duto gastronomia e vinhos, a mais próxima será a apresen tação da segunda fase do programa gastronomia e seleção e, também, o programa Best Wine Selection, dedicado ao Canal Horeca, que vai ser uma iniciativa pioneira e que vai contar com o apoio da ARHESP e da VINIPortugal. Com esta iniciativa muito virada para a capacitação da oferta, procura mos que os restaurantes passem a ser, também eles, verda deiros agentes na divulgação, promoção e “venda” da região de Viseu Dão Lafões e dos vinhos do Dão.

“Está a ser um dos melhores verões na região, em termos de procura turística”

NM: Este ano lançamos à campanha de promoção turística “Um Verão sem Comparação”, que se seguiu à campanha de 2021 “O Verão é Aqui!”. Esta campanha, de âmbito nacional, naquilo que de melhor os nossos 14 municípios têm para oferecer durante o verão, ou seja, umas férias de so nho para os amantes da natureza, da cultura, do património, para os apaixonados pela gastronomia e vinhos, sem esque cer todos os adeptos de propostas de saúde e bem-estar, que, sozinhos ou acompanhados, desejam tirar o melhor partido do seu tempo de descanso e lazer. Por exemplo, entre outras iniciativas, podemos destacar, a iniciativa “Viseu Dão Lafões Pé ante Pé“, que consiste num conjunto de caminhadas desenvolvidas em torno de um en quadramento cénico que presenteia os participantes com os melhores argumentos naturais da região e que tem sido acolhida com grande entusiasmo por todo o território.

a diversidade da nossa oferta turística é uma gran de oportunidade que deve ser explorada e é isso que temos vindo a fazer. Assim, no contexto de uma promoção integrada da região, a marca “Dão”, seja pelo seu reconheci mento além das nossas fronteiras, seja pelo acer vo histórico e físico que deixou no território, surge como um dos eixos fundamentais da nossa estraté gia de afirmação da região enquanto destino turísti co de excelência.

GR: Que ações futuras a CIM estão equacionadas para o produto ‘Vinho do Dão’ ou enquadradas noutras iniciativas da Comunidade?

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GR: A dificuldade de entrega de garrafas, cartão e rótulos estáFF:ultrapassada?

Fernando Figueiredo disse ainda que a quebra de produção na Adega andará pelos 20%.

A Adega de Silgueiros vai começar a receber uvas dos seus associados a partir de 6 de setembro. O presidente da Adega, à Gazeta Rural, adian tou que após reunião com os sócios e analisadas as maturações decidiram iniciar as vindimas nas castas mais temporãs, como Jaen e Alfrocheiro.

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Há uma coisa que para nós é importante, é que não abdicamos de um preço mínimo por litro. O que me interessa em relação a um cliente é o mix das vendas. Isto é, se vendo um tinto DOC, um branco DOC e um Reserva, no conjunto o preço por litro não pode ficar abaixo daquilo que consideramos razoável na margem da adega. Figueiredo para a Adega de Silgueiros a 6 de setembro

A vindima da Touriga Nacional terá dias específicos, embo ra sejamos flexíveis para esta e para as outras castas, ajus tando a receção das uvas às maturações que os sócios têm.

Sim. O que tem acontecido é que os preços do vidro e do cartão dispararam, isto sem falar nos combustíveis, e, por con sequência, nos transportes e distribuição dos nossos produtos acabados. O vidro e o cartão tiveram aumentos muito significa tivos.Para ajustarmos os aumentos nos preços, no que aos custos de produção representam, quando discutimos os preços finais com os nossos clientes não é muito fácil.

FF: No que à Adega de Silgueiros diz respeito não me posso quei xar, porque não vendemos vinhos ao desbarato. As pessoas podem olhar para os preços de vinhos de marcas próprias da grande dis tribuição, contudo, e para que fique claro, nós não temos nada a ver com a política de preços que eles aplicam.

vão começar

Gazeta Rural (GR): Já tem data para o início das vindi mas?Fernando Figueiredo (FF): Fizemos uma reunião com os sócios, que representam 80% da produção da Adega, em que analisámos as maturações e chegámos à conclusão que teremos de começar as vindimas a partir do próximo dia 6 de setembro e que decorrerão durante 22 dias. As maturações, nas castas mais temporãs que são mais sen síveis, como o Jaen e o Alfrocheiro, estão com graduações razoáveis e, se chover, ficam prejudicadas.

GR: A quebra de produção estimada é de cerca de 20%?

FF: A quebra de produção nos nossos sócios anda nos 20%, relativamente a 2021.

GR: Há muito que se fala na necessidade de aumentar os preços dos vinhos do Dão. Que opinião tem?

Adiantou Fernando

Vindimas

A Adega Cooperativa de Pinhel, no distrito da Guarda, vai antecipar a vindima devido à seca, o que acontece pela primeira vez, dada a situação de “calamidade” verificada, disse hoje o seu pre sidente. “Pela primeira vez, vamos iniciar a vindima no início de setembro, no dia 10. E a razão são as condições climatéricas atuais”, referiu Agos tinho Monteiro. A vindima vai ser antecipada uma semana em rela ção à campanha de 2021, que se iniciou em 17 de se tembro. Segundo o presidente da Adega Cooperativa de Pinhel, neste momento, a vinha naquele concelho do distrito da Guarda “está uma miséria”, com “videi ras completamente secas, quase sem folhas”.

Com o calor que se verifica, e depois da observação em várias vinhas, a direção concluiu que “seria me lhor começar a vindima mais cedo” para que a adega ainda receba “uvas com sumo”. “Eu diria mesmo que a situação da viticultura aqui na região da Adega de Pinhel é uma situação de calamidade”, disse o diri gente, que admite que este ano a quebra de produ ção deve ser superior a 30%. “No ano passado co lhemos quase 19 milhões de quilos de uvas e, este ano, penso que não chegaremos aos 13”, admitiu.

Adega de Pinhel antecipa vindima e fala “calamidade”em

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Com uma quebra superior a 30%

Na Região de Trás-os-Montes

doProdutoresdevinho

Os produtores de vinho da sub-região do Planalto Mirandês, integrada na Região Vitivinícola de Trás-os-Montes, esperam uma quebra na produ ção a rondar os 20%, face ao ano anterior, menor do que a inicialmente prevista devido à seca.

MirandêsPlanalto quebrasesperamde20%

“Inicialmente, em maio, perspetivámos uma quebra muito acentuada na produção de uvas para a produção de vinho. Contudo, há cerca de duas semanas choveu e a si tuação melhorou um pouco e as quebras deverão rondar, atualmente, os 20% da produção”, explicou o presidente da Adega Cooperativa de Sendim, concelho de Miranda do Douro, Óscar Afonso. Já no concelho vizinho de Mogadouro, também no Planal to Mirandês, a enóloga Rute Gonçalves frisou que, “em ter mos qualitativos, as uvas estão sãs e não se apresentam de sidratadas ou um qualquer tipo de doença”. “Prevemos uma diminuição em termos de rendimento, no rácio quilo/litro. O bago não desenvolveu tanto devido à falta de água e que os torna mais pequenos do que o habitual. Contudo, penso que a qualidade do vinho se vai manter”, disse a enóloga da marca Terras de Mogadouro. Esta empresa espera recolher cerca de 200 toneladas, sendo que uma parte é para vinificação própria de cerca de 50 mil garrafas/ano.

Gazeta Rural (GR): Que perspetiva tem para a edição deste ano da FICTON?

Calema, Xutos e Pontapés, Juninho KSD, José Cid e Quim Barreiros são os cabeças de cartaz da FICTON, que vai decorrer em Tondela de 14 a 18 de setembro.

Calema a 15 de setembro, Xutos & Pontapés a 16, Julinho KSD a 17, José Cid e Quim Barreiros sábado e domingo, respetivamente são os nomes que compõem o cartaz de espetáculos do certame, que estão marcados para as 22,45 horas.

Carla Borges (CB): As expectativas são grandes, até porque os sinais que temos vão nesse sentido, mas também porque sentimos que, dentro do concelho de Tondela, mas também nas pessoas que nos visitam, há um grande acolhimento e interesse nas nossas festas.

A FICTON é a grande montra das potencialidades econó micas, culturais e sociais do concelho de Tondela. A pre sidente da Câmara diz que as expectativas para o evento deste ano “são grandes”. Carla Borges, em entrevista à Ga zeta Rural, diz que as empresas do concelho estão a sen tir os efeitos da guerra, nomeadamente na logística e na falta de matérias-primas.

GR: Esta questão da guerra está a afetar as empresas do concelho?CB: Sim, as grandes dificuldades atingem principalmente em presas de construção civil e o setor automóvel, mas também outras. É que muitas delas dependem dos mercados de leste e/ ou asiáticos, nomeadamente no plano logístico, de circulação de bens e matérias-primas, que está a ser feito com muita dificul dade. Associado à falta de matérias-primas, vem as dificuldades ine rentes ao acréscimo de custos, nomeadamente energia e com bustíveis, que subiram de uma forma assustadora e que alteraram as expectativas de evolução da inflação, mas também da previsão de investimentos e estudos de viabilidade económica, que ficaram desatualizados e terão de ser reavaliados e repensados, pois os cri térios de base foram completamente alterados.

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Temos um cartaz de artistas muito interessante e eclético, e orgulhamo-nos muito de o ter conseguido, que vai ao encontro das expetativas de várias gera ções, mas também mantemos aquilo que é uma tradi ção da FICTON de há muitos anos, que é uma mostra daquilo que de melhor temos nos planos comercial e industrial, mas também associativo, com a participa ção de várias associações nas zonas das tasquinhas, mas também na participação mais institucional, da quilo que é o pulsar das autarquias locais, com uma presença forte das nossas juntas de freguesia, do município e de outras entidades, como a CIM Viseu Dão Lafões, a Vários, a Escola Profissional de Ton dela e as empresas mais importantes do nosso concelho. De 14 a 18 de setembro, em Tondela Xutos e Pontapés, José Cid e Quim Barreiros são os nomes maiores da FICTON

GR: Como está a situação no concelho de Tondela nes teCB:pós-pandemia? Sentimos que neste período conseguimos ter um grande período de recuperação. A nossa comunidade foi muito resiliente e conseguiu, de uma forma muito rápida, abraçar os novos desafios, que são diferentes dos que tí nhamos antes da pandemia. Mudou-se completamente o paradigma da nossa existên cia e estamos muito contentes porque o nosso tecido asso ciativo manteve-se vivo e com iniciativa. Está ativo e com vontade de arregaçar as mangas e trabalhar, o que é muito importante para nós. Recordo que no concelho de Tondela te mos cerca de uma centena de associações, de várias dimen sões e naturezas. É um facto que, associado a esta abertura no pós-pandemia, em simultâneo iniciou-se um conflito armado e isso tem-nos trazido alguns constrangimentos, a todos nós. Após um grande desafio temos outro, que é a capacidade de vencer as conse quências deste conflito armado.

O presidente da Comissão Vitivinícola Regional (CVR) do Dão diz que “é uma das medidas de promoção que tem como objetivo fazer com que a restauração da região agarre mais o vinho do Dão. É muito importante que a restauração da região demarcada esteja mais comprometida com o nosso vinho”, admitiu Arlindo Cunha.

Promovida pela Comissão Vitivinícola Regional do Dão do Dão e decorre até 21 de setembro

Rota

DEMOexpo ‘22 setembro 15>18 17 SET. SÁBADO KARETUS 17 SET. SÁBADO FIERS À COMPANHIACHEVALQUIDAMS 16 SET. SEXTA PEDRO ABRUNHOSA 18 SET. DOMINGO SOMOS PORTUGAL TVI parceiros: apoio institucional: www.expodemo.pt companhia teatro francesa

Petiscos

Decorre até 21 de setembro a Rota do Dão e Petiscos, iniciativa que “surgiu com o intuito de dinamizar a res tauração, que é muito importante para os vinhos do Dão”.

“Conseguimos uma lista bastante larga de restaurantes que se associaram à ideia de fazerem um pequeno petisco, uma tapa, que acompanha com um copo de vinho do Dão, por uma quantia certa, para que as pessoas façam a rota” pelos espa ços aderentes. “É evidente que os consumidores, em qualquer parte do país, podem consumir o vinho que quiserem, mas nós queremos sensibilizar os restaurantes da região a terem uma boa carta dos vinhos do Dão e, ao mesmo tempo, ter mos os consumidores a bebê-lo”, admitiu.

A Associação Distrital dos Agricultores da Guarda (ADAG) garantiu que os incêndios florestais deste ano vão ter “im pactos dramáticos” na produção de azeite, que “vai ser mui to afetada” na região. “Segundo os relatos que nos chegam diariamente através dos agricultores, os impactos vão ser dramáticos na produção de azeite deste ano e nos próximos cinco/seis anos, porque houve muita área de olival que foi de vastada pelos incêndios”, disse a presidente da ADAG.

O apoio também abrange caprinos, uma vez que no concelho existem produtores de queijo de cabra “galardoados e reconhecidos”.

Agricultores da Guarda lamentam “impactos dramáticos” na produção de azeite

Carrazeda de Ansiães prevê quebras de mais de 70% na produçãodemaçã

A maçã produzida no concelho de Armamar vai este ano ter um calibre mais pequeno devido à seca e às elevadas temperaturas, disse o presidente da asso ciação de fruticultores local, José Osório. “Não só não chove, como as temperaturas estão muito altas e isso vai afetar os calibres. Havendo menos calibre, a produção é menor, são menos toneladas”, sublinhou. Segundo o dirigente da Associação de Fruticulto Maçã de Armamar com calibre mais pequeno

O município de Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, investiu mais de 10 mil euros na aquisição de alimentação para os ovinos do concelho, para ajudar os criadores a ultrapassar as dificuldades atuais. O pre sidente da Câmara, José Francisco Rolo, disse que a medida contempla “70 produtores e mais de seis mil cabeças de gado”. Segundo o autarca, o apoio destina-se à aquisição de mais de 50 toneladas de alimentos, quer para ovi nos da raça bordaleira Serra da Estrela, quer para ovinos não inscritos em livro genealógico, porque “há animais que precisam de alimentação e tanto comem os animais inscritos em livro genealógico como os animais que não estão inscritos em livro genealógico”.

Curtas A Associação de Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Mon tes e Alto Douro (APPITAD) prevê quebras na produção de azeitona a rondar os 40% devido à seca e outras condições climatéricas adversas. “Esperávamos uma quebra de produção, mas nunca tão acentuada. Em plena floração na primavera, tivemos temperaturas de 40 graus e as flores da oliveira não vingaram. Como a maioria das oliveiras são em sequeiro, a falta de água veio agravar a situação, já por si difícil”, disse o dirigente associativo, Francisco Pavão. Esta associação, com sede em Mirandela, representa cerca de 1.400 produtores de azeitona numa área estimada de 10.000 hecta res com principal incidência na Terra Quente Transmontana, distrito de Bragança. “Se não chover em breve, a situação torna-se muito preocupante. Os frutos não pesam e não podem ser colhidos, tudo está dependente dos próximos tempos se vai chover ou não até à colheita em outubro e novembro”, concretizou o também produtor. De acordo com Francisco Pavão, se os frutos não pesarem e não amadurecerem, não se consegue fazer a colheita mecânica. A região transmontana é o segundo maior produtor nacional de azeitona, com 15.000 toneladas que representa 11% da produção nacional, embora ainda muito longe do Alentejo.

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Município de Oliveira do Hospital apoia rebanhos de ovinos com alimentação

res de Armamar, num ano normal, só este concelho do norte do distrito de Viseu produz “de 80 a 90 mil toneladas de maçã”. “Este ano é capaz de ir para os 60 mil. Menos cerca de 25%”, estimou, lembrando que “a geada ainda prejudicou um bocadinho a floração” nalgumas zonas.

José Osório explicou que, apesar de se registarem “algumas noi tes com alguma humidade, a maçã não tem o desenvolvimento que era suposto ter neste período”.

Previsão de quebras de 40% na produção de azeitona em Trás-os-Montes

Os produtores de maçã de Carrazeda de Ansiães, no distrito de Bragança, estimam que haja perdas na produção que ultrapassam os 70%, devido a con dições climatéricas adversas, com a seca a atrasar a apanha do fruto e diminuir o calibre. “As quebras na produção de maçã no concelho de Carrazeda de Anciães são significativas. As geadas na floração e granizo [em maio] deixaram estragos. Agora, seguiu -se a seca, que está a ser muito problemática por não conseguimos fazer a rega das plantas e vai haver dificuldades na maturação do fruto”, o produtor José Reixedo.Oprodutor adiantou ainda que a apanha de maçã está atrasada e que, por esta altura do ano, já deveria ter começado em força, estimando que ponto alto des ta tarefa seja a partir de 15 de setembro e até ao final desse mês.

Segundo Sandrina Monteiro, os incêndios também destruí ram oliveiras centenárias, “que desapareceram completamen te”. “Vamos ter impactos ao nível de produção e outros impactos que são incalculáveis”, disse a responsável, vaticinando que a produção de azeite “vai ser muito afetada” na região. O concelho da Guarda regista a situação mais preocupante, pois “foi onde ar deu a maior área”.

Vila Cova à Coelheira

Aliada a esta iniciativa realiza-se o XXXVII Festival Nacional de Folclore de Vila Cova à Coelheira. A partir das 14h30, o Fes tival tem início com o desfile etnográfico e as atuações dos grupos folclóricos convidados, assim como do grupo anfitrião - o Grupo Folclórico e Etnográfico de Vila Cova à Coelheira. Atuam também o Grupo Folclórico S. Salvador de Macieira da Maia, de Vila do Conde; o Rancho Folclórico de Torres Novas (Alto Ribatejo), Grupo Folclórico Os Fogueteiros de Arada, de Ovar e o Grupo Folclórico de Aveleda, de Braga. Pelas 18,30 horas, a BandaLusa promete uma atuação com música ligeira e popular portuguesa no encerramento deste certame.

A 18 de setembro, o Largo da Latada em Pendilhe, Vila Nova de Paiva, acolhe pelo sexto ano consecutivo a Feira do Mel e Artesanato, numa organização conjunta da jun ta de freguesia de Pendilhe e do município de Vila Nova de Paiva. A apicultura é uma das atividades que se destaca nesta fre guesia do concelho Vila Nova de Paiva, aliada à flora natural típica como a urze e a carqueja, entre outras, resulta na produção de mel de qualidade, um dos produtos de referência desta localidade bei rã.Integrado no certame, realiza-se a terceira edição do Concurso de Mel. O mel, o artesanato, os produtos típicos e a animação mar cam esta edição da Feira do Mel e Artesanato, à qual se alia o Festi val de Folclore. O grupo Sete Saias fica a cargo da animação musical deste

suacertame.vozinconfundível numa Noite de Fados. No dia 11, domingo, o programa prossegue com a missa em honra de Nossa Sra. do Rosário e Procissão, com o Festival do Pão e produtos regionais, tasquinhas gastronómicas, artesa nato, visita aos fornos comunitários e prova das Bôlas, anima da com a atuação da Eukestra do Forrobodó.

Pendilhe realiza Feira do Mel e Artesanato a 18 de setembro

Vila Cova à Coelheira, no concelho de Vila Nova de Paiva, vai receber o VI Festival do Pão e o XXXVII Festival de Folclore têm data marcada para 10 e 11 de setembro, numa organização conjunta entre o Município de Vila Nova de Paiva, a Junta de Fre guesia de Vila Cova à Coelheira e o Grupo Folclórico e Etnográfico desta vila. Os produtos endógenos, aliados à gastronomia tradicio nal, ao artesanato típico, ao folclore e às práticas de outro ra, encontram-se reunidos nesta iniciativa que pretende dar a conhecer as potencialidades e a riqueza do nosso meio rural.Oprograma arranca no sábado, dia 10 de setembro, pelas 15 horas, com a abertura do festival e com as atuações do Grupo de Bombos Zés Pereiras de Vildemoinhos, Cordas de Paivó e Os Manguitos. A festividade religiosa inicia pelas 20 horas. Ao serão, Sílvia Mitev sobe ao palco e brinda-nos com a

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Nos dias 10 e 11 de setembro, com um Festival de Folclore promoveFestival o pão e outros deendógenosprodutos

O vereador da Câmara de Mira, Bruno Alcaide, à Ga zeta Rural, diz que esta mostra “quer dar ênfase aos produtos regionais e genuínos”, dando a “conhecer os sabores gandareses que estão intimamente li gados com o nosso território”.

De 15 a 18 de setembro, no Largo da Barrinha Mostra Gastronómica da Região da Gândara junta o mar e a terra na Praia de Mira Gazeta Rural (GR): Que importância tem este evento para a praia de Mira, nesta altura do ano, após dois anos em que não seBrunorealizou?Alcaide (BA): Esta é a vigésima terceira edição da mos tra. É um evento relevante não só para a Praia de Mira, mas para todo o nosso território. Trata-se de dar palco aos sabores e sabe res gandareses tão intimamente ligados à nossa região. Assim, pretende-se, após dois anos de suspensão forçada, ajudar a reto ma à normalidade num claro apelo à visita ao certame e ao territó rio para possam partilhar das vivências e dos sabores gandareses.

GR: O que mais destaca do programa desta iniciativa? BA: A nossa Carta Gastronómica. A Mostra tem como pilar dar a conhecer os nossos sabores que vão da terra ao mar, servidos numa

O Largo da Barrinha, na Praia de Mira, recebe de 15 a 18 de setembro a XXIII Mostra Gastronómica da Região da Gândara, evento que regressa após dois anos de interrupção devido à pandemia. A edição 2022 oferece aos visitantes a oportuni dade de redescobrir os sabores dos produtos locais, associados aos antigos saberes da cozinha simples dos agricultores e pescadores da região da Gândara.

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evento a região vitivinícola da Bairrada a qual está intimamente ligada à região Gândara, exibindo os laços fortes entre a carta Gastronómica e os vinhos da Bairrada. Serão feitas apresentações e provas de vinhos com escanções e enólogos da região da Bairrada.

dose bem generosa de saberes gandareses que colocam nos nossos produtos, a nossa tradição e a nossa cultura criando pratos riquíssimos em sabor e autenticidade.Chamámosao

Paralelamente, decorrem um setor de artesanato e um programa de animação variado, que garantem que a visita por terras de Mira, durante estes dias, se torne uma experiência inesquecível.

BA: A mostra Gastronómica sempre se pautou pela forte ligação às tradições da nossa região. Queremos dar ênfase aos produtos regionais e genuínos. Mas como gandareses que somos, estamos sempre aber tos aos desafios, por isso o repto está lançado para os momentos que irão decorrer nas “Oficinas de Saberes e Sabores”. Trata-se de uma cozinha de plena partilha entreostradicionais

cozinheiros e os chefes da nossa região. Mira pode congratular-se de ter chefes de cozinha espalhados pelos mais pres tigiados restaurantes e instituições do nosso país, como é o caso da Federação Portuguesa de Futebol, FC Porto, chefes-professores nas escolas de hotelaria e ter o chefe mirense Luís Lavrador como embaixador da Região Europeia de Gastronomia. Ficam ao encargo destes chefes o desafio de criar algo moderno com o recurso aos sabores de sempre.

GR: Num olhar global, que importância económica tem este evento para a região? BA: Queremos que este evento seja uma montra para o que o visitante pode saborear ao longo do ano na nossa região. Pro jetamos este momento para que a nossa restauração se possa promover e desta forma quebrar os efeitos mais negativos pro vocados pela sazonalidade, numa clara ajuda para a chamada épocaMira,baixa.forada época de verão continua a ter muito que ofere cer, seja em família, entre amigos ou apenas para restabelecer os níveis de energia. Oferecemos percursos pedestres e pistas cicláveis, por onde podemos passar entre dunas, lagoas e flo resta. Podemos desfrutar de paisagens calmas e repletas de natureza. Ao mesmo tempo somos um território de excelentes condições para a prática de desportos como o Atletismo, Surf, Kayake, SUP, Windsurf, Ciclismo, BTT, Remo, entre outros.

GR: Esta é uma mostra gastronómica diferenciada, com os produtos da terra e do mar, juntando a tradição com alguma modernidade?

regressa à praia fluvial da Foz do Tua

Roboredo. Grande parte do concelho é abrangida pela Região Demarcada do “Vinho do Porto” e, pela área do Alto Douro Vinhateiro classificada como Património da Humanidade, pela“NãoUNESCO.hádúvida que os vinhos produzidos no Douro Su perior, sub-região do Douro onde Torre de Moncorvo está inserido, têm provas dadas da sua qualidade de excelência como comprovam os vários prémios que lhe são atribuí dos”, refere a autarquia transmontana em comunicado.

A praia fluvial da Foz do Tua, em Torre de Moncor vo, volta a receber o Festival dos Vinhos do Douro e Sabor, nos dias 10 e 11 de Setembro, após dois anos de interregno devido à pandemia covid-19.

“Durante os meses de setembro e outubro fazem-se as vindimas, as quintas e os produtores organizam equipas para efetuarem manualmente a colheita das uvas. Estas por sua vez são entregues nos lagares onde depois de um processo longo são transformadas em vinho e dão ori gem a estes néctares que convidamos todos a degustar”, acrescenta a nota.

O festival de vinhos conta com a participação de oito pro dutores do concelho, que durante os dois dias têm em expo sição e venda os néctares de qualidade produzidos naquele território, nomeadamente a Adega Cooperativa de Torre de Moncorvo, Pardala e Estrela do Peredo, Quinta do Couquinho, Quinta do Gravançal, Quinta da Silveira, Quinta da Terrincha, Quinta Vila Maior e Recantos do Vinho.

Nesta edição destaque para a realização de uma noite bran ca, de batismos de Stand Up Paddle, Fitdance, música para bebés e vários concertos e espetáculos musicais. Torre de Moncorvo está situada na margem direita do Douro, cercada a Norte e Noroeste pelo rio Sabor e a Sul pela Serra do Nos dias 10 e 11 de setembro, no concelho de Torre de Moncorvo edeFestivalVinhoSaborDouro

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