Brusque: 160 Anos de Superação

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terça-feira, 4 de agosto de 2020

BRUSQUE MEMÓRIA/DIVULGAÇÃO

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IMIGRANTES ABRIRAM AS PRIMEIRAS ESTRADAS DE BRUSQUE NO PERÍODO COLONIAL

CAMINHOS CRUZADOS CONSTRUÇÃO DAS RODOVIAS ANTÔNIO HEIL E IVO SILVEIRA FORAM MARCADAS POR GRANDE MOBILIZAÇÃO DOS BRUSQUENSES

“O FRACASSO DA ESTRADA DE FERRO, DO TRANSPORTE HIDROVIÁRIO E AS PÉSSIMAS CONDIÇÕES DAS ESTRADAS DEIXARAM BRUSQUE PRATICAMENTE ISOLADA, FREANDO O DESENVOLVIMENTO DA CIDADE”

ERICO ZENDRON/CURTO FOTOS ANTIGAS DE BRUSQUE

Desde o início, a história de Brusque com as estradas foi marcada por muito esforço e luta. Ao chegarem aqui, os primeiros colonos usaram as próprias mãos para abrir, em meio à mata fechada, os caminhos que, mais tarde, pertenceriam à cidade. A primeira ligação entre a colônia e a Vila de Itajaí foi concluída somente em 1875, 15 anos depois da chegada dos primeiros imigrantes, por iniciativa do barão Maximilian von Schneeburg. A estrada, antes chamada Brusque-Itajaí, seguia um trajeto diferente, cheio de buracos e bastante precária. Por muitos anos, foi a

RODOVIA ANTÔNIO HEIL FOI INAUGURADA COM FESTA EM OUTUBRO DE 1974; VIÚVA DO EX-PREFEITO CORTOU A FITA

única ligação com outras cidades. Em 1900, por iniciativa do cônsul Carlos Renaux, aconteceu a primeira tentativa de melhorar o transporte em Brusque: os trilhos. A intenção era que a estrada fosse uma linha estreita, com tração animal, com extensão de três quilômetros, ligando a antiga ponte Vidal Ramos à Fábrica de Tecidos Carlos Renaux. Dez anos depois, a classe empresarial de Brusque demonstrou ter interesse em uma ligação férrea com o porto de Itajaí. O desejo era que o trilho saísse de Blumenau, passasse por Gaspar e Brusque, até chegar em Itajaí. Porém, o que

ficou decidido foi que o trilho sairia do Vale do Itajaí-Açú e adentraria, a partir de Ilhota, no Vale do Itajaí-Mirim. Com isso, a partir do bairro Itaipava, em Itajaí, iniciaria-se a construção de um ramal até Brusque, que teve início nos anos 1950, porém, não foi longe. A obra, bastante cara, demorou anos para avançar, até que após muitos pedidos, em 1964, foi decretada a não continuidade. O túnel do Montserrat, como é conhecido hoje, foi abandonado e redescoberto somente nos anos 1990. O fracasso da estrada de ferro, do transporte hidroviário - que até o início do século 20 era o principal sistema de escoamento da produção - e as péssimas condições das estradas - que até a década de 1960 eram as mesmas abertas pelos colonizadores um século atrás deixaram Brusque praticamente isolada durante muito tempo, freando o desenvolvimento da cidade, que contava com indústrias pujantes e era uma das forças da economia no estado. Não demorou muito para que as lideranças da cidade percebessem o problema. Brusque necessitava de uma ligação decente com Itajaí e também com Gaspar. Iniciava, então, uma grande luta para a construção das rodovias no município. Na década de 1950, o governo federal iniciou a construção da BR-59, mais tarde denominada BR-101. Já naquela época, as lideranças pleiteavam uma estrada que fizesse a ligação de Brusque com a BR-59. Nascia a campanha pela rodovia Antônio Heil, que durou mais de 10 anos. Ao mesmo tempo, a cidade também reivindicava a construção de uma nova estrada entre Brusque e Gaspar para substituir a velha rodovia paralela aberta no começo do século pelos primeiros colonizadores da região. A nova estrada até iniciou em 1952, mas de forma muito lenta, gerando descontentamento na população. Em dezembro de 1957, o jornal O Município publica um artigo cobrando mais ação do poder público em relação às estradas. Com o título: “Nossas estradas...uma calamidade”, o texto diz que “precisamos urgentemente da ratificação da estrada para Itajaí, por onde escoa, em caminhões, toda produção industrial e colonial do município; necessitamos de uma ligação rodoviária senão excelente, mas pelo menos em condições de trânsito permanente para a capital; a estrada para Blumenau precisa ser melhorada de uma vez, pois a que aí está é ainda aquela do tempo em que o carro de boi era o veículo da moda”. Diversos artigos foram publicados em O Município ao longo da década de 1960, cobrando rodovias para a cidade. Foram inúmeras promessas, frustrações e anos de espera até que, finalmente, Brusque ganhasse caminhos dignos de sua grandeza.

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