REVISTA PORTUGAL SETEMBRO 111

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tema de capa ORTODONTIA

ponto de vista Porquê a ortodontia?

Maria Cristina Figueiredo Pollmann Médica dentista.

Presidente da Associação Portuguesa dos Especialistas em Ortodontia. Especialista em Ortodontia pela Ordem dos Médicos Dentistas. Professora Associada com Agregação na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto.

A ortodontia é um mundo, no universo da Medicina Dentária, que apesar de ser uma especialidade com conhecimentos, competências e especificidades técnicas muito próprias, é altamente abrangente, desafiante e em constante aperfeiçoamento e inovação. Não é admissível considerar que a prática clínica de ortodontia se restringe aos atos de colar brackets, dobrar arames ou aplicar alinhadores, quem o fizer não tem a mais pálida noção do que é a ortodontia. Parafraseando o grande ortodontista gaulês Michel Langlade «L’orthodontie?... C’est dans la tête!» (A ortodontia?… Está na cabeça!). Entenda-se: no conhecimento, no saber. Pois é isso mesmo! A verdadeira avaliação dos nossos pacientes é a executada de uma forma holística, no presente e no futuro, percebendo a função e a disfunção, a harmonia e a desarmonia, antevendo o modo como se vai processar o crescimento, mas também o envelhecimento (sim, porque a população está a envelhecer, e também porque cada vez mais, há procura de tratamento ortodôntico por adultos com mais de 60 anos), entre muitos outros aspetos. Por sua vez, é preciso integrar com o nosso conhecimento, raciocínio, criatividade, crenças e emoções, toda a informação percecionada sobre o paciente, de forma voluntária e involuntária, através da entrevista, do exame obje-

A ortodontia portuguesa em 2020 é de alto nível, equiparada ao que há de melhor no primeiro mundo. Isto não acontece por acaso!

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tivo e subjetivo, da sua linguagem e expressão corporal, entre outros pormenores. Aqui chegados, estaremos aptos a definir os problemas do paciente e a formular o diagnóstico. Depois, planificar o tratamento e selecionar os dispositivos mais adequados e os procedimentos necessários à resolução do caso específico. Não é de mais salientar que o tratamento ortodôntico é um contributo, num conceito de abordagem multi, pluri e interdisciplinar para o tratamento do indivíduo, e que os procedimentos técnicos são apenas e tão só o meio de atingir os objetivos do tratamento. E onde entra a “revolução digital”, de que todos falam e muitos temem? Esta evolução não aconteceu apenas na última década, como por vezes se quer dar a entender. A “transição para a era digital” começou há já muito tempo com a integração e adoção das tecnologias da computação, da informação e da inteligência artificial (IA) como ferramentas para os mais diversos tipos de atividade. Nas últimas décadas, para além da melhoria de muitos programas e aplicações informáticas, houve a expectável redução de preços a nível do hard e software que melhoraram as condições de acesso a esses instrumentos de apoio, também na área da ortopedia dentofacial e da ortodontia. O “digital” começou por ser incorporado na gestão de ficheiros clínicos e administrativos, por volta dos anos 90 e rapidamente se alargou à imagem e ao armazenamento de dados. Daí à extensão às ferramentas auxiliares de diagnóstico, foi um instante: as nossas rotinas profissionais transformaram-se e continuam em constante e progressiva modificação e evolução, atualmente a incorporar a imagem 3D; nomeadamente os scanners intraorais. A tecnologia digital e os seus diversos instrumentos auxiliam-nos e muito no diagnóstico mais


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