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FERNANDO BRAGA

frases curtas). Cheguei a tirar a tecla dessa letra da minha máquina Remington. Foi outra experiência maravilhosa. Se lermos o livro de Jack Dorsey, CEO do Twitter, vamos ver que as micromensagens (na modernidade) se originaram nos lendários SMS (torpedos). Porém outro dia, assistindo ao Canal History, acabei descobrindo que a linguagem cuneiforme de há muito, inventada pelos Sumérios, também podem ser consideradas micromensagens. Claro que daí, surgiram os tik-toks da vida. Todavia acredito, caro Rogério, que nada se inventou com pertinência ao mundo cibernético. Houve um ponto de evolução. Boa parte dela, advinda, infelizmente, da Segunda Grande Guerra Mundial. Martheus Griffiing, comentarista contumaz de matérias de jornais e revistas, publicou outro dia, abaixo de um artigo da TIME MAGAZINE, que a evolução dos “microgeoglifos escritos e plasmáticos, não terão tanta força num futuro menos distante, ao ponto de ter que juntá-los, cada um deles,

9) – RR - Nietzsche dizia que a vida sem música seria um erro. Qual outra coisa, se lhe faltasse, tornaria a vida também um erro? MHL – A minha fé em Deus, num criador do Cosmos. Sem ele, perderia outra coisa por demais insubstituível: minha liberdade evolutiva e espiritual. Delas, podem acontecer outros milagres. Mas, nessa ordem literal e sine qua non!

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10) - RR - Qual o lugar do inconsciente no teu processo de produção literária? Sua escrita é intuitiva, segue fluxos de movimentos dessas camadas de mais difícil acesso do nosso cérebro, ou é constituída a partir do planejamento e da racionalização? MHL – Nada aconteceu como chuva de verão em minha cabeça. Vejo muita gente falar das facilidades em fazer, escrever e construir. Comigo, não! Para chegar a entender um pouquinho de minhas atividades, li, reli, participei, discuti, aprendi, errei, voltei a errar: dores do crescimento, da evolução. Um esforço hercúleo para saber como e em qual caminho trilhar. Nesse ínterim, aprendi que nem toda intuição é sabedoria. Ouvi muito de alguns sabidos afirmarem ter “exercitado muito o cérebro porque o cérebro é um músculo. Quanto mais exercício, mais musculoso”. Não é bem assim porque o cérebro nunca foi composto de miócitos, como os músculos. Mas de milhões de neurônios interconectados por axônios e dendritos. E mais, tem-se que ensinar o cérebro a pensar, pois é ele quem regula cada uma de nossas funções cerebrais e corporais, desde respirar, comer ou correr, à capacidade de raciocinar, de se apaixonar ou de argumentar. Eu tive muita dificuldade em ensinar meu cérebro a pensar. Foram momentos de angústia, decepções e retornos. Senti emoções incríveis, boas, péssimas e cheguei à conclusão de que é a vivência (da vida) e seus altos e baixos, a melhor forma de ensinar o nosso cérebro. Alguns egoístas, se tornam notórios narcisos superficiais, exatamente por aprenderem pra si, através de cultura de almanaque ou de leituras de manchetes, sem aprofundamento. Esqueceram que a cultura, a sapiência, a sabedoria, não diz respeito ao Homem físico. Mas ao Pensamento do Homem. O que ele repassa ao seu cérebro. Assim, a profusão do que o cérebro absorve, acaba fazendo o monge, da mesma forma que o axiomático "...cachimbo faz a boca torta". Portanto para realmente ensinar o cérebro é ultranecessário jogar fora o chamado “conhecimento de almanaque”, ou simplesmente “sabedoria de manchetes”. Isto é, ler sem se aprofundar em assunto nenhum. Apenas decorando vários assuntos aleatórios para conversas convenientes posteriores. Ninguém sobreviverá a isso, intelectualmente. Como Herbert Spencer disse em frase erroneamente atribuída a Darwin: a partir daí, dá-se a “sobrevivência do mais apto”. Sim! No mundo de hoje só o mais apto sobreviverá. Não existe mais a história de que “o Mundo é dos espertos”. Vivemos numa era virtual binária. Rápida e sem indulgência. Um tsunami galáctico. Um buraco negro, prestes a engolir quem não estiver pronto para viver neste futuro, agora! Portanto, urge ensinar o cérebro a

Muito obrigado amigo Rogério Rocha.

A LINGUAGEM PÓS-MODERNA DE CARVALHO JUNIOR

PAULO RODRIGUES “o mundo ainda não tem os olhos/ rasgados/ pela cápsula do sombrião”

Gravei, com o querido poeta Neurivan Sousa, uma live em que discutíamos a linguagem pós-moderna do livro O homem-tijubina do poeta e ativista cultural Carvalho Junior. O autor caxiense faleceu em março de 2021(vítima da pandemia e do pandemônio que arrasou com as forças do país). Estávamos comovidos. Estamos ainda comovidos. Carvalho deixou sua marca nos afetos da literatura contemporânea. Era um homem de diálogos coletivos. Nunca pensou dentro de uma caixa de fósforo. Queria “de mãos dadas” alçar voos pelo oceano da Língua Portuguesa. Estou convicto que ele conseguiu. O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia (edição bilíngue) foi lançado pela Editora Patuá, em 2019. São setenta e quatro páginas de um mito em construção. O trabalho gráfico é primoroso. Celso Borges diz no último parágrafo da apresentação: “o poeta é um gato do mato perseguindo a cauda do vento selvagem”. Ai dele se virar um gato de fitinha no pescoço. Carvalho sabia – de vivência – os versos: “o lugar da poesia é o da oposição”. Portanto, nunca será um felino adestrado. O fragmentário da linguagem é nítido em algumas construções, na poética carvalhiana. As alterações na linearidade das cenas que o fazem voltar a muitas lições de Oswald de Andrade. Os dois antecipavam novas semióticas na composição do poema. No poema CIPOADA (IV), lemos: gravou a tijubina na areia intensa de febre – com o pitoco de rabo mutilado sobre uma folha também rasgada de mágoas –

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