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Quiabo de coloração bordô
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ISSN 2359-5310 - Edição 181 - Julho 2020
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mercado vem mudando, e com ele a exigência por produtos diferenciados e especialmente saborosos, em se tratando de alimentos. Quiabos com coloração do vermelho ao azul intenso, em destaque o bordô, possuem o pigmento antocianina, uma classe dos flavonoides que contribui significativamente com ação antioxidante, ou seja, com efeito protetor e preventivo no organismo humano. Seu potencial antioxidante pode chegar ao dobro dos antioxidantes comerciais, como a vitamina E. Em nossa matéria de capa vamos apontar que alimentos com essa ação, além de possuírem a função nutricional para o corpo, oferecem outros benefícios, por conterem substâncias bioativas que atuam como promotoras da saúde e estão associadas à diminuição dos riscos de desenvolvimento de doenças crônicas. No campo, a escolha de materiais vegetais mais produtivos e uniformes também deve estar associada às características de genótipos que permitam maior qualidade nutricional. Dessa forma, novas cultivares vêm transformando o mercado consumidor, devido à demanda por cultivares mais atrativas de cores e texturas diferenciadas que possuem apelo nutricional para uma população interessada em alimentação saudável. Contudo, permitem a elaboração de pratos mais refinados, da alta gastronomia, sendo encontrados nas principais redes de restaurantes, principalmente em grandes centros urbanos. Saboroso? Sim. Produtivo? Também. Veja como agregar ao seu mercado, investindo em materiais que realmente fazem a diferença no campo. Tenha uma excelente leitura! Miriam Lins Oliveira Editora
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Assistente Comercial
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A Revista Campo & Negócios Hortifrúti é imparcial em relação ao seu conteúdo agronômico. Os textos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.
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NESTA EDIÇÃO
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Enxertia é opção contra salinização
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Detalhes do manejo de tomate em vaso
Nutrirrigação otimiza produtividade de tomate
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Quiabo bordô
ATENDE ALTA GASTRONOMIA
Multiplicação de bactérias on farm
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compensam?
Telados melhoram absorção dos nutrientes
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Regiões frias - como cultivar tomate
18 Adubação verde e seus benefícios 20 Ácidos húmicos em batata –
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Vantagens da espuma fenólica para as mudas
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Algas evitam super brotamento em alho
Produção de mudas de citros em hidroponia
34 Alerta para podridão branca 36 Aminoácidos - essencialidade
para a cebola
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Aprendendo com a agricultura orgânica
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Como alcançar alta produtividade em batata-doce
Novos híbridos de pimentão para o campo
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Informe Técnico – Melão
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Produção de uvas sob cobertura plástica
Fertilizantes organominerais em cenoura
Benefícios do silício para a alface
71 Tecnologia - vinhos no Cerrado 72 Nanossensor monitora e rastreia
as frutas
Participantes da Live
AMVAC DO BRASIL CELEBRA 20 ANOS
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m 9 de junho, a AMVAC do Brasil, companhia diversificada de insumos agrícolas que oferece o Portfólio 3P de Soluções: Performance, Proteção e Produção com as linhas Crop Production e Crop Protection, celebrou 20 anos. Para comemorar a data, a empresa realizou em 15 de junho a Live Super Talk Show Expertise. O encontro virtual foi comandado pelo CEO da empresa, Thomas Britze, que realizou um bate-papo descontraído sobre gestão de crise, estratégia, alta performance, mudança, cultura nas empresas e o mundo pós-Covid-19 com mentes brilhantes do mundo dos negócios e do esporte. A ação foi transmitida em todas as redes sociais da empresa e está disponível no canal da empresa no Youtube. Participaram do evento José Salibi Neto, cofundador da HSM, coautor de best-sellers (“Gestão do Amanhã”, “O Novo Código da Cultura” e “O Algoritmo da Vitória”), palestrante, consultor e mentor de gestão e inovação; Sandro Magaldi, coautor dos best-sellers “Gestão do Amanhã” e “O Novo Código da Cultura” e cofundador do meuSucesso.com; Dobson Ferreira Borges, professor, autor de “Como vencer a Crise”, consultor em estratégia e fundador da empresa Domani; Marcelo de Elias, fundador da Universidade da Mudança, especialista em gestão de mudan-
ças e inovação e professor; e Paulo André Jukoski da Silva, conhecido como “Paulão do Vôlei”, ex-jogador da seleção brasileira de vôlei e campeão olímpico, além do público com questões para os debatedores.
A valorização dos insights e a importância do foco mental O primeiro ponto abordado pelo grupo foi relacionado aos aprendizados com a Covid-19. “Acredito que tirar as pessoas da zona de conforto está sendo a primeira grande lição desta pandemia. Antes tínhamos a era da informação, quem a detinha tinha o poder; depois chegou a era do conhecimento, quem o tinha, detinha o poder. E há alguns anos estamos vivendo a terceira era, que é a dos insights. Hoje, vemos bem isso, a pandemia mostrou que trabalhar a área da conexão, criatividade e inovação tem sido o grande salto das empresas que têm se destacado”, afirma Dobson Ferreira. Segundo o ex-jogador de vôlei Paulão, o foco mental também é importante neste momento. “A pandemia está mostrando a coletividade, que somos todos iguais. Muitas vezes, para sair do aperto temos que olhar para trás e ver o que já fizemos. Temos que nos apegar ao sofrimento e lutar por tudo que fizemos. Sem sofrimento não vamos a lugar ne-
nhum. O foco é essencial em períodos como este que estamos vivendo”.
Como despertar a mudança? Existe um conceito que diz que durante as mudanças haverá pessoas que vão adotar e aquelas que resistirão. “Para começar a mudança, temos que trazer o sentimento de urgência dela, fazendo entender que é o caminho em um mundo de disrupção”, ressalta Marcelo de Elias, que complementa: “a alteração é um processo, não um momento”. De acordo com José Salibi, a estratégia das companhias deve ser revisitada constantemente. Não existe mais a estratégia de longo prazo. Agora ela é de poucos meses. “Estamos vivendo o mundo de ideias, os insights. As pessoas irão aprender mais com quem faz do que com quem pensa”. As ações de transformação, como home office, telemedicina e educação à distância vieram para ficar. “O que acontece é que possivelmente não serão com a intensidade que já está acontecendo. Encontraremos uma nova perspectiva. O mundo de três meses ficou para trás”, aponta Sandro Magaldi. Durante a live, Magaldi abordou a evolução do agronegócio. “A tecnologia no agro já vem evoluindo há muito tempo. Ela vem com a internet das coisas e a inteligência artificial. Temos quatro fases de desenvolvimento, estamos na primeira e só está começando. Um exemplo é o uso de inteligência artificial para acelerar a produtividade. Por fim, Thomas Britze agradeceu a participação de todos os internautas e dos participantes e destacou que a AMVAC do Brasil em breve lançará o SIMPAS, uma tecnologia disruptiva que se encaixa muito bem à ambição de produzir mais e melhor.
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Fotos Amvac
COMEMORAÇÃO
Equipe da Amvac
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SOLUÇÃO
ENXERTIA ALTERNATIVA CONTRA SALINIZAÇÃO
Ronaldo Machado Junior Engenheiro agrônomo, mestre em Fitotecnia e doutorando em Genética e Melhoramento - UFV ronaldo.juniior@ufv.br
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enxertia é um método de propagação que se baseia na fusão de tecidos de duas plantas diferentes, com o objetivo de explorar propriedades desejáveis de cada uma. O porta-enxerto, parte inferior do caule, tem as funções de absorver água e nutrientes minerais, além de oferecer suporte à planta enxertada. O segmento acima do ponto de enxertia é chamado de enxerto, parte que produz frutos comerciais. A nova planta formada pela enxertia associa em uma só planta as características desejáveis das duas plantas usadas. Dessa forma, a enxertia pode ser uma excelente ferramenta para lidar com a salinização nos cultivos de hortaliças. A utilização de mudas enxertadas que combinam porta-enxertos tolerantes à salinidade e enxertos com alto potencial produtivo e resistência a pragas e doenças viabiliza altas produtividades, com alta qualidade, mesmo nessas condições adversas.
Desafio O aumento da salinidade do solo pode reduzir e até impedir o crescimento e desenvolvimento das plantas. A salinidade é muito comum em ambientes protegidos devido à baixa lixiviação e à alta aplicação de fertilizantes. Nessas condições, a absorção de água pelas raízes é reduzida devido ao baixo potencial osmótico da solução do solo, cau-
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Antônio Ismael Cardoso
Herika Paula Pessoa Engenheira agrônoma, mestra e doutoranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV) herika.paula@ufv.br
sando, portanto, uma redução da condutância hidráulica das raízes. O uso de porta-enxertos tolerantes à salinidade já tem se mostrado uma estratégia efetiva em diversas culturas, como pepino, melancia, melão, pimentão e tomate. Embora os mecanismos que condicionam a tolerância dos porta-enxertos à salinidade ainda não seja completamente conhecidos, porta-enxertos tolerantes, em geral, diminuem a concentração de Na+ nas folhas e frutos, aumentam a concentração de K+ nas folhas, melhoram a eficiência fotossintética, atrasam a fotoinibição, aumentam a concentração de enzimas antioxidantes e a absorção de nitrogênio e atividade das enzimas que participam do ciclo de assimilação do N.
Benefícios Um dos principais efeitos da salinidade é o estresse osmótico provocado pela alta concentração de sais no solo. Nessas condições, o potencial osmótico da solução do solo é drasticamente reduzido, o que limita a absorção de água pelas plantas. Tendo em vista que a água é essen-
cial em inúmeros processos metabólicos, nessa condição o crescimento, desenvolvimento e, consequentemente, a produtividade é drasticamente afetada. Além disso, em condições salinas a alta concentração de íons como cloro, sódio e boro também exerce influência negativa sobre processos fisiológicos da planta, assim como a salinidade, de forma indireta, por meio das altas concentrações de sódio e outros cátions, os quais competem com nutrientes essenciais para as plantas para serem absorvidos, e assim geram problemas nutricionais nas plantas, comprometendo seu crescimento e desenvolvimento. Dessa forma, a utilização de porta-enxertos tolerantes à salinidade reduz os efeitos prejudiciais dessa condição ambiental, permitindo que o agricultor alcance produtividades razoáveis e com bom padrão comercial, mesmo em solos salinizados.
Manejo Para implementar a utilização de mudas enxertadas visando tolerância à salinidade, é muito importante que o produtor se atente a alguns detalhes. O ideal é
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que se escolha como enxerto uma variedade comercial com a maior quantidade de características desejáveis possível, como alta produtividade, boa qualidade de frutos, resistência a pragas e doenças, dentre outras. O porta-enxerto, por sua vez, além da tolerância à salinidade deve apresentar boa resistência aos patógenos do solo; vigor e rusticidade; boa afinidade com a cultivar enxertada; condições morfológicas ótimas para a realização da enxertia; e não afetar desfavoravelmente a qualidade dos frutos. A enxertia pode ser realizada de diferentes maneiras, utilizando técnicas como a encostia, a borbulhia e a garfagem. A depender da espécie vegetal, essas técnicas apresentam variações. Contudo, independente da modalidade de enxertia empregada, o sucesso dessa técnica depende da coincidência entre os tecidos próximos ao câmbio vascular, que gera o calo ou cicatriz, e que haja compatibilidade entre o enxerto e o porta-enxerto.
Relação com a produtividade Uma vez que a salinidade reduz o crescimento e desenvolvimento das plantas, acarretando em perdas de produtividade e inclusive inviabilização de áreas para o cultivo, a utilização da enxertia com porta-enxertos tolerantes a esse estresse é bastante promissora. Em ambientes salinizados, ao se comparar a produtividade alcançada com a
utilização de mudas não enxertadas x mudas enxertadas tolerantes à salinidade, verifica-se não só aumento em volume produzido, como também de qualidade dos produtos.
Etapas do processo de enxertia
Solução Os erros mais frequentemente estão na escolha incorreta dos materiais que serão utilizados como porta-enxerto e enxerto, e nas operações de enxertia e pós-enxertia desses materiais. Caso o porta-enxerto e enxerto não sejam compatíveis ou não apresentem morfologia adequada para garantir que a cicatrização e união dos tecidos vasculares seja adequada, o investimento do produtor em sementes terá sido em vão. Por outro lado, se as operações de enxertia e pós-enxertia não forem realizadas de forma adequada, a taxa de pegamento será muito baixa, o que inviabilizará financeiramente a utilização da técnica. Esses erros são facilmente evitados com a consultoria de engenheiro agrônomo capacitado para trabalhar com enxertia na cultura desejada. Esse profissional poderá atuar não somente auxiliando na escolha dos materiais que serão utilizados como enxerto e porta-enxerto, mas também é apto para capacitar a equipe que realizará as operações de enxertia e pós-enxertia a fim de garantir que essas sejam realizadas de maneira adequada e nas condições ideais para o local.
cessários insumos adicionais, como clips de enxertia, fitas, tesouras e canivete de enxertia. Apesar do maior custo de produção ou aquisição de mudas enxertadas, as mesmas apresentam grandes benefícios. Além de viabilizar a produção em áreas salinizadas, com a escolha adequada de enxerto e porta-enxerto, é possível atingir maiores produtividades e qualidade de frutos, resistência a doenças, plantas com raízes mais vigorosas que permitem melhor absorção de água e nutrientes, menor gasto com defensivos, entre outros benefícios à lavoura.
Fotos Weber Velho
A produção de mudas enxertadas apresenta um custo superior ao das mudas tradicionais. Esse custo está relacionado a diversos fatores, como a utilização de duas sementes para cada muda produzida, a necessidade de utilização de mão de obra qualificada para realizar os enxertos, maior tempo de viveiro, uma vez que após enxertadas as mudas precisam passar pelo processo de cura. Além disso, o ambiente para produção das mudas enxertadas precisa possuir condições de umidade, temperatura e luminosidade controladas para aclimatar as mudas, e são ne-
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Investimento x retorno
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VASO
DETALHES DO MANEJO DE TOMATE EM VASO Mariane Gonçalves Ferreira Copati marianegonferreira@gmail.com Manoel Nelson de Castro Filho manoel.nelson@ufv.br
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Felipe de Oliveira Dias felipedeoliveiradias@gmail.com Engenheiros agrônomos e doutorandos em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
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entre as hortaliças mais cultivadas em vasos em ambiente protegido, destaca-se o tomateiro. Isso se deve, principalmente, à elevação da capacidade produtiva da cultura, especialmente na entressafra; melhor qualidade dos produtos; menor incidência de pragas e doenças; melhor aproveitamento do uso dos insumos e possibilidade do cultivo em locais com solos de baixa fertilidade, salinos ou infestados com alguma doença com potencial de destruição da cultura. O cultivo em vasos em ambiente protegido proporciona maior proteção das plantas contra os fatores climáticos indesejáveis, o que diminui os riscos de produção. Ademais, é possível obter redu-
ção no consumo de água pela cultura e de aplicação de defensivos químicos, comparado ao sistema de plantio em campo aberto. A adoção dessa tecnologia é extremamente vantajosa para o produtor por facilitar o manejo da cultura, agregar maior valor comercial aos produtos e, consequentemente, aumentar a lucratividade.
Opções Apesar das vantagens citadas anteriormente, nesse sistema de cultivo deve-se ter cuidado especial com a escolha do substrato, o qual deve ter alta capacidade de retenção de água, possibilitar boa aeração, ser inerte, com baixa salinidade, ausência de patógenos, baixo custo e estar facilmente disponível no mercado. Dentre os substratos mais utilizados podemos citar a areia, fibra de coco e os comerciais, os quais apresentam proporções de turfa, vermiculita, casca de arroz, casca de pinus, fibra de coco, etc. A areia apresenta como vantagem o baixo custo, a possibilidade de reutilização
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e de ser inerte. Sua desvantagem está relacionada com a baixa retenção de água e a facilidade de aquecimento. A fibra de coco é um material leve, parcialmente inerte, livre de patógenos, no entanto, apresenta alto custo e difícil desinfecção. Os substratos comerciais são livres de patógenos e possibilitam a mistura de acordo com a necessidade do produtor, porém, o manejo da adubação é mais difícil por conter e/ou reter nutrientes.
Vasos A escolha dos vasos também é um ponto importante para o sucesso da lavoura. Recipientes pequenos podem limitar o desenvolvimento radicular, e assim comprometer o crescimento das plantas. Por outro lado, recipientes grandes podem gerar custos adicionais com substratos, fertilizantes e água na irrigação. Geralmente, no cultivo do tomateiro em ambiente protegido utilizam-se vasos de oito litros, entretanto, diferentes respostas são relatadas acerca do tamanho ideal. Alguns autores verifica-
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Weber Velho
ram incrementos em produtividade, outros observaram efeitos nulos com o aumento do tamanho dos vasos. Dessa forma, a escolha do tamanho é dependente do tempo de condução das plantas, uma vez que a produção em ambiente protegido possibilita estender o ciclo vegetal por tempo superior a 12 meses.
Manejo Antes do transplante para os vasos, as mudas podem ser produzidas em bandejas de isopor ou de plástico com capacidade para 128 ou 200 células. O transplante é realizado cerca de 25 a 35 dias após a semeadura, dependendo das condições climáticas da região.
As plantas podem ser conduzidas com uma ou duas hastes e o tutoramento com arames e fitilhos. O sistema de irrigação mais indicado para o cultivo do tomate de mesa, seja em campo ou casa de vegetação, é por gotejamento. A frequência e o volume de água aplicado via irrigação irá depender do volume do substrato de cada recipiente. Quanto menor
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Tratos culturais saiba mais Os tratos culturais do tomateiro no ambiente protegido são similares aos do cultivo em campo aberto, dentre os principais: a desbrota, o tutoramento, a poda apical, a desfolha e o raleio dos frutos. Entretanto, diferentemente do cultivo em ambiente aberto, no cultivo protegido é imprescindível proceder com a polinização artificial das plantas quando cultivadas em ambiente protegido, uma vez que a ação do vento e insetos polinizadores é praticamente inexistente. Essa polinização pode ser realizada manualmente, com a vibração das plantas ou com o auxílio de vibradores e/ou sopradores.
Fitossanidade O controle de pragas e doenças deve ser feito por meio do monitoramento da
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o volume e maior a evapotranspiração da planta, maior deve ser a frequência de aplicação. A recomendação da adubação deve ser realizada com o auxílio de um engenheiro agrônomo, tendo em mãos o resultado da análise química do substrato e de manuais de adubação e calagem específicos. Primeiramente, deve-se realizar a adubação de base e no decorrer do desenvolvimento da cultura as adubações de cobertura. O mais indicado para a realização das adubações de cobertura é atrelar a disponibilização dos nutrientes com a água de irrigação, prática essa conhecida como fertirrigação. Para realizar a fertirrigação é necessário utilizar fertilizantes solúveis, como nitratos de cálcio, potássio e amônio; fosfato monoamônico (MAP) e monopotássico (MKP); sulfato de potássio; cloreto de potássio (branco); entre outros.
Tipos de tomate Apesar do ganho em produtividade e qualidade dos frutos no cultivo em ambiente protegido, os produtores ainda priorizam o cultivo de tomates que apresentam maior valor de mercado, como os tipos grape, coquetel, cereja e mini-italiano. Outros tipos para consumo in natura, como o grupo italiano e o salada, mais comuns em campo aberto, também estão sendo cultivados em ambiente protegido, principalmente em regiões que apresentam maiores adversidades climáticas, a exemplo de geadas na região sul do Brasil. A capacidade produtiva de qualquer cultura depende das suas características genéticas, das condições ambientais e do manejo tecnológico adotado. No cultivo em campo aberto, pode-se controlar o fator genético por meio da escolha de cultivares e o manejo aplicado por meio da escolha de pacotes tecnológicos, porém, a maioria dos fatores climáticos não pode ser controlada, diferentemente do ambiente protegido, em que é possível controlar todos esses fatores, possibilitando assim maior rendimento ao produtor.
Produtividade
Camila Abrahão
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cultura, utilizando medidas preventivas e curativas de acordo com a necessidade. Quando for necessária a utilização do controle químico, deve-se escolher apenas produtos registrados para a cultura, sempre rotacionando os tipos de princípio ativo, para assim evitar o desenvolvimento de resistências. O ponto de colheita do tomate depende das exigências do mercado consumidor e do local de produção e comercialização. A coloração do fruto é considerada o principal indicador de maturação e ponto de colheita.
De acordo com a literatura, a depender do nível tecnológico aplicado, o cultivo do tomateiro em vasos em ambiente protegido pode representar uma produtividade superior a duas vezes o cultivo em ambiente aberto. Estima-se que, nesse sistema de cultivo, pode-se alcançar produtividade de até 10 kg planta-1 (tomate salada) e de 5,0 kg planta-1 (tomate grape).
Desafios A principal limitação para o cultivo do tomate em vaso em ambiente protegido está relacionada ao elevado investimento inicial para a construção das estruturas, bem como à mão de obra especializada. No entanto, as vantagens da utilização desta técnica, como maior produção e qualidade do produto, o aumento da produtividade, maior valor agregado e redução da sazonalidade na oferta promove impactos positivos na comercialização, o que reflete em maior rentabilidade e estabilidade financeira ao produtor. Outra dificuldade encontrada no cultivo em vaso refere-se ao manejo da adubação, em que muitas vezes o produtor, por não ter assistência técnica, reali-
za um diagnóstico nutricional incorreto do substrato e/ou das plantas. Quando se utiliza a fertirrigação, erros podem ocorrer tanto na mistura dos fertilizantes quanto no balanço correto dos nutrientes. Para eliminá-los, a compatibilidade dos adubos deve ser verificada antes da mistura, evitando a precipitação de nutrientes e o entupimento do sistema de irrigação. Quanto ao balanço dos nutrientes, a necessidade nutricional da planta deve ser muito bem conhecida em suas diferentes fases de desenvolvimento, para que sua demanda possa ser corretamente atendida. O fósforo, por exemplo, é especialmente importante na fase de estabelecimento do tomateiro, enquanto o cálcio e o potássio são mais exigidos na fase reprodutiva. O excesso de nutrientes poderá levar à salinização do substrato e à fitotoxidez das plantas, comprometendo toda a produção. A análise foliar é uma ferramenta muito útil que poderá ser usada para verificar se a demanda da planta está sendo atendida ao longo do cultivo.
Maior qualidade Aumento de produtividade Maior valor agregado Redução da sazonalidade Estabilidade financeira ao produtor Maior rentabilidade
Particularidades Muitos insumos utilizados no cultivo do tomateiro podem apresentar alta no preço devido à alta do dólar. E a sazonalidade no preço do tomate é uma particularidade de mercado que implicará diretamente na viabilidade da produção. Entretanto, os cultivos em ambiente protegido garantem a produção ao longo de todo o ano, possibilitando a oferta de tomate em períodos de escassez e melhores preços ao produtor. Aliado a isso, a melhor qualidade dos tomates pode ganhar a preferência de determinados nichos de mercado mesmo em períodos de muita oferta, contribuindo ainda mais para a rentabilidade do setor. Logo, é fundamental para a lucratividade da tomaticultura saber gerir com eficiência a atividade, aproveitando as oportunidades e contornando as dificuldades.
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Segundo profissionais da Emater-PR, no norte do Paraná houve, desde meados de 2009, a migração do cultivo em campo aberto para estufas, após consecutivas perdas devido a geadas, garantindo assim colheitas em épocas desfavoráveis à produção. No Estado de São Paulo, maior produtor e consumidor de tomate do País, nos meses de dezembro a maio as chuvas são abundantes, o que dificulta a produção e, por consequência, ocorre o aumento do preço do produto. Dessa forma, o cultivo em ambiente protegido permite o abastecimento do mercado nesse período, com consequente elevação da rentabilidade ao produtor.
Luize Hess
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TOMATE
NUTRIRRIGAÇÃO OTIMIZA PRODUTIVIDADE DO TOMATEIRO Waldir Marouelli
Maria Idaline Pessoa Cavalcanti Engenheira agrônoma e doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) idalinepessoa@hotmail.com José Celson Braga Fernandes Engenheiro agrônomo, doutorando em Biocombustíveis - UFU/UFVJM e fundador da Agro+ celsonbraga@yahoo.com.br
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ecentemente a sustentabilidade e a atualização de recursos hídricos se tornaram uma preocupação mundial. A nutrirrigação é um conceito dado à junção de tecnologias mais adequadas para produtores que buscam soluções de irrigação que aumentam a produção, com menos uso de água e energia. Por ser feita por tubos de gotejamento, ela consegue direcionar a água e fornecer nutrientes diretamente para a raiz da planta, de acordo com a sua necessidade fenológica, complementando com o fornecimento de água em diferentes níveis de frequência, fazendo que seja necessário menos água para que o cultivo receba tudo que necessita para se desenvolver de maneira extremamente produtiva. A utilização de irrigação por gotejamento associada com a aplicação de solução nutritiva vem aumentando entre os tomaticultores, em virtude dos benefícios desse sistema. Entre suas vantagens, destacam-se a economia de água
e energia, o não molhamento da parte aérea das plantas, evitando doenças fúngicas, a alta eficiência, em razão da aplicação de água diretamente na zona radicular, minimizando a evaporação direta do solo, a emergência de plantas daninhas e o melhor aproveitamento dos fertilizantes adicionados, evitando assim desperdícios, lixiviação e a momentânea salinização excessiva, garantindo ainda maior eficiência na absorção radicular pelas plantas.
Mais que vantagens Esta solução também é uma grande aliada na diminuição da ocorrência de fungos e doenças nas plantações. A irrigação inteligente é parceira do produtor no campo, e traz inúmeras vantagens para o seu cultivo, como nutrir e irrigar seu cultivo ao mesmo tempo. Um exemplo prático é o cultivo em ambiente protegido propiciar controle preciso da lâmina de irrigação; facilitar o controle de pragas e doenças, além de possibilitar melhor aproveitamento de nutrientes, luminosidade e trocas gasosas, como a síntese de CO2, podendo reduzir o ciclo da cultura. Como em ambiente protegido não há precipitações, a irrigação é primordial para suprir o consumo de água pelas plantas, evitando estresse e murchamento nos horários mais quentes. Para implantação da técnica, deve-se ressaltar a necessidade de um sistema de
irrigação bem dimensionado e um sistema de injeção de fertilizantes, podendo ser desde um simples até aqueles que monitoram em tempo real a concentração de cada tanque, condutividade elétrica, pH e injeção online, tudo conectado ao computador. Dados mostram que pode ocorrer uma eficiência de 95% na aplicação, reduzindo assim o uso de produtos fitossanitários.
Cuidados É preciso ter cuidados no preparo da solução nutritiva devido a três variáveis que estão muito relacionadas entre si. A salinidade é a concentração de sais na solução, a condutividade elétrica é uma forma de expressar a concentração de sais na solução e o pH é o índice da concentração dos íons H+, que condiciona a solubilidade dos diferentes sais. Devem ser bem diluídos para não formarem precipitados, ficando então indisponíveis para as plantas e podendo até danificar o sistema de aplicação da fertirrigação. Portanto, a concentração da solução nutritiva será mais eficiente quando não exceder a tolerância a sais que este cultivo apresenta em cada fase fenológica de sua vida.
TOMATICULTURA
REGIÕES FRIAS
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COMO CULTIVAR TOMATE?
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Mariane Gonçalves Ferreira Copati Engenheira agrônoma e doutoranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV) marianegonferreira@gmail.com Françoise Dalprá Dariva fran_dariva@hotmail.com
Herika Paula Pessoa herikapaulapessoa@gmail.com Engenheiras agrônomas e doutorandas em Fitotecnia – UFV
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temperatura média ideal para o cultivo do tomateiro é de 21ºC, mas essa cultura consegue sobreviver em diferentes condições de temperatura (10 a 34ºC). Entretanto, os extremos de temperatura podem ocasionar perdas quali e quantitativas às lavouras de tomate. 14
As plantas de tomateiro são altamente sensíveis a geadas e, além disso, cultivos sob temperaturas inferiores a 12ºC apresentam crescimento lento e reduzido e início dos períodos de floração e frutificação retardados, o que afeta diretamente a produtividade final da lavoura. Dessa forma, embora seja possível cultivar tomate durante todo o ano, em regiões onde o clima é ameno, com temperaturas muito baixas no inverno e risco de geadas, recomenda-se que o cultivo seja realizado entre os meses de agosto e janeiro.
Importância econômica Segundo dados do IBGE, em 2018 foram produzidas mais de 4,0 milhões
de toneladas de tomate no Brasil em quase 60 mil hectares plantados. A região sul é a terceira maior produtora, responsável por 13% da produção nacional. O Estado do Paraná ocupa lugar de destaque na região sul, com 247.083 toneladas de tomate, o que equivale a 45% do total produzido na região. O rendimento médio das lavouras no Paraná equivale a 58.970 kg/ha de tomate, valor um pouco abaixo da média nacional, que fica em torno de 68.394 kg/ha. Os principais fatores de risco à produção de tomate em regiões frias, como o Paraná, são a possibilidade de ocorrência de eventos climáticos extremos, como temperaturas baixas, geadas e granizo. Temperaturas próximas a 0ºC provocam a queima de folíolos, enquanto
TOMATICULTURA
Safras A produção paranaense de tomate é dividida em duas safras. A primeira, conhecida como “safrão”, é cultivada preferencialmente na primavera e verão, e a segunda, conhecida como “risco”, nas estações do outono e inverno. Na primeira safra a produção é maior (143.949 toneladas colhidas em cerca de 2.398 hectares plantados em 2018, segundo dados do SEAB/DERAL), porém, o valor pago ao agricultor é geralmente menor, devido à maior oferta de tomates nesse período. No inverno a produção cai em virtude do clima (88.544 toneladas colhidas em 2018) e a área plantada também é menor (1.461 ha plantados), mas os preços são mais atrativos para o produtor. Dessa forma, conseguir produzir nessa época pode ser mais rentável para o produtor.
Planejamento dita as regras Observados os aspectos climáticos, para o sucesso da lavoura também é necessário um bom planejamento das etapas do sistema de cultivo. Inicialmente, deve-se proceder com a escolha adequada do local de plantio e realização da análise química do solo. A calagem deve ser realizada de modo que o pH do solo atinja valores entre 6,0 e 6,5, e a saturação por bases seja de 70%. Para o plantio, recomenda-se realizar o preparo do solo de forma a eliminar os torrões e impedimentos físicos, deixando a área o mais regular possível. As mudas podem ser produzidas em bandejas de isopor ou de plástico com capacidade para 128 ou 200 células para tomate de mesa, e de 450 células para tomate destinado à indústria. O transplante é feito quando as mudas apresentam de três a quatro folhas definitivas e aproximadamente 8 – 12 cm de altura. O espaçamento é bastante variável, com intervalos de 0,8 a 2,2 m entre fileiras e de 0,4 a 0,7 m entre plantas dentro da fileira. A escolha do espaçamento mais rentável leva em consideração a cultivar, a época de cultivo, a pos-
sibilidade de mecanização da lavoura e a preferência do agricultor. A recomendação da adubação deve ser feita utilizando os resultados da análise de solo e com o auxílio de manuais de adubação e calagem específicos para a região, observando as exigências da cultura. Na adubação de base, a aplicação de formulações como o 4-14-8 e o 4-30-16 é prática comum nas lavouras. As adubações de cobertura devem ser parceladas e realizadas quinzenalmente para acompanhar a demanda constante dos frutos por nutrientes. Em se tratando de macronutrientes, além do NPK o produtor deve ficar muito atento ao Ca e Mg, fornecidos principalmente pela calagem. A proporção Ca/ Mg mínima recomendada para a cultura é de 3:1, podendo ser superior.
Irrigação O sistema de irrigação mais indicado para o cultivo de tomate de mesa é por gotejamento. A utilização desse sistema é vantajosa por reduzir as condições propícias ao desenvolvimento de muitas doenças e possibilitar o fornecimento simultâneo de água e de nutrientes, práShutterstock
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que geadas ocasionam “queima” dos frutos e, quando intensas, podem levar as plantas à morte. Chuvas intensas aliadas a ventos fortes e granizo provocam desfolha severa das plantas, que ficam vulneráveis ao ataque de patógenos, além de danos mecânicos nos frutos.
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TOMATICULTURA
Nas regiões frias, os tomaticultores tem investido em cultivo protegido
AgroCultivo
tica esta conhecida como fertirrigação. Com relação aos tratos culturais, o tomateiro é muito exigente, principalmente nos cultivos para mesa, o que explica a grande demanda de mão de obra para essa cultura. Os tratos culturais principais incluem desbrota, tutoramento, poda apical, desfolha e raleio dos frutos.
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Fitossanidade - todo cuidado é pouco
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O tomateiro é uma cultura afetada por um vasto número de pragas e doenças. O monitoramento rigoroso aliado a um controle eficiente é, portanto, prática indispensável para o sucesso da produção. Na região sul, dentre todas as doenças que afetam o tomateiro, a requeima, a pinta-preta, a septoriose e a mancha-bacteriana têm ganhado maior destaque, principalmente no período de dezembro a fevereiro, em virtude das temperaturas amenas e chuvas frequentes. As pragas de maior importância (pragas-chave) são mosca-branca, tripes e pulgões, que são vetores de viroses, além da traça-do-tomateiro e das brocas do fruto. As principais medidas de controle
das pragas e doenças do tomateiro são preventivas, tais como utilização de cultivares resistentes, aquisição de sementes ou mudas sadias, escolha da melhor época de plantio, adubação equilibrada, rotação de culturas, aumento do espaçamento de plantio, uso de irrigação por gotejamento, uso de quebra-ventos, eliminação/incorporação de restos culturais, controle de plantas daninhas (hospedeiros potenciais de pragas e doenças), monitoramento de insetos-pragas, entre outros. O controle químico é também bastante utilizado, o qual deve preconizar somente produtos registrados para a cultura, sempre respeitando as normas e recomendações específicas de cada produto.
Colheita - chegou a hora O ponto de colheita do tomate de mesa depende do destino da produção, da distância entre os locais de produção e de comercialização, além das exigências do mercado. A coloração do fruto é considerada o principal indicador de maturação dos frutos. Para contornar os problemas relacionados às baixas temperaturas, o tomati-
cultor paranaense tem lançado mão da tecnologia de plantio em ambiente protegido. A utilização dessa tecnologia tem apresentado resultados bastante positivos, tanto em termos de volume produzido quanto de qualidade dos frutos. Além de proteger as plantas de geadas e apresentar um ambiente mais adequado para o crescimento e desenvolvimento das plantas no inverno, o cultivo protegido ainda facilita o controle fitossanitário das mesmas, o que influencia diretamente na qualidade dos frutos.
Inovações Para viabilizar o cultivo de tomate em regiões frias, o setor tem investido em uma série de inovações tecnológicas que já estão disponíveis para o agricultor. Além da estrutura convencional do ambiente protegido, inovações nos filmes agrícolas utilizados para a cobertura da estrutura prometem filtrar a radiação, promovendo um microclima mais propício ao desenvolvimento das plantas. Outra novidade que beneficiará os tomaticultores nessas regiões são os sensores para monitoramento de temperatura e umidade. Esses sensores podem ser acoplados a nebulizadores e progra-
TOMATICULTURA
clima e idade das mesmas, garantindo mais uma vez que elas alcancem o maior rendimento possível em termos de produtividade.
Custo O custo de produção do tomate de mesa na região sul está em torno de R$100.000,00 por hectare, com produção média de 3.400 caixas. A lucratividade do cultivo varia de acordo com o local de produção, comercialização do produto e da cotação do mercado. Neste ano, o preço da caixa de tomate oscilou entre R$ 38,00 e R$ 75,00 nas diferentes cidades da região. O lucro do produtor com esses preços foi de 30 a 140% do custo de produção. Dessa forma, mesmo no pior cenário encontrado, o produtor de tomate conseguiu obter lucro com a produção.
Luize Hess
mados para serem acionados automaticamente a fim de manter tais condições ideais para o cultivo. Existem ainda outras inovações tecnológicas desenvolvidas para o cultivo em ambiente protegido, que embora não estejam diretamente relacionadas ao controle de temperatura, também são aliadas do produtor que está em busca de altas produtividades. Como exemplo, têm-se os sopradores para compensar a ausência de insetos polinizadores que são impedidos pelas telas antiafídicas. Esses equipamentos geram colunas de ar que transportam o pólen de uma flor para outra, aumentando a eficiência da polinização e, consequentemente, o pegamento de frutos e a produtividade. Para maximizar a eficiência da nutrição das plantas, foram desenvolvidos sensores para medir o quanto da água e do adubo lançados no sistema de fertirrigação chegam até o vaso. Esse monitoramento é constante, possibilitando o diagnóstico e ajuste da nutrição das plantas de acordo com as condições de
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ADUBAÇÃO VERDE
Elaine Bahia
POR ONDE COMEÇAR? Iuri Gabriel Rodrigues Técnico em Química e graduando em Engenharia Agronômica - Universidade Una de Uberlândia iurigabriel080@gmail.com
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Carlos Eduardo Nascimento Graduando em Agronomia Universidade Una de Uberlândia carlos_nascimento_26@hotmail.com
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adubação verde é uma prática agrícola que consiste em plantar uma espécie vegetal que, após atingir seu pleno desenvolvimento vegetativo, será cortada ou acamada, sendo sua massa deixada sobre a superfície ou incorporada ao solo com a finalidade de manter ou aumentar seu conteúdo de matéria orgânica que, reconhecidamente, é capaz de melhorar suas condições físicas, químicas e biológicas, favorecendo o crescimento e rendimento das culturas econômicas em sucessão.
Benefícios da adubação verde O cultivo periódico de plantas de cobertura, ou adubos verdes, traz uma série de benefícios, excepcionalmente no que 18
diz respeito às qualidades físicas, químicas e biológicas do solo. De acordo com Potafós (2005), o uso da adubação verde apresenta os seguintes benefícios: Proteção contra a erosão do solo. Com o terreno coberto com planta ou palha, a energia das gotas de chuva é dissipada, impedindo a desagregação do solo e evitando o selamento superficial; Aumento da infiltração de água no corpo do solo, possibilitando maior armazenamento e evitando o escorrimento superficial; Possibilidade de aumentar a matéria orgânica do solo, pelo uso contínuo dessa prática; Diminuição da amplitude de variação térmica do solo, mantendo a temperatura mais amena, o que permite o crescimento dos microrganismos e o retorno da vida no solo; Papel de arado biológico, uma vez que as raízes dessas plantas normalmente são profundas e a sua decomposição futura cria galerias e macroporos, que são interessantes para promover o crescimento de microrganismos em profundidade e com isso romper barreiras físi-
cas do solo; Promoção da reciclagem de nutrientes pelo crescimento vigoroso do sistema radicular, que tem capacidade de explorar um volume maior de solo e com isso promover eficiente reciclagem de nutrientes; Promoção de aumento da CTC efetiva do solo e da disponibilidade de macro e micronutrientes; Colaboração com a diminuição da acidez potencial do solo, com consequente aumento na soma de bases e no V%; Fornecimento de nitrogênio no caso de utilizar leguminosas (Fabaceae) para as culturas seguintes pelo processo de fixação biológica do nitrogênio; Atuação na redução da população de plantas daninhas pelos processos de supressão e alelopatia. Nesse caso, é preciso um conhecimento das relações entre espécies; Melhoria da eficiência no aproveitamento de adubos minerais pelas culturas seguintes e diminuição da lixiviação de nutrientes, principalmente de nitrogênio; Promoção da integração das ativi-
MANEJO
dades agrícolas, uma vez que algumas plantas de cobertura podem ser utilizadas como forragem na alimentação de animais; Atuação no controle de fitonematoides, principalmente aqueles formadores de galhas e cistos, e redução de inóculos de doenças e pragas, atuando na quebra do ciclo.
Manejo Saiba os principais problemas da sua propriedade: para isso, acompanhe de perto a fazenda e mantenha o histórico da sua área, conhecendo os principais gargalos de sua produção agrícola. Uma das maneiras mais efetivas para isso é registrar todas as operações de sua propriedade. Assim, você assegura o controle de tudo o que ocorre. Você pode fazer esses registros em papel, planilha ou em software agrícola. Veja quais plantas podem ajudar a resolver esses problemas: por exemplo, se tenho problema com o nematoide Pratylenchus brachyurus, é interessante o cultivo de Crotalaria breviflora. O ideal é fazer uma mistura de cinco espécies que dão diferentes tamanhos de poros, formando uma estrutura de solo incrível. É interessante, também, utilizar espécies nativas da sua região, que crescem bem ali, porque estão totalmente adapta-
das a esse tipo de solo, clima, pragas, etc. No entanto, sempre é importante alternar as espécies, já que cada uma tem um crescimento radicular diferente, colaborando com a estrutura de solo. No final, é isso que oferecerá mais nutrientes para sua lavoura, pois facilitará a absorção de nutrientes pelas plantas. Tenha em mente qual é o período sem culturas na sua propriedade: desse modo, veja se é possível cultivar as plantas de adubação verde de interesse. Consulte suas finanças: faça o orçamento da adubação verde. Qual o custo de produção atual e quanto se elevaria com a adubação verde? Lembre-se de colocar nessa conta os inúmeros benefícios da adubação verde e o que você economiza com a prática. Dependendo da espécie utilizada, você pode economizar com adubação nitrogenada, descompactação do solo, nematicidas, entre outros.
Pesquisas a todo vapor Estudos de adubação verde na cultura da cana-de-açúcar e soja mostram um aumento de 15 a 20 toneladas a mais no primeiro corte da primeira cultura e 10% a mais de produtividade na segunda. Como erros, o produtor peca por não fazer um bom planejamento do tempo
de plantio, custo, trato cultural da adubação verde, ciclo da cultura usada na adubação verde e compatibilidade desta com a cultura sucessiva, o que pode causar grandes prejuízos à lavoura. Para evitar esses erros, basta fazer um bom planejamento de plantio, custo, trato cultural, pesquisar bem sobre o ciclo da cultura usada na adubação verde e a compatibilidade da mesma com a cultura sucessiva. Este é o principal fator para se ter sucesso na adubação verde e explorar todos os benefícios que a mesma pode trazer à sua lavoura.
Investimento x retorno Para saber o real custo-benefício de sua propriedade, é sugerido que se faça o controle de todos os custos envolvidos na adubação verde e uma comparação de produção de uma safra antes e após a adubação verde. É sempre necessário, para esta comparação, fazer o mesmo manejo/trato cultural para não ter desvios no resultado. Em média, a adubação verde trará um aumento de 10 a 20% em sua produção e os custos com a mesma dependerão dos insumos utilizados na safra.
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Espécies de crotalárias podem ser utilizadas para o controle de nematoides. O nematoide Meloidogyne javanica (nematoide das galhas) pode ser controlado com a rotação de soja com milho mais Crotalaria spectabilis. Para o nematoide das lesões (Pratylenchus brachyurus) na cultura da soja pode-se utilizar as plantas Crotalaria spectabilis, Crotalaria breviflora e Crotalaria ochroleuca. Além disso, outro estudo demonstrou que houve redução de nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis) com espécies de plantas utilizadas na adubação verde. Adubos verdes podem ser eficientes em suprimir as plantas espontâneas (daninhas). Além disso, também podem reduzir o banco de sementes de plantas daninhas, já que o solo fica coberto na entressafra.
Claudinei Kappes
Pragas e doenças
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BATATA
Fotos Ana Maria Diniz
SUBSTÂNCIAS HÚMICAS
ALIADAS PARA ALCANÇAR ALTAS PRODUTIVIDADES NA BATATA
Além da maior produtividade, o uso destas substâncias promove maior absorção de nitrogênio, fósforo, potássio e magnésio pelas plantas Herika Paula Pessoa Mestra e doutoranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV) herika.paula@ufv.br
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ubstâncias húmicas são compostos orgânicos cujas propriedades podem favorecer as condições para o aumento da produtividade de diversas culturas. Elas proporcionam benefícios para a estrutura física e química do solo e para o metabolismo e crescimento das plantas. Alguns dos benefícios que podem ser associados à presença de substâncias húmicas nos solos são a melhoria na agregação das partículas, aeração, maior capacidade de retenção de água, estabilidade no pH, aumento da capacidade de troca catiônica e menor perda de nutrientes. Com relação às interferências no metabolismo das plantas, graças à alta capacidade de troca catiônica, podem complexar e assim disponibilizar cátions às
plantas. Existem ainda alguns estudos que demonstram os efeitos positivos das substâncias húmicas na germinação de sementes, no crescimento inicial das raízes, na biomassa da planta e no auxílio na defesa da planta contra estresses.
Foco – solo Apesar dos inúmeros benefícios potenciais, o principal objetivo prático para a utilização das substâncias húmicas é melhorar as condições do solo para o desenvolvimento, principalmente do sistema radicular das culturas implantadas. Neste sentido, a aplicação de substâncias húmicas durante o manejo nutricional da lavoura de batata tem sido apontada como uma técnica promissora. As plantas de batateira em geral apresentam sistema radicular relativamente superficial e grande exigência nutricional. O crescimento radicular é influenciado por fatores extrínsecos, como as
condições do solo (estrutura, umidade, pH, textura e nutrientes) e por fatores intrínsecos (características genéticas da planta). Dessa forma, a utilização de ácidos húmicos pode ser aliada do bataticultor por auxiliar tanto na melhoria das condições do solo, como possivelmente na promoção de um maior crescimento radicular e absorção de nutrientes.
Orientação é fundamental Embora seja promissora, a decisão pela utilização de substâncias húmicas no manejo nutricional da batata deve ser tomada com a orientação de um engenheiro agrônomo. As substâncias húmicas não são homogêneas como outros insumos utilizados no manejo das lavouras. Sua composição é variável de acordo com a fonte de extração, estrutura química, o método que foi utilizado para extração, dentre outros.
BATATA
Uma boa estratégia que pode ser planejada pelo produtor em conjunto com o engenheiro agrônomo é a realização de estudos prévios com relação à fonte de extração (origem dos ácidos húmicos); estrutura química dos ácidos húmicos a serem utilizados e realização de testes preliminares de dose de resposta em plântulas de batata antes do investimento para aplicação a nível de área total. Esses testes trarão para o produtor uma maior segurança com relação à adoção da técnica, além de auxiliar o engenheiro agrônomo quanto à recomendação para a área, qual o melhor produto e dose para a área em questão.
Uma vez decidida a utilização das substâncias húmicas, é importante se atentar a alguns detalhes para evitar erros durante essa etapa do manejo. Deve-se evitar doses indesejáveis do material húmico, pois o efeito biológico deles é a dose dependente; evitar valores de pH fora da faixa ótima para o crescimento e desenvolvimento das culturas antes da aplicação; evitar a utilização de ácidos húmicos de origem desconhecida sem saber a composição química dos mesmos; não utilizar ácidos húmicos insolúveis em água, etc.
Em campo Inúmeros ensaios experimentais apontam que a utilização de substâncias húmicas pode proporcionar aumentos de produtividade para as lavouras de batata. O uso da mistura líquida húmica com ácidos húmicos em solos para o cultivo de batata, em conjunto com adubos minerais, promoveu acréscimos de até 17% em relação ao cultivo sem essas substâncias.
Além disso, o uso destas substâncias promoveu maior absorção de nitrogênio, fósforo, potássio e magnésio pelas plantas. Contudo, é importante frisar que a produtividade é uma característica influenciada por inúmeros outros fatores. Além disso, as condições do solo e do material que será plantado também influenciam na resposta da lavoura à aplicação dessas substâncias.
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Sem errar
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DICAS
COMO ALCANÇAR ALTA PRODUTIVIDADE EM
BATATA-DOCE Fotos Shutterstock
Adriana Araujo Diniz Professora adjunta II - UEMA/CESBA adrisolos2016@gmail.com
Antonio Santana Batista de Oliveira Filho Mestrando em Agronomia/Produção Vegetal - FCAV/UNESP a15santanafilho@gmail.com Taís Soares de Oliveira ts0291001@gmail.com
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Myrelly Nazaré Costa Noleto myrellynoleto11@gmail.com Graduandas em Engenharia Agronômica - UEMA/CESBA
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C
om o aumento do número de produtores de batata-doce (Ipomoea batatas) tem-se observado que a produção aumentou significativamente nos últimos anos, atrelado também às exigências dos consumidores, que visam na batata-doce uma alimentação mais saudável. Para alcançar altas produtividades, é necessário que alguns cuidados sejam tomados durante o processo de produção, dentre estes: o plantio, a colheita e a boa resistência do material pós-colheita. Para uma alta produtividade, deve-se levar em consideração condições ambientais, como por exemplo uma boa temperatura, que está ligada à formação das raízes tuberosas (temperaturas entre 25 e 30ºC são consideradas ideais).
O fotoperíodo também é um fator essencial - fotoperíodo longo é o mais ideal para cultura. Desse modo, uma boa exposição à luz solar e temperatura adequada são consideradas ideais para aumentar a produtividade. Além de se observar as condições ambientais, outros fatores também são primordiais para a busca de alta produtividade. Atividades como um manejo adequado do solo, uma boa adubação, irrigação correta, o controle de pragas e doenças e uma colheita realizada na época certa são fatores a serem levados em conta na hora de garantir maior produtividade.
Recomendações A melhor época para o plantio da batata-doce deve levar em consideração as condições locais de cada região, e o preparo do solo é relativamente simples. Quando o solo é trabalhado para atingir condições ideais, o uso da grade pode se tornar eficaz para eliminar os torrões. É aconselhável que o solo fique bem destorroado, de modo que a raiz tuberosa consiga se desenvolver satisfatoriamente. Os espaçamentos mais utilizados são de 0,80 m a 1,00 m entre fileiras e 0,25 m a 0,50 m entre plantas. No processo de correção do solo, a ca-
lagem deve ser realizada cerca de até 100 dias antes do plantio, após o revolvimento do solo e antes da gradagem, e a adubação pode ser completada em até 60 dias após o processo de calagem. Outra etapa a ser realizada do plantio à colheita é o manejo e controle de pragas e doenças, pois pode acabar interferindo no desenvolvimento das plantas, diminuindo assim a produção da cultura e causando uma baixa produtividade e prejuízos financeiros. Para o controle de plantas invasoras, o método mais comum é a capina, ou também pode ser utilizada a aplicação de herbicidas específicos. A irrigação deverá ser procedida em épocas muito secas, levando-se em consideração a necessidade da cultura. O excesso de água pode acabar provocando um mau desenvolvimento da parte aérea e, consequentemente, a diminuição na produção das batatas. A última etapa é a colheita, realizada quando as raízes estão no tamanho desejado, normalmente em até 180 dias após o plantio.
Eficiência operacional Um dos primeiros passos para melhorar a eficiência de uma lavoura é investir em ramas-semente de qualidade, pois estas vão constituir o começo de todo o tra-
DICAS
balho e uma consequente produtividade alta. Para a escolha, deverá se levar em consideração as condições ambientais do local. O produtor precisa conhecer bem sua propriedade, a região onde mora e que tipo de solo está presente no local (por meio de análise de solo), sendo aconselhado ao produtor que utilize em sua lavoura ramas-semente devidamente certificadas e que apresentem qualidade garantida pelo fornecedor. Outro ponto importante é a utilização correta de fertilizantes/adubos. Os nutrientes presentes no solo muitas vezes não são suficientes para garantir um bom desenvolvimento às plantas e, desse modo, a planta necessitará de adubação via utilização dos fertilizantes. A eficiência desses produtos só é garantida se houver uma aplicação correta, sendo imprescindível levar em conta alguns requisitos, como a forma de aplicação do fertilizante, o tipo adequado, as necessidades nutricionais da cultivar e do solo.
A batata-doce apresenta uma boa fonte de fibra, elevada concentração de energia e carboidratos. Além disso, pode servir de matéria-prima na indústria para produção de doces e amido. Em termos de produtividade, a cultura da batata-doce, se manejada de forma correta, apresenta alto rendimento de tubérculos. Além disso, é uma cultura onde a planta inteira pode ser utilizada, desde a parte aérea à raiz tuberosa, na alimentação animal e humana. Atualmente, a batata-doce vem sendo também utilizada na produção de biocombustível, sendo esse processo, quando comparado com a utilização da cana-de-açúcar, mais eficiente, pois o ciclo de cultivo da batata-doce é mais rápido.
Erros Basicamente, os erros mais comuns cometidos pelos produtores são a falta de conhecimento do manejo adequado e o uso inadequado de produtos que acarretam danos à produção. Em geral, a cultura necessita de adubação apropriada, irrigação de acordo com as necessidades fisiológicas e épo-
ca de plantio correta para cada região, e se realizados de forma errônea podem acarretar em pequenas produtividades. A falta de análise do solo correta para este tipo de cultura e espaçamento inadequado durante o desenvolvimento da lavoura geram perdas à produção. Se muito próximas umas das outras, as plantas podem acabar tendo um desenvolvimento defeituoso devido à concorrência por nutrientes e competição por
espaço para crescimento das raízes tuberosas. Por outro lado, espaçamentos muito longos favorecem o aparecimento de plantas daninhas que competem com a cultura. O tempo correto para a colheita também deve ser respeitado. Outro erro é a falta de estudo de mercado para traçar a logística do produto, gerando prejuízos e desperdícios para os produtores rurais.
Acertos A forma mais adequada para evitar os erros no cultivo são, inicialmente, preparar o solo com antecedência. Também é indicado consultar um engenheiro agrônomo, tanto para estudo do solo (umidade, textura, resíduos orgânicos e salinidade) como para avaliar o manejo necessário para um bom desenvolvimento da cultura. Em sua maioria, a cultura da batata-doce apresenta alta rusticidade, potencial produtivo e alto valor alimentício, sendo desse modo uma cultura com boa relação custo-benefício. A batata-doce se des-
taca por cultivares que se adaptam bem a diferentes tipos de climas. Alternativamente, a batata-doce tornou-se também muito importante para a agricultura familiar, dado que não apresenta grandes práticas para o cultivo. Apresenta viabilidade e importância para grandes produtores, bem como em áreas de agricultura familiar a produção da batata-doce consegue trazer ao produtor rural uma forma de sustento para a família, apresentando relativa lucratividade, e obtendo resultados satisfatórios.
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Versatilidade
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ORGÂNICOS
Fotos Shutterstock
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APRENDENDO COM A AGRICULTURA ORGÂNICA Afonso Peche Filho Pesquisador científico - Instituto Agronômico (IAC) afonsopeche@gmail.com
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natureza gastou milhões de anos construindo ambientes estáveis, harmônicos e sustentáveis. Toda forma de vida, de uma maneira constante, colabora para o fortalecimento de ações comunitárias, que com isso organizam os ecossistemas e estes os biomas que formam a distribuição da vida no planeta. É evidente que o avanço da humanidade sobre as áreas naturais provo24
ca uma instabilidade ambiental eterna. Os fatos atestam que todo tipo de gestão tecnológica é uma invasão na natureza. De uma forma ou de outra a adoção de um modelo de agricultura sem levar em conta as características e efeitos dos ecossistemas aniquila as possibilidades de sustentabilidade do local trabalhado. É preciso quebrar de vez o paradigma de que a agricultura é feita de simplificar a natureza, de expor o solo para semear e para cultivar, e de mobilizar para conservar. Agricultura, nos moldes tradicionais europeus, ocupa e usa as terras de
forma a perenizar espaços de produção e cultivá-los de uma mesma forma por décadas. O conhecimento civilizatório da agricultura europeia não leva em conta a decomposição ocorrendo 24 horas por dia de forma contínua, nunca conviveu com chuvas torrenciais constantes e com uma radiação solar intensa por quase todos os dias.
Parâmetros Se o modelo europeu vem se mostrando inadequado em nosso País, onde
ORGÂNICOS
Equilíbrio A base filosófica leva os agricultores a seguirem o exemplo da natureza e a funcionarem no equilíbrio dos processos naturais. Com a agricultura orgânica, os recursos naturais dos ecossistemas são usados, mas também preservados. Fontes não renováveis de energia e de matérias-primas são evitadas. Isso significa que o uso de meios de produção externos é severamente restrito ou completamente proibido, como é o caso de fertilizantes minerais produzidos sinteticamente, agrotóxicos e reguladores de crescimento. A ação agrícola está voltada para a responsabilidade de suas consequências. Isso minimiza os efeitos negativos sobre os trabalhadores da propriedade, animais, solo, colheita, ambiente e clientes. Para o manejo nutricional de plantas e animais, os agricultores orgânicos utilizam estratégias que disponibilizam nutrientes preferencialmente produzidos dentro da propriedade. A fertilidade do solo é man-
tida e desenvolvida em longo prazo por meio do acúmulo de húmus.
da) nas áreas é o meio mais eficaz de usar forças e processos de autorregulação.
Benefícios para todas as culturas
Sustentabilidade
Como a rotação variada das culturas é voltada para um alto teor de matéria orgânica conversível e estimuladora da vida do solo, os efeitos positivos dos resíduos de colheita são efetivamente manejados. No cultivo de leguminosas é obtido nitrogênio, que é fundamental para as culturas em sucessão. No cultivo de gramíneas é potencializada a cobertura, outros nutrientes e a agregação do solo. As diretrizes orgânicas preconizam que os animais, especialmente os ruminantes, precisam ser alimentados em grande parte com alimentos frescos e naturais. O estrume produzido é utilizado para compostagem no suprimento local e temporal de nutrientes. As excreções de animais servem como fertilizantes de alta qualidade na forma de esterco líquido ou de biofertilizantes, insumos que são obtidos com o mínimo de perdas possíveis, armazenados e devolvidos às áreas cultivadas. A base da organização produtiva é a estabilização do ecossistema agrícola com a rotação de culturas. A variedade de cultivos (agrobiodiversidade planeja-
Medidas de manejo que possam garantir um ambiente produtivo são mais importantes em termos de uso sustentável do que as tecnologias que possam maximizar o rendimento das culturas à custa das próprias bases de produção. Seres benéficos, como microrganismos, minhocas, inimigos naturais, plantas companheiras ou antagonistas, polinizadores, animais e plantas nativas encontram nas áreas orgânicas um habitat natural na paisagem cultural. A necessidade da organização multifacetada da propriedade orgânica resulta em extensos serviços ecológicos para conservação da natureza e da paisagem. Como resultado, os agricultores orgânicos fornecem benefícios ecológicos positivos para a sociedade como um todo. A agricultura orgânica produz um exemplar modelo de economia circular, o que contrasta com a agricultura convencional de bases europeias. Com essa abordagem holística e voltada para o futuro, a agricultura orgânica segue na pretensão de desenvolver efetivamente uma agricultura tropical sustentável.
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podemos buscar conceitos, diretrizes e resultados para mudar? Onde podemos encontrar exemplos práticos de um modelo agrícola para o Brasil, que poderíamos chamar de tropical? Analisando a agricultura orgânica, podemos compreender o princípio organizacional de um sistema de produção que se adapta ao uso da terra, combinando os processos operacionais cíclicos compatíveis com a natureza local. A produção é de alimentos de alta qualidade assegurando as bases naturais de funcionamento. A prioridade pela matéria orgânica condiciona o manejo dos solos, da biodiversidade, dos corpos d’água e do clima. Ou seja, agricultura de curto, médio e longo prazos. O convívio harmonioso da diversidade de culturas com a diversidade de espécies locais mantém e fortalece a estabilidade e a resiliência dos agroecossistemas. Na agricultura orgânica, os tratos culturais devem ocorrer de forma que as interdependências naturais do ecossistema sejam usadas e promovidas. Para aumentar o rendimento e a qualidade, são estimulados os processos naturais que formam a base da produção agrícola, como é o caso do manejo ecológico de pragas, de doenças e do mato.
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GENÉTICA
NOVOS HÍBRIDOS DE PIMENTÃO E TÉCNICAS DE CULTIVO A BASE DA AGRICULTURA s
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ria Mi
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Givago Coutinho Doutor em Fruticultura e professor efetivo - Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado) givago_agro@hotmail.com
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O
riginário do Sul do México e América Central, o pimentão (Capsicum annum) pertence à família Solanaceae, que possui aproximadamente 150 gêneros e 3.000 espécies de vegetais, estando entre as famílias mais diversificadas de angiospermas eudicotiledôneas. Rico em vitamina C, o pimentão está entre as hortaliças mais ricas nesta vitamina, além de ser uma excelente fonte de vitamina A quando maduro. É uma hortaliça pouco calórica e também fonte de cálcio, fósforo e ferro. Planta típica de verão, o pimentão atualmente pode ser produzido no inverno, sendo neste caso realizado o cultivo protegido em estufa. Além disso, o desenvolvimento de híbridos modernos proporcionou a oferta de pimentões em praticamente qualquer época do ano. Assim, antes da implantação da horta, o produtor deve conhecer bem o mercado e as características do local de produção visando acertar na escolha da variedade, e assim ser bem sucedido na atividade.
Técnicas de cultivo Do ponto de vista botânico, o fruto 26
do pimentão é uma baga que pode apresentar forma, tamanho e cor variáveis. Atualmente, é possível encontrar disponíveis no mercado diversos híbridos de pimentão, resumindo, basicamente, a três formatos diferentes de frutos, podendo ser quadrado, retangular ou cônico. Já em relação à coloração, quando imaturos são verdes, tornando-se vermelhos, amarelos ou alaranjados ao amadurecer, o que oscila com a variedade em questão. Os pimentões de coloração roxa e creme apresentam esta cor desde o início de formação, não passando pela coloração verde, como os demais. Com base nas opções disponíveis, a escolha do material a ser utilizado deve ter por direcionamento o mercado consumidor. Com relação ao formato, o cônico tradicional continua sendo o mais cultivado, sendo também crescente a busca por frutos de formato retangular e quadrado, sendo este último muito apreciado em pratos que exigem o mínimo de processamento.
Em campo Outro critério a ser observado na escolha do híbrido é o ambiente de cultivo, pois os diferentes híbridos ou os materiais genéticos têm respostas adaptativas diferentes no sistema de produção em ambiente protegido e/ou a céu aberto. Em cultivo protegido pode-se ter maior controle ambiental, assim, neste caso, podem ser utilizados materiais ou híbridos mais sensíveis. Híbridos com frutos coloridos são
os preferidos neste caso, pois apresentam alto valor agregado. Em relação ao cultivo a céu aberto, a resistência do híbrido é preconizada, evitando-se aqueles que apresentam maior sensibilidade a condições extremas de temperatura e de umidade, que podem causar problemas como a queda de flores e a diminuição da produção, sendo empregados, neste caso, híbridos ou materiais genéticos mais resistentes a essas condições.
Cuidados Exigente em temperatura, o pimentão requer temperatura variando entre 18 e 23°C para o bom desenvolvimento, sendo a temperatura próxima a 23°C a mais indicada para o crescimento durante o período vegetativo. Durante o desenvolvimento dos frutos, o ideal são temperaturas próximas a 21°C, pois abaixo de 18°C ocorre diminuição do crescimento da planta e sob temperaturas elevadas, pode ocorrer excesso de vegetação da planta, o que diminui a produção, além de causar abortamento de flores e de frutos pequenos durante o período reprodutivo. Assim, vale ressaltar que a escolha deve-se basear também na adaptação da cultivar ao clima do local de cultivo, sempre optando pelo híbrido que seja adequado ao clima local.
BIOLÓGICOS
Fotos Rafael Netto
MULTIPLICAÇÃO DE BACTÉRIAS ON FARM COMO FUNCIONA? Pablo Hardoim Pesquisador e consultor na área de Microbiologia orientada para Agricultura Sustentável phardoim@gmail.com
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Eduardo Martins Produtor rural e diretor do Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS) martins.eduardo1956@gmail.com Claudia Görgen Pesquisadora e consultora na área de Remineralizadores orientada para Agricultura Sustentável gorgenclaudia@gmail.com Rafael Garcia Sócio da Agrobiológica rafael@agrobiologica.com.br
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Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS) entende que a produção de alimentos é um conjunto de processos em que a dimensão biológica é determinante para a sanidade das plantas e o solo é a base das interações desses processos. Nessa perspectiva de sistema produtivo, os microrganismos têm tanta importância quanto outros atores biológicos envolvidos. Assim, a multiplicação de microrganismos específicos é uma ferramenta importante, mas desejamos que temporária, ou pelo menos não dominante. Nosso desafio é obter as funcionalidades biológicas que nosso sistema agrícola requer do próprio contexto de produção, seja local ou regional.
Multiplicação de microrganismos “on farm” funciona? Os resultados de mais de cinco anos de implantação da técnica de multiplicação de microrganismos “on farm” confirmam a viabilidade do sistema. 28
O governo, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), incentiva o preparo de microrganismos por produtores de alimentos. Recentemente, o MAPA também lançou o programa Bioinsumos, um decreto de lei que tem como objetivo estimular o uso de bioinsumos na agropecuária e aquicultura brasileira. A técnica funciona porque o produtor de alimentos está reproduzindo o que encontra na natureza. Nela não há uma espécie pura, como é buscado em estudos de laboratório - a base é a multifuncionalidade da comunidade biológica autóctone. Os microrganismos produzidos “on farm” estão metabolicamente ativos, ou seja, prontos para atuar no campo. Este fato é muito importante para obter o melhor potencial dos inóculos multiplicados. Observa-se, também, uma grande redução de custos, principalmente na multiplicação de agentes de biocontrole. O setor produtivo desta cadeia incorporou na unidade produzida valo-
BIOLÓGICOS
A legislação Não existem restrições normativas para que os agricultores realizem multiplicação de comunidades de microrganismos baseada em inóculos do seu contexto. Aqui é relevante a adoção das boas práticas das técnicas adotadas, sejam compostagem, multiplicações abertas, bokashi, multiplicação de micorrizas, dentre muitas outras. No caso na multiplicação de microrganismos específicos para consumo próprio, as multiplicações na fazenda seguem as previsões normativas que se referem aos microrganismos referenciados pelo MAPA. Os produtores realizam os processos em sistemas que devem cumprir as boas práticas de higiene e de controle de qualidade para evitar os riscos de contaminações.
Como implantar As multiplicações de comunidades requerem condições distintas, dependendo da técnica utilizada e dimensões da área a ser manejada. O conhecimento das técnicas vem sendo multiplicado em cursos e a adoção vem crescendo de forma significativa, como exemplifica o curso da Soil Food Web School, em conjunto com o GAAS, na sua segunda edição. As multiplicações de microrganismos específicos dependem de infraestrutura apropriada, tais como água adequada, ambientes preparados para higienização, meios para esterilização, dentre outros. A capacitação das boas práticas para as multiplicações específicas vem sendo realizada pela Embrapa/Cernargen, e conta sempre com grande adesão dos agricultores.
Culturas mais beneficiadas Todas as culturas estão sendo beneficiadas com a tecnologia de multiplicação de microrganismos “on farm”, seja em pequena ou larga escala. Ao contrário da recomendação do uso de defensivos químicos, o uso de microrganismos
com características de controle biológico não é limitado para a cultura em si, e sim para o controle do agente promotor de desequilíbrio na cultura. A multiplicação de microrganismos com funcionalidades de biofertilizantes e bioestimulantes também pode ser recomendada para mais de uma cultura. Isto se deve ao fato de que um microrganismo apresenta múltiplas características benéficas, as quais interagem de forma sinérgica para o aumento do vigor vegetativo.
Análise microscópica de composto
Como implantar a técnica A adoção de microrganismos no manejo, que aqui tratamos como agricultura sustentável, não deve ser abordada de forma isolada, mas como parte de um sistema de produção. Entendemos que este sistema de produção é dinâmico e regenerativo. Desta forma, nosso foco inicial é o manejo da qualidade do solo. A qualidade aqui é entendida como o fornecimento de todos os elementos químicos necessários (quantidades suficientes, equilibradas e prontamente disponíveis) para a expressão do máximo potencial produtivo das plantas cultivadas. No desenvolvimento destas plantas, o sistema radicular ativa a microbiota naturalmente presente, que por sua vez age diretamente sobre os minerais dos remineralizadores (pó de rocha), em processo chamado de biointemperismo. Este processo é eficiente, inclusive no intemperismo de minerais “considerados insolúveis”. Adicionalmente aos remineralizadores, utilizamos culturas de cobertura visando a diversificação biológica e preparando boas condições de rendimento para a cultura. Não tratamos as sementes com químicos, mas com biológicos. Assim, a cultura tem capacidade de vir com uma condição biológica mais harmônica e será capaz de lidar bem com as pressões de pragas e doenças. Em geral, nos diferentes estágios da cultura a área foliar recebe pulverizações de biológicos (comunidades ou específicos), com base na técnica da inundação, que em geral varia de uma a duas vezes a cada 15 dias. Acreditamos que o sucesso desse manejo não se deve aos biológicos e outros insumos regionais que adotamos, mas aos
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res equivalentes aos utilizados pelas empresas de moléculas químicas, sendo estes muito superiores aos custos reais de produção.
Fabricação de chá, no sistema SFW
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insumos convencionais que reduzimos ou deixamos de utilizar, permitindo que o sistema natural atue. Os resultados relatados pelos agricultores são surpreendentes, mas dependem do ano e do domínio das técnicas pelos agricultores. Na safra de soja 2019/20, a maioria relatou que conseguiu concluir o ciclo com apenas uma ou duas aplicações de fungicidas ou inseticidas. Isso significa redução de custos e menor estresse na cultura.
Erros mais frequentes
Fabricação de chá, no sistema SFW-2
A primeira superação que temos que enfrentar é acreditar que a natureza pode ser nossa aliada na produção agrícola entender que podemos contar com os recursos locais e regionais para um manejo acessível e sustentável. Quanto aos erros na produção “on farm”, podemos destacar, nas técnicas de multiplicação: não dominar os procedimentos de multiplicação, não utilizar meio de cultura adequado, não dispor de inóculo adequado. Já os erros mais comuns na aplicação são: utilizar excesso de pressão nos pulverizadores, errar no cronograma e manejo de aplicação, não cuidando da integridade dos microrganismos entre a finalização da multiplicação e a aplicação. Tais erros podem ser evitados com a capacitação e controle de qualidade do sistema de produção de biológicos.
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Evolução
Fabricação de chá, no sistema SFW-3
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A técnica de multiplicação de microrganismos específicos está evoluindo para o uso de comunidades eficientes, as quais mimetizam ecossistemas funcionais produtivos. As comunidades em ecossistemas são mais eficientes, pois estas evoluíram por milhões de anos. É notório que o uso de um único microrganismo não é tão eficiente quanto o uso de comunidades, as quais são capazes de manter uma harmonia das interações ecológicas necessárias para o pleno funcionamento do sistema produtivo vegetal. Estamos realizando um levantamento dos custos com ferramentas adequadas. Os resultados deverão ser anunciados no próximo Fórum Brasileiro de Agricultura Sustentável, promovido pelo GAAS, ainda sem data definida devido à pandemia de Covid-19.
O PAPEL DA MULTIPLICAÇÃO DE BACTÉRIAS NA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL Hélvio G. M. Ferraz Doutor em Fitopatologia e gerente de Pesquisa - Agrobiológica Soluções Naturais
Rafael Garcia Netto Engenheiro agrônomo e diretor executivo - Agrobiológica Soluções Naturais pesquisa@agrobiologica.com.br
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termo on farm tem se tornado famoso em terras tupiniquins, principalmente devido à multiplicação de bactérias de interesse agrícola pelos produtores rurais. Mas, os nacionalistas podem utilizar o termo “na fazenda” sem prejuízo no entendimento. A multiplicação de bactérias na propriedade rural ganhou força entre os produtores rurais no Brasil a partir do ano de 2012/13. Nessa época surgiu um surto de Helicoverpa spp. em lavouras de soja, milho e algodão e os produtos químicos não estavam sendo eficientes no controle da praga. Entretanto, havia produtos biológicos comerciais à base de Bacillus thuringiensis altamente eficazes para o controle dela. Os produtores se viram em um dilema: queriam utilizar o controle biológico, mas não podiam, devido ao alto custo dos produtos comerciais. Foi neste contexto que a multiplicação on farm de bactérias começou a crescer e se desenvolver entre os produtores brasileiros.
Por aqui No Brasil, seguramente mais de 10% da área de soja utiliza bactérias benéficas a plantas multiplicadas on farm. Ou seja, só na cultura da soja mais de 3,64 milhões de hectares utilizam bactérias para os mais diversos fins, como o Bra-
BIOLÓGICOS
Mais benefícios Produtores rurais também perceberam outros benefícios da aplicação de bactérias multiplicadas on farm, como uma maior eficiência do controle químico. Após a implementação da multiplicação on farm de bactérias, alguns pesticidas químicos que não eram mais eficientes para o controle de pragas voltaram a controlar as pragas depois da adoção do manejo biológico. Tal fato pode ser explicado porque os agentes de controle biológico são patógenos de determinada praga, causando um depauperamento de sua saúde e, portanto, facilitando o controle exercido pelo pesticida. Entendemos que o controle biológico deve ser a base do manejo integrado de pragas, e a utilização do controle químico deve ser aplicada quando necessária, de forma racional e utilizando moléculas menos inócuas aos inimigos naturais e ao ambiente.
Desafios e soluções A tarefa de multiplicação de bactérias na propriedade rural não é nada fácil, principalmente devido aos altos investimentos e qualificação técnica.
Pilhas de compostagem aeróbica
A multiplicação de bactérias de forma totalmente asséptica é muito onerosa, levando os produtores a buscarem formas mais simples, econômicas e que sejam eficientes para a multiplicação de bactérias. Com esse intuito, a Agrobiológica Soluções Naturais desenvolveu um sistema simples, econômico, eficiente e seguro de multiplicar bactérias na propriedade rural. Tal sistema é denominado Tecnologia Multibacter®, que permite ao produtor rural multiplicar a bactéria de interesse diretamente na sua propriedade novamente, de forma rápida, segura e eficiente. A tecnologia conta com biorreatores, cedidos na forma de comodato, que são as máquinas responsáveis pela multiplicação, produtos sanitizantes responsáveis pela limpeza dos biorreatores, antiespumante responsável pela degradação da espuma formada no processo de multiplicação bacteriana e o meio de cultura Multibacter®, que é o substrato utilizado pelas bactérias para se multiplicarem. Local apropriado para as multiplicações, água em quantidade necessária e de qualidade, inóculo de qualidade e armazenamento adequado das multiplicações fazem parte das boas práticas de multiplicação on farm e aumentam a eficiência das bactérias quando aplicadas nas culturas de interesse agronômico.
Legislação Pelo desconhecimento da legislação brasileira sobre a multiplicação de bactérias na propriedade rural, muitos ainda questionam a legitimidade de multiplicar bactérias na propriedade rural. A multiplicação on farm é legitimada pelo Decreto 6.913, de 23 de julho de 2.009. Segundo o “§ 8º, ficam isentos de registro os produtos fitossanitários com uso aprovado para a agricultura orgânica produzidos exclusivamente para uso próprio”. Em suma, o produtor rural pode multiplicar a bactéria de interesse em sua propriedade e utilizá-la, o que não pode ser feito é qualquer modalidade de comércio, como venda, cessão e permuta. O Ministério da Agricultura lançou no dia 27/05/2020 o Programa Nacional de Bioinsumos, que tem por objetivo ampliar e fortalecer a utilização de bioinsumos para a promoção do desenvolvimento sustentável da agropecuária brasileira. Uma das diretrizes do Programa Nacional de Bioinsumos é criar uma maneira de regulamentar a multiplicação on farm, e acreditamos que tais iniciativas governamentais irão impulsionar ainda mais o controle biológico on farm, gerando menos impactos ambientais, alimentos mais saudáveis e reduzindo os custos de produção.
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dyrhizobium para fixação de nitrogênio, o Bacillus thuringiensis para o controle de lepidópteros e o B. subtilis para o controle de doenças. Ano após ano, a multiplicação on farm tem conquistado mais adeptos, devido à alta eficiência no campo, redução dos custos de produção e pelo menor impacto ambiental. Em alguns casos a redução de custos pode chegar a 90%. Por exemplo, o controle de nematoides no cafeeiro feito com produtos biológicos comerciais à base de uma cepa de Bacillus subtilis custa R$ 250,00 por hectare. Esse mesmo controle, feito com a multiplicação on farm da mesma cepa de B. subtilis, custa R$ 37,50. Neste caso, a multiplicação on farm proporcionou uma redução de 85% dos custos de controle, além de ter a mesma eficiência em reduzir a população de nematoides e produtividade superior ao controle biológico comercial (resultados de experimentos em propriedades no Triângulo Mineiro).
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ALHO
ALGAS MARINHAS E O SUPERBROTAMENTO EM ALHO Fotos Eduardo Sekita
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Nilva Terezinha Teixeira Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica - Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (Unipinhal) nilvatteixeira@yahoo.com.br
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alho é uma das hortaliças mais antigas: o seu emprego data do período Neolítico (5.000 a.). Na antiguidade a sua importância era equiparada à do sal. Hoje, estes poderosos bulbos vêm sendo extensivamente estudados pela ciência. O alho é uma cultura extremamente importante. Seu emprego não é apenas culinário. É um antibiótico natural, estimulante de apetite, auxilia na digestão de alimentos, evita a acidez estomacal, ajuda a reduzir o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, asma e alguns tipos de câncer. Na agricultura, as propriedades antifúngicas, bactericidas e inseticidas fa-
zem com que o alho possa ser usado no controle de pragas e doenças, o que é praticado na agricultura orgânica. No Brasil, o cultivo de alho emprega milhares de pessoas e movimenta bilhões, anualmente, na economia nacional, sendo explorado, em grande parte, por pequenos e médios produtores. Por aqui, o consumo de alho apresenta aumento de 4% ao ano, enquanto a área plantada vem reduzindo e, por isso, há dependência de importações.
Obstáculos Entre os problemas que acometem a cultura do alho, tem-se o superbrotamento, ou seja, o pseudoperfilhamento, que se caracteriza pelo surgimento de brotações laterais e alongamento das folhas de proteção dos bulbilhos. As plantas ficam com aparência de touceiras e os bulbos ficam abertos, o que os inviabiliza para a comercialização. Tal problema pode ser decorrente de fotoperíodo curto e temperaturas baixas,
excesso de irrigação e de adubação nitrogenada e o emprego de vernalização. Sabe-se que em alhos nobres vernalizados a ocorrência do problema em questão é mais preocupante. A vernalização, que consiste em colocar os bulbos-sementes em baixas temperaturas por um determinado período e que visa a redução de exigências de fotoperíodo e a temperatura, estimula o acúmulo de citocininas e giberelinas, prejudicando o equilíbrio hormonal, o que pode ocasionar o superbrotamento. Outro fator que pode causar o superbrotamento do alho, como se citou, é o excesso de água. Os produtores, para minimizar o problema, têm lançado mão de reduzir a irrigação, o que pode causar problemas à cultura, que é exigente em umidade.
Pseudoperfilhamento - entenda Mas, qual a razão da redução de irrigação ajudar a evitar o pseudoperfilhamento?
ALHO
A explicação As algas marinhas são fontes de várias vitaminas e de outras substâncias, como glicoproteínas, como o alginato e aminoácidos, como a prolina, são ricas em estimulantes naturais como: auxinas (hormônio do crescimento que governa a divisão celular), giberelina (que induz floração e alongamento celular), citocininas (hormônio da juventude, retardamento da senescência) e abscísico (ABA), em quantidades equilibradas. São fontes de antioxidantes, substâncias produzidas a partir do metabolismo secundário das algas, que estimulam a proteção natural dos vegetais contra pragas e doenças. Tornam as plantas menos vulneráveis às variáveis abióticas, como temperatura, raios ultravioletas, salinidade, seca, etc. Ainda, as algas melhoram a agregação
do solo, minimizando a erosão e otimizando a aeração, aumentando a capacidade de retenção e de movimentação da água, desenvolvimento de raízes, além de fertilizá-lo. O seu elevado teor de hidrocoloides também permite às algas condicionarem propriedades do solo que permitem a liberação lenta de minerais e moléculas ativas e mantém a umidade do solo de acordo com a necessidade das plantas. Como as algas marinhas favorecem a divisão celular, por serem ricas em estimulantes naturais e nutrientes, seu emprego melhora o enraizamento dos vegetais, o que possibilita o melhor uso do solo, de água e de nutrientes. Assim, o enraizamento será mais abundante e eficiente. Portanto, ao se cortar o fornecimento de água, o uso eficiente da mesma é importante, lembrando que os prejuízos causados às plantas pelo estresse são avaliados pela sobrevivência, crescimento e a produtividade ou processos assimilatórios, como a absorção de CO2 e nutrientes. E as algas marinhas, por seu rico conteúdo, podem aumentar a resistência inata das plantas. Como se citou, as algas são seres muito ricos, por exemplo: têm alta concentração de alginato, um polissacarídeo que compõe a estrutura da parede celular das algas e que faz com que elas armazenem água nas células e permaneçam hidratadas por todo o período que passam expostas ao sol. O alginato desempenha no solo o pa-
pel de reter água e agregar as partículas do solo, proporcionando um ambiente ideal para o desenvolvimento das raízes e absorção dos nutrientes. Ainda, tem-se que o aminoácido prolina, presente nas águas, também protege contra problemas causados por déficit hídrico. Na composição das algas há outros elementos chaves no processo: a presença da prolina, que é um aminoácido relacionado à resistência ao déficit hídrico e à composição equilibrada de bioestimulantes.
Manejo Há produtos em pó e na forma líquida que podem ser empregados via solo e foliar. Doses dependem do produto escolhido. Há sugestões, para formulação líquida, de emprego de 1,5 até 4,0 L via foliar e por fertirrigação. Outra recomendação é o uso, em aplicação foliar, de 75 150 g/hl e, por fertirrigação, adicionar 2,0 - 4,0 kg/ha. Quanto às épocas, indica-se empregar durante o ciclo vegetativo, com intervalos de 10 a 15 dias. Entretanto, o uso deve ter a indicação de um técnico especializado. O ideal é não esperar o problema aparecer, porém, se há condição estressante, a melhor opção é o uso imediato.
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A fisiologia da planta responde. Quando as plantas estão expostas ao estresse hídrico, e também a outros agentes, ocorre relativamente grande produção de ácido abscísico (ABA) nas folhas, visando regular a abertura e fechamento estomático. Pesquisas indicam que o ABA está relacionado à formação dos bulbos em alho e as giberelinas seriam o fator responsável pelo superbrotamento. A maior síntese de ABA, em condições de estresse hídrico, possivelmente interfere no balanço hormonal das plantas, diminuindo a atividade das giberelinas e, assim, reduz a incidência de plantas com superbrotamento, elo de estabelecimento do equilíbrio hormonal das plantas. Então, a redução de irrigação pode realmente ajudar na diminuição do superbrotamento. Porém, a cultura é exigente em água. Então, como resolver a questão? A inclusão de extratos de algas marinhas pode auxiliar. A inclusão das algas marinhas no cultivo de plantas tem proporcionado efeitos positivos. Entre os efeitos benéficos proporcionados pela adição de algas marinhas no processo produtivo vegetal estão: a recuperação ou indução de resistência das plantas aos estresses abióticos e bióticos, entre os quais os causados pelo déficit hídrico, que pode ser provocado pela redução de irrigação no cultivo do alho.
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FITOSSANIDADE
ALERTA PARA PODRIDÃO BRANCA Fotos Valdir Lourenço
TOMBAMENTO EM CEBOLA E ALHO Vanessa Alves Gomes Engenheira agrônoma, mestre em Fitopatologia e doutoranda em Proteção de Plantas - UNESP/Botucatu vavvgomes@gmail.com
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Carolina Alves Gomes Graduanda em Agronomia – Universidade Federal de Viçosa (UFV/ CRP) carol.agomes11@gmail.com
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podridão branca é uma doença causada por um fungo chamado Sclerotium cepivorum. Este fungo não produz esporos funcionais conhecidos. As únicas estruturas reprodutivas conhecidas são os escleródios, que são também estruturas de resistência. Na ausência de plantas hospedeiras no campo, os escleródios podem permanecer dormentes no solo por longos períodos de tempo, podendo ultrapassar oito anos. Assim que o solo recebe alguma cultura do gênero Allium, ao começar a germinação estas espécies começam a liberar compostos voláteis, estimulando a germinação dos escleródios. Isto ocorre por meio de micélios que podem surgir de diferentes pontos do escleródio.
Os escleródios apresentam um formato arredondado e uma coloração escura.
Culturas e regiões afetadas A podridão branca é considerada uma das principais doenças que ocorrem em espécies de Allium. Plantas deste gênero são bulbosas anuais ou bianuais e têm preferência por climas temperados. São culturas que variam a altura de 10 cm a 1,5 m, o tamanho dos bulbos pode variar e formam bulbilhos em torno do principal. S. cepivorum atinge principalmente a cultura do alho (Allium sativum L.) e da cebola (Allium cepa L.), porém, pode atingir também alho-poró e cebolinhas. No geral, a doença apresenta ocorrência generalizada nas principais regiões produtoras, como, por exemplo, regiões serranas de São Paulo, Minas Gerais e o Sul do País, no Rio Grande do Sul. Os danos nesses locais podem chegar a até 100%.
Condições favoráveis A podridão branca ocorre principalmente em climas amenos e em locais com
alta umidade no solo. Solos com temperatura entre 10 e 20ºC e com alta umidade favorecem a infecção e aceleram o desenvolvimento da doença. A podridão branca é mais severa em baixadas úmidas e em locais com excesso de irrigação.
Sintomas A doença se manifesta principalmente no campo, em reboleiras. Nesse caso, é possível observar um subdesenvolvimento das plantas, apresentando amarelecimento na parte aérea e morte das folhas mais velhas. Posteriormente, são observados também sintomas de murcha, apodrecimento dos bulbos e um encharcamento da área infectada. As raízes das plantas afetadas por Sclerotium cepivorum sofrem apodrecimento, perdendo seu papel estrutural e de absorção de água e nutrientes. Logo, as plantas são facilmente arrancadas do solo. Em condições de alta umidade, as plantas infectadas pelo fungo apresentam, junto ao solo e sobre os bulbos, um crescimento micelial de coloração branca. Essa característica justifica o nome
FITOSSANIDADE
Medidas de controle É importante, antes de instalar a cultura, conhecer a biologia do patógeno e compreender o desenvolvimento da doença no campo. Outro fator fundamental é conhecer a área e ter a certeza de que não há escleródios de S. cepivorum. Além disso, a escolha da época do plantio e de locais menos favoráveis ao desenvolvimento da doença são fatores primordiais na fase inicial do cultivo de cebola e alho. Em áreas infestadas com este fungo, fazer uso de práticas como a rotação de culturas e o uso de materiais resistentes é pouco viável. Isso se deve às características da doença, à presença dos escleródios e de não haver opções de materiais resistentes no mercado. No caso de áreas com baixa incidência da doença, os sintomas são observados em pontos isolados nas lavouras. Desse modo, é recomendada a retirada das plantas infectadas e o tratamento do solo com fumigantes. Em áreas relativamente pequenas é possível implantar a prática da solarização do solo, técnica
que tem se mostrado eficiente no controle da doença. Alguns fungicidas estão sendo utilizados no controle da doença e se mostraram eficientes no tratamento de mudas e bulbilhos antes do plantio, como, por exemplo, os produtos pertencentes ao grupo químico dicarboximida (iprodiona, vinclozolina e procimidona). Mas, vale ressaltar que escolher materiais propagativos livres do patógeno é uma prática fundamental do controle preventivo. Sempre que possível, os produtores precisam adotar medidas preventivas, pois elas apresentam menor custo e evitam a entrada do patógeno na área. Visto a dificuldade de controlar os escleródios e o tempo que eles permanecem viáveis no solo, o controle preventivo não pode ser negligenciado.
Atuação dos fungicidas Alguns fungicidas estão sendo utilizados no controle dos escleródios. Esses produtos atuam estimulando a germinação dos escleródios do fungo, visando sua erradicação. Como exemplo, é possível encontrar os produtos do grupo químico triazol (diniconazol, tebuconazol), bem como o fluazinam, do grupo químico 2,6-dinitro-anilina, atuando no controle de outros patógenos formadores de escleródios. É importante, portanto, reconhecer a dificuldade do controle de S. cepivorum. Patógenos que apresentam estruturas de resistência são mais difíceis de serem controlados.
Assim, é importante realizar as medidas de controle preventivo para não deixar o patógeno entrar na área. Essa medida é a mais eficaz e menos onerosa no controle desta doença. Em casos de aparições pontuais da doença, uma tomada de decisão rápida e precisa pode conter a doença. Se o controle não for iniciado logo após a aparição dos primeiros sintomas, dificilmente será possível erradicar o patógeno na área. Além disso, o custo do controle fica muito elevado e dificulta o cultivo de alho ou cebola no local, pois as perdas de produtividade são altas.
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da doença ser podridão branca. Com a evolução desta há uma formação de micélios brancos e, posteriormente, uma produção de escleródios. Bulbos com a presença de escleródios apresentam a coloração escura. Apesar de a doença se manifestar principalmente em reboleiras no campo, é possível detectar a podridão branca também nas plântulas e durante o armazenamento dos bulbos. As plântulas infectadas sofrem tombamento e, posteriormente, morrem devido à presença do fungo.
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CEBOLA
AMINOÁCIDOS
Fotos Luize Hess
ESSENCIALIDADE PARA A CEBOLA Fellipe Kennedy Alves Cantareli felipecantarelli2009@hotmail.com
Jade Cristynne Franco Bezerra jadefranco9@gmail.com Mestrandos em Produção Vegetal/ Agronomia – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
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Ernandes Macedo da Cunha Neto Mestrando em Engenharia Florestal UFPR netomacedo878@gmail.com
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cebola é uma cultura importante no mercado nacional e internacional, fomentando a agricultura brasileira de tal maneira que se faz necessário utilizar ferramentas que incrementem a produtividade dessa cultura, uma vez que a produtividade média do País é em torno de 32 t/ha, enquanto em países como Japão e a Argentina a produtividade média ultrapassa as 45 t/ ha (IBGE, 2019). Muitos estudos confirmam que os aminoácidos podem afetar direta ou indiretamente os fatores fisiológicos, o desempenho no crescimento e expansão das plantas (Shafek, et al., 2018), poden-
do ser uma ferramenta promissora para a cebolicultura brasileira. Portanto, seu uso vem sendo uma prática comum entre agricultores que buscam otimizar o rendimento e estabilidade de produção, pois estes bioestimulantes apresentam efeitos sobre o desenvolvimento e produtividade das plantas, além de reduzir os danos causados por estresses durante o ciclo de cultivo. Com a utilização, podem aumentar a absorção dos fertilizantes, nutrientes e da água, além de promover o aumento da taxa fotossintética e a matéria seca fracionada e, por esse motivo, aumentar o rendimento das culturas.
Recomendações O manejo de aplicação de aminoácidos na cebola pode ser feito de duas formas: aplicação via foliar ou via solo, sendo via foliar a técnica mais empregada em grandes produtores mundiais, como o Egito. Além de ser a técnica mais usual de aplicação, fisiologicamente a absorção dos aminoácidos via foliar é facilitada, pois como as plantas conseguem absor-
ver essas moléculas via estômatos, fatores externos como temperatura e umidade auxiliam na absorção. Por outro lado, a aplicação de aminoácidos via solo, quando incorporados antes do plantio ou por fertirrigação, também apresenta resultados satisfatórios, pois a microbiota facilita a absorção dos nutrientes. Por isso, a adubação foliar com potássio, em complementação a adubações via solo, tem se mostrado compensatória. Além disso, a incorporação de compostos orgânicos, fontes de aminoácidos, a adubos foliares, aumenta a absorção de potássio e outros nutrientes pelas plantas, tornando ainda mais eficiente e econômico o processo de fertilização em culturas que são altamente responsivas à adubação, como a cebola.
Potássio em destaque Dentre os aminoácidos mais utilizados, o potássio é o segundo macronutriente mais exigido pelas plantas. No entanto, o solo brasileiro apresenta deficiência desse nutriente, pois é comumente lixiviado.
CEBOLA
Além de melhorar a produtividade, esse aminoácido aumenta a capacidade das plantas em resistir ao ataque de insetos e estresses abióticos (frio e/ou seca), além disso, incrementa o sistema radicular, tornando-o forte e saudável. O efeito positivo dos aminoácidos no crescimento e desenvolvimento das plantas de cebola pode ser devido à melhoria da estrutura original das células, que melhora a eficiência fotossintética que leva à produção de mais assimilados, os quais são necessários para a formação de novas células, refletindo no aumento de caracteres de crescimento (Shaheen et, al., 2013). O potássio é o nutriente mais absorvido pelas plantas de cebola. Desempenhando a função de ativador enzimático, está envolvido na fotossíntese, no transporte de carboidratos, na síntese de proteínas, na expansão celular e no movimento estomático. A quantidade ideal de potássio para um ótimo crescimento nas cebolas é de 40 g/kg de matéria seca da parte vegetativa, sendo que sua deficiência na planta causa amarelecimento das folhas velhas, secamento da ponta foliar e reduzido crescimento do bulbo. Para melhor absorção desses aminoácidos nas cebolas, a aplicação deve ser feita em três etapas, sendo a primeira aplicação 30 dias após o transplante das
mudas para a área de produção, seguidas por mais duas aplicações, com o intervalo de 15 dias entre elas.
Produtividade Em termos de produtividade, a utilização de alguns aminoácidos contribui para o incremento de 30% na produtividade total, de modo que, ao ser associada a aplicação de aminoácidos com zinco, o incremento foi de aproximadamente 48% (Rafie et al, 2017). O principal erro que deve ser evitado na utilização de aminoácidos na cultura da cebola é quanto à época de aplicação e às condições ambientais no momento da aplicação. Vale ressaltar que a época de aplicação deve respeitar o calendário recomendado pelo fabricante e a dosagem indicada para a cultura, de preferência nos horários mais frescos do dia, em dias com temperaturas mais amenas.
Custo envolvido O custo médio para implementação do uso de aminoácidos dependerá do produto escolhido pelo produtor, tendo no mercado várias opções de produtos, tanto à base de aminoácidos isolados como incrementados com algum tipo de fertilizante, sendo que o preço varia entre R$ 60,00 a R$ 140,00/litro. Considerando os períodos de aplicação, o custo médio fica em torno de R$ 120,00/ha. Vale a pena destacar que o preço do produto varia de acordo com seu preparo, marca comercial, composição e tipo de formulação. Levando em consideração os custos totais para se realizar a aplicação, o valor pago pelo produto proporciona um benefício satisfatório na produção da cebola.
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CAPA
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CAPA
QUIABO BORDร ATENDE ALTA GASTRONOMIA
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Isla
Altamente produtivo e possui รณtima uniformidade de plantas e frutos, contribuindo com maior rentabilidade
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CAPA
Diferencial do quiabo bordô Vegetais com coloração do vermelho ao azul intenso, como o quiabo bordô, possuem um pigmento chamado antocianina, sendo uma das principais classes dos flavonoides que contribuem significativamente com ação antioxidante. São pigmentos amplamente distribuídos em vegetais e exercem efeito protetor e preventivo no organismo humano. Seu potencial antioxidante pode chegar ao dobro dos antioxidantes comerciais, como a vitamina E. Assim, alimentos com significativa ação antioxidante, além de possuírem a função nutricional para o corpo, oferecem outros benefícios, por conterem substâncias bioativas que atuam como promotoras da saúde e estão associadas à diminuição dos riscos de desenvolvimento de doenças crônicas.
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Isla
Genética
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Veridiana Zocoler de Mendonça Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia - Unesp veridianazm@yahoo.com.br
Aline Mendes de Sousa Gouveia Engenheira agrônoma, doutora e professora - Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos (UNIFIO) aline.gouveia@unifio.edu.br
O
quiabo (Abelmoschus esculentum, anteriormente Hibiscus esculentus) pertence à família Malva-
ceae. Planta de ciclo vegetativo rápido, fácil cultivo, alta rentabilidade e, devido ao amplo leque de utilidades, tem demandado crescente aumento de produção. É uma hortaliça amplamente utilizada na culinária brasileira, com alto valor alimentício, sendo importante fonte de vitaminas A e C e sais minerais como cálcio, ferro, fósforo, além de qualidades medicinais e terapêuticas reconhecidas.
A escolha de materiais vegetais mais produtivos e uniformes também deve estar associada às características de genótipos que permitam maior qualidade nutricional. Dessa forma, novas cultivares vêm transformando o mercado consumidor, devido à demanda por cultivares mais atrativas, de cores e texturas diferenciadas, que possuem apelo nutricional para uma população interessada em alimentação saudável. Contudo, permitem a elaboração de pratos mais refinados da alta gastronomia, sendo encontrados nas principais redes de restaurantes, principalmente em grandes centros urbanos.
Pelo Brasil afora São os pequenos e médios produtores os responsáveis por quase toda a produção da cultura. A produtividade é variável, geralmente em torno de 20 t ha-1, com possibilidade de atingir 40 t ha-1 quando o período de colheita é prolongado. A produção mundial de quiabo foi de 9,8 mil toneladas, numa área aproximada de dois mil hectares em 2018 (Faostat). A Ásia é responsável por 69,5% da produção mundial, seguida do continente africano, com 29,7% e das Américas,
CAPA
com 0,8%. No ranking dos países, a Índia é o principal produtor, com média de 4,5 mil toneladas, seguido pela Nigéria, com 1,2 mil toneladas. No Brasil, é cultivado principalmente nas regiões nordeste e sudeste. O quiabeiro é amplamente cultivado no Estado de São Paulo. Segundo dados de 2012 do IEA/CDRS (CATI), houve cultivo em 148 municípios, sendo os maiores em área cultivada: Piacatu (220 ha), Promissão (120 ha), Mogi Guaçu (110 ha) e Araçatuba (100 ha). As regiões administrativas de maior expressão foram Araçatuba (33,9%), Campinas (27,6%) e Sorocaba (11,4%). Segundo a Seção de Economia e Desenvolvimento da própria CEAGESP, a sazonalidade da comercialização do quiabo ocorre com maior expressão nos meses de abril a dezembro, sendo o mês de março considerado moderado e os meses de janeiro e fevereiro com baixa comercialização. Os principais municípios que enviam quiabo para o Entreposto da Capital Paulista da Ceagesp são: Itaberá-SP (16%), Piacatu -SP (13,6%) e Gabriel Monteiro-SP (10%). Em 2017 foram comercializadas 12.513 toneladas de quiabo. Entre os meses de abril e maio de 2020, conforme dados disponibilizados pelo Programa Brasileiro de Modernização do Mercado de Hortigranjeiro – Prohort – da CEAGESP, a média de preço foi de R$ 4,90/ kg, variando de R$ 1,98/kg a R$ 8,00/ kg, preços dos Estados de Mato Grosso e Rio Grande do Sul, respectivamente.
de matéria orgânica, textura do solo, utilização ou não de irrigação na cultura, entre outros. Contudo, deve-se atentar para o fato de que o uso excessivo de adubos orgânicos poderá acarretar em desenvolvimento vegetativo exuberante, dificultando as colheitas e o controle fitossanitário, entre outros aspectos. Por ser uma cultura pouco tolerante à acidez elevada do solo, a calagem torna-se importante para manter o pH em torno de 6,0 a 6,8, sendo recomendada a análise do solo para esta operação. A adubação e a nutrição mineral são fatores essenciais para ganhos na quantidade e qualidade do produto, desde que
aplicadas corretamente, de modo a atingir elevada eficiência, minimizar o custo de produção e reduzir os danos ambientais. Consequentemente, há garantia de melhor retorno aos produtores.
Nutrição A adubação química é realizada principalmente em função de aplicações dos macronutrientes N e P, visto que a cultura do quiabo apresenta boas respostas de crescimento e desenvolvimento, mediante aplicações em doses corretas. A maior demanda por N é no período entre 30 e 90 dias após a semeadura. Na adubação mineral de cobertu-
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A cultura do quiabeiro desenvolve-se bem em vários tipos de solo, mas é importante que os mesmos tenham boa drenagem. Em solos arenosos, menos férteis, com baixo teor de matéria orgânica, é importante que se faça uma adubação orgânica em toda a área de cultivo cerca de 30 dias antes do plantio. Pode-se utilizar de 10 a 20 t/ha de esterco de curral ou de composto orgânico, ambos bem decompostos, ou ainda, 2,5 a 5,0 t/ha de esterco de galinha curtido ou húmus de minhoca. As quantidades recomendadas de fertilizantes orgânicos variam conforme as características de cultivo: clima da região, época de plantio, ciclo da cultura, níveis
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Manejo
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CAPA
ra pode-se aplicar de 20 a 80 kg/ha de N e 15 a 60 kg/ha de K2O durante o ciclo da cultura. As coberturas (20 kg/ha de N e 15 kg/ha de K2O cada) iniciam-se aos 20 dias após a emergência das plantas, podendo ser repetidas a cada 30 dias, dependendo do desenvolvimento do quiabeiro. Deve-se evitar a aplicação de nitrogênio em plantas vigorosas, procurando-se, com isso, manter um balanço adequado entre a área foliar e a quantidade de frutos em produção. É importan-
te ressaltar a necessidade de análise de solo para melhor adequar as demandas nutricionais da cultura.
Tratos culturais O quiabeiro desenvolve-se bem em temperaturas quentes, entre 18 e 35ºC, tolerando clima ameno, porém, é intolerante ao frio, que retarda ou mesmo impede a germinação e a emergência, prejudicando o crescimento, a floração e a
frutificação, consequentemente, diminuindo a produtividade da cultura. A semeadura, em canteiros definitivos, vai de setembro a janeiro, no entanto, em regiões mais quentes pode ocorrer durante o ano todo. O espaçamento normalmente é 0,90 a 1,20 m entrelinhas x 0,15 a 0,40 m entre plantas, com 1,0 a 2,0 plantas/cova. Em relação ao fornecimento de água, no plantio por semeadura direta, no período normal de chuvas, de novembro a fevereiro, a irrigação pode até ser dispensada, mas sua utilização pode garantir boa produtividade. No plantio de mudas, que deverão apresentar de três a quatro folhas definitivas, é necessário irrigar. A maior exigência por água ocorre durante o período de rápido crescimento e desenvolvimento das plantas.
Ana Maria Diniz
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Fitossanidade
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As plantas do quiabeiro são rústicas e pouco suscetíveis ao ataque de pragas e doenças, sendo as principais: ácaros, lagarta-rosca, vaquinha, oídio, murcha-de-verticílio e podridão-mole. O controle deve ser feito com defensivos agrícolas, bem como a rotação de culturas na área, de preferência com melancia, batata e feijão-vagem, o que, além de contribuir para a quebra do ciclo da praga ou patógeno, traz outra opção de renda. O quiabo geralmente apresenta germinação e crescimento inicial lentos e é cultivado com espaçamentos elevados, o que contribui para o aumento do período crítico de prevenção à interferência de plantas daninhas. Portanto, nos cultivos em que as plantas daninhas não são manejadas adequadamente, ocorrerá interferência no processo produtivo, pois pode haver competição pelos recursos do meio, principalmente por água, luz e nutrientes e, consequentemente, queda de produção. A primeira etapa para um manejo adequado de plantas daninhas em uma lavoura envolve a identificação das espécies presentes na área para então realizar a escolha de qual o melhor manejo a ser adotado, seja ele cultural, mecânico, físico, biológico, químico ou integrado. A capina manual é amplamente adotada pelos pequenos produtores.
CAPA
Classificação
A colheita ocorre de 60 a 80 dias após o plantio, com período de operação de 70 a 90 dias e demanda mão de obra, uma vez que é manual, devendo ser feita diariamente ou em dias alternados, para melhor padronização de frutos colhidos. Ao contrário de muitas hortaliças em que os frutos são consumidos quando atingem seu máximo desenvolvimento fisiológico, os frutos do quiabeiro devem ser consumidos quando apresentam-se tenros e com a ponta facilmente quebrável pelos dedos da mão, pois à medida que os frutos crescem e se desenvolvem, o teor de fibras também aumenta, tornando-se, em determinado ponto, inadequados para o consumo in natura. Em regiões de clima favorável, pode-se realizar a poda a fim de conseguir um período de colheita extra. Ao término do período usual de colheita, o quiabeiro pode ser podado, corte em bisel, na altura em que aparecem os brotos, a aproximadamente 50 cm do colo da planta.
Inovações tecnológicas Na busca por modelos de produção mais sustentáveis, há estudos para adoção de sistema plantio direto na produção de quiabo com cultivo intercalado
de plantas de cobertura para formação de palhada. Um estudo apontou que, no verão, a maior produtividade da cultura do quiabeiro foi obtida na cobertura com palhada de sorgo forrageiro. O diâmetro e o comprimento dos frutos não diferiram entre as variadas plantas de cobertura (sorgo forrageiro, milho, crotalária, crotalária + sorgo forrageiro, milho + crotalária, milho + sorgo, crotalária + milho + sorgo e vegetação natural). Já no inverno, a maior produtividade de quiabo foi obtida no cultivo sob palhada de crotalária com 23,98 t ha-1. Para as características número, diâmetro, comprimento de frutos e diâmetro do caule e altura da planta não houve diferença do cultivo sob as palhadas de sorgo forrageiro, milho, crotalária, crotalária + sorgo forrageiro, milho + crotalária, milho + sorgo, crotalária + milho + sorgo e vegetação natural.
Vale a pena? O cultivo do quiabo apresenta baixo custo de produção e menores possibilidades de ocorrência de problemas fitossanitários em comparação com outras culturas, tais como o tomate e morango, contribuindo para o menor gasto com defensivos agrícolas durante o ciclo da cultura.
Tais características evidenciam o seu potencial para incorporação em pequenas unidades produtivas. Estima-se que 30% do custo de produção sejam correspondentes aos insumos e 70% à mão de obra e máquinas. Empresas produtoras de sementes do quiabo bordô afirmam que esta é uma variedade altamente produtiva e possui ótima uniformidade de plantas e frutos, contribuindo com maior rentabilidade. Ademais, variedades diferenciadas das tradicionais, seja devido à coloração, formato, textura ou sabor, apresentam cotação de mercado mais alta, o que também garante maior retorno financeiro ao produtor.
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Colheita
derados defeitos variando de leves a graves. O quiabo é um produto altamente perecível, com curto período de conservação pós-colheita. Após a colheita, continua com o metabolismo respiratório ativo, devido às reações de amadurecimento, síntese de etileno, transpiração e transformações químicas que ocorrem normalmente no fruto. Portanto, para prolongar o período de armazenagem, é necessário o uso de técnicas apropriadas na pós-colheita que mantenham a qualidade e reduzam as perdas, como o uso de embalagens adequadas e refrigeração.
Ana Maria Diniz
Segundo dados do Centro de Qualidade em Horticultura de São Paulo da CEAGESP, o quiabo brasileiro pode ser classificado, como subgrupo, de acordo com seu formato, em cilíndrico ou quinado, em verde ou roxo e classe, que diz respeito ao comprimento, normalmente de 6,0 a 15 cm. Mercados exigentes preferem frutos cilíndricos, com cerca de 10 a 14 cm de comprimento, não aceitando frutos tortos. Frutos tortuosos, murchos, encaroçados, sem pedúnculo ou com pedúnculo maior que 1,0 cm, coloração não uniforme e podridões são consi-
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CAPA
sim, entre os meses de dezembro a abril a produção é grande, mas com preços despencando, enquanto em maio, junho e julho a produção é menor, com valores mais altos no mercado.
Investimento
INOVAÇÃO GENÉTICA Amanda Inoue Coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento - Isla Sementes
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Quiabo Carcará é uma variedade exclusiva da Isla Sementes e foi pensado e desenvolvido para a alta gastronomia, com frutos de bom sabor e textura. As principais diferenças entre o quiabo bordô e o quiabo Santa Cruz, o mais produzido no Brasil, são: a coloração roxo brilhante do quiabo bordô, enquanto o Santa Cruz 47 é verde brilhante. O bordô tem o formato quinado, diferente do Santa Cruz, cilíndrico com pontas. As duas variedades são plantas vigorosas e de alta produtividade, entretanto, o bordô Carcará é de porte alto. Outros diferenciais do Quiado Carcará, da Isla Sementes, são: ótimo sabor, melhor adaptação a temperaturas quentes e amenas e boa tolerância ao oídio, que é a principal doença foliar do quiabeiro, com isso gerando uma produtividade maior em quantidade e qualidade.
Isla Sementes
Mercado interno x externo
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O mercado do quiabo oscila muito, sendo melhor em épocas menos chuvosas e caindo na época de chuvas mais acentuadas. No período chuvoso, a procura e o valor são menores, mas com menor precipitação de água o mercado tende a subir a procura e os valores. Sendo as-
É difícil falar um valor médio de investimento, visto que cada produtor tem um método de trabalho, tendo que enfrentar diferentes necessidades de investimento de acordo com a realidade da propriedade. Entretanto, em relação aos investimentos apenas em sementes do Quiabo Carcará, é possível encontrar desde envelopes de 3,0 g por R$ 5,50, até pacote longa vida de 500 g, por R$ 146,30, valores estes que podem sofrer variação de acordo com o volume adquirido. No geral, o investimento pode ser considerado baixo/médio, já que é mais caro do que o quiabo Santa Cruz, mas inferior a outras hortaliças. Vale ressaltar que o investimento também varia de acordo com os insumos e mão de obra requerida. Por ser uma cultura bastante resistente a pragas e doenças, com baixo/médio custo de investimento inicial, o retorno não é considerado demorado. O ciclo médio no verão desta cultivar é em torno de 70 dias para iniciar a colheita, quando o retorno do investimento se inicia.
Demanda A maior demanda de quiabo no Brasil é no Estado de Minas Gerais, sendo as principais regiões produtoras os Estados de MG, SP, SE, RJ, ES, BA e GO, representando mais de 85% da produção nacional.
Do plantio à colheita A época ideal para o plantio do Carcará é de setembro a janeiro para as regiões de clima frio, de agosto a março para as regiões de clima ameno e o ano todo para as regiões de clima quente. As necessidades das sementes para plantio são: espaçamento de linhas x plantas deve ser de 80 x 50 cm, respectivamente. Necessita de 30 g por cova de adubo NPK e 150 g de esterco por cova. A germinação varia de quatro a 21 dias.
CAPA
PRODUÇÃO MUNDIAL
{
9,8 MIL TON 2,0 MIL HA
CONTINENTES
{
ÁSIA 69,5% ÁFRICA 29,7% AMÉRICAS 0,8%
PAÍSES
{
ÍNDIA 4,5 MIL TON NIGÉRIA 1,2 MIL TON
BRASIL
{
REGIÕES NORDESTE E SUDESTE
QUIABO
O quiabo é considerado planta rústica, ou seja, não sofre com muitas pragas e doenças. O ideal para controle de ervas daninhas são a capina manual, gradagem ou encanteiramento. As plantas podem ser atacadas por pragas, principalmente ácaros e nematoides. As doenças mais comuns na cultura
Agregado de valor Vale destacar que o quiabo bordô Carcará é um produto considerado gourmet, voltado para a alta gastronomia, sendo que a procura vem crescendo aos poucos. Ele tem como comprimento comercial variação de 12 a 18 cm e pode ser consumido cozido, refogado ou frito, no preparo de pratos e saladas frias. Outra característica que chama atenção desta variedade é a menor quantidade de goma viscosa em relação ao quiabo Santa Cruz.
Resultados O quiabo, por ser considerado uma planta mais rústica, se desenvolve bem sem alta tecnologia, mas pode ter resultados ainda mais satisfatórios com o uso da mesma. A qualidade e a diminuição da perda de produtos surgem como resultados positivos do uso da alta tecnologia na produção de quiabo, que pode ser vista, na maior parte, no quesito de irrigação. Se há um investimento maior em sistema de irrigação e adubação mais eficiente, o produtor pode melhorar os resultados em relação à produtividade.
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Controle de ervas daninhas, pragas e doenças
do quiabo são causadas por fungos: oídio, murcha de fusário, mancha de ascochita, cercosporiose, antracnose e murcha de verticílio. Doenças causadas por bactérias: crestamento das folhas, mancha angular e podridão-mole dos frutos. Em relação ao oídio, o quiabo Cacará, da Isla Sementes, tem boa tolerância a esse problema, podendo fazer uso do leite de vaca para o controle alternativo, além de ser uma alternativa barata e não gerar resíduo. O controle fitossanitário, quando necessário, deve ser feito com produtos químicos registrados para a cultura e com características de seletividade. É importante sempre consultar um técnico ou agrônomo responsável para recomendação adequada.
Ana Maria Diniz
O plantio deve ser feito numa cova de 15 x 15 cm (profundidade e largura). Após o preparo da cova, a mesma deve ser coberta com terra, de forma que a adubação e esterco fiquem 0,5 cm abaixo da superfície. A temperatura do solo interfere no tempo de germinação das sementes. Com temperatura média de 20ºC, as sementes levam 17 dias para germinar. Com temperatura média de 30ºC, a germinação acontece após sete dias. Recomenda-se irrigar as covas de plantio ou os sulcos, um dia antes da semeadura. Na semeadura, colocam-se de três a cinco sementes por cova, na profundidade de 3,0 a 5,0 cm. O gasto de sementes é de 6,0 a 9,0 kg por hectare (10.000 m²). Posteriormente, faz-se o desbaste, deixando duas plantas por cova, lembrando que o semeio também pode ser feito em bandejas de 128 e 200 células.
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CENOURA
FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS NO CULTIVO DE CENOURA Regina Maria Quintão Lana Professora de Fertilidade e Nutrição de Plantas – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Carlos Henrique Eiterer de Souza Professor - Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM
Luciana Nunes Gontijo Doutoranda em Produção Vegetal - UFU
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Mara Lúcia Martins Magela Doutoranda em Fitotecnia - UFU
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N
o Brasil, a cenoura (Daucus carota L.) ocupa a 5ª posição entre as hortaliças mais cultivadas. É de grande importância no agronegócio da horticultura ao considerar que possui elevada capacidade de geração de emprego e renda em todos os segmentos de sua cadeia produtiva (Dossa; Fuchs, 2017). Segundo a Hortifrúti Brasil e o IBGE (2018), essa hortaliça ocupa uma área total de 14.077 hectares, sendo que, destes, 7.500 hectares foram plantados em território mineiro. Na safra 2017/18, Minas Gerais contribuiu com 155.500 toneladas das 714.509 toneladas produzidas no Brasil. A microrregião do Alto Paranaíba tem grande relevância no cenário nacio-
nal na produção de cenouras, representando 40% do abastecimento da cultura, em especial São Gotardo (MG) (CEPEA - ESALQ).
Nutrição da cenoura com organomineral Dentre os vários desafios de condução da cenoura nessa região, o manejo da fertilidade do solo e o suprimento adequado dos nutrientes destacam-se como algumas das práticas fundamentais para obtenção de altas produtividades, visto que no Cerrado predominam solos altamente intemperizados, profundos, com acentuada acidez e baixa fertilidade natural. Em função dessas características, os produtores de cenoura necessitam adotar novas tecnologias de fertilização que permitam maior aproveitamento dos nutrientes pela cultura (Vilela; Borges, 2008). O uso adequado de fertilizantes no cultivo dessa olerícola é de suma importância para evitar desequilíbrios fisiológicos e desuniformidade no tamanho das raízes, o que acarreta baixa produtividade, qualidade e pior classificação da cenoura.
Neste segmento, fertilizantes organominerais têm demonstrado diversos resultados positivos para o manejo racional, sustentável e econômico na produção das hortaliças. Foram desenvolvidos experimentos na região de São Gotardo com o objetivo de comparar a produção de cenoura aplicando fontes de fertilizantes organominerais e minerais.
Experimento I: Fertilizantes organominerais Vitória Agro x mineral em cenoura no Grupo Sekita Foi realizado no Grupo Sekita, no município de São Gotardo em 2017, um experimento onde utilizou-se para adubação mineral 2.200 kg ha-¹ da formulação 02-30-06, segundo o boletim de Recomendações para o Uso de Corretivos e Fertilizantes em Minas Gerais (1999), e para a adubação com organomineral aplicou-se as formulações Vitfertil 02-20-05 e Vitfertil 03-14-12 da empresa Vitória Agro. A fonte Vitfertil 02-20-05 foi aplicada considerando o equivalente a 100% da recomendação (3.300 kg ha-1), 80% (2.640 kg ha-1), 60% (1.980 kg ha-1) e
CENOURA
Tabela 1. Produtividade e classificação (de acordo com o comprimento) de cenoura em lavoura comercial com aplicação de fertilizantes na semeadura Classificação Formulação Tratamento N-P-K 1 Padrão Mineral 02 30 06 2 100% Vitfertil 02 20 05 3 80% Vitfertil 02 20 05 4 60% Vitfertil 02 20 05 5 50% Vitfertil 02 20 05 6 47% Vitfertil 03 14 12 CV%
Dose
Produtividade
1A
2A
3A
(140 a 180 mm) (180 a 220 mm) (220 a 260 mm)
(2A+3A)
Grande >260 mm
Defeito
t ha-1 caixas ha-1 caixas ha-1 kg ha-1 3216,0 322,5 887,0 1023,0 1910,0 150,5 833,0 2.200 64,32ab*1 3.300 66,44a 3322,0 454,5 974,0 839,5 1813,5 93,5 960,5 2.640 65,53ab 3276,5 414,0 1090,0 862,0 1952,0 91,5 819,0 1.980 64,07ab 3203,5 336,5 1217,0 756,5 1973,5 96,5 797,0 1.650 61,84b 3092,0 443,0 996,5 770,5 1767,0 106,5 775,5 2.200 62,23ab 3111,5 385,5 1075,5 848,5 1924,0 35,5 766,5 3,41% 30,83 20,05 22,99 42,13 16,75
*1 Letras iguais minúsculas na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,10 de probabilidade Fonte. Souza, 2017
Produtividade e classificação da cenoura A aplicação de 100% da dose de recomendação com organomineral Vitfertil 02-20-05 resultou em produtividade de 2,12 t ha-1 a mais de cenoura em relação à dose do mineral 02-30-06, o que equivale, por hectare, à produção de 106 caixas de 20 kg. Resultado semelhante foi obtido mesmo com doses menores, em que, em termos numéricos, a aplicação de 80% do fertilizante organomineral incrementou a produtividade em 1,21 t ha-1 de raiz (60,5 caixas ha-1) em relação ao fertilizante mineral (Tabela 1). Quanto à classificação, cenouras com comprimento entre 180 a 220 mm (2A) e 220 a 260 mm (3A) são as raízes com maior valor comercial. As doses de 80 e 60% do fertilizante organomineral Vitfertil 02-20-05 e a dose de 47% do Vitfertil 03-14-12 resultaram em maior número de caixas de 20 kg ha-1 de cenoura com melhor classificação (2A + 3A), obtendo 42, 63,5 e 14 caixas ha-1 a mais que o fertilizante mineral, respectivamente (Tabela 1). Essa maior produção com fertilizantes organominerais é um reflexo dos efeitos positivos que o organomineral, por
meio da matriz orgânica, proporciona à qualidade do solo e à nutrição adequada para as hortaliças. Esse tipo de fertilizante potencializa a eficiência dos fertilizantes minerais em função das suas características, como reduzir os processos de perdas por lixiviação do potássio, volatilização da ureia e fixação do fósforo, além de promover a liberação gradual desses nutrientes durante todo o ciclo de desenvolvimento da cultura.
Nutrientes nas folhas e comprimento de raiz da cenoura Avaliando os teores foliares de N e P, observou-se que, numericamente, todas as doses dos fertilizantes organominerais proporcionaram maior incremento desses nutrientes nas folhas em relação ao fertilizante mineral (Tabela 2). Isso é devido à presença das substâncias hú-
micas no organomineral, que beneficia o aumento do sistema radicular e, consequentemente, a absorção de nutrientes. Um manejo nutricional mais equilibrado, com maior aproveitamento dos nutrientes pelas plantas, contribui para uma taxa fotossintética maior, o que proporciona maior comprimento da cenoura. Isso pôde ser observado com a aplicação da dose de 80% do organomineral Vitfertil 02-20-05, que obteve 6,3 mm a mais de comprimento de raiz em relação ao mineral (Tabela 2). Esses resultados evidenciam que a composição química do organomineral altera diretamente o metabolismo bioquímico das plantas e, por consequência, pode influenciar no seu desenvolvimento. Dessa forma, considera-se que a planta direcionou mais energia (fotoassimilados) para a produção de raízes com a aplicação deste fertilizante.
Tabela 2. Teores foliares de N, P e comprimento de raiz em lavoura comercial de cenoura cultivada com aplicação de fertilizantes na semeadura Comprimento de raiz N P Formulação Dose Tratamentos mm g kg-1 N-P-K kg ha-1 Padrão Mineral 100% Vitfertil 80% Vitfertil 60% Vitfertil 50% Vitfertil 47% Vitfertil
02 30 06 02 20 05 02 20 05 02 20 05 02 20 05 03 14 12
2.200 3.300 2.640 1.980 1.650 2.200
CV%
40,15 44,00 44,59 46,59 45,36 43,68
2,38 2,63 2,62 2,85 2,75 2,70
5,27 10,61
203,7 205,9 210,0 176,9 182,6 193,2
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50% (1.650 kg ha-1). Para a fonte Vitfertil 03-14-12, aplicou-se 47% da recomendação (2.200 kg ha-1) (Tabela 1).
159,8
Fonte. Souza, 2017
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Experimento II: Fertilizante organomineral Vitória Agro x mineral em cenoura no Grupo Tanaka Em outro experimento comparando fertilizante mineral com organomineral Vitfertil 02-20-05 da empresa Vitória Agro no cultivo de cenoura, realizado no Grupo Tanaka, no município de São Gotardo em 2017, utilizou-se como adubação mineral 2.000 kg ha-1 da formulação 02-30-06, segundo o boletim de recomendação. Para a fonte organomineral Vitfertil 02-20-05, considerou-se o equivalente a 100% da recomendação (3.000 kg ha-1), 80% (2.400 kg ha-1), 60% (1.800 kg ha-1) e 50% (1.500 kg ha-1) (Tabela 3).
Produtividade e classificação da cenoura
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Observou-se que mesmo a produtividade sendo estatisticamente igual para todas as fontes e doses de fertilizante aplicadas, em termos numéricos a classificação de cenoura (caixas ha-1) em 2A + 3A apresentou maiores valores com as doses de 100% e 50% do organomineral, obtendo 11,4 e 7,3% a mais de caixas ha-1 em relação à adubação com fertilizante mineral, respectivamente. Em relação à classificação de cenoura com defeito, a fonte exclusivamente mineral apresentou 368 caixas ha-1 a mais em relação a 100% do organomineral, e 272.5 caixas ha-1 a mais em relação à dose de 50% do organomineral (Tabela 3).
Tabela 3. Produtividade e classificação (de acordo com o comprimento) de cenoura em lavoura comercial com aplicação de fertilizantes na semeadura Classificação Tratamento
Formulação N-P-K
1 Padrão Mineral 02 30 06 2 100% Vitfertil 02 20 05 3 80% Vitfertil 02 20 05 4 60% Vitfertil 02 20 05 5 50% Vitfertil 02 20 05 CV%
Dose kg ha-1 2000 3000 2400 1800 1500
Produtividade
1A
2A
3A
(140 a 180 mm) (180 a 220 mm) (220 a 260 mm)
Grande >260 mm
Defeito
t ha-1 caixas ha-1 caixas ha-1 70,99a1 3549,5 171 1184,0 a1 1044,5 2228,5 557,5 592,5 62,58a 3129,0 215 1393,5a 1090,0 2483,5 206,0 224,5 60,78a 3039,0 307,5 1445,5a 861,0 2306,5 196,5 228.5 60,64a 3032,0 368,5 1506,5a 767,0 2273,5 193,0 197,0 61,15a 3057,5 50 1200,5a 1190,0 2390,5 297,0 320,0 4,18% - 25,76 - - -
*1 Letras iguais minúsculas na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de probabilidade Fonte. Souza, 2017 48
(2A+3A)
CENOURA
A aplicação do organomineral reduziu a quantidade de cenoura com defeito. Esses resultados demonstram a importância de se obter a maior parte da produtividade total com cenouras de melhor classificação, uma vez que essa parcela garantirá maior retorno econômico para o produtor (figura 1).
Lucratividade: organomineral x mineral Figura 1. Comparação da classificação comercial de cenoura em toneladas ha-1 35,00
1A 2A 3A G
30,00 25,00 t ha-1 de cenoura
Este experimento demonstra que o retorno financeiro com o organomineral é maior em relação à fonte mineral. A aplicação da menor dose do organomineral (50%) resultou em aumento de 3,25% na renda bruta, sendo que quanto maior a dose do fertilizante organomineral, maior a lucratividade. Isso pôde ser observado com a dose de 100%, que obteve 11,7% a mais de renda bruta quando comparado com o obtido com a fonte mineral (Tabela 4). Conclui-se que o fertilizante organomineral proporciona ao setor de produção de cenoura melhor custo-benefício, representando um fertilizante que potencializa a obtenção de altas produtividades com melhor classificação da cenoura.
20,00 15,00 10,00 5,00 0,00
Mineral
Vit 100 Vit 80 Vit 60 Dose de fertilizante organomineral
Vit 50
Tabela 4. Rendimento bruto (R$) em função da classificação comercial de cenoura em caixas (20 kg), cultivada com aplicação de fertilizantes organominerais na semeadura
1A
2A
R$ 3.420,00 R$ 4.300,00 R$ 6.160,00 R$ 7.380,00 R$ 1.000,00 R$ 20,00
R$ 26.048,00 R$ 30.668,00 R$ 31.812,00 R$ 33.132,00 R$ 26.400,00 R$ 22,00
Renda Bruta R$ 28.188,00 R$ 57.656,00 R$ 29.430,00 R$ 64.398,00 R$ 23.247,00 R$ 61.219,00 R$ 20.709,00 R$ 61.221,00 R$ 32.130,00 R$ 59.530,00 R$ 27,00
3A
DIF Mineral R$ 6.742,00 R$ 3.563,00 R$ 3.565,00 R$ 1.874,00
julho 2020
Formulação Dose N-P-K kg ha-1 Padrão Mineral 02 30 06 2000 100% Vitfertil 02 20 05 3000 80% Vitfertil 02 20 05 2400 60% Vitfertil 02 20 05 1800 50% Vitfertil 02 20 05 1500 Valor da caixa Tratamentos
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SILÍCIO
ALFACE
COMO ELA PODE SE BENEFICIAR DO SILÍCIO?
utte s Sh F ot o
julho 2020
Rodrigo Vieira da Silva Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e professor – IF Goiano, campus Morrinhos rodrigo.silva@ifgoiano.edu.br Nikson Elias Pinto da Silva Engenheiro agrônomo, mestrando em Olericultura - IF Goiano - campus Morrinhos niksoneps@gmail.com Emmerson Rodrigues de Moraes Engenheiro agrônomo, doutor em Fertilidade do Solo e professor – IF Goiano, campus Morrinhos emmerson.moraes@ifgoiano.edu.br Ana Paula Gonçalves Ferreira Gabriela Araújo Martins
Marya Eduarda Castro Silva Graduandas em Agronomia – IF Goiano, campus Morrinhos 50
A
alface é a olerícola folhosa mais comercializada mundialmente. Devido ao seu sabor e textura, além de ser muito nutritiva, a alface tem se destacado por ser muito utilizada em saladas, sanduíches e em processamentos mínimos. Para o cultivo desta espécie de maneira satisfatória, faz-se necessário maximizar o uso de fertilizantes com a aplicação de doses corretas, tendo como referência os teores dos elementos no solo, de modo que a nutrição equilibrada é fundamental tanto para a viabilidade econômica do cultivo quanto para a redução dos impactos negativos que essa ação causa ao ambiente. Neste contexto, vale ressaltar a suplementação com o mineral silício (Si),
rst
oc
k
uma vez que plantas com níveis mais elevados de Si tendem a conter mais nutrientes em seus tecidos. Este mineral aumenta a produção de fotoassimilados, e devido ao incremento na taxa fotossintética, há um aumento de substrato para a incorporação do nitrogênio e fósforo. Além disso, a aplicação de Si na nutrição da alface deixa as folhas com a parede celular mais espessa, e a planta mais resistente a pragas e doenças.
Benefícios do silício Alcançar alta produtividade e aumentar o tempo de preservação após a colheita apresenta-se como o grande desafio para os produtores de alface. Todavia, a adu-
SILÍCIO
Resultados Pesquisas comprovam que a adição deste elemento na alface provocou aumentos significativos no peso, circunferência da cabeça e durabilidade pós-colheita. Também causa redução de pragas e doenças, pois a deposição do Si na parede das células forma uma barreira física e mecânica, além do aumento na concentração de compostos fenólicos, os quais deixam as plantas mais resistentes. Essas barreiras são muito importantes para evitar a penetração de fungos, nematoides, reduzir danos por insetos
desfolhadores e mastigadores e impedir lesões que são porta de entrada para vírus e bactérias. A salinidade do meio de cultivo em função de altas doses de fertilizantes e presença de sódio reduz a produtividade, provocando perda de água da planta pelas raízes. A aplicação de Si nessas regiões diminui a absorção de sódio pelas raízes das plantas, reduzindo assim a salinização. Do mesmo modo, reduzem a absorção de metais, como por exemplo, ferro, manganês e zinco, que em grandes quantidades causam toxidez às plantas.
Reflexos na produtividade A suplementação da alface com o Si pode aumentar a produtividade na ordem de 10 a 15% em função da melhora na interação entre a planta e o ambiente, proporcionando à planta uma maior tolerância ao ataque de fitopatógenos e pragas, além de fatores ambientais adversos. Portanto, os benefícios do Si devem-se à sua influência na formação da parede celular de raízes e folhas. Logo, este elemento não tem um papel metabólico definido nas plantas acumuladoras. Complementarmente, há pesquisas que evidenciam que quando aplicado, o Si foi capaz de ocasionar aumento nas folhas comerciais. Dessa maneira, o emprego do silício no cultivo de alface é benéfico por-
que é capaz de aumentar o desenvolvimento qualitativo e produtivo da cultura, tendo ainda a possibilidade de melhorar o aspecto em pós-colheita do produto a ser comercializado.
Contra doenças da alface A maior parte do Si é incorporada nas paredes celulares, conferindo maior rigidez, elasticidade e proteção, amenizando os efeitos dos estresses de natureza biótica e abiótica. Plantas adubadas com silício são mais resistentes à ação de fungos, bactérias, insetos e nematoides, e também à anomalia fisiológica, conhecida como queima dos bordos. Além da barreira física, esse elemento é capaz de potencializar alguns mecanismos de defesa, como por exemplo, aumentando a concentração de enzimas peroxidases, o que é fundamental na biossíntese de lignina, sendo importante na resistência das plantas aos patógenos. Promove, desta forma, uma barreira química, devido ao aumento da lignina nas folhas e raízes.
Manejo de aplicação do silício Para a suplementação mineral com o Si, recomenda-se que se observe a forma sólida (pó ou granulado) que o mesmo se encontra. Dessa maneira, quando este for aplicado na forma de silicatos em pó, é preferível que haja a sua incorporação em área total. Outra maneira para possível aplicação são os silicatos granulados, podendo ser combinados com outros fertilizantes na linha de plantio, com doses entre 0,5 a 0,8 t ha-1. Caso o produtor opte por aplicações a lanço de silicato de cálcio em solos corrigidos, a dose máxima não deve exceder 800 kg ha-1, uma vez que o produto aumenta o pH do solo. No entanto, para que a aplicação de silício seja otimizada, o produtor deve se atentar às condições do solo, tais como: umidade adequada e capacidade de campo variando em torno de 60%, ou seja, o
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bação equilibrada com macro e micronutrientes e alguns elementos benéficos tem se mostrado bastante eficiente para conseguir obter melhores resultados e diminuir os custos. Diversas pesquisas científicas realizadas com a suplementação mineral do Si no Brasil e dezenas de países ao redor do mundo demonstram que a aplicação de silício tem trazido resultados satisfatórios ao cultivo da alface. Quando disponível na solução do solo, o Si demonstra ser bastante eficiente, de modo a aumentar a produtividade e fazer com que a planta resista a estresses bióticos e abióticos, possibilitando uma agricultura mais sustentável, sem o uso exagerado de produtos químicos. Além disso, as plantas com teor adequado de Si melhoram a arquitetura de suas folhas, oferecendo maior interceptação de luz solar, o que aumenta os níveis de fotossíntese. Adicionalmente, este nutriente benéfico também reduz o estresse hídrico por diminuir as taxas de transpiração das plantas. Isso relaciona-se com os componentes estruturais da planta, aumentando sua elasticidade no decorrer do crescimento. Vale salientar que este elemento fornece maiores resistências a temperaturas extremas, o que é indispensável para a alface por sua preferência por climas amenos.
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SILÍCIO
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solo com boa umidade, mas não encharcado. Estas observações são importantes porque podem determinar o rendimento e disponibilidade do silício para a alface. Complementarmente, devem ser avaliadas algumas características para utilizar o Si na cultura, dentre as quais: facilidade para aplicação mecanizada, boa quantidade de cálcio e magnésio em sua composição, baixa quantidade de metais pesados, alta concentração de silício solúvel e baixo custo.
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Resultados práticos a campo Em pesquisa realizada em 2003 utilizando silicato de potássio com aplicação via foliar em cultivo de inverno, foram avaliadas diferentes doses de Si em alface americana. Como resultado, constatou-se que a dose de 1,7 kg ha-1 proporcionou aumento no rendimento de massa fresca. Por outro lado, a dose de 2,1 kg ha-1 proporcionou bom desempenho econômico. Para a durabilidade pós-colheita, a aplicação de silício que melhor res-
pondeu foi nas doses de 0,9 e 1,7 kg ha-1 aplicadas aos 21 e 28 dias após o transplantio das mudas. A aplicação foi feita via foliar, 21 dias após o transplantio, utilizando um pulverizador manual. As doses que obtiveram maior rendimento de massa fresca total e comercial foram, respectivamente, 1,8 e 2,7 L ha-1. Para circunferência, a dose ideal foi de 2,7 L ha-1, atingindo 40,1 cm a cabeça. Ainda, para a melhor conservação pós-colheita, a dose mais recomendada foi de 1,8 L ha-1 após 20 dias do transplante. Em sistema hidropônico para o cultivo de alface, a aplicação de Si na concentração recomendada para se obter os melhores resultados na pós-colheita é de 84 mg L-1 de silício, utilizando como fonte o silicato de potássio com 10,2% de K (11% K2O) e 11,7% de Si (25% SiO2), adicionado na solução nutritiva fornecida às plantas.
Erros frequentes Os erros mais frequentes partem da escolha do produto, em que o produtor
não se atenta às características químicas e físicas do formulado silicatado, além da época e condições do tempo para a aplicação do Si. Portanto, deve-se prestar atenção às principais fontes de silício que podem ser aplicadas na agricultura e a sua disponibilidade no mercado, como as escórias siderúrgicas e silicatos, que possuem granulometria fina e que fornecem maiores quantidades de silício. As características consideradas ideais para o uso de fontes de silício na agricultura são: alta concentração de silício solúvel, facilidade para a aplicação, pronta disponibilidade para as plantas, boa relação em quantidades de cálcio e magnésio, baixa concentração de metais pesados e reduzido custo. O ideal é a aplicação nos canteiros 30 dias antes do plantio na forma de silicatos. As condições ideais para aplicação na forma de calda contendo o Si são: ausência de vento, baixas temperaturas, aconselhando aplicação no começo ou final do dia, que são as horas mais amenas, visando uma menor perda de calda por evaporação ou deriva do produto.
SILÍCIO
A qualidade da alface é um fator essencial para comercialização, especialmente para mercados mais exigentes, que pagam preços diferenciados. As fontes de silício, produtos, forma de aplicação e manejo são bem variadas, e por isso é um assunto delicado de se dimensionar. A aquisição do produto e aplicação dependem de outros fatores, como transporte, tamanho da área e tecnologia empregada. O importante é o produtor atentar-se para a qualidade do produto adquirido, a forma de obtê-lo e como usá-lo, verificando ainda se este realmente se adéqua à sua realidade.
Investimento x retorno Esse elemento é um potencializador das características produtivas e defensivas da planta, as quais são expressas de
maneira diferente, dependendo da região cultivada. Deste modo, as condições locais de ambiente são um fator essencial para calcular a lucratividade do uso do silício no cultivo de alface. Em ambientes com alta probabilidade de estresses à planta, como incidência de patógenos e/ou falta de água, este elemento é uma ótima alternativa para agregar valor ao produto final em qualidade e produtividade. Com isso, há a possibilidade de redução dos custos para o produtor, fazendo com que o mesmo diminua o investimento em produtos químicos que antes utilizava para driblar o mal da agricultura, no caso de pragas, e o resultado que elas causam. A aplicação de silício foliar na dose recomendada pode incrementar a produção entre 10 a 15%, a um custo máximo de R$ 0,02 por planta. Considerando o preço de R$ 0,50 a R$ 2,50/kg de alface, o retorno pode variar entre R$ 0,75 a R$ 11,75 por planta, o que pode representar até R$ 10.525,00/ ha, para um estande de 90.000 plantas/ hectare.
Estratégia A alface, para atender um consumidor cada vez mais exigente, precisa estar com boa aparência. Para manter a qualidade visual da alface não é fácil - logo após a colheita reações químicas e físicas começam a acontecer, o que favorece a incidência de microrganismos que provocam a diminuição da sua qualidade visual e a vida útil. A utilização de fertilizantes silicatados aumenta a eficiência da adubação NPK. Os adubos silicatados normalmente apresentam boas propriedades de adsorção. Isto faz com que ocorra uma menor lixiviação de potássio e outros nutrientes móveis no horizonte superficial. Com o aumento do teor de silicato no solo, ocorrem reações químicas de troca entre o silicato e fosfatos, como os fosfatos de cálcio, alumínio e ferro. Portanto, ocorre a formação de silicatos de cálcio, alumínio e ferro, com a liberação do íon fosfato, aumentando o teor de fósforo na solução do solo. O uso, principalmente de silicato de cálcio e magnésio líquido, ou silicato de potássio, apresenta-se como uma excelente estratégia a ser incorporada no manejo para a agricultura atual, sendo eficiente e segura ambientalmente.
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Custos
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PROTEÇÃO
TELADOS Ginegar Polysack
MELHOR ABSORÇÃO DE PROPRIEDADES NUTRICIONAIS NAS FOLHOSAS Mônica Bartira da Silva Engenheira agrônoma, doutora e professora - Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT-MT) monica.bartira@gmail.com
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Marla Sílvia Diamante Doutora em Agronomia/Horticultura – UNESP marlasdiamante@gmail.com Daiane Andreia Trento Engenheira agrônoma e mestra em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola – UNEMAT daiatrento@gmail.com
Santino Seabra Junior Engenheiro agrônomo, PhD e professor - UNEMAT santinoseabra@hotmail.com
O
excesso de radiação solar pode causar prejuízo direto às hortaliças folhosas, como o estresse por fotoinibição, afetando assim seu ciclo normal, causando enrijecimento das
54
folhas, diminuição da área foliar e paralisação do crescimento, diminuindo assim a produção e qualidade das hortaliças. Uma vez que a alta irradiância e temperaturas elevadas, presentes nas regiões tropicais e subtropicais, suprimem a produtividade de algumas hortaliças, a abordagem mais comum à resolução deste problema seria a limitação da entrada de radiação solar com o uso de telas e sombrite refletivos. A partir deste raciocínio surge o uso de telados na horticultura.
Atuação Quando cultivados em telado, os vegetais sofrem menor impacto do excesso de sol, chuva e vento, e pelo conjunto de melhorias oferecidas, pode promover também uma maior absorção de nutrientes, deixando a planta mais saudável e resistente a estresses ambientais. A eficiência dos sistemas de produ-
ção em ambiente protegido está ligada a fatores externos, como temperatura e umidade ambiente, e a fatores internos, como material de cobertura das casas de vegetação, telas de controle de insetos, culturas implantadas e mecanismos de controle climático, o que gera um ambiente com várias inter-relações dinâmicas e complexas. Convém evidenciar que a temperatura tem importante função no controle da velocidade das reações químicas celulares, as quais governam o crescimento e desenvolvimento das plantas. A utilização de telas de sombreamento nos cultivos em locais de temperatura e luminosidade elevadas conduz as hortaliças folhosas dentro de uma variação ótima de luminosidade, reduzindo a intensidade da energia radiante. Esses benefícios atendem outros fatores favoráveis à necessidade da planta, principalmente o aumento da fotorrespiração, o que contribui para o melhor desempenho das culturas.
PROTEÇÃO
Novas opções O uso de telados com diferentes características espectrais no cultivo de hortaliças folhosas tornou-se muito comum nos últimos anos. Os telados coloridos, por sua vez, representam um novo conceito agrotecnológico, tendo como finalidade combinar a proteção física com a filtragem diferencial da radiação solar, promovendo assim respostas fisiológicas que são reguladas pela luz. Esses telados modificam especificamente o espectro da luz filtrada ultravioleta, visível a regiões do infravermelho, melhorando também o teor relativo de luz difusa, e modificando seus componentes térmicos. Sendo assim, os telados oferecem diferentes misturas de luz natural em conjunto com a luz difusa espectralmente modificada, trazendo vantagens como a proteção física e a filtragem da radiação solar, promovendo melhor produção e qualidade, pois melhoram a capacidade fotossintética e bioquímica das plantas. Os diferentes telados usados na produção de hortaliças folhosas transmitem distintos comprimentos de ondas, as quais alteram a resposta fotomorfogênica das plantas. Essas respostas se traduzem em alterações no crescimento, no desenvolvimento, na morfologia e nas funções fisiológicas, como resultado de adaptação a uma condução ambiental diferente.
Pesquisas Vários estudos têm se mostrado promissores em relação ao uso de telados e incremento das características organolépticas das hortaliças folhosas devido ao melhor aproveitamento da luz que incide no interior dos ambientes, ocasionando maior taxa fotossintética e maior ativação do metabolismo de nitrogênio (N) nas folhas. Alguns estudos ainda mostram que existe interação entre a absorção e assimilação do N com a irradiância incidente, indicando que modificações microclimáticas provocadas pelas malhas termorrefletoras e difusoras podem alterar o teor e o conteúdo de nutrientes na alface, sobretudo do N. Trabalhos têm demonstrado também que hortaliças folhosas produzidas sob ambientes telados apresentam
menor massa por unidade de área. Esse fator é importante porque indica que as folhas são mais tenras, quando comparadas a hortaliças cultivadas em campo aberto. Portanto, essas folhas são mais adequadas a mercados consumidores mais exigentes.
Como implantar um telado Planejar a implantação do cultivo protegido é um projeto que envolve conhecimento sobre o assunto, análise de riscos do negócio, capacidade de empreendedorismo do produtor e, necessariamente, uma consultoria especializada. É imprescindível ter planejamento não só em relação aos custos e benefícios da instalação das estruturas, mas também da adequação da tecnologia ao seu ambiente físico, como a forma de construção, posicionamento das estruturas em relação a ventos e ao sol, encharcamento do solo nas épocas de chuvas, legislação ambiental e, principalmente, os benefícios desejados ao iniciar o cultivo em ambiente protegido. O produtor deve usar materiais duráveis para a construção das estruturas, e ser cauteloso com o manejo e a escolha dos insumos usados, além de es-
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São inúmeras as vantagens do uso de coberturas com telados, tais como o aumento da produtividade, melhor qualidade do produto, o que aumenta sua competitividade e a possibilidade de disponibilidade do produto mesmo em época de entressafra, fator esse que contribui para o maior valor de venda, além de um melhor aproveitamento de insumos. A partir disso, vários tipos de telado são usados na produção de folhosas, entre eles os sombrites, telas termorefletoras e difusoras, as quais promovem alterações microclimáticas no ambiente, por interferirem nos processos fisiológicos, como a fotossíntese, respiração e transpiração, potencializando também melhorias no processo de absorção de nutrientes.
Sendo assim, os telados podem influenciar no desenvolvimento foliar, alterando a espessura das folhas, na diferenciação do mesófilo, divisão celular e desenvolvimento de estômatos, podendo afetar as estruturas anatômicas, exercendo maiores efeitos durante a expansão foliar, evidenciando o grau de plasticidade fisiológica e anatômica das plantas para mudanças na qualidade de luz.
Dynacs
Vantagens
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PROTEÇÃO
Tabela 01. Tipos de tela mais utilizadas, modelos disponíveis no mercado, nível de sombreamento, dimensões de comercialização, tempo de viabilidade e preço médio por bobina Tipo de tela/Cor
Modelo
Forte Special Forte Special Leve Tela de sombreamento/ Leve Ecosombra Preta Ecosombra Polysombra Plus Polysombra Plus Original Tela sombrite/Preta Original ChromatiNet Vermelha ChromatiNet Tela de sombreamento/ Vermelha Vermelha e Cinza ChromatiNet Silver ChromatiNet Silver Aluminet (para Ambiente Externo) Tela Refletora de Calor/ Aluminet (para Ambiente Externo) Prata Freshnet Prata Freshnet Prata Tela de sombreamento/ Raschel Branca Raschel Branca Branca
Nível de sobreamento (%)
Dimensão da bobina (m)
Garantia (ano)
Tipo de malha
Preço médio por bobina (R$)*
35 50 35 65 30 50 35 50 30 50
1,5 x 50 1,5 x 50 1,5 x 50 1,5 x 50 1,5 x 50 1,5 x 50 1,5 x 50 1,5 x 50 1,5 x 100 1,5 x 50
>1 >1 3 3 3 3 10 10 10 10
Ráfia Ráfia Ráfia Ráfia Ráfia Ráfia Ráfia Ráfia Monofilamento Monofilamento
112,50 132,75 119,25 225,00 165,87 201,88 392,85 455,05 696,41 391,14
35
4 x 50
3
Ráfia
1530,65
50
6,5 x 50
3
Ráfia
1798,36
35
3 x 50
3
Ráfia
1126,16
50
3 x 50
3
Ráfia
1178,54
35
1 x 50
5
Ráfia
642,38
50
1 x 50
5
Ráfia
659,11
35 50 36 50
4 x 110 4 x 110 1 x 100 2 x 100
3 3 3 3
Ráfia Ráfia Ráfia Ráfia
2019,58 2441,98 543,00 1757,68
Fonte. Canal Agrícola (https://www.canalagricola.com.br/telas-filmes/agricola/sombrite) *Valores médios baseados na cotação comercial do dolar a R$ 4,96
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tar atento aos pequenos detalhes, pois, muitas vezes, são eles que fazem a grande diferença no resultado. É sempre importante se atentar para a altura do telado para que as operações com tratores ou pessoas sejam possíveis, ou em caso de utilização de túneis baixos, esses devem estar em uma altura que permita a manipulação da cultura sem que o operador entre no ambiente.
Ginegar Polysack
Mudas e cultivares de qualidade
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O agricultor deve se atentar à importância de utilizar mudas de boa qualidade, assim como cultivares que apresentem adaptação ao local de cultivo e ao ambiente protegido, e que tenham maior valor agregado. Também precisa estar atento à sazonalidade do produto, aos tipos de estrutura mais adequados ao cultivo, como o porte da planta e à intensidade de crescimento.
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MUDAS
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PRODU Ç FENÓL ÃO DE MUD ICA É M AS EM AIS EF ESPUM ICIENT A E Amanda Santana Chales Engenheira agrônoma e mestranda em Ciência do Solo - Universidade Federal de Lavras (UFLA) amandaachales@gmail.com Júlio César Ribeiro Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Ciência do Solo Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) jcragronomo@gmail.com
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A
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produção adequada de mudas é fundamental para a obtenção de uma boa produtividade das culturas. Importantes decisões devem ser tomadas nessa etapa, dentre elas a escolha de sementes de boa qualidade e com certificação, assim como a escolha do substrato, o qual deve apresentar características físicas e químicas adequadas à espécie, além do local onde serão produzidas. Decisões tomadas sem critérios técnicos podem influenciar na germinação das sementes e no desenvolvimento das mudas, prejudicando toda a produção. Dentre os meios para a produção de mudas, pode-se destacar o uso da espuma fenólica, a qual é considerada um substrato inerte e de fácil manuseio. A espuma fenólica é o principal substrato utilizado no cultivo hidropônico, tendo em vista que as plantas são produzidas desde as mudas em solução nutritiva, proporcionando assim um melhor equilíbrio nutricional para seu desenvolvimento.
Com a utilização da espuma fenólica como substrato para a produção de mudas, é dispensável o uso de bandejas de isopor ou plástico convencionais, e outros tipos de substratos, como a vermiculita e a fibra de coco, o que torna o ambiente de cultivo mais higiênico e organizado.
Benefícios Por proporcionar diversos benefícios, como a praticidade no manuseio e transporte até o local de cultivo, a espuma fenólica tem sido muito utilizada na produção de mudas. Sua utilização possibilita ainda, uma boa sustentação das mudas e uma redução da desintegração do sistema radicular no momento do transplantio, o que acontece frequentemente com mudas produzidas em substratos convencionais. A maior integridade do sistema radicular de mudas produzidas em espuma fenólica promove menor estresse às plantas, o que, consequentemente, refletirá em um melhor desenvolvimento das mesmas. Por ser um material inerte, a espuma fenólica não interfere na nutrição das plantas, possibilitando um manejo nutricional via fertirrigação de acordo com a
necessidade da espécie cultivada, além de proporcionar um melhor controle com relação à sanidade das mudas e, consequentemente, um melhor padrão de qualidade. Ainda, a boa retenção de umidade da espuma fenólica, associada a uma ótima aeração, proporcionam condições físicas ideais de cultivo. Por não necessitar de grandes espaços, a utilização de espuma fenólica na produção de mudas possibilita um maior número de plantas por área produtiva, podendo o produtor obter maior rentabilidade.
Culturas De modo geral, a produção de mudas de hortaliças é a mais beneficiada com a utilização da espuma fenólica, tendo em vista o rápido desenvolvimento e o fácil manejo, considerando que para o pleno desenvolvimento das mudas é necessário o fornecimento de solução nutritiva para suprir suas necessidades nutricionais. Dentre as mudas de hortaliças mais produzidas em espuma fenólica, pode-se destacar as de alface, hortaliça folhosa amplamente cultivada em sistemas hidropônicos. Entretanto, a produção de mudas de
MUDAS
outras hortaliças, como por exemplo, de rúcula, mostarda e salsa vem ganhando cada vez mais espaço.
Como implantar a técnica
O berçário Após as sementes serem depositadas na placa de espuma fenólica, é necessário que ela fique em local sombreado, sem a presença de luz direta, devendo a espuma ser mantida úmida com água pura até o início da germinação, processo que dura entre 48 e 72 horas, dependendo da espécie utilizada. Em seguida, a placa de espuma fenólica com as sementes germinadas deve ser colocada em ambiente iluminado, mantendo-se a umidade para que ocorra seu desenvolvimento. Em locais ou épocas de insolação intensa, é necessário a utilização de sombrite nas horas mais quentes do dia. Quando ocorrer o aparecimento da
segunda folha, as mudas devem começar a receber solução nutritiva, tendo em vista que nessa fase a reserva nutricional que havia na semente já se esgotou. Após o desenvolvimento das mudas, quando as mesmas atingirem um padrão adequado, podem ser transplantadas para as bancadas de crescimento, no caso de sistemas hidropônicos.
Funciona? A utilização de espuma fenólica na produção de mudas, além da economia de espaço e maior controle sanitário no processo produtivo, favorece uma nutrição mais uniforme das mudas, visto que as células das placas recebem solução nutritiva igualmente e regularmente, o que possibilita a produção de mudas padronizadas de excelente qualidade, e consequentemente, uma ótima produtividade. No entanto, a solução nutritiva fornecida deve atender as demandas da espécie cultivada. Alguns cuidados devem ser tomados para que as mudas produzidas sejam de boa qualidade e não apresentem problemas futuros à produção. Considerando que a espuma fenólica apresenta ácidos em sua composição em decorrência ao seu processo de produção, é de suma importância sua lavagem em água corrente para que esses ácidos sejam removidos, e não interfiram na germinação das sementes. É de muita importância utilizar água de boa qualidade na produção de mudas em espuma fenólica, considerando que a utilização de água com qualidade comprometida pode proporcionar problemas de contaminação por substâncias e/ou patógenos indesejáveis. O fornecimento de solução nutritiva não balanceada de acordo com a espécie cultivada também pode afetar a qualidade das mudas produzidas, além de proporcionar gastos desnecessários. A limpeza correta do ambiente de cultivo e das bancadas onde as mudas estão sendo produzidas deve ser realizada
ao final de cada ciclo, com uma solução de hipoclorito, a fim de evitar problemas como a disseminação de doenças para o próximo ciclo produtivo.
Custo O custo das placas de espuma fenólica, assim como as bandejas apropriadas para a germinação e transporte, varia de acordo com a região, entretanto, esse tipo de substrato é relativamente barato, considerando as vantagens proporcionadas. De modo geral, uma placa de espuma fenólica com 345 células custa em torno de R$ 4,90, e a bandeja para germinação e transporte entre R$ 13,85 a R$ 17,50 a unidade. Por fim, vale destacar que a utilização de placas de espuma fenólica na produção de mudas é uma forma de garantir melhor qualidade ao produto final.
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O planejamento é fundamental para a implantação da técnica de produção de mudas em espuma fenólica, tendo em vista que há a necessidade de se adquirir sementes de qualidade, assim como uma estrutura produtiva adequada, de modo que se possa fornecer nutrientes às mudas via solução nutritiva. De modo geral, as mudas são produzidas em estufas que possuem bancadas denominadas de “berçários”, onde as sementes plantadas nas placas de espuma fenólica começam a receber água para sua germinação, e posteriormente solução nutritiva para seu desenvolvimento. A espuma fenólica é comercializada em placas de diversos tamanhos, sendo divididas em células. Antes de utilizá-la, é necessário que seja lavada em água corrente a fim de retirar possíveis impurezas ácidas decorrentes da fabricação. Esse processo de lavagem deve ser realizado em uma bandeja ou algo similar, para que não ocorra nenhum dano à espuma fenólica. Após higienizadas, em cada célula deve ser feito um pequeno furo com auxílio de uma caneta, um lápis ou até mesmo um prego, até aproximadamente a metade da altura da espuma, onde as sementes serão colocadas para a germinação.
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CITRICULTURA
HIDROPONIA Alexandre Dias da Silva
PRODUÇÃO DE MUDAS DE CITROS É BENEFICIADA Pedro Maranha Peche Engenheiro agrônomo, doutor em Produção Vegetal e pesquisador em Fruticultura - Universidade Federal de Lavras (UFLA) pedmpeche@gmail.com
Alexandre Dias da Silva Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia/Horticultura - UFLA alexandrediasufla@gmail.com
Paula Almeida Nascimento Doutoranda em Fitotecnia Universidade Federal de Lavras (UFLA) paula.alna@yahoo.com.br
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citricultura é uma das principais atividades agrícolas do País, sendo o suco concentrado e congelado o maior produto de exportação da fruticultura brasileira. Para alcançar esses patamares são necessárias grandes áreas de plantio, que devido a fatores fitossanitários e produtivos, estão em renovação constante, demandando uma grande quantidade de mudas anualmente. Porém, devido à rígida legislação para produção de mudas cítricas, a oferta de mudas não é suficiente, além do custo de produção das mesmas ser elevado. Desta forma, várias ações vêm sendo feitas no sentido de facilitar e baratear a produção de mudas de frutíferas, sendo uma delas patenteada em 2008 pelos professores aposentados da UFLA, Valdemar Faquin e Nilton Nagib Jorge Chalfun, visando a produção de mudas
em hidroponia - o sistema HidroMudas (Faquin; Chalfun, 2008). A hidroponia foi escolhida por ser uma técnica de cultivo protegido na qual o solo é substituído por um substrato inerte e/ou solução nutritiva contendo todos os elementos essenciais para o crescimento dos vegetais. Essa técnica possui inúmeras vantagens, como elevada capacidade de produção, independente de clima ou solo, possibilidade de cultivo durante todo o ano, uso racional de água, fertilizantes e defensivos agrícolas, produtos de melhor qualidade e maior uniformidade, antecipação da produção e maior controle fitossanitário.
As mudas No caso da produção de mudas no sistema hidropônico, podemos acrescentar o uso reduzido de espaço, pois no sistema convencional de produção de mudas cítricas conseguimos produzir entre 40 e 60 mudas por m² (dependendo do tamanho do saquinho), enquanto no sistema hidropônico conseguimos de 228 (na fase de formação de porta-enxerto) a 114 mudas por m² (terminação das mudas), pois são utilizados tubetes de 280 cm³. Um ponto a favor do sistema HidroMudas é que podemos realizar todas as etapas de produção da muda nele (desde que se respeite os tratos fitossanitários e a legislação para produção de
mudas): germinação e obtenção dos porta-enxertos, manutenção das matrizes e produção das borbulhas, como a enxertia e terminação das mudas. Na produção do porta-enxerto, o sistema favorece o desenvolvimento das mudas de forma que é possível adiantar a enxertia em torno de 30 dias em relação aos sistemas convencionais (Gomes, 2013). Em relação ao tempo de produção total das mudas (muda enxertada, pronta para ser plantada), na hidroponia a muda de ‘ponkan’ fica pronta em 231 dias após a semeadura do porta-enxerto, contra 360 no convencional (Souza et al, 2013). Já no manejo das borbulheiras, no sistema HidroMudas conseguem-se de três a quatro cortes por matriz/ano, sendo as mesmas conduzidas com duas a três hastes porta-borbulhas, contra no convencional, em que são obtidos no máximo dois cortes por ano e as matrizes manejadas somente com uma haste (Gomes et al. 2019). A montagem do sistema não difere muito da montagem de um sistema hidropônico convencional, necessitando apenas adaptar o sistema para uma piscina onde a base dos tubetes fica parcialmente imersa na solução nutritiva. Os demais investimentos são os mesmos dos sistemas hidropônicos convencionais e das instalações previstas na legislação para produção de mudas de citros.
INFORME TÉCNICO
MELÃO
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PANORAMA NACIONAL DO CULTIVO DE MELÃO Carlos Antônio dos Santos Engenheiro agrônomo e mestre em Fitotecnia/Produção Vegetal – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) carlosantoniods@ufrrj.br Caio Soares Diniz Graduando em Agronomia - UFRRJ caiosoaresdiniz@gmail.com Júlio Cesar Ribeiro Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia - UFRRJ jcragricola@hotmail.com
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melão (Cucumis melo) é um fruto refrescante, rico em vitaminas e sais minerais, e contém valor energético relativamente baixo. Estas características, associadas ao desenvolvimento de cultivares com sabor mais pronunciado, são responsáveis pelo seu alto consumo no mercado europeu, asiático e americano, e pela popularização crescente entre os consumidores brasileiros nos últimos anos. A produção mundial de melão no último ano foi superior a 27 milhões de toneladas em mais 1,04 milhão de hectares cultivados. Os três maiores países produtores são a China (46,5%); Turquia (6,41%) e o Irã (6,33%).
Já a produção brasileira de melão tem crescido desde o ano de 2008, e atualmente colabora com cerca de 2,12% do total produzido no mundo. No País, foram produzidas no último ano cerca de 581 mil toneladas de melão em mais de 23 mil hectares (Faostat, 2020). Grande parte desta produção, no entanto, é voltada para a exportação em função dos rendimentos mais acentuados.
Exportações Dados do Agrostat/MAPA demonstraram que a exportação brasileira de melão cresceu 27% em 2019 em relação ao
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MAIOR ENRAIZAMENTO DA CULTURA
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ano anterior. No último ano, o País exportou mais de 250 mil toneladas do fruto, movimentando mais de US$ 160 milhões. Além da qualidade, o diferencial da produção brasileira de melão no mercado internacional é o aproveitamento de janelas de produção, ou seja, o fornecimento do fruto no período de entressafra mundial, o que costuma ocorrer de setembro a janeiro.
ro, e concentra mais de 90% do total exportado. As expectativas para os próximos anos são muito animadoras devido a um acordo de exportação de melão para a China. Há uma previsão de aumento expressivo da produção visando atender a demanda desse novo mercado potencial, o que também será importante para a diversificação dos destinos do produto.
Mercados promissores
Principais regiões produtoras
Os mercados interno e externo do melão apresentam algumas particularidades. O consumidor externo é mais exigente em qualidade do produto e está disposto a pagar mais por isso. No geral, para esses mercados são estabelecidos alguns critérios de qualidade, como intolerância a injúrias e danos, exigência por frutos íntegros e com teores de sólidos solúveis totais (ºBrix) mais altos. No mercado interno, os frutos do tipo amarelo são os mais consumidos. Com o aumento do consumo nos últimos anos, também aumentaram as exigências por qualidade dos frutos comercializados no mercado interno. O mercado europeu, principalmente Holanda, Espanha e Reino Unido, é o principal destino do melão brasilei-
Por ser o meloeiro uma planta exigente em luminosidade, temperaturas elevadas (20 a 30ºC) e pouco tolerante à umidade excessiva, a cultura se destaca notadamente na região nordeste do Brasil. A produção tem sido feita principalmente nos Estados do Rio Grande do Norte e Ceará, voltada ao mercado externo, e na região do Vale do São Francisco, que colabora para o abastecimento do mercado externo e interno. Segundo dados da FAO, a produtividade média mundial é de 26,11 t/ ha. Já no Brasil, a produtividade média é de aproximadamente 24,93 t/ha, porém, pode ser superior a 30 t/ha nas regiões mais tecnificadas. O desenvolvimento de novas tecnologias tem proporcionado melhorias
na qualidade dos frutos e produtividade de melão nas lavouras brasileiras. Como exemplo, lista-se a disponibilidade de novas cultivares híbridas mais produtivas, uniformes, com melhor conservação pós-colheita, e que apresentam resistência a doenças como o oídio, fusariose e viroses. Outra característica interessante é o alto teor de sólidos solúveis, conferindo sabor e aroma mais pronunciado e maior doçura, o que agrada o paladar dos consumidores.
Demanda A busca constante pela qualidade do melão também tem aumentado no mercado interno. A região sudeste, seguida pela região sul, são as que mais demandam o produto, principalmente nos meses quentes de primavera e verão. O consumo per capita no Brasil é de 56 quilos anuais, enquanto nos países desenvolvidos chega a 120 quilos. Portanto, também há uma perspectiva de crescimento do consumo de melão no mercado interno para os próximos anos.
CULTIVO
MANEJO CULTURAL DO MELÃO Fotos Itaueira
Luan Fernando Mendes luan.mendes14@hotmail.com Graduandos em Engenharia Agronômica - Centro Universitário Sudoeste Paulista (UNIFSP) Letícia Galhardo Jorge Bióloga e mestranda em Botânica - IBB/ UNESP leticia_1307@hotmail.com Bruno Novaes Menezes Martins Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Horticultura) e professor – UNIFSP brunonovaes17@hotmail.com
P
ara um bom desenvolvimento das plantas de melão, é necessária a execução de diversas práticas culturais, independentemente de qual seja o cultivo. Seus tratos culturais consistem em fornecer condições favoráveis ao desenvolvimento do fruto, resultando em uma boa produção e qualidade final, atingindo maior efeito quando todas as
práticas são realizadas. Portanto, deve ser observada a época adequada de cada trato cultural, do plantio até a colheita, principalmente do desbaste de plantas, controle de plantas invasoras, adubações, condução das ramas, raleio e manejo de fruto, polinização, proteção dos frutos e rotação de cultura. É, também, necessária uma visita diária ao campo para o efetivo controle das necessidades do cultivo.
Tratos culturais no plantio convencional O controle de plantas daninhas pode ser feito com capina entre as plantas para manter a cultura sem competição com as plantas daninhas. É necessário muito cuidado nessa etapa para não danificar nenhum fruto. A utilização de herbicidas somente deve ocorrer mediante receituário agronômico, como complemento aos métodos culturais de controle. Os restos culturais são tão importantes que em alguns Estados são objetos de lei, por serem fonte de disseminação de
pragas e doenças. O recomendado é enterrar, ou retirar e queimar estes restos.
Polinização A polinização é realizada principalmente por abelhas e as primeiras horas da manhã são o melhor horário para a fecundação, portanto, é recomendado não realizar a aplicação de defensivos neste período. O potencial produtivo de um fruto corresponderá à deposição de pólen sobre o estigma da flor feminina ou hermafrodita. Normalmente, são necessárias de 10 a 15 visitas de abelhas em uma mesma flor. O número reduzido de abelhas, além de afetar negativamente o rendimento, aumenta o número de frutos defeituosos. Assim, recomenda-se instalar cinco colmeias/ha em torno de 23 a 25 dias após a germinação do melão, permanecendo por três a quatro semanas na área. Com a introdução das abelhas nas áreas de produção (cerca de três colmeias/ ha), ocorre aproximadamente 30% de aumento na produção.
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Damaris Eugênia Dina eugeniadamaris@gmail.com
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SOLO CULTIVO
Controle de pragas O manejo integrado de pragas (MIP) melhora a eficiência do controle de pragas, pois integra várias práticas de controle químico, físico e biológico, diminuindo o uso de agrotóxico e minimizando o impacto no meio ambiente. Esse planejamento e estratégia têm a função de favorecer o bom desenvolvimento da cultura, para a obtenção de frutos de qualidade e melhora do resultado financeiro para o produtor.
Desbaste Quando as plantas apresentam quatro a cinco folhas definitivas, ou em torno de 12 a 15 dias, deve-se fazer o desbaste, eliminando aquelas mais fracas para aumentar a insolação. A operação de raleio, desbaste ou raleamento de frutos é uma prática que tem a finalidade de melhorar o tamanho e a qualidade dos frutos produzidos. Recomenda-se a eliminação somente dos frutos mal formados o mais cedo possível (o máximo é quando o fruto está do tamanho de uma bola de tênis). O ideal é sempre realizar esse procedimento, mas o custo alto desestimula o produtor. Porém, apesar desse custo chegar a aproximadamente R$ 80,00/ha, estima-se que os benefícios sejam entre 5,0 a 8,0 toneladas adicionais de frutos comerciais de melhor qualidade, o que pode viabilizar a prática.
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Calçamento dos frutos
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O fruto em contato direto com o solo poderá sofrer com a mancha de encosto ou com pragas como a broca das curcubitáceas (Diaphania spp.). O calçamento dos frutos poderá ser feito com materiais vegetais (bambu, fitilho, palha ou capim seco) ou inorgânicos, como o isopor, por exemplo. Essa prática é essencial, principalmente na época chuvosa, na fase próxima à colheita. Apesar de ser ide-
al realizar essa prática, o produtor também esbarra no alto custo. Na ausência do calçamento dos frutos, para evitar a mancha de encosto recomenda-se a prática do giro ou alternância da posição do fruto. Consiste em mudar a posição do fruto em 30º, colocando-se a parte de baixo para um lado, com cuidado de não girar a parte inferior do fruto para cima, pois poderá provocar queimaduras no fruto. Recomenda-se, ainda, cobrir os frutos para evitar queimaduras de sol, e manchas.
Irrigação e fertilização Cada estágio de desenvolvimento exige uma quantidade distinta de água. Portanto, não é recomendado depender exclusivamente da precipitação para suprir as necessidades da cultura. A irrigação garantirá melhor qualidade dos frutos, melhor retorno financeiro da cultura e a otimização do uso da água e energia. A frequência das irrigações e o volume de água aplicado por irrigação dependerão do tipo de solo, condições climáticas, da variedade e do estádio de desenvolvimento da cultura. Estima-se que o consumo total de água durante o ciclo seja em torno de 4.000 m3/ha. A fertirrigação é o processo de aplicação de fertilizantes na planta por meio da água da irrigação. É realizada principalmente por meio de gotejamento, pois este método possibilita a aplicação diária de pequenas quantidades de fertilizantes, aumentando a absorção pela planta. Assim, juntamente à irrigação, possibilitará fornecer a quantidade necessária de fertilizante em cada estádio do desenvolvimento, garantindo maior produtividade. Estima-se que essa prática economize de 30 - 50% o consumo de água. A fertilização é realizada durante os turnos de irrigação, e distribuída, conforme mencionado, em dois ou três turnos diários, variando conforme a fase da planta. Os valores de referência para os principais nutrientes (NPK) são mostrados na tabela 1.
Mulching Geralmente o material utilizado no
CULTIVO
Erros na produção de melão Não atender critérios técnicos quando da exportação como, por exemplo, estar intacto, sadio, limpo, ter aparência fresca, estar isento de pragas e danos causados por pragas, estar firme, isento de umidade externa anormal, de odor e/
ou sabor estranho, suficientemente desenvolvido e em estádio de maturação satisfatório, sendo que o índice de refração da polpa corresponde a pelo menos 9º Brix. Não se atentar à qualidade e quantidade de água usada na produção; Não respeitar a época de plantio; Não ter cuidado com o manejo fitossanitário; Não respeitar as boas práticas agronômicas em geral.
Como esses erros devem ser evitados? Estar atento às boas práticas; Consultar sempre um profissional; Realizar planejamento antecipado; Usar sementes e mudas com boa procedência; Ter cuidado no manuseio e transporte; Estar atento à fitossanidade e segurança.
Tabela 1. Valores de referência para os principais nutrientes (NPK) NUTR/FASE INICIAL FLORESCIMENTO VINGAMENTO CRESC. DE FRUTO MATURAÇÃO N (kg ha-1 dia-1) 2,0 2,0 2,0 4,0 10,0 P2O5 (kg ha-1 dia-1) 2,0 3,0 3,0 2,0 1,0 K2O (kg ha-1 dia-1) 1,5 2,5 2,5 1,0 6,5
Investimento x retorno Tanto o custo quanto a rentabilidade variam muito de ano para ano, de acordo com as pressões de pragas, volume de fruta no mercado e cotação do dólar. Os custos com o preparo do solo de um hectare de melão correspondem a apenas 5,2% dos custos totais. O valor médio anual de comercialização do fruto é de R$ 0,70/kg, e a produtividade média é de 30.000 kg/ha. Pode-se admitir que o valor bruto médio da produção em um hectare é de, aproximadamente, R$ 21.000,00. Comparando-se esse valor, que corresponde à receita bruta total com os custos totais de produção por hectare, constata-se que a exploração do melão na região do Submédio São Francisco, por exemplo, apresenta taxa de retorno de 1,13%, que significa que para cada R$ 1,00 empregado no custo total de exploração de um hectare de melão há um retorno de R$ 2,13.
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processo é um plástico (filme), que pode ter diferentes colorações. Seus efeitos no solo são, principalmente, redução da perda de água, controle de microclima e diminuição de infestações de insetos indesejáveis, além de controle de plantas daninhas. Os mulchings orgânicos são feitos normalmente com palha, que além da proteção fornecida pela cobertura do solo, ainda aumentam o teor de matéria orgânica, melhorando a estrutura do solo. Apesar dos benefícios, sua vida útil é curta e acabam sendo decompostos ao fim de um ou dois anos, dependendo do clima.
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PROTEÇÃO
COBERTURA PLÁSTICA
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PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA DE VIDEIRAS NO SUL DO BRASIL julho 2020
Cristiane de Lima Wesp cristianewesp@epagri.sc.gov.br
André Luiz Kulkamp de Souza andresouza@epagri.sc.gov.br Pesquisadores em Fitotecnia - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) Estação Experimental de Campos Novos e Estação Experimental de Videira/Santa Catarina
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cultivo de videiras no Brasil abrange cerca de 78 mil hectares, os quais estão estabelecidos desde o extremo sul do País, em latitude de 30º 56’ 15’’S, até regiões situadas muito próximas ao equador, em latitude de 5º 11’ 15’’S.
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Em função da diversidade ambiental, o País contém diferentes polos vitícolas, abrangendo produções com características distintas de manejo e tratos culturais. Nesse contexto, a viticultura brasileira apresenta características próprias, dada a dimensão territorial do País, com diferenças climáticas importantes entre as regiões produtoras, resultando em ciclos vegetativos e épocas de colheita em períodos distintos.
Sul em destaque Ao contrário do observado nas regiões tropicais do Brasil, a exemplo do Vale do São Francisco, onde o cultivo possibilita sucessivas colheitas durante o ano,
em regiões mais frias do Sul do Brasil as videiras passam por um período característico de repouso hibernal, o qual permite o cultivo de apenas um ciclo produtivo por ano. Ainda assim, a região sul destaca-se como a maior produtora de uva e seus derivados (sucos, vinhos e espumantes), detendo em torno de 70% da área plantada com videiras no País. As melhores safras para a viticultura nessa região acontecem em anos com menor precipitação pluviométrica e maior insolação, principalmente no período de maturação, uma vez que possibilitam melhores condições para o amadurecimento das uvas e redução do molhamento do dossel, com consequente diminui-
PROTEÇÃO
ção da incidência de doenças fúngicas, bem como de tratamentos fitossanitários em excesso.
Obstáculos Em decorrência do clima, os Estados do Sul do Brasil são os mais afetados com a ocorrência de eventos climáticos adversos, destacando-se as chuvas excessivas ocorrentes entre a brotação e a colheita as que causam maior dor de cabeça ao viticultor desta região. Diante deste cenário, o viticultor acaba fazendo uso de pulverizações preventivas e frequentes para o controle de doenças fúngicas nesse período, principalmente para as doenças antracnose, míldio e podridões. Tais aplicações iniciam logo após a brotação, visando o controle de antracnose e escoriose e seguem a partir da floração, para o controle de míldio e podridões de cachos. Para as cultivares da espécie Vitis vinífera, as quais apresentam menor rusticidade em relação à Vitis labruca, a situação é ainda mais delicada, obrigando, muitas vezes, a antecipação da colheita por parte do viticultor, de modo a minimizar as perdas ocasionadas por podridões de cachos e/ou pelo rompimento de bagas a campo devido às condições climáticas adversas ocasionadas pelas chuvas excessivas. Contudo, tal prática afeta negativamente o teor de sólidos solúveis totais das bagas colhidas, bem como compromete a qualidade enológica do mosto utilizado para a vinificação, já que a colheita em período antecedente interrompe o processo de maturação das bagas no campo.
Ressalta-se que a introdução de cobertura plástica sobre as linhas de cultivo retarda a maturação da uva, em comparação ao cultivo a céu aberto, pois ocasiona modificações no microclima ao redor das plantas. Entre essas alterações, destacam-se a redução da radiação solar, bem como da velocidade do vento, a elevação das temperaturas máximas e a ausência de água livre sobre o dossel das plantas. Tais alterações apresentam como grande vantagem, condições desfavoráveis ao desenvolvimento de doenças, com a menor necessidade e até mesmo a supressão do uso de fungicidas, principalmente na época de maturação das uvas. Em função desse cenário, o uso de coberturas plásticas sobre vinhedos de modo a conter os efeitos do excesso de precipitação surge objetivando a obtenção de cachos de melhor qualidade, a alteração do calendário de colheita, a redução de custos com tratamentos fitossanitários e a ampliação de nichos de mercado, com a introdução de cultivares viníferas destinadas ao consumo in natura e a produção agroecológica de uvas híbridas para mesa e processamento.
Vantagens Entre as grandes vantagens da utilização de coberturas plásticas em vinhedos da região sul, destacam-se a introdução de uvas Vitis vinífera destinadas ao consumo in natura.
Henrique Santos
No contexto exposto, a demanda pela utilização de coberturas plásticas tem sido crescente em parreirais do Sul do Brasil, já que o risco em relação aos danos climáticos é elevado, podendo inviabilizar a produção de forma direta ou indireta. A utilização dessa tecnologia protege o dossel do molhamento foliar e permite que a maturação ocorra de modo prolongado a campo, sem que ocorram as colheitas antecipadas, que prejudicam a qualidade da uva obtida para fins de consumo in natura ou processamento.
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Solução
Esses plantios proporcionam a diversificação dos cultivos vitícolas na região, onde predominam os cultivos com uvas americanas e híbridas (Vitis labrusca) destinadas ao processamento, permitindo agregação de renda e a construção de novas cadeias produtivas na região. Além disso, cresce também a cobertura de parreirais já implantados e formados de uvas americanas e híbridas destinadas ao consumo in natura, como no caso de Niágara Rosada, que atinge ótimos preços quando cultivada sobre o plástico. Tal prática viabiliza a transição agroecológica e a certificação orgânica de parreirais voltados à diminuição e eliminação do uso de agrotóxicos, além de promover melhorias na qualidade da uva produzida, tanto pelo aspecto visual como pelo maior teor de sólidos solúveis totais obtido pela prolongação da maturação, proporcionando cachos mais bonitos e doces, que entram no mercado com preços mais rentáveis, tanto pela qualidade como pela oferta da produção fora de época. A utilização da cobertura plástica nesses parreirais tem apresentado excelentes resultados ao pequeno produtor rural, que agrega valor à sua produção, oferecendo um produto diferenciado ao consumidor, aliando qualidade e preço, já que o valor recebido pela uva comum destinada ao processamento é inferior ao da uva destinada ao consumo in natura.
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Mitos e verdades
Viabilidade No entanto, a produção de uvas viníferas ou híbridas sem semente para o mercado in natura surge como ótima op-
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O uso dessa tecnologia em cultivares americanas e híbridas destinadas ao processamento ainda causa dúvidas no que diz respeito ao custo-benefício, já que o valor recebido pela comercialização da uva para esse fim é baixo e as indústrias ainda priorizam a quantidade produzida e não a qualidade obtida. Nesse caso, o retorno financeiro muitas vezes é insuficiente para cobrir o custo de implantação da cobertura. No entanto, dados obtidos junto à Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), em estudos realizados pela Estação Experimental de Videira no município de Caçador (SC), demonstram que o cultivo de uva Bordô sob cobertura plástica, destinada à elaboração de suco, proporcio-
na aumento nos teores de sólidos solúveis totais na ordem de dois graus Brix, em decorrência da maturação prolongada a campo, com colheita posterior à da uva Bordô cultivada a céu aberto em até 20 dias. Em relação à utilização de cobertura plástica para produção de vinhos finos, com uvas viníferas, a cobertura plástica parece aumentar o consumo de ácido tartárico e málico, devido à redução da radiação solar e incremento da temperatura, bem como da atividade respiratória, tornando-se uma prática ainda controversa para esse fim.
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ção de renda, viabilizando o cultivo de uvas finas destinadas à mesa, com microclima mais favorável ao cultivo, menor incidência de doenças, menor aplicação fitossanitária e maior preço de venda. Vale lembrar que, entre as práticas culturais exigidas para o cultivo protegido das videiras, em especial das Vitis vinífera, estão as podas verdes, a exemplo do desponte, que deve ser realizado para que os ramos não cresçam demasiadamente, nem fiquem expostos para fora da área protegida, sofrendo a ação do molhamento pela chuva. Além disso, as práticas do desbrote e da desfolha devem ser adotadas nessas cultivares visando a maior insolação e aeração no interior do dossel. Cuidados quanto à incidência de oídio e ácaros também devem ser tomados quando da adoção desse sistema de cultivo, em decorrência das alterações microclimáticas ocorridas pelo aumento das temperaturas e diminuição da umidade relativa do ar. Estudos relacionados à utilização de diferentes tipos, colorações e espessuras de plásticos também se tornam fundamentais para que se estabeleçam protocolos adequados para o cultivo protegido de videiras, gerando produção em quantidade, qualidade e com menor aplicação fitossanitária.
Pesquisas A caracterização e a adaptação de diferentes cultivares para mesa e cultivo agroecológico em ambiente protegido também deve ser priorizada em pesquisas futuras, para que se definam custos/benefícios, se reorganizem cadeias produtivas e se definam materiais genéticos a serem utilizados para cada finalidade. Diante do acima exposto, conclui-se que a utilização da cobertura plástica voltada aos mercados in natura e agroecológico tende a crescer no Sul do Brasil, viabilizando o cultivo em regiões de climas mais úmidos e frios e possibilitando a reorganização da cadeia vitícola em alguns polos tradicionais de cultivo por meio da agregação de renda e valorização da produção destinada à mesa.
VINHOS
CERRADO BRASILEIRO TECNOLOGIA PROPORCIONA PRODUÇÃO DE VINHOS FINOS
Givago Coutinho Doutor em Fruticultura e professor efetivo - Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado) givago_agro@hotmail.com
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ertencente à família Vitaceae e ao gênero Vitis (único gênero de importância econômica), o consumo de uvas abrange as mais variadas formas, como fruta fresca, passas, sucos, derivados dos frutos como os destilados (brandy, graspa), geleias e na forma de vinhos. A produção de vinhos constitui um dos mais importantes segmentos da vitivinicultura brasileira. De acordo com o Decreto nº 8.198, de 20 de fevereiro de 2014, que dispõe sobre a produção, circulação e comercialização do vinho e derivados da uva e do vinho, vinho é definido como a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto simples da uva sã, fresca e madura (Brasil, 2014).
Potencial mercadológico Com grande potencial de mercado, o vinho garante renda aos vinicultores e seu consumo cresce a cada ano. Assim, o domínio do manejo correto garante a produção de vinhos de qualidade em solo brasileiro, com ares dos
melhores vinhos europeus. A videira se encontra dentre as principais espécies frutíferas cultivadas originárias de regiões de clima temperado e a poda é vista como decisiva para sua produção (Nachtigal, Fachinello e Kersten, 2008). Considerada uma das práticas mais importantes no manejo do vinhedo, a poda compreende uma série de operações que consistem na retirada parcial dos ramos lenhosos, durante a poda de inverno, ou de ramos herbáceos, na poda verde (Monteiro e Zillio, 2018). Para as frutíferas de clima temperado, é necessária a poda seca ou hibernal, a ser realizada no período de baixa atividade fisiológica. Pelo sistema de dupla poda é possível alcançar a qualidade necessária das bagas para elaboração de vinhos finos em determinadas regiões do Brasil. Com este sistema a videira recebe duas podas anuais e a colheita das uvas viníferas ocorre no período de inverno, com uma inversão do ciclo produtivo da videira, diferente do ciclo natural da planta.
No Cerrado Diferentemente de Estados com clima mais ameno, como o Rio Grande do
Sul e Santa Catarina (Sul), onde é realizada apenas uma poda no parreiral, de produção nos meses de agosto ou setembro, no sistema de dupla são feitas duas podas, proporcionando a produção de vinhos finos e de qualidade em Estados com predominância de temperatura mais elevada, como Minas Gerais, São Paulo e Goiás (Sudeste e Centro-Oeste). Criada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), esta técnica é considerada inovadora. O sistema de dupla poda consiste em alterar o ciclo natural da videira assim o período maturação da uva ocorre no inverno. A primeira poda ocorre em setembro, para formação de ramos, e a segunda ocorre em janeiro ou fevereiro, visando à produção. Neste sentido, os estádios de maturação e colheita coincidem com o período de outono e no inverno (de abril a julho, até agosto), considerado seco. No manejo convencional, normalmente estes estádios ocorreriam no período chuvoso, que coincide com a primavera e verão (agosto a março). Com a colheita no inverno, ocorre aumento na coloração e maior aroma das bagas, colaborando para o aumento da qualidade do vinho produzido.
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TECNOLOGIA
NANOSSENSOR
MONITORA E RASTREIA AS FRUTAS Paula Almeida Nascimento Doutoranda em Fitotecnia Universidade Federal de Lavras (UFLA) paula.alna@yahoo.com.br
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s frutas climatéricas apresentam aumento na taxa respiratória no final do amadurecimento, o que possibilita sua colheita antes do estádio final de maturação. Assim, os frutos climatéricos produzem elevado teor do hormônio vegetal etileno, no final do crescimento do fruto. Esta fase é reconhecida como amadurecimento. Por isso, frutos climatéricos, quando colhidos no início do amadurecimento, completam esta etapa fora da planta. Pesquisadores da Embrapa Instrumentação, em São Paulo, com a Siena Company, criaram um projeto de inovação utilizando um sensor de baixo custo com nanotecnologia e inteligência artificial, capaz de rastrear e monitorar o grau de maturação das frutas que amadurecem depois da colheita, as climatéricas. Desta forma, Yva (fruta, em tupi-guarani) é um sensor colorimétrico semelhante a uma etiqueta QR Code, o que permite ser analisado pela câmera de celular. Trata-se de um sistema de codificação de informações por meio de imagens, semelhante a uma etiqueta de identificação, utilizado para a organização de conteúdos na web.
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O Yva detecta a liberação do etileno, hormônio natural, no amadurecimento de frutos climatéricos, que ao reagir com nanopartículas em pó, ocorre uma transformação de cor, conforme o amadurecimento do fruto. A mudança de cor é identificada e interpretada por meio de um aplicativo de celular, indicando quando o fruto deverá estar maduro e adequado para o consumo.
Como funciona O nanossensor pode ser instalado nas embalagens plásticas ou em caixas de frutas, um benefício para vários segmentos de mercado, entre eles os produtores e processadores de frutas, atacadistas e varejistas, associações, cooperativas e em-
presas exportadoras. O nanossensor apresenta diversas aplicações, como monitoração da qualidade desde a colheita até ao consumidor; auxiliar o gerenciamento dos estoques de frutos, aprimorar a eficiência do sistema, reduzindo perdas de alimentos e rastreabilidade da cadeia produtiva de produtos vegetais destinados à alimentação humana para fins de monitoramento. Os produtos vegetais frescos dentro das caixas e demais embalagens devem ser identificados para facilitar o acesso dos registros com todas as informações de produtos destinados à alimentação humana. A identificação pode ser realizada por meio de etiquetas impressas com caracteres alfanuméricos, códigos de barras e QR Code. O sensor Yva foi criado com o objetivo de reduzir perdas e desperdício de alimentos ao longo da cadeia produtiva. No Brasil há perdas de milhões de toneladas por ano de alimentos.
Culturas mais beneficiadas Os testes foram feitos com manga, mamão e banana, mas o sensor pode ser Fotos Shutter
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aplicado em várias outras frutas climatéricas, bem como pêssego, caqui, ameixa, maracujá, uva, morango, goiaba, entre outras. Outras culturas podem utilizar a rastreabilidade, como por exemplo, dos grupos das raízes, os tubérculos, e bulbos como batata, cenoura, cebola, alho, entre outras. Além disso, hortaliças folhosas e ervas aromáticas frescas, como alface, repolho, couve, brócolis, erva-doce, entre outras, e também hortaliças não folhosas, como tomate, pepino, pimentão, abóbora, entre outras.
Manejo
durecimento, então usam a etiqueta com nanotecnologia para mudança de cor ao detectar o hormônio relacionado à maturação. Os resultados são satisfatórios, ocorrendo a distribuição do sensor para empresas e consumidores finais. Com o uso do smartphone, os clientes podem usar o aplicativo para leitura do sensor em frutas nos supermercados, indicando quando a fruta estará pronta para o consumo. Enfim, o sensor Yva pode ser utiliza-
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A técnica consiste inicialmente no campo, quando o produtor, no manejo correto da sua lavoura, já prepara os produtos vegetais para comercialização nos mercados. Assim, o cliente que quer comprar mercadoria de qualidade procura estabelecimentos idôneos para aquisição dos alimentos saudáveis.
As pesquisas brasileiras realizadas em vários anos de estudos e parcerias com empresas privadas e públicas criaram o QR Code Yva para facilitar a vida dos consumidores com o rastreamento e o controle de qualidade dos frutos ao longo da cadeia. Logo depois, os pesquisadores fabricam a manufatura do sensor em pó e, consequentemente, sua confecção. Desta forma, os testes são feitos, inicialmente, em frutas para avaliar o ama-
Fonte. Embrapa Instrumentação, 2020 73
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do para classificação e rastreamento das frutas.
Expansão do setor O sensor Yva pode contribuir muito para a expansão da fruticultura para exportação, agregando valor às frutas. O Brasil é um grande produtor mundial de frutas e se destaca também na exportação para vários países. Mas, é preciso abrir novos mercados e investir em tecnologia para aumentar a produtividade e os lucros no setor da fruticultura. O mercado de frutas movimenta bilhões de reais por ano e gera vários empregos. Com a tecnologia do nanossensor pode-se agregar um diferencial nos produtos comercializados, com ganhos em eficiência e competitividade, por meio do monitoramento e gestão da qualidade. Assim, é preciso investimento e empreendedorismo para alcançar a meta de exportar melhores qualidades de frutas.
Na prática
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O consumidor mais exigente quer a garantia de qualidade dos alimentos que chegam às prateleiras dos estabelecimentos comerciais. O rastreamento de alimentos visa monitorar o caminho percorrido pelas frutas desde o campo até o comércio varejista.
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Além disso, a rastreabilidade dos produtos traz informações sobre cadastro, controle dos produtores fornecedores, maior precisão na identificação da origem dos problemas de uso excessivo ou incorreto de agrotóxicos na produção. A empresa tem conhecimento de toda a trajetória de seus produtos, nas caixas de frutas. Atualmente, o consumidor, nos grandes centros urbanos, como por exemplo em São Paulo, já adquire um melão ou uma melancia tendo conhecimento de todas as etapas de produção da exata área onde foi plantado, colheita e manejo da cultura. A pesquisa do banco de dados pelo consumidor pode ser feita a partir de smartphones com aplicativo para leitura de QR Code, um código de barras bidimensional.
Tecnologia promissora O Brasil está entre os maiores produtores mundiais de frutas e a expectativa é a expansão de novos mercados e crescimento durante as próximas décadas, com incremento tecnológico. O Yva auxilia no rastreamento de frutas, legumes e verduras, monitorando a qualidade e o estágio de maturação de cada produto vegetal. Além disso, o Yva contribui para o cumprimento da Instrução Normativa Conjunta nº2, de fevereiro de 2018,
do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Ainda novo O lançamento do produto no mercado consumidor é bem recente, e por isso ainda não há como identificar os erros da tecnologia. O estudo começou a ser desenvolvido sete anos atrás, e há dois ou três, aproximadamente, a equipe da Embrapa firmou parceria com a Siena Company, empresa especializada em desenvolvimento de softwares. O nanossensor Yva, no estande da Embrapa, foi apresentado publicamente, pela primeira vez, na Anufood Brazil, feira internacional do setor de alimentos e bebidas, nos dias 09 a 11 de março deste ano, no São Paulo Expo. A interação e comunicação com o público-alvo é essencial. Os consumidores precisam saber mais sobre a tecnologia Yva para serem beneficiados na hora da decisão de compra. Assim, é importante divulgar ao cliente as vantagens que ele adquire ao escolher os produtos vegetais com o sensor Yva.
Custo viável O sensor com nanotecnologia e inteligência artificial apresenta baixo custo. O Yva é descartável e deverá chegar ao mercado com custo estimado entre R$ 0,08 e R$ 0,10 por quilo de fruta. A nova tecnologia é uma ferramenta barata e útil para agilizar esse trabalho e, ao mesmo tempo, monitorar a qualidade e o estágio de maturação de cada fruta. O sensor Yva tem a meta do melhor gerenciamento de qualidade e rastreabilidade, com identificação do ponto ótimo da colheita. Além disso, visa corrigir riscos de erro humano, já que atualmente o processo é 100% visual, sendo os dados sujeitos a inúmeros erros, perdas e lentidão. O Yva foi desenvolvido para auxiliar na redução de perdas e desperdício de alimentos ao longo da cadeia produtiva. A tecnologia permite monitorar a qualidade desde a colheita até chegar ao consumidor, auxiliar a gestão dos estoques, aprimorar a eficiência do sistema e reduzir perdas de alimentos.