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as sombras de begônia
Begônia é uma mulher de poucas palavras, mas também muito expressiva. Com as mãos inquietas sobre o colo, ela inicia o seu relato. Visivelmente tensa, a moça conta que tudo começou com um brilho de notificação em seu celular. A notificação se tratava de um torpedo SMS enviado por B., que propunha um convite a ela, “ele me chamou para sair e eu acabei matando aula para o encontrar em uma praça”. lembra, com a voz trêmula. A mulher segue dizendo que não se recorda de como ou quando conheceu o jovem, uma vez que eles nunca foram amigos, apenas conhecidos. Tudo o que ela sabia, era que ele havia acabado de terminar o seu relacionamento.
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Quando se encontraram, conversaram por um tempo, até que o garoto interrompesse o diálogo para propor a Begônia que o acompanhasse até a sua residência, “ele me chamou para ir na casa dele para me apresentar as ilustrações que ele fazia. Quando eu entrei lá, ele começou a flertar comigo aos poucos”, conta.
Com a fala anasalada, a moça relembra que a princípio tudo ia bem e que ela estava entretida com os desenhos de B., mas isso durou pouco. “Tudo ficou muito silencioso e eu senti um frio estranhona barriga”. O silêncio foi cortado por um beijo roubado que a princípio foi bem-vindo pela flor, porém B. queria mais. “Ele queria transar comigo, mas eu disse não. Então ele ficou em cima de mim na cama e disse que era para eu ficar quieta para que ninguém da casa dele ouvisse.” Relembra, enquanto penteia nervosamente o cabelo com os dedos.
Em seguida, Begônia conta que ele arrancou com força toda a sua roupa e a penetrou de forma bruta e dolorosa. Ela permaneceu imóvel, desconfortável e extremamente perturbada com a situação, “ele era muito pesado”, relembra. Ela segue o relato alegando não ter gritado ou pedido para que ele parasse, pois se sentia vulnerável e assustada demais com o que estava acontecendo.
Begônia não tinha consciência na época de que a situação se tratava de um estupro, mas sentia em seu interior que aquilo era errado e recorda de ter pensado durante o ato “por que ele faria isso?”.
Quando B. finalizou, não permitiu que Begônia saísse de sua casa tão cedo. “Por algum motivo, ele não me deixou ir embora. Foi muito desconfortável porque depois de tudo que aconteceu, ficou um silencio muito grande entre a gente e enquanto ele fumava na cama dele, eu encarava a minha imagem num espelho que tinha no chão. Foi só depois do meu pai ter me ligado a noite que ele me deixou ir”
Na volta para casa, Begônia caminhou sentindo um enorme peso sobre si, ela conta que fazia parte do trajeto passar em frente a escola onde estudava. Ela lembra de ter avistado vários estudantes e entre eles, sua melhor amiga.“Eu a vi dentro do carro com o pai e fiquei com vontade de correr para abraça-la e contar tudo para ela. Eu só conseguia pensar que eu deveria ter ido a escola e que a aula tinha sido maravilhosa”, desabafa.
Ela segue o relato dizendo que a volta para casa foi difícil, mas que o dia seguinte foi ainda pior, “passei o dia inteiro me sentindo mal”. Ela conta que ficou sem hematomas, mas admite ter sentido muita dor.
Angustiada, a moça relembra que depois do abuso que sofreu, teve muita dificuldade em se relacionar com outros homens. “Eu não queria ficar sozinha com nenhum, tanto que quando eu conheci o meu atual marido, a gente só se encontrava em locais publicos porque eu não conseguia imaginar como seria ficar em um quarto ou em qualquer outro lugar fechado com ele, demorou muito para que confiasse nele”.
Quando perguntada se ainda consegue manter relações sexuais de forma natural, ela prontamente nega com a cabeça “Meu marido é carinhoso e eu gosto disso, se passar desse ponto, eu vou me sentir muito desconfortável”, admite.
Durante quase três anos ela não contou a ninguém o que havia acontecido naquela noite, foi somente após um suspiro de coragem que ela conseguiu confidenciar o ocorrido para sua melhor amiga. Esse caso nunca chegou às autoridades, Begônia explica que demorou muito tempo para entender o que havia acontecido.
Refletindo sobre suas angústias, Begônia afirma que essas lembranças a entristecem muito e que tudo “parece um machucado que nunca vai sarar”. Ela conta que, em situações corriqueiras, como
quando está limpando a sua casa, alguns flashes sobre o estupro persistem em preencher sua mente. “Eu começo a pensar nisso e eu vou me emergindo, aí eu começo a sentir como se eu fosse um lixo, ele tirou o meu poder. Eu achei que isso nunca fosse acontecer comigo.”, declara em tom de revolta.
Elevando o tom de voz, a moça, visivelmente inconformada, salienta que o estupro pode vir de qualquer um. “Não foi nada do tipo: ‘A pessoa pegou você no meio da rua e arrastou você para o mato’, não, porque ele chegou em mim dizendo: ‘Vamos ali em casa para eu te mostrar uns desenhos’, então eu nunca iria imaginar que algo assim fosse acontecer”. A flor admite que sua paz foi tirada por saber que essa situação é irreversível, “não tem solução, não dá para voltar atrás”, lamenta.
Por fim, Begônia declara, “eu não sei se eu fui a única pessoa, não sei se existiram outras, mas eu espero que ele nunca mais machuque ningúem”.
o cosmo do amor
Violeta é uma mulher elegante, sempre atenciosa, observadora e preocupada com às pessoas à sua volta. Imponente, a flor de 49 anos se entrega de corpo e alma à sua família, composta por seu esposo e suas três filhas, Azaleia a mais velha, Camélia a do meio e Gardênia, a caçula.
Para Violeta, a família é o que há de mais importante na vida. Sua carreira, que ascendeu desde cedo, foi interrompida após o nascimento de sua primogênita. “Se a gente tem que ser alguma coisa nessa vida, eu já fui. Eu já fui famosa, cantora, empresária. Mas, uma coisa que eu nunca quero deixar de ser, é membro atuante de uma família”, afirma.
Ela estreou nos holofotes durante a década de 70, onde foi bebê Johnson & Johnson. Anos mais tarde, fez parte de dois grupos musicais que se tornaram muito populares no Brasil nos anos 1980.
Deixando a carreira musical, a mulher realiza-se como empresária, para então tornar-se administradora de sua própria casa noturna paulista, que chegou a receber pessoas célebres, como Madonna.
Embora tivesse atingido o ápice de sua vida profissional, Violeta só ficou satisfeita quando concretizou sua maior realização pessoal, conceber uma família. Embora a mulher tenha conquistado tudo que a maioria das pessoas almejam, como fama e uma rápida ascensão profissional, Violeta nunca esteve confortável com tudo aquilo. Para ela, o estrelato não foi saudável.
De acordo com a flor, família sempre foi algo muito importante, isto porque, sua primeira decepção teve início dentro de casa, com a própria mãe.
Sentada em uma sala arejada, invadida pelo canto de seu pequeno passáro vermelho, ela se reconecta com as memórias mais dolorosas que tem. Antes de começar o relato, Violeta repete, emocionada, uma citação que, sempre que tem a oportunidade, diz a suas filhas, para que nunca achem que abusadores são seres extremamente singulares e fantasiosos.
“Quem abusa de uma criança não é um monstro, mas sim um pai, um tio, um padrasto. O que devíamos ensinar para a criança é
que monstros são fantasiosos, são ‘bicho papão’. Eu demorei para assimilar que os meus abusadores não eram monstros, mas gente comum. São profissionais, pessoas importantes na sociedade, gente que tem família. Abusadores não são monstros, não devemos dizer isso para uma criança. Porque não têm nada de fantasia. A realidade tem cheiro, tem calor. Um monstro, se a criança grita pela mãe, desaparece”, explica.
Violeta lembra que, quando tinha entre 4 e 5 anos, sofreu um pequeno acidente doméstico que a fez perder os dentes da frente. Desesperada pela situação, sua mãe levou-a até um cirurgião dentista. Minutos depois que já estavam no consultório, a mãe deixou a sala para ir ao banheiro. Ela não sabia, mas ali começava uma das lembranças mais traumáticas de sua vida. “Quando ela foi ao banheiro, ele subiu em cima de mim e eu provavelmente achava que era parte do tratamento”, relembra.
Violeta, que não entendia o que estava acontecendo, esperou que a mãe voltasse para a sala, em choque, sem saber como agir. Como era muito pequena, Violeta lembra-se apenas de flashes desse primeiro abuso, como a roupa que usava no dia do acontecimento. “Ela voltou e ele ainda estava em cima de mim. Minha mãe não falou nada, eu estava com uma sainha de crochê amarela. Ela abaixou a minha sainha, pegou a minha mão e me levou embora”, pontua, aos prantos.
A mulher explica que, após o episódio, involuntariamente, não confiou mais em sua mãe da mesma maneira. “Ela não falou nada para mim, eu não sabia o que estava acontecendo”.
A flor, que se orgulha muito de ser uma mãe presente e declaradamente superprotetora, afirma que muito dessa característica se deve a esse episódio que, como conta, foi a primeira vez que se sentiu sozinha e desprotegida.
Mesmo estando ali, sua mãe não a defendeu, nem a alertou caso, futuramente, outra pessoa tentasse lhe fazer algo. “Para uma criança, o primeiro porto seguro é a mãe. É ela que vai te livrar dos perigos, que vai te apoiar. Eu não tive isso. E, para minha reinvenção, eu queria ser essa mãe, a mãe que protege, a mãe que apoia. Sempre ensinei que o corpo de minhas filhas é delas, não do tio, do pai ou de
um terceiro que quer tocá-lo, mas delas”, declara.
Pouco tempo após o primeiro abuso, Violeta mudou-se com a família para uma pequena vila, onde a vizinhança toda era muito próxima. As crianças brincavam juntas e, pelas manhãs, as famílias se reuniam para tomar café. Ela lembra que adorava a rotina do lugar, afirmando que se sentia acolhida, mas isso não durou muito tempo.
Durante a entrevista, Violeta fica em silêncio e o único som ouvido é o de seu pássaro, recluso em uma pequena gaiola, presa na varanda da casa. O detalhe não passa despercebido, pois fazer gaiolas era a profissão de seu segundo abusador, que morava em uma casa amarela, na vila que Violeta tanto amava.
Ele era casado com a Sra. V., uma vizinha “muito querida e carinhosa”. Porém, ir para a casa da Sra. V., significava ver o marido dela, o Sr. F..
Violeta imersa em suas lágrimas relembra que na casa dessa vizinha, enquanto todos tomavam café, ele a convidava para “ver as novas gaiolas”. Ficando sozinho com ela, ele a fazia tocar em seu órgão genital e estimulá-lo até a ejaculação.
A menina na época, com cerca de cinco anos, recusava-se a acompanhá-lo, porém, sua mãe, em nome das boas maneiras, a obrigava, afirmando ser falta de educação recusar o convite. “Todas as vezes que o café da manhã era na casa Sra.V., eu já sentia um frio na minha espinha”, relembra, com a voz trêmula.
Após uma pausa, Violeta interrompe a viagem no tempo para salientar que quando uma criança fala não, sua oposição deve ser respeitada. “Eu não queria ir, porque eu sabia o que era ir ver as gaiolas do Sr.F., era ele colocar o pênis para fora e fazer eu tocar, até ele ter o prazer dele”.
Os abusos eram frequentes e duraram até que Violeta e sua família se mudassem de bairro. “Se a gente tomasse café três vezes na semana na casa da Sra.V, as três vezes ele me chamava para ver as gaiolas”, desabafa. Durante o relato, Violeta encolhe-se na cadeira, como se sentisse a impotência e a vulnerabilidade da menina que, com menos de uma década, já havia sido abusada, negligenciada e ultrajada muitas vezes. Aos prantos, a mulher olhava para suas mãos em seu colo, revivendo o sentimento da menina violada.
Anos mais tarde, a flor retornou ao seu antigo bairro com a mãe para rever seus antigos vizinhos. Entre uma visita e outra, um dos moradores da época lhe deu a notícia de que o Sr.F havia falecido. Em um ato espontâneo, Violeta soltou um suspiro de alívio. Chocado, ele perguntou o motivo. Encorajada pela idade e maturidade, a moça começou a relatar os abusos para o homem, que ouviu toda a história em silêncio e incrédulo.
A mãe de Violeta, que estava na sala, começou a contestar o porquê de nunca ter dito nada. Consternada, Violeta desabafou “o que que eu ia falar? A primeira vez que você me viu ser abusada, simplesmente abaixou meu vestido, sacudiu, deu a mão para mim e me levou embora. Por que que eu ia falar alguma coisa para você? ”, retrucou, embebida pela indignação e revolta, guardadas há muito tempo.
Conversando com outras pessoas, ela descobriu mais tarde que o Sr.F. não abusava somente dela, mas de muitas outras crianças e nenhuma jamais se manifestou a respeito. Violeta acredita que isso se deva a crença de que abusadores são bandidos, quando, na verdade, são cidadãos politizados, com família, profissão; não monstros. “Depois da minha primeira experiência, eu achava que ia ser sempre daquele jeito “sacode a saia e vamos embora, porque você nasceu para ser usada para isso”.
Em decorrência desses traumas, Violeta cresceu com medo dos homens, com medo de sexo, com medo de se relacionar com pessoas que a fizessem mal. Sorrindo, ela lembra que só deu seu primeiro beijo aos dezesseis anos. “Foi só um selinho e, depois, dei um tapa no rosto dele, por achar aquilo um grande desrespeito”. Ela afirma que teve o privilégio de ser uma jovem popular e querida na fase escolar, mas sempre evitava estar com meninos e, aos 21 anos, ainda era virgem.
Foi com essa idade que começou a namorar pela primeira vez, J., que era quase vinte anos mais velho, a princípio ele dizia respeitar a escolha da mulher de casar virgem, mas, depois de algum tempo, começou a cobrar dizendo que homens “precisavam disso” e, caso ele não tivesse com ela, teria que “procurar na rua”. “Ele me pressionava falando que ele era um homem maduro e que ele já tinha a
vida sexual; não como a minha, já que eu era virgem ainda. Ele me pressionava muito”.
A flor explica que não contou a ninguém sobre os abusos passados que sofrera, nem para J., porque não sentia confortável em falar sobre o assunto. Para ela, as pessoas não iam entender. “A sociedade tratava como patologia e geralmente a culpada era a mulher. ‘Ah, porque você estava de sainha’, ‘Porque você é muito dada’”, acrescenta.
Com muita pressão, Violeta decidiu viajar com J. e um grupo de amigos para praia em um final de semana. Durante o tempo em que estiveram juntos, ele continuava forçando-a. “Mas você tem que entender que eu sou um homem feito e que se eu não fizer com você eu vou te trair, eu vou procurar outra na rua”, ele dizia. Violeta afirma que tinha um corpo bem desenvolvido e que ele, em alguns momentos, duvidava que ela era realmente virgem.
Depois de muitas tentativas de convencê-la a ter relações, durante a viagem, J. a estuprou e, desse estupro, Violeta engravidou de sua primeira filha, Azaleia. Na época em que tudo aconteceu, a flor não tinha consciência de que tinha sido violentada. Os outros abusos eram muito claros para ela, principalmente por ser uma criança, mas o estupro, ela só foi entender mais tarde, depois que sua segunda filha a explicou. “Eu só fui aprender com a minha filha, quando ela começou a estudar e me disse que o que aconteceu comigo foi um estupro, porque eu não tinha consentido, eu não queria, eu não estava preparada”.
Grávida, Violeta terminou seu relacionamento com J. e deixou sua carreira artística de lado, começando um negócio próprio em São Paulo, uma casa noturna. J. não sumiu de sua vida por completo, já que tornou-se seu sócio no novo empreendimento. Embora houvesse uma pressão muito grande para que ela abortasse, Violeta decidiu levar a gravidez até o final. “Eu descobri a gravidez bem no começo, depois que sofri um pequeno acidente de carro e o médico me disse ‘você está bem e seu bebê também’. Naquele momento só conseguia pensar ‘o que vai ser de mim? ’”, relembra.
O homem se propôs a assumir a criança, porém Violeta encarou a gravidez como “produção independente”. “Eu nunca contei para nin-
guém o que realmente aconteceu. Para as pessoas, era uma produção independente, que era muito discutida na época”, conta. A menina nasceu saudável e Violeta readequou sua vida em prol de sua filha.
Cinco anos mais tarde, a mulher, que sempre sonhou em ter uma família, sentia necessidade de ter outro filho. Sendo assim, criou coragem e, como nunca tinha tido relações sexuais com outro homem, procurou por J. novamente. “Eu queria que a minha filha tivesse um irmão e como eu não era uma pessoa promíscua, sem namorado nem nada, além do sexo não ser nada fácil para mim, eu o procurei e disse que tinha feito todos os exames, estava com a saúde em dia. ‘Eu não quero ter um filho aqui e outro ali, eu queria saber se você pode me ajudar, porque vai ser no mesmo esquema, nunca vou te cobrar nada’”, pontua.
J. aceitou e Violeta engravidou de sua segunda filha, Camélia, que segundo ela, se fosse indígena, a menina chamaria “Desejada”, porque ela realmente queria trazê-la ao mundo. Com duas filhas, Violeta não estava buscando mais um grande amor, mas, desta vez, o destino sorriu e a mulher, que sempre havia sido abusada por homens, encontrou seu atual marido, F.
“Eu ainda amamentava a Camélia e tínhamos uma turma de amigos e sempre estávamos juntos. E, graças a eles, conheci meu marido, que tinha acabado de voltar do Canadá ”, diz, sorrindo. Ela conta que ele tentou aproximar-se dela, mas ela estava tão concentrada com seu negócio e com suas duas filhas que demorou um tempo para perceber suas investidas. “Ele sabia dos meus sonhos de ter família, cachorro, casa para limpar, e ele foi me seduzindo aos poucos”, brinca.
Ela lembra que ele se declarou de uma maneira muito diferente, dizendo que não queria mais a amizade dela. “‘Eu não quero mais ser seu amigo’, ele me disse. Eu respondi para que ele me perdoasse, caso eu tivesse feito algo de errado. Então ele me respondeu: ‘Eu quero casar com você’. Na hora, falei que a gente tinha que namorar e noivar antes. E foi isso que fizemos, tudo em oito meses. Foi tudo como devia ser, com daminha de honra e vestido de noiva; meu sonho de família finalmente aconteceu”, conclui.
Nessa nova etapa, a mulher conta que superou muitos traumas e
que F. foi e é o melhor homem que poderia ter surgido em sua vida. Graças a harmonia do casal, eles tiveram mais uma filha, Gardênia, hoje com 15 anos. Felizes com a nova etapa, eles resolveram ajudar outras pessoas, pois Violeta sabe o quão importante é sentir-se acolhida por alguém. “Não era fácil ter intimidade comigo, então a gente foi estudar um pouco e, com isso, começamos a ajudar muitas mulheres em seus casamentos que não davam certo. Fomos trabalhar com casais e estudamos com um médico e uma sexóloga de Curitiba. Eu achava que estava ajudando aquelas mulheres, mas, na verdade, eu estava me curando”. Violeta realizou esse trabalho até o começo de 2018, mas precisou interrompê-lo por problemas de saúde.
Por fim, quando questionada sobre o que deseja para todos os homens que lhe fizeram mal, Violeta concentra-se nas flores no centro da mesa e, segurando as lágrimas, diz que a vida se encarrega disso. “A vida é uma semeadura. Será que eles viram o que semearam? Que todos os dentistas, Srs. F. e todos os J. vivam as semeaduras que quiseram para si. Nada menos que isso”, finaliza, levantando-se da mesa para abraçar às suas filhas.