O ENSINO DA LITERATURA NA ESCOLA E A FORMAÇÃO DO LEITOR: outras margens 1 A leitura implica uma habilidade que deve ser desenvolvida para a consolidação da competência de leitores críticos, pautada em valores éticos e humanizados, considerando que o ato de ler é um ato político. Dilercy Adler** 1 INTRODUÇÃO Inicialmente quero agradecer o amável convite para participar desta II FLIX que se configura como uma ampla festa literária, artística e cultural, também parabenizar os promotores desta grande festa e aplaudir o escritor paraense homenageado, Professor Walcyr Monteiro, in memoriam. Peço permissão para me apropriar do subtítulo do tema desta Festa Literária Internacional, por entender que margem, por ser um termo utilizado em diferentes contextos, me permite adotá-lo como aquele definido pela Geografia que o designa como o local onde a água se encontra com a terra, tornando-se assim um limite lateral das águas de um rio. Mas, ao mesmo tempo, quando o colocamos no plural: margens, significa mais rios, outros rios, mais espaços e isso traduz, simbolicamente, a riqueza de possibilidades de infinitos encontros da água com a terra, que neste contexto concebo como o encontro do leitor com o texto. Esta mesa, O Ensino da Literatura na Formação do Leitor, trata de um tema muito importante, essencial para a construção da soberania de uma nação, e o subtítulo, do qual me apropriei, me induziu ir além do objeto descrito no tema. Assim, escolhi falar sobre a Formação de Leitores, no contexto do ensino da Literatura, mas para além do espaço da escola. Esse tema implica uma questão anterior e paralela, qual seja: antes de trabalharmos a formação de leitores, temos que ter cidadãos alfabetizados e continuar a consolidação da alfabetização por meio das ações de Formação de Leitores, também porque, para gostar de ler, é preciso ler bem. Para isso, temos que ter a clareza das condições de alfabetização e concomitantemente avaliar como andam os leitores do nosso país. Essa análise nos remete à organização da sociedade, no nosso caso, a capitalista, que se configura como estratificada, a partir da divisão social do trabalho, que gera em alguns casos, como na sociedade brasileira, extremas desigualdades. Toda e qualquer sociedade se apresenta com duas instâncias principais: a estrutura/infraestrutura- a instância econômica, o modo de produção e a superestrutura conjunto de Leis, Ideias e Valores. A partir da estrutura/infraestrutura se firma a organização das políticas econômicas e, a partir delas, as políticas sociais, dentre as quais as políticas educacionais que passam pela/o: - Infraestrutura física das escolas e dos recursos materiais disponibilizados; - Organização didático - pedagógica; - Corpo docente: . valorização financeira e . capacitação. Essas, por sua vez, vão delinear as condições e os formatos dos Projetos de Alfabetização e dos Projetos de Formação de Leitores que estão na base das suas operacionalizações. Alguns desses projetos: No tocante à Alfabetização:
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* Comunicação apresenta na II Feira Literária Internacional do Xingu – Outras Margens” (FLIX), 2018.
**Psicóloga, Professora Doutora em Ciência Pedagógica (UFMA). Escritora. Membro do IHGM, cadeira Nº 1, Presidente da SCLB. Membro fundador e Ex-presidente da ALL (2016-2017), ocupando a Cadeira Nº 8.