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CERVEJAS DE MOÇAMBIQUE INVESTE 180 MILHÕES EM NOVA FÁBRICA
Investimento. A Cervejas de Moçambique (CDM) anunciou a construção de uma nova fábrica no distrito de Marracuene, um investimento de 180 milhões de dólares. Com o início da obra agendado para o último trimestre deste ano, o novo empreendimento vai empregar mais de mil trabalhadores e terá uma capacidade instalada para produzir anualmente cerca de 200 milhões de litros de cerveja. Segundo o Presidente do Conselho de Administração da CDM, Tomaz Salomão, “a instalação desta unidade fabril, estará em funcionamento no final do próximo ano e ajudará a AB InBev (accionista maioritária da CDM) a acompanhar a demanda num mercado que registou um crescimento de mais de 20% só no primeiro semestre do ano,” Já Ricardo Tadeu, presidente da empresa na África subsariana, fala de “um reflexo do quanto temos vindo a apostar no continente”, disse. A CDM domina o mercado nacional, no qual detém uma quota de 95%.
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RECURSOS NATURAIS
Petróleo. O Governo aprovou novos contratos de concessão para pesquisa e produção de hidrocarbonetos em cinco áreas marítimas e uma terrestre, em quatro províncias do país. De acordo com a porta-voz do Conselho de Ministros, Ana Comoana, as áreas são a A5A, A5B e Z5-D, localizadas na costa de Angoche, província de Nampula, a Z5, no delta do Zambeze, região que abrange as províncias de Sofala e da Zambézia e as áreas PT5-C (marítima) e Mazenga (terrestre). Sasol. A multinacional sul-africana integrada de energia e produtos químicos anunciou que irá investir “centenas de milhões de rands” (não revela o volume exacto), para intensificar a exploração de petróleo e gás em Moçambique. Sendo hoje a principal empresa produtora de gás natural em Moçambique, na Província de Inhambane (Temane), transporta o gás liquefeito através de um gasoduto de 865 quilómetros para a África do Sul, com uma ligação ao sul de Moçambique para consumo doméstico. Alex Anderson, chefe de Relações Externas do grupo, explica que “o investimento contínuo em Moçambique confirma o firme compromisso para com o país. Dezenas de milhões de dólares serão gastos na execução de poços exploratórios sísmicos e de perfuração nessas novas licenças para fazer aumentar os recursos de hidrocarbonetos”, disse. A Sasol está actualmente a concluir a quinta licitação competitiva para executar a engenharia, aprovisionamento, construção e comissionamento para a PT5-C onshore, perto da área de Pande e Temane em Inhambane e offshore A5-A na área de Angoche em Nampula.
Relatório e contas. A Vale Moçambique encerrou mais um semestre com um passivo a aumentar. A mineradora encerrou assim a primeira metade do ano com uma dívida de 7,9 mil milhões de dólares, um aumento de 100 milhões de dólares relativamente ao valor contabilizado no final do primeiro trimestre. Chuvas, custos de operações elevados e a depreciação do metical, são os principais factores que influenciaram negativamente o desempenho contabilístico da empresa.
Minerais. Para desencorajar a comercialização ilegal de pedras preciosas e ornamentais, o governo anunciou que vai realizar a terceira edição da Feira de Gemas (Fagena). O evento será realizado na cidade de Nampula, o maior centro de comercialização de minerais do país, e foi anonciado como “um espaço de compra e venda de minerais dentro da formalidade.” Esta é assim a forma encontrada para regular um mercado onde ainda existem inúmeros operadores informais. De acordo com o Ministério dos Recursos Minerais e Energia, o objectivo da feira “é criar um espaço de referência nacional e de internacionalização das pedras preciosas produzidas em Moçambique.“
Ouro. Mwiriti anunciou a descoberta de ouro em Cabo Delgado. A empresa mineira de capital moçambicano confirmou a presença de ouro na sua concessão em Nairoto, distrito de Montepuez, cuja exploração deverá iniciar em Abril do próximo ano. A Mwiriti também detém 25% da Montepuez Ruby Mining (MRM), que faz a exploração de 34 mil quilómetros quadrados em Cabo Delgado, o maior depósito de rubis conhecido no mundo.
ECONOMIA
Banca. O Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, nomeou Irene Maurício para Presidente da Comissão Liquidatária do Nosso Banco, na sequência do afastamento da Comissão presidida pela Deloitte Moçambique (que tinha vindo a desenvolver e colocar em prática, com sucesso, um plano de recuperação de dívidas do banco). Recorde-se que, em Novembro de 2016, o Banco Central determinou a liquidação do Nosso Banco, então detido pelo Instituto Nacional de Segurança Social e designou a Deloitte
como presidente da comissão liquidatária para lidar com o processo de insolvência da instituição.
Desenvolvimento. O sector privado projecta a criação de uma fundação vocacionada para o desenvolvimento do sector no país. “Tratar-se-ia de um fórum que poderá integrar todas as instituições que trabalham com o sector empresarial, com o objectivo de garantir o crescimento económico de Moçambique”, explicava o presidente da CTA, Agostinho Vuma, após a realização de um encontro com o Conselho Empresarial Nacional (CEN).
Dívida pública. A consultora Focus Economics prevê que a dívida pública de Moçambique suba de 110,4% para 113,7% do PIB, até 2022. De acordo com a consultora, “os níveis da dívida pública colocam um forte risco descendente às perspectivas de evolução económica a curto e médio prazo, antecipando uma evolução crescente da dívida pública de 110,4% este ano, para 112,3% em 2019 e 113,7%, em 2021 e 2022.” As previsões da Focus Economics surgem momento em que o Executivo está a estudar a proposta de restruturação dos títulos da dívida pública feita pelo grupo de credores internacionais, na sequência da falha no pagamento das prestações, geradora do incumprimento financeiro em que a economia se encontra.
Salários. O Ministério da Economia e Finanças revelou que os gastos com salários aumentaram 15,3% durante o primeiro semestre deste ano. O pagamento na totalidade do 13º salário, bem como o levantamento dos actos administrativos verificados no primeiro semestre, influenciaram o aumento dos gastos nesta rubrica. Assim, entre Janeiro e Junho de 2018, o Executivo desembolsou perto de 46,2 mil milhões de meticais, face a aproximadamente 39,2 mil milhões pagos no período homólgo.
Fiscalização. A Autoridade Tributária de Moçambique (AT) anunciou a destruição, por incineração, de mais de mil caixas de cigarros de diversas marcas, na cidade da Beira, em Sofala, apreendidas na rota do contrabando. Os cigarros foram apreendidos pelas alfândegas no período compreendido entre 2014 e 2017 ao longo da fronteira de Machipanda, na província de Manica. Segundo a AT, “os cigarros incinerados poderiam ter rendido ao Estado, cerca de 35 milhões de meticais”.
Mercados. O Presidente da República, desafia o vice-ministro da Indústria e Comércio “a criar condições para o acesso ao mercado para produtores.” Durante a tomada de posse, Júlio Pio foi assim instado a “resolver o problema de perda da produção devido às dificuldades que os produtores têm de aceder ao mercado.” Esse tem sido, de resto, o grande constrangimento enfrentado por muitos produtores nacionais, algo que vem concorrendo para o sub-aproveitamento da produção agrícola no país. Anualmente, mais de 20% da produção é dada como perdida, devido a dificuldades no acesso ao comércio.
Mais-valias. O Centro de Integridade Pública (CIP) lançou recentemente um alerta, visando aquela que considera ser A Bolsa de Mercadorias de Moçambique (BMM) tem como objectivo o estabelecimento de um mercado organizado de mercadorias, zelando pela organização, funcionamento, eficiência e transparência. A mesma é constituída por vários sectores, de entre eles, o Departamento de Mercados e Valores Mobiliários (DMVM), uma unidade onde a BMM concentra os seus colaboradores adstritos, para intermediar ordens de outrém.
O DMVM tem o dever de providenciar acesso ao mercado a todos os intervenientes e garantir transparência e eficiência nas suas transações de compra ou de venda; facilitar a negociação dos contratos à vista que são negociados entre os membros via representantes através do sistema por telefone e/ou email e diminuir a assimetria de mercado.
Tem como principais actividades: realizar intermediações (apregoação por oferta) e disponibilizar informação aos mercados. As intermediações são realizadas com base na negociação de preços de mercadorias aceites por ambas partes (comprador e vendedor). Neste processo, são cobradas taxas por cada transacção efectuada na BMM e é garantida a execução das operações de compra e venda através da compensação e liquidação financeira e física.
A disponibilização de informação de mercados é feita através do boletim semanal “Diário de Mercados”. Nele consta informação sobre os fluxos de commodities transaccionadas na BMM, preços praticados nos mercados agrícolas nacionais, regionais e internacionais, a dinâmica dos mercados com impacto nos mercados físicos e bolsistas e as taxas de câmbio das principais moedas usadas nas transacções comerciais no país. A disseminação do “Diário de Mercados” é feita através da página web da BMM em dois idiomas, português e inglês.
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“a intenção do governo hipotecar as receitas do gás, em vez de responsabilizar os autores das dívidas ocultas.” Em comunicado, o CIP aponta ainda o facto do governo “ainda não se ter pronunciado publicamente”, sobre a proposta de restruturação da dívida submetida pelos credores. “Esta situação chama a atenção para os passos que devem ser tomados de forma a esclarecer como é que as receitas do gás devem ser utilizadas”. Os credores da dívida soberana propuseram, há algumas semanas, que o governo possa liquidar uma parte da dívida global (neste caso apenas 200 milhões de dólares de um total de 2,1 mil milhões) até 2023, sendo que, a partir daí, o pagamento seria garantido tendo como base as futuras receitas da exploração de gás natural da Bacia do Rovuma, na Província de Cabo Delgado.
INFRA-ESTRUTURAS
Ponte Maputo-Ka Tembe. A nova ponte que liga as duas margens da baía de Maputo será inaugurada até finais do próximo mês de Outubro. De acordo com o Ministro de Habitação e Recursos Hídricos, João Machatine, a entrada em funcionamento da infra-estrutura sofreu sucessivos adiamentos “devido às dificuldades na retirada de famílias que vivem nos arredores da zona abrangida pelas obras.” A ponte tem uma extensão de cerca de três quilómetros, com quatro faixas para a circulação de viaturas, duas em cada sentido. Trata-se de uma ponte com um vão suspenso, considerado o maior de África, estando entre as 60 maiores do mundo.
Reabilitação. O Governo anunciou um investimento de 98,3 milhões de dólares na reabilitação da ponte sobre o rio Save. De acordo com o Ministro das Obras Públicas Habitação e Recursos Hídricos, as obras vão estar a cargo da CBRC, a companhia chinesa que está, neste momento, a finalizar a ligação Maputo - Ka Tembe. A companhia vai assim reabilitar a actual ponte sobre o Save, prevendo até Novembro próximo instalar-se uma ponte provisória para permitir a circulação de pessoas e bens sem transtornos para veículos e população. A ponde do Save foi construída em 1971.
Barragem de Massingir. A reabilitação da barragem de Massingir, na província de Gaza, que já se encontra numa fase conclusiva, está a impulsionar a produção agrícola, com ganhos adquiridos na expansão da área de cultivo de 2 000 para 4 200 hectares. De acordo com o administrador provincial, Sérgio Moiane, com as obras de reabilitação da barragem, financiadas pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), “o distrito conseguiu na última campanha agrícola uma produção de 1 200 toneladas de hortícolas e uma quantidade ainda por estimar de feijão.” A mesma fonte adianta também que “já começaram a surgir interessados” em investir naquela região “graças ao potencial agrícola” agora existente.
Porto de Nacala. A carga processada no porto de Nacala, cresceu 8% no primeiro semestre do ano. De acordo com a Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), a carga transportada por via ferroviária atingiu as 941 mil toneladas, face às 841 mil no primeiro semestre de 2017 (mais 100 mil toneladas). O crescimento na tonelagem de carga processada deve-se, sobretudo e de acordo com a CDN, “à melhoria da economia nacional, tendo-se registado um aumento nas importações e o início de exportação da grafite da mina de Balama, através do porto de Nacala.” A CDN refere ainda que a carga em contentores em trânsito na infra-estrutura portuária da baía do Bengo também aumentou, correspondendo a 39 mil TEU (contentor de 20 pés de comprimento, por oito de largura e oito de altura) transportados durante o período em análise, face aos 31 mil no período homólogo.
Logística. O Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, José Pacheco, “desafia” o sector dos transportes e comunicações a “dinamizar os corredores regionais de desenvolvimento.” Segundo o governante, a localização geográfica de Moçambique ao longo do Oceano Índico e a existência de portos naturais, “confere ao país uma vantagem comparativa para o acesso ao mercado internacional, especificamente aos países vizinhos.”
Ferrovia. O Governo anunciou um investimento de mais de 400 milhões de dólares no incremento da capacidade ferroviária e portuária do país ao longo dos próximos dois anos. Falando durante as celebrações dos 26 anos da criação da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), Carlos Mesquita referiu que o Plano Estratégico dos Caminhos-de-ferro de Moçambique contempla um investimento de cerca de 300 milhões de dólares na melhoria das linhas férreas bem como mais de 100 milhões para a aquisição de locomotivas e vagões. De acordo com governante, o país procura desta forma “corresponder ao desafio dos transportes na região austral de África”, havendo ainda a implementação de vários projectos de investimentos, incluindo, anunciou, “a reabilitação e construção de novas linhas férreas e portos.“
Barragem. Com a obra de construção interrompida desde 2016, devido ao corte do financiamento por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social do Brasil (BNDES), as obras de construção da barragem de Moamba-Major, na província de Maputo, vão retomar ainda este ano. Segundo o ministro João Machatine, a construtora brasileira Andrade Gutierrez está em negociações com uma empresa chinesa para retomar a obra orçada em 700 milhões de dólares.
LÁ FORA
África. As Exportações africanas ultrapassaram a recessão e subiram 2,1% para 833,9 mil milhões de dólares no ano passado. De acordo com o relatório anual de actividade do Banco Africano de Exportação e Importação (Afreximbank), “o valor do total das mercadorias transacionadas aumentou cerca de 2,1%, o que se compara com a contracção de 11,9% registada em 2016”. O documento nota ainda que esta subida se deve “à recuperação do preço das matérias-primas”, vincando que “numa região onde a exportação de petróleo representa mais de 45% do total das exportações, o fortalecimento do preço do barril foi decisivo para reverter esta tendência.”
OPINIÃO
Afinal, para onde se direcciona a boa gestão do desempenho?
Cristina Simón • Professora RH da IE Business School e directora do MBA IE-BROWN
há um ano abriu-se um debate em grande escala sobre a mudança na avaliação de desempenho nas organizações. Anteriormente, algumas empresas, encabeçadas, entre outras, pela General Electric e a Adobe, já haviam lançado as bases e redesenhado os seus processos de forma radical. Eliminando até o próprio conceito de “avaliação” da sua terminologia. Os novos sistemas caracterizam-se pelo desaparecimento das distribuições forçadas bem como pela minimização das qualificações, pelo feedback contínuo por parte do supervisor e pela integração dos colegas como avaliadores ocasionais ao longo do processo. No entanto, terão sido muito poucas as organizações que acabaram por desenvolver, e ainda menos as que conseguiram levar a cabo uma revisão profunda dos seus métodos de gestão do desempenho. A par desta resistência, reforçou-se toda uma linha de opinião que sustenta que, apesar da sua impopularidade, o sistema tradicional deve manter-se porque, em geral, funciona bem e porque, enquanto não há uma alternativa clara, diz a prudência popular que é melhor não mexer no que existe actualmente e que até foi resultando. Desta forma, para entender a situação de mudança que hoje observamos, e muitos de nós vivenciamos no nosso dia-a-dia, junto de empresários e trabalhadores, é preciso analisá-la com bastante mais profundidade do que apenas a mera continuidade de procedimentos que outrora resultaram. Estou totalmente de acordo com Peter Cappelli, professor da Wharton, que defende que os sistemas de avaliação de desempenho são muito mais do que uma simples prática de recursos humanos, porque representam a essência do que tem sido até ao momento a relação empregador-empregado. Esta relação tem sido puramente economicista e transaccional, baseada numa relação de carreira a longo prazo e trabalhadores basicamente a tempo inteiro. Até então, o trabalhador, contratado sob um sistema hierárquico, podia ser avaliado pelo seu superior imediato e supervisionado única e directamente por ele. Tudo isto num contexto de negócios planificáveis no horizonte de um ano e com metas relativamente fáceis de definir. É evidente que este tipo de relação de emprego tem os dias contados e não perdurará por muito mais tempo num mundo em mudança tão acelerada. Como não perdurarão as empresas que nele insistirem. E cada vez são mais as empresas que renunciam a fixar objectivos de médio e longo prazo. Um funcionário de uma empresa média-grande tem, em média, três a cinco ‘chefes’ ou linhas de comando a quem tem de reportar. Mas o profissional actual mudou a sua forma de pensar e agir perante o seu trabalho. Ele quer aprender com as suas tarefas diárias, desenvolver as suas próprias capacidades pessoais e profissionais, ser o protagonista do processo e não tanto ser passivamente “avaliado” da forma tradicional ou convencional. Os trabalhadores valorizam, hoje em dia, cada vez mais as opiniões dos seus colegas e respeitam cada vez menos o poder hierárquico. Perante isto, pode continuar a considerar-se que a forma clássica de avaliar os empregados ainda é válida? Se as novas (e por vezes completamente disruptivas) soluções que estão a surgir por todo o mundo não são consideradas adequadas, é responsabilidade da área dos recursos humanos explorar novos caminhos e direccções e fomentar e apoiar as mudanças profundas que acompanham a actualização destas práticas que são tão importantes para os resultados de qualquer empresa.
Foram muito poucas as organizações que acabaram por desenvolver, e ainda menos as que conseguiram levar a cabo uma revisão profunda dos seus métodos de avaliação do desempenho. Porque eles são, ou deveriam ser, muito mais do que uma simples prática de recursos humanos