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Tony de Sousa 63 e
divulgação me, “Baile Perfumado”, por sinal, um bom filme.
AGUA DE CHOCALHO – Diz-se de uma pessoa que fala demais: parece que tomou água de chocalho. E para criança que tem dificuldade de falar é recomendado um chá de água de chocalho. O autor do livro cita o seguinte caso: “ o filho de Damiana, que tinha quase dois anos e não falava nada, depois que a mãe lhe deu um chá com água de chocalho está falando tudo. ”
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APRAGATA DE CORREIA NA VENTA – Uma sandália feita com sola de couro cru, com uma correia que se liga ás duas braçadeiras e passa entre os dois dedos grandes dos pés. Tipo primitivo do calçado do sertanejo. Meu avô fazia esse tipo de calçado. Lembro-me quando ele nos chamava para tirar a mediada do pé para ele fazer uma “apragata”.
AMORCEGAR – Pegar carona, pendurando-se na carroceria de um caminhão sem que o motorista perceba. Também se “pega morcego” no trem e em trator. Um amigo de infância quase que morre ao “pegar morcego” num trator. Num movimento brusco que o trator fez ele caiu e ficou embaixo das rodas do trator. Não morreu por milagre.
ANOITECER E NÃO AMANHECER
Meu pai gostava de usar a expressão “Qualquer dia anoiteço e não amanheço” quando ameaçava abandonar a família e sumir no mundo. Felizmente ficava só na ameaça. Mas é uma bela figura de linguagem. O sertanejo usa muitas figuras de linguagem sem saber o que isso significa. O cineasta Glauber Rocha conta que numa conversa com um sertanejo analfabeto ficou impressionado com o uso de uma elipse que ele fez para contar o seu causo. Foi mais ou menos o seguinte: “ Seu doutor eu num sou de briga. Sou de paz. Mas o sujeito não abuse da minha paciência não que viro bicho. Eu cheguei uma vez numa bodega e um cabra que eu nunca vi na vida começou a me desafiar. Eu falei: rapaz, num mexa comigo não, que eu não quero brigar com você. O cabra continuou. Eu tava armado. Ou ele não sabia ou ignorou. Me chamou de frouxo. E veio pra riba de mim. Quando eu dei fé, um pedaço do miolo da cabeça dele tava grudado lá no teto.
Memórias de uma casal de velhos Meu tempo passou?
Liça Bonfin Psicóloga
Hoje fiquei totalmente surpresa, com o que ouvi de uma amiga. Ela é dois anos mais velha que eu, logo tem 84 anos. Estava, meio que lamentando a fase que estava passando. Digo “meio que lamentando” porque ela não se permite o reconhecimento de fases difíceis em sua vida. Então em certa hora, falou:
-Parece que as coisas tendem a ficar um pouquinho mais complicadas quando a gente vai entrando...quando a gente vai entrando... entrando numa faixa etária mais alta... Eu a interrompi, perguntando: - Você quer dizer: quando a gente vai envelhecendo? Ela abaixou os olhos e rindo sem graça, concordou. Pensei que ela ficasse com medo de falar “envelhecendo” porque fizesse alguma relação com o fim da vida, com a morte. Mas não era. O sentimento da finitude parece que estava bem resolvido para ela. Então perguntei diretamente o porquê do constrangimento de falar a palavra “envelhecer” e parece que respirou fundo para ter a coragem necessária para responder e desta vez me encarando firmemente, disse:
- “Velho” parece coisa que não serve pra nada, que é pra ser jogada fora, coisa estragada. Tive uma pena indescritível daquela mulher que sempre quis ser a “mulher maravilha” e resolver todos os problemas do marido, filhos e agora até dos netos, esquecendo seus direitos, sua