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1.4.2.1 Riscos financeiros
Riscos Empresariais
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Riscos de Negócio
Vendas Marketing Produção Concorrência Reputação
Riscos de Mercado
Taxas de câmbio Taxas de juro Commodities Preço títulos Inflação
Riscos de Liquidez
Financiamento Longo prazo vs.
Curto prazo Linhas de crédito Capital
Riscos de Crédito
Comercial Contraparte Soberano Liquidação
Riscos Operacionais
Sistemas Controlos Regulação Fraudes Tempo Desastres naturais
Tomar o risco Gerir o risco Mitigar o risco
Figura 1.9. Riscos e atitudes
1.4.2.1 Riscos financeiros
Os riscos financeiros subdividem-se em riscos de mercado, de crédito e de liquidez.
a) Riscos de mercado
O risco de mercado é o risco associado a taxas de juro, taxas de câmbio, preços de ações e preços de commodities. Está ligado à oferta e à procura em vários mercados. Embora possamos distinguir entre risco de taxa de juro, risco cambial, risco de mercado de ações e risco de commodities ao discutir questões como a sua medição e gestão, por exemplo, todos esses subtipos de riscos de mercado têm exposição à oferta e procura. Portanto, consiste genericamente na variação potencial do valor de mercado de um ativo como resultado da volatilidade e dos movimentos imprevisíveis dos mercados. A perda decorrente deste risco caracteriza-se pela redução do valor de mercado do ativo.
Por exemplo, o risco de taxa de juro resulta de variações de valor em instrumentos financeiros induzidas por variações das taxas de juro. É a probabilidade de perda em ativos ou passivos e itens extrapatrimoniais decorrente de alteração nas taxas de juro que indexa às operações. A exposição da situação financeira de uma empresa a movimentos adversos na taxa de juro pode significar a possibilidade de uma perda para os ativos/passivos expostos.
Semelhante ao risco de taxa de juro, que é o preço do dinheiro, o risco cambial é a probabilidade de perda em virtude de variação adversa nas taxas de câmbio (preço da moeda estrangeira). Ao assumir posições ativas ou passivas, as empresas ficam expostas à variação
cambial. O risco cambial é um risco de volatilidade, que pode causar perdas resultantes de movimentos adversos durante o período em que uma posição está aberta em moeda estrangeira, no balanço ou fora dele, no mercado à vista ou a prazo. A principal diferença entre o risco de taxa de juro e de câmbio, reside no facto de a autoridade monetária interna poder controlar até certo ponto a taxa de juro, ao contrário da taxa de câmbio determinada essencialmente por fatores externos menos controláveis pelos países.
Reportando ainda o exemplo do risco de preço das commodities, existem fatores que podem afetar os seus preços, como condições de mercado, alterações políticas e regulatórias, variações sazonais, clima, tecnologia, entre outros. Alterações inesperadas nos preços das commodities podem reduzir a margem de lucro das empresas, sejam produtoras ou consumidoras de matérias-primas, acabando por afetar os negócios em geral. Por exemplo, uma empresa produtora de bens alimentares pode estar exposta ao risco de preço do milho, trigo e açúcar, se estes componentes forem utilizados nos seus produtos, mas também ao preço do papel ou do plástico para as embalagens ou ainda ao preço do petróleo associado ao combustível para o transporte e distribuição dos bens. A volatilidade dos preços pode afetar positiva ou negativamente a estrutura do produto-custo de uma organização e resultar em necessidade de ajuste de preços nos produtos e serviços oferecidos.
O risco de preços de outros ativos é igualmente a probabilidade de perda associada à alteração nos seus preços de mercado.
b) Risco de Crédito
Além dos riscos de mercado, o risco de crédito é o principal tipo de risco financeiro que os agentes económicos enfrentam. É o risco de perda causada pela falha da contraparte ou do devedor em fazer um pagamento acordado. Pode significar não satisfazer as obrigações (pagamento) em parte ou na íntegra e nas datas acordadas.
As empresas não financeiras procuram eliminar o risco de crédito porque não é parte do seu core business. Esta definição reflete um conceito tradicional de risco de crédito, em geral incorporado pelo risco de incumprimento.
Está, portanto, associado à existência de incerteza sobre a capacidade de a contraparte fazer face às suas obrigações no que respeita ao serviço da dívida. Nesse sentido, a avaliação do risco de crédito envolve o conhecimento do valor esperado das perdas face aos devedores e da sua probabilidade de insolvência. É definido pelas perdas em caso de incumprimento ou da deterioração da qualidade creditícia do devedor e, sob este entendimento, o aumento do risco resulta da redução da capacidade de pagamento do devedor, podendo ser configurada pela assunção de dívidas acima da capacidade de endividamento, pedidos de concordata e insolvência. Para mensurar adequadamente o risco de crédito, duas dimensões devem ser observadas. Uma de ordem quantitativa, relativa ao montante de crédito concedido, e outra
qualitativa, que abrange aspetos como a situação económico-financeira do devedor, o histórico de incumprimento ou as garantias recebidas.
Nos últimos anos, os mercados de crédito assumiram cada vez mais as características associadas aos mercados de negociação em grande escala. À medida que esse padrão se foi desenvolvendo, as linhas entre o risco de crédito e o risco de mercado tornaram-se menos claras. Por exemplo, o detentor de um instrumento de crédito negociado pode sofrer uma perda como resultado de um desequilíbrio entre oferta e procura de curto prazo, sem que a probabilidade de incumprimento mude.
Até à popularização dos derivados over-the-counter (OTC), os gestores de carteiras de títulos e os gestores dos empréstimos bancários eram os principais interessados na gestão de risco de crédito. Avaliavam o risco de crédito de várias maneiras, incluindo a avaliação qualitativa e quantitativa das empresas através da análise das demonstrações financeiras, do cálculo das pontuações de crédito e da confiança em informações que estão disponíveis para praticamente todos os devedores. A síntese desse “consenso de crédito” reside nas agências de rating e nos comités de crédito, que foram as principais fontes de informação sobre a qualidade do crédito. Entretanto, o desenvolvimento de novos instrumentos financeiros no mercado de derivados OTC permitiu responder a novas procuras para a gestão do risco de crédito (derivados de crédito).
c) Risco de liquidez
É o risco de realizar operações em mercados com baixa liquidez, evidenciado por reduzidas transações (poucos compradores e/ou poucos vendedores). É um risco comum para os intermediários financeiros e gestores de carteiras e também está muito presente no mercado imobiliário. Em certas condições de mercado, o vendedor tem de fazer uma concessão de preço significativa. Embora este risco esteja frequentemente associado a ativos ilíquidos (a natureza ilíquida de um ativo não é em si o risco), tem origem em algumas fontes como a diferente liquidez do mercado ao longo do tempo ou a menor liquidez do mercado para ativos específicos.
A liquidez tem sido usada em vários sentidos. Por exemplo, o risco de financiamento (o risco de que os passivos que financiam ativos não possam ser renovados a um custo razoável) é um tipo de risco de liquidez. A liquidez, nesse sentido, está relacionada com a disponibilidade de meios líquidos. Associa-se a uma diminuição (real ou apercebida) da capacidade de uma empresa assegurar o financiamento dos ativos e cumprir as suas obrigações à medida que se tornam exigíveis. Este risco também se relaciona com as empresas que dependem muito do financiamento por dívida em vez de financiamento por capital próprio, isto é, que estão muito alavancadas. Neste contexto, a falta de liquidez pode obrigar a rápida venda de ativos, com consequente queda no preço ou em prazos superiores aos esperados. Em última análise pode levar à insolvência e liquidação da empresa.