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3.4.3 A letra do samba enredo: o que está escrito?
from “Sou da negritude, o fruto e a raiz”: os sambas afro brasileiros da Nenê de Vila Matilde como recurs
símbolo imaginário dentro da negritude e no próprio título de quilombo do samba ou um gueto azul e branco, tornando-se um espaço de identidade comum e que transforma não só os sujeitos dentro da quadra da escola, mas se transfere ao modo como o tema afro é abordado: a Nenê veste a “fantasia” (camisa) desse discurso de forma espontânea na representação do negro, pois a comunidade se vê por si própria, em uma “imagem que ela faz de seu próprio lugar discursivo e dos lugares ocupados pelos outros” (ORTIS, 1998, p. 122).
3.4.3 A letra do samba enredo: o que está escrito?
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A nossa proposta é colocar diversas possibilidades para entender, ouvir e sentir o samba enredo no processo educativo e na valorização da cultura e história afro-brasileira. Assim, o que queremos é que o samba enredo seja visto para além de uma música criada por um ou mais compositores, que tem um processo de produção complicado e que sua letra e suas intencionalidades são vitais para os sujeitos, os discursos, a temática e outros sentimentos que se concretizam no processa de escuta. Portanto, conhecer os aspectos externos a produção de sua letra, às vezes, é mais importante para o professor do que somente observar a letra. Alexandre Neiva (2010), em Literatura da samba, aponta que existem múltiplas características textuais, que as palavras têm intencionalidade dentro de um samba enredo, e se aproximando de Mussa e Simas (2010), que a característica mais comum é o da epopeia, “pela constante presença da proposição (anunciação do tema cantado), da invocação e da louvação heroica de fatos, objetos, personagens provenientes do texto épico clássico” (NEIVA, 2010, p. 2818). Isso é importante porque cada palavra e, posteriormente, cada sentido que ela emprega não é escolhida somente de acordo com um sentido explicativo do samba enredo, muitas vezes, as palavras colocadas têm que ter uma vocalização e marcar o ouvido de quem ouve. Esse conhecimento prévio é importante, pois o professor deve saber os empregos da língua para poder realizar um bom trabalho e um bom aproveitamento do tema abordado. Por exemplo: as palavras de origem banto, nagô e ioruba podem ser um problema para a compreensão, mas o educador deve saber usar ou pesquisar tais termos. Assim, o professor de história pode, inclusive, propor uma interdisciplinaridade e se juntar ao profissional da língua