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Cida Castilho 79 e

Cida Castilho 79 e

rá no Brasil nos próximos 4 anos dependerá das escolhas feitas em outubro de 2022. Não adianta dizer que você vota bem, mas o povo não. Também é ruim não votar. Omissão não é uma opção válida. Os candidatos à presidência e governos estaduais são poucos e bem conhecidos, mas para o senado, deputado federal e estadual há muitas opções. Encoraje familiares, parentes e amigos a pesquisar e não votar em pessoas inidôneas. Cuidado com as distrações. Elas podem ocultar gorilas. Com parlamentares éticos e competentes, nenhum governante fará o que bem entender. Pense nisso. Assim como a escultura que não parou em pé, muitos planos de governo são ótimos, mas só no papel. Os candidatos se apresentam como inovadores, ainda que sejam os mesmos. Contratam consultorias caríssimas, desenvolvem planos milagreiros, sabem o que é melhor para o país e tudo o que precisa ser feito. Uma vez eleitos, abandonam os planos ou justificam o fracasso: culpa da oposição, do Judiciário, mídia, conjuntura externa, seca, enchente, herança maldita etc. O povo não se lembrará de seu voto, nem das promessas. Em 4 anos virão novos planos fantásticos e raros eleitores refletirão sobre sua viabilidade. Vingarão os engodos que melhor convencerem. Costumo aplicar um anagrama para estudar a viabilidade de ideias e planos: CARTE, iniciais de Custo, Adaptação, Recursos, Tempo e Efetividade. É simples e serve como roteiro preliminar. Vamos lá: CUSTO. Quando custa (ideia, plano)? A análise deve envolver custo e benefício. Às vezes o custo é alto, mas o benefício compensa. ADAPTAÇÃO. O que é preciso adaptar ou alterar (planos em vigor, legislação etc.). O projeto pode ser barato, mas a adaptação cara ou inviável. RECURSOS. Pessoal, tecnologia, materiais, instalações etc. Existem ou é preciso comprar, contratar, desenvolver? TEMPO. Quanto tempo demora o resultado? Os ingleses dizem que tempo é dinheiro e temos projetos parados há anos, custando caro e se inviabilizando. EFETIVIDADE. O plano funciona? É melhor do que a solução atual? É “meia boca”? Troca 6 por meia dúzia? Quando abordava CARTE em aula, citava o caso da NASA, que nos anos 1950 gastou os tubos para fazer uma caneta funcionar em ambiente sem gravidade (no espaço). Os russos usavam lápis. Às vezes as ideias simples funcionam melhor que as complexas, mas é difícil fazer o fácil que dá certo. É preciso analisar as propostas dos candidatos com o mesmo cuidado que se deve ter com os sites que vendem produtos a preços muito abaixo da concorrência, quase sempre falsos. Comprar de vendedor suspeito pode gerar pequeno prejuízo pessoal. Eleger candidato que apresenta planos milagrosos é prejuízo certo, enorme, de longo prazo e para todo o pais. Pense nisso! Encerro com o impagável Barão de Itararé: “A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas em geral enguiça por falta de energia, ou então não funciona, deixando desesperados os infelizes que confiaram nele”.

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Crônicas do Brasil - Parece mas não é Queremos feijão!

Heródoto Barbeiro Jornalista/Historiador

Nem o presidente escapa. O governo todo é responsabilizado pela crise econômica que o Brasil vive. Ele é acusado de gastar mais do que a administração é capaz de arrecadar. Por isso é obrigado a inventar uma série de manobras financeiras para esconder o déficit constante nas contas públicas e os buracos frequentes no orçamento da República. Resta ao governo recorrer aos empréstimos pagando juros escorchantes e, ainda assim, não são muitos os investidores que aceitam ser objeto de um calote. Operações de crédito e emissão de títulos da dívida pública aliviam o caixa, mas são insuficientes para atender às despesas ordinárias. Não há dinheiro para bancar obras públicas. A manutenção das estradas e dos portos cria ainda mais dificuldades para que os produtos do agronegócio possam chegar aos portos em busca de compradores internacionais. É uma crise como nunca se viu no país, reproduz a mídia insistentemente. Economistas e políticos duelam diariamente sobre quais as melhores saídas para o caos que a nação vive. Boa parte das críticas ao governo parte da oposição enfraquecida no Congresso Nacional. Há quem diga que as eleições foram fraudadas como sempre. A população não tem nem força, nem organização para derrubar o Ministro da Economia e mudar o rumo da política. Vive esmagada sob o constante aumento dos preços, especialmente dos produtos de primeira necessidade. Nem o que se produz no país é barato. A inflação não para de crescer. Os alimentos populares, como o feijão e o café, estão cada vez mais caros. A oferta para o mercado interno caiu verticalmente com o aumento das exportações principalmente para a Europa. Chega-se mesmo a exigir do governo federal que proíba as exportações para que a maior oferta derrube os preços nos mercados e nas feiras livres. Os agricultores preferem vender para o exterior onde obtêm melhores preços. As condições de vida dos mais pobres pioram muito, especialmente nas cidades que dependem dos alimentos que vêm do campo. As greves se sucedem, especialmente nas fileiras do funcionalismo público. Querem aumento de salário e pressionam com paralisações da inchada máquina pública. Isto implica agravar ainda mais a administração e a prestação de serviços da população a que são responsáveis. Alguns setores estão semanas parados e o governo de mãos amarradas. Os protestos populares são contra o desemprego e o custo de vida. Fábricas estão paradas e muitos empregados demitidos. E a mídia estampa a crise sem apontar qual é a porta de saída. A miséria agora é a regra. Milhares de famílias passam fome e as ruas e praças estão cheias de miseráveis como nunca se viu antes. A realização da eleição para a Presidência da República não alivia a tensão social. A posse do novo presidente é engolfada por protestos nas ruas ou simplesmente tem pouca importância. Para a maioria, a troca da faixa presidencial tem pouca ou nenhuma importância. O carro que traz o novo chefe de governo para prestar juramento no Congresso Nacional mal consegue andar no meio das pessoas que protestam. Ele é recebido com uma chuva de frutas podres, berros, lama, vaias e gritos de “Fora Judas!!!”. O militar deixa a Presidência da República e passa o poder para Wenceslau Brás, que assume o governo em novembro de 1914, em plena Primeira Guerra mundial. Ao civil

magazine 60+ #37 - Agosto/2022 - pág.4

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