terça-feira, 4 de agosto de 2020
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CRESCIMENTO NA INSTABILIDADE REVOLUÇÃO DA DÉCADA DE 30 TRAZ MISÉRIA E IMPULSIONA O POVO A SE UNIR POR MELHORES CONDIÇÕES SOCIAIS
SALA BRUSQUE VIRTUAL/DIVULGAÇÃO
minou com a deposição do presidente da República, Washington Luís, em outubro, e impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes, do Partido Republicano, pondo fim à República Velha. O líder central deste período é o militar gaúcho Getúlio Vargas, da Aliança Liberal. Ele perdeu as eleições presidenciais de 1º de março de 1930. Em Brusque, Getúlio recebeu 387 votos, contra 600 de Prestes, que foi o vencedor. Já eleito, Prestes se manifesta a favor do movimento bolchevista em uma reunião na Argentina e os militares brasileiros decidem partir para a revolução, apontando o assassinato de João Pessoa, presidente da Paraíba, como motivo. A revolução inicia no Rio Grande do Sul, liderada por Getúlio Vargas, e se expande para Santa Catarina no dia 5 de outubro, com tropas a caminho da capital federal. “Na opinião destes militares, todos os municípios que apoiaram Júlio Prestes na eleição deveriam ser ocupados. Em Brusque, o prefeito é Augusto Bauer.
“NA OPINIÃO DESTES MILITARES, TODOS OS MUNICÍPIOS QUE APOIARAM JÚLIO PRESTES NA ELEIÇÃO DEVERIAM SER OCUPADOS” Aloisius Lauth, historiador
BRUSQUE MEMÓRIA/DIVULGAÇÃO
13 de outubro de 1930. Augusto Bauer é deposto do cargo de prefeito de Brusque pelo batalhão Coronel José Severiano Maia, sob o comando da tropa do coronel Pedro Kuss, de Florianópolis. A deposição do prefeito é pacífica e ordeira, e, no ato, é nomeado Rodolfo Victor Tietzmann pelo governo federal para assumir a função. Logo depois, em 1937, a cidade tem mais um prefeito deposto: Adolfo Walendowsky, que ocupou o cargo por menos de um ano. Ele é substituído interinamente por Henrique Bosco, até a posse do prefeito nomeado Arthur Germano Risch, que administra Brusque até março de 1940. A década de 1930 representou um novo tempo de insegurança para os moradores e para a política local, que passa a ser fortemente influenciada pelos acontecimentos nacionais. Liderada pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, o movimento armado denominado ‘Revolução de 1930’, cul-
Torna-se vítima da revolução e deposto no dia 13 de outubro de 1930”, destaca Lauth. O Batalhão Maia aproxima-se de Brusque com 35 homens armados, com ordens expressas de depor o prefeito. Três dias depois, aparece um segundo batalhão na cidade. “A deposição de Bauer é pacífica, não poderia ser diferente diante de tanta gente armada. Além do prefeito, o batalhão também perseguiu o delegado de polícia Luis Carlos Gevaerd, que havia passado correntes na ponte Vidal Ramos para impedir a invasão. Não há informações sobre sua prisão. Quando ele soube das tropas na cidade, pegou a família, atravessou o rio e foi morar na fazenda Hoffmann, região onde hoje está a Chácara Edith”. De acordo com o historiador, a revolução representou uma ameaça à integridade das pessoas, e trouxe medo, apreensão e insegurança para a vida da cidade que, de repente, se viu com a presença de dois batalhões fortemente armados. “A cidade nem soldado treinado tem, quanto mais uma linha de formação de tiro, tão ordeira e pacífica era”, diz.
NESTE PERÍODO, SURGE O NOVO PRÉDIO DO HOSPITAL AZAMBUJA
CRISE ECONÔMICA MUNDIAL
AUGUSTO BAUER E ADOLFO WALENDOWSKY NÃO CUMPRIRAM SEUS MANDATOS À FRENTE DA PREFEITURA DE BRUSQUE
Paralelo às intervenções em Brusque pela política nacional, o país enfrentou a tragédia da quebra da bolsa de valores de Nova York, em 1929. Os Estados Unidos eram o maior comprador do café brasileiro mas, com a crise, a importação do produto diminuiu muito e os preços caíram. Para tentar reduzir os impactos da crise econômica nacional, o governo de Getúlio Vargas comprou e queimou toneladas de café destinados à exportação. A crise que se instalou no país representou sérios problemas
econômicos aos pequenos municípios e forte impacto na indústria têxtil de Brusque, que destinava praticamente toda a produção para o porto de Santos. “A população fica mais pobre. As fábricas não têm desempregados, mas não há ganhos econômicos reais no período, o preço da produção baixa muito. Há dificuldades na negociação de tecidos no Porto de Santos e isto vai afetar também o custo de vida e os salários dos operários. Temos um tempo de pobreza que atravessa anos à frente”.