Campo & Negócios Florestas - Maio/2020

Page 1

Ano VIII nº 48 - Maio/Junho 2020 - R$ 16,90 - ISSN 2316-6312

GUANANDI Rentabilidade múltipla




EDITORIAL Diretora Administrativa

@campo_negocios /revistacen @campoenegocios Acesse nosso cartão virtual

(34) 3231-2800

ISSN 2316-6312 - Edição 48 - Maio/Junho 2020

Joana D’ark Olímpio

joana@revistacampoenegocios.com.br Diretora de Jornalismo

Ana Maria Vieira Diniz - MTb 5.915MG anamaria@revistacampoenegocios.com.br Núcleo de Jornalismo

Editora: Miriam Lins Oliveira - MTb 10.165MG miriam@revistacampoenegocios.com.br

Jornalista: Adrielle Teodoro - MTb 15.406MG adrielle@revistacampoenegocios.com.br Assistente Comercial

Amanda Caroline Souza Ferreira

amanda.ferreira@revistacampoenegocios.com.br Raymara Barros de Souza

raymara@revistacampoenegocios.com.br Departamento Comercial

maio/junho 2020

E

mbora o primeiro corte leve 18 anos, produtores de guanandi garantem que o investimento na árvore nativa vale a pena. Baseado nisso, estão surgindo plantios comerciais da espécie que, embora pouco conhecida, tem madeira semelhante à do mogno e já começa a ser requisitado pela indústria moveleira. A demanda, até mesmo dentro do Brasil, ainda está longe de ser suprida. E por ser uma madeira de lei, tem alto valor agregado, além de poder se desenvolver em áreas alagáveis, ser resistente e não apodrecer dentro da água. Mas, atenção aos mais apressadinhos. Em nossa matéria de capa você vai ver que, apesar das atrativas vantagens, o guanandi não é uma cultura indicada para quem pensa em retorno financeiro imediato. O tempo de corte chega a 18 anos, ou seja, é como uma aposentadoria. Só é possível ter a primeira receita no décimo ano, quando pode ser feito o primeiro desbaste. Lembrando que o tempo de corte é o mesmo do eucalipto, só que o guanandi vale 100 vezes mais. O investimento, para quem já tem a terra, é apenas com as mudas e plantio. Portanto, considerando que, ao fim dos 18 anos, o aproveitamento é de 300 árvores por hectare e que cada árvore rende cerca de um metro cúbico, é possível ter alto rendimento financeiro. Ficou com vontade de saber mais? Então não perca tempo.... só mais algumas páginas e estará com você. Uma excelente leitura! Miriam Lins Oliveira Editora

Renata Tufi

renata@revistacampoenegocios.com.br Renata Helena Vieira de Ávila

renata.vieira@revistacampoenegocios.com.br Departamento Financeiro

Rose Mary de Castro Nunes

financeiro@revistacampoenegocios.com.br Mírian das Graças Tomé

financeiro2@revistacampoenegocios.com.br Assinaturas Beatriz Prado Lemes beatriz@revistacampoenegocios.com.br Marília Gomes Nogueira marilia@revistacampoenegocios.com.br Raíra Cristina Batista dos Santos raira@revistacampoenegocios.com.br Aline Brandão Araújo aline@revistacampoenegocios.com.br Representantes Agromídia Desenv. de Negócios Publicitários Tel.: (11) 5092-3305 Foto Capa IBF Projeto Gráfico/Diagramação

Impressão

AgroComunicação PABX: (34) 3231-2800 R. Bernardino Fonseca, 88 – B. General Osório Uberlândia-MG 38.400-220 www.revistacampoenegocios.com.br

A Revista Campo & Negócios Florestas é imparcial em relação ao seu conteúdo agronômico. Os textos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.

4


NESTA EDIÇÃO

06

Mapa estimula a área de florestas plantadas

08

Florestas - investimento atraente com baixa da Selic

Bambu - ator da regeneração de espécies nativas

pode garantir rentabilidade

32

Demarcação para desbaste - por onde começar

13

33

Qual a exigência nutricional do eucalipto?

Versatilidade do bagaço de cana na geração de energia

28

16

Miniequipamentos - a versatilidade para as florestas

34

Como combater o mal-dasfolhas da seringueira

36

Eficiência do controle biológico do psilídeo-de-concha

maio/junho 2020

10

20

GUANANDI

Cedro australiano - plantios tardios e adequação do clima

19

Produção de pellets de última geração

26 Monitoramento integrado

BAMGES

30

Manejo da madeira pode ser rentável

5


PLANO

PROGRAMA MAPA ESTIMULA A ÁREA DE FLORESTAS PLANTADAS A meta do plano é ampliar a área de florestas plantadas no território nacional em 2 milhões de hectares até 2030

maio/junho 2020

R

esponsável pela oferta de matéria-prima para diversas indústrias, as florestas plantadas já respondem por 90% de toda a madeira produzida para fins industriais no País. O tamanho da área cultivada hoje chega a 10 milhões de hectares em todo o Brasil, dominada por pés de eucaliptos, pinus, além de acácias e outras variedades, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com base na importância econômica e as potencialidades dessa atividade para o País, está em execução o Plano Nacional de Desenvolvimento das Florestas Plantadas (Plantar Florestas), oficializado no ano passado e resultado de uma ação conjunta entre as principais lideranças do setor e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “O Brasil tem um grande potencial para expansão da nossa base florestal plantada e sem a necessidade de abertura de novas áreas”, avalia João Salomão, coordenador-geral de Florestas Plantadas e Pecuária do Mapa. Em comemoração ao Dia Internacional das Florestas, celebrado em 21 de março, Salomão observa que o tamanho da área pode aumentar à medida em que se avança o trabalho de recuperação de áreas de pastagens degradadas.

Sustentabilidade A meta do plano é ampliar a área de florestas plantadas no território nacional em 2,0 milhões de hectares até 2030, o equivalente a 20% sobre a área atual. Um número ambicioso, reconhece o coordenador, mas os caminhos para atingir esse objetivo estão sendo implantados. Foram definidos 12 objetivos nacionais e 72 ações indicativas. Vale destacar a participação, neste plano, da Câmara Setorial de Florestas Plantadas - coordenada pelo Ministério – nascida a partir da importância que o segmento tem para a ca-

6

deia produtiva do agronegócio, bem como para preservação da biodiversidade. Com esse segmento fortalecido, ressalta, a pressão sobre as florestas primárias (nativas) vai diminuir, contribuindo para a conservação do meio ambiente. Os números do crédito rural revelam que, no ano passado, foram investidos R$ 825 milhões, recursos suficientes para o plantio de 77,5 mil hectares ou 115 milhões de árvores. As empresas florestais brasileiras preservam 5,6 milhões de hectares de florestas primárias, ou seja, para cada hectare plantado, 0,6 ha é preservado, mais do que as exigências legais. A produção primária florestal (silvicultura somada ao extrativismo), relativa a 2018, foi calculada em R$ 20,6 bilhões, de acordo com o IBGE. Deste total, as florestas plantadas responderam por 77%. Desde o ano 2001, o valor da produção alcançado pela soma dos produtos das florestas plantadas vem superando a extração vegetal.

Vantagens Outro ponto positivo é que os dez municípios com maior área de florestas plantadas têm aumentado o índice de desenvolvimento humano (IDH) em ritmo superior ao crescimento dos seus Estados. Esse índice reflete melhores condições de vida para os cidadãos dos municípios, segundo revela levantamento do IBGE. Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), o setor de florestas plantadas para fins industriais alcançou uma receita total de R$ 86,6 bilhões, em 2018, o que representa um crescimento de 13,1% em relação ao ano anterior. Outro dado que reforça a importância econômica do segmento é a participação de quase 7% no Produto Interno Bru-


PLANO

Nesse cenário, o programa de florestas plantadas será discutido no contexto de sistemas integrados de produção, em que, por exemplo, pelo componente florestal há melhora nos indicadores zootécnicos da bovinocultura de leite. Outra oportunidade para desenvolver o mercado, e já em discussão na câmara setorial, é o crescente interesse em energia renovável e a necessidade do Brasil de gerar mais energia. O Brasil, de acordo com Mariane Crespolini, tem a vantagem de já ter resultados expressivos de mitigação de carbono para o agronegócio, no âmbito do Plano ABC, uma política que tem sido trabalhada há mais de uma década, colocando o Brasil à frente de outros países neste assunto.

Shutterstock

Pastagens

to (PIB) industrial deste mesmo período. Entre os produtos que compõem o setor estão pisos, painéis de madeira, papel, celulose, madeira serrada e carvão vegetal. Dados de 2019 mostram que o segmento foi o terceiro do setor do agronegócio em exportações, registrando valor recorde de US$ 13 bilhões, atrás apenas do complexo soja (US$ 33 bilhões) e de carnes (US$ 17 bilhões). A atuação da Embrapa Florestas e a vinda, em 2019, do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) para a estrutura do Mapa são exemplos da relevância do tema para a pasta. Com o SFB vieram, também, o inventário florestal nacional e o sistema de informações florestais, além de profissionais com larga experiência no setor florestal.

ABAF

A implantação dos sistemas integrados é uma iniciativa que contribui para amplificar a presença de florestas plantadas. São a base dos programas de Integração Pecuária Floresta (IPF) e Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) desenvolvidos pelo Ministério da Agricultura. Além de promover a recuperação de áreas de pastagens degradadas, são estratégias que agregam diferentes sistemas produtivos, como os de grãos, fibras, carne, leite e agroenergia. A integração também reduz o uso de agroquímicos, a abertura de novas áreas para fins agropecuários e o passivo ambiental. A diretora do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação do Mapa, Mariane Crespolini, destaca que o programa de florestas plantadas integra o Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), que completa dez anos e passará por uma revisão ao longo de 2020. Técnicos do Mapa e representantes de entidades ligadas ao tema vão elaborar as novas metas para o decênio 2020-30.

maio/junho 2020

Integração

No período de 2010 a 2018, dados do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig), da Universidade Federal de Goiás (UFG), indicam que 32 milhões de hectares de pastagem melhoraram a qualidade, o que representa quase 20% da área de pastagem no Brasil. Desse total, o Lapig estima que 10 milhões foram de pastagem com altíssimo grau de degradação e hoje estão recuperadas. No mesmo período, houve um crescimento de quase seis milhões de hectares de áreas com sistemas de produção integrada. Outros programas, como fixação biológica de nitrogênio, tratamento de dejetos e plantio direto também apresentaram crescimento no período. A diretora lembra que, em novembro do ano passado, a ministra Tereza Cristina assinou um memorando de entendimento com a organização não governamental Climate Bonds Initiative (CBI), com o objetivo de desenvolver o mercado de títulos verdes no Brasil. Uma equipe da Secretaria de Política Agrícola do Ministério, em conjunto com representantes de outras áreas do governo federal, iniciativa privada e representantes da sociedade civil estão trabalhando na elaboração de um plano para a captação desses recursos no mercado internacional e que representa um estímulo ao mercado agropecuário no País, especialmente para as tecnologias que mitigam carbono.

7


REALIDADE

FLORESTAS PLANTADAS INVESTIMENTO ATRAENTE COM BAIXA DA SELIC

A

maio/junho 2020

queda da taxa básica de juros (Selic) para 4,25% reduz o interesse de investimentos em fundos de renda fixa, como o CDB, LCA (Letra de Crédito Agrícola), LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e faz com que investidores busquem alternativas em longo prazo, de baixo risco. Diante de uma baixa taxa de juros, o investimento em florestas plantadas é capaz de remunerar o capital acima da renda fixa. Essa é a análise de Marcelo Schmid, sócio-diretor da Forest2Market do Brasil, que fez uma análise do segmento de florestas no Brasil para 2020, com perspectivas e análises. “As mudanças econômicas recentes no Brasil tornarão o investimento em florestas atrativo para o capital nacional e internacional”, avalia o especialista. No entanto, Marcelo não vê o cenário favorável para que ocorra em 2020 uma flexibilização das regras que restringem a aquisição de terras por empresas estrangeiras no Brasil. “Apesar de haver no Congresso Nacional um núcleo com boa vontade para trabalhar esta pauta, o acalorado – e mal informado – debate acerca dos incêndios ocorridos na floresta amazônica no início do ano, trouxe a comunidade internacional oportunista à porta de nosso País, questionando a capacidade brasileira em zelar por seus recursos ambientais e, consequentemente, questionando nossa soberania”.

Reflexos

Arquivo

A principal razão para a baixa na Selic é o controle da inflação. Todo ano existe uma estimativa da in-

8

Marcelo Schmid, sócio-diretor da Forest2Market do Brasil

Arquivo pessoal


REALIDADE

Situação diante da pandemia Para o especialista, os investimentos não sofrerão nenhum impacto, pois a pandemia terá efeito de curto prazo. Ao contrário, a demanda por produtos de base florestal (sobretudo higiene) está crescendo em decorrência da pandemia, e essa demanda acelerada deverá se manter mesmo após vencermos a batalha contra a Covid-19, pois os hábitos de higiene estão se modificando.

Clima de negócios O sucesso do setor florestal brasileiro é altamente relacionado à saúde da economia mundial. Dela depende boa parte da produção florestal nacional, assim como o apetite estrangeiro para vir ao País fazer negócios. O ano de 2019 foi marcado pelo temor global aos potenciais impactos aos negócios causados pelo conflito comercial entre Estados Unidos e China, além de conflitos políticos em diversos países globalmente importantes. Porém, a perspectiva de recessão econômica global, semeada ao longo de 2019, diminuiu bastante nos últimos meses. A sinalização de um possível acordo comercial entre os dois principais players da economia global e mudanças em políticas fiscais e monetárias de países importantes deve levar a um cenário de recuperação moderada da economia global, após desaceleração nos últimos dois anos. Mas nem só notícias positivas vêm da China. “O surto de Covid-19 precisa ser monitorado com muita atenção, pois poderá ter algum impacto para o setor, embora a conexão com a demanda seja indireta. Mas isso não altera as previsões neste momento”, afirma Marcelo Schmid, que também analisa o impacto dos incêndios florestais na Austrália: “Estes certamente terão algum impacto no preço de cavacos de madeira”, ele afirma. Com o crescimento econômico da economia mundial ainda lento, o estoque de celulose continuará alto, pelo menos até o fim do primeiro semestre, quando espera-se atingir maior equilíbrio entre oferta e demanda e dar início à recuperação dos preços de celulose, que desabaram ao longo de 2019.

Crescimento interno Segundo as análises da Forest2Market do Brasil, a construção civil será um importante cliente para o setor florestal. No Brasil, depois de cinco anos em recessão, a construção civil fechou o ano de 2019 em alta de todos seus principais indicadores e o setor projeta crescimento de 3% em 2020, como resultado dos juros baixos, inflação controlada e economia estável. Boa notícia para o setor de base florestal, fornecedor de insumos para a construção civil. Já nos Estados Unidos, importante consumidor de produtos brasileiros de base florestal, uma pesquisa recente da Reuters apontou que a maioria dos especialistas de mercado espera que a construção civil aumente em 2020. As opiniões apontam para uma redução dos preços das casas, atingindo o menor valor em anos, o que favorecerá o desenvolvimento do setor. Segundo a prognose da Forest2Market, o número médio de housing starts em 2020 será de 1.264 milhões de unidades, um crescimento de 0,6% em relação a 2019. Outra oportunidade interessante para o setor pode estar na produção de energia. Dos 1.528 projetos cadastrados no leilão A-4/2020, 21 são de termoelétricas a biomassa, totalizando uma oferta de 1.145 MW. De acordo com Marcelo Schmid, se 20% desta oferta vier da biomassa florestal, isso representará um consumo adicional aproximado de 1,5 milhão de metros cúbicos de madeira. A energia de biomassa passará a ganhar importância cada vez maior em termos de consumo de madeira.

Madeira em alta Os preços de madeira, de forma geral, manterão tendência de aumento em diversos mercados, tanto no pinus (em todos os seus Estados), quanto no eucalipto (com destaque para São Paulo e Minas Gerais), por questões internas resultantes do aquecimento econômico e externas, resultantes da demanda mundial por fibra de madeira, segundo indica a análise da Forest2Market do Brasil. Um nicho, em especial, continuará bastante movimentado neste ano. Ao longo de 2019, devido ao aumento da demanda pela matéria-prima e estagnação da oferta, o suprimento de pinus teve procura histórica. Segundo os dados de monitoramento de preços de toras da Forest2Market, o preço das toras de pinus subiu para todas as classes diamétricas. Em 2020 essa situação tende a ser ainda mais nítida, à medida em que nos aproximamos da data de startup das expansões já anunciadas. Em 2020 as indústrias de base florestal que dependem do mercado ou de fornecedores externos terão que entender ainda melhor a dinâmica de matéria-prima (disponibilidade e preço). A Forest2Market do Brasil disponibiliza mensalmente a dezenas de clientes o acesso à SilvaStat360, a única plataforma online de preços de madeira baseada em transações reais coletadas empresa a empresa. Além disso, a empresa possui uma segunda plataforma chamada de Timber Supply Analysis 360, a qual possui dados online de suprimento de madeira, por espécie e idade, nos principais Estados brasileiros.

maio/junho 2020

flação anual, portanto, é necessário fazer o ajuste na taxa de juros para alcançar a meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) O cenário brasileiro para esses investimentos está favorável, tanto por esse aspecto (da Selic), que o torna interessante para investidores nacionais, quanto pelo câmbio, que torna o investimento em florestas interessante para fundos internacionais, fortalecidos pelo enfraquecimento da moeda brasileira. Além disso, a demanda mundial por madeira continua crescente, de modo geral, demandando mais o setor florestal nacional. “Certamente é um momento propício para tais investimentos. Não é à toa que o Grupo Index tem sido procurado intensamente por investidores nacionais e internacionais. Os investimentos em floresta têm retorno médio entre 9 e 11% ao ano, portanto, melhor que investimentos de renda fixa, considerando a atual taxa de juros”, avalia Marcelo.

9


NATIVAS

BAMBU

maio/junho 2020

ATOR DA REGENERAÇÃO DE ESPÉCIES NATIVAS

Diego Munhoz Gomes diegomgomes77@gmail.com

Fabiana Prieto Castanho fabianacastanho26@gmail.com Graduandos em Engenharia Florestal - UNESP/FCA

Roque de Carvalho Dias Engenheiro agrônomo, mestre em Proteção de Plantas e doutorando em Agronomia - UNESP/FCA roquediasagro@gmail.com 10

O

bambu é uma cultura tropical, de produção anual e de rápido crescimento, possuindo uma grande variedade de espécies. A espécie tem se mostrado um ótimo sequestrador de carbono, além de possuir características físicas e mecânicas fantásticas, tornando-a viável para o desenvolvimento de variados produtos. Embora não se pense no bambu como uma solução exclusiva para os problemas relacionados ao meio ambiente e/ou à dimi-


NATIVAS

ambiente e gerar renda e emprego, contribuindo para fixar o homem ao campo. Em termos de produção, pode servir a uma ampla gama de negócios, desde o pequeno artesanato local até grandes empreendimentos. O bambu ajusta-se à ideia de sustentabilidade ambiental e de ecodesenvolvimento, como podemos perceber ao ler a afirmação de Farrely (1984): “Nunca haverá em nosso planeta suficientes flautas de prata para dar a todos, mas facilmente haverá bambu o suficiente para que cada um faça sua própria flauta e toque”.

Versatilidade Pertencente à família das gramíneas e à classe das monocotiledôneas, dividindo-se em colmo (esse é dividido em intervalos por um diafragma saliente, formando os nós e os entrenós), rizoma e sistema radicular fasciculado, o bambu é responsável por apresentar um rápido desenvolvimento e fácil multiplicação, possui uma alta produtividade, formato tubular, baixo peso específico e alta resistência mecânica. Também apresenta características satisfatórias como isolante térmico e acústico. Sua abrangência é grande, variando desde espécies de pequeno porte, com alguns centímetros de altura, até espécies gigantes que atingem 30 metros.

Vantagens em relação à madeira Quando comparamos a madeira utilizada em construções, artesanato e outras finalidades, percebe-se que o bambu apresenta algumas vantagens, como: dentro de um mesmo bambuzal podem ser retirados vários colmos a cada ano, o bambu é um material leve, forte, consistente, elástico e maleável, apresenta fácil colheita, não possui operações de desdobramento, devido ao baixo peso específico e à sua constituição oca, é facilmente processado por ferramentas simples, além de poder ser facilmente trabalhado em marcenaria, trazendo um retorno financeiro acelerado, entre muitas outras vantagens.

nuição acentuada dos recursos florestais, ele vem se mostrando promissor na recuperação de áreas degradadas, pois gera um microclima favorável para as espécies secundárias e clímax se desenvolverem. Este produto florestal também é capaz de movimentar o sistema financeiro dos agricultores, sendo estudado como um material alternativo e de baixo custo. A exploração da cultura do bambu e sua cadeia produtiva podem beneficiar o meio

Algumas das desvantagens do bambu é que o mesmo, assim como a madeira, também necessita de preservação - outro fator relevante a ser levado em conta é a cavidade central que possui, proporcionando um maior risco de incêndio, quando comparado com a madeira maciça. Os bambus também não apresentam comprimento e diâmetro uniforme, o que dificulta algumas atividades que utilizam este material. Os colmos dos bambus se partem com facilidade, complicando o uso de pregos. Os colmos também possuem amido, o que atrai insetos e fungos após o corte.

maio/junho 2020

Shutterstock

Desvantagens

Contenção de erosões A utilização de bambu na contenção de erosões é mais uma das inúmeras utilidades que a planta nos fornece. Isso ocorre devido a sua alta resistência aliada à sua complexa raiz fasciculada. As espécies de bambu conhecidas como alastrantes ou tam11


NATIVAS

Produtos feitos com bambu

SXC

bém como monopodiais têm o crescimento tanto na vertical como na horizontal. Com o passar do tempo, o mesmo é responsável por formar terraços, o que diminui a velocidade do escoamento da água, sendo excelente para conter deslizamentos e degradações. Outro fator que ajuda na contenção de erosões é o seu rápido crescimento, o que causa um recobrimento acelerado da área sujeita à erosão.

maio/junho 2020

Regeneração de espécies nativas

12

Quando é realizado o bom manejo da espécie, impedindo que o mesmo cresça em superabundância em áreas florestais que foram fragmentadas, evitando a competição com as espécies locais e mantendo o equilíbrio ecológico, o bambu pode se tornar um ator adequado para a regeneração de espécies florestais nativas. A utilização do bambu como espécie pioneira em áreas de regeneração de espécies nativas gera um microclima favorável para diversas espécies presentes no local, ou espécies que sejam posteriormente introduzidas. Devido ao seu acelerado crescimento, o mesmo pode fornecer sombra e condições ambientais adequadas para espécies secundárias e clímax. Estudos mostram que locais com superabundância da espécie, mesmo sem o manejo adequado, conseguiram obter uma regeneração natural de plantas que eram tolerantes à sombra. Após o estabelecimento da vegetação nativa, o mesmo pode ser utilizado como fonte de renda do produtor, lembrando sempre que o bambu introduzido poderia ser retirado e utilizado nos mais variados fins.

As populações de bambu são abundantes nas grandes porções de florestas tropicais, principalmente na Amazônia Ocidental, que possui 180.000 km² de florestas dominadas por bambu. A utilização do bambu ao longo do tempo tem beneficiado o homem em várias gerações, como fonte de trabalho e renda. No leste da Ásia, é utilizado na fabricação de casas, ferramentas agrícolas, artesanato e móveis. Mas, atualmente, outras frentes têm sido pesquisadas, como o uso como carvão. Muitas espécies de bambus são utilizadas na construção civil - já há estudos que dizem que este material é capaz de substituir as madeiras, principalmente no uso como pontaletes, escadas e andaimes. O bambu tem resistência à tração e compressão maior que o concreto e o módulo de elasticidade igual à do concreto, o que faz com que, quando misturado ao concreto, torne as peças da construção mais leves e resistentes. Entre os mais variados usos, pode-se citar sua utilização na decoração, pois este é aplicado em móveis, pisos, laminados, persianas, luminárias e no artesanato em geral. Outros usos na construção são em galpões, pontes, esquadrias e cercas. É, também, muito utilizado em instrumentos musicais, na fabricação de talheres, ferramentas, brinquedos, espetos de churrasco, palitos, molduras, vasos de flor, entre outros. Algumas pessoas têm o costume de usá-lo na alimentação, comendo os seus brotos. Dentre as utilidades do bambu no campo, podemos citar: como quebra-vento, sombreamento em viveiros de mudas, suas folhas podem servir de alimento para o gado, há a possibilidade de usá-lo como tubo de drenagem e irrigação, além de ser uma gramínea que pode facilmente participar da composição de sistemas agroflorestais.

Custo-benefício O investimento ou custo inicial para cultivar uma área de um hectare de bambu é em torno de R$ 3.500,00 para a realização do plantio. É necessário que seja feita uma limpeza da área durante mais ou menos dois anos e meio, o que gera um custo em torno de R$ 2.000,00. Desta maneira, com um bom manejo aos cinco anos, já se pode colher de 600 a 700 varas; aumentando para mais ou menos 1.000 varas com sete anos. Este manejo pode ser feito até os 30 anos de idade do bambuzal. O preço da vara de bambu carregada no caminhão pode variar muito, mas estima-se que seja entre R$ 3,00 e R$ 7,00, com um custo de corte por vara de mais ou menos R$ 2,00.


ADUBAÇÃO

QUAL A

NECESSIDADE NUTRICIONAL

DO EUCALIPTO?

N

a sua forma orgânica, o fósforo é componente dos fosfolipídeos que fazem parte das membranas celulares, participa de processos metabólicos como transferência de energia, é importante para a respiração, para a síntese de glicose e de ácidos nucleicos, dentre outras funções vitais para as plantas. Para o eucalipto, considerando uma árvore adulta, a concentração de fósforo nos tecidos, em geral, é de aproximadamente 0,05% (média entre os componentes de folhas, galhos, casca e lenha). É uma concentração relativamente baixa, quando comparada à de outros macronutrientes, como o potássio, o cálcio e o nitrogênio, cujas médias de concentrações nos tecidos variam de 0,5 a 0,8%. Apesar disso, as doses de fósforo que normalmente são adicionadas ao solo via fertilizantes são bem superiores às quantidades que são efetivamente exigidas e absorvidas pelas plantas. Isso decorre das características dos nossos solos brasileiros, especialmente aqueles mais usados para os plantios florestais. Tais solos são predominantemente pertencentes à classe dos Latossolos, que são muito antigos, intemperizados e cujas argilas são predominantemente formadas por óxidos de ferro e de alumínio.

Além de serem solos de baixa fertilidade, não possuem minerais primários, ou seja, minerais com capacidade de liberação de nutrientes para o solo e, ainda, seus componentes (os óxidos) reagem com as formas solúveis de fósforo e transformam esse fósforo antes disponível para as plantas em formas não mais disponíveis. Dessa maneira, o solo passa a ser um dreno de fósforo e compete com a planta pelo nutriente que é aplicado via fertilizantes, o que ocorre principalmente quando a aplicação não é feita de maneira adequada. É exatamente para compensar esse tipo de perda que as quantidades adicionadas ao solo são superiores às efetivamente exigidas pelas plantas.

Opções em nutrientes São várias as fontes de fósforo disponíveis no mercado. Há as fontes naturais, que podem ser aplicadas diretamente sem um processamento industrial mais elaborado, neste caso, as rochas são apenas moídas e aplicadas; há as fontes industrializadas que utilizam as fontes naturais como matéria-prima para a sua fabricação - as rochas são tratadas com ácidos e o resultado são os fertilizantes solúveis; e há também os fertilizantes com tecnologias diversas que aumentam a eficiência no fornecimento do nutriente para as plantas com o uso de componentes orgânicos ou de alguma proteção que impede ou retarda reações indesejáveis no solo que tornam o nutriente indisponível. Normalmente, estes últimos utilizam como matérias-primas os fertilizantes solúveis, e a tecnologia é adotada para re-

maio/junho 2020

Painel Florestal

Lafayete Gonçalves Campelo Martins Engenheiro florestal, doutor em Solos e Nutrição de Plantas e consultor em silvicultura lafayetecampelo@gmail.com

13


maio/junho 2020

Fibria

ADUBAÇÃO

14

duzir perdas e aumentar a sua eficiência. Dentre as fontes naturais, há as provenientes de rochas fosfatadas de baixa reatividade (de origem ígnea ou metamórficas), que possuem estrutura cristalina, compacta e de baixa solubilidade. Esses disponibilizam o nutriente de maneira muito lenta e, muitas vezes, torna-se necessário fornecer outras fontes mais solúveis juntamente com esses tipos de fosfatos durante a fase inicial de crescimento, quando as raízes ainda não estão totalmente estabelecidas e por isso requerem concentrações mais elevadas de fósforo no solo. Há, também, as fontes naturais de fósforo provenientes de rochas sedimentares e que são denominados fosfatos reativos. Estes possuem estrutura mais porosa e com grande superfície específica, ou seja, permite que a umidade e a solução do solo penetrem nos seus interstícios e, assim, liberam mais rapidamente os nutrientes. O melhor produto a ser utilizado depende das condições do solo (características químicas, físicas e grau de intemperismo), da fase de crescimento da planta e de fatores climáticos. Às vezes, a melhor opção não é a escolha de um único produto, mas sim a combinação de duas ou mais fontes de fósforo com características diferentes.

Fósforo x produtividade da espécie Em 1850, o biólogo alemão Justus Von Liebig descreveu a lei do mínimo, segundo a qual a produção ou o rendimento de uma cultura é determinado pelo fator ou nutriente mais limitante ou que esteja em menor grau de disponibilidade. Dessa maneira, a relação entre a disponibilidade de fósforo e a produtividade florestal será mais ou menos estreita, dependendo do grau de limitação de todos os outros fatores dos quais também depende o crescimento da floresta. Vale lembrar que, no caso dos solos brasileiros, onde predominantemente se plantam florestas, os solos são extremamente pobres em fósforo. Isso exige, quase que como uma regra geral, a aplicação de doses elevadas de fertilizantes fosfatados. De modo geral, é praticamente impossível alcançar produtividades minimamente satisfatórias sem o uso de fertilizantes fontes de fósforo.

Manejo O conceito de equilíbrio é o que mais se adequa a uma condição que leva às maiores produtividades. Sobre isso, há uma


ADUBAÇÃO

de um trabalho conjunto entre o preparo do solo, controle das plantas invasoras, da adequação do material genético ao ambiente local, da qualidade das mudas utilizadas e até do espaçamento. Não se dobra a produtividade florestal apenas com boa qualidade da nutrição, mas é bem possível reduzi-la pela metade com a carência ou desequilíbrio de um único nutriente. É necessário que o manejador tenha a sensibilidade de perceber se o ajuste necessário para dobrar a produtividade está na nutrição ou em outro componente que a limita.

Cuidados específicos Um cuidado para o qual sempre chamo a atenção dos meus clientes é quanto à qualidade dos fertilizantes. É necessário ter certeza da idoneidade dos fabricantes e dos fornecedores, e saber se a composição dos insumos adquiridos está dentro dos limites das garantias mínimas estampadas nos rótulos. Para isso, é necessário, pelo menos com certa frequência, colher amostras e analisá-las. Já pude testemunhar casos de intoxicação de plantas por fertilizantes que continham concentrações excessivas de elementos micronutrientes, por causa de má qualidade de homogeneização da mistura. É possível, por exemplo, que haja segregação da mistura durante o transporte ou a aplicação, fazendo com que haja má distribuição dos nutrientes e trazendo fortes consequências para o crescimento das plantas.

outra lei que pode ser aplicada à relação entre a produção vegetal e os fatores dos quais essa produção é dependente. Trata-se da lei da tolerância ou Lei de Shelford. De acordo com a lei da tolerância, para todos os fatores de crescimento, não apenas a disponibilidade dos nutrientes, há uma faixa de valores dentro da qual a produtividade é máxima. Abaixo ou acima dos limites dessa faixa ótima, a planta sobrevive e produz, porém, sob determinado grau de estresse por carência ou por excesso desse fator considerado. Há, também, limites abaixo ou acima dos quais a produção é nula, dada a total intolerância pela falta ou pelo excesso do mesmo fator.

Interferência direta No contexto da produtividade florestal, os fatores que influenciam são diversos. Além dos nutricionais, há os relacionados ao manejo, os fatores climáticos, há os que estão ligados à física do solo, como compactação, impedimentos físicos, encharcamento, e a competição por plantas invasoras, etc. Portanto, para se dobrar a produtividade florestal, é necessário ter a noção do equilíbrio entre todos eles, por meio

Diferentemente de pouco tempo atrás, temos hoje disponível no mercado vários produtos novos com tecnologias diversas e que otimizam o aproveitamento dos nutrientes aplicados. O surgimento dessas tecnologias está permitindo, por exemplo, a redução do número de parcelamentos das doses aplicadas. O benefício principal disso é a redução dos custos de aplicação, do trânsito de máquinas e, consequentemente, da compactação do solo. Há, também, produtos biológicos, como o que foi lançado recentemente por meio de uma parceria público-privada com a participação da Embrapa. Trata-se de um inoculante à base de bactérias que, de acordo com os fabricantes, promete tornar disponível para as plantas formas de fósforo fixadas e indisponibilizadas por reações naturalmente irreversíveis. Apesar desse inoculante ainda não ter sido testado para as espécies florestais, há uma grande expectativa de que seja uma alternativa para otimizar o uso de um recurso natural como as fontes de fósforo, cujas reservas são finitas e cuja importância é fundamental não só para o cultivo de árvores, mas também para a produção de alimentos para as futuras gerações.

maio/junho 2020

Fibria

Novidades em pesquisas

15


maio/junho 2020

OPORTUNIDADE

16

CEDRO AUSTRALIANO

PLANTIOS TARDIOS E ADEQUAÇÃO AO CLIMA SÃO BOAS OPORTUNIDADES


OPORTUNIDADE

de pesquisa sobre a espécie, fizeram com que as novas florestas, plantadas a partir dessa data, fossem realmente investimentos florestais seguros. Mas esses plantios ainda não chegaram à idade de corte. Os mais velhos estão perto de chegar ao ponto de desbaste intermediário, que ocorre entre os oito e 10 anos de idade da floresta. Nesse momento é produzida madeira jovem, que apesar de encontrar demanda, não é utilizada para as finalidades mais nobres, que geram maior valor.

Iniciativa Para tentar organizar a produção e fornecimento de madeira, hoje dividida entre vários pequenos produtores, a Associação Brasileira de Produtores de Cedro Australiano – ProCedro, criou um grupo de trabalho formado pelos associados que têm florestas mais antigas, com a função de padronizar processos e qualidade dos produtos, para atender em conjunto as demandas maiores.

Ricardo Steinmetz Vilela Presidente da ProCedro – Associação Brasileira dos Produtores de Cedro Australiano e sócio-diretor da Bela Vista Florestal ricardovilela@belavistaflorestal.com.br

O

Brasil ainda não produz madeira de cedro australiano em escala comercial. Os produtores que têm árvores em ponto de corte são os que conseguiram manejar com algum sucesso as mudas de sementes plantadas há mais de 15 anos. Devido à genética de baixa qualidade e à falta de informação sobre o manejo à época, são poucos os plantios que chegaram ao porte de produzir madeira de alta qualidade. Desde 2014 essa realidade mudou. Novos materiais genéticos chegaram ao mercado, com maior capacidade de adaptação aos climas e solos brasileiros, maior produtividade e melhor forma das plantas. Esse avanço, aliado às informações sobre manejo adquiridas ao longo de anos

O cedro australiano está sendo plantado em vários Estados: Minas, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Bahia, Paraná e Santa Catarina. A maior concentração está em Minas e São Paulo. Existem várias formas de se vender madeira de cedro australiano, mas os prós e contras devem ser levados em consideração. A venda em toras pode parecer uma boa alternativa, pois não há custo de processamento. No entanto, o Brasil é um país com dimensões continentais e a distância do mercado consumidor pode inviabilizar essa modalidade de venda. Um produtor do Paraná, por exemplo, terá muito mais condição de prospectar compradores e um custo de transporte compatível, em comparação com um produtor de Goiás. Isso porque os Estados do Sul têm mais tradição de trabalhar com madeira sólida, seja serrada ou laminada. Desta forma, o processamento primário, ou serrado bruto, se torna a melhor forma de acessar o mercado, pois o custo de processamento não é tão alto, a tecnologia necessária não é restrita e pode-se optar por terceirizar o serviço em uma serraria local, em vez de fazer investimento. Esse modelo agrega bastante valor ao produto e viabiliza mercados em distâncias bem maiores.

Mercado vertical É possível continuar avançando na verticalização do processo, partindo para a fabricação de produtos de maior valor agregados (PMVA), como móveis, portas, janelas, forros, molduras, objetos etc. Mas, é preciso ter consciência de que assim o produtor está entrando em um novo negócio, que demandará dedicação, investimento, capital de giro, conhecimento de mercado e outros requisitos.

maio/junho 2020

Fotos Ricardo Vilela

Importância econômica

Importância do planejamento É sabido que um planejamento bem feito é fundamental 17


OPORTUNIDADE

na atividade florestal. Esse fato é ainda mais crítico em espécies de ciclo longo, no qual é necessário madeira de alta qualidade para viabilizar o investimento. O planejamento financeiro deve levar em conta o prazo de retorno, a execução de atividades silviculturais essenciais no momento correto (como as podas de galhos, que garantem madeira sem nós) e o custo de colheita e processamento, que normalmente são desprezados, mas que são essenciais para se atingir bons mercados. Também é importante lembrar que as espécies alternativas (cedro, mogno e outras) não têm suas cadeias totalmente desenvolvidas. Isso não é algo que se faz de uma hora para outra. Apesar de ter tempo até a colheita florestal, o produtor precisa conhecer os gargalos que enfrentará e trabalhar para minimizá-los, o que demanda principalmente conhecimento de mercado e ganho de escala. O associativismo pode ser uma resposta para essas questões.

Manejo ideal

maio/junho 2020

O manejo do cedro australiano no Brasil varia em função dos diferentes climas e solos do País. Há regiões onde a espécie é inviável sem irrigação, outras onde as geadas são a maior preocupação e ainda aquelas onde a correção de solo é o fator mais importante. Não existe um manejo que se aplique a todo o País, mas algumas questões devem sempre ser levadas em conta: Observar se o regime de chuvas apresenta pelo menos 1.300 mm por ano. Esse número é um dos indicadores, tão importante quanto a distribuição das chuvas ao longo do ano e a altitude da região (que influencia no déficit hídrico). Fazer uma boa correção do solo e reposição nutricional. Observar, no espaçamento trabalhado, se há plantas suficientes para manutenção de forma e seleção dos melhores indivíduos.

tas, tem-se a produção de 120 m3. Desse montante, cerca de 30% não têm condições de serem serrados; são ponteiras, galhos e madeira torta. Isso é vendido como biomassa (lenha). Já o restante, cerca de 85 m3, podem ser processados. Apesar de ser madeira jovem, mais fina e com mais tensão, é possível inserir no mercado. Não são usos tão nobres quanto se consegue com toras de 50 cm de diâmetro, mas ainda assim, temos visto preços atrativos, que conseguem pagar a colheita, o processamento e todo o investimento no plantio, sendo que este último fica em torno de R$ 18.000,00 por hectare até o 8º ano.

Viabilidade

E o lucro?

O manejo florestal mais comum entre os associados da ProCedro, quando se trata de plantios puros, sem nenhum tipo de consórcio, utiliza o espaçamento de 4 x 4 m, com 625 plantas por hectare. Nesse modelo, tem-se um desbaste inicial, entre o 2º e 3º ano, apenas para selecionar as plantas superiores que seguirão no estande. São retiradas cerca de 125 plantas, restando no estande 500 indivíduos. Apesar da uniformidade da clonagem, fatores externos, como ataque de formigas cortadeiras, replantas tardias e ventos fortes podem estragar a forma de algumas plantas, que devem ser removidas. Esse desbaste é pré-comercial, pois essa madeira é muito jovem. Em regiões onde houver déficit de madeira, esta pode ser comercializada como lenha, mas não é a realidade de hoje no País.

O lucro do empreendimento só vem mesmo no corte raso, que deve ocorrer a partir dos 15 anos, ou quando as plantas passarem de 50 cm de diâmetro (DAP). Nesse momento, o volume de madeira chega a 300 m3 por hectare. A qualidade da madeira produzida é melhor, permitindo usos mais nobres e maior valor de mercado. A receita bruta pode chegar a R$ 300.000,00 por hectare. Descontando os custos de implantação, colheita, processamento e impostos, ainda fica um resultado líquido de aproximadamente R$ 200.000,00/ha, ou R$ 12.500,00/ha/ ano, considerando o corte aos 16 anos. Sem dúvida, um resultado muito atrativo, mesmo com o longo prazo de retorno. A comercialização da madeira do cedro australiano é facilitada por sua similaridade (mecânica e visual) com o cedro rosa nativo. A maioria das empresas que procura a madeira já utiliza ou utilizou madeira de cedro nativo, e quer migrar para um produto sustentável, desde que encontre padrão e continuidade de fornecimento.

Desbaste intermediário Entre o 8º e o 10º ano, o plantio chega ao porte do desbaste intermediário. Nesse momento, considerando um incremento médio anual (IMA) de 30 m3, colhendo 50% das plan18

Ricardo Steinmetz Vilela, presidente da ProCedro e sócio-diretor da Bela Vista Florestal


PELLETS

Luize Hess

Diretoria Executiva da Brasil Biomassa Pellets Brasil

A

tecnologia da Biomassa Pellets Brasil foi projetada pelos engenheiros do Brasil e da Itália para a produção de 1,0 ton/hora de pellets (unidade básica com oito equipamentos) e de 1,6 ton/hora (unidade completa com 18 equipamentos com certificação internacional e ex-tarifário, como o sistema de moagem, peletização, resfriamento e embalagem industrial). Apresenta baixo custo industrial (40% menor em relação ao preço de uma linha de equipamentos nacionais e 60% dos equipamentos internacionais) e reduzido custo em construção civil (área total de 375 m3 e totalmente adaptável para implantação em instalações fabris) e com a facilidade de produção industrial com a utilização de matéria-prima seca (serragem, maravalha ou cavaco fino) de qualquer tipo de madeira. Resumindo, é o mais avançado sistema de produção industrial, de forma compacta e modular de pellets, ou seja, a única tecnologia industrial disponível no Brasil.

Vantagens O benefício da linha internacional de crédito da agência de fomento da Itália é que não tem juros ou encargos, com pagamento em quatro anos, sem a necessidade de garantia real,

com apenas uma avaliação básica dos documentos contábeis da empresa, com curto espaço tempo entre a contratação (90 dias), operação e funcionamento (140 dias). Há, ainda, garantia de venda pela Brasil Biomassa de toda a produção industrial para os 28 distribuidores na União Europeia e ao mercado interno (preço base R$ 580,00 ton) (cooperativas para aquecimento de grãos, frigoríficos e avicultura).

Investimento e lucro Não existe negócio semelhante no Brasil. Trata-se de um investimento baixo na linha de equipamentos industriais (financiamento em dez parcelas semestrais, com seis meses de carência) e um lucro no primeiro ano (com o pagamento de todas as despesas industriais e de equipamentos) para venda no mercado interno (R$ 4.903.775,70) e para exportação na entrega no porto (R$ 5.884.530,84), tendo um retorno líquido do investimento de 49,05%, um índice de lucratividade no primeiro ano de 6,55 para cada 1,00 investido, TIR de 48,55 aa e um pay back de retorno de todo o investimento em 1,4 ano.

maio/junho 2020

PRODUÇÃO DE PELLETS DE ÚLTIMA GERAÇÃO

19


maio/junho 2020

CAPA

20


CAPA

GUANANDI

maio/junho 2020

PODE GARANTIR RENTABILIDADE MÚLTIPLA PARA O SILVICULTOR

Tropical Flora

21


CAPA

Produto de sementes de guanandi Calophyllum brasiliense

IBF

José Geraldo Mageste jgmageste@ufu.br

Antônio Cola Zanúncio ajvzanuncio@yahoo.com Engenheiros florestais, PhD e professores – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

maio/junho 2020

Emmerson Rodrigues de Morais Professor - Instituto Federal Goiano (IFGoiano), Morrinhos (GO) emmerson.moraes@ifgoiano.edu.br

22

U

ma das primeiras “madeiras de lei” do Brasil, o guanandi possui características específicas que o tornam um ótimo empreendimento comercial, principalmente para o aproveitamento de áreas de aptidões agrícolas limitadas. Com a mudança do código florestal, é possível o seu cultivo em áreas de APP (Áreas de Preservação Permanente), que apesar de muitas das vezes possuir limitações de deslocamentos, possui o ambiente ideal para o crescimento das árvores de guanandi, mandi, pau-de-mastro e peroba vermelha (como é chamado no Triângulo Mineiro). Aos dois anos de idade, se manejado adequadamente, o guanandi já pode oferecer renda pela comercialização dos frutos para a indústria de cosméticos. Somado a isto, a espécie já tem linhas próprias de financiamento, proporcionando uma sustentabilidade econômica própria, oferecendo segurança para quem quer aprender e ser um silvicultor de verdade.

Em destaque Por incrível que pareça, os Estados da Bahia e Rio de Janeiro são os maiores produtores brasileiros de madeira desta espécie. O segundo, com algumas poucas áreas de plantio, principalmente do século passado, para recuperação de nascentes. Em Minas Gerais, o Triângulo Mineiro, principalmente a região de Uberaba, vem se destacando. Existe, ainda, grande concentração de plantio de guanandi em Goiás e Norte de São Paulo, onde os povoamentos chegam a mais de 70 mil hectares, com idades variáveis. O tamanho dos povoamentos também varia muito, de 10 a 50 hectares, em média. Somente nestes três Estados estão mais de 50% da área plantada no Brasil. Mas, existe potencial para aumento considerável na Bahia e Sul de São Paulo. Trata-se de uma madeira com muito boa aceitação.

Produção anual O volume de produção anual varia muito, tendo em vista as finalidades de demandas. Estima-se que a demanda para regiões moveleiras esteja em torno de 40 a 50 mil metros cúbicos anuais. O incremento médio anual desta espécie está em torno de 55 m3/ha/ano. As previsões otimistas dão conta de 400 a 450 m3/ha. Ainda se sabe pouco sobre as técnicas silviculturais mais adequadas para esta espécie. Grande quantidade de esforço científico é dedicado a espécies como pinus, eucalipto, seringueira e mogno.


CAPA

Demanda x oferta Espera-se um grande aumento de demanda pelo mercado interno, principalmente para a indústria naval de luxo (barcos e iates de luxo). A demanda para uso nobre está sendo descoberta agora. A cada dia o guanandi está se tornando uma madeira presente em artesanatos de luxo, como lustres, etc. O mercado externo ainda está aprendendo a trabalhar com esta espécie, principalmente o asiático e Europa ocidental. Os portugueses são grande demandantes dela. Então, o aumento da demanda dependerá muito da saúde financeira dos países compradores do Brasil. Atualmente, quase toda a nossa exportação é direcionada para o Leste asiático, que chega a consumir até 5 mil m3 ano-1.

Investimento inicial O investimento variará muito em função das características pedoclimáticas locais. Solos mais férteis reduzirão muito os investimentos em fertilizantes. Locais com boa distribuição de chuvas, mesmo no verão, facilitam o “arranque” inicial de crescimento das mudas. Muitos investidores querem procurar o pior solo da propriedade para plantar árvores. É preciso assumir que também nestes locais a produtividade é menor - não é diferente para qualquer espécie. Considerando o transporte de mudas a pelo menos 100 km de distância do local de plantio, não se justifica a aquisição de pequenas quantidades que não possam pelo menos encher um caminhão (mínimo de 8.000 mudas). O custo médio de implantação de 1,0 ha nos Estados de MG, SP e Goiás está em torno de R$ 22.000,00, isto considerando o pacote mínimo ideal de técnicas silviculturais para esta espécie, com subsolagem, adubação na cova e manutenção da vegetação concorrente até 1,5 ano de idade. Ressalta-se que as mudas são responsáveis por algo em torno de 3,5% do investimento inicial de implantação. É muito pouco, considerando as possibilidades de retorno.

Este ganho ambiental de revitalização de nascentes é incalculável.

Manejo O preparo de solo preconizado para silvicultura, de maneira geral, com uma boa ripagem (que alguns chamam de subsolagem) é de 40 a 50 cm de profundidade. Boa adubação fosfatada no fundo do sulco e adubações de cobertura com nitrogênio e potássio são recomendadas. A matocompetição deve ser evitada até o final do segundo ano, principalmente por gramíneas como a brachiária, que possui grande habilidade de “roubar” nutrientes das árvores.

Adubação Conforme dito, o guanandi não tolera solos ácidos. Então, a correção do pH ajuda na melhoria de absorção de nutrientes, além do fornecimento de cálcio e magnésio. A quantidade deverá ser em função dos resultados das análises de solo, realizados pelo menos até 50 cm de profundidade. Lembrando que o ideal é consultar sempre um engenheiro florestal. Além do mais, não existe uma “receita de bolo” que possa ser usada para diferentes sites. As demandas variam de acordo com a qualidade do mesmo.

Plantio O plantio deve ser feito preferencialmente no período chuvoso, tomando-se o cuidado de não “enterrar” o coleto das mudas. Este está sendo um erro frequente e induzindo seriamente a replantio até seis meses de idade (apesar do baixo custo das mudas). É necessário a adoção das técnicas silviculturais de podas e desbastes. Estas variam de acordo com o IMA e ICA (Incrementos médio e corrente anuais). A qualidade final da madeira é

Guanandi consorciado com palmito Juçara

Marcelo Salgueiro

A rentabilidade se inicia após o 2º ano com a comercialização de sementes. O preço é de US$ 8,00/kg. Mas, atualmente, muita semente comercializada vem de povoamentos nativos. Para os povoamentos de cultivo é preciso considerar a necessidade de deixar parte das sementes para alimentação dos pássaros, mesmo porque elas amadurecem em diferentes ocasiões. Mas, depois existem produções anuais até a época de colheita da madeira. Elas também ajudam a “espantar” as formigas cortadeiras que por acaso possam vir a desfolhar as árvores. A produção de madeira com 15 a 17 anos de idade (mais de 30 metros de altura) e DAP (Diâmetro à Altura do Peito) é maior que 60 cm. O preço da madeira no mercado nacional está em torno de R$ 2.000,00/m3 (madeira sem costaneiras, comprimento mínimo de 2,2 metros). Depois, há de ser considerado que, “se tem guanandi por perto, alguma água estará na superfície”.

maio/junho 2020

Rentabilidade

23


CAPA

função direta do uso destas técnicas. O mercado de hoje exige madeira sem nós, para painéis. A espécie guanandi já fornece madeira de boa qualidade em termos de resistência mecânica, densidade, facilidade de absorção e conservação de vernizes, grã fina, etc. Nós temos que aplicar noções de melhoramento genético para as qualidades desejáveis. É uma madeira nobre, mas que precisa ser valorizada em suas qualidades específicas.

Fitossanidade Qualquer povoamento, para ser bem-sucedido, precisa estar livre de competições. Ervas daninhas ou plantas competidoras são totalmente indesejáveis. Por isso, a ideia é a instalação de povoamentos em SAF´s ou de maior adensamento (1.666 plantas/hectare) para promoção de desbastes, retirando os indivíduos dominados e de forma indesejável. Esta tecnologia também promove sombreamento das gramíneas, exímias competidoras por nutrientes como fósforo e potássio. Não se tem observado a ocorrência de pragas específicas que venham causar danos ao povoamento de maneira sistemática. A praga mais comum é a formiga cortadeira, mas os engenheiros florestais sabem combater ou controlar esta praga

de maneira eficiente. Também não se tem registro de doenças, como o mal das folhas da seringueira. As doenças fúngicas parecem não conseguir se instalar de forma epidêmica, principalmente dada a resina que começa a ser produzida depois do segundo ano.

Rentabilidade múltipla O guanandi permite que seja aproveitada a madeira e os frutos. Às vezes as pessoas desejam que a madeira produzida do desbaste possa ser queimada, mas é um absurdo queimar esta madeira. Ela é de fácil manuseio na indústria de móveis e de grande valor econômico. Além do mais, trata-se de uma espécie muito facilmente adaptada a variações de solo. Locais onde ocorre inundação temporária proporcionam crescimento rápido e excelente cobertura, mesmo em condições sob cerrado, onde os solos costumam ser pobres em fertilidade natural. Ela se mostra uma alternativa interessante de renda e sustentabilidade ao mesmo tempo, já que seus retornos podem se iniciar após o segundo ano, com a comercialização dos frutos, muito fáceis de serem colhidos e destinados à produção de óleo para composição de cosméticos. A espécie produz uma resina muito agradável.

MERCADO DO GUANANDI

maio/junho 2020

RENTABILIDADE Sementes CUSTO U$ 8,00/kg R$ 22.000,00/ha após o 2º ano

24

FUTURO Incremento anual de até 450 m3/ha

DEMANDA 40 a 50 mil m3 anuais

VALOR Madeira no mercado R$ 2.000,00/m3


CAPA

Viveiro de mudas de guanandi

IBF

Os bancos oficiais destinaram enorme quantidade de recurso para financiamento de plantio desta espécie em muitos Estados brasileiros onde não ocorre geada. A taxa de juros é de 2% ao ano, com 16 anos para quitação. Alguns silvicultores experientes estão afirmando que é possível pagar todo o financiamento antes desta idade do povoamento. De fato, em Minas Gerais, por exemplo, é possível obter retornos precoces que confirmam esta previsão. A limitação de plantio está na aquisição de mudas de boa qualidade. Atualmente, o mercado de produção de mudas está sendo muito concorrido, dada a destinação de parte dessas para produção de cosméticos. Por outro lado, a produção de mudas por meio de clonagem ainda não está totalmente dominada.

O guanandi no Brasil e no mundo O movimento total de recursos movimentados pelo guanandi no Brasil é variável devido a dois fatores principais: distância de produção da madeira em relação aos processadores e a indústria moveleira. Uma pesquisa neste sentido precisa ser publicada levando em consideração este fator. Transportar madeira bruta é caro e dispendioso. Quando a madeira é usada para a produção de barcos (um dos principais usos desta), ela é de baixo custo. Nunca ultrapassa 25 km de transporte. Neste caso, o ganho por hectare passa de R$ 400 mil. Geralmente, as sementes não são usadas para produção de cosméticos. Além do mais, as costaneiras são muito utilizadas para artesanatos. Este tipo de uso é comum nos Estados do Espírito Santo e Bahia.

Pontos essenciais a serem levantados antes de instalar um povoamento de guanandi: Faça uma pesquisa de mercado. Levante a aceitação da madeira pelo mercado moveleiro. Observe a distância até os portos. Troque informações com aqueles que já estão no mercado. Qual o tamanho da área para se iniciar? Não comece grande demais nem tão pequeno. Aprenda tecnologias de silvicultura. Estude a possibilidade de produção escalonada. Qual a possibilidade de ocorrências de veranicos prolongados na sua região? Estude as variações climáticas regionais. Observe o comportamento climático dos últimos anos. Veja as variações de profundidade de solo ou a possiblidade de fragipans e claypans. Solos rasos não prestam para a silvicultura. Veja as demandas de qualidade de mão de obra. Tratos silviculturais mal feitos são aliados do prejuízo. O preço da madeira é de R$ 2.000,00/m3. Perdas pequenas de volumes significam duplicar o custo. Ganhos pequenos podem pagar toda a mão de obra. Onde buscar mais informações? Muitos equívocos e gastos desnecessários têm sido observados pelos novatos. Procure informações junto aos centros de Pesquisa. Tire dúvidas. Profissionais da área possuem muita experiência. Dê um passo certo e seguro. Hoje em dia é fácil conversar até com seus possíveis clientes, compradores de sementes, resina, madeira, etc. Estude suas condições locais para conhecer suas limitações.

maio/junho 2020

Linhas de financiamento

25


LEVANTAMENTO

MONITORAMENTO INTEGRADO Veracel

BAMGES

maio/junho 2020

O estudo feito em 26 áreas, incluindo locais considerados como de Áreas de Alto Valor de Conservação das empresas no Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia, registrou 313 espécies animais e 473 espécies vegetais

26

A

primeira etapa de monitoramento integrado de biodiversidade territorial em quase 900 mil hectares, sob a gestão das empresas Veracel e Suzano, trouxe resultados animadores para os pesquisadores. Foram registradas 313 espécies animais e 473 espécies vegetais, somente nesta primeira amostragem. “Encontramos uma diversidade espetacular. Acredito que teremos muitas novidades nas próximas campanhas”, comemora Virginia Londe de Camargos, coordenadora de Estratégia Ambiental e Gestão Integrada da Veracel. “Um achado”, complementa, chamou a atenção dos biólogos: a ocorrência de uma espécie vegetal ainda não conhecida pela ciência está em processo de descrição. A espécie foi registrada em uma das áreas monitoradas no Estado de Minas Gerais, em 2019. Realizada entre os meses de agosto e dezembro, a amostragem compreendeu várias Áreas de Alto Valor de Conservação (AAVCs) da Suzano e da Veracel espalhadas em três Estados

– Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais -, daí o motivo de ter sido apelidado de “monitoramento BAMGES”. O foco é em três grupos: flora, aves e mamíferos de médio e grande porte. No grupo de aves, os pesquisadores registraram 284 espécies, o que evidenciou ainda mais a dimensão de riqueza do ambiente e confirmação do potencial regional para a prática do turismo sustentável, conhecida como observação de aves, ou, em inglês, “birdwatching”.

Banco de dados Além de constatar a presença de inúmeras espécies, a base de dados será rica em informações que poderão subsidiar novas pesquisas e direcionar políticas públicas em ações de conservação ambiental. “Essa multiplicidade de informações deve ser usada por múltiplos atores. Reafirmamos a convicção de termos cada vez mais parceiros nessa jornada”, afirma Yugo Matsuda, gerente de Sustentabilidade da Suzano.


LEVANTAMENTO

Números do BAMGES Área de abrangência: 857 mil hectares; 3 Estados – BA, MG e ES; 51 Municípios; 26 áreas monitoradas: 19 Áreas de Alto Valor de Conservação (AAVC) e sete áreas em processo de validação; 22 bacias hidrográficas. Flora: 473 espécies vegetais, sendo uma nova espécie; 43 ameaçadas de extinção. Mamíferos: 29 espécies de mamíferos de médio e grande porte; 11 ameaçadas de extinção. Aves: 284 espécies de aves; 31 ameaçadas de extinção.

Gambá orelha preta Didelphis aurita

Fernando Igor de Godoi

Destaques sobre a biodiversidade

naceus), criticamente ameaçado de extinção no ES; 2. Formigueiro-de-cauda-ruiva (Myrmoderus ruficauda) – uma das áreas pode abrigar uma das últimas populações da espécie no sul da Bahia; 3. Formigueiro-da-serra (Formicivora serrana) e papagaio-do-peito-roxo (Amazona vinacea) – espécies exclusivas de áreas com florestas estacionais - matas mais secas, que perdem parte das folhas no período com menor quantidade de chuvas no ano; 4. Abriga a maioria da população existente de mutum-de-bico-vermelho (Crax blumenbachii). Mamíferos 1. Presença da onça-pintada (Panthera onca) em uma região não esperada, onde era considerada localmente extinta. Geral A região abriga redutos de espécies ameaçadas, como crejoá, jacu-estalo, urutau-de-asa-branca, pica-pau-amarelo, papagaio-do-peito-roxo, anta, bugio-marrom, macaco-prego-do-peito-amarelo e mico-leão-da-cara-dourada. Monsanto

Vegetação 1. Registro de espécie nova de planta do gênero Tocoyena (Rubiaceae) em Minas Gerais; 2. Uma das AAVC possui alta concentração de peroba amarela (Paratecoma peroba); 3. Presença de ambientes raros em ótimo estado de conservação, dado o grau de degradação regional, como muçunungas campestres, florestas de muçunungas, florestas de tabuleiro e formações rupestres. Aves 1. Presença do bacurau-da-caatinga (Nyctidromus hirundi-

maio/junho 2020

Para realizar o monitoramento nas AAVCs, a equipe de 24 pesquisadores da Casa da Floresta, consultoria responsável pelo monitoramento, utiliza binóculos, armadilhas fotográficas (câmeras trap) e softwares para análise dos dados. As AAVCs são áreas naturais, podendo ser florestas, ambientes rupestres, ou outros ecossistemas, como restingas e muçunungas, que possuem valores ambientais significativos, como proteção de bacias hidrográficas, concentração de espécies ameaçadas de extinção, áreas de uso costumeiro pelas comunidades locais, entre outros. “O monitoramento é ainda mais relevante, pois vai contribuir para a conservação em uma região ecologicamente importante, com espécies ameaçadas e endêmicas”, destaca Elson Fernandes de Lima, gerente de projetos da Casa da Floresta. A pesquisa envolve a realização de duas campanhas ao ano em cada uma das áreas: uma no período chuvoso e outra na seca. Este ciclo tem previsão de término em 2021, quando as áreas deverão ser avaliadas conjuntamente e planejadas ações de conservação da biodiversidade em escala regional.

Onça-pintada Panthera onca 27


MECANIZAÇÃO

maio/junho 2020

MINI-EQUIPAMENTOS A VERSATILIDADE PARA AS FLORESTAS Diego Weslly Ferreira do Nascimento Santos Doutor em Engenharia Agrícola e professor de Máquinas e Mecanização Agrícola - Universidade Federal de Lavras (UFLA) diegoweslley89@gmail.com

A

utilização de maquinários nas operações florestais é um processo contínuo de melhorias, com a finalidade de otimizar todas as etapas do processo de produção de madeira. Nesse sentido, a introdução das minicarregadoras e miniescavadeiras aumenta a versatilidade das operações florestais, especialmente para o pequeno e médio produtor. Os modelos mais utilizados de miniequipamentos são os de pneus, mas também existem opções com esteiras. As minicar28

regadeiras podem ser equipadas com múltiplos implementos, como caçambas, valetadeiras, perfuratrizes, roçadeiras e garfos pallets. Já na miniescavadeira podem ser instalados diversos implementos, a exemplo de garras de toras, marteletes, perfuratrizes, cabeçotes florestais e caçamba. Essas máquinas atendem as mais diversas aplicações, como colheita, movimentação de terra, carregamento e manipulação de objetos.

Vantagens A principal vantagem dessas máquinas é o tamanho reduzido, que possibilita sua movimentação em pequenos espaços de forma rápida e eficiente, proporcionando assim o aumen-


MECANIZAÇÃO

no espaço para movimentação das máquinas e solos com baixa capacidade de sustentação, sensíveis à passagem de maquinários mais pesados.

Custo O custo operacional dessas máquinas é bastante semelhante, diferindo apenas em alguns custos variáveis, como por exemplo, com combustível. Mediante isso, o custo de produção é um indicador econômico mais eficiente e preciso para ser analisado e comparado, pois é calculado mediante o quociente entre o custo operacional e produtividade dos equipamentos. Dessa forma, quanto maior a produtividade das máquinas, menor será o custo de produção. Cabe salientar que a produtividade é influenciada por diversos fatores, a exemplo das condições operacionais e habilidade do operador.

to da produtividade e, consequentemente, a redução do custo de produção. Outra vantagem é a multifuncionalidade dos equipamentos, que promove a economia de recursos e a possibilidade de direcionamento desses recursos para outras necessidades. Por fim, as minicarregadeiras e miniescavadeiras têm menor relação peso/ potência, o que aumenta a eficiência energética dessas máquinas e, consequentemente, reduz o custo de produção e emissão de gases poluentes para a atmosfera. As minicarregadeiras são empregadas principalmente em operações de movimentação de terra e sistematização de áreas. Já as miniescavadeiras são utilizadas nas operações de corte e processamento de madeira. De maneira geral, essas máquinas são excelentes para atuarem em terrenos irregulares, com peque-

Deve ser adotado um planejamento das operações e utilização de mão de obra qualificada. O planejamento das operações é essencial para os produtores, pois proporciona melhorias na qualidade do produto e serviços, minimização dos impactos ambientais, melhorias nas condições de saúde e segurança dos trabalhadores, aumento de produtividade e redução dos custos. O planejamento deve ser realizado de acordo com as peculiaridades de cada empresa, devendo ser considerados os fatores técnicos, econômicos, ambientais e sociais. A qualificação da mão de obra é um fator primordial para o sucesso das operações. Empregados qualificados requerem maiores investimentos, contudo, proporcionam agilidade na execução de tarefas, contribuem com a multiplicação de conhecimentos e propõem soluções para problemas decorrentes de processos, por isso, compensam o investimento feito. Já a mão de obra pouco qualificada aumenta a probabilidade de as atividades serem refeitas diversas vezes, ocasionando o aumento do tempo de execução da tarefa e consequente redução de produtividade.

Como evitar os erros Os erros ocorrem devido à falta de conhecimento técnico para a escolha de determinados equipamentos, o que reduz a eficiência das operações e também porque alguns produtores não adotam medidas de segurança, resultando no aumento do número de acidentes. Regras de segurança no trabalho partem de um conjunto de medidas técnicas, educativas, médicas e psicológicas adotadas para prevenir acidentes. Tais medidas visam a eliminação das condições inseguras do ambiente de trabalho e instrução e convencimento das pessoas sobre a necessidade de implantação de práticas preventivas.

maio/junho 2020

Painel Florestal

Critérios

29


RECOMENDAÇÃO

MANEJO DA MADEIRA

maio/junho 2020

PODE INTERFERIR NA RENTABILIDADE

Gustavo Castro

30


RECOMENDAÇÃO

O

objetivo principal do manejo é o cultivo e colheita de árvores de maiores diâmetros e livres de nós, num ciclo de rotação de 16 a 20 anos, para produção de madeira certificada FSC (Forest Stewardship Council), podendo ser comercializada como toras, madeira serrada bruta, aplainada, seca ou industrializada sob a forma de pisos, móveis, forros, esquadrias, portas, janelas, ou então laminada. Essas toras de primeira qualidade estão sendo produzidas em um sistema sustentável, com técnicas de cultivo mínimo do solo, que contemplam o uso restrito de agrotóxicos e o plantio de leguminosas para cobertura orgânica no solo. Para consolidar o ciclo florestal sustentável, aproveitando-se do potencial produtivo do sítio de plantio, consorciamos nossas florestas com culturas agrícolas nos primeiros anos e no manejo semi-sombreado com gado, café, juçara, dentre outras, conforme a região. Estes sistemas agrossilvipastoris possuem capacidade para custear a floresta até a colheita da madeira, além de enriquecer a terra e propiciar tratos culturais livres de agrotóxicos.

Sustentabilidade, impacto social e retorno financeiro O retorno financeiro que esperamos, sem dúvida, será no final do primeiro ciclo de 20 anos, uma vez que as receitas secundárias obtidas com desbastes e culturas agropastoris servirão para compor o fluxo de custeio ao longo dos anos, tornando o projeto economicamente sustentável. Nas nossas fazendas adotamos o sistema agrossilvipastoril com manejo de desbaste, condução de rebrotas e plantios de enriquecimento. Adotando este sistema, cria-se a possibilidade de se perpetuar a plantação florestal, tratando-a como uma floresta nativa, que se regenera e se potencializa. No vigésimo ano, as árvores dos plantios de enriquecimento estarão com 15 anos de idade; as rebrotas conduzidas dos desbastes estarão com 10 e cinco anos; as rebrotas do corte aos 20 anos estarão com 0 anos; novo plantio de enriquecimento. E assim, após a primeira rotação de 20 anos, o ciclo de corte da floresta torna-se anual e sustentável. Socialmente, estamos em uma região de baixo índice de desenvolvimento, e nossos projetos geram uma vaga de emprego direto a cada 10 hectares de plantio, em que, além do impacto social em termos de geração de renda, temos um impacto social com a introdução na região de novas culturas e novos sistemas de produção.

um maior equilíbrio em casos de intempéries climáticas, pragas e doenças, demandas do mercado e ciclos de cortes.

Espécies florestais envolvidas nesse tipo de cultivo Como espécies fundadoras temos os três mognos africanos, a teca e o jequitibá rosa. Para plantios de enriquecimento, temos o eucalipto citriodora, o guanandi, ipê roxo, jatobá, jacarandá-da-bahia e cedro. Quanto ao manejo em relação ao cultivo convencional, mudam os tratos culturais, uma migração do controle de ervas daninhas com herbicida para controle de ervas daninhas com cobertura morta, plantio de forrageiras e leguminosas. Muda também o manejo das árvores, pois não haverá corte raso na floresta, já que não é um monocultivo, e o fluxo de caixa do negócio, com antecipação dos rendimentos. Esse tipo de sistema já acontece em muitos sistemas agrossilvipastoris pelo Brasil há muitos anos, mas este manejo que falamos foi desenvolvido especificamente para a região do Vale do Ribeira (SP) e está implantado em nossas fazendas.

Investimento x retorno O investimento envolvido no nosso modelo de negócio, na implantação e manutenção do projeto até o quarto ano, gira em torno de R$ 30.000,00/ha, com tudo incluso. O retorno do investimento se inicia a partir do décimo ano, quando começa a produção da palmeira juçara e os cortes intermediários das árvores. No sistema convencional, o retorno do investimento depende exclusivamente do corte das árvores. O que devemos levar em consideração é que o corte pode ser técnico, que respeita o ciclo de produção, ou seja, pode gerar uma colheita sem valor comercial, ou corte comercial, que aproveita oportunidades comerciais, independente da idade da floresta. A taxa de retorno estimada é de 15 a 20% ao ano no ciclo de 20 anos. Consideramos o preço médio do metro cúbico serrado de R$ 2.5000,00 no mercado interno e uma expectativa de produção média de 200 m³ de madeira serrada, de primeira qualidade, por hectare. Consideramos a comercialização da polpa de juçaí a partir do décimo ano.

Vantagens desse tipo de cultivo

Atenção

As árvores tornam-se um ativo físico em crescente valorização - a cada ano que passa a árvore vale mais, e para potencializar isso ‘tentamos’ imitar a natureza, buscando um sistema orgânico de alta produtividade e diversidade de espécies. A geração de renda com os consórcios agropastoris é relevante no custeio do manejo. A diversidade de espécies garante

A implantação desse sistema de manejo depende da região do projeto: clima, solo e logística. Depende, também, da aptidão do produtor em trabalhar com florestas plantadas sustentáveis e ciclo longo, pois madeira boa cresce devagar.

maio/junho 2020

Alessandro Magalhães Boccia Ribeiro Engenheiro florestal e diretor técnico da Forte Florestal alessandro@forteflorestal.com.br

31


OPERAÇÃO

DEMARCAÇÃO PARA DESBASTE E CORTES INTERMEDIÁRIOS

Painel Florestal

maio/junho 2020

Daniel da Silva Souza Engenheiro florestal e geógrafo geocentrosul@gmail.com

32

O

s cortes intermediários são comuns durante o manejo florestal para a melhoria dos talhões. Um corte intermediário pode gerar inúmeros benefícios, tais como: ganho de estabilidade do plantio, aperfeiçoamento da estrutura do povoamento, melhoria do estado sanitário e incremento da qualidade de madeira produzida. Estes cortes podem ser classificados em quatro tipos: de limpeza, de liberação, de melhoria ou de recuperação.

Necessidade Os cortes de limpeza são realizados quando há elevada concorrência entre indivíduos desejáveis e indesejáveis (aqueles que emergem naturalmente no interior dos talhões). Prejuízos nas copas dos indivíduos desejáveis, em função da concorrência, são indícios a serem considerados para realizar a marcação dos indivíduos para o corte de limpeza. Em florestas plantadas, estes cortes ocorrem durante o crescimento inicial do povoamento. Para florestas nativas, uma das maiores vantagens está no incremento das espécies de interesse e, consequentemente, no ganho de valorização econômica da floresta.

Os cortes de limpeza podem ser conduzidos juntamente com os de liberação. O objetivo deste corte é liberar indivíduos jovens para que expressem maior crescimento. Em florestas nativas, o corte de liberação pode promover a regeneração de indivíduos de interesse comercial. Em plantios, o corte de liberação é mais comum em povoamentos mistos. Quanto aos cortes de melhoria, estes normalmente não são realizados se os cortes de limpeza e de liberação forem executados corretamente. Caso contrário, eles ocorrerão na fase posterior ao crescimento inicial e terão como finalidade o aprimoramento da composição do povoamento. Nesta intervenção silvicultural, a marcação e eliminação de indivíduos - seja da espécie de interesse ou de espécies invasoras - serão realizadas.

Objetivo Os cortes de recuperação visam a supressão de indivíduos senescentes, mortos ou danificados por patógenos ou fatores externos. Árvores doentes ou comprometidas podem ser fontes de propagação de patologia para outros indivíduos do povoamento, e por isso devem ser removidas. Os desbastes são operações de maior envergadura quando comparados aos cortes intermediários. Eles exigem amplo domínio e conhecimento para que o método de desbaste seja adequado, assim como a definição do ciclo, do peso e do grau


Métodos Para a marcação do desbaste, é necessário escolher o método que será utilizado: seletivo, sistemático ou misto. No método seletivo, as árvores são cortadas em função da sua classe de dominância ou da forma e qualidade do fuste. No método sistemático, linhas inteiras são cortadas, enquanto outras são mantidas. O método misto combina o método sistemático ao seletivo. No método seletivo é preciso atenção para não gerar pontos totalmente sem indivíduos e pontos com grande concentração de árvores. Os desbastes devem ser conduzidos com seriedade técnica e cautela. São operações que demandam custos operacionais significativos e nem sempre são acompanhadas de retornos econômicos equivalentes. É muito comum haver excessos no volume desbastado para fazer frente aos custos. Essa situação pode desestabilizar o povoamento e reduzir a produtividade final. Os desbastes também devem ser pensados antes mesmo da implantação do povoamento, pois o espaçamento escolhido pode representar mais ou menos custos durante os desbastes.

Um pelo outro A marcação dos desbastes deve ser coerente com o método escolhido. O mais comum é que as árvores a serem retiradas sejam marcadas em função do diâmetro limite de corte (definido no plano de manejo) ou da classe de dominância. A vitalidade e a sanidade, assim como a qualidade e forma do fuste também são critérios considerados para marcar árvores que serão retiradas. A distribuição espacial das árvores é muito importante e deve ser observada durante a marcação. Em campo, a marcação pode ser feita com tinta líquida ou spray, dando preferência para cores vivas e fortes. Fitas também podem ser utilizadas, mas a marcação por tinta ou spray tem apresentado melhor rendimento.

BAGAÇO DE CANA ALTERNATIVA PARA GERAR ENERGIA

A

competitividade da indústria brasileira está fortemente correlacionada ao custo de um dos seus principais insumos: a energia elétrica. No setor de celulose, as plantas industriais são capazes de produzir toda a energia necessária ao processo fabril, disponibilizando o excedente para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Com licença para exportar 27 megawatts para o SIN, a Veracel Celulose passou a ver esse mercado livre como oportunidade de diversificação dos negócios e investiu em ações internas para ampliar a produção de energia. “Essa é uma relevante fonte de receita para a empresa”, diz Melissa Pimenta, assistente técnica da área de Recuperação e Utilidades da empresa. Localizada no Nordeste, a Veracel deu início às pesquisas internas, explorando novas fontes, além das que já são utilizadas pelo setor de modo geral. Até o ano passado, a geração de energia era feita a partir da queima do lodo primário (resíduo da produção de celulose), madeira inservível (tora de eucalipto desclassificada como madeira de processo) e ainda a biomassa gerada internamente na picagem da madeira de processo (cascas, “overs e finos”). No último ano, a quantidade de madeira inservível reduziu e isso motivou a equipe a procurar alternativas que não impactassem nos custos nem no processo de produção. O bagaço de cana, utilizado também em usinas de açúcar, foi o primeiro combustível pesquisado. “Foi uma aplicação totalmente inovadora. Não temos conhecimento de outra empresa do setor que tenha feito isso”, conta Melissa. Os estudos deram certo e a preocupação da equipe passou a ser o volume do bagaço que poderia ser queimado diariamente na caldeira. “Em 2018, a receita virou um mix composto por de 6% de bagaço de cana, 38% de inservíveis, 1% de lodo primário e 54% de biomassa gerada internamente”, revela. Esse mix de combustíveis para geração de energia possibilitou à Veracel a venda de 13 MW para o mercado nacional no ano passado.

maio/junho 2020

de desbaste a ser conduzido no povoamento. Antes do desbaste é preciso classificar as árvores em dominantes, co-dominantes, subdominantes ou dominadas. Essa classificação é imprescindível, dependendo do método de desbaste escolhido. Árvores dominantes são as maiores e recebem iluminação solar direta na parte apical e em nas partes adjacentes. As co-dominantes são imediatamente menores que as dominantes e recebem iluminação solar apenas em parte da composição apical. As laterais destas árvores recebem pouca iluminação direta. As subdominantes apresentam dimensões ainda menores e recebem iluminação solar direta apenas nas extremidades da copa. Já as dominadas não recebem luz solar em nenhuma parte de sua estrutura.

Veracel Celulose

ENERGIA

33


Edson Luiz Furtado

DOENÇA

maio/junho 2020

MAL-DAS-FOLHAS DA SERINGUEIRA TODO CUIDADO É POUCO

Tais Santo Dadazio Engenheira agrônoma, doutora em Proteção de plantas e professora de Fitopatologia - FIB e Unisalesiano tais.dadazio@hotmail.com Roque de Carvalho Dias Engenheiro agrônomo, mestre em Proteção de Plantas e doutorando em Agronomia - UNESP/FCA roquediasagro@gmail.com

Leandro Tropaldi Engenheiro agrônomo, mestre em Agricultura, doutor em Proteção de Plantas e professor de Plantas Daninhas – UNESPDracena l.tropaldi@unesp.br 34

A

seringueira (Hevea brasiliensis) pertence à família Euphorbiaceae, e é uma espécie florestal nativa da região Amazônica que apresenta importância econômica mundial, por ser a principal fonte de borracha. Também denominado como mal-sul-americano e queima-das-folhas, é considerada a doença mais grave da cultura, cuja ocorrência é restrita apenas ao continente americano. Nos países asiáticos, devido às cultivares utilizadas serem todas suscetíveis e o clima altamente favorável, a doença é tratada como assunto de segurança nacional. Todo cuidado é pouco, uma vez que o fungo é altamente agressivo, de difícil controle e de fácil disseminação na área, es-


DOENÇA

Sintomas e prejuízos O mal-das-folhas é causado pelo fungo Microcyclus ulei, um parasita específico do gênero Hevea. A doença tem início quando os esporos (estrutura reprodutiva) do fungo se depositam nas folhas novas. Para que ocorra a infecção, são necessárias pelo menos oito horas de orvalho contínuo, e os esporos penetram diretamente a cutícula. No caso de água da chuva, como esta escorre rapidamente, leva os esporos para as partes baixas da copa e para o solo, desfavorecendo a doença. Posteriormente, o fungo se espalha no campo por meio de respingos de chuva e por vento a curtas e longas distâncias. Inicialmente, os sintomas surgem na face inferior da folha, com pequenas manchas necróticas circulares, nas quais há intensa reprodução do fungo, que se manifesta na forma de esporos de aspecto aveludado e coloração verde escura. Quando a doença se manifesta em condições favoráveis, as lesões se unem e recobrem boa parte da folha, causando necrose e queda do mesmo. A seringueira ainda consegue emitir novas brotações, no entanto, se a desfolha continuar, ocorrem como prejuízos: atraso no crescimento, redução na produção de látex, seca descendente e morte das plantas. Nessas condições, observam-se lesões em ramos, pecíolos e frutos jovens. Além disso, quando os folíolos suscetíveis são infectados até 12 dias de idade até o início da maturação, eles não caem prematuramente e assim, contribuem para a continuidade da doença. Já quando as condições não são favoráveis ou os folíolos são mais velhos, os danos são menores, pois não ocorre queda dos mesmos.

Incidência A doença pode ocorrer o ano todo e pode atingir viveiros, jardins clonais e plantio industrial. Nos viveiros e jardins clonais, a doença pode ter alta incidência, reduzindo a porcentagem de plantas em condições de serem enxertadas. Além disso, plantas desfolhadas não soltam a casca, inviabilizando a enxertia. Geralmente a doença se mostra mais agressiva em seringais suscetíveis, em locais de baixada, mal drenados e úmidos, com orvalhos prolongados. Outros fatores ainda podem contribuir para que ocorram epidemias no campo, como a severidade do patógeno, a suscetibilidade da seringueira à doença, presença de inóculo na área, localização topográfica do plantio e do período de troca das folhas. Vale ressaltar que a desfolha sempre é maior em regiões de baixada. Quando ocorre uma desfolha de 75%, a redução na produção de látex é em torno de 30% (Ferreira, 1989). Quase todo o território paulista e mineiro, bem como par-

tes do Estado de Goiás, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro se mostram impróprias para as graves epidemias do mal-das-folhas.

Práticas eficientes Em relação ao manejo, existem práticas preventivas, como, por exemplo, o plantio em locais desfavoráveis (zonas de escape) e uso de clones de copa resistentes. Enquanto as medidas curativas, como aplicação de fungicidas, são mais comuns em viveiros, jardins clonais e plantas que irão receber a segunda enxertia, não é recomendado o controle químico em plantas adultas, visto que é uma prática economicamente inviável. As zonas de escape são áreas que se apresentam desfavoráveis ao desenvolvimento do patógeno. Isso porque apresentam estação seca bem definida, na época de troca de folhas das plantas, sem risco que se tenham epidemias. Como exemplo, o Planalto de São Paulo, o Sul de Mato Grosso, Nordeste de Mato Grosso do Sul, Noroeste de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e o Sul do Maranhão são áreas em que há condições desfavoráveis e, embora possa ocorrer a doença, não teremos epidemias. Já nas demais regiões que apresentam condições favoráveis ao desenvolvimento da doença, deve-se dar preferência ao plantio de clones resistentes de H. brasiliensis, que apresentam uma troca de folhas uniforme, o que normalmente coincide com o período seco e temperaturas mais baixas. Por outro lado, os clones híbridos provenientes do cruzamento de H. brasiliensis e H. benthamiana devem ser evitados, uma vez que apresentam a troca de folhas de maneira desuniforme, e assim, não permitem a quebra do ciclo do patógeno. Em regiões altamente favoráveis ao desenvolvimento da doença, como é o caso da região Amazônica, que apresenta longos períodos de molhamento foliar e altas temperaturas, o uso de clones resistentes com trocas uniformes de folhas não é suficiente para garantir o controle da doença. Nesses casos, o plantio deve ser feito com a enxertia de copa, que se mostra altamente resistente ao mal-das-folhas. Para tal, utiliza-se um porta-enxerto vigoroso e rústico, em um primeiro enxerto com clone produtivo, que resultará em segundo enxerto de um clone resistente.

Controle químico Como dito, o controle químico é utilizado com maior frequência em viveiros e jardins clonais, e pode ser feito com uma mistura de produtos como Propiconazole e Manzate ou Mancozeb, ou Daconil BR e ainda Chlorothalonil. Recomenda-se que os fungicidas do grupo dos triazóis seja utilizado em mistura com fungicidas protetores, para evitar o aparecimento de raças resistentes. Embora haja um alto custo nos seringais adultos, as aplicações podem ser realizadas no período de reenfolhamento das árvores até que as folhas atinjam a maturidade.

maio/junho 2020

pecialmente em regiões com condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento da doença, UR 90%, no entanto, de acordo com zoneamento agroclimático para o desenvolvimento da doença no País, realizado pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), há uma vasta área potencial para o desenvolvimento da seringueira, sem risco de epidemias, visto que há estações secas bem definidas.

35


PRAGA

MANEJO BIOLÓGICO EFICIÊNCIA CONTRA O PSILÍDEO-DE-CONCHA

Flavia Galvan Tedesco Engenheira florestal e doutoranda em Proteção de Plantas UNESP/FCA flaviagtedesco@gmail.com

maio/junho 2020

Jéssica Emiliane Rodrigues Gorri gorrijer@gmail.com

Roque de Carvalho Dias roquediasagro@gmail.com Engenheiros agrônomos e doutorandos em Proteção de Plantas - UNESP/FCA Diego Arcanjo do Nascimento Engenheiro florestal e doutorando em Ciência Florestal UNESP/FCA diegoacj22@gmail.com

O

psilídeo-de-concha Glycaspis brimblecombei (Hemiptera: Aphalaridae) é de origem australiana, e foi relatado pela primeira vez no Brasil em 2003, no Estado de São Paulo. Trata-se de um inseto sugador, que causa grandes prejuízos à cultura do eucalipto, como desfolha, fumagina e seca dos ponteiros. Ainda hoje o psilídeo-de-concha é considerado uma das

36

principais pragas exóticas do eucalipto no País. Os adultos têm coloração variando entre cinza-alaranjada e amarelo-esverdeada. As ninfas possuem coloração amarelada e ficam protegidas por uma concha branca, que justifica o nome popular de psilídeo-de-concha.

Manejo O controle biológico com Psyllaephagus bliteus (Hymenoptera: Encyrtidae) para controle do psilídeo-de-concha é adotado em muitos países onde existe a presença da praga. A presença deste parasitoide primário foi detectada no País logo após a identificação da praga. Estudos realizados em 2007 afirmam que com liberações frequentes do parasitoide em áreas infestadas por psilídeo-de-concha, a porcentagem de parasitismo pode aumentar, principalmente em meses com temperaturas mais amenas, conseguindo porcentagens de parasitismo de 73 e 79% em temperaturas de 22,73 e 26,16°C, respectivamente.

Prejuízos Os psilídeos possuem preferência por folhas novas e bro-


PRAGA

de um monitoramento adequado. No Brasil, todas as empresas florestais utilizam um sistema de monitoramento para pragas, e o psilídeo-de-concha é uma delas. Cada empresa adota seu próprio sistema de monitoramento, mas o princípio de todas é basicamente o mesmo, com a utilização de armadilhas adesivas amarelas. Estas armadilhas possuem dimensões de 10 × 12 cm, as quais são instaladas a 1,5 m do solo entre árvores. Uma armadilha é utilizada para cada 200 ha (variando de acordo com cada empresa), sendo que estas permanecem no campo cerca de 30 dias. Após, são retiradas, plastificadas e enviadas para análise, onde serão realizadas contagens tanto do inseto-praga quanto do seu inimigo natural.

Técnicas e produtos inovadores No Brasil, diferentes formas de manejo podem ser adotadas para o controle do psilídeo-de-concha, dentre eles o controle químico e controle biológico com Psyllaephagus bliteus, fungos entomopatogênicos, ou ainda com a utilização percevejos predadores.

tação ao se alimentarem, os quais sugam a seiva dessas estruturas. Altas infestações deste inseto podem ocasionar redução da área foliar, com consequente diminuição na atividade fotossintética das plantas, afetando o desenvolvimento e a produção. Esta espécie caracteriza-se, ainda, pelo descoloramento das folhas e típico secamento dos ponteiros. Além dos danos diretos causados pelo psilídeo, as plantas tornam-se suscetíveis a outros fatores, como: estresses nutricionais, doenças e ataque de pragas secundárias, sendo que os excrementos liberados pelo psilídeo, “honeydew”, podem atrair fungos saprófitas que também irão comprometer a produção de fotossíntese da planta. De acordo com alguns estudos, em espécies consideradas suscetíveis ao ataque de psilídeos, altas infestações podem levar à morte das plantas. Estima-se que pode chegar a 15% de mortalidade de plantas no primeiro ano e até 40% no segundo ano, se não adotadas medidas prévias de controle.

Manejo adequado O manejo adequado para se evitar problemas com o psilídeo-de-concha em plantios de eucalipto se dá pela realização

De acordo com o Ministério da Agricultura, no Brasil existem três inseticidas químicos liberados para o controle de psilídeo-de-concha, sendo um neonicotinoide, um éter difenílico e um neonicotinoide + piretroide. Inseticidas de contato não são utilizados para controle deste inseto, pois, devido à concha que formam para sua proteção, os produtos só terão efeito sobre ninfas que estiverem fora da concha e adultos. Como o Brasil apresenta grandes maciços florestais de eucalipto, o controle químico do psilídeo-de-concha se torna quase que impraticável devido ao seu alto custo, baixa eficiência e também por ir contra as certificações florestais.

Controle biológico A utilização do controle biológico clássico tem sido a forma mais empregada em todo o mundo para o controle do psilídeo-de-concha, este realizado por meio do parasitoide de ninfas Psyllaephagus bliteus. Trata-se de um inseto muito pequeno, de coloração verde metálica, em que as fêmeas geralmente são maiores que os machos, sendo estes identificados por suas antenas com 10 segmentos de coloração amarelada e as fêmeas por 12 segmentos de coloração marrom. Este inseto promove o controle de psilídeo-de-concha na fase ninfal, ovipositando de um a quatro ovos por ninfa entre o tórax e o abdômen. As ninfas de psilídeo parasitadas podem estar em segundo, terceiro ou quarto instar, mas o desenvolvimento do parasitoide irá ocorrer apenas quando o hospedeiro atingir o quarto ou quinto instar. O percevejo predador Atopozelus opsimus (Hemiptera: Reduviidae) também é visto como uma das formas de controle biológico do psilídeo-de-concha, pois consegue predar tanto ninfas quanto adultos do psilídeo. Para se alimentar da fase ninfal, o percevejo utiliza seu rostro como alavanca para retirar a concha e poder inserir seu estilete na ninfa.

maio/junho 2020

Fotos Dalva Luiz de Queiroz

Controle químico

37


PRAGA

Folhas de Vassobia breviflora com imaturos de psilídeos

ESTIMATIVAS PARA COMBATER

CUSTOS ENVOLVIDOS

ESTIMATIVAS PARA PREVENIR/MONITORAR 1) Armadilha adesiva amarela: Caixa comercial com sete plaquetas (10 x 7,5 cm): 1 armadilha/200 ha Estimativa de monitor e colaborador de campo (severidade, distribuição, presença ou não da praga) a cada 30 dias.

maio/junho 2020

*Custo de controle = em torno de R$ 8,02/ha

A média da alimentação deste percevejo é de 7,0 adultos e 6,0 ninfas, em um consumo médio de 13 indivíduos entre ninfas e adultos. Alguns estudos com controle microbiano a partir de fungos entomopatogênicos também estão sendo realizados para o controle do psilídeo-de-concha, sendo estes previamente testados em laboratório. Os fungos que apresentaram melhores resultados no controle foram Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae.

Direto ao ponto Os erros mais frequentes, quando se trata de controle de psilídeo-de-concha são: Não realizar monitoramento; Aplicação de inseticidas de contato; Aplicação de químicos em épocas chuvosas; Aplicação de fungos entomopatogênicos em épocas secas; Liberação de parasitoides quando ainda se tem apenas adultos do psilídeo em campo.

38

1) Controle químico Grupo químico dos inseticidas sintéticos registrados para a praga: Neonicotinoides + Piretroide Neonicotinoide Éter Difenílico Realizar aplicação no início do desenvolvimento e surgimento da praga na cultura. Realizar no máximo três aplicações, caso seja necessário. Volume de calda para aplicação: 10 a 30 L/ ha, dependendo da tecnologia de aplicação empregada. *Custo de controle = em torno de R$ 85,00/ha. 2) Controle biológico Fungos entomopatogênicos: Beauveria bassiana (produto comercial) 4,0 kg/ha + 6,0 kg/ha de talco (5,0 x 108 conídios/g) (via polvilhamento) Aplicações com intervalo de 30 dias, de uma a três aplicações. Aplicar no início da infestação. *Custo de controle = em torno de R$ 400/ha

Como evitar Determinações rápidas e precisas dos níveis populacionais do inseto-praga são necessárias e fundamentais. Quando não efetuado corretamente e com a frequência adequada, podem existir riscos na tomada de decisão, a qual pode ser interpretada erroneamente, aplicando-se de forma equivocada ou até mesmo dispensando-a em um momento necessário. Para se determinar o momento correto, a forma ideal é monitorar a área, usando níveis de limiar econômico para a tomada de decisão. O plantio de espécies resistentes ao ataque de psilídeo-de-concha também pode ser uma alternativa. A resistência de plantas hoje vem se destacando e ganhando espaço quando se tratam de espécies resistentes e um determinado inseto-praga. A resistência busca espécies que sejam resistentes ou tolerantes a estes insetos, fazendo com que os danos não sejam tão sentidos pelo indivíduo e que este não seja prejudicado em crescimento e incremento.




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.