gênero originada de uma cultura patriarcal, que por muitas vezes torna a restringir o acesso de mulheres aos espaços e aos seus direitos.
No Brasil, foram registrados 648 feminicídios no primeiro semestre de 2020, 1,9% a mais que no mesmo período de 2019 (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, s,d, sp).
A cidade, tal qual se estabelece atualmente, também é um grande contribuidor para o aumento de violência contra a mulher. Cerca de 98% das mulheres já sofreram algum tipo de assédio na rua e, no ano de 2017, foram registrados cerca de 593 casos de violência sexual em vias públicas (THINK OLGA, 2018). Em 1961, Jane Jacobs já desenvolvia argumentações sobre o conceito “olhos na rua”. Segundo ela, a importância de garantir segurança aos indivíduos, nesse caso mulheres, nos espaços públicos era de extrema importância. Observa-se, assim, que a estrutura social e urbana ainda é insuficiente para assegurar essas mulheres, que em locais sem opções de abrigos, ficam vulneráveis ao agressor, seja em casa ou na cidade. Atualmente, em um contexto emergencial como o da pandemia causada pelo Covid-19, aumentam os riscos de violência contra mulheres. Com efeito, o isolamento social tem piorado a situação: Eu não tinha para onde ir. Eu mal conseguia mover meu corpo - ele me bateu muito”, relata a mulher, que não se arriscou a apresentar uma denúncia na polícia por medo de ser mal recebida. (VÍTIMA ANÔNIMA, 2020, apud G1, 2020)
23
Figura 12: Mulher na rua Fonte: Google Fotos, s.d
Dessa forma, entende-se que a relação da mulher com a cidade se dá pela extensa construção histórica desde a sua formação, e que, assim como as necessidades legais para evitar a violência doméstica, entende-se que as políticas públicas devem abarcar os espaços urbanos. Até então, a construção de centros de acolhimento como saída para essas mulheres, que muitas vezes não se sentem seguras em suas casas, nem nas vias públicas, podem ser a solução para sanar esse impasse social.