energia
O grande desafiO dO acessO universal até 2030
na voz de alcinda santiagO, directOra-geral da sOjOgO
Área 4
energia
O grande desafiO dO acessO universal até 2030
na voz de alcinda santiagO, directOra-geral da sOjOgO
Área 4
O jackpOt das mil e uma dúvidas sociedade um nOvO Olhar para mOçambique um nOvO mercadO que está a facturar milhões
Eleições
A imagem de um dia em que se decidiu o futuro próximo do país
Panorama economia, Banca, Finanças, Infra-estruturas, Investimento, País
MAcrO
Energia A universalização do acesso à energia até 2030 é um desígnio nacional
O JOGO
22 Da sorte ou do azar? A e&M analisa um mercado emergente, impulsionado pelas apostas desportivas e jogos online. 30 na voz de... Alcinda santiago, a directora-geral da sojogo
Montepuez
Na terra onde há rubis debaixo do chão, falta quase tudo à flor da terra 40 MercADO e FINANçAs
Gás
O que implica o lançamento da Decisão Inicial de Investimento da Área 4 do rovuma 44 EMPresAs
Susamati Uma startup que encontrou o seu nicho nos equipamentos sanitários ecológicos 46 MegAFONe
Marketing
O que está a acontecer no mundo das marcas em Moçambique e lá por fora
48
f
Vodacom
50 SOcIeDADe
Solidariedade
A história de uma acção que tentou levar, literalmente, um novo olhar a Moçambique
Lara Narcy, directora das relações corporativas da operadora fala sobre a nova Fundação vodacom 54 lÁ
Etiópia como os esforços rumo à pacificação valeram o Nobel ao Primeiro-Ministro Abiy Ahmed
foram realizadas as eleições, em Outubro último, tal como havia sido pro gramado, aguardando-se o pronunciamento do Conselho Constitucional, órgão de soberania ao qual compete especialmente administrar a Justiça em maté rias de natureza juridico-constitucional e entre outras atribuições, apreciar o contencioso eleitoral e a validação dos resultados das eleições. De acordo com os dados anunciados pelo órgão de de gestão do processo eleito ral em Moçambique, o Partido no Poder terá conseguido uma maioria qualifi cada e o seu candidato a Presidente da República, uma reeleição com mais de 70% dos votos válidos.
Estes resultados, a confirmarem-se, colocam o partido vencedor e o seu candi dato numa posição de responsabilidade acrescida, porquanto, o risco de se tor narem vulneráveis a excessos no exercício do poder, pondo em risco a conso lidação da democracia, é muito alto, por um lado, e por outro, as eleições foram realizadas logo após o Acordo de Paz Definitiva, no âmbito do diálogo Político, ofi cialmente designado por Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, entre o Pre sidente da República, o Presidente do maior partido da Oposição em Moçambi que, para o estabelecimento de uma paz efectiva e duradoira, pondo assim ter mo, em definitivo, aos conflitos armados cíclicos pós-eleições gerais. O acordo é constituído por dois instrumentos, nomeadamente, o Acordo sobre a Cessação de Hostilidades Militares assinado pelas partes no dia 1 do mesmo mês de Agosto e um anexo relativo a Estruturas de Implementação do Acordo de Paz e Reconciliação.
Este passo é o culminar de longas negociações entre as duas partes que inicia ram em 2015, que contaram com facilitadores internacionais. É um marco im portante na história política de Moçambique dos últimos anos, que foi conhe cendo conflitos armados pós-eleições. Representa a esperança de um povo, de um país, que já começa a dar passos nos caminhos do progresso promissor. É uma contribuição positiva assinalável para as expectativas dos investidores nacionais e estrangeiros, como indicador que permite conjecturar o futuro pro missor, não muito longínquo, do ambiente de negócios deste país do Índico. A chave do sucesso deste acordo e da governação para o novo mandato de cin co anos reside na boa fé dos compromissos assumidos, no espírito e na letra dos documentos assinados, traduzidos em processos políticos, económicos e sociais transparentes, inclusivos e com tolerância.
PROPRIEDADE Executive Moçambique
DIRECTOR Iacumba Ali Aiuba
DIRECTORA EDITORIAL DO GRUPO
MÊS ano • nº 01
EXECUTIVE Ana Filipa Amaro
DIRECTOR EXECUTIVO Pedro Cativelos
COnsELhO EDITORIAL
Alda Salomão; António Souto; Narciso Matos; Rogério Samo Gudo
JORnALIsTAs Celso Chambisso; Hermenegildo Langa; Cristina Freire, Elmano Madaíl, Rui Trindade
PAGInAÇÃO José Mundundo
FOTOGRAFIA Jay Garrido
REVIsÃO Manuela Rodrigues dos Santos
propriedade Executive Mocambique Liquatis nienis doluptae velit et magnis enis necatin nam fuga. Henet exceatem seque cus, sum nis nam iu Qui te nullant adis destiosse iusci re in prae voles sant laborendae nihilib uscius sinusam rehentius eos resti dolumqui dolorep reprem vendipid que ea et eumque non nonsent qui officiasi
PRODUÇÃO Executive Moçambique
PUBLICIDADE Ana Antunes (Gestora Comercial - Moçambique) ana.antunes@ executive-mozambique.com; iona@iona. pt/contacto@iona.pt (Portugal)
ADMInIsTRAÇÃO, REDACÇÃO
E PUBLICIDADE Executive Moçambique; Av. Salvador Allende, nº 1039, Bairro Polana Cimento, Maputo – Moçambique; Tel.: +258 21 485 652; Tlm.: +258 84 311 9150; geral@executive-mozambique.com
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DELEGAÇÃO EM LIsBOA Telheiras, Rua Poeta Bocage, Nº 2 – 1º Escritório D • 1600233 Lisboa • Portugal; Tel. +351 21 381 3566; iona@iona.pt IMPREssÃO E ACABAMEnTO Minerva Print - Maputo - Moçambique TIRAGEM 4 500 exemplares núMERO DE REGIsTO 01/GABINFO-DEPC/2018
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Cerca de 13,1 milhões de eleitores moçambicanos foram, no dia 15 de Outubro, chamados a eleger o próximo Presidente da República, 250 deputados do Parlamento e, pela primeira vez, dez governadores provinciais.
O processo de apuramento dos resultados finais leva, por norma, até 15 dias para a divulgação oficial dos resultados, o que confere ao momento das eleições, o pré e o pós, um carácter de continuidade no tempo que nos remete... a outros tempos.
fOtOgRafiaD.R.
O FMI prevê que a dívida pública de Moçambique su ba para 108,8% do PIB este ano, projectando-se, assim, acima dos 100% até 2023.De acordo com o anexo estatís tico ‘Fiscal Monitor’, divulga do em Outubro passado, em Washington, no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial (BM), a subida do rácio da dívida pública fa ce ao PIB aumenta dos 99,8% no ano passado, para 108,8% este ano e 106,8% em 2020.
A previsão do FMI apon ta para que em 2021 e 2022 a dívida pública regresse à casa dos 108%, descendo de pois para 101,7% em 2023 e decaindo ainda mais para 90,3% do PIB em 2024.
O FMI previu, de resto, pa ra a economia moçambica na um crescimento de 1,8% do PIB, o mais baixo desde, pelo menos, as duas últimas décadas, podendo então ace lerar para 6% em 2020 e para 11,5% em 2024.
208 passageiros de Janeiro a Setembro do ano passado). Segundo nota de imprensa da companhia, a melhoria veri fica-se, igualmente, “na com ponente de pontualidade dos voos”, indicador que tem sido mensalmente partilhado com o mercado e que mostra “uma tendência de crescimento”.
Aviação. A Fastjet suspendeu as suas operações no merca do nacional após dois anos de operações, e depois reportar prejuízos na ordem de mais de 2 milhões de dólares no primeiro semestre do ano. A suspensão abrange todos os voos, incluindo os do acordo de partilha de códigos com as Linhas Aéreas de Moçambi que (LAM) para Maputo, Tete, Beira e Quelimane.
A companhia pondera re gressar, mas só “quando a demanda geral por viagens aéreas no país aumentar significativamente”.
de cimento custa entre 380 e 405 meticais no mercado.
Infra-estruturas. A província de Manica poderá dispor de quatro portos secos para aju dar a descongestionar o por to da Beira, na província de Sofala, disse recentemente o presidente do Conselho Em presarial Provincial de Ma nica, Samuel Guisado. A intenção de construção des tas infra-estruturas consta do projecto de transformação de Chimoio em Zona Económica Especial (ZEE) , que foi tornado público durante um encontro recente entre a Agência de Promoção das Importações e Exportações (Apiex), Ministé rio da Indústria e Comércio, Direcção Provincial da Indús tria e Comércio e o Conselho Municipal de Chimoio.
Doing Business. Moçambique caiu três posições no ranking Doing Business 2020 para o 138º lugar com 55 pontos numa escala de zero a 100. O relatório, divulgado a 24 de Outubro pelo Banco Mun dial, mede a facilidade de fa zer negócios em 190 países.
Com esta classificação a eco nomia nacional regressa aos patamares de 2018, em que ti nha melhorado três posições, tendo voltado a regredir nesta edição do índice. Dos nove países falantes de português, Moçambique está em posição mediana, à fren te de Angola (177º), Guiné-Bis sau (174º), São Tomé e Prínci pe (170º) e Timor-Leste (181º), e atrás de Portugal (39º), Brasil (124º) e Cabo Verde (137º).
Transporte aéreo. As Linhas Aé reas de Moçambique (LAM) registaram um aumento de 6,6%, no número de passa geiros transportados nos pri meiros nove meses deste ano, em comparação com igual período de 2018, ao transpor tar 415 741 passageiros (398
Cimento. O preço da matéria -prima poderá aumentar devido ao elevado custo de importação do clínquer (base para o seu fabrico) por via marítima. “Ao abrigo do Acor do de Paris, os organismos internacionais estão a impor aos transportadores maríti mos um nível menos eleva do de emissões de carbono. Assim, todos aqueles que têm navios antigos devem investir dois ou três milhões de dólares em máquinas no vas, algo inviável face aos elevados preços”, esclareceu o director-geral da Cimen tos de Moçambique, Edney Vieira, em Outubro. Actual mente, o saco de 50 quilos
Recursos minerais. A empresa de mineração chinesa Jinan Hi Tech foi autorizada pela Co missão Nacional do Desenvol vimento e Reforma da China a adquirir uma participação de 34% na empresa austra liana Triton Minerals, que opera a exploração de grafite em Moçambique, por 19,5 mi lhões de dólares australianos. O negócio pretende cimentar a presença chinesa na explo ração deste minério, através de um projecto de nível mun dial de grafite a ser desenvol vido em Ancuabe, província de Cabo Delgado.
Absa. O Barclays Moçambi que vai, oficialmente, pas sar a chamar-se Absa Bank já a partir deste mês (11 de Novembro), dois anos após o início da operação de alte ração da designação. A mu dança surge na sequência da decisão do grupo Absa de lançar a marca em todas as operações no continente. Em Moçambique já usa o novo logótipo nos balcões de todo o
país desde Outubro. O admi nistrador-delegado do Bar clays, Rui Barros, frisou que “todos os serviços permane cerão activos após a data da alteração e que a substituição será feita de forma gradual.”
Crédito. O Departamento de Estudos Económicos do Stan dard Bank prevê mais uma descida da taxa de juro de re ferência (taxa MIMO, actual mente fixada em 12,75%) no sistema financeiro, em res posta aos recentes anúncios de investimentos nos gran des projectos de exploração do gás na bacia do Rovuma. Segundo o economista-chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá, o efeito da descida da taxa MIMO “poderá fazer in duzir uma descida das taxas de juro a retalho, com impac to positivo na economia ao longo do próximo ano.”
PME. Cerca de 5 mil PME serão capacitadas em matérias de gestão de negócios nos pró ximos três anos, à luz de um memorando assinado pelo Barclays Bank e a African Management Services Com pany (AMSCO), empresa fo cada no desenvolvimento de capital humano em África. O memorando tem o objectivo de “melhorar” a relação en tre as PME e a banca, porque “quando os bancos têm conhe cimento de que a empresa que está a apresentar um projecto, solicitando crédito, está capacitada e tem um bom plano de negócios, estes não têm problemas em em prestar” explicou Pedro Car valho, Director da Banca de retalho e Negócios Barclays.
Investimento. Moçambique está entre os países africa nos com risco mais elevado de investimentos, embora com tendência crescente no retorno para os investidores, segundo o Índice Risco-Retor no 2019, um estudo elabora do pelas sociedades de con sultoria Oxford Economics e Control Risks. No estudo, a pontuação de risco de Moçambique é de 6,07. O Índice Risco-Retorno, que já vai na sua quarta edi ção, constata que “apesar do país continuar na lista ne gra melhorou na pontuação em relação aos 6,18 obtidos no ano passado.” Maurícias e Botsuana são os países afri canos com menor risco, com pontuações de 3,43 e 2,41, respectivamente.
Diamantes. A maior empre sa do mundo de mineração, processamento e comerciali zação de diamantes, a russa AIrosa, acredita que Moçam bique “é um país rico” nesta pedra preciosa, segundo o seu Presidente da Comissão Executiva, Sergey Ivanov, que foi recebido em audiên cia pelo Presidente da Repú blica no quadro da cimeira Rússia-África.
Para a pesquisa no terreno, a Rússia irá enviar uma equi pa de geólogos que iniciam pesquisas na fronteira com o Zimbabué, onde já operam. “Vamos focar-nos nas áreas de fronteira e os nossos geó logos vão discutir com o Mi nistério das Minas sobre possíveis outras áreas de coo peração. Temos a certeza de que o país pode vir a ser rico em diamantes”, disse Ivanov.
o ano de 2019 está a ser muito especial para a economia Mo çambicana, com fortes progressos no desenvolvimento da indús tria de petróleo e gás, tais como: a assinatura da Decisão Final de Investimento do primeiro projecto do Mozambique LNG no dia 18 de Junho; a decisão inicial de investimento do projecto do primei ro projecto onshore de Rovuma, anunciada à 8 de Outubro. Na sequência destes marcos históricos, é importante debater a magnitude destes projectos, entender o ciclo de vida de explo ração de cada um e em que momento as empresas locais terão a oportunidade de participar. No caso de Moçambique, as em presas locais terão o potencial de participação nas seguintes fases: 1) desenvolvimento - onde o foco diverge para construção das instalações de liquefacção, acampamentos, estradas, aero portos ou portos para escoamento da produção, e ; 2) produção – esta fase é dedicada a produção e exportação do GNL. A fase de desenvolvimento está projectada para decorrer duran te os próximos cinco anos e prevê-se um investimento de quase 50 mil milhões de dólares, que será alocado ao desenvolvimen to das unidades de produção, traduzindo-se em grandes opor tunidades de emprego e de contratos para as empresas locais. A participação das empresas locais nestas cadeias de va lor está condicionada por três aspectos muito importantes, nomeadamente: acesso ao financiamento, certificação e capa citação. Muito se tem escrito sobre estas últimas duas condicio nantes. No entanto, gostaria de me debruçar sobre a primeira, ao mesmo tempo a mais controversa – o financiamento. Existem quatro modelos de financiamento que podem ser adoptados para aumentar a eficiência e o desempenho das em presas locais na cadeia de valor da indústria: financiamento vanilla, fundo co-financiado entre o Banco e outras entidades, gestão de fundos e, por fim, acelerador de receitas.
A aplicabilidade de cada um destes modelos dependerá de vá rios factores, tais como: disponibilidade para participação num programa de financiamento das pequenas e médias empresas locais por parte das empresas contratantes e os seus respec tivos subcontratados; histórico consistente e experiência das
empresas na sua área específica; e outros factores relevantes. É importante mencionar que existem prós e contras em cada um destes modelos de financiamento e que os mesmos devem ser considerados antes de se fazer a escolha sobre a qual recorrer. 1) O modelo de financiamento vanilla é o mais tradicional, com o banco a suportar o risco de incumprimento, requerendo, normalmente, colaterais que podem ser activos tangíveis ou activos líquidos. Num mercado como Moçambique, onde uma boa parte das empresas locais que participam nestas cadeias de valor estão em fase embrionária ou em crescimento, a disponibilidade de colateral é uma das grandes barreiras à contratação. Alguns bancos locais têm procurado métodos ino vadores para cobrir o risco de incumprimento sem ter que requerer a colateral. Uma das formas de financiar as empre sas locais sem ter que recorrer a colateral é por via de finan ciamento às empresas que fazem parte de uma cadeia de va lor de uma grande empresa com risco de crédito muito bom. Mas é igualmente importante mencionar que, recorrendo a este modelo, o banco tem de procurar novos métodos de pro tecção contra o risco de incumprimento por parte da empre sa beneficiária do financiamento como: desenvolvimento e suporte de negócios; e gestão do ciclo de vida do contrato com a empresa âncora, pós-empréstimo.
2) O co-financiamento entre a banca e outras entidades é um modelo de financiamento um pouco mais complexo compara do com o primeiro, pois implica alguns procedimentos adicio nais tais como: a criação de um fundo para gestão dos montan tes alocados, a criação de regras de gestão do fundo, a criação de um scorecard para a concessão de empréstimos, etc. As entidades que potencialmente compõem o fundo são bancos, empresas corporativas que têm como seus indicadores de de sempenho “apoio financeiro à sua cadeia de valor” ou o objec tivo de participação no financiamento da sua cadeia de valor, organizações não-governamentais e algumas instituições do Estado. A criação do fundo implica, dependendo das entidades a participar: criar uma comissão de gestão do fundo, decidir
Existem quatro modelos de financiamento que podem ser adoptados para aumentar a eficiência e o desempenho das empresas locais na cadeia de valor da indústria: financiamento vanilla, fundo co-financiado entre o Banco e outras entidades, gestão de fundos e por fim, acelerador de receitas
a participação de cada um dos membros na criação do fun do, o portefólio a financiar (no caso de uma empresa âncora, identificação dos seus fornecedores a beneficiar), o nível de imparidade aceitável para o poretfólio e o preço a ser aplica do aos financiamentos. Em muitos casos em que este modelo é adoptado para financiar empresas locais, os bancos é que são responsáveis por gerir a análise de crédito, o desembolso às empresas beneficiárias, a recuperação e a rentabilidade do fundo se aplicável. Este modelo é muito usado em certos paí ses africanos onde existem políticas de preferential procure ment ou conteúdo local, tal como a África do Sul com o modelo de BBBEE (Broad-Based Black Economic Empowerment). Neste modelo, o Governo fomenta a participação de empresas locais, detidas por nacionais oriundos de certas etnias, nos grandes ecossistemas, dando pontos às grandes empresas que concor rem a contratos do Estado, por apoiarem os seus fornecedores dessas etnias. Este modelo pode ser adoptado em Moçambi que com base na definição de conteúdo local que finalmente foi aprovada em decreto-lei.
3) Uma vez que o modelo de co-financiamento implica a exis tência de apetite dos bancos para financiar empresas com um risco elevado, o que nem sempre existe, uma alternativa é o modelo de gestão de fundos de terceiros (empresas, doa dores ou entidades não governamentais) com o objectivo de financiar a cadeia de valor. Usando este modelo, elimina-se a necessidade de financiamento bancário e a banca apenas actua como gestor do fundo, de acordo com as regras estabelecidas pelo comité de gestão do fundo.
4) O acelerador de receitas é essencialmente o adiantamento das mesmas que pode ser feito de duas formas: Reverse Fac toring e Factoring.
No caso do Reverse Factoring, o banco financia os recebíveis de vários fornecedores da empresa contratante. É uma solu ção de financiamento de contas a pagar. Estes programas são estruturados a pedido da empresa contratante que deseja fortalecer o relacionamento com os seus fornecedores estra tégicos, garantindo que eles se beneficiem de financiamento e condições razoáveis de pagamento, mantendo assim o seu Working Capital num nível sólido. No lado contratual, o banco celebra um contrato principal com a empresa contratante en quanto é assinado um endosso com cada fornecedor disposto a fazer parte do programa. Alternativamente, em casos em que as empresas contratantes não estão dispostas a entrar em contratos directamente com o Banco, assumindo que exis te uma obrigação irrevogável e incondicional de pagar no vencimento da factura, considera-se o Factoring directamen te aos fornecedores, adiantando o montante da factura antes do final do prazo de pagamento da empresa contratante.
Em conclusão, existe uma grande necessidade de estimular a economia local e o crescimento das empresas nacionais apoiando-as na participação dos grandes ecossistemas.
A banca pode ter um papel fundamental e existem vá rias formas de financiar a participação das mesmas.
A resposta é: não é assim tão difícil, só temos de diversificar as fontes de financiamento e utilizar a fonte adequada para o momento da vida das empresas.
A EdM avança rumo ao cumprimento da sua mais ambiciosa meta: a de iluminar todo o país até 2030. Mas as dívidas e a insustentabilidade podem comprometer o objectivo. Veremos é se há energia para tudo
se a expansão da rede eléc trica nacional continuar ao ritmo do que se verificado desde os tempos da indepen dência nacional (em 1975 só 3% da população tinha aces so ao passo que hoje, 44 anos depois, esse número está nos 28%), serão ainda precisos mais de 100 anos para asse gurar o acesso universal à energia preconizado pelo último Governo. Esta esti mativa, apresentada em No
vembro do ano passado pe las autoridades do sector da energia, e que, obviamente, toma em consideração a di nâmica do crescimento po pulacional, mostra a dimen são quase épica da luta que é preciso travar para fa zer, em apenas pouco mais de uma década, o que, de acor do com o ritmo actual, só se ria possível de conseguir em... um pouco menos de um século. Para se ter uma ideia da
12Mil Milhões de dólares InvestImento necessárIo para garantIr o acesso unIversal à energIa eléctrIca até 2030
dimensão da tarefa, basta di zer que a necessidade finan ceira para esse objectivo está estimada em 12 mil milhões de dólares (quase 720 mil mi lhões de meticais). A receita da EdM foi de apenas 21 mil milhões de meticais em 2018. No entanto, a EdM acredi ta ser possível, baseando -se no facto de o país ser do tado de uma matriz energé tica diversa, acima do neces sário para satisfazer a pro
cura interna e capaz de for necer soluções de baixo cus to à região. Mas não parece haver ainda uma estrutura suficientemente amadureci da para começar a acreditar nesta grande “aventura”. Basta olhar, entre outros obs táculos, para o facto de, histo ricamente, a Electricidade de Moçambique (EdM, principal entidade à frente do projecto) estar a operar com uma série de dificuldades. A começar pe las tarifas de venda de ener gia que não cobrem os custos de operação (apesar dos au mentos sucessivos da factu ra energética para o consu midor final nos últimos anos), tornando os prejuízos nu ma regra quase inalterável. A empresa paga à Hidroeléc trica de Cahora Bassa (HCB), seu maior fornecedor, 15 cên timos do dólar por Kw/h e vende a cerca de metade ao consumidor final. Que tal este negócio?
de prejuízo em prejuízo No ano passado, por exemplo, o prejuízo da empresa qua se que duplicou (em relação ao que foi reportado em 2017), batendo na casa dos 3 500 mi lhões de meticais. E isso acon tece quando seria de espe rar que se reduzisse, a ava liar pelos agravamentos tari fários que têm vindo a ser fei tos com este propósito (foram quatro os aumentos de preço desde 2016 a esta parte, como se pode ver no quadro ao lado).
Já a dívida com os diferentes fornecedores também tem sido vista com preocupação, estando avaliada em cerca de mil milhões de dólares.
“Iremos lá chegar”, garan te o porta-voz da empresa, Luís Amado, que, embora co nheça e reconheça a grande za dos obstáculos, prefere fo car-se na eficácia dos projec tos em carteira e no quadro das várias medidas de refor ma que a empresa tem vindo a assimilar e vai continuar, nas suas palavras, a levar a cabo na próxima década, sen
do de destacar o (possível) ar ranque, em finais de Novem bro corrente, da construção da linha Chimuara-Nacala, cujos contratos com dois em preiteiros (a espanhola Elec nor e a Larsen & Toubro da Ín dia), foram formalizados em Outubro.
Pela sua dimensão (capaci dade de 400 kW numa exten são de 367 quilómetros), es te projecto vai reforçar sig nificativamente a capacida de de transporte de energia no Centro e Norte do país (re giões importantes para a me ta que se pretende alcançar, visto serem as mais deficitá rias em termos de energia e com maior concentração populacional) e dar respos ta à procura nas zonas eco nómicas de Mocuba, na pro víncia da Zambézia, de Na cala (província de Nampula) e aos grandes projectos em Cabo Delgado.
Com a sua primeira fase a ser concluída dentro de dois anos, a linha Chimuara-Na cala já tem assegurados 200 milhões de dólares financia dos pelo Banco Islâmico de Desenvolvimento (BID), sendo que a EdM está à procura dos 400 milhões complementares. Aqui está um dos grandes problemas, se não o maior. Há muitos projectos em car teira, mas a sua conclusão ainda é incerta por essa ra zão. Basta lembrar os exem plos já bem conhecidos de Mpanda Nkuwa e da Central Norte da HCB.
mil e uma missões em pouco tempo Hoje, a empresa fala em rea lizar uma série de objecti vos “com extrema urgência”. É verdade que conta com o apoio dos parceiros interna cionais, entre os quais o Banco Mundial (BM), o Banco Africa no de Desenvolvimento (BAD) ou o Banco Islâmico de Desen volvimento (BID), que têm in vestido na materialização de inúmeros projectos (com uma matriz diversificada a ser explorada, que inclui a
Na incessante busca pelo equilíbrio financeiro, sustentabilidade e expansão da rede, a EdM intensificou o agravamento de preços nos últimos tempos
Clientes de baixa tensão pagam mais 21%, justificados pela “necessidade de prosseguir com os investimentos de expansão da rede”.
Consumidores domésticos passaram a pagar 6,95 meticais por kW/h, face aos anteriores 5,14 kW/h; mantiveramse os 1,07 meticais para clientes da baixa renda.
EdM anunciou a intenção de adicionar uma taxa à actual tarifa de Credelec, para apoiar a electrificação das regiões ainda sem cobertura.
Consumidores de baixa tensão passaram a pagar mais um metical por kW/h, e os de média tensão 1,42 meticais. Consumo abaixo de 100 kW/h/mês) não alterou.
Consumidores de média tensão passaram para 549,42 meticais por kW/h, os de alta tensão passaram a pagar 346,31 meticais por kW/h.
transformação do gás, car vão, energia eólica, hídrica e solar).
“Existe grande confiança de que a breve trecho os pro jectos irão merecer a aten ção dos financiadores, já que contamos com a ajuda de par ceiros internacionais para o efeito”, refere Luís Amado, que explica que “a mobiliza ção de fundos já está a acon tecer e promete óptimas res postas nos próximos meses e anos”.
Depois, sobrepõe-se a necessi dade de reduzir perdas signi ficativas registadas pela em presa com as vandalizações, roubo de materiais e ligações clandestinas, que estão entre as tarefas mais difíceis.
No processo, a EdM joga um papel transversal, devendo encabeçar cinco acções con sideradas fundamentais pa ra o sucesso, nomeadamen te aumentar a produção de energia, a eficiência e melho rar o profissionalismo, ope rar com tarifas que reflictam o custo de fornecimento, pro mover o desenvolvimento de infra-estruturas e definir o seu próprio papel no acesso universal.
Cada um destes pontos con tém um conjunto de questões específicas, que fazem pre ver grandes dificuldades em conseguir o objectivo no pra zo proposto.
ataque à corrupção e más práticas de gestão
Há relatos de fenómenos con siderados determinantes na insustentabilidade em que a EdM está mergulhada, nem todos assumidos pela empre sa, mas que inspiraram a rea lização de reformas previstas nos seus vários planos para o futuro, e que se resumem em tornar a empresa facilmen te auditável ao mesmo tempo que se intensificam as audito rias externas.
Em Agosto de 2017, a impren sa publicou artigos revela dores de que cada membro do conselho de administra
Há largos anos que a EdM opera na insustentabilidade, mas nos últimos dois o prejuízo quase duplicou
A EdM tem aumentado as tarifas “harmonizando-as com o que é praticado na região”. As estatísticas da Associação de Empresas de Electricidade da África Austral (SAPP) mostram que até 2017 a empresa aplicava tarifa mediana. Agora regista-se a tendência de seguir o exemplo dos mais caros
Em cêntimos do dólar por kW/h
nampowrer (namíbia)
tanesco (tanzânia)
sec (eswatini)
zesa (zimbabwe)
escom (malawi)
lec (lesotho)
edm (moçambique)
bcp (botwana)v eskom (áfrica do sul)
zesco (zâmbia) snel (rd congo) rnt (angola)
ção aufere até 1,2 milhão de meticais por mês. Os números foram reve lados no Relatório e Contas de 2016, que dava a conhe cer que, agregados, os sa lários dos administradores chegaram a quase 101,2 mi lhões de meticais, mais 51,1 milhões relativos a pensões, enquanto que no ano ante rior (2015), essas mesmas re munerações tinham totali zado 62,7 milhões de meti cais, com as pensões na casa dos 31,5 milhões de meticais. Um aumento de cerca de 60%, agravado pelo facto de ter acontecido num ano em que o Governo tinha aprovado au mentos salariais de 13% para o sector de energia...
Três meses após a polémica, a empresa estatal veio a pú blico esclarecer que “o valor real em dólares é o mesmo que os administradores rece bem desde 2009”, garantindo que o que mudou terá sido, de acordo com a EdM, “o contra -valor devido à depreciação cambial do metical”.
Além disso, são contabilizados, na rubrica de remunerações da administração, também os “nove membros do conselho de administração anterior”. Na altura, fez-se saber que a EdM paga cerca de 70% dos salários em dólares “en quanto forma de estimular os trabalhadores”, esclare ceu, à época, um responsável não identificado da empresa.
Mil é o número de lIgações anuaIs que terão de ser feItas para o acesso unIversal à energIa, de acordo com os objectIvos do desenvolvImento sustentável
600funcionários “fantasma” Em 2017, graças às reformas que se realizaram em busca de melhor desempenho ope racional e financeiro, a EdM descobriu mais de 300 “traba lhadores-fantasma” que rece biam salários e outros bene fícios (em montantes não es pecificados) além do excesso de chefias na instituição, de acordo com Mateus Magala, antigo PCA.
Na altura, de um total de 3 mil funcionários, 700 ocupavam cargos de chefia, um rácio de um chefe para cada qua tro funcionários do quadro. A esse respeito, em 2017, rea lizou-se uma revisão estru tural que reduziu as chefias para 250. “Isto melhorou de
Apesar de crescerem, as receitas internas não têm sido capazes de evitar a insustentabilidade. Já as de exportação caíram de 2017 para 2018.
forma muito visível o con trolo das contas da empresa mas, apesar de todo esse es forço, continuamos a acredi tar que ainda há um espaço amplo para mais reformas”, afirma Luís Amado, prome tendo a tomada de medidas adicionais para melhorar a gestão da empresa.
Estas incluem, por exemplo, o facto de o recrutamento de talentos para ocuparem lu gares de chefia passar a ser por via de concursos públicos internos e externos.
sobrefacturação de equipamentos No ano passado, Mateus Ma gala denunciou possíveis es quemas de corrupção na compra de contadores de
electricidade. Magala reve lou que os contadores que eram comprados a 120 dó lares custavam, na reali dade, perto de 30 dólares. Ou seja, 90 dólares estariam a ser desviados.
Ao mesmo tempo, levantou a possibilidade dessa verba ser perdida no processo de pro curement que era usado pela EdM na altura, por isso equa cionou introduzir novas re gras no processo de compra de material.
Já em Janeiro deste ano, pou cos meses depois de Ma teus Magala se afastar da presidência da empresa, a EdM acabou por vir a pú blico prestar esclarecimen tos, anunciando que a de
“A EDM deve determinar como subsidiar tarifas de forma sustentável e, ao mesmo tempo, produzir lucros suficientes para financiar novos projectos… e verificar até que ponto pode actuar como agência de desenvolvimento ou como entidade comercial”
núncia não terá passa do de um mero “equívoco”. Luís Amado explicou, na al tura, que “desde que a em presa está a comprar conta dores de Credelec, o conta dor monofásico sempre cus tou entre 55 e 60 dólares”, e que “o contador que custa 120 dólares é o trifásico”, pelo que “nunca houve qualquer valor desviado”.
À E&M, o porta-voz reiterou a sua posição argumentan do que, “por não ter ocorrido qualquer irregularidade, não há qualquer alteração no sis tema de procurement”.
a economia nacional caiu quatro po sições, para a 137ª posição, no ranking de competitividade global (GCI, em inglês) de 2019. Longe, bem longe do primeiro lugar ocupado por Singapura, a economia mais competitiva do mundo, e demasiado perto do Chade, a pior. Abaixo de Moçam bique são apenas quatro as economias menos competitivas, ao nível global, de todas as analisadas pelo World Economic Forum (WEF), nesta edição de 2019.
Com 38,1 pontos, o país caiu, então, qua tro posições relativamente ao ranking an terior em que ocupava a posição 133.
Ao nível das economias da África subsaa riana, as Ilhas Maurícias lideram com 64,3 pontos (posição 52 no ranking mundial), sendo que nos países da CPLP, Portugal é o mais bem classificado com 70,4 pon tos (34ª posição), seguido do Brasil (71ª posição) com 60,9 pontos. Também aqui, Moçambique é o menos competitivo.
Moçambique não tem evoluído na maioria dos 12 itens em análise. Ainda assim, o ‘sistema financeiro’ é o mais bem pontuado, mostrando uma boa evolução
É um índice internacional que avalia a competitividade de 141 economias de acordo com o desempenho dos mercados de forma muito detalhada.
O Global Competitiveness Report (GCR), relatório publicado anualmente
pelo Fórum Económico Mundial desde 1979, conta actualmente com 12 pilares divididos em quatro blocos e um total de 98 indicadores, derivados de uma combinação de parâmetros concretos e resultantes de uma pesquisa executiva
MoçaMbique na cauda do Mundo Singapura é a economia mais competitiva do mundo, Chade é a pior, e Moçambique é apenas o 137º de um total de 141 países analisados pelo Fórum Económico Mundial. O país caiu quatro posições e registou menos 1,7 pontos face à última análise, de 2017 Em milhões de acções | Em unidades
feita pelo Fórum Económico Mundial. O estudo reflecte, de forma cuidada, os dados económicos de 2018, mas inclui, ainda assim, um conjunto de pesquisas das expectativas realizadas já nos primeiros três meses deste ano.
as tensões comerciais entre a china e os EUA abriram o debate sobre o futuro do regime comercial global. Será o cho que actual um evento único, passível de se resolver mediante um acordo comercial? Ou estaremos nós a presenciar o início da fragmentação da arquitectura do comércio mundial? Há quem acredite que as economias da China e dos EUA estão de tal modo interligadas — e a interdependência das suas ca deias de valor é de tal modo arreigada — que uma ruptura es trutural entre as duas seria simplesmente demasiado onerosa. Esse custo, por si só, deveria bastar como argumento para evi tar um conflito sustentado entre as duas economias mais fortes. Debrucemo-nos sobre os números que captam a ascensão da China e a sua rápida convergência com os EUA. De 1992 a 2017, o PIB da China disparou de 400 mil milhões de dólares para mais de 12,2 biliões. Isto significa que, em termos nominais, ronda os 64% do PIB dos EUA, que se situa nos 19,3 biliões de dólares. Trata -se de uma situação extraordinária, uma vez que, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os EUA não enfrentavam um rival geopolítico com um PIB superior a 40% do seu. Nem o Japão, nem a União Soviética se aproximaram. A despesa militar chinesa, por outro lado, aproxima-se rapida mente dos 200 mil milhões de dólares, com o orçamento oficial deste ano só ligeiramente abaixo desse número, posicionando a despesa total da defesa chinesa para níveis equivalentes aos de todos os países da UE juntos. Assim sendo, os valores económicos e militares agregados, por si só, parecem ser suficientes para suscitar um certo temor em Washington sobre a capacidade dos EUA para reter a hegemonia global. Não obstante, determinadas tendências tecnológicas, muito em particular, poderiam agravar ainda mais estas dinâmicas. De facto, o impacto da tecnologia na dinâmica do mercado contribuirá para a colisão sino-americana. Na frente económica, observamos três desenvolvimentos que dificultarão possíveis acordos comerciais e de cooperação eco nómica, entre os EUA e a China. Em primeiro lugar, a crescente disputa pelo talento. Temos bons exemplos, como Silicon Valley ou Shenzhen. A disputa pelo talento global só tende a acentuar -se nas próximas décadas e China e EUA irão, inevitavelmente, colidir. Em segundo lugar, os mercados digitais favorecem a es cala e as empresas capazes de recolher e tratar dados de forma efectiva. Isto torna-se bastante evidente na concentração do mer cado em determinadas indústrias e no acréscimo sustentado da
produtividade de certas empresas. Com efeito, o sector empresa rial está a dividir-se em dois grupos: um formado pelas empresas capazes de aumentar a produtividade através da tecnologia e outro pelas empresas que não o fazem. A OCDE denomina o pri meiro grupo de «empresas fronteiriças», com uma estimativa de crescimento médio da produtividade de 30% na última década. O restante sector empresarial, que representa cerca de 95% de todas as empresas, não experimentou semelhante crescimento da produtividade durante o mesmo período. Estes dados represen tam um força oligopolista — se não completamente monopolista — nos mercados digitais. Esta tendência gera, cada vez mais, mercados de vencedores e, portanto, de grandes vencedores e grandes vencidos, em toda a economia. A China e os EUA são as duas únicas economias que, até à data, parecem capazes de produzir vencedores nesse mercado digital. Longe de fo mentar a colaboração, este mercado incentiva uma competi ção feroz pelo domínio do mercado digital. As duas tendências anteriores são agudizadas por uma terceira: a concentração da transferência tecnológica e o espírito empresarial em de terminadas zonas do mundo. A China e os EUA dominam o pa norama das novas empresas no mundo inteiro. A maioria dos unicórnios concentra-se, efectivamente, nestes dois países. Tendo, forçosamente, de se juntar às empresas classificadas como «fronteira», estas serão as mais produtivas e competitivas. Todos estes fatores prenunciam um mundo G2 com duas grandes potên cias a disputar o domínio em mercados altamente competitivos. Permita-me agora tentar responder à pergunta com que enceto este artigo: serão as tensões comerciais entre a China e os EUA um fenómeno passageiro ou a manifestação de algo mais estrutural? Dado o crescimento económico da China e as características par ticulares dos mercados digitais diria que, de facto, estamos a en trar numa nova etapa da política global, que será dominada por tensões entre os EUA, os seus aliados e a China, e que não poderão deixar de afectar tanto o comércio mundial como outras áreas de cooperação internacional. Um dos focos de tensão será, muito em particular, o das empresas tecnológicas — o que faz com que o caso da Huawei não seja uma aberração e sim um prenúncio do que está por vir. O risco final será o surgimento de duas ilhas de dados, uma na China e outra nos EUA — e, possivelmente, na Europa. Estes dois grandes mercados não seriam permeáveis e desenvolveriam os seus próprios campeões.
A governança noutras áreas também se tornaria mais complicada. Instituições como a ONU ou a OMC transformar-se-iam em plataformas para a colisão de interesses entre China e os EUA
Nos últimos anos começaram a surgir casas de apostas que aparecem como cogumelos, nas zonas de maior concentração de pessoas da cidade de Maputo e arredores. Da Baixa ao Zímpeto, anunciam-se prémios chorudos e os moçambicanos tentam a sua sorte. Para azar das suas carteiras, nem sempre ganham, alimentando uma indústria que está, de facto, a crescer. E não é só em Moçambique. A E&M olha este novo mercado
de uma loja de rua em manchester, bem perto de um pub, aos trabalhadores de escritório de Lagos, na Nigéria, des cendo até à Baixa da cidade de Maputo, as mesmas apostas desportivas oferecem o mesmo destino aos apostadores: uma oportunidade de riqueza instantânea. Claro que o destino não é mais do que uma promessa e é preciso chegar à frente com o dinheiro e fazer um depósi to na sorte. E tudo depende do resultado. Mas não são apenas as apostas no fute bol que estão a crescer por toda a África. Casinos, lotarias e jogos pela Internet estão a crescer exponencialmente, ala vancados pelo crescimento económico de uma classe média tenuamente emer gente que procura entretenimento. Uma pesquisa de 2017 da GeoPoll consta tava que 54% dos jovens em seis países da África Subsaariana (Nigéria, África do Sul, Gana, Tanzânia, Uganda e Quénia) já tinham jogado. O Quénia era o merca do com maior número de jogadores, com 76%, seguido pelo Uganda com 57%. Os quenianos entrevistados assumiram que o fazem, em média, uma vez por semana,
É a receita mensal estimada de todas as 15 empresas que se dedicam a jogos de sorte e azar em moçambique. cerca de 65% do mercado É ainda dominado pelo retalho, sendo que os jogos online têm vindo a crescer
principalmente no futebol, gastando cer ca de 50 dólares por mês. Percebendo o modelo de negócio da maioria destas no vas agências de jogos, entende-se que África é o continente ideal para o seu crescimento. Já lá vamos.
Moçambique dá sorte. dá? Desde 2009, o país tem um verdadei ro quadro legal regulatório daquilo a que se convencionou chamar de jogos de fortuna e azar. Nessa reforma legis lativa, com o objectivo fundamental de revisão de uma lei de 1994, a ideia era tornar o sector mais atractivo para os investidores, através da adopção de medidas susceptíveis de reforçar o fo mento de empreendimentos promotores de desenvolvimento económico e social. Pensava-se nos casinos, mas estavam já previstos os jogos online que começavam a ganhar terreno por todo o mundo, esti pulando-se regras claras para legalizar o mercado e facilitar a entrada de novos operadores. Na prática, em Moçambique, todas as entidades que queiram actuar neste mercado devem solicitar uma li
Classe média emergente, peso das comunicações móveis e facilidade nos pagamentos estão a alimentar um mercado com apetite voraz
O sector das telecomunicações e o fornecimento de produtos e serviços móveis acessíveis permitiram o crescimento da indústria. E a maioria das empresas de telecomunicações está, também ela, envolvida no sector de jogos, seja através de pagamentos, marketing, soluções USSD ou, até mesmo, parcerias directas de jogos, como a Safaricom, a MTN e a Airtel.
O sector bancário alavancou o crescimento de produtos e soluções móveis. Depois, a Visa (reina na África Oriental) e a Mastercard (lidera na parte Ocidental) cresceram e ganharam milhões de clientes, facilitando os pagamentos. E os bancos também começaram a criar aplicativos e carteiras para transacções de pagamentos transfronteiriços.
Beneficiou do crescimento da social media em África. Com empresas como a Konga, Jumia, Iroko, Hellofoods, flowers.za e até lojas tradicionais como a Longarina ou o Pick and Pay trouxeram novas soluções ao mercado. E todas a apontar para a massificação dos dispositivos móveis.
Cresceram com a introdução de uma estratégia móvel em todo o continente.
Aqui, entram as Fintech que têm desenvolvido novas formas adaptadas à realidade africana para facilitar as transacções em dinheiro.
Os comerciantes africanos e várias empresas confiam cada vez mais nos agregadores e em novas soluções de pagamento móvel para alcançar um mercado de escala.
cença de jogo à Inspeção Geral de Jogos. E foi o que se fez. Hoje serão 15 os ope radores do mercado. Quatro casinos (Pemba, Nacala, e dois em Maputo), e 11 empresas que disponibilizam jogos mais convencionais (lotarias, totoloto, toto bola e joker), e plataformas de apostas desportivas (futebol, basquetebol, ténis, futsal) e lotarias virtuais.
Alguns deles, e são esses que lideram o mercado, fazem-no através de lojas físi cas onde os apostadores se podem dirigir e depositar as suas apostas, acompa nhando os eventos desportivos ou outros ali mesmo. É o caso da Premier Loto que terá, hoje, a maior fatia deste mercado de retalho, o mais procurado, dizem-nos, por questões relacionadas com alguma
desconfiança que ainda existe relativa mente aos sites de internet locais, aos pagamentos dos prémios e segurança de dados. Depois, porque grande par te dos apostadores nacionais ainda o fazem em numerário, até porque a uti lização de cartões de crédito, que muitos dos sites de apostas requerem para car regamento dos plafonds, ainda não estão generalizados pela população.
Assim, se antes eram os casinos que mais lucravam, alavancados, primeiro, pelo turismo de negócios do início da década e depois pela migração oriental (prove niente da China) da segunda metade da década, esse cenário mudou. É por isso que, o já antigo Casino Polana, decidiu en trar também no mundo virtual, abrindo
um casino virtual, uma tendência segui da em outros mercados também. Olhando ao quadro geral, Moçambique tem agora uma das leis de jogo mais liberais do continente, depois de a legis lação ter aberto o mercado, colocando os casinos em maus lençóis, e enfrentan do a concorrência do admirável mundo novo dos jogos.
De acordo com Anuário Khan, da Trevo da Sorte, os jogos de apostas online são, ainda assim, um mercado em evolução: “é mais fácil para as casas de jogos on line expandir os seus serviços, porque a partir de agora uma pessoa com um simples smartphone pode fazer uma aposta para qualquer tipo de desporto”. De resto, também para os cofres do Es
57milhões de meticais o valor pago, atÉ 19 de outubro, pela sojogo em prÉmios em todos os seus jogos (lotaria, totobola, totoloto e joker
tado, este crescimento do jogo tem sido benéfico. De acordo com dados forneci dos pela AT à E&M, actualmente está em vigor um imposto especial de 35% so bre as receitas brutas do jogo e, em 2018, essa receita chegou aos 643 milhões de meticais.
Buscar a sorte em tempos de azar O grande boom do mercado aconteceu a partir de 2016, quando verdadeiramente começaram a existir sites moçambi canos de apostas deportivas online a operar no mercado nacional, sendo que, até essa altura, a única opção era apos tar nos sites de apostas estrangeiros. E numa altura de recessão económica o que, muitas vezes, não é despiciendo do crescimento do número de jogadores em busca da sorte, em tempos de azar. Não faltam, de resto, exemplos concretos dessa constatação. Em Portugal, durante a crise económica de 2012, registou-se um pico de crescimento das receitas das ras padinhas (um jogo de resultado imediato) de 81,7%, atingindo um valor astronómi co de 376,5 milhões de euros em receitas. Moçambique é, no entanto, apenas um exemplo (ainda tímido) do crescimento deste mercado que, no mundo, atingiu, no final do ano passado, um valor de 449,3 mil milhões de dólares, com taxas de crescimento anual de 4,1% desde 2014. Espera-se que chegue aos 565,4 mil mi lhões de dólares até 2022, diz um estudo recente da consultora KPMG sobre o jo go em África. E é no continente africano que os números, ainda que menos ex pressivos, demonstram a dimensão da oportunidade para quem quer entrar negócio do jogo.
O tamanho combinado da indústria de jogos de azar no Quénia, Nigéria e Áfri ca do Sul, os mercados que lideram ao nível do número de jogadores e volu me de negócio, ultrapassava, no final do ano passado, os 37 mil milhões, em 2018. Sensivelmente três vezes o PIB de Moçambique.
Por cá, e de acordo com o que apurámos junto de alguns operadores devidamen te certificados, esse valor anda na casa dos 1,7 milhões de dólares por mês, per fazendo 20,4 milhões por ano, de forma agregada. Desse volume, 65% do merca do está na área do retalho, sendo que o restante será online. Uma fatia que, ga rantem-nos, tenderá a crescer. E muito.
Porque aumenta a procura Para além dos motivos conjunturais (baixa económica e aumento generali
zado dos preços), os ingredientes deste crescimento, e isso não é exclusivo de Moçambique, são a urbanização rápida que propicia grandes aglomerados po pulacionais, o crescimento da utilização do telemóvel, o aumento do uso da social media por onde a publicidade a este ti po de jogos muitas vezes é disseminada e, como pano de fundo, a melhoria dos sistemas de pagamentos (via USSD e car teiras móveis).
No mundo, o segmento das lotarias ainda é o maior do mercado de jogos de azar, com 46,1%, e movimentando 207,3 mil mi lhões de dólares. No entanto, as apostas online ganham cada vez mais espaço no mercado, num segmento que cresce na casa dos 6,9% ao ano.
Olhando ao mapa-mundo dos jogos, a zona Ásia-Pacífico é, sem surpresa, a do minadora do mercado de jogos de azar, respondendo por 32,7% do mercado glo bal em 2018. Segue-se a América do Norte e Europa Ocidental. Mas espera -se que África venha a ser a região que mais crescerá, na casa dos 7,7% ao ano.
a resposta dos governos
Em África, a penetração das apostas em desportos já se disseminou por 35 dos 54 países africanos, num mercado cujo maior volume de facturação é alavanca do pelos grandes mercados da Nigéria, Maurícias, Gana, Quénia, Uganda, Sene gal, Botsuana, Tanzânia, Costa do Marfim e África do Sul
Fruto desta “explosão”, alguns governos africanos começaram a encarar esta, como uma importante fonte de receita, mas, alguns deles, foram ‘obrigados’ a ponderar o reverso da moeda, e os pro blemas sociais que daí advêm.
Em Fevereiro, o Uganda tomou a acção, determinando que não fossem emitidas novas licenças para empresas de apostas desportivas e outros jogos de sorte e azar. Além disso, as licenças existentes não se rão renovadas quando expirarem. Tudo porque a indústria cresceu dema siado no país, o que criou preocupações sérias com os vários problemas de de pendência detectados, principalmente entre a população jovem. Yoweri Mu
seveni, Presidente do Uganda, assume mesmo que o jogo desportivo on-line está “a desviar a atenção dos jovens do tra balho duro”. E não é a primeira vez que o país toma medidas para conter o jogo. Há dois anos, o Conselho Regulador Na cional de Lotarias e Jogos do Uganda introduziu um imposto de receita de 35% nas actividades de jogos de azar. Agora, endureceu a posição. Assim co mo vários outros países da região. Por exemplo, o Quénia, o terceiro maior mercado de jogos de azar na África, de pois da Nigéria e da África do Sul (não é alheio a este posicionamento o facto de serem os três mercados africanos com maiores taxas de penetração de servi ços móveis), anunciou, em Maio passado, a preparação de uma legislação especí fica para ‘domar’ o crescente vício e a expansão desenfreada desta indústria multibilionária.
Por enquanto, a publicidade de jogos de azar em todas as plataformas de so cial media foi proibida, assim como os anúncios entre as 6h e as 22h na
televisão, uma medida destinada a pro teger os consumidores dos efeitos do jogo: “Queremos lembrar de que o jogo é um bem de demérito que tem o poten cial de prejudicar o consumidor, com a possibilidade de levar ao vício e a algum distúrbio”, disse, então, o director da co missão regulatória do jogo no Quénia, Liti Wambua.
O governo queniano já havia introduzi do, também, um imposto de 35% sobre as operadoras de jogos de apostas no início do ano passado. Mas essa medida seria posteriormente reduzida para 15% após um esforço de lobby da indústria de jo gos de azar. Tiveram sorte, neste caso. Presentemente, é difícil de medir o ver dadeiro impacto do jogo nos países do continente, porque o mercado conti nua a ser pouco estudado, até por ser alvo de um crescimento exponencial demasiado recente.
Além disso, há um poderoso lobby de defesa da indústria. E a política de jogo afecta o emprego, os negócios, o turismo, o entretenimento, a prestação de servi ços sociais, património cultural e religião. A este respeito, é interessante notar que
quase todos os países de maioria mu çulmana proíbem o jogo por motivos religiosos. Com excepção dos casinos, paí ses como os Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Jordânia, Líbano, Brunei, Somália, Sudão, Egipto, Indonésia, Qatar e Líbano têm uma proibição oficial sobre o jogo. E as proibições de jogos de azar são mo tivadas por preocupações relacionadas com lavagem de dinheiro, vício em jogos e, no caso de apostas desportivas, ques tões relacionadas com a integridade do próprio desporto.
E a verdade é que as apostas despor tivas têm estado, nos últimos anos, no centro de uma série de casos relacio nados com actividades ilegais, como manipulação de resultados de grandes ligas europeias.
Do outro lado, e para além das casas de apostas, estão outros defensores do jogo online, como a American Gaming Asso ciation, a Professional Golfers Association e a National Basketball Association, que argumentam que a proibição de apostas reduz a receita necessária ao cresci mento económico dos seus negócios. Um segundo argumento avançado contra
a proibição é que esta simplesmente em purrará o jogo para a marginalidade, o que contribuiria para um aumento geral da criminalidade, incidentes de manipulação de resultados e perda sig nificativa de receitas dos governos.
“Os níveis de corrupção destas socieda des tendem a criar um cenário em que há um benefício percebido no dinhei ro rápido e fácil. A forte publicidade dos fornecedores mostra milionários instantâneos. E esta é uma proposta incri velmente atraente para quem precisa de esperança por causa do alto desem prego“, diz Victor Owuor, pesquisador associado da OEF Research. “O meu pro blema com estes jogos é que eles podem transformar-se em algo inimaginável, e a sua disseminação em cada esquina é claramente o maior perigo” diz. O que nos leva a pensar que há ain da muito jogo pela frente, para que se chegue ao resultado final. Qual será? Vai uma aposta?
alcinda santiago Directora-geral da Sojogo
a sojogo existe em moçambique desde 2004, uma épo ca em que o mercado dos jogos de sorte e azar era substan cialmente diferente do que é hoje, em que essencialmente é dominado pelas apostas e os novos jogos online.
A esse respeito, o facto de ser uma associação sem fins lu crativos inspirada no modelo da Santa Casa da Misericór dia de Lisboa, em que parte das receitas da lotaria, toto bola, totoloto e joker são apli cadas, para além do paga mento dos prémios, em fins de cariz social, faz da Sojogo um caso diferente no panora ma nacional.
Numa altura de mudanças de paradigma neste segmen to, não só em Moçambique co mo por todo o continente afri cano, Alcinda Santiago expli ca à E&M os próximos passos da Sojogo para competir com os novos players digitais do mundo dos jogos e poder cum prir, na plenitude, a sua mis são de contribuir para pro jectos sociais.
Como é que a Sojogo tem es tado a evoluir, 15 anos após ter entrado no mercado? A Sojogo começou em 2004, a pedido da ELAM (Empresa de
Lotarias e Apostas Mútuas de Moçambique) para a Santa Casa da Misericórdia de Lis boa (cujo departamento de jo gos tem por objectivo assegu rar a exploração dos jogos so ciais do Estado português em regime de exclusividade), en trar nesta associação sem fins lucrativos. A Santa Casa entrou com o material e com o know-how.
Entre 2004 e 2015 a opera ção, pelo menos do ponto de vista exterior, parecia não ter grande expressão no mercado. O que mudou desde então?
Continuámos a vender quatro jogos: lotaria, totobola, totoloto e joker (acoplado ao totoloto ou ao totobola). Mas, em 2016, verificámos que a empresa precisava realmente de um refresh, porque o mundo es tava a mudar, especialmente com as apostas. Chegámos à conclusão que a Sojogo estava desactualizada nos canais de distribuição e havia alguns constrangimentos logísticos. A mudança começou quan do percebemos que aqui em Moçambique uma grande aceitação do uSSd, das car teiras móveis, e começámos a estudar a hipótese de pôr os
QuANdo NoS dEfiNiMoS ENQuANto ASSoCiAção SEM fiNS LuCrAtivoS EStipuLáMoS
QuE uMA pArtE dE todA A rECEitA ENtrA pArA préMioS, ENQuANto QuE o rEStANtE é dEStiNAdo A fiNANCiAr A opErAção E A diStribuir oS LuCroS pELoS projECtoS E ASSoCiAçõES dE SoLidAriEdAdE SoCiAL doS NoSSoS pArCEiroS
nossos jogos nessa plataforma utilizando as capacidades da carteira móvel do bCi tínha mos de nos preparar para toda esta mudança que já se sabia que aí vinha e que ago ra verificamos pelo ritmo da abertura de casas de jogo, em que até os sites começaram a crescer no mercado.
Há uma diferença dos jogos sociais da Sojogo e os de mais. Em que medida? Quando nos definimos en quanto associação sem fins lucrativos nas apostas múl tiplas — totobola, totoloto e joker — estipulámos que uma parte de toda a receita, nes te caso 50% da semanal des se jogo especificamente, en tra para prémios, enquanto que restante é destinado a financiar a operação e a dis tribuir os lucros pelos projec tos e associações de solidarie dade social dos nossos parcei ros. A distribuição de resul tados é feita directamente às 13 associações definidas nos estaturos (fundação Lurdes Mutola, fundação de despor to e Acção Social entre outras) e aos seus projectos sociais. Ainda não conseguimos atin gir este objectivo mas espe ramos que venha a acon tecer brevemente, quando os resultados desta mudan ça operacional estiverem consumados.
A confiança por parte do mercado é fundamental. Imagino que os custos em segurança sejam elevados, é assim?
Sem dúvida. A extracção se manal da lotaria que é trans mitida pela tvM, por exem plo, obriga-nos a um júri que
tem sempre alguém da ins pecção-geral de jogos aqui mesmo nas instalações que inaugurámos. o sorteio não avança enquanto todos os bo letins não estão digitalizados e devidamente arquivados e guardados no servidor. E há muitas outras regras de se gurança, acompanhadas de uma avaliação constante dos procedimentos. A Santa Casa vende jogos há mais de 200 anos e sempre foi assim.
Apesar de tudo, os prémios têm uma dimensão consi derável para a realidade nacional...
Sim, mas há um potencial de crescimento ainda gran de em Moçambique. E, devo dizer, a operação já foi bem maior, já tivemos muito mais apostadores do que aque les que temos hoje. A lota ria é um jogo bancado, ou se ja, quando imprimimos os bi lhetes com cinco fracções, (co mo exemplo, se forem 50 mil bilhetes, falamos de 250 mil fracções), sabemos que cada bilhete se habilita a um pré mio total de dois milhões, dois milhões e meio, ou quatro mi lhões de meticais. A lotaria é um jogo diferente que mui tas vezes dá prejuízo a quem o promove até. posso dizer -lhe que, só este ano, a Sojo go já pagou oito primeiros prémios perfazendo um va lor agregado de 17 milhões de meticais. E, no total, em todos os seus jogos (Lotaria, totobo la, totoloto e joker), esse valor ultrapassa já os 57 milhões de meticais.
Como dizia, o mercado mu dou. Como é que se posicio nam face a essa mudança, até dos hábitos de jogo dos moçambicanos? desde 2017 que a operação sofreu um pouco com essa mudança, mas sobretudo pela concorrência. A legal, que é salutar para o mercado, mas também da desleal, que exis te. Nós temos aqui a noção que, possivelmente, ainda não está
tudo regulamentado e que há muitos sites que só estão aqui em território moçambicano, mas nem pagam cá impostos, pelo que se sabe. Mas acre ditamos que o regulador irá continuar a fazer um traba lho de acompanhamento do mercado. Estamos em contac to com o regulador no sentido de dar o nosso know-how, e sempre disponíveis a ajudar. o que pretendemos é sim plesmente reposicionarmo -nos no mercado para poder distribuir os recursos para o fim social que está na base da identidade da Sojogo aqui em Moçambique.
Face a essa concorrência, a Sojogo pondera mudar o
foco do negócio e adaptá-lo a essas novas tendências, por exemplo, das apostas desportivas e dos novos jo gos online? para já, não. temos neste mo mento 45 agentes espalha dos por todo o Moçambique. o que pretendemos é diver sificar e ampliar a forma co mo as apostas são colocadas, fazê-lo de forma digital, cor tando nos custos e na comple xidade operacional que en volve o envio de milhares de boletins semanalmente para Maputo. Avançando com to do o processo de jogar no to toloto ou outro jogo, de forma digital, mais prática e cómo da para o apostador de qual quer região do país, e com o
capital de confiança que os apostadores foram adquirin do na Sojogo, irá, por si só, fa zer uma grande diferença no nosso volume de apostas se manais e na receita operacio nal da Associação.
Como é que se controlam os valores dos impostos sendo que, na maioria destes jo gos, não há facturas? bem... eu sei como nós faze mos, e é tudo claro, há bole tins, e está tudo contabilizado. Como os outros fazem, não sei. repare: quando os concur sos fecham, toda a informa ção é gravada num Cd que é selado, e posto num cofre. é dada uma cópia também se lada ao inspector dos jogos.
“o QuE prEtENdEMoS é SiMpLESMENtE rEpoSiCioNArMoNoS No MErCAdo pArA podEr diStribuir oS rECurSoS pArA o fiM SoCiAL QuE EStá NA bASE dA idENtidAdE dA Sojogo AQui EM MoçAMbiQuE”
No dia seguinte, quando se faz o sorteio, efectua-se de pois a validação do prémio. Como lhe dizia, é tudo digita lizado, desde as matrizes a to da a informação do jogo. por tanto, nós temos uma dinâmi ca muito rígida em termos de segurança e de credibilida de. A todos os níveis. depois, a nossa receita, está no nosso si te. Quando se vai consultar os resultados de cada um dos jo gos, está lá informação toda, desde a receita de cada jogo até aos valores de cada pré mio atribuído.
Qual é o futuro imediato da Sojogo?
A mudança efectuada em 2016 foi feita para pôr as contas em dia, fazer a reestrutura ção financeira, instituir audi torias anuais (Ernest&Young). depois, a segunda fase foi ar ranjar dois novos canais de
distribuição (o uSSd e o site), e uma plataforma de jogo que gerisse essa parte. Hoje em dia, conseguimos pagar di rectamente os valores abai xo dos 25 mil meticais no dia seguinte através da carteira móvel do BCI. Por fim, a tercei ra fase é essa modernização e transição para o digital de to da a operação, ao nível nacio nal, de que falava.
Qual é o jogo que tem mais impacto e por que canais recebe o maior número de apostas?
A lotaria é o que tem mais pe so, até porque, nesta altura, o digital não tem ainda o im pacto que esperávamos.
Como é que uma lotaria se manal concorre com os no vos jogos, mais imediatos e dinâmicos?
Neste tipo de jogos há, como é lógico, uma dinâmica dife rente. falamos de algo sema nal, não diário e os apostado res querem ganhar rápido, também sabemos. por isso é que temos de ser dinâmicos, e criar novos jogos e formas de interagir com as pessoas. Esta mos a preparar dois jogos pa ra o ano, com base numa no va dinâmica na nossa força de vendas. A lotaria e o totobo la são jogos com apostadores muito fiéis, porque são jogos específicos. Verificámos isso quando o totobola não estava a sair e acumulou um jackpot de cerca de quatro milhões de meticais. Houve, de imediato, vendas brutais porque para além das pessoas que já apos tavam regularmente o valor do prémio atraiu um grande número de novos apostadores. Em portugal, a Santa Casa tem sorteios todos os dias e cria es sa dinâmica. Aqui, isso só acon tece aos Sábados. Há ainda muito para crescer mas sabe mos o que pretendemos fazer, de forma muito clara.
texto Pedro Cativelos fotografia Jay GarridoCom a descoberta de abundantes recursos naturais, a esperança do desenvolvimento vai renascendo em várias províncias do país. Montepuez não é diferente, mas falta quase tudo para lá chegar
num país como moçambique e não só, (é justo dizer), acontece amiúde, uma coincidência entre a abundância de re cursos naturais e níveis assustado res de pobreza. O distrito de Monte puez, sobretudo a localidade de Nama nhumbir, não foge a essa regra. Ape sar de ser um lugar rico em recursos naturais (rubis, mármore e grafite), so bretudo pedras preciosas, é no entan to uma terra pobre ao nível do desen volvimento económico, social e humano. Foram os rubis que tornaram a loca lidade de Namanhumbir conhecida e
província cabo delgado
Distrito De Montepuez área 17. 874 kM² Habitantes 218 Mil região norte
reconhecida nos grandes mercados de venda de pedras preciosas, sobretudo os orientais, como Singapura ou Hong Kong. Mas, por ali, a vida de todos os dias per manece como sempre foi: pacata, pobre e desprovida dos esboços primários do que se pode considerar crescimento e, claro, desenvolvimento.
Ali, encontrar leite fresco ou mesmo um sumo de pacote é, nos dias que correm, um verdadeiro luxo. E a fome, o desempre go e a pobreza extrema são realidades que se observam em cada esquina, ape sar de toda a riqueza no subsolo
preocupações e mais preocupações
Na verdade, preocupações são algo que não falta nesta comunidade, e em todo o distrito de Montepuez, onde garimpeiros ilegais são acusados pela população de estar a roubar produtos agrícolas e a escavar as machambas dos camponeses locais à procura de pedras preciosas, especialmente o rubi.
As comunidades têm-se mostrado revol tadas com esta situação que está aparen temente fora do controlo da polícia. De pois, a população de Namanhumbir tem vindo a denunciar irregularidades na gestão dos fundos destinados ao desenvol vimento local, resultantes dos impostos pagos ao Estado pela exploração de rubis. Segundo informação avançada na altu ra pela imprensa, a comunidade rece beu cerca de 24 milhões de meticais ao longo dos últimos três anos, valor refe rente a 2,75% dos impostos pagos pela exploração do rubi em Montepuez, que deveriam ter sido adjudicados à execu ção de projectos de desenvolvimento lo cal, segundo prevê a Lei de Minas. Apesar desse valor ter sido aplicado na construção de infra-estruturas como salas de aula, mercados e na compra de sementes de milho para distribuição aos camponeses, a população não estava sa tisfeita com o processo de planificação e gestão dos fundos, inclusive com a quali dade das obras realizadas.
No entanto, a Administração do Posto de Namanhumbir reconheceu, na altura, “algumas preocupações da comunidade”, mas garantiu que os fundos “estavam a ser geridos de forma criteriosa”.
Cenário tende a mudar Ainda que Namanhumbir continue a apresentar uma situação de pobreza extrema, por outro lado, nota-se que, aos poucos, esta face poderá mudar uma vez que a empresa Montepuez Ruby Mining (MRM), entidade responsável pela exploração daquela reserva de ru bis detida pela multinacional Gemfields, avança à E&M estar a desenvolver acti vidades de forma a tirar a região do fos so. Segundo garantias dadas pelo grupo, o cenário tende a mudar de face.
Para tal, o grupo MRM diz à E&M que “desde que a empresa iniciou as suas operações tem contribuído de forma sig nificativa no desenvolvimento económi co do distrito de Montepuez e da locali dade de Namanhumbir.”
À E&M, começa por explicar que uma das acções mais recentes do seu contri buto para o desenvolvimento daquele
O valOr investidO pela MOntepuez ruby Mining eM acções de respOnsabilidade sOcial até 2019. só este anO, a previsãO é de uM investiMentO tOtal de 1,2 Milhões de dólares
distrito foi “a aquisição de uma nova uni dade de selecção e classificação de rubis com tecnologia de ponta, sendo a pri meira do género na indústria de pedras preciosas coloridas no mundo”, uma ac ção que, para a mineradora, “significa um grande impulso para o desen volvimento do distrito, até porque implica a contratação de um maior número de trabalhadores ao nível local. Esta infra-estrutura obedece a um investimento de 15 milhões de dólares e vai aumentar de forma significativa os nossos níveis de produção, exigindo uma crescente contratação de trabalha dores locais e fazendo também aumen tar a prestação de serviços ao nível do distrito”, revela a direcção da MRM. Como forma de trazer desenvolvimento económico na localidade de Namanhum bir, o grupo MRM enuncia ainda “um conjunto de acções de responsabilidade social, sobretudo nas áreas da saúde, agricultura e educação” que se enqua dram numa política de investimentos sociais da empresa na localidade. “Até ao ano de 2018 já foram investidos 2,7 mi lhões de dólares, sendo que a previsão até ao final deste ano aponta para um volume total de 1,2 milhões de dólares.”
E a Ruby Mining vai ao detalhe: “no âm bito das acções de desenvolvimento co munitário, a MRM construiu um centro de formação técnico-vocacional para a capacitação de mão-de-obra local, com cursos como carpintaria, electricidade, pedreiro, canalizador e pintor de cons trução civil. Ademais, as comunidades beneficiam das oportunidades de em prego criadas e dos diferentes inves timentos sociais feitos pela empresa, no âmbito da sua responsabilidade so cial corporativa”, garante a direcção. “Neste momento, a MRM emprega mais de 1 300 pessoas. Deste número, cerca de 700 são de Cabo Delgado e mais de 300 são mesmo provenientes das comuni dades ao redor do empreendimento ope rado pela Ruby Mining”, complementa a mineradora, em resposta à E&M.
mais receitas e menos desenvolvimento Enquanto as comunidades de Namanhum bir reclamam pela pobreza que ainda pre valece naquela localidade, o mesmo já não se pode dizer quanto às receitas que estas pedras preciosas têm gerado para o Estado. Segundo dados revelados pelo grupo MRM, a exploração dos rubis já resultou em 117 milhões de dólares para o Governo mo çambicano, na forma de impostos sobre a exportação e royalties resultantes da
venda. A esse respeito, e no que toca à comercialização de rubis nacionais em leilões realizados nos principais mercados orientais, os seus resultados não mostram outra coisa senão sucesso nas vendas.
O que se comprova quando, até ao momen to, a MRM já participou em 12 leilões, desde Junho de 2014, dos quais resultaram 512,6 milhões de dólares de receitas. E, de acordo com os resultados apresentados pela Ge mfields, só em 2019 (no primeiro semestre) foram ‘garimpados’ 1,1 milhões de quilates. Entretanto, na localidade onde as pedras são exploradas, se algum desenvolvimen to se nota, este parece caminhar ‘a passo de camaleão’.
Questionadas pela E&M, as autoridades ainda não se pronunciaram mas o que se sabe, até ao momento, é que Nama nhumbir não está ainda em situação de se orgulhar de ter o maior reservatório de rubis ao nível mundial.
Num estudo desenvolvido em 2018 pela SEKELEKANI, uma instituição moçambica na independente, sem fins lucrativos, de promoção de comunicação para o desen volvimento,concluía-sequeascomunidades
locais de Montepuez “não tiram provei tos socioeconómicos da exploração das minas de rubis”. De Namanhumbir, o di rector executivo da SEKELEKANI, Tomás Vieira Mário, dizia que “há um contras te entre o volume de pedras extraí das e vendidas com a realidade social da região.”
“Seria injusto afirmar que Namanhumbir está na rota do desenvolvimento, porque há muitos problemas. O grupo MRM tem feito a sua parte, mas o desemprego, a po breza e o problema das vias de acesso são questões que devem continuar a preocu par todo o cidadão que vive em Nama nhumbir”, garante, por sua vez, Rosário Calfim, um dos agentes económicos de Na manhumbir contactado pela E&M.
Na verdade, os rubis de Montepuez são hoje mais valiosos do que as suas gentes. Veremos se o seu futuro será tão pre cioso como o seu presente, até agora, envevenado.
Desde Junho de 2014, a MRM já participou em 12 leilões internacionais de rubis que resultaram numa receita de 512,6 milhões de dólaresOs 34,9 mil hectares de exploração de rubis de Montepuez são o maior depósito mundial desta pedra preciosa
durante o huawei financial services industry (fsi) summit, em Shanghai, exibiram-se os maiores players de serviços fi nanceiros da China. Casos como do ICBC, o maior banco do mun do, juntamente com a China Life e outros, acabaram por falar das suas estratégias digitais no mundo do Banco 4.0. Houve uma grande discussão de ideias em torno do desenvol vimento e arquitectura da “A-P-P”, o termo para aplicações de software de smartphones móveis na China, juntamente com discussões sobre como a Inteligência Artificial, a “Internet of Things”, a “Cloud” e a “Edge Computing” estão a mudar os ser viços financeiros.
Ma Yue, a vice-presidente da Huawei Enterprise BG e pre sidente da EBG Global Sales, disse, no seu discurso de aber tura: “A indústria de serviços financeiros entrou na era 4.0. Os serviços financeiros estão a tornar-se omnipresentes im pulsionando as instituições financeiras a construírem plata formas e ecossistemas para permitir a criação de novos mo delos de negócios e serviços. A Inteligência Artificial e a big data tornaram-se forças motrizes fundamentais que permi tem a inovação financeira nos negócios.” É evidente, num ecossistema onde a Ant Financial e a Tencent ti veram um impacto tão marcante nos pagamentos bancários do dia-a-dia, que toda a indústria terá que se adaptar rapidamente. Jason Cao, o presidente da Huawei EBG Financial Services Industry, anunciou a Financial Services Industry Advisory Board (FIAB), que incluía directores digitais de bancos da Rússia, Turquia, Malásia, Europa Oriental e América Latina. A este respeito, a Huawei espera obter feedback do sector so bre as prioridades para o seu mapa tecnológico e ofertas no espaço de serviços financeiros. Nas discussões, ficou claro que os bancos com as melhores hipóteses de realmente se trans formarem devem pensar de forma muito, muito diferente do banco médio - na verdade, eles estão a ser forçados a tal. O ICBC e a Bradesco apresentaram as suas tecnologias de Inteligência Artificial, como os chatbots e assistentes de IA
baseados em voz que poderiam responder a inquéritos de call center com cerca de 95% de precisão, e o ICBC discutiu tecnolo gias biométricas que permitem que os seus parceiros possam usar o reconhecimento facial em actividades comerciais diá rias na China. Claramente, ambas as tecnologias já estão a ser amplamente usadas pelos gigantes da tecnologia destes lados. O ICBC deixou claro que se vê como uma plataforma para in corporar os bancos no mundo dos seus clientes e, para isso, re conhece que a mudança mais significativa é que eles não es tão a investir onde os clientes vão à procura dos seus bancos. Assim, o ICBC investiu biliões no desenvolvimento de várias tecnologias que permitem que o Governo, FinTechs e StartUps, empresas de tecnologia e muito mais façam parcerias com uma ampla gama de recursos. Seja isso fornecer um finan ciamento, “basic banking”, gestão de identidade, capacidades antifraude, gestão financeira e de fluxo de caixa, entre outras, através desta plataforma.
O ICBC fez uma parceria com a Huawei no desenvolvimento de uma série dessas tecnologias-chave. Para as capacidades da Inteligência Artificial, grande parte dos recursos do ICBC vieram da própria arquitectura da Cloud da Huawei e ago ra são como “chipsets” dedicados à IA. A ICBC Big Data Cloud, em parceria com a Huawei, mantém cerca de cinco terabytes de dados acessíveis em forma anónima e agregada por par ceiros integrados no ecossistema do ICBC. Quantos bancos com sede nos EUA ou na UE estão a ir além dos requisitos bancários abertos para realmente criarem pesquisas de Big Data que as FinTech, parceiros de comércio electrónico e tecnologias podem alavancar? Conheço três, em todo o mundo. Também bancos como o Starling, N26, Monzo e a Moven têm permitido este acesso API por anos, é claro.
A segunda parte deste artigo será publicada na edição de Dezembro da Economia & Mercado.
É evidente, num ecossistema onde a Ant Financial e a Tencent tiveram um impacto tão marcante nos pagamentos bancários do dia-a-dia, que toda a indústria terá que se adaptar rapidamente
Enquanto a velocidade com que se ruma à produção de LNG continuar maior do que criação de condições para a retenção dos benefícios, a “maldição” parecerá mais certa que a “bênção”. Em 2024 teremos a resposta
não têm faltado razões para “esfre gar as mãos” à espera dos petrodólares. Em Junho deste ano, a Decisão Final de In vestimento (DFI) pelo consórcio que opera a Área 1 na Bacia do Rovuma sinalizava a prontidão para arrancar com a cons trução das plataformas de liquefacção de gás na Bacia do Rovuma e já havia dissi pado quaisquer dúvidas sobre o ingresso de Moçambique na lista dos maiores pro dutores de gás do mundo.
A certeza da entrada, em breve, de gran des volumes de investimentos ficou, de pois, reforçada, em Outubro passado, quando as multinacionais proprietárias do projecto Rovuma LNG, que operam a Área 4 da Bacia do Rovuma, nomeada mente a Exxon Mobil (EUA), Eni (Itália), CNPC (China), Galp (Portugal), ENH (Mo çambique) e Kogas (Coreia do Sul), anun ciaram a Decisão Inicial de Investimento (DII, um passo importante para a DFI, já no
Milhões de toneladas é o volume da produção de GNl projectado pelos operadores da Área 4 No projecto rovuma lNG
próximo ano) na produção, liquefacção e comercialização de gás do campo Mam ba, que prevê produzir 15,2 milhões de to neladas de gás por ano.
É a oportunidade pela qual, há mui to, o país espera. O plano traçado pe los parceiros da Área 4 preconiza, des de já, um pacote de investimentos na or dem de 520 milhões de dólares em ac tividades preparatórias (reassenta mento e primeiras infra-estruturas). Mas é na segunda fase, que se inicia no próximo ano, que os investimentos ‘ex plodem’, apontando-se para um valor entre 27 e 33 mil milhões de dólares, dos mais elevados da história do continente, com ganhos nominais estimados para o Estado na ordem de 46 mil milhões de dó lares (ao longo do período de concessão de 25 anos) e 3,8 mil milhões para a Empre sa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH). Além disso, só neste projecto, prevê-se
a criação de 5 000 postos de trabalho, os mesmos previstos pela Área 1, onde se rão investidos 25 mil milhões de dólares até ao início da produção e exportação de gás em 2024.
“O desenvolvimento do Rovuma LNG im pulsionará a industrialização do país em benefício das gerações vindouras. Mo çambique tornar-se-á num dos princi pais exportadores mundiais de GNL e num importante actor de energia no contexto global”, assumiu o vice-pre sidente da Exxon Mobil Upstream Oil and Gas, Peter Clarke, na altura em que anunciou a DII.
tempo aperta, dúvidas crescem Muito dinheiro entrará, o PIB irá inevi tavelmente crescer e até disparar para um ritmo a dois dígitos ao ano. Isso tem sido motivo de euforia depois de anos de espera nervosa. No entanto, rique za para o país é uma outra história, pelo menos enquanto não houver clareza so bre o que se vai fazer com o dinheiro de um recurso que é esgotável…
A E&M ouviu um académico e uma pes quisadora de assuntos relacionados com a indústria extractiva. Trata-se de Constantino Marrengula, professor da Faculdade de Economia da Universida de Eduardo Mondlane (UEM) e Inocência Mapisse, economista do Centro de Inte gridade Pública (CIP).
A leitura que fazem sobre o evoluir da situação é de certa intranquilidade, por entenderem haver muito poucos si nais que demonstrem capacidade de transformar em desenvolvimento os petrodólares que virão. Pela primei ra vez “o Estado vai arrecadar receitas suficientes para eliminar o défice orça mental e tornar-se auto-suficiente, mas não há sinais de que vá aplicar esta capacidade na diversificação da econo mia”, defende o académico Constantino Marrengula, argumentando que já se ria tempo de se promover discussões abertas sobre o modelo de investimen to nas áreas prioritárias (na sua opinião agricultura, educação e saúde), e “não es perar pelo dinheiro para depois pensar, que é o que parece estar a acontecer”. Marrengula lembra mesmo que paí ses ricos em recursos que falharam o objectivo do desenvolvimento, como a Nigéria, “tiveram um percurso pare cido com a fase actual de Moçambique, em que os problemas são teoricamente abordados, mas com pouca efectividade prática”. Aponta o Botsuana como o país onde Moçambique deveria buscar refe
rências e adaptá-las à sua realidade. E criticou ainda o facto de as discussões so bre a Lei de Conteúdo Local demorarem a produzir consensos entre o Governo e o empresariado, o que “poderá limitar o ‘abrir de torneiras’ ao sector privado nacional favorecendo as empresas es trangeiras que já se movem para estas oportunidades”.
Já a pesquisadora Inocência Mapisse vê os erros que vierem a ser cometidos como o prolongamento dos que já vêm sendo as sociados ao processo, referindo-se ao que chama de “vantagens fiscais desneces sárias aos mega-projectos, sobretudo da indústria extractiva”, há muito criticadas pela organização que representa, o CIP. Mapisse diz ser nos impostos que o Go verno deve procurar maximizar os benefícios da exploração do gás e avança o exemplo da Kenmare Resources (mine radora australiana que explora areias pesadas de Moma, Nampula) como um erro a evitar. Em Agosto deste ano, um es tudo do CIP, da autoria desta economista, concluiu que, devido aos benefícios fiscais dados à Kenmare, “o Estado teria perdido cerca de 30 milhões de euros entre 2011 a 2018, período em que terá acumulado lu cros na ordem de 300 milhões de euros. O que mostra que a contribuição destes projectos não está nem sequer perto do potencial que eles deviam trazer para o país”, conclui a pesquisadora, temen do que isto se repita quando for a vez de explorar o gás. Por isso sugere maior transparência na exploração de todos os recursos naturais.
De resto, há muito tempo que o sector pri vado procura assegurar uma posição de vantagem (e já vai atrasado), mas as condições não o favorecem: fraca capaci dade financeira, taxas de juro elevadas (cerca de 30%) e fraco domínio das boas práticas empresariais. Já as multinacio nais garantem prontidão a estabelecer parcerias com empresas moçambicanas em todas as fases dos projectos, mas está quase tudo desorientado internamente. Os empresários, na sua maioria, não sa bem por onde começar para obterem vantagens das imensas oportunidades que se avizinham. Apesar das inúmeras limitações, a CTA entende que a situa ção não é irreversível, já que “existem empresas capazes de participar nos projectos”, mas admite que estas “preci sam de parcerias internacionais para adquirir ‘know how’”, de acordo com Abreu Muhimua, presidente do pelouro dos recursos minerais, hidrocarbonetos e energia da CTA.
Inúmeros investimentos sociais deverão acompanhar o desenvolvimento do empreendimento, enquanto outros serão provavelmente anunciados no momento da DFI. Para já, é possível conhecer algumas projecções do que o país pode reter como ganho
46 000 000 000
27 000 000 000 de dólares em receitas ao longo do período de exploração
de dólares em investimento directo na primeira fase
de dólares de receitas para a ENH 3 800 000 000
500 empregos directos para moçambicanos 5 000
milhões de pés cúbicos de gás serão canalizados para consumo interno
Mucave entende ser por “interesses lo bistas” a falta de interesse em ter a Lei de Conteúdo Local. Refere-se à possibilidade de haver grupos que ganham comissões por trazer empresários estrangeiros ao país, o que não aconteceria se houvesse uma legislação específica.
O Governo, através do director nacional de Estudos Económicos e Financeiros do Ministério da Economia e Finanças, Vas co Nhabinde, tinha prometido, em finais de Maio, que a lei seria aprovada antes do fim de 2019. Em Agosto foi aprovada pelo Conselho Económico, dando luz verde para avançar para o Parlamento, mesmo sem reunir consenso por parte da CTA, na cláusula que diz respeito à participação de 15% adquirida por via da BVM. No en tanto, a proposta de lei só será debatida na AR no próximo ano.
A construção das plataformas está aí à porta. Há alguns anos o Governo elaborou um plano de formação no exterior, à luz do qual enviou jovens estudantes para se formarem em diversos países. Mas não há qualquer feedback sobre a disponibi lidade desta mão-de-obra.
É esta a nova orientação da CTA, que recentemente rubricou acordos de coo peração com um conjunto de empresas brasileiras experientes em matérias de fornecimento de bens e serviços a em preendimentos petrolíferos. Enquanto isso não acontece, as oportu nidades vão favorecendo as empresas estrangeiras mais bem preparadas. Dados apontam que, só em 2018, “regista ram-se em Moçambique 270 empresas, maioritariamente da África do Sul, Bra sil e Portugal, de olho nas oportunidades do gás”, de acordo com o presidente da Comissão de Conteúdo Local e Ligações Empresariais da CTA, Florival Mucave.
conteúdo local: instrumento da discórdia Nem por esta via se consegue avançar com celeridade. A Lei de Conteúdo Local é o principal instrumento de que Mo çambique deve dispor para proteger o interesse nacional (prevê, entre outras vantagens, que as multinacionais sub -contratem um parceiro nacional que comparticipe com 15%). Mas tem merecido críticas por parte da CTA por demorar a ser aprovada, depois de mais de 12 anos de pre paração e mesmo com a pressão do tempo. Por exemplo, a Lei não será aplicável à Área 1, porque até á data da DFI, em Ju nho, ainda não tinha sido aprovada.
“a exploração dos recursos minerais não se deve transformar em ‘maldição’, tal como noutras realidades… Queremos e devemos fazer diferente… Continuem (multinacionais) a apostar na formação de nacionais para que ascendam aos potenciais empregos”.
Em entrevista à edição de Julho da E&M, o PCA da ENH revelava preocupação em relação a esta questão. “Precisamos de saber quantos moçambicanos poderão ser empregues no período de constru ção dos projectos, que é a fase em que há maior procura de mão-de-obra di versificada ao nível das empreitadas que estão a ser elaboradas. Penso que aí, Moçambique poderá ter uma gran de oportunidade, mas é preciso formar pessoas”, avançava o responsável, atri buindo votos de confiança ao Exectivo, através dos ministérios do Trabalho e dos Recursos Minerais e Energia que, no seu entender, “realizaram grande esforço no sentido de estabelecer bali zas e termos de referência para formar moçambicanos que possam substituir es trangeiros no período de construção”. Mithá é da opinião que o quadro pre paratório para que o gás não seja uma maldição “está a ser tomado em conta, porque há um sério envolvimento do Go vero”. E avança como exemplo o facto de o Executivo “ponderar a criação de um Fundo Soberano”. Mas avisa que será “importante que as despesas que forem aprovadas sejam conscientes, muito bem estudadas e que não sejam apropriadas por um grupo de pessoas”.
longe vão os tempos em que era pou co habitual vermos projectos moçambica nos dedicados a criar soluções sustentá veis, sobretudo relacionadas com o meio ambiente. O projecto Susamati, uma star tup recém-criada (um ano de funciona mento) por um grupo de jovens moçam bicanos, é a prova de que é, de facto, possível fazer mais pela Natureza prin cipalmente nos dias que correm, em que os recursos hídricos tendem a escassear devido às mudanças climáticas. E foi por isso que criou um conceito inte ressante, com um nome ainda mais suges tivo — “pia fantástica” — que, de fantástico, tem o facto de apresentar uma poupança de mais de 95% de água quando compara do com os vasos sanitários convencionais, segundo a explicação do Manuel Alberto, o jovem fundador do projecto. “O nosso pro jecto tem uma componente muito impor tante para o meio ambiente, que é o facto de este dispositivo usar apenas o equivalente a um copo de água para fazer a descarga. O facto de ela não ter o sifão, mas uma tampa no fim da descarga, permite que se use uma ínfima quantidade água”, explica. O seu valor de aquisição é também subs tancialmente mais acessível, se compara do com os vasos sanitários convencionais. “O equipamento está a ser colocado no mercado por apenas 800 meticais, enquanto o vaso sanitário convencio nal, feito de porcelana, varia entre 1 250 e 1 500 meticais”, frisa o fundador.
O sucesso do projecto Susamati mede-se até pelo destaque que tem tido ao nível nacional e em toda a África. Ainda recen temente, no ClimateLaunchpad, a maior competição global de ideias de negócios verdes, na qual participam mais de 2 500 ideias de mais de 50 países, foi classificado como um dos melhores projectos de negó cios verdes do continente africano, um feito alcançado durante a fase regional deste concurso de soluções relacionadas com as
A Susamati é uma startup que encontrou o seu ‘nicho’ na produção de vasos sanitários ecológicos. E até já venceu prémios no estrangeiro por isso piafantástica
mudanças climáticas que decorreu em Nai robi, capital queniana, a 11 e 12 de Outubro. No evento, oito países estiveram repre sentados, num universo de 30 startups a competirem pelos lugares de pódio. De entre todas as melhores africanas, a Susamati ocupou a terceira posição (acom panhada de um outro projecto moçambi cano, o Nsila, que também foi distinguido como um dos oito melhores do continente). Antes, e poucas semanas após o seu lança mento, já a ‘pia fantástica’ havia merecido, uma distinção no concurso da startup da TOTAL, em 2018.
Manuel Alberto reconhece que as distin ções, atribuídas tanto dentro como fora de portas, marcam “o reconhecimento de lon gos anos de trabalho e de pesquisa aplica da para trazer ao mercado a solução que é esta ‘pia fantástica’”, regozija-se. “Estas vitórias não teriam sido possíveis sem o apoio incondicional das entidades orga nizadoras deste evento e de todos os que acreditam no projecto e nos incentivam a crescer. É mais um elemento catalisador e motivacional para a Susamati”, garantiu o fundador do projecto.
Quanto à aceitação das “pias fantásticas”, Manuel Alberto não hesitou em afirmar que as vendas correm a bom ritmo. “Hoje em dia, recebemos solicitações de pes soas que vivem em diversas províncias do país. Além disso, conseguimos vender uma média de 12 vasos sanitários por mês, e para nós isso é um bom sinal tendo em conta que estamos a falar de uma solução ambiental com apenas um ano de existên cia”, sublinhou o responsável.
E Manuel Alberto acredita que é possível chegar ainda mais longe. “O nosso desa fio é conseguir disponibilizar cerca de mil vasos sanitários por mês. É difícil, mas acreditamos neste produto fantástico”.
Bempresa SuSamati Fundação 2018 Fundador manuel alberto Colaboradores 6 12
número de vasos sanitários vendidos por mês
“Acrescentar valor real e contri buir de forma tangível e eficaz para a promoção da inclusão fi nanceira, assim como a constru ção de uma economia mais sóli da e robusta”, foi o propósito da criação do projecto de responsa bilidade social designada PME+, no qual o Banco Único mereceu a sua primeira distinção interna cional pelo portal financeiro Glo bal Business Outlook.
Para o Banco Único, liderado por António Correia, este reco nhecimento internacional é mo tivo de satisfação, visto que “é a confirmação de uma aposta certa”. Mais do que isso, a ins tituição bancária refere que a sua “ambição e compromisso é de fazer a diferença no mercado e no país, contribuindo de for ma relevante para acrescentar valor na vida de todos os seus stakeholders”.
Aliar o espaço de venda de li vros com “uma oferta de pas telaria, cafetaria e restaura ção de alta qualidade” é o pro pósito anunciado da inaugu ração do novo espaço “Mi nerva & Continental”. Trata -se de um novo conceito, loca lizado na baixa de Maputo (an tigo café Continental) avalia do em mais de 150 milhões de meticais, que será inaugura do em Novembro, na baixa de Maputo e que criará 50 postos de trabalho nacionais.
as linhas aéreas de moçambique (lam) vão investir até 120 milhões de dólares em novos aviões e intensificar a sua presença nas rotas africanas, tencionando ligar África do Sul a Lisboa. Segundo o director-geral da empresa, João Carlos Pó Jorge, esta quer ainda intensificar a sua frequência para Dar-Es-Salaam (Tanzânia), Harare (Zimbabué), Lusaka (Zâmbia) e Gaborone (Botsuana).
“Em África queremos penetrar mais no mercado sul-africa no e também queremos disponibilizar a Portugal o acesso a este mercado”, afirmou o gestor, à margem de um evento em Lisboa. “Já estamos a trabalhar com as companhias (desses países) para que isto suceda logo que o mercado cresça não só ao nível regional como também internacional”, reforçou.
Contribuir para a redução dos acidentes de viação no país é o objectivo da campanha de sen sibilização da Puma Energy, rea lizada recentemente. Trata-se de uma acção que visa sensi bilizar os trabalhadores da em presa sobre as consequências que advêm dos acidentes rodo viários. Para Ivanilson Machado, director-geral da empresa, “a campanha é importante para os trabalhadores, visto que todos temos um papel fundamental a desempenhar. O objectivo é for mar. Se cada um fizer a sua par te evitaremos acidentes’’, afir mou, realçando a “responsabili dade de cada cidadão no com bate à sinistralidade rodoviária”.
A LAM foi, originalmente, criada em 1936 com a designação de Direcção de Exploração de Transportes Aéreos (DETA). Evoluiu até ao que se conhece, nos dias de hoje, sendo a companhia de bandeira nacional e líder destacada do mercado doméstico. Actualmente tem quatro aviões a jacto (Boeing 737-700, Boeing 737500, Embraer 190), e um turbo-hélice (Q300).
“Mara X e Mara Z” são os pri meiros smartphones “Made in Africa”, com sistema operacio nal Android, fabricados inteira mente no Ruanda.
Dotados de tecnologia total mente africana, desenvolvida pela empresa Mara Group, os dois smartphones são anuncia dos como “um impulso às am bições do país de se tornar um centro de tecnologia regional.” Os modelos pretendem compe tir no mercado local com a Tec no e a Samsung, num investi mento de cerca de 24 milhões de dólares que tem, para já, uma produção prevista de até 1 200 telefones por dia.
companhia aérea quer beneficiar do fim da proibição de voos para a Europa
laM vai aMPliar frota Para introduzir rotas intErnacionais
a vodacom é, como se sabe, líder de segmento das comuni cações móveis no país mas, nos últimos anos, também tem fei to aumentar a sua contribui ção na área da responsabili dade social, estando já anun ciado que 1% da receita da em presa irá passar a ser dedica da precisamente a esta ver tente. É nesse sentido, de resto, que, à imagem do que aconte ce noutros mercados, a partir do próximo ano, será lançada a Fundação Vodacom que se irá ocupar de um investimen to social que é indissociável do valor que a marca quer agre gar ao mercado nacional.
A Vodacom tem aumenta do os recursos adjudicados à responsabilidade social. Quais são as guidelines des te investimento?
A responsabilidade corpora tiva da Vodacom não se esgo ta no campo social e a empre sa esforça-se por ser respon sável em todas as suas áreas de intervenção. É também uma questão de sustentabi lidade: garantir que na nos sa actuação protegemos as pessoas e o planeta, mas tam bém que conduzimos o negó cio de forma a gerarmos a ri queza necessária para conse guirmos garantir o nosso pro pósito e alcançar o impacto
positivo que desejamos. Nes se sentido, o foco do nosso in vestimento social é no sec tor de Educação, através do ‘Vodacom Faz Crescer’ por que acreditamos que a edu cação é a base da transfor mação social e do desenvol vimento inclusivo. Investi mos em inovação, juventude e capital humano através de uma parceria com a Embai xada da Holanda para apoiar o Orange Corners Maputo, também através da qual os nossos executivos leccionam Masterclasses e fazem men toria a jovens empreende dores. Outro exemplo é o Co de Like a Girl, uma iniciativa que traz jovens raparigas do ensino secundário à Vodacom para aprenderem a progra mar. Além disso, a Vodacom
faz algumas doações (semen tes para camponeses desfa vorecidos e combate à ma lária) e tem memorandos de entendimento com o INATTER, (através do qual promovemos a educação cívica para a se gurança rodoviário), ou com o INGC, (que nos permite aju dar imediatamente em caso de resposta a emergências). Finalmente, realço a Iniciati va de Impacto Social dos co laboradores, que busca pro mover o voluntariado e o en gajamento dos nossos colegas com causas sociais.
O ‘Faz Crescer’ é um marco na vossa actuação e tem ti do impacto nacional. É pa ra continuar e, eventual mente, alargar o âmbito do programa?
Lara Narcy é advogada de formação e directora de relações Corporativas da Vodacom Moçambique.
É aquilo a que chamamos o He ro Project (cada mercado do grupo Vodafone tem um). O programa tem como principal objectivo levar a inclusão digi tal às escolas, através do ape trechamento de salas de infor mática, formação de professo res, fornecimento de internet gratuita e de um acervo de livros e conteúdos digitais. O programa está a ser ampliado para incluir hortas escolares, com o envolvimento de profes sores, alunos e suas famílias e já a ser equacionadas outras
componentes. Até meados de 2019, em cerca de um ano e meio, interviemos em 23 es colas, entregando 390 com putadores, 8 000 livros e 1 150 GB de Internet. Só em 2018, a Vodacom alcançou quase 38 000 alunos.
Em que ponto está, nesta al tura, a Fundação Vodacom? Chegámos a um ponto em que era preciso dar mais consis tência à nossa intervenção, para a tornar mais sustentá vel e ampliar o seu impacto, aumentando também a nossa capacidade para monitorar e avaliar os resultados que al cançámos. Consideramos que a melhor forma de o fazer se ria através de uma entida de legalmente independen te e com autonomia, que asse gure estrategicamente os ob jectivos de investimento so cial e de impacto da empresa, de forma descomprometida e independente das decisões de negócio. A actuação da Funda ção é enquadrada pelos Ob jectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Uni das e pela agenda nacional de desenvolvimento. As suas principais áreas de interven ção vão ser a educação, a ino vação e o “empoderamento” de jovens e mulheres.
A título pessoal, e sendo al guém com formação noutra área, o que leva de tudo isto? É extremamente gratificante. Nós vivemos num país em que falta fazer quase tudo... Poder trabalhar na área de investi mento social é um desafio pa ra mim. Como digo, estou um bocadinho fora do meu meio, mas todos os dias redescubro como ajudar mais e o que se pode melhorar. Um dia, vou sair daqui uma profissional melhor, com mais experiên cia, mais exposição e, sem dú vida, uma noção muito maior do que é o nosso Moçambique.
desafio constante
“Poder trabalhar na área de investimento social é um desafio para mim”
A vontade de ajudar a população da província de Nampula juntou uma ONG, uma multinacional e uma universidade moçambicana com o objectivo de fazer um rastreio visual e oferecer óculos a quem mais precisa
a helpo é uma ONG para o Desenvolvimento, em Mo çambique desde 2008, com ba se de actuação nas províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nam pula e Manica onde, em con junto com outras instituições locais, procura minimizar a exclusão das populações mais vulneráveis.
Direccionada para a educa ção e nutrição materno-in fantil, tem tido um papel fun damental na inclusão das co munidades locais através da construção de escolas, centros de nutrição, sistemas de apro veitamento de águas plu viais, entre outros aspectos de igual valor.
E foi ao caminhar pela ter ra vermelha do norte do país que Carlos Almeida, coorde nador de projectos da Hel po em Moçambique, verifi cou que ali havia um incon tável número de crianças que não viam com nitidez a cor do chão e as letras dos li vros da escola. É do conheci mento público que Moçambi que ainda não conseguiu for mar optometristas em núme ro suficiente para atender um país tão vasto e com tan tos problemas.
Não estamos a falar de mé dicos que operam e tratam
doenças ocularesm, mas de especialistas capazes de me dir o grau de visão e através de um par de óculos com len tes apropriadas, colocar os olhos a verem tudo à volta tal como é. “A Grandvision Mul tiopticas já trabalhava con nosco em Portugal e quando trocámos impressões acerca das dificuldades que existem em Moçambique para as pes soas conseguirem comprar óculos que minimizem os seus problemas, a resposta foi ‘nós vamos ajudar’”, relata Car los Almeida à E&M. Mas para que a acção fosse mais abran gente era preciso envolver os alunos finalistas do curso de optometria ministrado na Universidade de Lúrio.
Tudo começa na vontade Também aqui a resposta foi positiva, com a vice-reitora Sonia Maciel a apoiar a ini ciativa. Estava assim criado o projecto piloto baptizado a partir de um conceito simbó lico e cheio de sentido: “Olhar por Moçambique”. Antes de partir, a empre sa portuguesa Multiopticas deu início a uma campanha na qual os clientes poderiam doar os seus óculos que já es tavam desajustados aos seus
rastreios visuais InIcIalmente estavam prevIstos apenas 600, mas a procura excedeu as expectatIvas e foram maIs de um mIlhar os moçambIcanos abrangIdos
1000olhos, para que fossem de pois restaurados e levados em conjunto com mais lentes e equipamento de rastreio visual para Moçambique. O objectivo da acção passava por assinalar o Dia Mundial da Visão onde ela é um bem es casso. E Moçambique foi o des tino escolhido, não só pela pro ximidade da língua como tam bém pelas dificuldades que as populações nas zonas recôndi tas enfrentam a este respeito. E foi dessa forma que, com o apoio das transportadoras aéreas TAP e LAM, que ofere ceram isenção de taxa na ba gagem extra, uma equipa de seis pessoas partiu então pa ra Maputo, onde fez escala pa ra chegar a Nampula, prepa rada para fazer 600 rastreios de optometria a uma popula ção previamente rastrea da pelos técnicos da Helpo. À sua espera estavam 13 alu nos finalistas do curso de op tometria e um professor da Universidade de Lúrio.
No caminho da terra vermelha Os locais escolhidos para es te projecto piloto foram a Ilha e Marrere, ambos em Nam pula, e os 600 rastreios ini ciais acabaram por aumen tar para os mil. Durante
11 dias, passaram pelas mãos dos optometristas profissio nais e estudantes finalistas, crianças, jovens, adultos, mi litares, polícias e até a minis tra da Saúde, Nazira Abdula, que estando nas redondezas, foi fazer um rastreio e apoiar politicamente a iniciativa. Mas a missão não era só dar qualidade de vida à população. Havia também a vontade de oferecer um estágio a dois alunos da universidade que se destacassem no terreno, ao mesmo tempo que todo o equipamento levado de Por tugal seria doado, para com plemento técnico ao curso de optometria.
Ana Portugal, que na Grand Vision Portugal, grupo ao qual a MultiOpticas pertence, as sume o departamento de Res ponsabilidade Socia,l refere que “o valor em óculos, arma ções e lentes foi cerca de 13 mil euros ao que se juntaram
mais 20 mil em equipamento doado” para acrescentar que “este valor não é nada quan do comparado com o bem que foi feito, especialmente em jo vens que tinham perda de vi são já muito avançada e al guns nem sabiam o quão gra ve era”.
Carlos Almeida reforça es sa opinião, falando de pessoas que foram encontradas com uma falta de visão já num nível bastante avançado: “após os primeiros rastreios percebemos que havia quem precisava de dez dioptrias, o que numa linguagem mais acessível quer dizer que es tas pessoas já estavam num nível de miopia alta e não viam praticamente nada.”
Esta doença ocular não tem cura, sendo o uso diário de óculos a única forma de con seguir um controlo efectivo já que a operação não é, como se pode imaginar, uma solu
Em 2014, Moçambique contava com cerca 24 oftalmologistas, dos quais 16 estrangeiros, para uma população que ultrapassava, então, os 24 milhões de habitantes
ção ao alcance das populações com menores rendimentos. Ana Portugal salienta que este projecto foi muito espe cial tanto para a empresa co mo para si própria, revelan do que se sentiu muito próxi ma das dificuldades que en controu junto das comunida des da Ilha e de Marrere, até porque já sofreu de miopia, recorda.
“Este foi o nosso primeiro pro jecto além-fronteiras e te nho muita vontade de vol tar, talvez com mais tem po, para que possamos fazer um pouco o balanço e perce ber o retorno de toda esta ac ção, até porque deixámos al gumas populações por onde passámos que não consegui mos atender, com a promes sa de que tentaríamos voltar.”
As crianças foram o alvo prin cipal deste programa, por es tarem ainda em idade de cor recção mas, não sendo o objec
tivo principal, tornou-se im possível ignorar os adultos que vieram ter connosco”.
Óculos com histórias Claro que, numa acção como esta, há sempre imprevistos: “Na Ilha de Moçambique ha via pessoas muito cépticas com a iniciativa porque, an teriormente, houve uma or ganização que entregou um saco de óculos usados e ve lhos aos padres, que os dis tribuíram por quem disses se que via mal, isto sem qual quer rastreio. E assim se en tregam 7 800 óculos sem qual quer preocupação”, lamenta Carlos Almeida.
Ana Portugal prefere, por sua vez, atribuir um reconheci mento à Universidade de Lú rio: “Verificámos que os alunos do último ano do curso de op tometria estavam muito bem preparados apesar de, natu ralmente, mais em termos teó ricos, devido à falta de equipa mento. Mas agora creio que com o equipamento que doá mos a Universidade vai conse guir melhores resultados.” Desta troca de experiências resultou um prémio que foi oferecido aos dois alunos fi nalistas que mais se destaca ram na operação no terre no. “O Rafael e a Clarisse vão chegar a Portugal no próxi mo mês de Janeiro”, salienta Ana Portugal acrescentando que “não é só um estágio. Va mos até às universidades por tuguesas com curso de Opto metria para que consigam fa zer as equivalências e assim, se entenderem, ficarem a tra balhar connosco por uns tem pos e depois levar essa expe riência para Moçambique”.
os olhos de Moçambique
Em 2014, Moçambique conta va com cerca de 24 oftalmolo gistas, 16 dos quais estrangei ros, para uma população que ultrapassava os 24 milhões. O que ilustra que, não só con tinua a existir uma grande falta de médicos e técnicos es pecialistas da visão, como os
recursos disponíveis pelo Go verno não são suficientes pa ra cobrir os custos de atendi mento médico ocular. Isto le va a que sejam as ONG e par ceiros de desenvolvimento a terem de preencher esta la cuna. Também não existe um seguro de saúde no país, que cubra este tipo de despesas oculares. Os programas que correm pelas escolas para realizar rastreios são, na sua maioria, efectuados através de ONG’s e outros dependem de fundos internacionais. O acesso a óculos é muito li mitado e se nos afastarmos da cidade de Maputo é ain da mais raro encontrarmos alguém com óculos devido ao elevado custo para o nível de rendimentos da esmagadora maioria da população. Um dilema de saúde públi ca que é acentuado pelo sol e poeiras das estradas, que provocam graves danos ocu lares em crianças e adultos. Mas nem tudo é menos bom: o país já conseguiu graduar di ferentes profissionais de saú de ocular como oftalmologis tas, optometristas, técnicos de oftalmologia, ortoptistas e óp ticos. É no Hospital Central de Maputo que são formados os oftalmologistas enquanto os optometristas são formados na Universidade de Lúrio à razão de 20 por ano. Este ano foram contabilizados 236 pro fissionais oftálmicos, sendo 74,2% técnicos de oftalmolo gia, o que resulta em cerca de seis por um milhão de habi tantes. Númertos ainda longe dos recomendados pela Orga nização Mundial de Saúde pa ra África, que apontam o mí nimo de dez para um milhão de pessoas.
E, não podemos esquecer que em Moçambique moram olhos que sorriem a todos os que por aqui passam. E que é pre ciso mantê-los sãos. Até para que vejam um futuro melhor.
texto Cristina Freire fotografia D.r.Com apenas ano e meio no Governo, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, deu passos importantes na resolução de conflitos que duravam há décadas com a vizinha Eritreia acabando por merecer o Prémio Nobel da Paz
acabou por merecer uma das mais presti giantes distinções – o Prémio Nobel da Paz. Em linhas gerais, “o primeiro-ministro Abiy Ahmed Ali foi galardoado “pelos seus esforços em prol da paz e da coope ração internacional, em particular pela sua iniciativa decisiva de resolver o con flito fronteiriço com a vizinha Eritreia”, indicou a presidente do Comité Nobel, Be rit Reiss-Andersen.
Filho de mãe cristã e pai muçulmano, Abiy Ahmed chegou ao poder em Feve reiro de 2018, após a demissão de Haile mariam Desalegn, no contexto de uma profunda crise política. Tornou-se no líder mais jovem de África (hoje com 43 anos).
Chegado ao poder, tentou conter os con frontos, libertou centenas de presos polí ticos, retirou o estado de emergência, no meou um governo paritário e permitiu o regresso à Etiópia de figuras destacadas da oposição que se tinham exilado, além de ter assinado acordos de paz com a vizi nha Eritreia a 9 de Julho de 2018 (com ape nas três meses no trono).
A fricção entre vizinhos era quase cin quentenária. A Eritreia, que lutava pela independência desde 1961, só conseguiu a libertação em 1993, levando a que a Etió pia perdesse a sua única faixa marítima (sobre o Mar Vermelho). Entre 1998 e 2000, os dois vizinhos travaram uma guerra que provocou pelo menos 80 mil mortos, com a questão da delimitação da frontei ra a figurar entre as razões do conflito. Desde então, os dois países mantinham numerosas forças ao longo da fronteira comum, de mil quilómetros, apesar de te rem assinado em 2000 um acordo de paz em Argel, que nunca foi implementado. O clima entre os dois países foi sem pre bastante instável. Não havia guerra aberta, mas também nunca houve paz. É na governação de Abiy Ahmed que, fi nalmente, quase tudo começa a cami nhar para a pacificação.
a imagem da etiópia está muito associa da à pobreza extrema e a guerras étni cas que perpetuam o espectro da misé ria. Por muito tempo, o que mais se ‘ven deu’ daquele país da África Oriental foi a imagem de um lugar que as pes soas nunca escolheriam para viver, e onde os maiores árbitros de conflitos do mundo sempre tiveram dificuldades em pôr fim aos jogos sangrentos pelo poder. Mas, recentemente, uma intervenção bem-sucedida na pacificação desta região
9milhões de COROAs sUeCAs É O VALOR ATRIBUÍDO AO PRÉMIO NOBEL DA PAZ, O EQUIVALENTE A 60 MILHÕES DE METICAIS.
Com a sua premiação vieram também os elogios: os jornais locais tratam-no co mo “um símbolo de paz e justiça numa re gião onde os líderes políticos têm gover nado com violência, tirania e violação dos direitos humanos”, ou apelidam-no de “lí der transformacional em equidade e di reitos humanos dentro da Etiópia”.
uma premiação prematura?
A presidente do Comité Nobel Norue guês, entidade responsável pela dis tinção, Berit Reiss-Andersen, prevê que, apesar do “mérito” do primeiro -ministro etíope, “algumas pessoas acharão que este prémio está a ser
atribuído demasiado cedo”, já que há ainda muito caminho por percorrer até se estabelecer a paz efectiva den tro da Etiópia e entre o país e a Eritreia. Outra razão para temer críticas é o fac to de a atribuição do Prémio Nobel da Paz ao antigo Presidente dos EUA, Bara ck Obama, há dez anos, também ter sido vista como “precipitada”. E foi.
Para Berit Reiss-Andersen, é legítimo que se faça este reconhecimento ao mi nistro Abiy agora, porque os seus esfor ços “merecem reconhecimento e preci sam de ser encorajados”, além de que “o Comité Nobel Norueguês espera que os acordos de paz tragam mudanças positi vas para todas as populações da Etiópia e da Eritreia”.
O Comité Nobel Norueguês também não concorda que se tenha precipitado em conceder o prémio ao chefe do Governo da Etiópia por reconhecer as suas “inten ções de levar a cabo eleições democrá ticas no próximo ano… definitivamente, há muito que já foi conseguido em ter mos de fazer reformas democráticas na Etiópia, mas há ainda um longo caminho a percorrer. ‘Roma não foi feita num dia‘ e a paz e o desenvolvimento democráti co também não são atingidos num curto espaço de tempo”, defende a presidente.
Havia forte concorrência
Para muitos, o primeiro-ministro da Etiópia seria uma segunda opção para o prémio, já que as apostas apontavam como favorita a jovem sueca de 16 anos, Greta Thunberg, activista em defesa do clima. Mas acabou por não ser escolhida pelo comité Nobel.
Entre os nomes falados estavam tam bém o da chefe do Governo neo-zelan dês, Jacinda Ardern, pela sua resposta ao atentado terrorista contra as mes quitas de Christchurch, bem como de organizações como a Repórteres Sem Fronteiras ou o Comité para a Protecção dos Jornalistas.
A premiação de Abiy Ahmed é a 24ª atribuída a um africano, de um total de 99 distinguidos, motivo de orgulho para o continente, cujos líderes já se manifesta ram através das redes sociais, felicitan do o primeiro-ministro etíope. Através do Twitter, a Amnistia Interna cional instou o líder etíope a aproveitar a distinção para respeitar os direitos humanos. “O primeiro-ministro da Etió pia recebeu o Prémio Nobel da Paz. Este prémio deve servir para motivá-lo a fazer face aos grandes desafios de di reitos humanos que possam reverter os
reconHecimento não agradou a todos
apesar de elogiado pelas suas reformas, ahmed vem fazendo esforços para conter as crescentes rivalidades étnicas no país. a imprensa internacional relata episódios de protestos em apoio ao opositor do primeiro-ministro, Jawar Mohammed, que acusa o governo de lhe ter retirado o esquema de segurança da sua residência na capital, addis abeba autoridades etíopes negaram a informação. os manifestantes chegaram a queimar cópias do livro da autoria de abiy
ganhos alcançados até agora”, desafiou-o. O Nobel será oficialmente entregue a 10 de Dezembro e vale 9 milhões de co roas suecas, o equivalentes a 930 mil dó lares (quase 60 milhões de meticais).
mundo reconhece abiy ahmed
O secretário-geral da ONU, António Gu terres, emitiu um comunicado a saudar o chefe de Governo da Etiópia. “Disse várias vezes que ventos de mudança sopram por toda a África. O primeiro -ministro Abiy Ahmed é uma das razões. A sua visão ajudou a Etiópia e a Eritreia a chegarem a um entendimento históri co e sinto-me honrado em testemunhar a assinatura do acordo de paz no ano passado. Isto abriu oportunidades para a região tirar partido da paz e da segu rança e a liderança do primeiro-ministro Ahmed é um magnífico exemplo para os outros e para além de África, no sen tido de se ultrapassar a resistência causada pelo passado e de pôr as pessoas em primeiro lugar”, disse. A Comissão Europeia também reagiu à distinção do chefe do Governo etíope no Twitter: “Congratulamos o vence dor do Prémio Nobel da Paz, o primei ro-ministro etíope Abiy Ahmed Ali. Com a sua coragem, ele constrói pontes na região, recomeçando as conversa ções de paz depois de 20 anos de impasse com a Eritreia. Estamos ao lado da Etiópia na sua caminhada para a democracia e a paz”.
etiópia orgulhosa Reagindo ao prémio, o governante re velou sentir-se “humilde e emocionado... muito obrigado. Este é um prémio para África, atribuído à Etiópia. Posso imagi nar que os restantes líderes de África vão vê-lo como algo positivo e trabalhar no processo de construir a paz em todo o continente”.
Através do Twitter, o seu gabinete de clarou: “Expressamos o nosso orgulho na escolha do primeiro-ministro da Etió pia para Prémio Nobel da Paz de 2019. Este reconhecimento é um testemunho dos ideiais da unidade, da cooperação e da coexistência mútua, que o primeiro -ministro tem vindo consistentemente a defender”.
Em Maio deste ano, Abiy Ahmed já tinha sido laureado com o Prémio de Paz Félix Houphouët-Boigny, da UNESCO.
texto Celso Chambisso FotograFia istoCkphotodizem-nos as notícias que o mundo não anda muito Shakes periano. Ou talvez até ande. A tensão entre a China e os Esta dos Unidos é latente. Até em África. E a Rússia espreita sobre os seus ombros, procurando intrometer-se entre eles, ten tando ver melhor. Sobretudo África. Será para o seu bem (de África), ou acabará o continente em Tragédia, como Hamlet, o Príncipe da Dinamarca.
Na primeira cimeira Rússia-África, que reuniu 40 governan tes africanos e o presidente russo, Vladimir Putin, estiveram em destaque a exploração de recursos minerais, as relações comerciais e a venda de armamento. Um menu, interessante, sem dúvida. Pouco literário, no entanto. Em relação aos recursos, foram assinados acordos com o Ruan da, o Sudão do Sul e a Guiné Equatorial. E de acordo com o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, um conjunto de empre sários russos também manifestou interesse em investir no sector dos recursos minerais e nos transportes, no país. Ao nível comercial, o Presidente russo fez saber que a cimeira Rússia-África é para continuar e passará a realizar-se de três em três anos. E revelou que, nos próximos cinco anos, a Rússia espera que as trocas comerciais com o continente africano che guem aos 40 mil milhões de dólares, duplicando o valor actual. Em relação ao armamento, os avanços também foram claros, apesar do tema se dar a uma certa obscuridade: “Actualmente, contamos com cerca de 12 mil milhões de dóla res em contratos assinados e já pagos. Vinte países africanos estão actualmente a cooperar connosco”, confirma Alexandre Mikheev, presidente da empresa pública de venda de arma mento da Rússia, Rosoboronexport. Putin foi incessante e ofereceu-se ainda para mediar o impasse que se tem arrastado na construção da barragem no Nilo que, nos últimos dias, tem feito aumentar os focos de tensão entre o Egipto e a Etiópia. Mas ainda há mais: outra das curiosidades da cimeira foi o convite feito à empresária angolana Isabel dos Santos (que tem ascendência russa) e ao Presidente de Angola, João Lourenço, que suscitou acusações veladas de ‘provocação’.
Para regressar ao princípio do texto, e à alusão a um dos maiores textos da literatura (apesar de a Rússia também con tar na sua História com alguns nomes que poderiam ter es crito este argumento, como Dostoiévski, Tolstói ou Tchekhov). Na cimeira de Sochi, o enredo começou pelas trocas comerciais, passou pelos segredos bem guardados, e armas foram nego ciadas, num cenário onde se desenrolaram cenas de união, que não deixaram de ser pinceladas por momentos de sus pense e alta tensão dignos de obra-prima. Para, no fim, acabar tudo bem, com promessas de parte a parte. E foram vários os líderes africanos que se mostraram “sa tisfeitos e esperançosos” com a intenção do aumento do in vestimento da Rússia no continente. Olga Kulkova, investi gadora do Instituto de Estudos Africanos da Academia de Ciências da Rússia, falou à agência DW sobre como “a Rús sia quer encontrar o seu nicho e a sua direcção com par cerias em África com objectivos comerciais ambiciosos.” Sabe-se como a Rússia passou as últimas décadas, e tem des pertado economicamente, alavancada, nos últimos anos pelos recursos naturais (detém as maiores reservas de gás natural do mundo, por exemplo), apesar de ainda distante na sua di mensão económica (PIB de 1,5 biliões de dólares) dos seus dois gigantes concorrentes pelo continente africano: Estados Uni dos (19,3 biliões) e China (12,2 biliões).
Por falar em fazer negócios, foi anunciado o relatório anual do Doing Business, elaborado pelo Banco Mundial. Moçambique voltou a cair (depois de uma subida registada no ano passa do) porque, de acordo com a CTA, “tardam a entrar em vigor” as reformas necessárias para que seja, efectivamente, “mais claro, transparente e acessível, o mundo dos negócios no país.” Moçambique voltou, assim, a cair no índice regredindo da po sição 135 para 138, de entre as 190 economias avaliadas. Talvez porque para fazer novos bons negócios seja indispensável conhecer os bons velhos clássicos. Porque eles nunca deixam de ser actuais e dão sempre jeito para nos aju dar a ver o mundo como ele verdadeiramente é.
Na cimeira de Sochi, o enredo começou pelas trocas comerciais, passou pelos segredos bem guardados, e armas foram negociadas, num cenário onde se desenrolaram cenas de união, mas que não deixou de ter picos de suspense e alta tensão dignos de obra-primas
(neg)ócio s.m. do latim negação do ócio
Desta vez, a sugestão de Escape leva-nos até Macau, a cidade onde o Ocidente e o Oriente se misturam
À descoberta do admirável mundo novo do Musashi 63
Uma degustação de Pinot Noir, uma casta elegante e sofisticada
ea’ché – como todos a chamam – e tou tai, o Deus da Terra, partilham um peque no templo há 12 anos. Ela ven de incenso, ele acolhe os fiéis. A ela não lhe falta fé. Nele e em A-Ma, a Deusa dos Nave gantes, adorada a escassos metros, num dos mais emble máticos templos de Macau. A-Ma, venerada na região sul da China, é vista por mui tos como uma protectora da cidade. Disso e dos casais que conseguem ter filhos depois de lhe rezar, garante. “É um mito muito bonito,” diz A’Ché, olhos solenes, recordando um incêndio que uma vez atingiu parte do monumento. “A está tua da deusa A-Ma só ficou es cura, não ardeu”. Construído na encosta da co lina da Barra há mais de 500
anos, nos tempos da Dinastia Ming, o Templo de A-Ma é o mais antigo de Macau. Pensa -se que terá sido a partir da baía de A-Ma – A-Ma gau, em chinês – que terá surgido o nome que os portugueses da riam à cidade, quando ali che garam em meados do século XVI. Segundo a lenda, A-Ma – ou Mazu, ou Tin Hau, como também é conhecida – seguia num dos vários barcos que navegavam perto daque la zona quando uma terrível tempestade se abateu sobre o mar. O pescador da embarca ção onde seguia – o único que tinha aceitado transportá-la – saiu ileso da intempérie, ao contrário dos outros. “Por isso é que qualquer pescador que vá para o mar vem aqui pe dir protecção primeiro”.
Qualquer visita a Macau im põe um périplo pelos lugares de culto que retratam o am biente de tolerância religiosa que sempre pautou o territó rio. Mas há muito mais a não perder, como o Farol da Guia – o mais antigo da China e um dos monumentos mais queri dos da população local – ou o célebre Largo do Senado com a sua arquitectura neoclássi ca bem no coração da cidade. As Ruínas de São Paulo são o ex-libris de Macau. Delas fa zem parte a imponente fa chada da antiga Igreja da Madre de Deus, e os vestígios do antigo Colégio de São Paulo, ambos destruídos por um in cêndio no século XIX. Com uma população de pou co mais de 647 mil habitan tes espalhados por cerca de 30,3 quilómetros quadrados – entre a península de Ma cau e as ilhas da Taipa e Co loane —, Macau é uma das ci
dades mais densamente po voadas do mundo. A melhor forma de explorar o patrimó nio cultural de Macau é enve redando a pé por ruelas, be cos e pátios. Além dos monu mentos listados pela UNES CO, a história da cidade des cobre-se também nos merca dos – como o Mercado Verme lho –, no cais do Porto Interior, nos vendedores ambulan tes, nos yam t’cha das tasqui nhas chinesas, nos restauran tes macaenses, na velha vila da Taipa, ou na Colina da Pe nha que vigia o lago artificial Nam Van.
duas cidades numa só Macau esteve sob adminis tração portuguesa até De zembro de 1999, quando se tornou numa região admi nistrativa especial da China. Ao longo dos mais de dez anos em que A’Ché vende lison jas na Barra, a cidade mudou. Macau recebe mais de 30 mi lhões de turistas, a maioria vinda da China continental. É o resultado da liberaliza ção do sector do jogo, forma lizada em 2002, e que trou xe à cidade investidores, jo gadores em massa e grandes apostadores.
Macau é uma cidade com duas cidades dentro. É a Ma cau multicultural, da fusão de sabores e tradições – a que se vê na arquitectura de ma triz ora Ocidental ora Orien tal, a que se lê nas tabuletas escritas nas duas línguas ofi ciais (chinês e português) e a que se assume politicamente como ponte entre a China e os países de língua portuguesa. Mas Macau é também, fora dos discursos oficiais de pro moção turística, a Macau “Las Vegas do Oriente” – é a capi tal mundial do jogo, com casi nos, entretenimento, restau rantes de estrelas Michelin e luxuosos empreendimen tos hoteleiros, muitos deles lo calizados no Cotai, uma espé cie de equivalente à strip de Las Vegas.
como ir
a forma mais comum de chegar a Macau é apanhando um voo para Hong Kong. Daí, apanha-se um ferry para Macau directamente do aeroporto ou do centro da cidade.
onde dormir
No The Parisian Macao, um dos últimos hotéis a abrir no território. Com 3 000 quartos, piscina e um teatro com capacidade para 1 200 pessoas, o hotel mudou a paisagem da zona ao incluir uma réplica – a meia escala – da Torre Eiffel.
onde comer
Para provar a verdadeira comida macaense, o restaurante riquexó é uma boa opção. Uma experiência igualmente genuína é numa tasca ao ar livre localizada na rua 5 de Outubro, que abre todos os dias a partir das 17h – desde que não chova.
Subir ao topo da Torre de Macau é uma oportunidade para ter uma vista magnífica de 360 graus sobre a cidade e arredores.
a primeira coisa que sobressai quando se entra no Musashi é o carácter acolhe dor do espaço. A decoração minimalista, ajuda a criar, de imediato, um sentimento de intimidade. Mais do que en trar num restaurante, a sen sação é de que se acede a um espaço familiar onde, quase como se tivéssemos sido pes soalmente convidados pelos donos da casa, nos é propos to experimentar e partilhar a sua “própria” comida. Como é óbvio, o Musashi é, para to dos os efeitos, um restauran te e não uma casa particular. Mas não é dispiciendo subli nhar que esta capacidade de nos fazer sentir “em casa” não está ao alcance de qualquer um e é, certamente, um dos seus méritos.
Esta sensação de se aceder a um espaço íntimo e familiar reflecte-se no próprio me nu e nas propostas culinárias apresentadas. Deste ponto de vista, o Musashi é talvez o restaurante que, em Maputo, melhor ilustra a variedade da gastronomia nipónica. Ve jamos então alguns exemplos. Um deles é o Gyudon, um pra to tradicional e que faz par te do dia-a-dia dos japoneses. A palavra Gyudon significa “tigela de carne bovina” e é uma junção de gyu (“gado bo vino”) e don (abreviação de donburi, um tipo de tigela ja
ponesa). O prato consiste nu ma tigela de arroz coberto com finas fatias de carne bo vina e cebola, cozidas num molho levemente adocica do feito com dashi (caldo com posto de algas e peixe), shoyu e sake ou mirin (vinagre ado cicado de arroz). Ao longo do tempo, outros ingredientes foram sendo adicionados, de modo opcional, como shira taki (um tipo de macarrão fei to com batata), tofu, ovo e ve getais diversos, como forma de complementar o prato do ponto de vista nutricional. O Gyudon também já tem ver sões de porco, chamadas bu tadon ou tondon, e peixe, em bora o tradicional continue a ser a forma mais comum de consumo. A versão disponível no Musashi é a tradicional. Interessante também é a di versidade de pratos basea dos no Karaage, uma técnica culinária japonesa que con siste numa fritura muito par ticular de diversos tipos de alimentos (sobretudo fran go, mas também várias car
nes e peixes). O Karaage é de origem chinesa, como muitos outros pratos da cozinha ja ponesa (por exemplo o Gyo za e o Ramen), mas foi adap tado e recriado ao longo dos séculos, constituindo hoje, um dos pratos típicos da culiná ria nipónica. No Japão, o mais popular dos pratos Karaage é o que tem como base o fran go (frito ou panado). O que dá um sabor especial ao Karaa ge é o tempero, onde encon tramos uma mistura de alho, gengibre, sake e shoyu. De pois de ficar a marinar nes te tempero, o frango é cober to numa camada de farinha fi na e frito num óleo leve. É des te modo que o frango Karaa ge fica não só totalmente cro cante por fora e muito macio por dentro como rico em sa bores e aromas. No Musashi pode experimentar o frango mas, se preferir, também há um Karaage de polvo e um outro de vegetais.
Um outro prato que poderá experimentar no Musashi (e que não é muito comum en contrar em Maputo) é o “caril japonês com arroz”. No Japão é designado por Karê, que é a pronúncia japonesa do cur ry (caril), de origem indiana, e que, depois de introduzido, adaptado e difundido no Japão, se tornou um dos pratos mais apreciados no país. O prato consiste num ensopado encor pado de carnes, legumes (co mo cebola, cenoura e outros) e batata, temperado com caril e servido com arroz branco. Refira-se, por fim, que o me nu propõe ainda vários pra tos com o conhecido e mui to apreciado molho Teriyaki (cuja receita original é à ba se de sake, vinagre, açúcar e, por vezes, mel) e uma varie dade apreciável de opções de sushis e sashimis.
Mais do que entrar nuM restaurante, a sensação é de que se acede a uM esPaço faMiliar
PaíS Portugal
reGião Alentejo cor Granada aroma Frutos de bagos vermelhos maduros com notas de morango, especiarias e baunilha Sabor Paladar suculento e vivo, agradavelmente equilibrado com fruta cremosa e bons taninos final Longo e Equilibrado teor alcoólico 13%
Pinot noir tinto 2015
PaíS Portugal reGião Douro cor Vermelha e intensa aroma frutas vermelhas e leves notas de talos maduros Sabor
PaíS França reGião Borgonha cor Vermelho rubi-brilhante aroma Delicado, muito vivo, lembrando frutas vermelhas, cassis e alcaçuz Sabor Corpo médio, personalizado, revelando taninos finos final Longo e Vigoroso teor alcoólico 13%
Compacto, apesar da sua leveza, sendo fresco e muito sedutor final Longo com excelente equilíbrio e um paladar fresco teor alcoólico 12%
é uma das castas de uvas mais antigas haven do indicações do seu cultivo desde há mais de 2 mil anos. É hoje aceite que é uma uva originá ria de Borgonha, na França. A casta é delicada e exigente no que toca ao seu lugar de cultivo. Precisa, sobretudo, de regiões com clima mo deradamente fresco para amadurecer por completo. Apesar da sua delicadeza, a famí lia das Pinots (Noir, Blanc, Gris, Meunier) é ho je cultivada em quase todo o mundo e é pos sível encontrar excelentes vinhos provenien tes de regiões tão distintas como a Nova Zelân dia, Austrália, Argentina, Portugal, África do Sul ou Estados Unidos.
Mas, como seria de esperar, os Pinots produzi dos na Borgonha continuam a ter uma impor tância especial e são uma escolha preferencial. O nosso destaque deste mês vai para o Nie poort Pinot Noir Tinto 2015. Possuindo uma be la cor vermelha, no nariz este Pinot Noir apre senta aromas de frutas vermelhas, como mo rango e framboesa e leves notas de talos ma duros. Vibrante e muito expressivo, tem uma presença que nos lembra os melhores Pinot Noir da Borgonha.
taraPacá gran reserva Pinot noir 2018.
PaíS Chile
reGião Valle de Leyda cor Rubi claro aroma Fruta vermelha e especiarias, além de notas de baunilha e tostadas Sabor Encorpado com destaque para notas minerais, taninos maduros teor alcoólico Equilibrado e persistente teor alcoólico 14%
Uma outra opção igualmente interessante é o Cortes de Cima Pinot Noir 2015. Tanto mais in teressante quanto a sua proveniência, (uma propriedade na costa alentejana a poucos qui lómetros do mar e de solo de areia) que não parecia indicar, à partida, reunir as melho res condições para um Pinot Noir. Sob a batuta dos enólogos Hamilton Reis e Hans Jorgensen, o Cortes de Cima mostra vivacidade e frescor de origem mineral e é leve e agradabilíssimo. No entanto, se quiser ir directamente “beber à fonte”, isto é, experimentar um genuíno Pinot Noir da Borgonha, uma sugestão, entre muitas possíveis, poderá ser o Maison Louis Latour Cuvée Latour Bourgogne 2015. De cor verme lho rubi-brilhante, tem aromas delicados, e ainda assim vivos, lembrando frutas verme lhas, cassis e alcaçuz. Na boca tem corpo mé dio, revelando taninos finos e o seu final é lon go e vigoroso. Para completar a sua experiência do Pinot Noir sugerimos, por último, o chileno Tarapa cá Gran Reserva Pinot Noir 2018. De cor rubi clara, o seu aroma é muito típico desta varie dade com notas a fruta vermelha, especiarias, e apontamentos de baunilha.
originária de borgonHa, eM frança é uMa casta delicada e exigente
Super-HeróiS: Banda deSenHada e VideojogoS de África organização: feStiVal Maputo faSt forward (MoçaMBique) / coMexpoSed (ziMBaBué)
Camões - Centro Cultural Português em Maputo aberta até 29 de Novembro Horário: Segunda a Sexta das 11h às 18h
gradeS lourino zandeMel a curadoria: joão roxo organização: feStiVal Maputo faSt forward
Fundação Fernando Leite Couto aberta até 13 de Novembro
futurar Maputo – projectoS de identidade ViSual para a cidade de Maputo organização: feStiVal Maputo faSt forward coordenação: Mélio tinga e adeliuM caStelo (plataforMa deSign talk)
final do préMio eloquência caMõeS 2019
Camões - Centro Cultural Português em Maputo Dia: 8 de Novembro Hora: 14h30
na eSteira de MBonga coM o eScritor SuleiMan caSSaMo SoBre o liVro “a carta de MBonga”,
Fundação Fernando Leite Couto
Dia: 26 de Novembro Hora: 18h
ai weiwei: neVer SorrY docuMentÁrio de aliSon klaYMan
Fundação Fernando Leite Couto
Dia: 5 Novembro Hora:18h
“doMinique MercY danSe pina BauScH” régiS oBadia (frança, 2003, 56’)
• em destaque “a árvore
Da autoria de Lurdes Breda conta com ilus trações do artista plás tico roberto Chichorro. “a Árvore Mágica” é um conto estruturado numa linguagem híbri da entre o Português e uma das Línguas Bantu de Moçambi que − o changane − e tem como público-alvo crianças e jovens. É a história de um em bondeiro que trocou o sono pela imaginação. Durante muitas luas ficava de pétalas aber tas a ver os meninos brincarem atrás das borboletas, por entre os ramos de palavras em flor. até que, por magia, eles desapare ceram, entrando no seu coração. Este livro é uma edição Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Por tuguesa (EPM-CELP).
feStiVal kinani – plataforMa internacional de dança conteMporÂnea
Centro Cultural Franco-Moçambicano “incêndios” de Victor de Oliveira (Moçambique)
Dia: 21 de Novembro Hora: 18h
“all Eyes On” de Teresa Vitucci (Suíça)
Dia: 22 de Novembro Hora: 18h
“Life in numbers” de anna Till e Kátia Manjate (alemanha e Moçambique)
Dia: 22 de Novembro Hora: 19h
conVerSaS no ÂMBito do feStiVal kinani
Camões - Centro Cultural Português em Maputo Dias: 19 e 20 de Novembro Hora: 10h
“À eSpera de godot ” (de SaMuel Beckett) | grupo de teatro MBeu adaptação e encenação: elliot alex
Fundação Fernando Leite Couto
Dia: 6 de Novembro Hora: 18h
o jardineiro e a erVa daninHa (teatro infantil) texto de BuanaMade aMade
Fundação Fernando Leite Couto
Centro Cultural Franco-Moçambicano
Dia: 25 de Novembro Hora: 19h
Dia: 16 de Novembro Hora: 10h30
Livraria Minerva (Baixa) inauguração: 8 de Novembro Hora: 18h 31ª edição do curSo de literaturaS e língua portugueSa
Camões - Centro Cultural Português em Maputo Dias: 4 a 7 de Novembro Hora: 18h-20h
conVerSa coM oS realizadoreS jorge antónio, licínio azeVedo e joão riBeiro Moderada por antónio caBrita
Camões - Centro Cultural Português em Maputo
Dia: 26 de Novembro Hora: 18h
iiº SiMpóSio internacional de dança - kanda Yetu 2019
Fundação Fernando Leite Couto Dia: 14 de Novembro Hora: 18h30
dezaine conference: deSign & afrotopiaS organização: plataforMa deSign talk
Centro Cultural Brasil-Moçambique Dias: 14 e 15 de Novembro
o s “suPer-Heróis” na bd de áfrica
me e Captain South Africa – são exemplo desta reapro priação da figura do “Super -Herói” através da qual se recontextualizam lendas, tradições e figuras que fa zem parte de muitas culturas africanas. No entanto, a anco ragem destes “Super-Heróis” na tradição é acompanhada, em termos narrativos e es téticos, por componentes de hiper-modernidade que evi denciam o desejo de criar e projectar uma imagem e uma ideia de futuro cosmopolita (ou afropolitan, a definição de Achille Mbembe). Deste ponto de vista, a revisitação da tra dição anda a par com uma re formulação dos paradigmas identitários e a aspiração a criar novos imaginários na perspectiva de uma reinven ção do futuro do continente. Esta exposição – intitulada “Super-Heróis: Banda Dese
nhada e Videojogos de África” - é produzida conjuntamente pelo festival Maputo Fast For ward (Moçambique) e pelo festival Comexposed (Zimba bué), com o apoio do Camões – Centro Cultural Português. A exposição pretende dar a conhecer algumas das obras produzidas no continente, os estúdios criativos e os auto res e, sobretudo, contribuir para uma contextualização deste “fenómeno” através de uma reflexão sobre as ca racterísticas particulares destes “super-heróis”, no qua dro da emergência de “novas narrativas” em África e do “afro-futurismo”.
A exposição, que inclui traba lhos produzidos por sete estú dios criativos de África-Leti Arts do Gana, Comic Republic e Spoof Animation da Nigé ria, Sigma Digital, CCX, Bill Masuku do Zimbabué e Black Hut da Zâmbia – vai estar pa tente até 29 de Novembro no Centro Cultural Português.
instituto Camões, Maputo - Centro Cultural Português 22 de Outubro a 29 de Novembro
internacionais
a boeing, uma das empresas líderes mundiais na constru ção de aviões, e a marca de au tomóveis Porsche, acabam de anunciar uma parceria com o objectivo de desenvolver um carro-voador eléctrico. Ao anunciar esta parceria, Detlev von Platen, da Porsche, referiu que as empresas que rem desenvolver um veículo que “explore o mercado pre mium da mobilidade aérea e a extensão do tráfego urbano para o aéreo através de um veículo que descola e aterra na vertical e que será total mente eléctrico”.
Detlev von Platen acrescen tou ainda que as duas empre sas estão apostadas em tra balhar no sentido de esta rem presentes naquele que já é visto como um novo seg mento de mercado e “a ter ceira dimensão de viagem”.
Por seu turno, Steve Nordlund, da Boeing NeXt, unidade da empresa que trabalha em no vas gerações de veículos e ae ronaves, afirmou: “Juntas, a Porsche e a Boeing vão trazer inovação para acelerar a mo bilidade aérea urbana”.
Embora ainda não sejam co nhecidos detalhes sobre este novo veículo, a verdade é que a Boeing já tinha apresentado,
há alguns meses, um veículo capaz de levar dois a quatro passageiros e com uma autono mia de voo de 50 quilómetros. Na altura do voo inaugural, a imprensa especializada subli nhou o facto de que este era o primeiro sinal claro da com petição que ja está em anda mento entre as duas maio res construtoras mundiais de aeronaves. De facto, um pou co antes, a Airbus (em parce ria com a Audi) tinha revela do, durante o Salão Automóvel de Geneve, na Suíça, o protóti po de um veículo com 4,40 me tros de comprimento, movido por oito motores eléctricos ca pazes de debitar 217 CV de po tência e com uma autonomia a rondar os 50 quilómetros. Este protótipo tem capacidade para voar e andar em estrada. Mas não são apenas a Boeing e a Airbus que estão nesta cor rida para desenvolver veícu los deste tipo. Vejamos alguns outros casos. Várias empresas
japonesas decidiram juntar-se – com apoios estatais – para desenvolverem carros voa dores capazes de ocuparem o espaço aéreo do país até 2030. Entre os projectos mais avan çados encontra-se um mode lo da Nec Corp que se asseme lha bastante a uma espécie de drone gigante e que, numa primeira fase, irá ser sobretu do utilizado para entrega de mercadorias.
Outro exemplo é o da holan desa Pal-V que promete colo car no mercado, já em 2020, o seu carro voador: o Liber ty Pioneer poderá atingir, em estrada os 160km/hora e os 180km/hora no ar. O preço de venda está estimado em 500 mil euros.
Também os chineses da Ehang aprontam, neste mo mento, um modelo de veículo voador (o Ehang 184) com ca pacidade para dois passagei ros e velocidade máxima de 130km/hora.
eMPresas quereM desenvolver uM veículo que exPlore o Mercado PreMiuM da Mobilidade aérea