Magazine 60+ #37

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rá no Brasil nos próximos 4 anos dependerá das escolhas feitas em outubro de 2022. Não adianta dizer que você vota bem, mas o povo não. Também é ruim não votar. Omissão não é uma opção válida. Os candidatos à presidência e governos estaduais são poucos e bem conhecidos, mas para o senado, deputado federal e estadual há muitas opções. Encoraje familiares, parentes e amigos a pesquisar e não votar em pessoas inidôneas. Cuidado com as distrações. Elas podem ocultar gorilas. Com parlamentares éticos e competentes, nenhum governante fará o que bem entender. Pense nisso. Assim como a escultura que não parou em pé, muitos planos de governo são ótimos, mas só no papel. Os candidatos se apresentam como inovadores, ainda que sejam os mesmos. Contratam consultorias caríssimas, desenvolvem planos milagreiros, sabem o que é melhor para o país e tudo o que precisa ser feito. Uma vez eleitos, abandonam os planos ou justificam o fracasso: culpa da oposição, do Judiciário, mídia, conjuntura externa, seca, enchente, herança maldita etc. O povo não se lembrará de seu voto, nem das promessas. Em 4 anos virão novos planos fantásticos e raros eleitores refletirão sobre sua viabilidade. Vingarão os engodos que melhor convencerem. Costumo aplicar um anagrama para estudar a viabilidade de ideias e planos: CARTE, iniciais de Custo, Adaptação, Recursos, Tempo e Efetividade. É simples e serve como roteiro preliminar. Vamos lá: CUSTO. Quando custa (ideia, plano)? A análise deve envolver custo e benefício. Às vezes o custo é alto, mas o benefício compensa. ADAPTAÇÃO. O que é preciso adaptar ou alterar (planos em vigor, legislação etc.). O projeto pode ser barato, mas a adaptação cara ou inviável. RECURSOS. Pessoal, tecnologia, materiais, instalações etc. Existem ou é preciso comprar, contratar, desenvolver? TEMPO. Quanto tempo demora o resultado? Os ingleses dizem que tempo é dinheiro e temos projetos parados há anos, custando caro e se inviabilizando. EFETIVIDADE. O plano funciona? É melhor do que a solução atual? É “meia boca”? Troca 6 por meia dúzia? Quando abordava CARTE em aula, citava o caso da NASA, que nos anos 1950 gastou os tubos para fazer uma caneta funcionar em ambiente sem gravidade (no espaço). Os russos usavam lápis. Às vezes as ideias simples funcionam melhor que as complexas, mas é difícil fazer o fácil que dá certo. É preciso analisar as propostas dos candidatos com o mesmo cuidado que se deve ter com os sites que vendem produtos a preços muito abaixo da concorrência, quase sempre falsos. Comprar de vendedor suspeito pode gerar pequeno prejuízo pessoal. Eleger candidato que apresenta planos milagrosos é prejuízo certo, enorme, de longo prazo e para todo o pais. Pense nisso! Encerro com o impagável Barão de Itararé: “A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas em geral enguiça por falta de energia, ou então não funciona, deixando desesperados os infelizes que confiaram nele”.

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