Brusque: 160 Anos de Superação

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terça-feira, 4 de agosto de 2020

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O MILAGRE ECONÔMICO DE AZAMBUJA REPRODUÇÃO

COM MAIS DE MIL LOJAS, BAIRRO PROJETOU BRUSQUE NACIONALMENTE COMO CAPITAL DA PRONTA-ENTREGA

POUCO A POUCO, MOVIMENTO NA RUA AZAMBUJA FOI DIMINUINDO

Depois de anos no auge, a rua Azambuja, que já foi considerada o maior centro comercial a céu aberto do Sul do Brasil, chega ao fim. Pouco a pouco, lojas fecham, o movimento de compradores diminui e os tempos áureos da rua que deu a Brusque o título de capital da pronta-entrega ficam apenas na lembrança. Isso ocorreu em meados de 1995. Mas a história que liga Azambuja ao setor têxtil começa alguns anos antes.

Os primeiros comércios na rua Azambuja surgem por volta de 1986. Depois da grande enchente de 1984, o governo libera o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para auxiliar as vítimas das cheias. Muitas pessoas decidem usar o dinheiro para empreender. É aí que surgem as primeiras confecções, improvisadas dentro das casas e que pouco tempo depois já fazem muito sucesso. Em

1989, a rua começa sua ascensão. Naquele ano, 100 lojas já existem e começam a atrair compradores da região Sul do país. Muitas pessoas viram ali uma oportunidade de mudar de vida e ter o próprio negócio. Lojas e mais lojas começam a surgir e os clientes não param de chegar. No auge, a rua Azambuja teve mais de mil estabelecimentos. Ônibus de excursão chegam a todo momento. Chegou-se a re-

gistrar mais de 80 lotados de compradores estacionados ao mesmo tempo. Uma verdadeira loucura. O empresário Sílvio César Gonçalves lembra bem dessa época. Ele abre sua primeira loja na rua Azambuja, a Liberty Camisaria, em janeiro de 1992, quando o comércio no local estava a todo vapor. O sucesso foi tanto que, em pouco tempo, uma loja apenas já não é suficiente. Silvio conta que em determinado momento, teve três lojas na mesma rua para conseguir dar conta da demanda de clientes. “Nos primeiros anos eu buscava as mercadorias em São Paulo, só depois que comecei a produzir. Naquela época, teve uma semana que eu cheguei a ir para São Paulo três vezes. Eu chegava, colocava a mercadoria e logo acabava. Então eu tinha que voltar, nem ia para casa. Tinha épocas, que eu abria as lojas ás 3h para dar conta de atender a todos”. O empresário, que também é diretor da Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque (Ampebr), diz que muitas vezes chegava a vender até as camisas incompletas a pedido dos clientes. “Às vezes estava na fase final de produção, faltava casear, colocar botão, mas os compradores não queriam esperar, pediam desconto e levavam assim mesmo”. No início dos anos 1990, as lojas não paravam de surgir, assim como os clientes. Com o comércio da rua Azambuja, Brusque ficou conhecida nacionalmente.

“NAQUELA ÉPOCA, TEVE UMA SEMANA QUE EU CHEGUEI A IR PARA SÃO PAULO TRÊS VEZES. EU CHEGAVA, COLOCAVA A MERCADORIA E LOGO ACABAVA. ENTÃO EU TINHA QUE VOLTAR, NEM IA PARA CASA” Sílvio Gonçalves, empresário


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