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1.3 Gestão de risco

tenderão a ser mais propensas à cobertura. O hedging permite uma mais eficiente coordenação entre as políticas de investimento e financiamento, aumentando o valor da empresa por via do melhor aproveitamento das oportunidades de crescimento da empresa, minimizando a possibilidade de os projetos não serem implementados por falta de financiamento. Além disso, possibilita a redução dos custos financeiros, pelo efeito de minimização da probabilidade de ter problemas de tesouraria imprevistos.

e) Outros fatores

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Associados à competitividade – a política de cobertura, vista como um fator competitivo face à concorrência – e à dimensão. As grandes empresas seriam mais propensas ao hedging do que as PME, porque os programas de cobertura de risco exigem economias de escala ao nível informativo e porque têm maior capacidade para contratarem especialistas.

Múltiplos estudos empíricos têm sido realizados sobre a cobertura de risco e o desempenho das empresas. Em geral sustentam que reduzir a exposição aos riscos reduz a variabilidade do preço das ações dessas empresas. Confirmam também que os fluxos de caixa menos voláteis resultam em custos de capital mais baixos e em mais investimento. Outros estudos evidenciam que as empresas que utilizam derivados como instrumentos financeiros de cobertura, apresentam um valor de mercado mais elevado.

São múltiplas as definições de gestão de risco apresentadas por académicos e entidades. Alguns exemplos:

“Conjunto de atividades dentro de uma organização que é realizado para obter o resultado mais favorável e reduzir a volatilidade ou a variabilidade desse resultado” – Hopkin (2012).

“Atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização em relação ao risco” - ISO 31000 (2009).

“Processo que visa ajudar a organização a compreender, avaliar e agir sobre todos os seus riscos, com vista a aumentar a probabilidade de sucesso e reduzir a probabilidade de fracasso” - IRM (2014).

“Todos os processos envolvidos na identificação, avaliação e julgamento dos riscos, tomando ações para mitigar ou antecipá-los, bem como a monitorização e revisão do processo” - HM Treasury (2004).

Podemos formalmente definir a gestão de risco da forma seguinte:

“Gestão de risco é um processo que envolve a identificação das exposições ao risco, a definição de intervalos para essas exposições, a sua medição contínua, e a execução de ajustes sempre que os níveis de exposição o justifiquem. O processo é contínuo e pode exigir alterações em qualquer uma dessas atividades para refletir novas políticas, preferências e informações”.

A definição destaca que a gestão de riscos é um processo e não apenas uma actividade, e que esse processo é contínuo e sujeito a avaliação e revisão. A gestão eficaz dos riscos requer a monitorização constante e consistente das exposições, com o objetivo de fazer ajustes quando necessário. A gestão de riscos é simultaneamente um processo proativo, preventivo e reativo que monitoriza e controla continuamente os riscos.

A figura seguinte ilustra a aplicação prática do processo de gestão de riscos conforme se aplica a uma empresa. Esta enfrenta uma série de riscos financeiros e não financeiros, e responde definindo políticas e procedimentos para a sua gestão.

Riscos não identificados Empresa

Riscos identificados

Definir políticas e procedimentos

Definir tolerância ao risco Medir os riscos

Tratar os riscos Ajustar o nível de risco

Executar operações de gestão dos riscos

Figura 1.1. Processo de Gestão do Risco

Primeiro, define a sua tolerância ao risco, que é o nível de risco que está disposta a suportar. Uma empresa pode ter níveis de tolerância ao risco diferentes para os vários tipos de risco. A Declaração de Apetência pelo Risco codifica formalmente a apetência pelo risco da empresa, detalhando o nível máximo de risco que está disposta a assumir para cada categoria de risco. Esta estratégia de risco está relacionada com os objetivos e plano estratégico da empresa, sendo aprovada e revista regularmente pela administração.

De seguida, identifica os riscos, baseando-se nas fontes de informação, e tenta medir esses riscos identificados. O processo de medição na maioria das vezes requer experiência prática e, por vezes, envolve alguma complexidade.

Uma vez identificados e medidos os riscos, está em condições de ajustar as exposições em função dos níveis e intervalos previamente definidos. Os ajustamentos assumem a forma de operações de modificação do risco, incluindo a sua possível transferência completa.

A execução das operações de gestão de risco é em si um processo distinto. Esta etapa consiste na identificação, definição de preços e execução da negociação. O processo passa então para a medição do risco e continua dessa maneira, e pela monitorização e ajuste constantes do risco, para mantê-lo dentro do intervalo desejado.

A gestão de risco envolve o ajuste dos níveis de risco para níveis apropriados, não necessariamente eliminando o risco por completo. As empresas assumem riscos com o objetivo de gerar rendibilidades que aumentem a riqueza dos seus acionistas/proprietários.

As empresas devem realizar as atividades que são capazes de realizar bem, no entanto, não podem fracassar por causa de atividades nas quais não têm experiência. Consequentemente, devem proteger os riscos nessas áreas. Gerem o risco, aumentando-o quando percebem uma vantagem competitiva e diminuindo-o quando percebem uma desvantagem competitiva, alocando desta forma os riscos de forma eficiente.

A gestão de risco envolve mais do que uma metodologia de cobertura ou redução de risco. É uma prática geral que envolve a alteração do risco (por exemplo, redução de risco ou aumento de risco) conforme seja necessário e adequado pelos financiadores e acionistas/sócios.

Em síntese, a gestão de risco é gerir pessoas, processos e projetos, mas também é sobre técnicas quantitativas de medição de riscos e o seu tratamento. É o trabalho diário de gerir uma organização e os riscos que ela enfrenta, o que requer uma estratégia e decisões estratégicas para controlar os riscos que devem ser controlados e explorar as oportunidades que devem ser exploradas.

A gestão de lucros não pode ser separada da gestão de perdas ou da perspetiva de perdas. A teoria da carteira diz que as decisões de investimento são o resultado do trade-off

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