O SÍNDICO em revista

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ANO 07 | Nº 38 | MAI/JUN 2020

A quarentena nos condomínios

Síndicos relatam as dificuldades em tempos de isolamento social

Joaquim Castilho A história de vida que se confunde com condomínios

Seguro Condominial Conheça os benefícios da Assistência 24 Horas

Entrevista Elisangela Nogueira propõe associação de administradoras



EDITORA Andrea Castilho

Não poderia começar este editorial sem homenagear meu pai, Joaquim Augusto de Castilho, falecido no dia 28 de abril, a quem devo todo respeito e admiração. Foi ele, que atuava no segmento condominial desde 1970, quem trouxe a ideia de fazer um veículo de comunicação voltado para os síndicos e administradores de condomínios de Juiz de Fora. Sua sugestão resultou na criação do jornal O Síndico, que, tempos depois, deu origem a esta revista. Era ele também a quem eu recorria antes de tomar decisões. Ele, que sempre me apoiava e incentivava. Foi ele meu exemplo de vida, trabalho e de responsabilidade. No momento, fica um imenso vazio, o qual espero, com o passar do tempo, preencher com as lembranças de como ele agia para resolver as mais diversas situações, sempre encarando de frente todos os problemas e desafios, sem nunca querer desistir. Com carinho, contamos um pouquinho da nossa história nesta edição, na página 4. Seguiremos em frente, infelizmente sem sua presença física, mas com os objetivos de ampliar nossa atuação, alcançando o mundo virtual, desejo adormecido, ao qual ele já havia “abençoado”. A Covid-19 trouxe mudanças significativas na vida de todas as pessoas, empresas e, claro, até mesmo nos condomínios. Para nós, que estamos trabalhando com a área de comunicação, até surgiram oportunidades novas, mas para os condomínios, acarretou muitos transtornos e necessidades de adequação, o que tem que dado enorme trabalho a síndicos e administradoras. Procuramos relatar um pouco das dificuldades vividas e das soluções encontradas pelos síndicos locais, a fim de contornar a situação. Os dados registrados em nossa cidade, tanto em número de casos quanto em número de óbitos, nos trouxe a necessidade do isolamento social, que impôs novas rotinas e adaptações, para as quais ninguém estava preparado ou esperando. De tudo o que foi feito no âmbito condominial e que está relatado na matéria especial desta edição, a lição mais importante que podemos tirar é de que, logo após a situação se normalizar, os síndicos devem ratificar, por meio de assembleia e ata, as providências que tiveram que tomar. Isso lhes dará respaldo e poderá lhes isentar de consequências jurídicas indesejáveis, visto que muitas decisões tiveram que ser tomadas fora dos trâmites habituais. Os impactos da pandemia nas contas e os reflexos na inadimplência são o tema também do artigo do nosso colaborador Cristiano Magri, que tem um importante recado para você, síndico. Já os benefícios dos serviços a que os condomínios têm direito por meio da Assistência 24 horas do seguro condominial é assunto abordado em matéria nesta edição. Muitas vezes, tais benefícios e vantagens são desconhecidos pelos síndicos. Buscamos, então, apresentá-los, tendo em vista a praticidade e até a economia em momentos em que é necessária a prestação de serviços. Para finalizar, indicamos a excelente entrevista com a empresária do mercado imobiliário, de administração de condomínios e síndica profissional Elisângela Nogueira. Confira sua visão sobre o mercado atual e sua proposta de criar uma associação de administradoras, iniciativa que conta com nosso aval. A todos, nossos desejos de que estejam bem. E uma boa leitura!

SUMÁRIO

ANDREA CASTILHO EDITORA

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Cofundador da revista O Síndico, Joaquim Castilho falece aos 84 anos

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Um panorama da inadimplência em tempos de Covid-19

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Os serviços oferecidos pela Assistência 24 horas do seguro condominial

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Os impactos do isolamento social nos condomínios

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Gestora pede evolução no mercado condominial

DIRIGIDO A Condomínios residenciais, comerciais, associações, administradoras, construtoras e shoppings PERIODICIDADE Bimestral TIRAGEM 4.000 exemplares PÚBLICO LEITOR Síndicos, subsíndicos, conselheiros, zeladores, administradores e construtores CIRCULAÇÃO Juiz de Fora / Minas Gerais JORNALISTA RESPONSÁVEL Andrea Castilho 98887-6126 MTB 5892 logica@logicavirtual.com COLABORADORES Aline Furtado Cristiano F. Magri José Maria Braz Pereira Lena Sperandio Thiago Stephan Rogério de Moraes CONTATO PUBLICITÁRIO (32) 98887-6126 contato2@logicavirtual.com PRODUÇÃO

Rua Halfeld, 414/807 Centro - Juiz de Fora, MG (32) 3212-3329 logica@logicavirtual.com www.sindicojf.com.br IMPRESSÃO Olps Gráfica A reprodução dos textos desta revista requer autorização prévia da editora, por escrito, estando os infratores sujeitos às penalidades legais. As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião da revista. O SÍNDICO em revista não se responsabiliza pelos serviços e produtos oferecidos pelos anunciantes.

EXPEDIENTE

editorial

ADEUS, CASTILHO


indicadores

PISO SALARIAL DOS EMPREGADOS EM CONSERVADORAS

(válido até 31/12/2020) - Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação e Limpeza Urbana de Juiz de Fora – SINTEAC Data-base – janeiro de cada ano

>Faxineiro/Serviços gerais .....................................R$ 1.136,95 >Ascensorista (6 horas) .........................................R$ 1.326,29 >Garagista...............................................................R$ 1.424,80 >Porteiro / Vigia de condomínio.........R$1.352,31 / R$ 1.471,68* >Zelador...................................................................R$ 1.338,81 * Conforme a Convenção Coletiva, o piso salarial para porteiro/vigia que presta serviços em condomínio será de R$ 1.352,31. A empresa que conseguiu realizar a equiparação salarial praticará o piso de R$ 1.471,68.

- Adicional noturno: 20% (entre 22h e 5h, com hora noturna computada em 52 minutos e 30 segundos) - Hora extra: 60% - Auxílio alimentação: R$ 15,28/dia trabalhado (jornada diária de 6 horas ou mais, e especial de 12x36 horas) Hora extra intrajornada: 50% Confira a CCT completa no site www.sindicojf.com.br

PISO SALARIAL DOS EMPREGADOS EM condomínios

(válido até 31/12/2020) – Sindicato dos Empregados em Edifícios e Empregados em Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis Comerciais e Residenciais de Juiz de Fora – SINDEDIF-JF Data-base – janeiro de cada ano

> Empregados em condomínios residenciais ................... R$ 1.170,23 > Empregados em condomínios comerciais.......................R$ 1.239,36

25% (entre 22h e 5h) > Hora extra: 75% > Auxílio alimentação: R$ 140,00/mês ( Valor mínimo) > Auxílio odontológico: R$ 36,00/mês > Adicional noturno:

Confira a CCT completa no site www.sindicojf.com.br

PISO SALARIAL DOS EMPREGADOS EM ADMInisTRADORAS (válido até 30/04/2020*) - Sindicomércio JF / Sindedif - JF Data-base - maio de cada ano > Empregados em empresas EPP, ME, MEI sem adesão ao REPIS ........................................................................R$ 1.160,00 > Empregados em empresas EPP, ME, MEI com adesão ao REPIS.........................................................................R$ 1.031,00 REPIS - Regime de Piso Simplificado

Horas extras 80%

*Até o fechamento desta edição ainda não havia sido celebrada a nova CCT da categoria

telefones úteis SINTEAC - (Sindicato dos empregados em conservadoras) Rua Barão de São Marcelino, 165, Alto dos Passos (32) 3218-7127 / 3212-0803 SINDICON (Sindicato dos Condomínios - Patronal) Av. dos Andradas, 547 - sala 915 Morro da Glória - Juiz de Fora (32) 3017-4545

2 O SÍNDICO em revista

SINDEDIF (Sindicato dos empregados em edifícios e empresas de administração) (32) 3215-9461 REVISTA O SÍNDICO (32) 3212-3329 98887-6126

IMPORTANTE COVID-19 SINDICON/SINDEDIF

CONFIRA O TERMO ADITIVO À CONVENÇÃO COLETIVA DOS TRABALHADORES EM CONDOMÍNIOS NO ENDEREÇO ELETRÔNICO: www.sindicojf.com.br/ legislação


artigo

brazpereirajm@hotmail.com

José Maria Braz Pereira Consultor Condominial

Falando em condomínio Gestão: a arte de ler a realidade Durante várias décadas, tenho estu- Capítulo VII – Da Assembleia Geral, no dado gestão e trabalhado por meio de parágrafo 2º determina: “O síndico, nos consultorias a pequenas, médias e gran- oito dias subsequentes à Assembleia, des empresas. A partir de 1994, tive a comunicará aos condôminos o que tiver oportunidade de atuar como síndico e sido deliberado (...).” Daí, podemos “ler” que o Código Ciconsultor de condomínios residenciais, comerciais e mistos, o que me leva a vil altera a mentalidade individualista, afirmar que, em cada ocasião, vivi dife- colocando e, consequentemente, incenrentes realidades, ainda que no mesmo tivando a participação de todos os conramo. dôminos nas deliberações administraNo tocante à gestão financeira de al- tivas de cada condomínio, destacando gumas empresas, detectei o fato da não a correlação concreta de dinâmica dos distinção entre o caixa pessoal do dono valores coletivos com os individuais, ree o caixa da empresa. Em condomínio, servando as pessoas humanas dos chaencontrei a não distinção entre o caixa mados privilégios, formando um grupo do condomínio (despesas ordinárias e humano onde haja a participação global extraordinárias) e o fundo comum indispende reserva. Entendo que sável. o gestor deva saber ler a Daí, o gestor realidade de sua organicondominial deve O gestor zação, e seu planejamento estimular maior parprecisa ser feito para as ticipação em defesa pessoas que a compõem. condominial deve do patrimônio, conCom o avanço tecnoe dialoganestimular maior vocando lógico das últimas décado com os integrandas, o acesso a produtos tes desta sociedade participação e serviços ficou extremapara deliberarem, mente facilitado. Entreem defesa do quantas vezes se fitanto, uma vez que o conzerem necessárias, patrimônio domínio é composto de sobre assuntos de coproprietários e não de interesses coletivos. clientes, há leis que estaDestacabelecem normas para comunicação en- mos o tripé da base filosófica da lei nº tre seus membros e nem todo processo 10.406/02 (Código Civil). Como regra: pode ser aplicado indiscriminadamente boa-fé; normas abertas; e culturalismo. em qualquer condomínio. Fica, assim, a necessidade da leitura de Quanto ao uso, por exemplo, de que o foco tem que ser no todo, e no conrecursos tecnológicos atuais, como domínio existem pessoas idosas, outras WhatsApp e assembleias virtuais, res- com necessidades especiais, que estão saltamos alguns pontos que precisam amparadas pelas leis nº 10.741/2003 ser respeitados. Podemos citar a lei nº (Estatuto do Idoso) e nº 13.146/2015 (Lei 10.406/02, do Código Civil, na qual o Brasileira da Inclusão), razão por que a artigo 1.354 determina: “A Assembleia tecnologia não pode ser aplicada indisnão poderá deliberar se todos os con- criminadamente, pois as pessoas têm o dôminos não forem convidados para a direito à informação, conforme as leis reunião”. No artigo 1.348, diz que com- que precisam e devem ser cumpridas no pete ao síndico: inciso II – “Represen- interesse coletivo. tar, ativa e passivamente o condomínio, Vamos continuar com as informações praticando, em juízo ou fora dele, atos de gestão nos próximos artigos, uma necessários à defesa dos interesses do vez que o gestor precisa de grande hacondomínio”; inciso III – “Dar imediato bilidade humana e de estar consciente conhecimento à assembleia da existên- de suas próprias atitudes, opiniões e cia de procedimento judicial ou admi- convenções a respeito dos outros e do nistrativo, de interesse do condomínio”. grupo de pessoas de seu condomínio. Já a lei nº 4.591/64, no artigo 24 do Até o próximo. Edição 38 | MAI/JUN 2020

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homenagem

Joaquim Castilho falece aos 84 anos Com história de vida entrelaçada a condomínios, ele foi o grande incentivador de O Síndico No dia 28 de abril, o senhor Joaquim Augusto de Castilho faleceu, aos 84 anos, cerca de cinco anos após ser diagnosticado com uma doença contra a qual lutou bravamente. Nascido em Ubá, veio para Juiz de Fora ainda menino. Por aqui, formou sua família, ao lado de dona Aparecida, com quem teve duas filhas, Andrea e Ana Paula, somando seis netos. Há 50 anos, senhor Joaquim abriu sua empresa, a JA Castilho. “Naquela época, por meio da parceria com a Construtora Alber Ganimi, assumiu prédios no momento da entrega dos apartamentos aos novos moradores. Era ele o responsável pela criação da Convenção Coletiva e do Regimento Interno, pela administração dos condomínios e ainda atuava como síndico. Assim ocorreu em diversos edifícios da região central de Juiz de Fora”, conta a filha Andrea Castilho, durante conversa via Skype. Segundo ela, o pai começou no ramo quando as pessoas não tinham facilidade

Por ter conhecimento técnico, analisava tudo antes de ser publicado. Ele que permitiu o veículo acontecer de acesso à informação, mas ele buscava. Sinal disso são os diversos livros e apostilas, muitos já amarelados pela ação do tempo, em sua estante. “Ele era um livro vivo, que carregava muito conhecimento prático e teórico. Sabia responder a qualquer dúvida sobre condomínios.” Com o passar dos anos, conquistou a habilitação em corretagem de seguros, o que fez com que viajasse pelo Brasil, participando de congressos.

A dedicação do pai ao trabalho acabou servindo como diretriz para Andrea. “Há 15 anos, quando eu fazia uma pósgraduação, ele me cedeu um espaço no escritório para que eu pudesse atender aos clientes que tinha como jornalista freelancer. Ao voltar de uma viagem, me apresentou um jornal destinado a síndicos e sugeriu que eu criasse um informativo para Juiz de Fora. Acatei a sugestão e assim nasceu ‘O Síndico’, que, anos depois, se transformou na revista. Com o apoio dele, vieram ideias como o Dia do Síndico, cursos e outros eventos. Papai sempre me incentivou.” Além de estimular a criação do informativo, senhor Joaquim era consultor, lendo todas as matérias, corrigindo erros e sugerindo alterações. “Por ter conhecimento técnico, analisava tudo antes de ser publicado. Ele permitiu o veículo acontecer. Inclusive, para este ano, vamos reinventar nosso trabalho, o que foi incentivado por ele.” fotos divulgação

Sr. Joaquim Castilho em diferentes momentos: com a filha Andrea, no escritório da JA Castilho; em evento social, com as filhas Ana Paula e Andrea e a esposa, Aparecida; em 2018, recebendo Moção de Aplauso da Câmara de Juiz de Fora pelas mãos do vereador Zé Márcio Garotinho (PV)

Lição de força Tendo começado a trabalhar ainda muito jovem, partiu da estaca zero. Com a companheira Aparecida, foi casado por mais de 50 anos. “Ele era o nosso pilar, nossa lição de força para construir e estrutura psicológica para prosseguir”, lembra a filha. Ainda que, por vezes, mostrasse ter uma visão um pouco negativa do ramo condominial, seguia firme em sua rotina organizada e metódica, ao lado do irmão Vicente Augusto de Castilho e da auxiliar administrativa Olívia Marta de Souza. “Algumas vezes, ele se referia à profissão com certa negatividade, alegando muita 4 O SÍNDICO em revista

cobrança, competitividade e até deslealdade. Mas ele não cedia a isso porque preferia perder um condomínio a disputar mercado de modo desleal.” Senhor Joaquim tinha um estilo de trabalho bem peculiar, encarado por alguns como temperamento impaciente, o que pode ser explicado pela dificuldade de agradar a tantos em um condomínio. Segundo Andrea, o pai lutou muito contra a doença. “Ele gostava de viver e não tinha receio de tentar novos tratamentos. Aqui, destaco todo o amparo da minha irmã, Ana Paula, que atua na área da psi-

cologia voltada para a saúde. Ela foi nosso apoio em muitos momentos, inclusive sugerindo novas técnicas de tratamento.” Andrea destaca, ainda, os cuidados recebidos dos médicos que acompanharam seu pai ao longo desses anos, Milton Prudente, Leonardo Vieira, Rafael Gomide, Igor Cangussu e Leandro Lima. Após a morte do pai, foram inúmeras manifestações de carinho. “Quantas pessoas do meio condominial nos enviaram carinho! Isso me tocou de forma muito especial porque sei que ele se sentiria honrado.”


artigo

ativacrcred@gmail.com

Cristiano Magri, graduado em Administração pela Faculdade Metodista Granbery, pós-graduado em Finanças, Auditoria e Controladoria no MBA da Fundação Getúlio Vargas e sócio-diretor da Ativa Cobrança

Inadimplência em condomínios Um panorama da situação em época de pandemia A pandemia do Coronavírus faz condomínio não é prerrogativa do síncom que estejamos passando por um dico ou do conselho, devendo ser reamomento atípico, que vem impactan- lizada, neste caso, Assembleia Extrado diretamente a nossa economia, até ordinária para deliberação, o que não mesmo porque, antes da pandemia, já é aconselhado neste momento devido possuíamos números negativos, com à pandemia. Caso o desconto dos juros 12 milhões de brasileiros desempre- e demais encargos sejam concedidos, gados e 63 milhões de inadimplentes. existe a necessidade de o ato ser ratiA possibilidade agora é de atingirmos ficado em assembleia futura, sob pena a marca assustadora de 40 milhões de do representante legal do condomínio desempregados e 98 milhões de ina- ter de arcar com as responsabilidades dimplentes, isso sem falar da projeção previstas em lei. de uma retração do PIB em 5%. O condomínio não é empresa que Planos de ações devem ser traçados, possui o lucro como fim. A taxa conprincipalmente no que dominial é um rateio tange ao controle da inade todas as despesas dimplência da taxa conordinárias, ou seja, dominial. Para que ela servem para pagar O momento não cresça ainda mais, os custos de funcioa cobrança deve ser rinamento do condogorosa, mas sempre res- atual pede maior mínio. Não existe peitando os parâmetros para negoflexibilização margem legais e sendo praticada ciação. Quando o de uma forma humani- de pagamento, síndico concede deszada. conto para o condôA taxa condominial mino inadimplente, facilitando dever ser considerada ele penaliza o outro como uma prioridade, condômino que quita a quitação pois a sua inadimplência a taxa condominial causa um grande impacem dia. por meio to no fluxo de caixa do O momento atual de acordos condomínio, podendo pede maior flexibililevá-lo, inclusive, a um zação de pagamento, colapso financeiro. facilitando a quitação A maioria da popupor meio de acordos lação está submetida ao isolamen- compondo dívidas, buscando a oriento social que, por sua vez, gera como tação de profissionais capacitados para consequência um aumento dos custos lidar com o assunto. O condomínio fixos e variáveis do condomínio (abas- necessita ter liquidez para manter a tecimento de gás, manutenção de ele- capacidade de pagamento perante as vadores, compra de equipamentos de obrigações e despesas ordinárias, preEPIs, pagamento de colaboradores e valecendo sempre o bom senso e a prudemais fornecedores), fora os impostos dência, para que possamos passar por correntes. essa crise saudáveis financeiramente, O estado de calamidade pública por com um caixa robusto, garantindo a conta do Coronavírus, assim como al- saúde e a segurança de todas as pessoguns direitos e deveres nas relações as envolvidas no condomínio. É esse o condominiais, não suspendeu as obri- objetivo primordial. gações do condômino, tampouco a de Ativa Cobrança – Av. Rio Branco, 2001 cumprir com seu compromisso mensal Sala 1208, Edif. Century XXI, Centro, Tels.: de quitação da cota condominial. A suspensão ou redução da taxa de (32) 3213-2008 / 98848-5526

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Seguro Condominial

Assistência 24 horas do seguro condominial Conheça os benefícios e as vantagens oferecidos pelas seguradoras divulgação

O seguro condominial é de fundamen- reparos emergenciais, ou que seu uso vai tal importância e sua contratação é obri- onerar na renovação da apólice, o que não gatória, de acordo com a Lei 10.406/2002, é bem assim”, explica a sócia proprietária artigo 1.346 do Código Civil: “É obrigató- da JA Castilho Corretora de Seguros, Anrio o seguro de toda a edificação contra o drea Castilho. risco de incêndio ou destruição, total ou Confirmando estes dados, a síndica do parcial.” Ele dá segurança de que o bem Condomínio Jardim Soberano, no bairro ou imóvel estará protegido, trazendo São Pedro, Magda Castro Souza, diz que tranquilidade para os contratantes, e, em não sabia do serviço por não ter sido incaso de dano ou sinistro, acarretará me- formada pelo corretor. “Quando avaliei a nor prejuízo possível. A obrigatoriedade proposta do seguro condominial, foquei consta, ainda, no Decreto-Lei 73/1966 em coberturas tipo danos elétricos, que(artigo 20), que regula o Sistema Nacional da de raio e, inclusive, já precisei acionar de Seguros Privados, e na Lei 4.591/1964 o seguro, em janeiro desse ano, porque (artigo 13), a chamada Lei do caiu um raio no condomíCondomínio. nio. Não sabia da AssistênAo contratar o seguro cia 24 horas, e, até então condominial, as seguradoesse benefício A Assistência conhecia ras oferecem benefícios e apenas para seguro revantagens, que ainda são Ela conta que 24 horas não sidencial.” desconhecidos por grande a demanda é grande no parte dos síndicos. Uma principalconta como condomínio, delas é a Assistência 24 mente por eletricista. horas, que o condomínio “Usamos este profissiosinistro pode fazer uso para servinal com frequência. E já ços de reparos, manutenprecisamos também de ções e para prevenção e auxílio nos casos serviços de chaveiro e encanador.” de sinistro. Ela é oferecida como plano Para a gerente da SulAmérica Seguros, básico gratuito, mas pode ser ampliada Renata Vidigal, “alguns síndicos não se por meio da contratação. lembram do benefício de Assistência 24 “Percebemos que o desconhecimento horas. Já outros, optam por contratar seus quanto à Assistência 24 horas ocorre por próprios profissionais. Neste último caso, um conjunto de razões. Muitas vezes, esse eles poderiam contar, em algumas segubenefício não é utilizado pelos síndicos por radoras, com reembolso dentro dos limifalta de divulgação pelos corretores. Essa tes do contrato, o que facilitaria o uso”. desinformação é tanta que muitos condo- Renata explica, ainda, que a Assistência mínios contratam os serviços por conta 24 horas não conta como sinistro. “Logo, própria, pagando por algo que eles teriam não perde classe de bônus ou descontos direito de usar. Outro motivo bastante co- na renovação.” A classe de bônus é um mum é a insegurança que os síndicos têm desconto progressivo oferecido pelas sede achar que vão ter custos embutidos ao guradoras para o caso de renovação do acionarem a Assistência 24 horas para seguro sem que tenha havido sinistro. 6 O SÍNDICO em revista


seguro condominial

Serviços oferecidos e opinião dos síndicos

divulgação

Entre os principais serviços oferecidos por meio da Assistência 24 horas gratuita estão encanador, eletricista, desentupimento, chaveiro, limpeza pós-sinistro, cobertura provisória para telhados pós-sinistro, cobertura provisória para portas e janelas, zelador substituto, transporte e guarda de móveis. Os planos variam de seguradora para seguradora, cabendo ao síndico consultar em sua apólice a que o condomínio tem direito. É importante lembrar que os serviços da Assistência 24 horas, no geral, não cobrem peças, somente mão de obra, e podem ser utilizados apenas para as áreas comuns do condomínio. Há também limites de valores e quantidade de vezes que a Assistência pode ser acionada no período da vigência. O síndico do Edifício Acapulco, no O síndico Tiago Dornelles conta que bairro Alto dos Passos, Tiago Dornel- utilizou o serviço de chaveiro previsto les, conta que utilizou o serviço de cha- na Assistência 24 horas e ficou muito veiro, previsto na Assistência 24 horas satisfeito do seguro do seu condomínio. “Era um feriado e um morador quebrou a chave de urgência e tenho a ideia de que na porta. Liguei para a seguradora, me acionar pode ser demorado. Assim, deram o tempo máximo de atendimen- quando ocorre algo, nem penso e já to de duas horas. O tempo foi cumprido chamo o que considero ser o mais e fomos muito bem atendidos. Ficamos rápido. Mas ajo assim por costume. muito satisfeitos porque o trabalho foi Irei me informar sobre as vantagens e tentar em uma muito bom e rápido. Até próxima vez.” então, eu desconhecia a Segundo Angama de benefícios que drea Castilho, a seguradora oferede que ce. Após ler a apólice Os planos variam ao ideia atendimento do contrato foi que descobri a previsão de seguradora para pode demorar faz com que alde prestação de serviços como chaveiro, seguradora, cabendo guns síndicos deixem de usar bombeiro hidráulico, eletricista, torneiro ao síndico consultar a Assistência 24 horas. Pomecânico, limpeza de em sua apólice a rém, ela recocaixa d’água, entre os seroutros. O valor que que o condomínio menda viços e explica pagamos pelo nosso que o processo seguro é baixo se anatem direito para acioná-los lisarmos a quantidade é simples, basde vantagens oferecitando que o das.” Opinião diversa tem a síndica do síndico faça contato via central de Condomínio Fernando de Noronha, no atendimento da seguradora ou via Morro da Glória, Ludimilla Martins Va- corretor. Andrea destaca, inclusive, ladares. “Nunca acionei a Assistência que há seguradora que possui até 24 horas e, para ser sincera, nem sei profissional próprio uniformizado o que está incluso. Acho mais prático para realização dos trabalhos. Renachamar alguém de perto, indicado ou ta Vidigal finaliza: “Os serviços da já conhecido, para fazer algum tipo Assistência 24 horas são executados de reparo. Considero que tudo o que por profissionais regularizados e creacontece em condomínio tem caráter denciados pelas seguradoras”. Edição 38 | MAI/JUN 2020

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A quarentena nos condomínios

Síndicos relatam as dificuldades enfrentadas durante o isolamento social divulgação

Olívia precisou dar férias para os três porteiros de um condomínio

divulgação

Fim de semana ensolarado do início de maio. O céu azul convida crianças para brincar ao ar livre. Mas os gritos infantis vindos das áreas de lazer dos condomínios de Juiz de Fora já não são ouvidos, assim como a cordial conversa entre vizinhos. Tudo está fechado: piscina, quadra, playground, salão de jogos, salão de festas, churrasqueiras... Esse é um cenário comum em diferentes condomínios de Juiz de Fora em razão da pandemia causada pelo novo Coronavírus. No centro disso tudo, os síndicos. Apesar da quarentena, para eles o serviço ficou ainda maior, assim como a responsabilidade. A velocidade da evolução da doença levou o Governo Federal a adotar uma série de medidas para combater tanto a Covid-19 como os danos causados, principalmente na economia. “Entre as medidas, estão a adoção de home office, férias individuais ou coletivas, bancos de horas, suspensão temporária de obrigações, por exemplo, do pagamento do FGTS referente aos meses de março, abril, maio e junho, que poderão ser parcelados a partir de julho de 2020 em seis parcelas sem multas e encargos, suspensão do trabalho de funcionários por até 60 dias, os quais serão pagos pelo governo com parcelas de seguro desemprego, além de outras medidas”, explica a sócia-administradora do Grupo Teccon em Juiz de Fora, Ângela Freitas. Em âmbito municipal, no dia 18 de março, o prefeito decretou situação de emergência em saúde pública. Houve, ainda, a orientação para a população seguir as recomendações de prevenção à Covid-19 determinadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Tendo como base as medidas do Governo Federal visando à manutenção dos empregos durante a pandemia, os sindicatos patronal e dos trabalhadores em condomínios, Sindicon e Sindedif, assinaram um termo aditivo à CCT 2020 para que condomínios se adéquem às regras da Medida Provisória 936. O documento apresenta as regras aplicáveis relacionadas a férias, redução de jornada de trabalho/salário e suspensão de contrato de trabalho, entre outras questões.

Dificuldades iniciais A funcionária administrativa da JA Castilho, Olívia Souza, conta que, no início, teve muita dificuldade para adquirir álcool gel em grande quantidade para os condomínios efetuarem higienização. Outra situação que mereceu atenção especial estava relacionada a um dos condomínios que a empresa administra. Três dos quatro porteiros estavam no grupo de risco para Covid-19. Inicialmente, optouse por mudar a escala para 12h/36h, o que possibilitou que eles ficassem mais tempo em casa. Percebendo que, mesmo assim, eles corriam risco, optou-se por dar férias para os três. Com isso, o edifício, cujos moradores estavam acostumados com portaria 24 horas, passou a ter porteiro apenas das 10h às 20h. “A maioria dos moradores não tinha controle remoto do portão da garagem nem chave da portaria. Tivemos que providenciar tudo isso”, relembra. Ela explica que o edifício já contava com câmeras de segurança. Todavia, as imagens não eram disponibilizadas para os moradores. Diante disso, foram contratadas empresas para que as imagens pudessem ser compartilhadas e todos pudessem ajudar no monitoramento enquanto os porteiros estivessem de férias. “Deu trabalho, mas conseguimos transmitir as imagens pelos celulares de todos os moradores que desejassem”, afirma Olívia.

Sindicon e Sindedif assinaram um termo aditivo à CCT 2020 para que condomínios se adéquem às regras da Medida Provisória 936

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volta na quadra, espairecer um pouco.” Flávia Brandi, síndica profissional há cinco anos e, atualmente, administrando 11 condomínios, relata que a primeira preocupação foi com a saúde. “A adequação inicial foi feita com o pessoal que era do grupo de risco entre funcionários dos condomínios e de conservadoras. Inicialmente, todos foram colocados em férias. No caso de funcionários de conservadora, solicitamos a troca para preservar a saúde”. Assim como Lívia, Flávia destaca aumento da preocupação com a limpeza. “Principalmente com a entrada no condomínio dos Equipamentos de Proteção Individual – EPIs, como luvas e máscaras, e álcool em gel. Nos condomínios com elevador, intensificamos a limpeza, principalmente da parte metálica e da botoeira dos andares”, explica, confirmando que também nos seus condomínios as áreas de lazer foram fechadas por medida de precaução. Para evitar reclamações por parte dos condôminos, ela procurou trabalhar a conscientização.

Orientei todos os funcionários para redobrar os cuidados com a limpeza do elevador, corrimão e maçaneta

fotos divulgação

Lívia Lopes é síndica profissional há sete anos e, atualmente, atua em oito condomínios, sendo que alguns deles têm áreas de lazer e outros não. Segundo ela, o maior impacto sentido foi em relação à limpeza. “Orientei todos os funcionários para redobrar os cuidados com elevador, corrimão e maçaneta”, relata. Neste período, ela notou que os condôminos estão mais irritados, seja por conta do isolamento ou por não saberem lidar com a situação vivida. “Por isso, tenho pedido a todos mais tolerância, mas, claro, nada que descumpra as normas, como silêncio depois das 22h. Por exemplo, com uma criança que está um pouco mais barulhenta. Se está difícil para nós, para idosos e crianças está muito mais”, exemplifica Lívia. A síndica conta que teve que interditar as áreas comuns, como salão de festas, churrasqueiras e quadra de esportes, e aguarda novas orientações por parte da Prefeitura para que possa “organizar um esquema de revezamento para que as famílias possam tomar sol, dar uma

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Limpeza e áreas comuns

Lívia pede mais tolerância aos condôminos durante a pandemia

Flávia buscou conscientizar os moradores em relação aos riscos da Covid-19

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A necessidade de mudança nos serviços levou a Provid, empresa que atua nas áreas de conservação e portaria, a registrar maior procura por informações sobre a portaria remota, de acordo com a gerente da empresa, Carla Campos. O serviço é feito por meio de videomonitoramento, porteiros controlam a entrada e saída de moradores, visitantes e prestadores de serviços do condomínio. Segundo ela, a procura ocorreu devido a dois motivos principais: “Primeiro, pela redução de custos, e muitos dos que nos procuraram foram de condomínios que têm colaboradores contratados por eles mesmos, já que são pessoas mais idosas e precisaram ser afastadas do serviço. Inclusive, alguns condomínios até contrataram substitutos conosco. No caso da portaria remota, o único funcionário que tem é o da base, mas ele está isolado, não tem contato com ninguém. Logicamente, que não é um produto que se vende de uma hora para outra. O síndico tem que analisar com os moradores, mas realmente teve uma procura maior sim”, afirma Carla. Dos síndicos com os quais conversamos para fazer essa reportagem, o único que adotou postura um pouco diferente em relação às áreas destinadas a lazer e atividades físicas foi Rony Casali Júnior, síndico há 25 anos. Atualmente, ele, que administra 21 condomínios, explica que áreas comuns como piscina, quadra, salão de festas e espaço gourmet foram fechados. Todavia, houve permissão para utilização da sala de ginástica. “Alguns condomínios têm sala de ginástica, academia mesmo. Nesses, a gente limitou a dois condôminos a cada hora, deixando uma lista na portaria para as pessoas agendarem para a semana”, relata. Quanto à limpeza dos condomínios, revela que todos os tapetes foram retirados. Diariamente, os encarregados da limpeza passam pano de chão molhado com água sanitária. Cuidados especiais também com os idosos. “Em alguns condomínios, separamos elevador social só para eles”, afirma.

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Situação econômica em destaque

Ângela explica que foi necessário prorrogar o mandato dos síndicos e diretores por 90 dias

Mudanças e entregas Ainda de acordo com Rony, nos condomínios que ele administra ocorreu mudança de morador dentro do período de isolamento social. “Mudança a gente não pode bloquear. Mas, como era andar mais baixo, pedi para usar a escada, deixando para usar o elevador nas peças finais, e depois esterilizar ele todinho”, afirma. Quanto às entregas, Lívia adotou uma estratégia indicada por diversas entidades do setor condominial. “Solicitei, nos prédios que têm portaria, que seja dada preferência para o morador descer e pegar sua entrega para que o motoboy, o fornecedor, não tenha que subir. Mas é uma solicitação, não é um impedimento, pois tem gente que realmente está em isolamento total, até mesmo por suspeita de contaminação com o vírus ou por receio”, revela. Quanto aos reparos, somente os emergenciais são feitos, sempre adotando as medidas de higiene indicadas para o período. Em relação às assembleias, Ângela explica que as que estavam marcadas para “o fim de março, abril, maio e junho foram suspensas, e fizemos a prorrogação do mandato dos síndicos e diretores por 90 dias para, posteriormente, normalizar esta situação, atendendo, assim, às orientações do Ministério da Saúde, governador e prefeito e evitando aglomeração de pessoas.”

As assembleias que estavam marcadas para o fim de março, abril, maio e junho foram suspensas

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Um dos pontos diretamente relacionados à questão das assembleias se refere à necessidade de fazer movimentações bancárias. Isso porque, em situações normais, síndicos com mandatos vencidos não conseguem movimentar os recursos do condomínio nas instituições financeiras enquanto não for entregue a nova ata de eleição ou reeleição do síndico. Todavia, o economista Gabriel Karpat, profissional com mais de 40 anos de atuação no setor condominial em São Paulo, explicou, durante a sua participação na live do Papo Condominial, que bancos, diante da pandemia, estão permitindo que síndicos com mandato vencido possam fazer movimentações por mais 90 dias. Foi justamente essa dificuldade enfrentada por Olívia. Enquanto os bancos não chegaram ao entendimento relatado por Karpat, ela precisou buscar alternativas para efetuar os pagamentos. Outra orientação passada pelo economista durante a live está relacionada a qualquer tipo de decisão tomada pelo síndico neste período sem o aval da assembleia. “A dica é para que qualquer decisão que tomarmos neste momento que não puder ser discutida em assembleia, tentar conversar com os conselheiros e, na primeira oportunidade, convocar assembleia para ratificar todas as decisões”, explica Karpat. Em relação à parte financeira, Rony argumenta que, por enquanto, não houve aumento significativo da inadimplência, principalmente nos condomínios residenciais. Ele acredita que a situação seja pior nos comerciais, nos quais as salas e consultórios estão fechados. Perguntada se houve alguma flexibilização em relação ao pagamento da taxa condominial, a síndica Lívia Lopes explica que isso não foi possível. “Não houve flexibilização, pois, na verdade, as taxas são para despesas. Só em um condomínio em que atuo foi suspensa a taxa extra de obra. Seria iniciada uma obra, e o conselho pediu para suspender durante o período da pandemia. Na verdade, as contas estão aumentando. Com as pessoas em casa o dia todo, a conta de água está mais alta. Por isso, não teve como reduzir a taxa.” A fim de auxiliar os síndicos neste momento conturbado, Ângela explica que a Teccon manteve uma equipe trabalhando de forma on-line para tirar dúvidas. “Avaliamos cada situação específica, procurando soluções e reestruturações dentro do perfil dos condomínios. Também foram analisadas as previsões orçamentárias mensais com o propósito de possível de redução da taxa condominial.

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Aspectos financeiros

Condomínios administrados por Rony separaram elevador social para idosos Orientamos os síndicos também com relação a multas e juros das taxas condominiais vencidas de março a maio de 2020 para recebê-las sem acréscimo, ajudando os condôminos em dificuldade financeira. Mas, logicamente, que esta deliberação é opcional.” A fim de diminuir o impacto financeiro da pandemia para os condôminos, Flávia Brandi explica que foi preciso fazer renegociação contratual com algumas empresas, como conservadoras, principalmente nos condomínios comerciais. “Nos comerciais, renegociei com as empresas a limpeza, pois já não tinha necessidade de limpar o condomínio todo dia. Passamos para três vezes por semana. Por exemplo, piscinas fechadas em condomínio residencial, negociação do contrato de manutenção da piscina. Não se limpa duas vezes por semana. Limpase uma vez e aumenta-se a cloração da água”, explica Flávia. Em relação às medidas adotadas pelo Governo Federal para preservar o emprego das pessoas, Flávia explica que tiveram utilidade para ela. “Toda essa possibilidade por parte do governo em relação às questões trabalhistas, inclusive de adiantar férias de quem ainda não tinha férias vencidas, foi acatada. Tive funcionários que enquadravam no plano de afastamento temporário do trabalho. Demos 30 dias de férias, posteriormente, eles voltaram, mas a pandemia continua. A essas pessoas, antes do retorno, foi dada a opção desse afastamento do trabalho”, relata a síndica. Por fim, Flávia afirma que gosta “de falar sempre que esse é um momento novo, inclusive para os síndicos. Assembleias virtuais, intensificação de normatizações e coisas feitas por meio de WhatsApp. Isso tudo gerou uma mudança muito grande pra gente. Para o síndico, o trabalho aumentou demais. Brinco que a única pessoa que não está em quarentena é o síndico.”

Brinco que a única pessoa que não está em quarentena é o síndico

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ENTREVISTA

Em busca de profissionalismo Elisangela Nogueira acredita que o mercado condominial precisa evoluir A pandemia causada pelo novo coronavírus afetou a forma de fazer jornalismo nos principais veículos de comunicação do país. TVs, rádios, sites e jornais impressos passaram a adotar novas estratégias para levar a informação até o público. Com a revista O Síndico não foi diferente. Respeitando o isolamento social, optamos por fazer as apurações de nossas matérias utilizando ferramentas como o WhatsApp, por meio da qual foi feita a entrevista com a síndica profissional, administradora e gestora do Grupo Nogueira, Elisangela Nogueira. Apaixonada pela atuação junto ao

mercado condominial de Juiz de Fora, ela propôs, durante a Rodada Condominial de Negócios – Edição Juiz de Fora, em fevereiro, a criação de uma associação de administradoras. Isso porque, na visão dela, o mercado ainda precisa crescer no que diz respeito ao profissionalismo, e a associação seria decisiva neste sentido, principalmente ao compartilhar conhecimentos. Atenta ao crescimento do mercado, ela aposta na Zona Norte como novo vetor de desenvolvimento do segmento, pois acredita que as características das habitações desta região estão mudando. divulgação

De acordo com Elisangela, a criação de uma associação seria o caminho para a melhora dos serviços prestados

O Síndico – Como é a sua experiência como síndica profissional? Elisangela Nogueira – Eu amo lidar com pessoas e ser síndica profissional, pois é estar em constante aprimoramento e transformação para atender aos clientes e condomínios da melhor maneira possível, buscando o equilíbrio diário entre moradores. Não se trata de uma tarefa fácil ou uma simples profissão. Ser síndico hoje, profissional ou não, é saber lidar com situações cotidianas que nem sempre estão sob nosso controle, é ter autocontrole para cuidar do patrimônio do outro. É co-

nhecimento e aprendizagem diária. Como você vê o mercado de administração de condomínios em Juiz de Fora na atualidade? Vejo como um mercado profissional promissor. Todavia, assim como em outras áreas, temos profissionais inaptos à função. Para ser administradora de condomínios nos dias atuais e no mercado futuro é necessário se profissionalizar e estudar mais a cada dia. Atualmente, a administradora não pode ser mais uma ‘emissora de boletos’ e organizadora de papéis. Para que um condomínio

Atualmente, a administradora não pode ser mais uma ‘emissora de boletos’ e organizadora de papéis

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ou associação seja realmente administrado, é necessário um suporte maior, que inclua conhecimentos em diversas áreas, tais como jurídica, administrativa, contábil, de engenharia e gestão de pessoas. Durante a Rodada Condominial de Negócios – Edição Juiz de Fora, você chegou a mencionar a necessidade de criação de uma associação de administradoras na cidade. Por quê? Com o crescimento do número de novas administradoras e síndicos profissionais, temos uma oferta de mercado em Juiz de Fora e região, a qual, infelizmente, não está apta a atender aos condomínios e às associações com a segurança jurídica e contábil necessária, o que pode vir a causar danos futuros aos condôminos. Quais os benefícios que a associação proporcionaria? A associação poderia trazer benefícios tanto para as administradoras como para seus colaboradores e, também, aos edifícios administrados, uma vez que a força de uma associação é capaz de proporcionar a união dos profissionais, tornando o mercado mais qualificado, prestando serviços com mais qualidade e profissionalismo aos seus clientes. O objetivo da associação seria o compartilhamento de conhecimento entre os profissionais da área condominial, a fim de gerar melhorias nos serviços prestados, visando ao profissionalismo, à ética e à equidade do mercado de administradoras e síndicos profissionais para que sejam reconhecidos e valorizados.

Como o novo coronavírus afetou os condomínios de Juiz de Fora? A COVID-19 trouxe uma nova realidade aos condomínios. Foi necessária uma reeducação total, em especial em relação aos condôminos, que tiveram que aprender a viver isoladamente em comunidade. A grande dificuldade que enfrentamos é com os que possuem área de uso comum, tais como piscinas, playground, salões de festa e academia de ginástica, pois esses espaços que tiveram de ser isolados. Diante disso, passamos por problemas como a falta de compreensão de muitos moradores, que questionavam o direito de propriedade, o que, na situação de pandemia, teve que ser restringido em muitos casos, para o bem comum. Tivemos que adotar medidas conjuntamente com os síndicos dos condomínios administrados e as conservadoras parceiras, conscientizando condôminos e colaboradores para que o quesito limpeza e conservação recebesse atenção redobrada, a fim de contribuir para a não propagação do vírus. Sendo assim, equipamos nossos funcionários com todas as medidas instituídas pelo Ministério da Saúde e oferecemos instalação de álcool gel em muitos condomínios.

O objetivo da associação seria o compartilhamento de conhecimento entre os profissionais da área condominial, a fim de gerar melhorias nos serviços prestados

A região Norte de Juiz de Fora tem crescido muito. Você acredita que seja uma área de expansão do mercado de condomínios na cidade? Acredito que seja. Tanto que eu, há muitos anos, já trabalho na região como síndica profissional e, também, com administração de condomínios. Como gestora do Grupo Nogueira, resolvi investir na região, tendo uma estrutura completa atendendo ao mercado local, que é local de grande crescimento de condomínios e associações na cidade. Há grande extensão e verticalização da Zona Norte, com alto índice de expansão e desenvolvimento, uma vez que têm chegado grandes empresas, shoppings e faculdades, deixando de ser região de residências unifamiliares e condomínios pequenos.

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O que mudou na rotina das administradoras com a pandemia? Em relação à rotina das administradoras, eu, como síndica profissional, conjuntamente com o Grupo Nogueira, não sentimos muita dificuldade no quesito tecnologia, haja visto que já trabalhávamos de forma on-line e conectada há muito tempo. Porém, acredito que muitas administradoras tiveram que se adaptar a isso, pois trabalham ainda no método tradicional. Diante disso, o que mais senti, e também os clientes, em especial os idosos, foi a falta de contato físico e pessoal, pois esses condôminos têm a necessidade de estar presente no dia a dia do condomínio, e o período de isolamento social tem sido muito difícil para todos. Alguma dica para enfrentar essa crise? A dica que tenho a compartilhar com todos é a constante prática da conscientização e a empatia entre os condôminos, síndicos e administradoras, e, para nós, profissionais do mercado, a qualificação profissional.


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Administradoras, Cartão Convênio


Conservadoras, Fintech, Informática e Segurança, Manutenção predial, Material de limpeza

* Crédito sujeito à aprovação.

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Em razão do cenário atual sobre a pandemia do COVID-19 o mais importante é colaborar para proteção de todos, por isso seguindo as orientações da

Vamos passar por essa fase unidos, mesmo que separados!

OMS - Organização Mundial da Saúde, realizamos o adiamento do Café com Síndico por tempo indeterminado. Mas assim que for designada uma nova data, informaremos através de todos os nossos canais de comunicação. Enquanto isso, aproveite e mantenha-se informado através do nosso blog com conteúdos exclusivos e atualizados semanalmente. semanal blog.universalimoveis.com.br UNIVERSAL IMÓVEIS (32) 2101-0488 @universalimoveisjf CONDOMÍNIOS

www.universalimóveis.com.br



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