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Laerte Temple 47 e

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Katia Brito 49 e

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arquivo mãe, para 6 dígitos mensais. Mandô Benz tornou-se “Observador da vida alheia.” As pessoas contam tudo nas redes sociais: o que vestem, como e onde comem, onde vão, com quem dormem, como foi o sexo e até senha do cartão de crédito. Ele contratou vários hackers e nunca faltou assunto picante. Tornou-se “o cara”, o ser mais bem informado, temido, amado e odiado do país. Ganhou dezenas de inimigos! O sucesso trouxe muita gente para seu entorno, inclusive as “Maria Pop Star”, equivalente à “Maria Chuteira”, as seguidoras de craques de futebol. Sair numa foto ao seu lado era certeza dos 15 minutos de fama citados por Andy Warhol. Namorou e engravidou várias fãs, inclusive a filha de um traficante. Audacioso, criou o concurso “Top Ten”, nas categorias: Top Ten Juízes Sem Juízo, Top Ten Políticos Sem Noção, Top Ten Vadias Casadas, Top Ten Corruptos e Top Ten Ruins de Cama, com voto popular on line e resultado no último programa do ano, ao vivo e com Tapete Vermelho, igual ao Oscar.

O Top Tem bombou junto ao povão. Teve torcida organizada, bolsa de apostas, despertou o interesse da mídia nacional e estrangeira e a ira dos mais cotados. Não se fala em outra coisa nas ruas, nos bares, salões de beleza e no STF. Teve vários pedidos de liminar e até ameaça de CPI no Congresso. Quanto mais os políticos e as autoridades criticavam, maior a audiência do programa Complexamente Simples e mais cara a publicidade no horário, superando os valores do BBB e rivalizando com o Super Bowl – final do futebol americano – o comercial mais caro do planeta. Para turbinar o concurso, seus hackers criam fake news diárias, com vazamento de dados, falcatruas políticas, intrigas conjugais e todo tipo de sujeira. O público adora uma boa baixaria e a quantidade de seguidores disparou, aproximando dos números de Neymar Jr. e Cristiano Ronaldo. Há uma semana da grande data, os advogados trabalhavam duro para caçar liminares que tentavam proibir a divulgação dos resultados. A TV alugou o Credicard Hall para a festa, vários repórteres estrangeiros se cadastraram, mas de repente, Mandô Benz simplesmente desapareceu. Para a mídia, era pura jogada de marketing, mas nem a mãe e nem a equipe sabiam do seu paradeiro. A polícia foi acionada porém, por ordem superior, não se esforçou. Há 3 dias do evento, seu corpo apareceu boiando no rio Pinheiros. A Justiça determinou o fim do concurso, sem divulgação do resultado. O velório foi simples e teve apenas Aida Benz, a equipe, amigos, um milionésimo de seus seguidores e cobertura discreta da mídia. Se estivesse trabalhando na gráfica – disse a mãe – nada disso teria acontecido. A causa da morte foram 3 tiros, autoria desconhecida e arma não encontrada. Coisa de profissional, crime encomendado. Muitas dúvidas e uma única certeza: a motivação para o crime. Mandô Benz, “o cara”, mandou mal.

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Em todas as telas Vozes empoderadas mostram a potencialidade das muitas velhices

Katia Brito Produtora de conteúdo sobre envelhecimento e longevidade

A segunda temporada do The Voice+ (Globo), programa musical voltado exclusivamente para talentos 60+, foi surpreendente. Você pode ter críticas à linha editorial ou a programação da emissora, mas esse espaço aberto para os talentos 60+ é demais, mostra a potencialidade de quem chega à velhice com grandes sonhos. O programa avançou em relação à primeira temporada, principalmente na escolha dos técnicos, e na manutenção do apresentador André Marques, de 42 anos, que se mostrou acolhedor e empático com os candidatos 60+. Entre os técnicos, a “caçula” Ludmilla, 26, foi a única remanescente, sua juventude e talento, preservando uma característica importante: a intergeracionalidade. Entre os novos técnicos, Toni Garrido, 54, que foi o vitorioso com a pernambucana Vera de Maria Maga, 61, escolhida a melhor voz pelo público, em uma final com o paulistano Maurício Gasparini, 61 (Time Ludmilla); e as mineiras Marcília de Queiroz Pinheiro,89 (Time Fafá de Belém), e Dionisya Moreira, 90 (Time Carlinhos Brown). Também Carlinhos Brown, que em novembro chega aos 60, com seus discursos quase “filosóficos” sobre a vida, o talento e maturidade.

Super Fafá

Quem roubou a cena foi a cantora Fafá de Belém,

magazine 60+ #34 - Abril/2022 - pág.49

Fafá de Belém veste talentos do Pará no The Voice + (Reprodução/Instagram)

Toni Garrido com a vitoriosa Vera de Maria Maga na grande final do programa (Globo/Divulgação)

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