Campo & Negócios Grãos - Julho/2020

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Grãos

O POTENCIAL DO AGRONEGÓCIO E O

AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES 1


ETANOL,

ENERGIA SUSTENTÁVEL. A cana-de-açúcar é a energia que move o país. Dela, a gente tem o etanol, uma fonte eficiente, limpa e renovável de energia. A FMC se orgulha de estar ao lado do produtor desde o começo. Não é à toa que apoiamos o setor sucroenergético há décadas, com soluções cada vez mais sustentáveis. Porque, para a FMC, quanto mais produtividade, mais energia para levar a nossa cana ainda mais longe.

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ISSN 2359-5329 - Ano XVIII - Edição 208 - Julho 2020

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Editora: Miriam Lins Oliveira - MTb 10.165MG miriam@revistacampoenegocios.com.br

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s exportações do agronegócio brasileiro tiveram recorde no acumulado de janeiro a maio de 2020 e fecharam em US$ 42 bilhões, o maior valor já registrado para os primeiros cinco meses do ano. O resultado representa uma alta de 7,9% em relação ao mesmo período de 2019, segundo dados do Ministério da Economia compilados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Ainda segundo a CNA, houve recordes nas vendas externas do agro em volume de janeiro a maio, que totalizaram 86,8 milhões de toneladas, 15,3% a mais que no mesmo período do ano passado, e no superávit comercial, diferença entre as exportações e as importações, que foi de US$ 36,6 bilhões, superando o recorde anterior observado nos cinco primeiros meses de 2018. Os principais produtos exportados de janeiro a maio foram a soja em grãos (US$ 16,3 bilhões), a carne bovina in natura (US$ 2,8 bilhões), a celulose (US$ 2,6 bilhões), a carne de frango in natura (US$ 2,6 bilhões) e o farelo de soja (US$ 2,3 bilhões). Estes cinco produtos responderam por 63,4% da pauta exportadora do agro brasileiro no período. A China foi o principal importador do Brasil, sendo destino de 39,3% dos embarques dos produtos do agro. A receita gerada com as exportações para o país asiático foi de US$ 16,5 bilhões no período. Em seguida vieram a União Europeia, para onde foram 16,4% das vendas externas brasileiras, Estados Unidos (6%), Turquia (2,1%) e Japão (2%). Tais resultados têm surpreendido os produtores, que se sentem animados com a realidade animadora do agro. Tudo isso e muito mais pode ser conferido na matéria de capa desta edição, que reúne informações de qualidade para a realidade da sua lavoura. Conte conosco, e tenha uma excelente leitura! Miriam Lins Oliveira Editora

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AgroComunicação PABX: (34) 3231-2800 R. Bernardino Fonseca, 88 – B. General Osório Uberlândia-MG 38.400-220 www.revistacampoenegocios.com.br

Nossos parceiros nesta edição

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Jornalista: Adrielle Teodoro - MTb 15.406MG

A Revista Campo & Negócios Grãos é imparcial em relação ao seu conteúdo agronômico. Os textos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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NESTA EDIÇÃO

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Nova cultivar de soja é ideal para regiões frias

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Importância da qualidade da semente de soja

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Saiba como fazer o tratamento correto da semente de soja

12 Primeiro tratamento de semente

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O POTENCIAL DO AGRONEGÓCIO E O AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES

38 Lançado o Plano Safra 2020/21

industrial à base de fungo

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Daninhas causam prejuízos de R$ 9 bilhões ao ano

Inoculante proporciona mais eficiência ao cultivo de trigo

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Brasil - entre os maiores produtores e exportadores de algodão

Erradicação e reposição de nutrientes no cafeeiro

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Realidade - ferrugem do cafeeiro no Brasil

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Manejo de nematoides na canade-açúcar

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Aminoácidos eliminam estresse na soja

FMC lança campanha para valorizar a cadeia produtiva da cana

47 Fertilização fluida se mostra mais

eficiente na cana

19 Agricultura de precisão - sistema

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Silício é aliado no controle de nematoides no cafeeiro

66 Cafeicultura exige bico certo

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de gestão assertivo

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Nitrogênio é destaque na aplicação foliar

Interação insetos e plantas – equilíbrio é fundamental 4

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70 Solo bioativo e agricultura sustentável

Nitrato de cálcio e MAP no feijoeiro irrigado

Uso de grau brix na produção de cafés especiais

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Técnicas pós-colheita levam a cafés diferenciados

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Variedades de café mais exigentes em magnésio


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GENÉTICA

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NOVA CULTIVAR DE SOJA É IDEAL PARA REGIÕES FRIAS Luís Paulo Benetti Mantoan Doutor em Ciências Biológicas/Botânica - UNESP - Botucatu luismantoan@gmail.com Carla Verônica Corrêa Doutora em Engenharia Agronômica UNESP - Botucatu cvcorrea1509@gmail.com

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ecentemente a Embrapa Trigo lançou a cultivar de soja BRS 5804RR, com a promessa de ser a escolha ideal para o cultivo em regiões frias do Brasil, sendo recomendada para os produtores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e para as regiões frias do Paraná e São Paulo pertencentes à macrorregião sojícola 1 (REC 102 e 103). Esta cultivar apresenta como diferencial a capacidade de tolerância a doenças como o cancro da haste, a mancha olho-de-rã, o mosaico comum da soja, a podridão parda da haste, pústula bacteriana e a podridão radicular causada por fitófora, sendo esta última muito recorrente em lavouras da região sul e em solos com alta umidade e sem rotação de cultura. Contudo, apresenta suscetibilidade a nematoides de cisto e galha. A BRS 5804RR foi testada com outras cultivares em 22 locais durante três anos, tendo apresentado alta sanidade de raiz e rendimento superior a 6 mil kg/ha, o que significa um rendimento maior que 100 sacas por hectare.

Dentre as demais características gerais desta nova variedade estão o tipo de crescimento indeterminado, vagens com quatro grãos, resistência ao acamamento, porte médio, ciclo precoce com grupo de maturidade de 5.8 e capacidade de engalhamento. Além disso, a BRS 5804RR apresenta como vantagem uma ampla janela de semeadura, sendo possível realizar o plantio tanto no início como no final do período recomendado. A ampla janela de semeadura também favorece o replantio desta cultivar em situações de adversidades climáticas e até mesmo quando se deseja fazer o escalonamento do plantio.

No campo Segundo relatos de produtores do Rio Grande do Sul, a BRS 5804RR apresentou alto vigor no início do crescimento, se destacando das demais variedades comumente usadas que apresentam ciclos que variavam de precoce a tardio. Durante a estiagem na safra 201920 que atingiu muitas lavouras no Rio Grande do Sul, a BRS 5804RR apresentou rendimento de 50 sacas por hectare, quando o rendimento médio esperado para o Estado era de 35 sacas por hectare, o que pode indicar que esta nova variedade pode ser tolerante à seca. Na figura 1 é possível observar a per-

Tabela 1. Época de semeadura e população de plantas Out.

Nov.

Dez.

Região Edafoclimática de Ciclo Altitude (m) 2s 3s 4s 1s 2s 3s 4s 1s* Adaptação (REC) (dias)*** Número de plantas por metro** 102

103

RS (Noroeste) SC (Oeste) PR (Sudeste) RS (Noroeste) SC (Centro-Norte) PR (Centro-Sul) PR (Nordeste) SP (Sul)

Até 600

14 13 12 12 12 12 13 14

Acima de 600

12 11 10 10 10 10 11 12

Até 600

14 13 12 12 12 12 13 14

Acima de 600

12 11 10 10 10 10 11 12

Até 600

14 13 12 12 12 12 13 14

Acima de 600

13 12 11 11 11 11 12 13

125 a 135

116 a 125

*1s = 1ª semana; 2s = 2ª semana; etc. **Espaçamento entre linhas de 0,45 m. ***Da emergência até a maturação da colheita.


TRANSAÇÃO

Figura 1. Produtividade em sacas por hectare da BRS 5804RR semeada em diferentes épocas na safra 2018/19 PRODUTIVIDADE (SC HA) LOCAL 106 CORONEL BICADO-RS 96 SANTO AUGUSTO-RS 84 ESTAÇÃO-RS CARAZINHO, PASSO FUNDO-RS 83 CAMPO NOVO, LAGOA VERMELHA82 RS 80 ENTRE-IJUÍS-RS CRUZ ALTA, GIRUÁ, NÃO-ME77

TOQUE, PASSO FUNDO - RS

76 75

PANAMBI-RS VACARIA-RS

Fonte. dados da Embrapa

Figura 2. Produtividade em sacas por hectare da BRS 5804RR semeada em diferentes localidades do Rio Grande do Sul na safra 2018/19 120

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0 Fonte. dados da Embrapa

formance da BRS 5804RR semeada em diferentes épocas, enquanto que na figura 2 é possível observar o rendimento desta nova variedade em diferentes localidades do Rio Grande do Sul.

Cuidados No plantio da BRS 5804RR o agricultor deve estar atento à região edafoclimática e à altitude onde a lavoura será instalada, bem como ao período em que o plantio irá começar, uma vez que estas informações são importantes para se definir o número de sementes por metro, como indicado na tabela 1. Além disso, as diferentes regiões edafoclimáticas podem influenciar na produtividade e na duração do ciclo desta nova cultivar. Para quem deseja obter esta nova variedade, o site da Embrapa Trigo disponibilizou uma lista de fornecedores onde é possível adquirir sementes da BRS 5804RR. Em relação ao investimento, as sementes desta nova variedade apresentam um custo menor em relação a outras cultivares RR e demais tecnologias, o que resulta em um maior retorno econômico.

KIMBERLIT AGROCIÊNCIAS

Kimberlit Agrociências

ANUNCIA OPERAÇÃO DE R$ 50,5 MILHÕES

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Kimberlit Agrociências, líder na produção de fertilizantes a partir de tecnologia de ponta, obteve R$ 50,5 milhões por meio de 30 notas promissórias comerciais (recebíveis) emitidas na B3, no final de 2019. Trata-se de uma operação financeira pioneira no noroeste do estado de São Paulo e no agronegócio regional. Segundo Renato Peixoto, diretor financeiro da Kimberlit, os recursos obtidos a partir dessa operação servirão para financiar a safra 2019/20. Além disso, a Kimberlit Agrociências consolida parte do planejamento traçado há alguns anos e que deve alavancar um crescimento na ordem de 15% ainda este ano. Outro aspecto abordado por Renato Peixoto é que os produtos da empresa, considerados altamente eficientes, uma vez que auxiliam fortemente o aumento da produtividade das lavouras, terão maior competitividade

no mercado nacional. Vale ressaltar que para chegar a atender as exigências desse tipo de operação, a Kimberlit Agrociências vem se preparando há alguns anos. Um processo que, segundo Renato Peixoto, foi determinante - a empresa teve seus balanços auditados sem ressalva, cuida de seus indicadores financeiros, de modo que o grau de alavancagem seja suportado pelo crescimento e geração de caixa, além de seguir toda a legislação do agronegócio. Renato Peixoto observa que as empresas que faturam em torno de R$ 50 a R$ 250 milhões vão começar a acessar o mercado de capitais e os investidores vão começar a entender as vantagens de comprarem títulos de dívida com juros menores, uma tendência no mercado financeiro nacional. A Kimberlit Agrociências prevê um crescimento na ordem de R$ 200 milhões em dois anos com essa operação.

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GENÉTICA

SEMENTE DE SOJA

IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE

Samara Moreira Perissato Engenheira agrônoma, mestra e doutoranda em Agronomia/Agricultura – UNESP - Botucatu samaraperissato@gmail.com Leandro Bianchi leandro_bianchii@hotmail.com Roque de Carvalho Dias roquediasagro@gmail.com

Vitor Muller Anunciato Engenheiros agrônomos, mestres e doutorandos em Agronomia/Proteção de Plantas – UNESP - Botucatu

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escolha de uma semente de qualidade é o primeiro passo para garantir elevadas produtividades, definida como o conjunto de quatro componentes: Qualidade genética: sementes livres de misturas, ou seja, com garantia de pureza. Sementes com identidade correspondente ao material de origem (pureza genética) e lotes sem mistura de variedade (pureza varietal). Qualidade física: reflete a integridade e a composição física de um lote de sementes; livre de impurezas e de sementes de outras espécies. Qualidade sanitária: sementes sadias, isentas de organismos patogênicos, que originam lavouras igualmente saudáveis. Qualidade fisiológica: conjunto de atributos de germinação, vigor e longevidade que determinam a germinação de plântulas dentro de padrões legais, estabelecimento inicial de uma lavoura com velocidade e uniformidade de emergência de plântulas, assim como a capacidade das sementes se manterem viáveis ao longo do armazenamento.

Qualidade em primeiro lugar Na compra de sementes de alta qualidade há garantia de um elevado desempenho agronômico. Essas sementes resultam em plântulas fortes, vigorosas, bem desenvolvidas, que se estabelecem nas diferentes condições edafoclimáticas, com maior velocidade de emergência e de desenvolvimento. Tendo em vista o histórico de instabilidade agrícola nas últimas safras, plantas oriundas de sementes com alta qualidade podem manter o potencial produtivo

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Figura 1. Representação dos parâmetros de qualidade de sementes

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GENÉTICA

Figura 2. Plântulas de soja oriundas de semente com baixo e alto vigor

Baixo Vigor

Alto Vigor

etapas do processo de produção, podendo ser evitados ou minimizados mediante zoneamento agroclimático, ajuste da época de semeadura, densidade populacional e do uso de cultivares tolerantes a tais condições desfavoráveis. De maneira geral, tanto para produtores de sementes quanto de grãos, a aquisição de sementes certificadas e o tratamento de semente garantem elevada qualidade e produtividade final.

Custo-benefício da técnica

mesmo em situações de estresse. Em condições de déficit hídrico, por exemplo, plantas mais vigorosas possuem sistema radicular mais denso e profundo, o que permite maior resistência. Todos esses aspectos, aliados à correta plantabilidade e boas práticas de manejo ao longo do ciclo da cultura, influenciam diretamente na redução de problemas, como incidência de plantas daninhas, menor necessidade de herbicidas, de ressemeadura, entre outros, resultando em elevado teto produtivo. Diversos fatores podem influenciar a qualidade de sementes dentro das diferentes fases do sistema de produção, podendo ocorrer durante a produção no campo, na operação de colheita, na secagem, no beneficiamento, no armazenamento e até mesmo no transporte e na semeadura. A produção de sementes de soja de elevada qualidade é um desafio para o setor sementeiro, principalmente em regiões tropicais e subtropicais. No cam-

ARAXÁ - MG (34) 3664-5959

SÃO GOTARDO - MG (34) 3671-6655

po, estresses climáticos e nutricionais, frequentemente associados com danos causados por insetos e doenças, são considerados como as principais causas de deterioração da semente. Com diversos relatos nas últimas safras, a formação de sementes verdes ou esverdeadas apresentam vigor e germinação reduzidos, consequências essas que são acentuadas com o passar do período de armazenagem. Os estresses de origem biótica e abiótica, que resultam na morte prematura da planta ou em maturação forçada, podem ocasionar severa redução da produtividade da lavoura, além da produção destas sementes com baixa qualidade fisiológica.

Estratégias Tendo em vista todos esses problemas, para produtores de sementes é importante estabelecer um controle de qualidade que englobe a análise em diversas

PATROCÍNIO - MG (34) 3831-9094

Rodovia MG 235, KM 89, 693 Zona Rural - CEP: 38800-000

Av. Faria Pereira, 220 Bairro Morada do Sol - CEP: 38740-000

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Av. Enio Gonçalves, 539 Centro - CEP: 38.175-000

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Av. José Cambraia, 1021 B. Deolinda Mendes - CEP: 38950-000

Av. Ministro Olavo Drumond, 135 Bairro São Geraldo - CEP: 38180 -084

Av. Juscelino Kubitschek Resid. Gramado - 2733 - CEP: 38706-215

A pirataria e o uso de sementes de baixa qualidade ainda é um problema recorrente no Brasil. Essas sementes podem trazer reduções a diversos aspectos da cultura da soja, como a redução do arranque inicial, da resistência contra pragas e doenças, além de minimizar o número de vagens formadas por planta, o que, consequentemente, acarreta perdas significativas nas lavouras. Alguns especialistas da área de sementes realizaram estudos demonstrando os prejuízos a partir da utilização de sementes com baixa qualidade, refletido na redução de características agronômicas entre 24 a 35%. Todos esses aspectos, somados, podem reduzir em 10% a produtividade nas lavouras, o que pode significar perdas de até 50 sacas por hectare. Nos dias atuais, o preço da soja aumentou de maneira exponencial, atingindo cerca de R$ 90,00 a saca. Neste caso, considerando as estimativas dos pesquisadores, se o produtor deixasse de utilizar sementes de qualidade e certificadas, o prejuízo poderia atingir R$ 4.500,00 por hectare.


MANEJO

SOJA SAIBA COMO FAZER O TRATAMENTO CORRETO Jean dos Santos Silva santos.jean96@yahoo.com.br

Luciane Gonçalves Torres lucianetorres21@hotmail.com Engenheiros agrônomos e mestrandos em Fitotecnia - Universidade Federal de Lavras (UFLA) Jéssica Elaine Silva Graduanda em Agronomia – UFLA jessicaelaineagro@gmail.com

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tratamento de sementes de soja consiste na aplicação de defensivos (fungicidas e inseticidas), micronutrientes, bioestimulantes e inoculantes, visando proteger e melhorar as condições para a semente no período que compreende entre a semeadura e a emergência da plântula. Ele permite à semente expressar seu potencial, pois a protege de patógenos, pragas e outras condições adversas encontradas no campo, condicionando maior uniformidade no estabelecimento do estande inicial. Além de proteção por parte dos defensivos, a inoculação com bactérias fixadoras de nitrogênio (Bradyrizobium) e o fornecimento dos micronutrientes cobalto e molibdênio aumentam a eficiência da fixação biológica de nitrogênio, reduzindo os custos com fertilizantes nitrogenados. As sementes já podem ser adquiridas tratadas, no caso, o tratamento industrial, que conta com maior uniformidade e otimiza o operacional durante a semeadura. No entanto, deve-se conhecer os produtos que foram utilizados no tratamento da semente e verificar se eles atendem as necessidades da área do produtor. O tratamento pode ser realizado tam-

Máquina para tratar sementes on farm

bém na própria fazenda, tendo a vantagem de poder tratar cada talhão conforme sua necessidade. Caso o produtor opte pelo tratamento na fazenda, deve procurar um engenheiro agrônomo e seguir suas recomendações, mantendo cuidados com o uso de EPI (equipamentos de proteção individual), atenção na compatibilidade dos produtos, doses corretas de aplicação e regulagem dos maquinários utilizados para não haver danos à qualidade das sementes adquiridas.

Tratamento na fazenda (on farm) A soja tem uma especificidade a ser levada em consideração na hora de realizar o tratamento da semente para o plantio, que é a inoculação, e por isso é recomendado que a semente seja tratada antes da inoculação. Há exemplos de misturas de fungicidas de contato e sistêmicos que são utilizados no tratamento, que controlam os principais patógenos que atingem a semente de soja. Além disso, são menos tóxicos ao Bradyrizobium, como: Carboxin + Thiran; Difeconazole + Thiran; Carbendazin + Captan; Thiabendazole + Tolyl-

fluanid; Carbendazin + Thiran. Os principais inseticidas utilizados são Ciantraniprole, Tiametoxam, Tiodicarbe, entre outros. Há diversos produtos no mercado que contam em sua composição com fungicidas + inseticidas, inseticidas + nematicidas, entre outros. A escolha de qual defensivo utilizar deve ser baseada na opção mais eficiente para o histórico de pragas e doenças existentes em sua área. A dose desses produtos deve ser feita seguindo suas respectivas bulas, e seu uso deve seguir a orientação de um engenheiro agrônomo. O tratamento pode ser feito utilizando para a mistura uma máquina de tratar sementes. Além do tratamento com fungicida + inseticida, recomenda-se a aplicação dos micronutrientes cobalto e molibdênio na semente, nas doses de 2,0 a 3,0 g de Co e 12 a 30 g/ha de Mo. Esses micronutrientes aumentam a eficiência da fixação biológica de nitrogênio. A inoculação é feita após esses procedimentos. Para isso as sementes devem ser umedecidas na dosagem de 300 ml de água açucarada a 10% para cada 50 kg de semente. Após o umedecimento, adiciona-se


Agregando à técnica O uso de bioestimulantes é um exemplo de substâncias empregadas para otimizar o estabelecimento inicial da cultura da soja. Estudos mostram que tais substâncias atuam em diversos processos fisiológicos, promovendo melhor vigor e germinação das sementes. Os bioestimulantes podem ter diver-

sas origens. São exemplos produtos à base de algas marinhas e hormônios sintéticos, como as auxinas, as citocininas e as giberelinas. Em estudo realizado por Santini et al. em 2015, os pesquisadores avaliaram a eficiência do uso de três diferentes bioestimulantes nos quesitos produtividade e viabilidade econômica. Dois destes produtos apresentaram efeito significativo nas variáveis quando comparados com a testemunha que não recebeu nenhum bioestimulante. Enquanto a testemunha apresentou a produtividade de 3.403,00 kg.ha-1, estes dois tratamentos alcançaram 3.687,11 e 3.646,20 kg.ha-1. O estudo ressalta a importância de agregar diferentes técnicas ao tratamento das sementes.

Custo x benefício Hoje, cerca de 90% das sementes comerciais de soja são tratadas com fungicidas, isso devido às vantagens que a técnica apresenta. Em média, os gastos com o tratamento de sementes de soja, ao longo dos dez últimos anos, representaram apenas 2,2% do custo total investido na produção de lavoura de soja. O custo médio de produção foi de aproximadamente R$ 2 mil por hectare, assim, o valor médio investido no tratamento de sementes foi de apenas R$ 44,00 por hectare de lavoura de soja.

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o inoculante na dosagem recomendada pelo fabricante. Depois de homogeneizar a mistura, as sementes devem secar à sombra e serem semeadas no mesmo dia. Vale ressaltar que a concentração do inoculante deve ser três vezes a dose indicada para áreas de primeiro ano de plantio de soja, duas vezes para áreas de segundo ano e a dose indicada a partir do terceiro ano. A inoculação em áreas já cultivadas com soja apresenta ganhos menos expressivos, no entanto, estudos mostram um ganho médio de 4,5% na produtividade, justificando o uso de inoculantes.

Fotos Saulo Fantini

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NOVIDADE

PRIMEIRO TRATAMENTO DE SEMENTE INDUSTRIAL À BASE DE FUNGO DO PAÍS

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Trianum DS (Trichoderma harzianum Cepa T22) é o primeiro produto biológico composto por fungo do Brasil que pode ser utilizado no tratamento de semente industrial (TSI). Elaborado com a cepa T22, desenvolvida por meio de uma fusão entre as melhores linhagens do Trichoderma harzianum, o produto é uma exclusividade da Koppert e apresentou nos campos demonstrativos realizados durante a safra 2019/20 redução significativa na incidência e severidade dos patógenos de solo (fungos e nematoides). Além disso, promoveu o crescimento de raiz e parte aérea das plantas, que acarretou em incremento médio de 3,4 sacas/ha nos campos de soja. Uma das vantagens do produto é apresentar proteção dupla às plantas, pois tem potencial de proteger as raízes de dois patógenos - os fungos e nematoides de solo, que trazem grandes prejuízos aos agricultores se não controlados adequadamente. Para o diretor industrial da Koppert, Danilo Pedrazzoli, quando o Trianum DS é utilizado para TSI, o produtor tem a garantia de comprar a semente com o produto correto e na proporção e dosagem adequadas. “A semente já tratada facilita a operação, trazendo vantagens econômicas e de produtividade, principalmente para a cultura de soja”, explica. Pedrazzoli ressalta a qualidade da cepa T22, considerada um ‘super Trichoderma harzianum’. “A Koppert tem o direito de uso global desse ativo desde a

década de 1990. No Brasil, iniciamos as pesquisas para a utilização do produto em nossos biomas em 2009 e agora temos o Trianum DS disponível para o produtor local”. Além disso, acaba a necessidade que o agricultor tinha de tratar a semente na fazenda com Trichoderma harzianum e plantar logo em seguida. “Com o Trianum DS o fungo fica viável na semente por até 60 dias após a realização do TSI, quando armazenada em local fresco e arejado”, orienta o coordenador de desenvolvimento agronômico da Koppert, Marcelino Borges Brito.

Parceiros Para Fabiano Denis de Paula, diretor geral da Futura Agronegócios, parceira da Koppert no tratamento de semente industrial com biológicos, em Minas Gerais, o Trianum DS apresentou resultados excelentes em ensaios e acompanhamentos de safras. “O produto entrega eficiência e segurança no controle de nematoides e doenças de solo, garantindo maior produção por hectare e aumento da quantidade de vagens por planta. Estamos muito satisfeitos em poder utilizá-lo”, avalia o parceiro. Em relação ao TSI com biológicos, Fabiano de Paula explica que é muito bem aceito pelos produtores rurais e seu uso tem sido crescente nas últimas safras. “Temos perspectiva de crescer de 20 a 40% nesta temporada na adoção de biológicos no TSI”, diz.

Danilo Pedrazzoli, diretor industrial da Koppert Divulgação

Sobre a Koppert A Koppert Biological Systems está presente no Brasil desde 2011, quando iniciou seus primeiros registros. Atualmente, conta com duas modernas instalações fabris: a unidade de microbiológicos, localizada na cidade de Piracicaba, e a de macrobiológicos na vizinha Charqueada, ambas no Estado de São Paulo. A empresa possui infraestrutura completa para atender à crescente demanda do mercado agrícola por defensivos biológicos, tornando a agricultura brasileira mais sustentável, saudável e em harmonia com a natureza. Com processos produtivos padronizados, seguros e altamente tecnificados, garante confiabilidade e qualidade dos seus mais de 15 produtos. A empresa conta ainda com departamento próprio de Pesquisa & Desenvolvimento para aperfeiçoamento de tecnologias de controle biológico para a agricultura tropical.


FITOSSANIDADE

DANINHAS

PREJUÍZO DE R$ 9 BILHÕES POR ANO Vitor Muller Anunciato Roque de Carvalho Dias roquediasagro@gmail.com

Leandro Bianchi leandro_bianchii@hotmail.com Engenheiros agrônomos, mestres e doutorandos em Proteção de Plantas – UNESP - Botucatu

Samara Moreira Perissato Engenheira agrônoma, mestra e doutoranda em Agricultura – UNESP Botucatu samaraperissato@gmail.com

A

s plantas daninhas são um problema global e a resistência a herbicidas é crescente a cada ano. As perdas têm exigido maiores investimentos por parte dos agricultores para minimizar os prejuízos na lavoura. No Brasil, são 50 casos de resistência que envolvem 28 espécies e oito modos de ação. Somente no cultivo de soja, o custo anual com uso de herbicidas é de R$ 4,2 bilhões. O impacto total das daninhas na cultura, levando em consideração também a matocompetição, chega a R$ 9 bilhões por ano. O Brasil é um grande produtor e ex-

portador de culturas em termos globais, com 77,8 milhões de ha (8,9% do território nacional) em 2018. Com o objetivo de obter 85,7 milhões de hectares em 2029, é uma das maiores potências agrícolas do mundo. A área plantada no Brasil representa 3,4% do total global.

Batalha A matocompetição é comum e sempre vai existir, pois há períodos em que a cultura tem a habilidade de competir com as plantas daninhas sem que ocorra prejuízo econômico - esse período é conhecido como anterior à interferência, e se não manejado adequadamente as plantas daninhas podem inviabilizar a produção de soja. Em um cenário em que os agricultores estão cada dia mais pressionados pelo mercado para conseguirem altas produtividades, o espaço para as plantas daninhas vem diminuindo, porém, com um custo elevado. Segundo uma pesquisa realizada pela Embrapa liderada pelo Dr. Fernando Adegas, o custo médio do controle de plantas

daninhas não resistentes em 2017, utilizando-se duas aplicações de glyphosate pós-emergência e uma para dessecação, foi estimado em R$ 120,00 por hectare. Em um cenário de infestação por azevém (L. multiflorum) resistente ao glyphosate, além do glyphosate, é necessário adicionar um graminicida (inibidor da ACCase), aumentando o custo médio para R$ 177,65/ha. Se a infestação é de buva (Erigeron sp.), o uso de um latifolicida, como o 2,4D, se faz necessário, aumentando o custo médio para R$ 170,50/ha. Em áreas infestadas por capim amargoso (D. insularis), uma planta daninha mais difícil de se controlar que o azevém requer o uso de graminicidas tanto na pós-emergência quanto na dessecação, e deve ser intercalada com herbicidas de contato, como o glufosinato, aumentando o custo médio de manejo para até R$ 318,35/ha. No entanto, em cenários de infestação mista, o manejo da resistência a herbicidas é complicado, porque as opções de herbicidas são reduzidas. Por exemplo, infestações de buva e azevém requerem herbicidas seletivos para o culti-

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João Leonardo Fernandes

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FITOSSANIDADE

vo durante a fase vegetativa da soja, sendo a flumioxazina e a trifluralina as principais opções, enquanto na dessecação devem ser exploradas outras opções para controle de buva e azevém. O custo médio de controle, nesse cenário, pode chegar a R$ 197,55 /ha. Já em um cenário pior, e infelizmente comum, se a infestação é de buva e amargoso, o custo de controle pode chegar a R$ 386,65/ha, ou seja, R$ 266,65/ ha mais caro, comparado a um cenário sem resistência. Essas estimativas não consideram a possível ocorrência de resistência múltipla de L. multiflorum e D. insularis a graminicidas ou Erigeron sp. aos latifolicidas, cenários em que o custo do manejo é mais caro e restrito em relação às opções alternativas de herbicidas disponíveis.

Principais culturas atingidas

Fernando Adegas

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Todas as culturas estão suscetíveis a danos por plantas daninhas, mas al-

gumas grandes culturas, como soja, milho, arroz, trigo e algodão são as que possuem maior potencial para prejuízos relacionados ao controle de plantas daninhas, pois além de serem as mais produzidas e estarem presentes em várias partes do Brasil, também têm em comum basear-se muito no controle químico. No entanto, o uso contínuo desses produtos e a alta pressão de seleção levaram ao surgimento de plantas daninhas resistentes a herbicidas, e essas são as que apresentam maior prejuízo, pois como já mencionado, aumentam o custo de produção excessivamente. Hoje, existem 51 espécies de plantas daninhas relatadas como resistentes a herbicidas no Brasil, das quais 17 envolvem resistência cruzada e múltipla, e resistência a herbicidas inibidores a mais de um sítio de ação. Os inibidores da ALS (ex: nicosulfuron), ACCase (ex: clethodim) e EPSPs (ex: glyphosate) são os grupos herbici-

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das com mais casos de resistência. Soja, milho, arroz, trigo e algodão apresentam 30, 12, 10, 9 e 8 casos, respectivamente, ocorrendo principalmente em lavouras de culturas transgênicas resistentes a herbicidas das regiões sul e centro-oeste do País.

Identificação e momento de controle As plantas daninhas são identificadas por características morfológicas como formato de folhas, hábito de crescimento e inflorescências. O grande “X” da questão na identificação das plantas daninhas é identificá-las quando essas são plântulas de até quatro folhas, pois esse é o estágio de desenvolvimento em que elas apresentam maior facilidade de controle pelos herbicidas. Deve-se sempre prezar por controlar as plantas daninhas antes que essas produzam sementes, portanto, mesmo quando a área estiver em pousio deve-se optar por realizar cobertura vegetal das mesmas com adubação verde ou, se deixar a vegetação espontânea crescer, deve-se realizar o controle periódico da mesma, evitando a produção de sementes. É importante que o agricultor consiga, antes de tudo, mapear e identificar as plantas daninhas existentes em sua lavoura e, assim, adotar os ingredientes ativos com os mecanismos de ação mais efetivos. Isto é fundamental, já que a escolha de diferentes modos de ação dentro do mesmo ciclo da cultura pode auxiliar na redução das plantas daninhas resistentes. Todas as regiões de produção agrícola do Brasil são afetadas pelas daninhas, o que muda são as espécies que podem ser mais adaptadas em algumas regiões do que outras. Por exemplo, o azevém é uma planta daninha muito comum e que traz grandes problemas para a região sul do Brasil, enquanto em outras regiões essa planta não apresenta grande significância. O mesmo ocorre com vassourinha de botão (Spermacoce sp.), um grande problema na região centro-oeste do Brasil e que não é tão problemática em outras regiões. Já outras plantas, como capim amargoso e buva, estão mais adaptadas a várias re-


FITOSSANIDADE

Mauro Rizzardi

Formas de controle O controle deve se basear no manejo integrado de plantas daninhas (MIPD), estratégia que integra diferentes métodos, cada um auxiliando o outro e diminuindo a capacidade infestante das daninhas e de competição das mesmas. As estratégias são compostas por basicamente três pilares: o primeiro é a utilização de defensivos que apresentem mais de um modo de ação para o mesmo alvo biológico (planta daninha) dentro do ciclo da cultura; o segundo compreende o controle e cuidados com a sementeira, com ferramentas (controles químicos, físicos ou biológicos) que reduzam a possibilidade de germinação, o número de novas plantas daninhas por metro quadrado, como por exemplo a palhada, muito utilizada como barreira física, evitando a germinação de algumas espécies; e, por fim, o terceiro pilar seria o monitoramento da área, para efetivar o controle das plantas daninhas nas melhores condições de aplicação dos defensivos e nos estádios mais suscetíveis.

Técnicas e produtos inovadores Atualmente, muito vem sendo pesquisado sobre como diminuir a dependência do controle químico de plantas daninhas, porém, muitas técnicas desenvolvidas não apresentam eficiência no manejo operacional, quando comparadas ao controle

químico. Isso faz com que elas não sejam adotadas, pois vão na contramão de algumas práticas tradicionais. O grande risco da não adoção dessas técnicas é minar cada vez mais a eficiência do controle químico, e sem alternativas, pois o desenvolvimento de novas moléculas é muito dispendioso e demanda muito tempo, podendo ser um recurso que pode não estar disponível tão facilmente. Portanto, o uso consciente do controle químico é essencial, e a adoção de outras técnicas de manejo devem ser repensadas.

metendo a aplicação e a eficácia do defensivo agrícola. Outro erro bastante comum é a não verificação das condições climáticas ideais no momento da pulverização, podendo ocorrer perdas por evaporação ou até mesmo deriva, não atingindo a eficácia esperada, pois as condições estavam fora do limite recomendado. É necessário respeitar as distâncias mínimas recomendadas e também utilizar bicos de pulverização específicos e adequados, com gotas mais grossas, por exemplo, que resistem à deriva.

Direto ao ponto

Acertos

Existem diversos erros que podem ser cometidos no controle das plantas daninhas e alguns podem ser associados com a técnica adotada, como no controle químico, por exemplo, em que é necessário verificar o volume de aplicação e adequá-lo com a recomendação do fabricante do produto fitossanitário, realizando a calibração e regulagem do pulverizador. Dessa forma, ajustam-se também a velocidade de cada aplicação e as especificações de vazão/pressão de trabalho. A presença de resíduos (material orgânico) e partículas em suspensão na água também pode prejudicar a qualidade da calda do produto no momento da aplicação. Isso porque podem ocorrer reações químicas entre os materiais orgânicos presentes na água e as moléculas dos herbicidas, por exemplo, compro-

Selecionar os produtos a serem utilizados com base nas plantas daninhas recentes na área, buscar alterar o modo de ação dos mesmos e verificar a calibração do pulverizador, fonte de água e condições climáticas no momento da pulverização são etapas fundamentais para se obter um controle químico eficiente das plantas daninhas. Mas, ignorar o uso de outros métodos de controle de plantas daninhas também é um erro que pode ser evitado, assim como buscar diferentes tipos de coberturas mortas, manejar o pousio, evitar a deposição de sementes no banco de sementes do solo são conceitos que devem ser almejados, aumentando-se o espectro de controle das plantas daninhas.

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giões do Brasil, podendo ser um problema mais comum.

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DEFESA

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AMINOÁCIDOS ELIMINAM ESTRESSE NAS PLANTAS Éder Jr de Oliveira Zampar Bruna Cristina de Andrade andradebruna2020@gmail.com Engenheiros agrônomos e mestrandos em Proteção de Plantas - UEM

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Priscila Angelotti Zampar Engenheira agrônoma e doutoranda em Proteção de Plantas-UEM

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Vítor Rodrigues Cordioli Graduando em Agronomia – UEM e estagiário em Solos e Nutrição de Plantas

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glutamato pode ser considerado um aminoácido fundamental, pois ele serve como base de formação para outros, como arginina, prolina, glutamina e aspartato, além de ser formador da molécula de clorofila e auxiliar na nodulação e fixação do nitrogênio (Taiz; Zeiger,2013). A arginina participa da síntese de citocinina, tendo uma forte ação rejuvenescedora nas plantas, promovendo o crescimento radicular e podendo atuar na síntese de poliaminas que promovem um papel de defesa contra estresses (Forde; Lea, 2007). A prolina atua na síntese de defesa antioxidante, amplificando a tolerância a estresses, aumentando o teor de açúcares e a reserva de carboidratos, além da regulação osmótica da planta (Teixeira,2017). O triptofano atua na divisão celular, sendo um dos precursores hormonais do ácido indolacético, agente de defesa

químico e promovendo a atração de seres polinizadores. A metionina, precursora de hormônios como o etileno, responsável pela maturação dos frutos, melhora a assimilação de nitratos. A metionina é sintetizada a partir do aspartato, assim como a lisina e a treonina (Bryan, 1990). A fenilalanina está relacionada com o metabolismo secundário, produção de lignina (juntamente com a tirosina) e flavonoides. É um composto intermediário na biossíntese de compostos fenólicos. A tirosina, assim como a fenilalanina, faz parte da rota do ácido chiquímico, sendo um fornecedor de energia no ciclo de Krebs, doando seu grupo OH fenólico, que atua como receptor de grupos fosfato (Teixeira,2017).

Resultados com aminoácidos A arginina 20 ppm mostrou-se eficiente para incrementar a emergência da



DEFESA

cana-de-açúcar. Este aminoácido, adicionado na solução nutritiva, substitui uma pequena fração do nitrogênio, apresentando forte efeito positivo no crescimento da cana. A presença de arginina estimulou o desenvolvimento das células de cana em meio de cultura (Nickell; Kortschak, 1964). A aplicação de molibdênio juntamente com aminoácidos na safra 2016/17 pode acarretar em incrementos de produtividade na soja de até 16%, segundo o professor Dr. Evandro Binotto Fagan, do Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam). Foltran et al. (1990), com o objetivo de avaliar a adição de aminoácidos via foliar na produção de hortaliças, realizaram experimento utilizando misturas em diferentes concentrações de um produto comercial, onde verificaram diferenças significativas em relação à testemunha para a alface. Malavolta (1980) referiu-se a traba-

lhos próprios, demonstrando que a exigência de S no tomateiro poderia ser suprida por meio do fornecimento de metionina e cisteína, dois aminoácidos que contêm o elemento. Nas pesquisas, Lima et al. (2009) mostram que a aplicação de ureia em conjunto com aminoácidos resulta no aumento do teor de proteínas em plantas jovens de milho (Zea mays). Esse aumento do teor de proteínas é encontrado tanto na parte aérea como radicular das plantas. Em estudo, Karam et al. (2010) observaram que a aplicação de aminoácido potássico, sete dias após a pulverização de doses elevadas de um herbicida da família das sulfonilureas, também conferiu poder de recuperação às plantas de milho. De forma resumida, Serciloto e Castro (2005) observaram que a aplicação de aminoácidos (1.000 mg L-1) pode reverter os sintomas causados pela aplicação de glifosato em feijoeiro.

Novidade Um produto à base de aminoácidos foi capaz de aumentar a tolerância contra a infecção de patógenos por meio da ativação da defesa vegetal. Foi observado que a aplicação foliar do produto (que também continha macro e micronutrientes) reduziu a infecção pela bactéria Pseudomonas syringae pv. Maculicola em folhas de Arabdopsis thaliana (Igarashi et al., 2010), uma espécie vegetal muito utilizada em estudos acadêmicos. Segundo Lambais (2011), a utilização da adubação foliar com produtos à base de aminoácidos livres mostrou-se eficaz nos aspectos metabólicos para a cultura de soja, por meio da influência na atividade da nitrato-redutase (NR) e glutamina sintetase (GS), bem como no aumento da concentração de proteínas totais solúveis (PTS) no tecido foliar. Os produtos à base de aminoácidos livres na formulação comprovaram uma ação anti-estressante nas plantas de soja em função da aplicação de glifosato.

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Resultados

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Segundo Coelho, as aplicações foliares dos aminoácidos complexados com fertilizantes, nos estádios de desenvolvimento vegetativo de 4, 7 e 10 folhas, apresentaram efeitos similares e significativos na produtividade do milho. Comparado ao tratamento controle, a aplicação foliar desses aminoácidos proporcionou um aumento médio de 22% (1.500 kg/ha) na produtividade de grãos. Castro, 2013, verificou efeitos positivos no cafeeiro com a utilização de aminoácidos, influenciando o número médio de grãos, que foi superior em plantas tratadas, promovendo o aumento da produção média de café em relação aos demais tratamentos. Verificou-se que a aplicação de uma gota da solução de aminoácidos marcados sobre uma folha de soja possibilitou a absorção e translocação dos diversos aminoácidos e nutrientes para o interior da planta, com velocidades e direções diferentes (Kursanov, 1961).


TECNOLOGIA

AGRICULTURA DE PRECISÃO SISTEMA DE GESTÃO ASSERTIVO Jéssica Luana de Freitas Graduanda em Agronomia - Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS Vacaria) e estagiária na Drones For Agro jessica.freitas@drones4agro.com.br Felipe Floriano Motta Graduando em Agronomia - IFRS felipe.agroifrs2017@gmail.com

Gerarda Beatriz Pinto da Silva Engenheira agrônoma, doutora e CTO em Drones For Agro gerarda.silva@drones4agro.com.br

porção da área, aliando, assim, mais sustentabilidade e rentabilidade aos cultivos.

Acessível a todos os produtores As tecnologias voltadas para a AP são acessíveis a todos os produtores rurais, uma vez que existem diversos meios de adotar a AP nas propriedades agrícolas, sejam elas de pequeno, médio e/ou grande porte. Atualmente, existem diversas empresas e startups envolvidas no agronegócio brasileiro, as quais desenvolvem ferramentas e serviços que visam maximizar a produtividade das lavouras, integrando tecnologia à produção vegetal. Desta forma, nos últimos anos ocorreu o barateamento da AP, tornando-a acessível aos mais diversos públicos. De modo geral, podemos dizer que a AP pode tratar de diferentes componentes do ciclo produtivo, atuando desde análises qualitativas do solo até o uso de insumos e fertilizantes de modo pontual. Isso

quer dizer que as aplicações de produtos químicos e/ou fertilizantes podem ser realizadas em taxas variáveis. Entretanto, este caso em específico é direcionado a médios e grandes produtores, que disponham de maquinário especializado para este fim. Além disso, é necessário ter em mente que, para garantir que as cultivares expressem todo o seu potencial produtivo, faz-se necessário que diversos fatores atuem em sincronia. Partindo do pressuposto de que as áreas de cultivos apresentam diferentes características químicas e físicas, alguns serviços dentro da AP buscam contribuir para garantir a rentabilidade do produtor, uniformizando ao máximo as áreas da lavoura.

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om a rápida evolução da agricultura, principalmente no pós revolução verde, as propriedades rurais passaram por um processo de grande especialização de suas atividades, impulsionadas pela maior demanda por alimentos e aumento da competitividade entre os ramos do agronegócio. Nesse contexto, surgiu a necessidade de aliar as novas tecnologias que o mercado dispunha a fim de aumentar a eficiência/produtividade das fazendas. Muito utilizada em países de alta tecnologia, a Agricultura de Precisão (AP) é uma importante ferramenta para aumentar a eficiência das propriedades rurais e, consequentemente, sua rentabilidade. Mas o que é AP? Agricultura de precisão é um sistema de gestão agrícola que considera a variabilidade espacial da lavoura, seja ela do solo ou da cultura. Ao contrário da agricultura convencional, em que manejos e doses médias de insumos são aplicadas uniformemente em todo o campo, na AP os insumos são aplicados de forma variada e direcionada, de acordo com a demanda local, em cada

Shutterstock

Sensoriamento remoto Uma ferramenta que tem ganhado atenção de pequenos e médios produtores nas últimas décadas é o sensoriamento remoto. Esta tecnologia auxilia no monitoramento de áreas de lavoura, utilizando 19


TECNOLOGIA

os mecanismos da AP. Os métodos mais empregados envolvem a utilização de sensores embarcados em satélites, como o Landsat 8 e Sentinel 2, e em drones/VANT’s. Essa tecnologia tem como objetivo gerar mapas ou índices de toda a área cultivada, os quais servem como indicadores da sanidade vegetal, umidade do solo, biomassa, etc.

Manejo

Mais produtividade O uso da AP está fortemente associado à constante evolução das estruturas genéticas das cultivares voltadas à produtividade, permitindo que os agricultores potencializem de forma significativa a sua produtividade. Segundo dados do IBGE, a produção de soja cresceu cerca de 123% entre as safras 2006 e 2017, apesar de a área produtiva não ter aumentado no mesmo ritmo. Grande parte deste incremento deve-se às tecnologias transgênicas atuando nas cultivares mais modernas e às estratégias de AP cada vez mais presentes nas lavouras. O ataque de pragas e doenças nas culturas comerciais reduz consideravelmente a sua produtividade. Em se tratando da soja, a sua incidência compromete o desenvolvimento da cultura, pois conforme o nível de infestação, pode-se desencadear uma série de problemas, como a desfolha precoce, fator que resulta na redução de fotoassimilados na planta que, consequentemente, reduz a formação de vagens

Drones For Agro

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Devido ao crescimento populacional acelerado, a produção de alimentos requer gestão, precisão e proteção ao meio ambiente. Desta forma, existem diversas formas de se implantar a AP, sendo um dos primeiros passos para a adequação das propriedades rurais aos modelos de gestão, levando em consideração a importância de se conhecer todos os processos que ocorrem ‘dentro da porteira’ para mensurar a viabilidade dos cultivos. Somente desta forma o produtor terá a noção real de onde ele precisa evoluir, ou seja, onde estão ocorrendo as maiores perdas de eficiência e produção. No campo, a AP pode ser implantada nas mais diversas técnicas de manejo, indo desde análises georreferenciadas de solo, adoção de curvas de nível, plantio utilizando semeadoras com corte de secção, implementação de sistemas de posicionamento global (GPS) nos maquinários agrícolas, monitoramento via drones e/ou satélites, etc. Deste modo, todos os agricultores das mais variadas culturas podem fazer uso da tecnologia para agregar produti-

vidade às suas lavouras. De posse dessas informações, os produtores podem, por exemplo, realizar análises de solo georreferenciadas a fim de gerar grids de aplicação de fertilizantes em taxas variáveis. Além disso, a partir dos mapas gerados de NDVI (Normalized Difference Vegetation Index) é possível a verificação do estado fitossanitário da lavoura, gerar mapas de aplicação nitrogenada direcionados para locais com baixa cobertura vegetal, etc.

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e o enchimento de grãos. Sendo assim, se estes problemas puderem ser detectados mais cedo, as ações de manejo serão mais rápidas e eficientes. Desta forma, a utilização de drones no monitoramento das lavouras permite que problemas sejam detectados antes mesmo que eles reduzam a produtividade. Isso ocorre devido à evolução dos sensores embarcados nos drones, os quais possibilitam a identificação de estresses de modo pontual.

Em campo A implementação de tecnologias de AP nas lavouras comerciais vem ganhando força nos últimos anos, maximizando a lucratividade e produtividade. A utilização de AP nos solos agrícolas é uma alternativa para uniformização da sua fertilidade, já que boa parte dos solos brasileiros apresenta elevada variabilidade espacial, o que influencia negativamente na produtividade das culturas, (acidez do solo, baixa saturação por bases e elevados teores de alumínio). Desta forma, a coleta de dados e geração de mapas de fertilidade por meio da AP vem uniformizando estas áreas e elevando o teto produtivo. Do mesmo modo, a utilização de AP no controle de plantas daninhas é outra alternativa, mesmo que ainda seja pouco conhecida por muitos agricultores. Por meio de voos com drones é possível a identificação das plantas daninhas e a sua distribuição no talhão, permitindo um manejo direcionado e mais assertivo. Este método, associado aos pulverizadores autopropelidos mais modernos, permite ao produtor inserir os mapas de aplicação, direcionando o herbicida no local preciso da distribuição da planta daninha e na quantidade exata. Para facilitar esta operação, diversas empresas têm investido, inclusive, no desenvolvimento de drones de aplicação, os quais têm o intuito de atingir locais de difícil acesso, como áreas de reflorestamento, por exemplo, otimizando o tempo, facilitando e reduzindo os riscos eminentes nestes locais.

Dificuldades A maior dificuldade encontrada para a popularização do uso da AP, atualmen-


TECNOLOGIA

Drones For Agro

te, é a desinformação acerca das tecnologias existentes. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), tal desconhecimento dificulta a análise e a interpretação das informações geradas para utilizá-las em tempo hábil. Trabalho realizado na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) revela que existe uma certa limitação na assimilação a respeito da tecnologia e seus benefícios por parte de produtores mais experientes. Em complemento, outro trabalho da USP/ESALQ destaca a complexidade do sistema, que necessita da compreensão de muita informação para a sua aplicação.

Neste contexto, as dificuldades relacionadas ao acesso às informações poderiam ser contornadas com iniciativas público-privadas de disseminação de conhecimento, como seminários, congressos e dias de campo, por exemplo.

Custo envolvido O custo para se implementar ferramentas da AP pode variar de acordo com o objetivo do produtor, como por exemplo, o tipo de investimento que o produtor quer fazer na área, cultura a ser trabalhada, tamanho e relevo da propriedade, entre outros. A aplicação de corretivos de solo em

taxa variável já faz parte do calendário agrícola de inúmeros produtores brasileiros. Devido à necessidade da complexação do Al³+, empresas do agronegócio terceirizam os serviços com custos que variam de R$ 160,00 a R$ 200,00 por hectare. No que diz respeito às culturas propriamente ditas, o monitoramento da lavoura via imagem de drones e satélites tem custo variado de aproximadamente R$ 10,00 a R$ 50,00 por hectare. Levando em consideração esses aspectos, entende-se que o custo está vinculado diretamente à necessidade do produtor e que estes alternam-se de acordo com a localização geográfica.


FOLIAR

SOJA E MILHO

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NITROGÊNIO É DESTAQUE NA APLICAÇÃO FOLIAR Wedisson Oliveira Santos wedisson.santos@ufu.br

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Araína Hulmann Batista araina@ufu.br

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Hugo César Rodrigues Moreira Catão hugo.catao@ufu.br Professores do Instituto de Ciências Agrárias (ICIAG) - Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

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fornecimento de nutrientes pela parte aérea das plantas, conhecido como adubação foliar, apesar de datar da antiguidade, ainda é um tema bastante controverso. A eficiência da adubação foliar é muito variável em relação às culturas, fontes de nutrientes, época de aplicação, entre outros fatores. Vale ressaltar que no processo evolutivo das plantas para ambientes terrestres houve grande diferenciação de fun-

ções e morfologia dos seus órgãos. As raízes evoluíram para absorção de água e nutrientes do solo, e a parte aérea, principalmente as folhas, especializaram-se nas trocas gasosas, transpiração, absorção de gás carbônico e luz. Para tanto, houve grandes modificações morfológicas nestes órgãos, que inicialmente eram responsáveis pela totalidade da absorção de nutrientes. Desenvolveu-se nas folhas uma camada de cutícula rica em substâncias hidrofóbicas, como ceras, entre outros compostos e estruturas, visando impedir a desidratação. Isso leva à expressiva restrição ao movimento de soluções e gases através das folhas das plantas. Todavia, a capacidade de absorção de soluções pelos órgãos aéreos de plantas terrestres, apesar de pequena, não é nula, sendo este o fundamento que sustenta a prática da adubação foliar e tem levado

pesquisadores a buscarem respostas sobre a eficiência desta técnica como fornecedora de nutrientes minerais para variadas espécies vegetais.

Cuidado! É importante considerar que, com capacidade limitada de absorção de nutrientes em grandes quantidades, a adubação foliar deve ser encarada como uma forma complementar de fornecimento de nutrientes às plantas, jamais substituindo a adubação via solo. Em relação ao nitrogênio, existe ainda a necessidade de melhorar a absorção pelas plantas, reduzindo perdas por lixiviação do NO3-, volatização da NH3 e desnitrificação. Assim, a suplementação de N via aplicação foliar tem se mostrado uma alternativa, com a vantagem, além da rápida absorção, de possibili-


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Como implantar a técnica? Práticas da adubação foliar com N nas culturas de soja e milho vêm sendo difundidas e incentivadas no Brasil, principalmente em áreas de Cerrado, que possuem solos com baixos teores de matéria orgânica. Neste sentido, é essencial esclarecer que ainda existe grande carência de pesquisas nesta área para dar suporte à recomendação de adubação foliar com N nas culturas da soja ou milho, o que dificulta o estabelecimento de critérios de recomendação de adubação nitrogenada via foliar para estas culturas. Há forte interesse de produtores rurais em aumentarem a eficiência agroFigura 1. Curva de absorção do nitrogênio

nômica da adubação nitrogenada, pois são insumos de elevado custo e a ocorrência de processos como volatilização da amônia, nitrificação e desnitrificação podem promover perdas de N do sistema superiores a 50% das doses aplicadas. Adicionalmente, soa oportuno fornecer o nutriente em condições nas quais as raízes possuam limitações para absorver, como em períodos de seca, ou em fases da cultura nas quais aplicações via solo são inviáveis operacionalmente.

Complexidade do nitrogênio Diante da complexidade acerca da dinâmica do N no sistema solo-planta-atmosfera, que implica em grandes perdas de N do sistema, haveria benefícios potenciais da adubação foliar. No entanto, sabe-se que as folhas possuem capacidade limitada de absorver nutrientes, e que aplicações de N foliar, quando do uso da ureia, principalmente, podem causar degradação da cutícula foliar (quebra de ligações entre compostos da cutícula, como éter e diester); que, apesar de aumentar a absorção foliar de nutrientes, incluindo o N, predispõe a planta à desidratação (perda excessiva de água através da cutícula) e toxidez por biureto ou amônia. O potencial de toxidez por biureto pode ser minorado com o uso da ureia específica para adubação foliar (>0,3% de biureto). Resultados experimentais têm indicado maior eficiência no uso da ureia na cultura do milho, quando fornecida antes da emissão da folha bandeira (final do estágio vegetativo, 6-8 folhas), fase em que a planta tem a demanda por N expressivamente aumentada, como pode ser observado pela curva de absorção na figura 1. Nessa fase ocorrem processos fisiológicos importantes na planta, como a diferenciação do pendão e da espiga, juntamente com a diferenciação de óvulos na espiga. Por isso, o suprimento adequado de N para a planta nesses estádios é fundamental para o desenvolvimento e para a definição do potencial produtivo.

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tar correções pontuais de deficiência em fases avançadas de desenvolvimento das culturas. Adicionalmente, a elevada mobilidade de N no floema, diferentemente dos micronutrientes metálicos, como Zn, Cu, Mn e Fe, promove algum efeito residual para a adubação foliar nitrogenada. Entretanto, a limitada área foliar da soja ou milho, e restrições de absorção de solutos pelas folhas, nos sugere que a adubação foliar deve ser estratégica para fases ou eventos “chaves” destas culturas.

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FOLIAR

Pesquisas

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Em experimento realizado por Amanullah et al. (2013), houve maior absorção de N em cultivo de milho quando a aplicação foi realizada entre 45 e 60 dias após a emergência. Aplicações precoces não podem ser superestimadas, especialmente em se tratando de híbridos mais modernos, para os quais os estudos apontam que há relevante absorção de N, mesmo após o florescimento. Debruin e Butzen (2015), trabalhando com milho de alta produtividade (230 sc/ha), mediram a absorção de N até o florescimento e colheita. Os resultados mostraram que 63% do N absorvido utilizado durante o ciclo é absorvido até o período de pré-florescimento, com 37% do nutriente sendo absorvido após o florescimento. A conclusão dos pesquisadores é que

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para que os híbridos mais recentes possam expressar todo o seu potencial, o fornecimento de N deve acontecer durante todo o ciclo da planta. Assim, a aplicação de N foliar pode ser uma alternativa para fornecer o nutriente em fases mais avançadas de desenvolvimento da planta. Entretanto, como mencionado anteriormente, os estudos ainda são incipientes para que haja uma recomendação de manejo para a aplicação mais tardia deste nutriente.

Dicas valiosas A adubação foliar é realizada aplicando-se soluções salinas, moleculares ou suspensões na parte aérea das plantas, tendo as folhas como órgãos alvos. Assim, no preparo da calda de pulverização, deve-se considerar alguns fatores, como solubilidade e pureza dos sais ou

compostos, concentrações máximas de N, surfactantes e acidez da calda. É essencial conhecer a solubilidade dos compostos para não haver produção de soluções supersaturadas, o que implicaria na precipitação e, consequentemente, em problemas de entupimento de pontas de pulverização, assim como de elevada pureza. Misturas de soluções nitrogenadas com inseticidas, fungicidas e outros compostos são possíveis, entretanto, é necessário saber se as misturas são compatíveis, visando evitar, além da precipitação de compostos, a formação de espécies químicas fitotóxicas. Deve-se respeitar a concentração máxima de N nas caldas, pois o uso de soluções muito concentradas pode causar toxidez às plantas. Para milho, estas concentrações variam entre 0,6 e 2,4% (m/v), sendo prudente considerar o limite inferior a 0,6%. O uso de surfactantes na calda é essencial para aumentar o ângulo de molhamento das gotas de pulverização na superfície foliar, otimizando a absorção. Quanto maior for a área de contato das gotas com as folhas, melhor será a absorção. Por isso, o bom molhamento com aplicação tanto da parte superior como inferior das folhas melhora a eficiência do produto aplicado. Também o pH da solução influencia a absorção de forma diferenciada para os diversos nutrientes. Em se tratando da ureia, é importante que o pH da calda esteja entre 5 e 8. O dimensionamento da pulverização deve considerar um volume de calda suficiente para promover bom molhamento da parte aérea, sem causar escorrimento excessivo. Maiores volumes de calda para pulverização do milho ou soja (200 - 250 L/ha), gotas maiores, redução da altura da barra de pulverização, bem como diminuição da pressão levam a menores perdas, tanto por proporcionarem o secamento mais lento da solução como por diminuírem as perdas do produto por deriva causada pelo vento. Bicos cônicos com sistema de injeção de ar para promover turbilhonamento de gotas, visando atingir a face ventral das folhas, são indicados, já que nesta região da folha as taxas de absorção de soluções são maiores.


FOLIAR

Equívocos frequentes Alguns equívocos têm sido comuns no manejo da adubação foliar, a citar: Misturas indevidas entre fertilizantes com inseticidas ou fungicidas; Uso de ureia com concentrações de biureto acima de 0,3 % (ureia para aplicação via solo); Uso de baixos volumes de calda, podendo causar secamento muito rápido das gotas, diminuindo a absorção dos nutrientes; Não uso de espalhante adesivo, causando excessivo escorrimento de calda; Não dimensionamento de pontas para possibilitar a atingimento de gotas nas porções inferiores das folhas, onde a ab-

BRANDT® N3200 Máxima eficiência na absorção de nitrogênio.

WWW.BRANDTBRASIL.COM/N3200

sorção é maior. O cuidado para distribuição uniforme da calda em toda a superfície foliar é fundamental. Folhas mais novas, devido a possuírem menor espessura da cutícula, absorvem mais as soluções do que folhas mais velhas. Assim, é importante haver bom molhamento das partes mais jovens da planta, para otimizar a absorção. As aplicações devem ser feitas quando as plantas estiverem bem hidratadas, pois quando as folhas estiverem murchas, a absorção ficará prejudicada. Outro fator que exerce influência é a intensidade luminosa.


AGROECOSSISTEMAS

INTERAÇÃO INSETOS E PLANTAS DIREITOS E DEVERES DE CADA UM

julho 2020

Paulo Roberto de Camargo e Castro Professor Titular - ESALQ/USP prcastro@usp.br

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Jeisiane Andrade Mestranda ESALQ/USP

A

interação entre insetos e plantas exerce um papel de grande importância para os agroecossistemas, de relevância mútua, que em sua maioria favorece a propagação de diversas espécies de plantas por meio da polinização. Logo, a interação planta-inseto é dinâmica, podendo oscilar constantemente. Algumas espécies atuam como agentes polinizadores, enquanto outras são

denominadas pragas, em situações específicas.

Os limites de cada um A denominação popular praga se refere a uma população abundante da espécie que se alimenta das plantas, interferindo na fisiologia e morfologia do vegetal, por exemplo, e prejudicando o rendimento produtivo, o que tem grande relevância principalmente para espécies de interesse comercial. Isso fez com que as plantas desenvolvessem diversos mecanismos (exsudação de substâncias voláteis que atraem predadores dos insetos herbívoros, metabólitos secundários, toxinas, além da

densidade da cutícula e dos tricomas) para reduzir o ataque de insetos com a ativação de diferentes vias metabólicas no vegetal. Por exemplo, a aplicação de secreção oral de larvas e também insetos adultos causará pequenos ferimentos mecânicos que serão suficientes para estimular a secreção de compostos como o ácido jasmônico ( JA), hormônio vegetal que repele o ataque dos insetos às plantas, ou até para induzir um mecanismo de defesa indireto, como a liberação de outros compostos voláteis que atraem insetos parasitoides que se alimentarão dos insetos-praga. De acordo com a literatura, foram descritos dois elicitores (indutores de res-


AGROECOSSISTEMAS

para seu desenvolvimento e perpetuação da espécie. Por exemplo, ao se alimentar das folhas, a superfície de captação de luz é reduzida e, consequentemente, a fotossíntese será comprometida, fornecendo pouca energia às plantas, logo diminuindo seu rendimento. Ou então, de forma mais severa, podem atacar o fruto já em desenvolvimento, o que trará prejuízo à produtividade. Pesquisadores da área mostraram que a cultura do algodoeiro, quando atacada por pulgões, sem que sejam tomadas medidas de controle, pode ter a produtividade reduzida em até 44%.

posta vegetal) conhecidos, os quais estimulam a síntese e liberação de sinais químicos voláteis - são eles a α-glucosidase de lagartas de Pieros brassicae e um derivado de ácido graxo, N- (17-hidroxilinolenoil) -L-Gln (volicitina) de lagartas da beterraba.

Experimentos realizados anteriormente por pesquisadores demonstraram que o efeito de Orthezia praelonga (cochonilha) na fotossíntese de folhas de limoeiro e no efeito de Leucoptera coffeella (mariposa do café) sobre folhas de cafeeiro ‘Obatã’ resultou em correlações negativas crescentes entre infestação (número de escamas por folha ou tecido foliar danificado) e fotossíntese líquida, sugerindo então que quanto maior a lesão, menor será a taxa fotossintética. Outros autores corroboram afirmando que diversas espécies de cigarrinhas causam danos foliares à macieira, debilitando de forma permanente a capacidade fotossintética das folhas atacadas. Com isso, faz-se necessário o acompa-

Atração fatal Algumas características, como umidade, temperatura e luz, além da abundância de alimentos ricos nutricionalmente e da ausência de inimigos naturais, constituem um ambiente ideal para os insetos. Nesse cenário, os insetos atingem o seu máximo potencial fisiológico para o desempenho de suas atividades biológi-

Vanda Pietrowski

Jorge Barcelos

Em campo

nhamento da infestação das mesmas para realizar um controle eficaz sobre a lavoura, evitando danos futuros. A análise de crescimento das culturas tem sido amplamente utilizada para a obtenção de parâmetros fisiológicos indicativos de métodos seguros para o aumento da produtividade. Verificou-se que o ataque de Enneothrips flavens em amendoinzeiro provocou redução na taxa assimilatória líquida uma semana após as lesões provocadas nas folhas ainda fechadas. Além disso, existem espécies que se alimentam das plantas em todos estádios fisiológicos, por exemplo, Myzus persicae e Brevicoryne brassicae, que têm preferência por folhas de diferentes idades em couve-de-bruxelas, em que colonizam particularmente as folhas novas e velhas, respectivamente. Notou-se que sob déficit hídrico, M. persicae abandona as plantas e B. brassicae passa para as folhas novas.

Os glucosinolatos (α-glucosidase) são substâncias liberadas pelas plantas quando essas são submetidas aos danos mecânicos, e estão mais concentradas em tecidos jovens. São conhecidas como substâncias anti-herbivoria. Já as volicitinas são substâncias elicitoras presentes na saliva dos insetos, que aos serem identificadas pelas plantas, estimulam as mesmas à síntese de compostos de defesa. Porém, os insetos também desenvolveram várias estratégias para transpor as barreiras de defesa das plantas, fazendo com que elas pudessem ser alimentos

julho 2020

Como funciona

Lagarta parasitada 27


AGROECOSSISTEMAS

cas, o que pode levar à destruição completa de lavouras, não somente pelo hábito alimentar, mas também por muitas das vezes serem vetores de doenças. Pulgões e tripes, por exemplo, podem atuar como vetores de vírus patogênicos de plantas, e nesta situação o uso de coberturas para atrair ou repelir insetos pode ser muito importante para a proteção de plantas contra doenças virais. Palhada e cor também podem influenciar as espécies de insetos que visitam as plantas. Estudos científicos identificaram que os pulgões podem ser repelidos por cores, como por exemplo, pela cobertura de alumínio, mas em contrapartida, as lesões das frutas aumentaram devido ter atraído a traça-do-tomateiro (Keiferia lycopersicella) e a lagarta Helicoverpa zea. De acordo com dados da literatura, 17 espécies de cigarrinha pertencentes à subfamília Cicadellinae são vetores de doenças, além dos Cercopideos, que se alimentam diretamente do xilema das plantas. Esse hábito foi demonstrado em videira e alfafa, que quando submetidas à alimentação por cigarrinhas do agente da doença de pierce no córtex ou floema, não foram infectadas, enquanto a alimentação via xilema contaminou as plantas estudadas.

Decisão assertiva

Cuidado A maioria dos insetos é bem controlada por pesticidas, porém, em alguns casos especiais os inseticidas permitem escape parcial ou total de insetos vivos, sendo que o motivo precisa ser analisado, o qual pode ser a aplicação em estádio fi-

Lagarta atacada por fungo Beauveria

Vanda Pietrowski

julho 2020

Com base nesse cenário, fez-se necessário a criação de sistemas que inte-

gram diversas atividades para evitar os danos dos insetos às culturas, os quais se tornaram muito importantes para a agricultura brasileira. O método foi denominado Manejo Integrado de Pragas (MIP), cujo princípio é combinar medidas de controle isoladas ou em associação para a condução de uma lavoura sadia pelos agricultores. A amostragem de pragas é fundamental para o bom funcionamento do sistema, e para tanto, faz-se necessário conhecer as espécies que habitam a lavoura, saber diferenciá-las entre pragas e inimigos naturais, e realizar uma posterior quantificação desses insetos, que são etapas fundamentais para as tomadas de decisões. Isso permite realizar escolhas assertivas em controlar de forma química (inseticidas) ou com alguma forma alternativa (implantação de armadilhas visuais ou olfativas, com feromônios, por exemplo, cultivares resistentes, controle biológico), selecionar quais são os melhores inseticidas para a situação, visando eficácia de controle, minimizar perdas na produção, além de evitar possíveis resistências dos insetos aos inseticidas.

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siológico do inseto diferente do recomendado, por exemplo, aplicar um inseticida destinado ao estádio larval dos insetos em insetos adultos, ou também pode acontecer o não controle dos insetos, mesmo seguindo todas as recomendações para a ocasião. Nesse caso, o problema é mais agravante, no qual o inseto está insensível ou resistente ao inseticida. Esse fato é denominado de resistência de insetos a inseticidas. Na maioria das vezes esse problema é decorrente da aplicação sucessiva do mesmo inseticida (repetindo o mecanismo de ação). Quando constatado o problema, medidas criteriosas e frequentes, como levantamento de pragas semanal ou até diário, aplicação de mais de uma prática de controle, além de rotação do mecanismo de ação de inseticidas, devem ser adotados para um adequado reestabelecimento da sanidade da lavoura. Em contrapartida, em casos específicos a interação entre inseto e plantas pode ser economicamente favorável aos agricultores, como na fabricação de casulos de seda. O bicho-da-seda, em seu estádio larval, se alimenta exclusivamente de folha de amoreiras frescas para futura tecelagem do casulo. A prática demanda pouco espaço, e o produto obtido é bastante valorizado na indústria têxtil. Com isso, ressalta-se que, para o sucesso das lavouras, é necessário previamente a qualquer tomada de decisão, levantar todas as hipóteses, como por exemplo, analisar se a infestação causará ou não danos econômicos à lavoura antes de realizar quaisquer pulverizações, por meio da amostragem, identificação e quantificação da população de insetos presentes na lavoura. Recomenda-se, ainda, analisar posteriormente todas as alternativas de controle, de acordo com a necessidade da área, em função dos insetos infestantes, e também de acordo com a disponibilidade no nível de investimento do agricultor, pois uma técnica altamente sofisticada e dispendiosa não resolverá os problemas para alguém que não esteja disposto ou em condições de custeá-la. Portanto, vale considerar um amplo espectro de soluções, desde a mais simples à mais elaborada, e para isso o auxílio de um engenheiro agrônomo é fundamental e valioso.



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CAPA

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O POTENCIAL DA SOJA E O AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES

Shutterstock

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O Brasil segue na liderança do ranking da produção mundial de soja, com 37%, seguido por EUA (28%), Argentina (16%) e outros países (demais 19%). Dos 120 milhões de toneladas de soja que o Brasil deve produzir nesta safra, 77 milhões têm como destino a exportação, em especial para a China

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Laura de Paula

CAPA

Bartolomeu Braz, presidente da Aprosoja Brasil Shutterstock

Bartolomeu Braz Pereira Presidente da Aprosoja Brasil – Associação Brasileira dos Produtores de Soja

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O

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campo não parou por causa da Covid-19. A agricultura e as atividades de apoio, como o transporte, foram consideradas áreas essenciais pelo governo federal para o enfrentamento da pandemia. Dessa forma, os alimentos continuam chegando à mesa dos brasileiros e ao mercado internacional. A safra deste ano, estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 251,8 milhões de toneladas de grãos, dá indicativos nesse sentido. O Brasil bateu novo recorde de exportações em março (13,3 mi de t contra 12,3 mi de t em maio de 2018) e já escoou mais de 35 mi de t neste ano. Cerca de 60% da safra 2019/20 já foram comercializadas e mais de 30% da safra 2020/21, esta última a maior parte para a China. Conforme dados fornecidos pelo Departamento Norte Americano de Agricultura (USDA) e pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria e Comércio (Secex), o Brasil tem 50% das exportações mundiais de soja, 25% de participação no comércio internacional de farelo e 17% das vendas de milho para o exterior. Cerca de 40% do total exportado pelo agronegócio vem do complexo soja. A contribuição da soja para o Brasil

vai muito além dos números apresentados e sua importância para a economia do País é inquestionável. De cada US$ 100 exportados pelo País, US$ 14 são oriundos da soja. A oleaginosa é responsável por boa parte do superávit de US$ 48 bilhões de 2019 e dos mais de US$ 300 bilhões acumulados nos últimos anos em reservas cambiais pelo Brasil.

todo mundo. Nos últimos 30 anos o Brasil tornou-se um gigante na produção de alimentos, dado o empreendedorismo dos produtores rurais, a disponibilidade de terras, a alta competitividade alcançada com dinamismo e tecnologia incorporada e, sobretudo, a crescente demanda mundial por alimentos.

Socialmente falando

Não é possível falar de demanda de alimentos sem citar a Ásia e os 1,4 bilhão de chineses. No caso da soja, coincidência ou não, foi nos últimos 30 anos que a China assumiu o protagonismo nas importações. Se o Brasil tem US$ 48 bilhões de superávit na balança comercial, é graças, em boa medida, aos grãos de soja que exportamos para aquele país. Em 2019, em valores acumulados, dos US$ 26 bilhões exportados, o equivalente a 78% seguiu para a China. E, por tratar-se de segurança alimentar, podemos dizer que nossa parceria é sustentável. Mais do que isso: é essencial e deve perdurar por muitos anos. A China passa por transformações demográficas e econômicas que fizeram com que a demanda por grãos aumentasse. A ascensão da classe média faz com que as famílias possam aumentar o consumo de carne per capita e o atendimento a essa demanda só é possível se eles tiverem soja e milho de qualidade e com os preços competitivos dos grãos brasileiros.

No âmbito social, o grão também traz impacto positivo. Mais de 243 mil produtores vivem da cultura da soja no País e geram 1,4 milhão de empregos diretos e outros milhões de forma indireta e induzida, sendo responsáveis por boa parte da arrecadação de impostos dos dois mil municípios do interior em que o grão é cultivado. A oleaginosa contribuiu com a interiorização do País e o seu desenvolvimento, além da produção de óleo e carnes a preços acessíveis para toda a população. Segundo dados das Nações Unidas, nos municípios em que a soja passou a ser cultivada, a qualidade de vida das pessoas melhorou. Em 1991, 79% dos municípios rurais apresentavam Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo e 20% deles muito baixo. Em 2018, 57% dos municípios rurais passaram a apresentar IDH alto e 38% deles IDH médio. A produção brasileira de grãos alimenta mais de 1 bilhão de pessoas em

Demanda



CAPA

Em relação ao Brasil, o mundo pode ficar tranquilo que os produtores de soja e milho seguirão garantindo safras recordes e excedentes para entregar alimentos aos nossos clientes internacionais. Levando em consideração a crescente demanda, não nos causa preocupação a possibilidade de arrefecimento da guerra comercial entre China e Estados Unidos. A primeira fase do acordo comercial traz estabilidade ao mercado, mas não garante compras de soja dos EUA por parte da China, que segundo as autoridades chinesas, comprará de acordo com o preço e a disponibilidade. Há perspectiva de compras a partir

do segundo semestre, com a entrada da safra norte-americana no mercado. Por enquanto, porém, só compras pequenas e pontuais.

Qualidade atrai atenção Um dos fatores que faz com que o produto nacional seja mais procurado é a sua qualidade. A soja brasileira tem maior teor de óleo e proteína em comparação com grãos produzidos nos Estados Unidos e na Argentina, sendo fortes atrativos, principalmente para os chineses. A soja brasileira é mais competitiva que a dos concorrentes diretos. É um

produto de qualidade superior e de melhor custo-benefício para a produção de proteína animal. Não existe, atualmente, outra proteína mais acessível e competitiva do que a soja brasileira. Somado a isso, devido ao nosso clima, produzimos de duas a três safras de grãos por ano, algo que não existe em nenhum lugar do mundo. Apesar desses aspectos, que são alguns dos diferenciais da nossa competitividade, a rentabilidade do produtor tem sido achatada devido aos cada vez maiores custos de produção, principalmente com insumos como defensivos, sementes e combustíveis. Apesar da rentabilidade estar menor, o setor tem dado grande contribuição ao País.

Vantagens da exportação A comercialização possibilita a entrada de dólares no Brasil, a manutenção de empregos, o fortalecimento da agroindústria, dos serviços e do comércio, além de promover o desenvolvimento das cidades no interior. É importante frisar que a maioria dos produtores fez negócios de soja para a safra atual de forma antecipada, portanto, não fecharam soja a mais de R$ 90,00 a saca. Na média, fecharam negócio em torno de R$ 80,00. A alta do dólar aqueceu os preços e permitiu aos produtores buscarem as oportunidades proporcionadas pelo câmbio favorável e pelo aumento da demanda, que começa a se recuperar após a epidemia.

Bayer

julho 2020

Estratégia é o plano

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Porém, é preciso estar atento à melhor estratégia diante da elevação dos custos para aquisição de insumos para a próxima safra. Com a escalada do dólar e a compra de insumos para a safra seguinte na moeda americana, a receita líquida dos produtores está sendo reduzida. Não sabemos o que vai acontecer com o dólar. O importante é buscar a negociação futura para garantir menor custo de produção. Sabemos que esses custos vão subir bastante. Mas, é um tema que teremos de enfrentar para garantir melhores custos de produção na safra 2020/21.


CAPA

POTENCIAL DO AGRONEGÓCIO

ALÉM DAS EXPECTATIVAS

New Holland

Elisamara Caldeira do Nascimento Engenheira agrônoma, doutora e pósdoutoranda – Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) elisamara.caldeira@gmail.com

Glaucio da Cruz Genuncio Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Ciência do Solo e professor de Fruticultura – UFMT/FAA/DFF glauciogenuncio@gmail.com

O

agronegócio é considerado setor essencial da economia, sendo responsável por aproximadamente metade das exportações do País, o que demonstra grande poder sobre o saldo positivo na balança comercial brasileira. E mesmo com as complicações causadas pela pandemia de Covid-19 que desestabilizaram as economias mundiais, as participações das exportações brasileiras têm sido animadoras, se aproximando das projeções definidas para 2020.

Recordes brasileiros Abril foi de recorde para as exportações de alguns produtos da agropecuária brasileira, como mostram os dados divulgados pelos Ministérios da Agricultura (MAPA) e da Economia referentes à balança comercial. Produtos como soja, carnes bovina e suína, e algodão tiveram desempenho positivo nas vendas externas, apesar da pandemia de coronavírus, e registraram novas marcas históricas, segundo o governo. Além do complexo soja, em 2019 o milho teve aumento de 123% em valor e 130% em volume. A alta produção interna, superior a 100 milhões de toneladas, e a quebra na safra americana favoreceram as vendas. O País é o terceiro maior produtor de milho e o segundo maior exportador. Em volume, o algodão (86% de aumento) e o café verde (11,3%) também tiveram destaque, e segundo o sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio Agrostat Brasil (MAPA), a elevação nas vendas de carne brasileira também foi decisiva para o volume das exportações. A bovina aumentou 10% e o frango

in natura, 9%. Comparando com 2018, o crescimento foi em torno de 5%. De acordo com a Secex (Secretaria de Comércio Exterior), as exportações brasileiras apresentaram participação recorde, com valores superiores a 28% para o período, tendo como maior coadjuvante os produtos do complexo soja. Entretanto, as safras de outros produtos, como açúcar, milho e café também tiveram alta, aumentando assim sua participação nas exportações.

Em destaque Para o primeiro trimestre de 2020, os produtos do complexo soja, café, produtos florestais e matéria-prima para indústria têxtil alcançaram vendas superiores em relação ao primeiro trimestre de 2019. Neste período, os produtos do completo soja somaram 35%, as carnes aproximadamente 19%, os florestais, 13%, o açúcar, quase 7% e o café, 6%, do total da exportação ligada ao agronegócio. O que totaliza a soja, foram realizados embarques de 16,3 milhões de toneladas. O recorde anterior tinha sido em março deste ano, de 11,64 milhões de

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Talita de Santana Matos Engenheira agrônoma, doutora e pósdoutoranda – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRRJ) talitasmatos@gmail.com

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CAPA

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toneladas. O farelo de soja também registrou nova marca em abril: 1,7 milhão de toneladas, informou o MAPA. Pelo critério da média diária, usado pelo Ministério da Economia para comparar os números, houve um crescimento de 82,1% nos volumes exportados de soja, em relação a abril de 2019, contabilizando média de 815,42 mil toneladas. Em receita, a média diária foi de US$ 272,98 milhões, aumento de 73,51% na mesma comparação. Os esforços do MAPA para manter o abastecimento e as exportações nesse período de pandemia têm apresentado resultados positivos, com a abertura de novos mercados, principalmente para outros produtos. Alguns fatores foram primordiais para tornar a soja a principal commodity do agronegócio. Entre estes fatores destacam-se a cotação elevada da soja no mercado internacional, a partir de meados dos anos 70, tornando o produto competitivo no mercado internacional; facilidades de mecanização total da cultura; estabelecimento de uma rede de pesquisa, afim de permitir que a cultura fosse produzida nas diferentes regiões do País, substituição das gorduras animais por óleos vegetais; utilização em rações animais; política agrícola de incentivo à produção, principalmente o crédito agrícola; pacote tecnológico eficiente; competência dos agricultores e investidores.

Avanços do agronegócio A demanda por alimentos será sempre crescente, estimulando sua produção, o que motiva os investimentos e favorece 36

os avanços do agronegócio no Brasil, que apresentam tendência de continuar crescendo e aumentado sua participação no PIB. Os mercados da Ásia cada vez mais necessitam de produtos produzidos no Brasil e a cada ano vamos abrindo novos mercados e diversificando os produtos para exportação. A produção de carnes já conseguiu iniciar o processo de habilitação para alguns países asiáticos e, com ações corretas para abertura de novos mercados, temos grandes chances de nos tornar absolutos no agronegócio mundial. Sendo assim, o agronegócio vem se consolidando como um dos principais pilares da economia brasileira. O cenário brasileiro proporciona a transformação do Brasil em um dos maiores produtores de alimentos do mundo, com grande potencial para se tornar o maior produtor mundial. Temos, além de grandes áreas agricultáveis, recursos naturais, disponibilidade de água e variáveis climáticas que possibilitam o desenvolvimento de uma grande variedade de culturas em regiões distintas. Junto com o investimento em práticas que permitem uma exploração desses recursos de forma sustentável com pacotes tecnológicos que aumentam a eficiência de produção (incluindo tecnologias em manejo, melhoramento genético e controle de pragas), essas ações permitem a elevação da produção de alimentos, possibilitando inclusive o cultivo de até três ciclos por ano. Não se pode deixar de destacar que os produtores rurais são peças fundamentais nesse processo que, com sua coragem, audácia e investimento, vêm transforman-

do a agricultura do Brasil. Além disso, é importante o investimento em conhecimento não só de tecnologias, mas de mercados consumidores, o que facilita as tomadas de decisões, identificando quais ações têm mais chances e em quais devem investir.

Desafios Um gargalo ainda existente que interfere na dinâmica desses produtos (principalmente carnes e frutas) é a logística de distribuição, além de toda a limitação de tráfego dessas mercadorias. Problemas como a falta de disponibilidade de contêineres refrigerados, por exemplo, ainda são limitantes para a exportação desses produtos. O patamar atual do agronegócio brasileiro nessa safra foi influenciado positivamente pelos problemas climáticos nos Estados Unidos, a alta do câmbio e a guerra comercial entre Estados Unidos e China, que levou o Brasil a ganhar espaço no mercado chinês e, como dito anteriormente, o aumento em outras commodities, como carne, milho e algodão. A possibilidade da abertura de novos mercados na Ásia e na África é, sem dúvida, bastante promissora. Com a retomada das atividades econômicas chinesas, acredita-se que todo o potencial de vendas atinja a normalidade até o final do ano. O mês de abril já registrou saldo superior ao mesmo mês do ano passado, com as exportações ultrapassando a marca de US$ 10 bilhões, somando algo em torno de US$ 31,40 bilhões para os primeiros quatro meses de 2020 (MAPA).


CAPA

Exportação de soja - Brasil

50% 13,3 mi de t recorde de exportações em março, das exportações mundiais

contra 12,3 mi de t em maio de 2018

US$ 14 De cada US$ 100 exportados pelo País

Shutterstock

Hoje, o agronegócio sozinho representa 21,1% do PIB brasileiro, de acordo com dados do SNA (Sistema Nacional de Agricultura). Mesmo com todo esse destaque e com a posição ocupada pelo agronegócio brasileiro, para que possamos nos tornar o celeiro mundial é necessário ainda investir em sustentabilidade, aplicando tecnologias e desenvolvendo políticas que atuem no processo de proteção de recursos naturais com ênfase nos biomas como a Mata Atlântica, a Amazônia, a Caatinga e o Cerrado. É consenso que uma imagem mais atrelada às práticas sustentáveis é fundamental para ajudar o País a conquistar novos mercados e a desmistificar preconceitos. Também é fundamental ter garantias de maior segurança alimentar no Brasil. Para os especialistas, as perspectivas são bastante otimistas - mesmo com o acordo EUA-China, que encerrará a guerra comercial entre os dois países, o cenário é promissor para o agronegócio brasileiro no comércio internacional, em 2020 e para os próximos anos.

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Sustentabilidade colocada à prova

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ECONOMIA

Fotos Shutterstock

PLANO SAFRA 2020/21 TEM JUROS DE CUSTEIO DE 2,75 A 6%

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O

governo federal lançou em junho, no Palácio do Planalto, o Plano Safra 2020-21, que contará com R$ 236,3 bilhões para apoiar a produção agropecuária nacional, um aumento de R$ 13,5 bilhões em relação ao plano anterior. Os financiamentos podem ser contratados de 1º de julho de 2020 a 30 de junho de 2021. Do total, R$ 179,38 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização (5,9% acima do valor da safra passada) e R$ 56,92 bilhões serão para investimentos em infraestrutura (aumento de 6,6%). Todos esses recursos vão garantir a continuidade da produção no campo e o abastecimento de alimentos no País durante e após a pandemia do novo Coronavírus.

Juros para custeio e comercialização Agricultores que se enquadram no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf ) terão taxas de juros entre 2,75% e 4% ao ano. Para pequenos (que estão fora do Pronaf ) e médios, o índice é de 5% ao ano. Os de38

mais terão juros de 6% ao ano. Para 2021, segundo o Ministério da Agricultura, o valor para subvencionar a contratação de apólices de seguro rural em todo o País será de R$ 1,3 bilhão, um novo recorde. Em 2020, o orçamento foi de R$ 1 bilhão e, no ano anterior, de R$ 440 milhões. O valor deve possibilitar a contratação de 298 mil apólices, num montante segurado da ordem de R$ 52 bilhões e cobertura de 21 milhões de hectares. Para incentivar a construção de armazéns nas propriedades, serão destinados R$ 2,2 bilhões. Para o financiamento de armazéns com capacidade de até 6,0 mil toneladas nas propriedades, a taxa de juros é de 5% ao ano. Outro setor beneficiado será o da pesca comercial, que terá apoio para acessar o crédito rural. Desta forma, a atividade poderá financiar a compra de equipamentos e infraestrutura para processamento, armazenamento e transporte de pescado. No lançamento do Plano Safra, o presidente Jair Bolsonaro destacou que a produção agrícola não parou durante a pandemia, garantindo o alimento para toda

a população brasileira. “Todos os países têm como objetivo a segurança alimentar. A cidade pode parar, mas se um dia o campo parar, todos sucumbirão”, disse Bolsonaro.

Foco A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que o Plano Safra continua focado nos pequenos e médios produtores. Segundo ela, o incentivo à produção sustentável também tem destaque na safra 2020/21, que vem com mais recursos e melhores condições de financiamento, a juros mais baixos. “Semear, plantar, cuidar, esperar florescer e enfim colher os frutos da terra é e sempre será algo essencial e belo. Uma atividade totalmente ligada à natureza só pode ter como caminho a busca da sustentabilidade”, destacou a ministra. Ela também lembrou que, graças ao trabalho do agro e das áreas de transporte e logística, o Brasil manteve o abastecimento em todo o País e honrou os compromissos com seus parceiros comerciais. “O esforço do governo Jair Bolsonaro para viabilizar esse Plano Safra é um re-


ECONOMIA

Crédito para investimento

Confira os recursos e taxas de juros das principais linhas de investimento: Recursos Taxas de juros Moderfrota................ R$ 6,5 bilhões..............7,5% Programa ABC........... R$ 2,5 bilhões..............4,5 a 6% PCA........................... R$ 1,82 bilhão..............5,0 a 6% Inovagro.................... R$ 1,5 bilhão................6% Pronamp................... R$ 2,72 bilhões............6% Moderinfra................ R$ 0,73 bilhão..............6% Moderagro................ R$ 1,2 bilhão................6% Prodecoop................. R$ 1,29 bilhão..............7%

Sustentabilidade O Plano Safra destaca linhas de crédito que contribuem para a sustentabilidade da agricultura. O Programa para Redução de Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura (Programa ABC), que é a principal linha para financiamento de técnicas sustentáveis, terá R$ 2,5 bilhões em recursos com taxa de juros de 6% ao ano, uma ampliação de R$ 400 milhões. Na safra 2020-21, os produtores terão acesso à linha ABC Ambiental, com recursos para restauração florestal, voltada para contribuir com a adequação das propriedades rurais ao Código Florestal. A taxa de juros é de 4,5% ao ano. A partir de 1º de julho de 2020, os produtores poderão financiar aquisição de cotas de reserva ambiental, medida aprovada pelo Conselho Monetário Nacional. Também há incentivos à adoção de tecnologias relacionadas aos bioinsumos dentro das propriedades rurais e pelas cooperativas. Os produtores podem acessar pelas modalidades de custeio, para aquisição de bioinsumos, ou investimento, na montagem de biofábricas dentro das propriedades (on farm). Os recursos estão previstos no Inovagro e, no caso dos investimentos em biofábricas, podem chegar a 30% do valor de todo o financiamento. Para as cooperativas, a linha de crédito é o Prodecoop, para a aquisição de equipamentos para a produção dos bioinsumos. Outra novidade é o Pronaf-Bio, voltado para apoiar as cadeias produtivas da bioeconomia.

Inovação No Plano Safra 2020/21, está disponível financiamento para aquisição de equipamentos de monitoramento climatológico, como estações meteorológicas e softwares, e de monitoramento da umidade do solo. Os financiamentos poderão ser feitos pelo Programa de Incentivo à Irrigação e à Produção em Ambiente Protegido (Moderinfra). A pecuária também terá apoio financeiro por meio do Programa de Incentivo à Inovação e Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro). Os pecuaristas poderão financiar a aquisição de equipamentos e serviços de pecuária de precisão. Os setores da pecuária bovina e bubalina, de leite e de corte também estão contemplados nos financiamentos para automação, adequação e construção de instalações.

Os agricultores familiares e os médios produtores poderão financiar atividades de assistência técnica e extensão rural, de forma isolada, por meio do Pronaf e Pronamp, respectivamente.

Agricultura familiar Os agricultores familiares poderão continuar usando o crédito para financiar e reformar casas rurais. Nesta safra, os recursos para este fim somam R$ 500 milhões. O filho ou filha do agricultor familiar, que possua Declaração de Aptidão (DAP) da sua unidade familiar, poderá também solicitar financiamento para construção ou reforma de moradia na propriedade dos pais. No Programa de Garantia de Preços para Agricultura Familiar (PGPAF), o bônus de desconto será elevado para as operações de custeio e de investimento. Nos investimentos coletivos para atividades de suinocultura, avicultura, aquicultura, carcinicultura (criação de crustáceos) e fruticultura, o limite por beneficiário foi ampliado.

Pronunciamento do ex-ministro da Agricultura O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, citou o aumento de recursos para a subvenção do seguro rural. Em 2021, serão disponibilizados R$ 1,3 bilhão para apoiar os produtores rurais na contratação de uma apólice, o maior montante desde a criação do programa de seguro rural. “O seguro, a tecnologia e o crédito são o tripé para a agricultura do futuro”, destacou Roberto Rodrigues. Estima-se a contratação de 298 mil apólices, num montante segurado da ordem de R$ 52 bilhões e cobertura de 21 milhões de hectares.

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conhecimento às conquistas e ao potencial do setor, que está pronto para contribuir para a retomada econômica”.

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EXPORTAÇÃO

Lucas Pereira da Silva

Éder Jr de Oliveira Zampar eder.zampar1@gmail.com

Bruna Cristina de Andrade Engenheiros agrônomos e mestrandos em Agronomia – Universidade Estadual de Maringá (UEM)

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ENTRE OS MAIORES PRODUTORES E EXPORTADORES DE ALGODÃO

Priscila Angelotti Zampar Engenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia – UEM Mylena Chaves Carvalho Engenheira agrônoma – Universidade Federal de Lavras (UFLA)

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cotonicultura é uma das principais culturas exploradas no Brasil e no mundo, sendo o comércio mundial responsável por movimentar anualmente cerca de US$ 12 bilhões com produtos e subprodutos advindos deste cultivo. Além disso, nosso país é responsável por movimentar mais de R$ 14 bilhões, sendo dono de uma significativa parcela no produto interno bruto (PIB) do agronegócio, desempenhando papel social e de grande importância, no qual emprega direta e indiretamente milhares de pessoas dentro da sua cadeia produtiva (Neves et al., 2018). Existem diversas empregabilidades dos produtos finais da cultura do algodão, tornando-o assim uma cultura com diversos mercados finais disponíveis, por exemplo, a fibra, que é o principal produto da cultura, é destinado à indústria têxtil para confecção de tecidos, bem como a fabricação de películas fotográficas e chaves para radiografia. Já o caroço de algodão é rico na concentração de óleo (18 - 25%), sendo destinado para a alimentação humana, a torta de algodão, que é o subproduto do caroço, é destinada para a alimentação animal, devido ao seu alto valor proteico (40% a 45%) e, além disso, é possível utilizar o tegumento para a fabricação de certos tipos de plásticos e borrachas sintéticas. Já a fabrilha é uma fina penugem agarrada ao caroço, que pode ser empregada na indústria química de plásticos e explosivos (Borém & Freire, 2014).

Produção

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Segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), atualmente são cultivados mais de 1,67 milhões de hectares de algodão, valor este


dobrado, se comparado com os 868,4 mil hectares plantados no início da década de 2000, o que mostra a relevância desta cultura no nosso País. Atualmente, a produtividade média do algodão em caroço é de 4.305 kg/ha, da pluma de algodão é de 1.723 kg/ha e do caroço é de 2.582 kg/ha. Já a última produção anual registrada do algodão em caroço foi de 7.194 toneladas, o da pluma de algodão de 2.879 toneladas e o do caroço de 4.315 toneladas. Quando observamos os números por regiões, atualmente a região centro-oeste é a que mais se destaca, possuindo 1.239,8 hectares plantados, sendo a produtividade média do algodão em caroço de 4.290 kg/ha, da pluma de algodão de 1.716 kg/ha e do caroço de 2.574 kg/ha, o primeiro com produção de 5.318,5 toneladas, enquanto de pluma de algodão de 2.127,9 toneladas e do caroço de 3.190,6 toneladas. Diversos Estados no território brasileiro realizam o cultivo do algodão, entretanto, é o Mato Grosso que se destaca como o maior produtor da cultura, com cerca de 1.169,0 hectares plantados, com a produtividade média do algodão em caroço de 4.289 kg/ha, da pluma de algodão de 1.716 kg/ha e do caroço de 2.573 kg/ha, o que torna este o Estado com maiores recursos tecnológicos para desenvolvimento da cultura.

Economia Segundo essa linha de alta produtividade em que o Brasil se estabeleceu, nos últimos anos o País tornou-se o segundo maior exportador de produtos e

Saulo Alves

EXPORTAÇÃO

subprodutos oriundos da cotonicultura. No último ano, 2019, segundo a ICAC (Internacional Cotton Advisory Committee), das 733.750,72 toneladas exportadas em todo o mundo, o Brasil foi responsável por 93.570,39 toneladas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que foi responsável por exportar cerca de 259.792,29 toneladas. Dentre os diversos destinos das exportações brasileiras, grande maioria tem como rota países como Vietnã, China, Paquistão, Indonésia e Turquia. Contudo, apesar de o País se tornar, a cada ano que se passa, o segundo maior exportador e fornecedor de algodão para alguns países, ficando atrás apenas do EUA, é possível também focar parte da produção no mercado interno, uma vez que, segundo a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), o consumo interno de algodão vem tomando uma crescente, e se tornando economicamente competitivo em comparação com fibras concorrentes, tais como as sintéticas.

Lucro Quando observamos quem produz a cultura, dedicar-se mais à cotonicultura vem se tornando mais lucrativo, uma vez que, segundo a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), apesar do alto custo de produção, em média de R$ 7.000 a R$ 8.000 por hectare, a atividade possui uma boa remuneração, se comparada com outras culturas agrícolas. Em média, o lucro líquido obtido com algodão, descontados todos os custos, inclusive financeiros e depreciações, é de, em média, R$ 2.900 por hectare. Além disso, grande parte da cultura é vendida antes mesmo do final do ciclo, em média dois terços.

Preparação do solo Na cultura do algodão, o preparo do solo deve ser realizado com muita atenção, afim de garantir melhores condições de germinação e desenvolvimento da cul-


EXPORTAÇÃO

tura. O sistema de produção do algodoeiro no Brasil é muito diverso. Em Mato Grosso os produtores cultivam como segunda cultura após a soja, fazendo com o que a planta se desenvolva durante o período de redução do regime de chuvas, que ocorre apenas no mês de maio, o que se torna um grande desafio, pois o plantio é realizado no alto regime de chuvas. Desta forma, torna-se de grande importância trabalhar com cultivares com boas capacidades de enraizamento para um bom estabelecimento da cultura. Já na Bahia os produtores preferem semear seus campos durante o verão, aproveitando o período de chuvas. A água é de suma importância para o enchimento das maçãs, entretanto, caso haja altos regimes de chuva, após esse período resultará no apodrecimento da mesma. Além disso, um dos principais desafios durante o ciclo da cultura é a baixa luminosidade (tempo nublado), o que resulta na retardação da taxa fotossintética, decrescendo a disponibilidade de nu-

trientes orgânicos. Para a preparação do solo, em glebas que anteriormente foram ocupadas por outras culturas, é recomendado, antes da aração, se passar um rolo-faca e/ou uma grade de disco, permitindo que os restos da cultura anterior se decomponham de forma mais rápida. Já a aração deve ser realizada a uma profundidade de 30 cm, pois a maioria das raízes do algodoeiro não ultrapassa essa profundidade, além de que, toda a adubação realizada para o estabelecimento da cultura fica em torno dos 20 cm superiores do solo. É necessário frisar que, em áreas com altas incidências de plantas daninhas, é recomendado realizar duas arações, mais do que isso não é recomendado (Borém & Freire, 2014).

Semeadura e época de plantio Uma das etapas mais importantes no plantio do algodão é a escolha das culti-

vares, pois existem no mercado diferentes tipos, por isso é ideal escolher aquela que mais se enquadra à necessidade do local a ser implementada a cultura, levando em conta que sejam tolerantes a pragas, doenças, nematoides e herbicidas (Neto & Freire, 2013). O espaçamento utilizado na implementação da cultura é variável, sendo o melhor aquele em que a planta tem ótimo aproveitamento e pode expressar suas melhores características. Para isso, geralmente são indicados espaçamentos entre fileiras de 0,75 m a 0,90 m, ou então, quando é utilizado o plantio adensado de 0,45 m – 0,50 m, a densidade deve ser de 8,0 a 10 plantas por m² (Borém & Freire, 2014). Segundo Aguiar et al. (2006), a semeadura é determinada principalmente pelo regime de chuvas regional, pelo ciclo do algodoeiro e pelas exigências hídricas e térmicas durante o seu desenvolvimento. Assim, os regimes pluvial e térmico, aliados à topografia plana, favorecem a fixação da cultura algodoeira em diversas áreas. Desta forma, segundo estudos da Fundação Mato Grosso, por exemplo, a melhor época para plantio da cultura no Estado de Mato Grosso é entre o início de dezembro e começo de fevereiro.

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A importância da calagem e da adubação

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A acidez do solo é um fator intimamente relacionado à baixa produtividade do algodoeiro. Essa relação é devido à elevada sensibilidade da cultura ao alumínio tóxico. Além disso, a baixa disponibilidade de alguns outros nutrientes diminui o potencial produtivo da cultura (Borém & Freire, 2014). O intuito da calagem é elevar a saturação por bases do solo a 60% na camada arável, entre os 0 - 20 cm próximos à superfície do solo (Francisco & Hoogerheide, 2013). A utilização de calcário é também recomendada afim de permitir a manutenção dos teores de Mg acima de 0,7 cmolc dm-3 ou de forma mais próxima a 1,0 cmolc dm-3 (Carvalho et al., 2007). Deste modo, é de suma importância avaliar a acidez do solo no qual será implementado o cultivo, afim de garantir melhores números produtivos, pois a utilização ordinária de fertilizantes ni-


EXPORTAÇÃO

Odilon Ribeiro

da polinização, transporte de nutrientes e açúcares das folhas para os frutos, produção de fibras fortes e bem desenvolvidas, além de acelerar a maturidade (Carvalho et al., 2011). Além disso, vale ressaltar que, de acordo com a dinâmica de formação de estruturas e modulações ambientais no terço superior (ponteiro), um dos maiores desafios é o peso das maçãs e qualida-

de de fibra, fatores estes que estão diretamente ligados à nutrição de plantas, de forma que ela já possui as estruturas do terço médio e inferior formadas, faz-se necessário a aplicação principalmente de K para o enchimento. Também ocorre a competição por nutrientes orgânicos (fotoassimilados) e inorgânicos, fazendo com que haja o abortamento e podridão do baixeiro.

Colheita A colheita do algodoeiro é variada, tornando-se dependente do material genético que é utilizado, mas, de modo geral, é colhido em média 130 dias após a implantação da cultura, porém, podendo chegar a 170 dias em cultivares mais tardias. O uso de desfolhantes, maturadores e dessecantes é essencial no cultivo do algodoeiro. A principal diferença entre eles é que os dois primeiros grupos de insumos provocam a queda das folhas, enquanto os dessecantes causam o secamento, mas sem a queda das mesmas, proporcionando a obtenção de produtos com alto grau de impurezas, o que eleva o custo do processo de beneficiamento e exige que os benefi-

ciadores estejam preparados para beneficiar este tipo de algodão. Desta forma, sempre que possível deve-se dar preferência para o uso de desfolhantes (Ferreira & Lamas, 2006). Por fim, a colheita pode ser realizada tanto manual quanto mecanizada, entretanto, uma colheitadeira moderna é capaz de trabalhar 2.000 a 3.000 arrobas/dia, enquanto uma pessoa dificilmente será capaz do mesmo. As colheitadeiras mais utilizadas para essa cultura são as do tipo Picker, que extraem o algodão da cápsula sem mexer com as cascas, e do tipo Stripper, capazes de arrancar as cápsulas inteiras da planta (Sofiatti et al., 2011).

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trogenados propicia elevados teores de acidez no ambiente. As recomendações de adubação são singulares para cada área a ser plantada, sendo necessárias análises laboratoriais para determinações de possíveis recomendações de macro e micronutrientes. Por esse motivo, é sempre necessário solicitar as análises de solo a um engenheiro agrônomo de confiança. De modo geral, o algodoeiro tem uma alta demanda de nitrogênio (N), potássio (K), cálcio (Ca) e boro (B). O nitrogênio prolonga o desenvolvimento da planta e está relacionado com o desenvolvimento do número de capulhos. Já o K está integralmente envolvido no metabolismo e nas relações entre a água e a planta, sendo um ativador enzimático essencial para ocorrência da fotossíntese, bem como o desenvolvimento das fibras, de modo que a sua escassez resultará em uma qualidade inferior e uma produtividade menor. O Ca fortalece as paredes celulares e melhora a integridade da membrana, além de estar relacionado com a atividade de frutificação e tolerância ao sal, e por fim o boro, que é um elemento essencial que o algodão precisa durante todas as fases de crescimento e frutificação, estando relacionado com o desenvolvimento e retenção dos botões, aumento

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CANA

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AÇ S E E A-D D I N O A T C A NA M NE EJO N

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Ana Maria Diniz

Maria Idaline Pessoa Cavalcanti Engenheira agrônoma e doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) idalinepessoa@hotmail.com

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José Celson Braga Fernandes Engenheiro agrônomo, doutorando em Biocombustíveis - UFU/UFVJM e fundador da Agro+ celsonbraga@yahoo.com.br

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o Brasil, três espécies de nematoides têm destaque na cultura de cana-de-açúcar, devido aos danos que causam à cultura: Meloidogyne javanica, M. incognita e Pratylenchus zeae. Essas espécies causam perdas entre 20 e 40% no primeiro corte nos genótipos suscetíveis, diminuindo a longevidade da soca-de-cana (Barbosa et al., 2013).

Manejo Na visão atual de manejo, o objetivo 44

é reunir as diferentes estratégias e selecionar as melhores medidas de controle até então estudadas de forma individual e aplicá-las em um contexto produtivo real. A estratégia de manejo mais apropriada para o controle de nematoides na cana é o uso de genótipos resistentes. Dada a ausência de variedades comerciais resistentes a uma ou a mais espécie de nematoides, o manejo de áreas infestadas atualmente tem sido o controle químico com o uso de nematicidas, que é realizado na semeadura no sulco de plantio ou em pulverização na cana soca, aplicando o produto dirigido à base da soqueira da cana-de-açúcar. Existe, atualmente, demanda crescente por métodos alternativos no controle de nematoides. Tal demanda visa à substituição do controle químico, devido às implicações toxicológicas e ambientais negativas que acarretam, além do crescente interesse pelo cultivo da cana-de-açúcar em sistema orgânico de pro-

dução, pelo mercado interno e externo. A cana-de-açúcar é uma cultura de longa permanência no campo, no mesmo lugar, ano após ano. Essas condições fazem com que os nematoides se multipliquem em escala logarítmica na rizosfera. Outras estratégias para o controle de nematoides são, principalmente, a rotação de culturas com leguminosas, como certas espécies de crotalária e com o amendoim.

Fungos contra os nematoides Na cultura da cana-de-açúcar, tem sido comprovado o uso de microrganismos como a Pochonia chlamydosporia, Paecilomyces lilanus, fungos que afetam a capacidade reprodutiva dos nematoides. Por meio do parasitismo dos ovos, ele penetra e destrói o embrião ou ataca as fêmeas sedentárias, que são colonizadas e mortas. A aplicação de rizobactérias nos ca-


CANA

naviais pode contribuir positivamente para reduzir problemas nematológicos e, consequentemente, resultar em ganhos de produtividade. Entre as bactérias envolvidas no controle biológico dos patógenos do solo, Bacillus subtilis é a mais estudada (Bettiol et al., 2009). Essa bactéria é um solo natural local, produz enzimas, hormônios vegetais e antibióticos que proporcionam benefícios às plantas, melhorando seu crescimento (Araujo, 2008, Araujo e Hungria, 1999, Silveira, 2001).

Levantamento nematólogico O levantamento nematológico é imprescindível para adequar medidas de controle ou manejos eficientes. O levantamento inclui a coleta de amostras de raízes e de solo e envio para análise em laboratório. A coleta de amostras deve ser feita sempre em época chuvosa, sendo cada amostra composta por raízes e solo da rizosfera de pelo menos 10 touceiras de cana por talhão homogêneo de até 10 ha.

Sintomas Em campo, os sintomas do ataque de nematoides no sistema radicular são a presença de poucas radicelas, algumas com deformações, como as galhas provocadas por Meloidogyne e outras com partes necrosadas, quando os nematoides presentes são Pratylenchus. Na parte aérea, os sintomas são reflexos do ataque dos nematoides às raízes, com plantas menores, cloróticas, reboleiras de plantas menores e cloróticas e, consequentemente, menos produtivas. Conforme a severidade dos danos, nas socas subsequentes pode haver diminuição drástica da longevidade da soqueira. A grandeza dos Considera-se talhão homogêneo aquele cultivado com a mesma variedade, mesma data de plantio, recebendo os mesmos tratos culturais, etc. A identificação das espécies e os níveis populacionais devem ser quantificados nas amostras

danos causados por nematoides varia em função do nível populacional dos parasitas, do tipo de solo e da variedade cultivada. Além disso, estas lesões podem servir de porta de entrada para outros microrganismos presentes no solo, com aumento do grau de depreciação dos tubérculos para comercialização. No Nordeste, principalmente em tabuleiros costeiros, estes organismos causam doenças com maior severidade. Fatores edafoclimáticos, aliados à prevalência de variedades cultivadas, são muito importantes no aspecto quali e quantitativo de nematoides em canaviais. e interpretados, o que consiste em definir se as populações encontradas na área são baixas ou altas, o que implica em estabelecer se há ou não necessidade de adotar medidas de controle na área amostrada.

Cláudia Regina Dias-Arieira

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Sintomas de nematoides em cana

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ENERGIA

FMC LANÇA CAMPANHA PARA VALORIZAR

Divulgação

CADEIA PRODUTIVA DA CANA-DE-AÇÚCAR

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FMC, empresa de ciência para agricultura e líder no segmento de cana-de-açúcar, acaba de lançar uma nova campanha que visa valorizar o setor sucroenergético, mostrando que a cana está presente no nosso dia-a-dia gerando diversas fontes de energia sustentável. Com o mote ‘Onde tem Cana, Tem Energia’, a iniciativa foi lançada no dia 17 de junho, em evento online para imprensa, e contou com a participação do diretor comercial da FMC, Marco Faria, o gerente de cultura, Christian Menegatti e o gerente de marketing regional, Vinicius Batista. Na ocasião, a empresa destacou a importância histórica da cana no Brasil, que é uma das atividades que mais movimentam a economia, levando o País a se tornar o maior produtor mundial. Segundo o Instituto de Tecnologia Canavieira (ITC), o setor representa, sozinho, 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Versatilidade A companhia também reforçou que a cana está entre as culturas mais versáteis do agronegócio, produzindo energia na forma de alimentos, combustíveis e eletricidade. Da cana, produzimos o açúcar, etanol e a biomassa, além de outras utilizações, como ração para bovinos, fabricação de rapadura, aguarden-

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te, melado, proteínas, aminoácidos e até plástico ecológico. Assim, para levar todos esses benefícios do cultivo para a sociedade, a FMC contará com uma série de iniciativas que irão potencializar a imagem do setor, levando o conceito de ‘Onde tem Cana, Tem Energia’ para as principais regiões do País. A companhia também promove diversas atividades no campo para fomentar a sustentabilidade e produtividade das lavouras, como os tours tecnológicos e o Programa Gennesis, que combina soluções biológicas e químicas de alta performance, possibilitando que a cana possa brotar e se desenvolver equilibrada. “Há mais de 10 anos somos líderes em soluções para a cana-de-açúcar. Estamos presentes em todo o ciclo da cultura e ao lado do produtor para entender suas necessidades e entregar soluções para as mais diferentes necessidades. Por isso, temos orgulho em dizer que somos a principal companhia de proteção de cultivo para cana-de-açúcar, tendo atualmente quase um quarto do mercado brasileiro de defensivos para a cultura. Mas, a cana-de-açúcar não é apenas um mercado para nós. Sabemos da importância desse setor para o País e queremos valorizar a cultura, mostrando que a cana está presente no nosso dia a dia, gerando energia nas mais diversas formas”, destaca o gerente de cultura da FMC,

Christian Menegatti.

Apoio Menegatti também reforça que a Campanha contará com o apoio de entidades, associações e cooperativas, com o objetivo de alavancar o setor. “Temos paixão por trazer novas soluções para agricultores de todo o mundo. E agora queremos ir além, levantando a bandeira da importância do setor sucroenergético, juntamente com todos os elos da cadeia, para alavancar ainda mais esse cultivo tão importante”, acrescenta. A FMC sempre esteve ao lado do produtor rural, com iniciativas como o tradicional Clube da Cana, um evento referência que há mais de 20 anos reúne produtores e especialistas para debater avanços para o setor. Além disso, a empresa também foi pioneira no desenvolvimento de produtos biológicos para a cultura da cana-de-açúcar e possui o melhor e mais inovador pipeline do mercado de defensivos agrícolas. “Seguimos investindo na descoberta de novos ingredientes ativos, formulações de produtos e tecnologias de aplicação, e essa campanha é mais um compromisso da FMC com o setor sucroenergético. Queremos seguir ao lado do produtor, entregando soluções que sejam essenciais para o desenvolvimento do seu negócio e de toda a cadeia produtiva”, conclui.


ADUBAÇÃO

CANA

Luize Hess

FERTILIZAÇÃO FLUIDA GARANTE AMPLOS BENEFÍCIOS

José Celson Braga Fernandes Engenheiro agrônomo, doutorando em Biocombustíveis UFU/UFVJM e Fundador da Agro+ celsonbraga@yahoo.com.br

U

ma tecnologia que vem ganhando cada vez mais adeptos é a aplicação de nitrogênio, fósforo e potássio em forma fluida via sulco de plantio, pelos resultados favoráveis aos agricultores, tanto em rendimento operacional quanto em aumento de produtividade, com uma nutrição mais eficiente, uniforme e sustentável. A eficiência se dá por conta das fontes nutricionais que são aplicadas no sulco do plantio, substituindo total, parcial ou complementando a adubação convencional de acordo com os teores de nutrientes no solo. Além do aumento de produtividade, a praticidade da operação é maior em relação ao manejo tradicional. A fertilização fluida permite um maior rendimento no plantio, tendo em vista que há menos paradas para reabastecimento de fertilizantes na plantadeira. A combinação de fertilizantes fluidos especiais para o tratamento nutricio-

nal da cana-de-açúcar tem sido apontada por pesquisadores como boa opção para quem busca agregar valor à produção. Isso devido à facilidade de aplicação que a fertilização fluida oferece de acordo com as condições edafoclimáticas, conjuntamente com a adubação convencional, de solubilizar o fósforo do solo, aumentando a CTC e promovendo um sinergismo entre os macro e micronutrientes do solo, disponibilizando-os paulatinamente para a cultura da cana.

tamento da mão de obra. Calcula-se que o ganho de eficiência na operação de plantio pode chegar a 25%, de acordo com a capacidade de armazenamentos dos tanques de fertilizantes fluidos. O manejo consiste na interação da adubação convencional com a tecnologia de fertilizantes fluidos, que trazem nutrientes essenciais em suas combinações, como ácidos húmicos e fúlvicos, fósforo, potássio, extrato de algas, aminoácidos e aditivos de alta performance.

Como implantar a técnica Os fertilizantes fluidos apresentam-se nas formas de soluções líquidas, isentas de sólidos e suspensões que apresentam uma fase sólida dispersa em um meio líquido. Podem ser homogêneas e heterogêneas. No seu preparo é necessária a utilização de agentes de suspensão que aumentam a viscosidade e evitam a formação de precipitados na mistura. Os fertilizantes fluidos podem ser aplicados de diversas maneiras na cana: diretamente no solo, superficial ou em profundidade, misturado ou não com herbicidas, mediante a compatibilidade, pulverização nas folhas e via fertirrigação. O volume de adubo armazenado, transportado e aplicado é bastante reduzido, evitando o consumo excessivo de combustíveis, proporcionando menor compactação de solo e melhor aprovei-

Erros Entre as desvantagens, são apontadas: a necessidade de agitação durante a aplicação de fluidos com partículas em suspensão, riscos de acidentes em operação com amônia anidra e entupimento dos injetores causado pela precipitação de partículas (Korndörfer et al., 1995). Para uma boa aplicação da fertilização fluida deve-se considerar e contar com pulverizadores e equipamento com manutenção adequada, bicos, barras e tanques bem lavados, utilizar pulverizadores específicos para fertilizantes, bem como contar com um bom treinamento do operador e acompanhamento de perto do técnico e/ou produtor.

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Maria Idaline Pessoa Cavalcanti Engenheira agrônoma e doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) idalinepessoa@hotmail.com

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SUSTENTABILIDADE

SOLO BIOATIVO Claudinei Kappes

AGRICULTURA SUSTENTÁVEL – PARTE I Renato Passos Brandão Gerente do Deptº Agronômico

Erika Carla da Silveira Supervisora de Desenvolvimento de Mercado

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esta e nas próximas edições da Campo & Negócios Grãos, serão abordadas a importância do solo - base da produção agrícola. Até o presente momento, a produção agrícola está conseguindo atender as necessidades da humanidade. Nas últimas décadas, as inovações tecnológicas como variedades cada vez mais produtivas, uso de fertilizantes, defensivos agrícolas, irrigação e o cultivo intensivo do solo, permitiu ganhos expressivos na produtividade das culturas. Entretanto, é um sistema produtivo que demanda grande quantidade de energia e capital, exercendo enorme pressão nos recursos naturais. Portanto, torna-se necessário a introdução de modificações nos sistemas de produção com ênfase no uso dos conhecimentos em microbiologia do solo. Vários desses processos microbiológicos são explorados comercialmente, enquanto outros estão em fase avançada de desenvolvimento tecnológico.

Impactos da microbiologia A fixação biológica do nitrogênio atmosférico e a coinoculação representam um dos maiores impactos da mi48

crobiologia na produção agrícola nacional e mundial, com substancial redução no consumo de fertilizantes nitrogenados. A inoculação de gramíneas com o Azospirillum brasilense permite um aporte de nitrogênio nos sistemas agrícolas mas principalmente o estímulo ao desenvolvimento radicular e vegetativo das plantas via síntese de fitohormônios. Atualmente, o controle biológico de pragas e doenças com microrganismos é uma realidade. O uso de biodefensivos formulados com microrganismos vem crescendo em taxas muito superiores aos defensivos agrícolas tradicionais. O conhecimento dos fatores que afetam a biomassa do solo e como manejá-la será o diferencial de uma agricul-

tura economicamente e ecologicamente sustentável.

Solo – base dos sistemas de produção agrícola O solo, juntamente com a água, representa o principal recurso natural para a existência da humanidade. O solo é a base de todos os sistemas de produção de alimentos, fibras, produtos florestais e agroenergia e outros bens, que sustentam de maneira direta ou indireta a vida na Terra (Siqueira e Franco, 1988). O solo abriga a maior biodiversidade biológica do planeta. É também o maior filtro e o principal tanque de armazenamento de água doce do mundo (Mendes et al., 2018).


SUSTENTABILIDADE

O que é o solo? A palavra solo origina-se do latim solum e significa suporte ou superfície ou base do chão, sendo popularmente conhecido como terra. Não há um conceito único de solo. Adquire significados específicos de acordo com a finalidade e a formação dos profissionais envolvidos no seu manejo. Para um geólogo, é o produto do intemperismo físico e químico das rochas, situado na parte superficial do manto de intemperismo. É o material rochoso decomposto. Para um engenheiro civil, é todo material da crosta terrestre que não oferecesse resistência à escavação mecânica e que perdesse totalmente toda resistência, quando em contato com a água. É o alicerce para a construção de nossas casas, indústrias, hospitais, cidades e estradas (Mendes et al., 2018). O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos define solo como sendo uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicas, formadas por materiais minerais e orgânicos, que ocupa a maior parte do manto superficial das extensões continentais do nosso planeta, contém matéria viva e pode ser vegetado na natureza onde ocorre e, eventualmente, ter sido modificado por interferências antrópicas (Reichert et al., 2017).

Para um produtor agrícola, o solo é o local onde realiza o cultivo das culturas anuais e perenes, ou seja, é o local que retira o seu sustento. Portanto, o solo é a base de todos os sistemas de produção de alimentos, fibras, produtos florestais e agroenergia.

Solo ideal para a agricultura Um solo mineral, próximo à superfície, com condições ótimas para o crescimento de plantas, apresenta, aproximadamente, 25% do espaço ocupado pela fase gasosa, 25% pela fase líquida e 50% pela sólida, sendo 47 a 48% de minerais e cerca de 2 a 3% de matéria orgânica. Em condições especiais, por exemplo em solos de baixadas, pode atingir 5% ou mais de matéria orgânica (Novais e Mello, 2007). Portanto, o solo é constituído por três fases: sólida, líquida e gasosa (Figura 1).

Microbiota do solo O solo não é simplesmente uma massa de detritos inertes, resultante do intemperismo físico e químico das rochas e dos restos vegetais e animais. É um sistema muito dinâmico e heterogêneo, descontinuado e estruturado, representando um excelente habitat mi-

crobiano para uma vasta e diversificada comunidade de organismos (Siqueira e Franco, 1988). Os microrganismos ocupam em torno de 0,5% do espaço poroso do solo. Porém, essa porcentagem aumenta significativamente na camada do solo próximo à superfície das raízes das plantas, denominada de solo rizosférico devido ao aumento na disponibilidade de carbono orgânico prontamente disponível (Moreira e Siqueira, 2006). As comunidades de organismos micro e macroscópicos que habitam o solo, principalmente os microrganismos, realizam atividades imprescindíveis para a manutenção e sobrevivência das comunidades vegetais e animais (Moreira e Siqueira, 2006). Posteriormente, vamos abordar os processos que ocorrem no solo com a interferência dos microrganismos. Louis Pasteur, cientista francês, definiu em uma frase a importância dos microrganismos do solo: “O papel dos infinitamente pequenos é infinitamente grande”. A microbiota do solo é representada pelas bactérias, fungos, actinomicetos, algas e microfaunas. A densidade dos microrganismos no solo varia em função de características edáficas e climáticas de cada ambiente.

Figura 1. Composição volumétrica média de um solo com boa estrutura (Novais e Mello, 2007).

Água 25%

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Minerais 47 a 48%

Ar 25%

Miriam Lins

Matéria orgânica 2 a 3%

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SUSTENTABILIDADE

Tabela 1. Biomassa e densidade dos microrganismos do solo (Adaptado de Siqueira, 1988). Microrganismos Bactérias Fungos Actinomicetos Algas Protozoários Nematoides

Densidade populacional Biomassa Nº/ha kg/ha % peso/solo 100 a 4.000 0,100 1020 a 1028 400 a 5.000 0,100 1014 a 1016 15 17 0,2 a 4.000 0,010 10 a 10 7 a 500 0,005 1014 a 1015 15 a 150 0,005 1012 a 1016 2 a 100 0,001 109 a 1010

Os dados na tabela 1 são apenas referências. De maneira geral, as bactérias representam o grupo mais numeroso. Entretanto, os fungos constituem a maior parcela da biomassa microbiana do solo.

Bactérias Constituem o grupo de microrganismos mais numerosos no solo, embora representem apenas entre 25 e 30% da biomassa microbiana total dos solos agrícolas. Os solos com pH neutro ou alcalino, com elevado teor de matéria orgânica e com maior teor de umidade são aqueles que possuem a maior densidade de bactérias. As bactérias do gênero Bacillus, entre outras, possuem a característica de for-

marem endósporos. São esporos de resistência que surge quando as condições ambientais são desfavoráveis para o seu desenvolvimento. Na formação dos endósporos ocorre uma redução no metabolismo celular (Brandão, 1988). As bactérias estão envolvidas em vários processos no solo, como: a. Decomposição da matéria orgânica e ciclagem de nutrientes; b. Fixação biológica de nitrogênio; c. Produção de substâncias que estimulam o crescimento das plantas; d. Ação antagônica aos patógenos; e. Transformações bioquímicas específicas, tais como: nitrificação, desnitrificação, oxidação e redução do S e elementos metálicos; f. Solubilização de fosfatos.

Figura 2. Fotos ilustrativas do gênero Bacillus (Fonte: Biosoja).

Fungos São microrganismos em sua maioria filamentosos. Embora não sejam predominantes em termos numéricos, representam 70 a 80% da biomassa microbiana da maioria dos solos (Brandão, 1992). A maior densidade de fungos ocorre em solos com altos teores de matéria orgânica e ambientes com maior umidade. Ocorrem predominantemente em solos ácidos, onde sofrem menor competição, pois as bactérias e actinomicetos são favorecidos por valores de pH do solo e pH na faixa neutra a alcalina (Brandão, 1992). Os fungos atuam como decompositores de resíduos vegetais e animais depositados no solo. Formam relações simbióticas mutualistas denominadas de micorrizas melhorando a eficiência das plantas na utilização dos fertilizantes fosfatados (Siqueira e Franco, 1988). São também importantes agentes de controle biológico de outros fungos e nematoides fitopatogênicos. O Trichoderma spp. é um fungo filamentoso, comumente chamado de bolor ou mofo, de crescimento rápido e micélios esverdeados (Figura 3). Além de promotor de crescimento de plantas, atua no controle de doenças causadas por fungos de solo, causadores de podridões e murchas - Fusarium, Rhizoctonia, Sclerotinia, Verticillium, Phytophthora, Pythium, entre outros.

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Actinomicetos

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Figura 3. Fotos ilustrativas do Trichoderma asperellum (Fonte: Priscila A. Martins).

O termo actinomiceto não tem significado taxonômico. Representam um grupo bastante heterogêneo de microrganismos com características de fungos e bactérias. Sua presença no solo pode ser detectada pela produção de substâncias voláteis com cheiro rançoso característico, que emanam dos solos recém arados (Siqueira e Franco, 1988). São mais abundantes em solos secos e quentes, e menos comuns em solos turfosos e encharcados. Representam uma pequena proporção da microbiota do solo. Entretanto, desempenham papel importante na degradação de substâncias normalmente não decompostas por fungos e bactérias, como fenóis, quitina, humus e parafina.


SUSTENTABILIDADE

Produzem antibióticos atuando no equilíbrio microbiológico do solo. São agentes de controle biológico de fungos e bactérias fitopatogênicos.

Solo bioativo O solo é muito mais do que partículas sólidas com espaços ocupados pelo ar e água. Os chineses têm um provérbio muito antigo: “O solo é a mãe de todas as coisas”. Ana Maria Primavesi, engenheira agrônoma e pesquisadora de agroecologia e agricultura orgânica, afirmava que o solo era um organismo vivo e não era um simples suporte para as nossas estradas, residências ou mesmo para as atividades agrícolas. Segundo Voisin, pesquisador francês, o solo não é apenas um suporte inerte para as plantas, mas representa um organismo vivo em contínua evolução. As plantas por meio dos exsudatos radiculares modificam o solo notadamente na camada sob influência das

raízes denominada de rizosfera. Em 1904, Hiltner, pesquisador alemão usou pela primeira vez o termo rizosfera para definir a região do solo afetada intensamente pelos exsudados radiculares. É uma região do solo com uma alta atividade microbiológica totalmente diferente do solo adjacente (Cardoso e Freitas, 1988).

Considerações finais A atividade agrícola, sem sombra de dúvida, é a atividade mais importante realizada pela humanidade. Sem uma agricultura produtiva não seria possível manter uma população em constante crescimento. Nos países da Ásia, Índia, China, Taiwan e Coréia do Sul, a demanda de alimentos e proteína animal é superior ao crescimento populacional mundial denotando o aumento da renda per capita. Entretanto, a agricultura moderna baseada no monocultivo, causa um desequilíbrio no meio ambiente. A sim-

plificação das espécies vegetais leva à instabilidade da microbiota do solo, influenciando na incidência de pragas e doenças nas culturas de interesse comercial. Portanto, o futuro da agricultura tropical passa necessariamente por um conhecimento dos microrganismos do solo e seus benefícios nos sistemas agrícolas e como restabelecer a diversidade da população microbiana. A pesquisadora Ana Maria Primavesi sempre enfatizou a importância de analisarmos os fatores de produção em um contexto mais amplo. Somente as análises das suas relações recíprocas, podem elucidar muitos sintomas aparentemente incompreensíveis.

Quer saber mais? Para mais informações, consulte o site do Grupo Vittia – www.vittia.com.br, nossos representantes comerciais ou os profissionais do Departamento Agronômico.


NUTRIÇÃO

NITRATO DE CÁLCIO E MAP NO FEIJOEIRO IRRIGADO Luize Hess

Arnon Higor Leitão arnonhigorleitao2@gmail.com

Gabriel Antônio Camargo de Moura gacmagronomia@hotmail.com Graduandos em Engenharia Agronômica - Centro Universitário Sudoeste Paulista (UNIFSP)

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Bruno Novaes Menezes Martins Engenheiro agrônomo, doutor em Horticultura e professor - UNIFSP brunonovaes17@hotmail.com

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cultura do feijoeiro apresenta grande importância econômica no cenário agrícola brasileiro. Entretanto, as produtividades estão bem abaixo do potencial expresso pela cultura. Diante desse panorama, inúmeras tecnologias têm sido desenvolvidas com o intuito de alcançar ganhos expressivos de produtividade, a maior parte direcionada à nutrição mineral e fisiologia vegetal. O cultivo de feijão irrigado apresenta como vantagens, entre outras, a alta produtividade das lavouras, a redução de riscos, a colocação do produto no mercado em épocas não convencionais, além de possibilitar a produção de sementes de

melhor qualidade. Na implantação da cultura, alguns requisitos devem ser levados em consideração, como clima e solo, fatores esses que podem limitar a produção em determinadas regiões. Locais com temperaturas médias fora da faixa de 18 - 30°C e solos com excesso de umidade são exemplos dessas limitações.

de vagens, e chega a 6,0 mm/dia em alguns destes estádios. No feijoeiro, o momento de fazer a irrigação e a quantidade de água a aplicar devem ser determinados pelo irrigante para melhor manejo. Isto possibilita alcançar melhor rendimento da cultura e, em algumas vezes, diminuir o custo de produção.

Interferência hídrica

Adubação foliar

A cultura pode ser afetada tanto pela deficiência hídrica como pelo excesso de água no solo. Todas as fases de desenvolvimento da planta são sensíveis a estes estresses, os quais comprometem o rendimento da lavoura. Vale ressaltar que a planta possui um sistema radicular superficial, sendo considerada, para a irrigação, a profundidade de 60 cm de solo. O consumo de água da cultura varia com o estádio de desenvolvimento, cultivar e com as condições climáticas locais. Nos Estados de GO, MG, SP, ES e RJ o consumo total de água pela planta varia de 300 a 500 mm por ciclo. O maior consumo diário no ciclo do feijoeiro é na fase de floração e enchimento

Além disso, a produtividade da cultura pode ser incrementada com a adubação foliar de nutrientes, que são elementos requeridos em pequena quantidade e, em caso de possível deficiência na cultura, pode limitar a produtividade. Em trabalhos preliminares realizados na Embrapa Cerrados, Embrapa Arroz e Feijão e fazendas, em parceria com consultores e produtores na região do Cerrado, a adubação foliar com cálcio, nitrogênio e fósforo (nitrato de cálcio e MAP) para a cultura do feijão tem se mostrado bastante promissora. O objetivo principal é a suplementação nos estádios vegetativos e a complementação no estádio reprodutivo da lavoura.


NUTRIÇÃO

MAP Um dos principais problemas do fósforo nos solos brasileiros é a formação do fósforo não-lábil (não disponível), responsável pela maior parte do fósforo inorgânico do solo. É representado por compostos insolúveis e que só lentamente podem se transformar em fosfatos lábeis. As plantas absorvem fósforo da solução do solo. Sob esse ponto de vista, o único fósforo imediatamente disponível, a um dado momento, seria aquele em solução. No entanto, os teores de fósforo existentes na solução do solo são, frequentemente, muito baixos. De qualquer maneira, é bastante claro que deve haver constante reposição do fósforo em solução, o que se dá por meio da dissolução do fosfato lábil, que está em equilíbrio com o fosfato em solução. O fósforo solúvel, de fertilizante ou exposição natural ao tempo, reage com argila, ferro e componentes de alumínio no solo e é convertido em formas menos disponíveis pelo processo de fixação do fósforo. Em decorrência desse processo de fixação, as plantações raramente absorvem

mais de 20% do fósforo do fertilizante durante a primeira estação de plantação após a aplicação. Este fósforo fixo residual permanece na zona de raízes e vai estar disponível de forma lenta para as futuras plantações. Vários fatores podem influenciar na eficácia do fósforo aplicado ao solo, como o tipo de fertilizante, o método de aplicação, a quantidade, atributos referentes ao solo, como o pH, umidade, teor de argila, teor de cálcio e formas de Fe. Com base na necessidade requerida pela cultura se estabelece a fonte a ser utilizada. Por exemplo, se há necessidade de aplicação de N para a cultura, o MAP (fosfato monoamônico) é uma fonte interessante a ser usada, devido a conter (11%) de nitrogênio na sua composição. Por outro lado, a aplicação de MAP é mais vantajosa por ter uma concentração de P2O5 elevado, quando comparado à maioria dos outros fertilizantes fosfatados, necessitando de uma menor dose a ser aplicada por área, otimizando a prática operacional. Financeiramente, oferece uma maior concentração do nutriente por um menor valor. Ressalta-se, ainda, que o fósforo é o nutriente responsável pelo metabolismo da planta, dinâmica energética, consti-

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O nitrato de cálcio é a fonte de cálcio mais solúvel e prontamente disponível para as plantas, sendo uma das principais justificativas para o seu uso. Este fertilizante não perde nitrogênio por volatilização da amônia, nem acidifica o solo, pois já é o produto final da transformação do nitrogênio (ureia amônio NH4+ nitrato NO3-). Entretanto, poderá perder nitrogênio por volatilização em condição de falta de oxigênio no solo, onde ocorre saturação hídrica, seja por efeito de chuvas ou irrigação. Essa perda ocorre pelo processo denominado de desnitrificação, no qual o nitrato é reduzido por meio da ação de microrganismos a N2O ou N2, que são gases perdidos para a atmosfera, sendo o primeiro considerado um dos gases responsáveis pelo efeito estufa. No entanto, a maior fonte de perdas de nitrato (NO3-) é caracterizada pelo processo de lixiviação, devido à maioria dos solos brasileiros apresentarem mais cargas negativas do que cargas positivas. A retenção do NO3- nos solos ocorre por ligação eletrostática, ou seja, carga positiva atrai carga negativa, ou vice-versa. Caso o balanço de cargas seja negativo, podemos concluir que existem poucas cargas positivas para que o NO3- se ligue, o que irá favorecer a perda por lixiviação. Além disso, o adubo fornece uma quantidade considerável de cálcio, sendo o elemento responsável por diversas funções na planta, dentre elas: Participa da divisão celular, portanto, apresenta interferência direta no crescimento de meristemas apicais, desenvolvimento de raiz, germinação do grão de pólen e crescimento do tubo polínico. É componente estrutural da lamela média, na forma de pectatos de Ca, os quais possuem ação cimentante, unindo firmemente as paredes celulares. Portanto, possui influência na integridade da membrana e proteção do conteúdo celular. Melhora a nodulação na fixação biológica de N, pois está ligado ao encurvamento do pelo radicular por meio da indução à divisão celular juntamente com o ácido indol-acético na parte superior do pelo radicular, o que faz com que este

se curve e facilite a infecção pelas bactérias fixadoras.

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Nitrato de cálcio

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NUTRIÇÃO

tuinte das moléculas de ATP (molécula responsável pela transferência energética dentro da planta) e constituinte também dos fosfolipídeos que compõem a membrana plasmática das células (Taiz; Zeiger, 2006). Diante do exposto, sua aplicação no solo é muito importante para manutenção de altas produtividades da cultura do feijão.

Manejo O feijoeiro é uma cultura exigente em termos nutricionais e bastante eficiente em absorver e utilizar os nutrientes contidos no solo, principalmente nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo e magnésio. Segundo Rosolem e Marubayashi (1994), a absorção de nitrogênio ocorre praticamente durante todo o ciclo da cultura, mas a época de maior exigência ocorre dos 35 aos 50 dias da emergência da planta, coincidindo com a época do florescimento. Já a época de maior velocidade de absorção de fósforo está entre 30 até os 55 dias da emergência, ou seja, desde o estádio fisiológico anterior ao aparecimento dos botões florais até o final do florescimento, quando já existem algumas vagens formadas.

Portanto, com base na análise do solo, recomenda-se a quantidade de fertilizante necessário. O modo mais tradicional da aplicação da adubação é via solo, utilizando adubos sólidos ou em aplicações via fertirrigação. Como a parte aérea das plantas tem a capacidade de absorver água e nutrientes, a prática da adubação foliar se torna viável e eficiente. Caso a planta mostre deficiência após o florescimento, a aplicação via foliar se justificaria.

Resultados reais A utilização do nitrato de cálcio e MAP tem garantindo ganhos produtivos expressivos para a cultura do feijoeiro da ordem de 15 a 50% na sua produtividade. Muitas experiências demonstram que a adubação de solo é mais lenta, e a adubação foliar, ao contrário, é mais rápida. Em geral, os nutrientes aplicados às folhas são absorvidos com muita rapidez, assim como também são translocados para todas as partes do vegetal. Os nutrientes disponibilizados atuam de duas formas: a primeira é na suplementação nos estádios vegetativos, promovendo o aumento da absorção do nutriente no solo por meio de estímulos

com as adubações foliares, adquirindo maior desenvolvimento das raízes. A segunda forma de atuação se dá no início do estádio reprodutivo até a maturação, promovendo a diminuição da atividade radicular e a absorção do nutriente, havendo uma grande translocação da folha para a semente na sua formação. Portanto, a adubação via foliar poderá repor os nutrientes nas folhas, mantendo por maior tempo a taxa de fotossíntese, refletindo de forma positiva na produtividade do feijão. A velocidade de absorção foliar de nutrientes é variável de nutriente para nutriente. O insucesso da prática não se deve aos problemas relacionados à penetração cuticular e utilização do nutriente pela planta, mas sim às quantidades que devem ser aplicadas, o que inviabiliza o processo. As aplicações foliares devem ser realizadas com muito cuidado para evitar injúrias, de modo que o nutriente seja bem aproveitado pela planta. Devem ser evitadas as aspersões grosseiras que formam gotículas grandes, de modo que não ocorra escorrimento da solução, desperdiçando nutrientes e promovendo a lavagem que retira os nutrientes das folhas. Portanto, as pulverizações devem ser

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Luize Hess

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NUTRIÇÃO

uniformes, em pequenas gotículas, garantindo um melhor recobrimento. Uma das estratégias que se pode utilizar é o equipamento correto, como o uso de bicos que apresentam um pequeno espectro de gotas, permitindo um bom recobrimento da superfície foliar, evitando assim o escorrimento que, além da perda do produto, pode causar fitotoxidez.

Provavelmente, este erro é um dos mais periódicos e costuma ocorrer tanto no excesso quanto na falta, que certamente causarão problemas ao desenvolvimento da cultura. É preciso ressaltar que, na planta, existem três tipos de interações entre os nutrientes: antagonismo (efeito negativo), inibição (efeito negativo) e sinergismo (efeito positivo). O antagonismo pode ocorrer pela presença de um nutriente que diminui a absorção de outro, gerando prejuízos à planta, enquanto a inibição ocorre quando a presença de um nutriente em excesso diminui (inibe) a absorção de outro. Já o sinergismo representa a presença de um elemento químico que favorece a absorção de um outro, proporcionando efeito benéfico para a planta. Por isso, por muitas vezes o produtor aplica mais fertilizante que o necessário em busca de maior produção, mas o excesso de alguns nutrientes pode diminuir a absorção de outro, que inclusive já pode estar presente no solo. Além disso, o uso em excesso de adubos, principalmente com N, P e K e o uso indiscriminado de corretivos de acidez acarretam prejuízos à cultura, que muitas vezes passam despercebidos, como o aumento de doenças foliares, estresse salino que afeta a produtividade, perda de nutrientes no solo por lixiviação e o desbalanço de nutrientes, gerando problemas fisiológicos e nutricionais.

Aplicar fertilizantes sem se preocupar com a fase da cultura Em muitos sistemas de produção são aplicadas as mesmas fórmulas de fertilizantes nos diferentes estádios de desenvolvimento da cultura, sem nenhuma

Sebastião José de Araújo

Aplicação de doses erradas de fertilizantes

preocupação com as necessidades específicas da planta. A exigência nutricional da cultura varia ao longo do ciclo, intensificando-se no florescimento, seguida pela formação e crescimento dos frutos. O conhecimento da marcha de absorção de nutrientes pelas culturas pode fornecer subsídios para uma aplicação racional de fertilizantes, implicando na redução dos custos de produção e melhor aproveitamento dos fertilizantes pela planta, podendo gerar também aumento de produtividade. Além disso, com o uso da marcha de absorção evita-se uma possível deficiência ou consumo de luxo de algum nutriente pela planta. Portanto, é importante sabermos que cada fase de desenvolvimento da planta precisa de um conjunto de nutrientes em específico.

Custo-benefício O custo da técnica dependerá da fonte a ser empregada e da quantidade necessária para suprir a exigência nutricional da cultura, levando-se em conta as perdas no ambiente de cultivo. Dentre as áreas que o produtor tende a economizar está a adubação - quando isso não é feito com critérios rigorosos, resulta em queda na produtividade, o que leva ao aumento no custo de produção. Neste sentido, pode-se utilizar como complemento o material orgânico disponível nas proximidades da área de produção, tanto de origem vegetal como animal.


TRIGO

INOCULANTE

MAIS EFICIÊNCIA NO CULTIVO DE TRIGO

Embrapa Trigo

Diouneia Lisiane Berlitz Bióloga e PhD. em Controle Biológico de Pragas e Doenças dberlitz@hotmail.com

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tualmente, o cultivo de trigo Triticum aestivum L. ocorre em diversas regiões do País e este é o principal período de plantio. Nos Estados no Norte, predominantemente o cultivo é irrigado e inicia no mês de abril/ maio, cuja colheita ocorre entre agosto e setembro. Nos Estados do Sul do Brasil, o plantio se inicia nos meses de maio/junho, sendo que o Rio Grande do Sul é o que se destaca na produção deste cereal, com cerca de 2 mil toneladas (Conab, 2020).

Tecnologias Com as tecnologias disponíveis para aumento de produção, buscam-se produtos para agregar valor ao cultivo e aumentar a produção em uma mesma área. Hoje estão disponíveis no mercado diferentes inoculantes, merecendo destaque os biológicos. São as conhecidas bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP),

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caracterizadas por um grupo de microrganismos benéficos devido à capacidade de interação com as raízes, favorecendo o desenvolvimento de diferentes cultivares. Essas bactérias colonizam a superfície das raízes, rizosfera, filosfera e tecidos internos das plantas, estimulando seu crescimento por meio de: (i) capacidade de fixação biológica de nitrogênio, (ii) aumento na atividade da redutase do nitrato quando crescem endofiticamente nas plantas, (iii) produção de hormônios como auxinas, citocininas, giberelinas, etileno; e (iv) solubilização de fosfato (Hungria, 2011). Dentre as bactérias com essas funções, encontra-se o gênero Azospirillum, cuja principal característica é a fixação biológica de nitrogênio. Isso ocorre quando essas bactérias conseguem transformar o nitrogênio do ar em forma de amônia que poderá então ser utilizada pelas plantas. Cepas de Azospirillum influenciam uma série de mecanismos que atuam simultânea ou sequencialmente nas plantas e resultam em aumento de crescimento, formação de raízes, divisão, crescimento celular e produção de raízes adventícias (Fukami et al., 2016).

O trigo No caso do trigo, a bactéria A. brasiliense é a mais utilizada nesse processo que, além da fixação de nitrogênio, estudos mostram que pode promover o desenvolvimento vegetal. Após 24 horas da inoculação, verifica-se que as células bacterianas estão interagindo com a planta e colonizando as raízes (Pinheiro et al., 2002). A aplicação do inoculante pode ocorrer via semente ou foliar. A aplicação foliar em trigo, em casa de vegetação, resultou em um aumento de 57% do peso seco da raiz e houve aumento de teor de clorofila nas folhas, aumentando a produção. Já a campo, as parcelas tratadas com A. brasiliense mostraram produtividade superior ao controle não tratado. Nesse caso, a aplicação via semente, solo ou folhas não mostrou diferença entre as vias de aplicação, em que a produtividade apresentou resultados entre 3.000 e 3.300 kg/ha-1 (Fukami et al., 2016). Em outros trabalhos a campo com trigo, em mais da metade dos casos houve um incremento na produtividade de 256 kg ha-1 (Hungria, 2011).


Resultados comprovados De acordo com a Embrapa, cerca de 65% de todas as entradas de nitrogênio no sistema agrícola ocorrem devido à presença dessas bactérias. O custo estimado para a utilização desta tecnologia é de U$ 4,00/ha-1 (valor do inoculante + custo de aplicação). A utilização de A. brasilense nas lavouras é uma estratégia para o incremento na produção, porém, vai além disso. Deve-se avaliar que o manejo do campo de cultivo com insumos biológicos direciona para a capa-

cidade de recuperação da microbiota do solo, a qual tem relação intrínseca com diferentes culturas. É importante ressaltar que a fixação biológica de nitrogênio é um processo natural e espontâneo por meio da simbiose dos microrganismos com as plantas. Esse processo, associado à utilização de outros produtos de base biológica, como fungicidas, inseticidas e nematicidas, promove melhorias gradativas em todo o agroecossistema.

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Apesar disso, os resultados positivos podem estar diretamente relacionados ao tipo de resposta das diferentes cultivares de trigo. Neste sentido, o trabalho desenvolvido por Rosário (2013) com a variedade Quartzo e a variedade BRS Tangará demonstrou que a resposta da primeira variedade foi superior à BRS Tangará. Além disso, fatores ambientais, como índice pluviométrico, tipo de solo, manejo da área, se houve rotação de culturas, microbiota do solo e adubação podem influenciar a resposta do inoculante. Outro fator relevante é o contato com insumos químicos que estão nas sementes, o que pode afetar a multiplicação de A. brasiliense e, consequentemente, prejudica a sua ação. Neste caso, a aplicação foliar no início do estágio vegetativo das plantas se torna uma alternativa viável.

Grupo Leópolis

TRIGO

Licenciados

Biotrigo Embrapa Cultivares de trigo disponíveis

BRS - 264 BRS - 404

TBIO - ATON TBIO-SINTONIA

34-32422143 | 34-998013202

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TÉCNICA

ERRADICAÇÃO E REPOSIÇÃO DE NUTRIENTES NO CAFEEIRO José Braz Matiello Engenheiro agrônomo do MAPA/ Procafé jb.matiello@gmail.com

Celio Landi Pereira Engenheiro agrônomo - Fazenda Santa Helena

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erradicação dos cafeeiros da lavoura velha, visando a liberação da área para o novo plantio, pode ser feita por diversos processos, em todos eles sendo indicado preservar ao máximo o material fino, folhas e ramos que repõem nutrientes ao solo. Um dos sistemas em uso, para eliminação dos cafeeiros, consiste no seu arranquio, por trator ou pá carregadeira, seguido da amontoa ou enleiramento do material mais grosso e sua queima, para deixar a área limpa e facilitar, em seguida, o preparo do solo.

Como funciona

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Nas fazendas de café, frequentemente torna-se necessária a substituição de cafezais, os quais, por diferentes razões, se tornaram improdutivos. Nessa substituição, seja com novo cafezal ou com outra cultura, a primeira etapa consta da eliminação da lavoura antiga, ou seja, a erradicação dos cafeeiros velhos, para deixar a área livre para

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início da preparação do terreno, para receber o novo cultivo. Existem diferentes sistemas de erradicação de cafeeiros, seja mediante arranquio e amontoa, seja por poda de esqueletamento prévio, seguida de arranquio e aproveitamento de lenha, sempre com o uso de maquinário munido de lâmina ou de corrente, com dificuldades no manuseio do material erradicado. Um sistema mais novo consta do uso de um tipo de trincha pesada, para triturar todo o material dos pés de café, deixando esses resíduos como uma forma de adubo orgânico, para melhorar a fertilidade do solo.

Como tirar o melhor proveito É fácil entender que quanto mais se puder aproveitar o material vegetal dos cafeeiros, maior será o fornecimento de nutrientes existentes nesse material. Então, devem ser priorizados os sistemas que resultem nesse aproveitamento, seja no todo ou admitindo-se, no máximo, a retirada para fora de apenas a lenha grossa, do tronco dos cafeeiros. O material de uma lavoura adulta pode representar mais de 500 kg/ha de NK e de outros macro e micronutrientes que serão incorporados ao solo e numa forma orgânica, com esses nutrientes sendo lentamente liberados, portanto, com o

Área onde foi praticado o método alternativo de aproveitamento dos resíduos finos dos cafeeiros. Feito o esqueletamento e decote bem baixo, seguido de trinchagem, restando apenas os troncos, os quais serão arrancados e servirão de lenha

melhor aproveitamento, sem perdas. Isso corresponde a, pelo menos, 2.500 kg/ha de uma fórmula 20-05-20, a um preço referência de cerca de R$ 2 mil por tonelada, que seria um valor de cerca de R$ 5 mil/ha de ganho com a prática de aproveitamento do material.

Manejo Um exemplo da prática de aproveitamento dos resíduos dos cafeeiros erradicados pode ser observado pelo trabalho realizado com o uso de um equipamento na forma de uma trincha pesada, munida de lâminas cortantes, chamada de Ecotritus, de fabricação da empresa Himev. O estudo foi feito na Fazenda Santa Helena, em Areado (MG), sobre dois tipos de lavouras, a primeira da cultivar Mundo Novo, com 24 anos de idade, e a segunda da cultivar Icatu Vermelho, com 28 anos de idade, ambas no espaçamento de 3,7 x 0,8 m. Foram erradicados 14 ha de lavouras. O equipamento Ecotritus utilizado foi do modelo HP 240, tendo 2,10 m de largura, sendo usado acoplado em um trator de 110 CV de potência, com redutor de velocidade, que operou em marcha ré, com velocidades variadas. Na lavoura de 24 anos e diâmetro do tronco menor, até 15 cm, a operação ocorreu a 700 m por hora e o equipa-

Erradicação pelo método tradicional, com arranquio dos cafeeiros por meio de trator com lâmina, amontoa e, depois, queima das leiras


TÉCNICA

Resultados Com base nos resultados obtidos, foi possível alcançar o rendimento, respectivamente, nas duas condições de operação teórica, de 3,8 horas e de 1,9 h/ha, o que deve ser acrescido de cerca de 10 15% para manobras e paradas de abastecimento. O custo aproximado, por hectare, ficou em R$ 1.500,00.

No final do trabalho ficavam somente pequenos tocos, com menos de 5,0 cm de altura, para fora do solo. No preparo, para aproveitamento da área, em seguida, no caso de plantios de café, quando observado o mesmo espaçamento de rua, bastaria sulcar e plantar no espaço entre duas linhas antigas de café. Deste modo, os pequenos tocos e algumas brotações que neles aparecem, seriam cortados por roçadeiras ou trinchas normais até morrerem, isto ao mesmo tempo em que se faz o controle do mato. Então, os tocos e suas raízes ali apodrecem rapidamente. No caso de mudança de espaçamento no novo cafezal ou cultivo, em rotação com um cereal, como deve ocorrer no caso em estudo, será dado um descanso de um ano na área, aproveitando com cultivo de soja/milho. Assim, foi possível arrancar os tocos facilmente, com o uso de um subsolador, fazendo-se catação e amontoa dos tocos com seu sistema radicular primário.

Alternativa Um sistema alternativo para aproveitamento do material vegetal dos cafeeiros, para quem não puder contar com o equipamento pesado, consta do seguinte: começar pelo esqueletamento e decote baixo da lavoura, baixando todo esse material fino ao solo. Então, passar uma trincha triturando esse material. Fica em pé apenas a parte mais grossa dos troncos, que será arrancada, ou puxada por corrente por dois tratores, ou com trator comum ou

Detalhe da trincha especial Ecotritus, com o trator operando em ré, triturando o pé de café

pá carregadeira com lâminas. Então, esse material grosso pode ser amontoado e queimado, ou pode ser retirado e aproveitado como lenha nos secadores de café. Com o aproveitamento dos resíduos da lavoura de café erradicada é feita uma boa melhoria na fertilidade do solo, então, as culturas que sucederão o cafezal erradicado, seja novo, seja cultivo de grãos, serão beneficiadas com um melhor desenvolvimento e produtividade, além da possibilidade de economia nas adubações desses cultivos em seguida, logicamente observando a análise prévia do solo. Os possíveis erros na prática de erradicação de cafeeiros, com o aproveitamento dos resíduos dos cafeeiros, são aqueles vinculados à eficiência operacional do maquinário, devendo-se utilizar tratores e equipamentos apropriados e mão de obra (operadores) treinada.

Viabilidade O custo-benefício da técnica de aproveitamento de resíduos do cafezal erradicado pode ser avaliado da seguinte forma: no exemplo da fazenda onde se efetuou a erradicação, teríamos um custo da prática de cerca de R$ 1.500,00/ha, fazendo um bom serviço. Com sobra, seria compensado pelo retorno, na forma de uma adubação, como especificado anteriormente, ao equivalente a cerca de R$ 5.000,00, portanto, com um bom benefício.

Detalhes dos resíduos na linha de antigos cafeeiros, após a operação com o Ecotritus – Fzda Sta Helena - Areado (MG), Ago/18

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mento operou sobre o pé de café inteiro, fazendo um bom serviço, deixando todo o material completamente triturado, cortando o pé quase rente ao solo. Na lavoura com troncos mais grossos e com grande massa, na lavoura de Icatu, com mais de 28 anos de idade, foram observadas dificuldades de operação com esse equipamento, no modelo e potência de trator utilizados. O equipamento era capaz de triturar os cafeeiros, porém, com a grande massa de ramos, o caminhamento do trator, de ré, ficava embolado, provavelmente pela pequena distância entre pés de cafeeiros nas linhas, não dando tempo para a trituração no curto espaço entre um pé e outro. Foi, então, feita uma adaptação de manejo na erradicação, a qual mostrou bons resultados. Colocou-se um trator cafeeiro comum decotando os cafeeiros (a cerca de 1,5 m de altura) e logo trinchando o material fino. Em seguida, vinha a operação com o Ecotritus, triturando toda a parte grossa, pesada, do cafeeiro, nesse caso ganhando-se em rendimento, podendo-se, nessa condição, operar com maior velocidade, de até 1,5 km/h.

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DOENÇA

50 ANOS DE FERRUGEM DO CAFEEIRO NO BRASIL EVOLUÇÃO E CONTROLE QUÍMICO José Braz Matiello Engenheiro agrônomo do MAPA/ Procafé jb.matiello@gmail.com

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Controle químico Com as lavouras renovadas, a prioridade passou a ser o controle químico da doença, pois todo o parque cafeeiro era constituído de variedades, como a Mundo Novo e a Catuaí, susce60

Luize Hess

A

ferrugem do cafeeiro, causada pelo fungo Hemileia vastatrix, apareceu no Brasil em janeiro de 1970, na Bahia, e logo se disseminou para todas as regiões cafeeiras do País. Já em março de 1970 foi constatada no Espírito Santo, em jun/70 em Minas Gerais, em jan/71 em São Paulo e em out/71 no Paraná, mostrando a facilidade de disseminação da doença. Os programas de controle executados no início previam a erradicação-exclusão, mas logo verificou-se a impossibilidade dessas medidas e passou-se a um programa de convivência baseado em três pilares: 1) Pesquisa e difusão de tecnologias: para tornar o controle eficiente e econômico. 2) Renovação de cafezais: com zoneamento, sistemas novos de plantio, para viabilizar produtividade e facilitar o controle. 3) Crédito para viabilizar novos plantios e a adaptação de lavouras: investimento e custeio. Como resultado foi obtida a implantação de cerca de dois milhões de hectares de cafezais renovados, os quais constituem a base da nova cafeicultura brasileira, mais produtiva e moderna.

tíveis à ferrugem. Nos 10 últimos anos tem sido feita a introdução gradativa de novas variedades, que possuem resistência à ferrugem.

Evolução Na 4ª etapa, que aconteceu de 198090, houve viabilização do controle com fungicidas sistêmicos via solo, sendo uma evolução marcante no controle químico da ferrugem especialmente a partir de 1985-87, quando foi viabilizado o uso extensivo de produtos sistêmicos triazóis via solo, uma inovação tecnológica desenvolvida inteiramente no Brasil

- um dos primeiros casos de sucesso de uso dessa modalidade a nível mundial. Na 5ª etapa, de 1990 a 2000, houve a expansão no uso dos fungicidas triazóis, com a entrada no mercado de novos produtos, principalmente para uso via foliar - Epoxiconazole, Hexaconazole, Triadimenol + Tebuconazole e o Tetraconazole. Passou-se a usar o sistema curativo-protetivo – com triazóis em duas aplicações foliares, com intervalo de 60 dias. Também passou-se a utilizar formulações à base de Cyproconazole via solo, granuladeiras para enterrar os produtos granulados e se iniciou a associação do


Opções Os sistemas de controle que podem ser usados para a ferrugem do cafeeiro são: Controle protetivo: fungicidas protetores, basicamente à base de cobre. Atualmente, apenas em combinação. Controle protetivo curativo via foliar: pulverizações com fungicidas sistêmicos, triazóis ou suas combinações com outros fungicidas, como as estrobilurinas e os cúpricos. Controle preventivo-curativo via solo: com fungicidas triazóis mais translocáveis, absorvidos pelo sistema radicular do cafeeiro. Na prática, é mais usada a combinação dos três sistemas de controle, com associação de aplicações via solo com foliares e associação de produtos protetivos com sistêmicos.

A doença - fatores influentes A ferrugem causa a desfolha das plantas e perdas de produção no ano seguinte, sendo que o nível de ataque está relacionado ao estresse das plantas, pela carga pendente, falta de água e de nutrientes,

entre outros, que as tornam mais suscetíveis à condição ambiente (temperatura e umidade) e ao inóculo residual do ciclo anterior. Na lavoura influem: o sistema de cultivo (as variedades, o espaçamento, o número de hastes, fechamento, etc.), que interfere na suscetibilidade e no microclima. O manejo dos tratos, a adubação/nutrição das plantas, as podas, as capinas etc., que interferem na suscetibilidade, no microclima e na capacidade dos cafeeiros de suportar a doença.

O nível de produção das plantas tem sido o fator mais determinante da evolução da ferrugem sobre os cafeeiros, conforme pode-se observar na tabela 1.

Ciclo da ferrugem do cafeeiro e eficiência de controle O ciclo de evolução da ferrugem, nas condições da cafeicultura brasileira, tem se mostrado bem definido, repetindo-se ano a ano. A doença evolui a partir de novembro-dezembro até abril-maio, e com o “pico” da doença, com maior número

Tabela 1. Infecção pela ferrugem em cafeeiros com dois níveis de produtividade, manejados em condições naturais, com desfolha ou com eliminação de inóculo. Venda Nova do Imigrante (ES), 1984 Tratamentos % de folhas c/ ferrugem (junho/84) A - Condição normal A1 – Baixa produção 8,70 a A2 - Alta produção 30,70 b B - Eliminação do inóculo B1 - Baixa produção 8,50 a B2 - Alta produção 23,50 ab C - Com desfolha C1 – Baixa produção 16,00 ab C2 - Alta produção 43,50 b

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controle da cercosporiose e ferrugem – cúprico foliar mais mistura fungicida/inseticida via solo. Nessa mesma etapa verificou-se o efeito na ferrugem da 1ª estrobilurina o Azoxystrobin, o efeito hormonal dos triazóis via solo e foi lançada a Calda Viçosa - micronutrientes, sulfato de cobre e cal. Na 6ª etapa (2000-2019) houve evolução para uma integração dos sistemas de controle, com a estratégia de associar sistemas de aplicação e produtos com ativos diferenciados, devido à redução de eficiência no uso dos fungicidas triazóis isoladamente, principalmente na modalidade via solo. Inicialmente eram programas com mistura ou a alternância de triazóis com estrobilurinas, depois formulações já prontas, com esses grupos fungicidas. Na 7ª etapa, em que nos encontramos atualmente, têm sido introduzidas formulações com carboxamidas e formulações com combinações de ativos antigos, multissítios (mancozeb, clorotalonil e cobre) para quebra de resistência, combinados com produtos atuais, à semelhança do que se faz com a ferrugem da soja.

Arquivo

DOENÇA

Obs.: 1) Elim. do inóculo e da folhagem (50%), em dez/83 2) Produção registrada: Alta produção = 25 sc/ha; Baixa produção = 7,6 sc/ha Fonte. Mansk Z. e Matiello, J.B Anais 11º CBPC, 1984, p. 128-0. 61


DOENÇA

Arquivo

de folhas infectadas, acontecendo em julho-agosto, decaindo, em seguida, pela desfolha natural e pela colheita. Verifica-se que o monitoramento não possibilita início do controle.

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Eficiência do controle

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Quanto aos níveis de eficiência de controle, pode-se considerar que: Níveis de infecção finais (junho-julho) inferiores a 10% de folhas infectadas e desfolha inferior a 20% significam elevada eficiência de controle. Níveis de 10 - 20% de infecção e desfolha inferior a 30% significam um controle bom. Níveis de infecção de 20 - 40% e desfolha de 30 - 50% representam um controle pouco eficiente. Índices de infecção superiores a 40% e desfolha superior a 50% significam falta de controle. Nessa condição média considerada, a testemunha, sem controle, apresentaria infecção de 60-90% e desfolha de 70-90%.

Ferrugem tardia e problemas de falta de controle Um dos problemas observados nos últimos anos é a ocorrência de ferrugem tardia, sendo que os principais condicionantes desse problema são: Chuva demais ou estresse hídrico em dezembro/janeiro, ocorrendo lavagem de adubos e estresse das plantas. Adubação insuficiente no último parcelamento, causando estresse nas plantas e uma maior suscetibilidade, ou seja, as plantas ficam fracas e, assim, mais suscetíveis à doença. Controle termina cedo, em fevereiro e, ainda, por uso de doses baixas dos fungicidas. Período chuvoso prolongado e temperaturas pouco mais altas que o normal no período de abril/junho, então a ferrugem aparece forte mais tarde, escapando, em muitos casos, apesar do controle químico praticado. Alguns problemas de falta de controle têm acontecido devido à perda de eficiência dos triazóis, a qual

tem diminuído, especialmente via solo. A solução tem sido a combinação de triazol com estrobilurina, pois os triazóis são inibidores da síntese de ergosterol e as estrobilurinas atuam na respiração dos fungos, assim o fungo necessita mutar em dois pontos, para resistência. Na ferrugem da soja houve problemas sérios de resistência, primeiro aos triazóis e agora, também, com as estrobilurinas, e mais recentemente com as carboxamidas. Para a ferrugem do cafeeiro não se tem resistência de forma comprovada, porém, é observada na prática a resistência do fungo aos fungicidas. Entretanto, já estão disponíveis novos grupos fungicidas, com o uso já de carboxamidas e agregação de outros grupos. O uso de variedades com resistência à ferrugem vem evoluindo bastante e já pode ser uma ferramenta de controle da doença.


NEMATOIDES

SILÍCIO

Ana Maria Diniz

Jéssica E. R. Gorri Doutoranda em Proteção de Plantas e professora - Faculdades Integradas de Taguaí – FIT gorrijer@gmail.com Natalia Oliveira Silva Doutoranda em Produção Vegetal - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Rodrigo Donizeti Faria Doutorando em Proteção de Plantas – Unesp - Botucatu

Wanessa de Oliveira Queiroz Graduanda em Engenharia Agronômica - FIT

O

s nematoides de galhas (Meloidogyne spp.) tornaram-se um grande desafio para todos os produtores de café arábica. Mais de 15 espécies de nematoides do gênero Meloidogyne foram encontrados como patógenos do café. Entretanto, Meloidogyne exigua é especialmente comum na América Latina, onde tornou-se uma grande preocupação dos cafeicultores. M. exigua, além de ser a espécie de maior disseminação nos cafezais, tem outras plantas hospedeiras, como o cacau, cebola, melancia, pimentão e algumas

plantas daninhas, sendo elas a trapoeraba, guanxuma, tiririca e maria-preta. Esses nematoides, ao saírem do ovo com auxílio do seu estilete, vão para o solo, iniciando a sua fase infectiva. Neste período, eles migram em direção às raízes das plantas hospedeiras. Após sua penetração, o nematoide movimenta-se em direção ao tecido vascular, onde estabelece o seu sítio de alimentação, introduzindo substâncias que alteram as células vegetais das raízes. Essas células aumentam de tamanho, formando as células gigantes, que conhe-

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ALIADO NO CONTROLE DE NEMATOIDES NO CAFEEIRO

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NEMATOIDES

cemos como galhas, resultando em menor crescimento e desenvolvimento das plantas, e até mesmo podendo ocasionar sua morte, o que gera grandes perdas significativas na produção.

Formas de controles Dentre as formas de controle dos nematoides no cafeeiro, o controle químico pode apresentar desvantagens, como a contaminação do ambiente e do aplicador. Sendo assim, torna-se necessário a adoção de técnicas que minimizem o uso desses produtos. Entre as opções disponíveis para manejo de nematoides na cultura, destaca-se a resistência genética. Apesar de existirem poucas cultivares de café com níveis elevados de resistência aos nematoides, essa resistência pode ser induzida por meio da ativação de mecanismos de defesa ou pelo menos de parte dela na planta.

Silício como aliado O adequado manejo da nutrição mineral exerce efeito direto no crescimento, desenvolvimento e na produção do cafeeiro e, além disso, pode auxiliar na indução da resistência genética e/ou tolerância ao ataque de nematoides.

O silício (Si) é um dos elementos mais utilizados para esse fim, e apesar de não ser considerado um micronutriente essencial para as plantas, a sua absorção poderá provocar modificações na anatomia das plantas, como a presença de células mais espessas, lignificadas ou silicatadas, o que constitui uma barreira física, dificultando a penetração e poderá também acarretar em atraso no desenvolvimento do nematoide pela modificação da parede celular. Além disso, o Si poderá ativar mecanismos específicos da planta, como produção de substâncias inibidoras ou repelentes e compostos antimicrobianos que agem direta ou indiretamente sobre os nematoides.

Fontes No Brasil, as principais fontes de Si são os silicatos de cálcio e magnésio. Além das vantagens atribuídas ao controle de nematoides, os silicatos podem atuar como corretivo no solo, fonte de cálcio, magnésio, fósforo e micronutrientes, aumentar a saturação por bases e, consequentemente, diminuir a saturação por bases de alumínio. A aplicação dos silicatos no cafeeiro pode ser realizada na forma sólida (pela incorporação em área total ou aplicação

Inorbert Lima

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À esquerda, pé de café atacado por nematoides, e à direita, planta saudável

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nas linhas de plantio) ou líquida (via solo ou via foliar). Portanto, deve ter atenção a fonte escolhida, pois é necessária a retirada dos metais pesados, e as fontes podem apresentar altas concentrações e provocar sérios problemas à cultura e ambientais, quando utilizadas de maneira inadequada.

Como introduzir a técnica na lavoura A dose a ser recomendada para a lavoura depende principalmente da fonte escolhida e da forma de aplicação. Estudos mostram que as fontes sólidas em pó e aplicadas a lanço podem ser de 1,5 a 2,0 t ha-1 de silicato de cálcio, e solos que foram submetidos à correção devem ter atenção especial, sendo que a dose não deverá ultrapassar 800 kg ha-1. Em relação às fontes granuladas, aplicadas diretamente no sulco de plantio, as doses podem variar de 0,5 a 0,8 t ha-1. Em casos da aplicação via foliar, as doses recomendadas variam entre 1,0 a 8,0 L ha-1. A aplicação dos silicatos deve ser realizada na época de maior exigência nutricional do cafeeiro, que compreende dos meses de setembro a março, depois da colheita e início da vegetação.

Redução do nematoide de galhas O silício pode contribuir para a indução de resistência, evitando perdas de 30 a 45% ocasionadas por M. exigua. Dos poucos trabalhos realizados quanto à densidade de manejo do nematoide e aos danos ocasionados à cultura, destaca-se o trabalho feito no Norte do Estado do Rio de Janeiro no ano de 2004. Lavouras de cinco anos de produção revelaram que a presença de 10 a 15 nematoides ( J2)/100 cm3 de solo causaram 13% de perda na produtividade do cafeeiro arábica, podendo atingir 30% com a ocorrência de mais de 40 nematoides ( J2)/100 cm3 de solo. Em determinadas regiões as perdas na produtividade podem chegar a 45%. Em 2010, pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (Silva et al., 2009) estudaram cultivares de café arábica Catuaí 144 (suscetível a M. exigua) e Iapar 59 (resistente a M. exigua) cul-


NEMATOIDES

tivados em vasos contendo solo com silicato de cálcio (+Si) ou carbonato de cálcio (-Si). As plantas foram avaliadas 150 dias após a inoculação e mostraram que o número de galhas e de ovos diminuiu significativamente 16,8 (+Si) e 28,1% (-Si) para a cultivar suscetível. Os pesquisadores concluíram que o fornecimento de silício aos cafeeiros aumenta a resistência das raízes contra M. exigua, diminuindo sua capacidade reprodutiva. Para a cultivar Iapar 59, o silício não teve nenhum efeito na redução de galhas ou ovos, mas é importante ressaltar que quando cultivares resistentes são utilizadas por produtores, fontes de silício podem desempenhar um papel importante na redução do nível de inóculo de nematoides no solo.

Importante sobre o silício Profissionais da área de fitossanidade e nutrição de plantas devem estar envol-

Erros mais frequentes Entre os erros mais comuns cometidos por cafeicultores está a constatação e identificação de M. exigua na propriedade. Esta espécie pode ser separada em raças fisiológicas com base na capacidade de reprodução em diferentes hospedeiros. Assim, considera-se: Raça 1: indivíduos que infectam apenas o cafeeiro; Raça 2: indivíduos que infectam o cafeeiro, o pimentão e o tomateiro; Raça 3: indivíduos que infectam apenas a seringueira. Medidas necessárias para evitar que os nematoides se espalhem pela lavoura, como limpeza de equipamentos, erradicação de plantas e controle de plantas daninhas hospedeiras devem ser rotineiras. Em regiões com histórico de ocorrência de M. exigua o produtor deve, preferencialmente, plantar cultivares resistentes e sempre consultar um engenheiro agrônomo. vidos na escolha das dosagens de produtos para controle de M. exigua, principalmente para a introdução de silício na área. Neste caso, o profissional precisa conhecer bem o histórico nutricional das plantas e avaliar a melhor forma e quantidade de aplicação. Como evitar os principais erros: Monitoramento e amostragem de solo

da área em dia; Identificação da espécie de nematoide em laboratórios especializados; Mudas sadias e certificadas; Limpeza de implementos e equipamentos; Acompanhamento profissional para melhor escolha de dosagem e forma de aplicação do silício.


DICAS

PULVERIZAÇÃO EFICIENTE CAFEICULTURA EXIGE BICO CERTO Jacto

Raphael Mereb Negrisoli r.negrisoli@unesp.br Roque de Carvalho Dias roquediasagro@gmail.com

Matheus Mereb Negrisoli matheusmnegrisoli@gmail.com Vitor Muller Anunciato vitor.muller@gmail.com

Leandro Bianchi leandro_bianchii@hotmail.com Engenheiros agrônomos, mestres e doutorandos em Agronomia - UNESP/ FCA

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Diego Munhoz Gomes Graduando em Engenharia Florestal UNESP/FCA diegomgomes77@gmail.com

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A

tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários é uma das grandes responsáveis pelos aumentos na produtividade, assim como na sustentabilidade das aplicações. Há diversos fatores a se analisar dentro da tecnologia de aplicação, como a característica do produto fitossanitário, equipamento pulverizador, alvo biológico e efeitos climáticos. Dentre esses fatores, os bicos de pulverização são de extrema importância e que, muitas vezes, são esquecidos ou mal utilizados. O bico de pulverização refere-se

ao conjunto de componentes que auxiliam significativamente em uma aplicação correta. De modo geral, o bico de pulverização compreende as seguintes partes: corpo do bico, anel de vedação, filtro, ponta de pulverização e a capa protetora. Cada componente do bico exerce uma função importante. Hoje em dia há variações quanto ao número de pontas, material de fabricação, uso de válvulas solenoides, sensores, entre outros. O elemento filtrante (filtro) e a ponta são os dois componentes que normalmente merecem mais atenção no quesito técnico, podendo variar seu uso quanto ao tipo de aplicação, produto fitossanitário, cultura e até mesmo as condições climáticas. O bico de pulverização exerce função fundamental quanto à eficiência de aplicação e sustentabilidade econômica e ambiental: o agricultor terá maior garantia de que o produto vai atingir o alvo desejado de forma correta, com a quantidade mínima de produto necessária, sem desperdícios e evitando atingir alvos não desejáveis.

Manejo de aplicação na cafeicultura Como a maioria das grandes cul-

turas, a cafeicultura é altamente dependente do uso de produtos fitossanitários, sendo a sexta cultura com maior consumo desses produtos. Um dos grandes responsáveis pela necessidade do uso de produtos fitossanitários são: bicho-mineiro, cigarras, brocas do fruto, ferrugem, cercosporiose, ácaros e plantas daninhas. Com exceção das aplicações de produtos granulados na forma sólida, a maioria das aplicações é realizada por meio de turbo-pulverizadores e barras hidráulicas. As aplicações por meio das barras hidráulicas são mais utilizadas para aplicações de herbicidas, enquanto os turbo-pulverizadores são utilizados para aplicações de inseticidas, acaricidas, fungicidas e fertilizantes. Geralmente, as aplicações de herbicida utilizam pontas que irão produzir gotas grossas e muito grossas, com pontas com indução de ar e pressões de trabalho menores. Por outro lado, os turbo-pulverizadores utilizam pressão de trabalho muito maior e com pontas que vão gerar gotas mais finas, como as pontas de cone vazio. Atualmente, as aeronaves e vant’s estão ganhando espaço, principalmente considerando a topografia de difícil manejo em que parte dos cafezais estão localizados. Independente do sistema uti-


DICAS

pela planta e realizar sua função. Além disso, para herbicidas recomenda-se utilizar pontas com tecnologia para diminuir o risco de deriva. Nesses casos, o produtor pode utilizar pontas de pulverização com tecnologia de indução de ar, normalmente de jato plano. Quando se trata de produtos de contato, em que não há a movimentação do produto pela planta e/ou há a necessidade da maior cobertura possível do alvo biológico, recomenda-se o uso de gotas finas a médias (de 150 a 300 μm de diâmetro). Com isso, gotas menores irão proporcionar maior cobertura e penetração da aplicação no dossel do cafeeiro. Outro ponto importantíssimo é evitar ao máximo gotas menores que 150 µm de diâmetro que, por serem tão pequenas, são altamente propensas à deriva. Para produzir gotas finas a médias, normalmente usam-se pontas com jato cônico (vazio ou cheio) e com pressões de trabalho mais elevadas.

lizada para aplicação, o tamanho de gotas deve ser corretamente planejado e selecionado para cada tipo de aplicação.

Manejo Primeiramente, o aplicador deve manter uma rotina de inspeção e limpeza dos bicos de aplicação, bem como de todo o pulverizador. Com isso, é importante checar o estado de manutenção dos corpos do bico, capas e anéis de vedação. Da mesma forma, é necessário realizar limpezas do sistema de pulverização rotineiramente, especialmente após o uso de produtos corrosivos e que tendem a entupir, como produtos com formulação de difícil solubilização ou com risco de incompatibilidade em mistura em tanque. O filtro é responsável pelo controle das partículas que podem impedir o fluxo da aplicação, como por exemplo, sujeiras na barra ou na água utilizada. Os filtros são classificados pelos mesh, ou seja, pelo tamanho das malhas. Quanto maior o mesh, maior a filtragem. Diversos modelos de filtros estão disponíveis no mercado, sendo os mais comuns os filtros de 50, 80 e 100 mesh. O aplicador deve sempre observar as recomendações do filtro a ser utilizado, variando conforme o modelo da ponta de pulverização. Em seguida, o aplicador deve considerar o tipo de aplicação que será realizada, como por exemplo, para utilização de fungicidas, herbicidas, inseticidas, fertilizantes etc. Além disso, deve-se considerar o tipo de pulverizador: aplicação com barra hidráulica, turbo pulverizador ou aeronaves. Para cada produto a ser aplicado haverá uma recomendação quanto ao tamanho de gotas, também conhecido como espectro de gotas.

De ponta a ponta

A escolha correta do tamanho de gota e da ponta de pulverização a ser utilizada pode trazer resultados significativos para o produtor. Levando em consideração que as pragas do cafeeiro podem reduzir drasticamente a produtividade, é evidente a necessidade de aplicação eficiente e um bom controle. Segundo a Embrapa, estima-se que altas incidências de bicho-mineiro ou broca-do-café podem acarretar reduções de mais de 50% à produtividade do cafeeiro. Outro estudo realizado por Gitirana Neto e Cunha (2016), avaliando a eficiência das pontas no controle do bicho-mineiro, observaram um aumento de quase 20% no controle da praga utilizando ponta de jato cônico vazio, de-

SLC Agrícola

Condições específicas Para aplicações de herbicidas em pré-emergência ou produtos que são sistêmicos na planta, recomenda-se gotas de diâmetro média a grossas (> 200 µm de diâmetro). Nesse caso, é possível manter a eficiência do produto mesmo com menor cobertura de aplicação devido ao maior tamanho de gotas, reduzindo a dispersão das gotas no alvo. Isso porque produtos sistêmicos vão se movimentar

Em campo

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O aplicador deve se atentar à recomendação de cada ponta e cada aplicação. Nos catálogos de cada ponta de pulverização devem constar informações quanto ao tamanho de gotas e para que tipo de aplicação é recomendada. É es-

sencial a realização da calibração dos pulverizadores, independentemente do tipo utilizado. Além disso, é preciso utilizar a velocidade e faixa de aplicação indicada para cada sistema. Quando o produtor negligencia as recomendações de cada ponta, como alterar a pressão, altura de barra inadequada, efeitos ambientais, ou até mesmo escolhe o bico de pulverização errado, poderá diminuir significativamente a eficiência da aplicação, como também aumentar o risco de deriva. Portanto, haverá perdas financeiras para o produtor.

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DICAS

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Shutterstock

monstrando a importância da escolha da tecnologia correta no resultado final do controle das pragas. Há diversos relatos que apresentam os efeitos das pontas de pulverização na eficiência de controle e produtividade do cafeeiro. Scudeler e colaboradores (2004) constataram diferença na cobertura da pulverização do cafeeiro quanto à ponta utilizada. A utilização de pontas de jato cônico em turbo-pulverizadores promoveu maior penetração no dossel, produzindo gotas mais finas e maior cobertura do alvo. Similarmente, Fernandes e colaboradores (2010) observaram maior cobertura de pontas de jato cônico (gotas médias a finas), podendo gerar maior controle do ácaro da mancha anular no cafeeiro. Ademais, autores relatam também o uso de indução de ar juntamente com jato cônico vazio, resultando em aumento de cobertura do dossel (Da Silva, 2013). Por outro lado, para herbicidas há diversos pesquisadores que demonstram a vantagem de se utilizar pontas que produzam gotas mais grossas e com indução de ar, diminuindo os riscos de deriva, especialmente quando utilizados herbicidas não-seletivos para o cafeeiro.

Erros Entre os erros mais frequentes, podemos citar: 68

Uso de pressão de trabalho inadequado; Falta de calibração do pulverizador; Uso negligenciado de pontas (diferentes pontas e filtros); Falta de manutenção do pulverizador e bicos de pulverização; Taxa de aplicação inadequada ao alvo da aplicação e estádio de desenvolvimento; Distância do alvo do equipamento aplicador e do alvo da aplicação incorretos. Para não incorrer nesses erros, o aplicador deve se assegurar que todos os equipamentos estão calibrados para a

aplicação, como utilizar a pressão indicada para a ponta, taxa de aplicação, altura de barra ou distância do alvo e velocidade de aplicação. Com isso, certificar que todas as pontas e filtros do pulverizador estejam de acordo com a aplicação e sejam iguais. A maioria dos erros pode ser evitada com uma rotina de manutenção e limpeza dos equipamentos, além da utilização de materiais de qualidade. É recomendado ter uma boa preparação e treinamento do aplicador, diminuindo os riscos de erro e, por consequência, aumentando a eficiência das aplicações.

Vale a pena? O custo de cada ponta pode variar de R$ 15,00 até valores superiores a R$ 60,00, conforme a qualidade do material, tipo de ponta e fabricante. Pontas com qualidade superior, como as pontas feitas de cerâmica, são mais caras, porém, possuem maior durabilidade. Assim, o produtor deve analisar o tipo e a frequência de aplicação para determinar a qualidade de ponta a utilizar: se um produtor irá utilizar com produtos mais abrasivos (como fertilizantes) e em alta frequência, serão mais vantajosos produtos com maior

qualidade e maior durabilidade. O custo da ponta de pulverização ideal para cada aplicação será mínimo em relação ao que será investido nos defensivos. Considerando, ainda, que haverá aumento da eficiência de aplicação aliada à redução do risco de deriva, com menor perda de produto, o custo-benefício de se investir em novas pontas de aplicação é favorável ao produtor. Portanto, é vantajoso se atentar a essas informações e segui-las no dia-a-dia da aplicação, podendo aumentar a eficiência e diminuir custos.


UTILIZAÇÃO DE SECADORES ESTÁTICOS NA CAFEICULTURA Joana Caroline D’arc de Oliveira Técnica em Agropecuária e graduanda em Agronomia – Universidade Federal de Lavras (UFLA) joanaolyve@gmail.com Tiago Gonçalves de Oliveira Graduando em Tecnólogo em Cafeicultura - UFLA tiagooliveiraprd@gmail.com

Giovani Belutti Voltolini Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Fitotecnia - UFLA giovanibelutti77@hotmail.com

P

or seus benefícios à saúde humana e suas características sensoriais agradáveis, o café é tido como uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo. Porém, para manter esta posição, é de extrema necessidade atentar-se aos fatores que podem interferir na qualidade do café, especialmente àqueles relacionados às etapas de pós-colheita, processamento, secagem e armazenamento. Estes, por estarem mais próximos do produto final, exercem influência ainda

maior. Dessa forma, qualquer descuido pode afetar a qualidade do café. A etapa de secagem consiste na extração da água dos grãos de café colhidos, com o propósito de diminuir a ocorrência de variações, devido a fatores físicos, químicos, biológicos internos e externos ao grão, e assim alcançar a homogeneidade dos lotes para atender aos padrões de comercialização. Novas tecnologias estão cada vez mais frequentes no mercado. No processo de secagem, a evolução vem, principalmente, de secadores mecânicos, como por exemplo o secador estático, que pode reduzir o tempo e maximizar o processo de secagem. O secador estático é uma tecnologia relativamente recente, porém, já utilizada por muitos produtores. Como o próprio nome sugere, a secagem no secador estático é feita sem a movimentação da massa de grãos. Para isso, o equipamento dispõe de alguns instrumentos, como caixas, fornalha de fogo indireto, ventilador e outros acessórios que podem variar de acordo com o fabricante.

Nesse caso, a seca acontece pela alternância entre massas de ar quente e frio no interior da caixa, onde o café é mantido. Algumas empresas garantem a eliminação da pré-secagem em terreiros, assim, o café advindo da lavoura vai diretamente para o secador estático, com qualquer grau de umidade e estado de maturação. Neste sentido, são diversas as vantagens da utilização do secador estático, dentre elas a redução de custos, tanto com a mão de obra como seu baixo consumo de energia. Além disso, é possível realizar o monitoramento e controle da temperatura e da umidade em todo o processo de secagem, aspecto importante para otimizar e reduzir o tempo de seca e, consequentemente, diminuir o risco de fermentações indesejadas.

Implantação da técnica Alguns cafeicultores já secam 100% de sua produção em secadores estáticos, pois, além do seu alto rendimento, quando manejados de forma correta podem ser utilizados na secagem de cafés especiais. Devido à grande aceitação dos cafeicultores, surgiram diversas empresas no ramo e, por consequência, ofertas de diferentes modelos de secadores estáticos. No entanto, também pode haver alternativas para sua implantação, pois os componentes metálicos podem ser substituídos por construção em alvenaria. Diante disso, esse tipo de secador possui flexibilidade quanto ao tamanho das caixas e a capacidade em volume de café. Contudo, como não há revolvimento, existe uma altura máxima da camada de grãos que varia de acordo com o tipo e forma do secador. Nesse sentido, a utilização de uma camada com a altura acima da faixa ideal pode acarretar problemas, principalmente pela perda de qualidade da camada superior, pelo fato desta não receber o ar quente necessário para uma secagem homogênea. Com isso, além do cuidado com a camada de grãos utilizada, o cafeicultor também deve atentar-se para o controle de temperatura e umidade, para mantê-las sempre na faixa recomendada e assim evitar danos à qualidade de seu produto.

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PÓS-COLHEITA

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PONTO DE COLHEITA IDEAL VAI ALÉM DA COR Enrique Alves Doutor em Engenharia Agrícola e pesquisador da Embrapa Rondônia enrique.alves@embrapa.br

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e você é cafeicultor e trabalha com qualidade, possivelmente já se perguntou: será que está na hora de colher? Quanto tempo ainda posso esperar? Tecnicamente, a colheita não deveria ser iniciada antes que os cafeeiros atingissem pelo menos 80% dos frutos maduros. Sabemos que tanto o rendimento quanto a qualidade do café estão diretamente relacionados ao ponto de colheita e ao índice de maturação dos frutos. A principal evidência da maturação é a mudança da cor da casca. No café ela transita do verde para vermelho ou amarelo, de acordo com a variedade. Isso é o resultado da intensificação das atividades respiratórias, produção do etileno e, na sequência, a degradação da clorofila e síntese de pigmentos como carotenoides e antocianinas. Apesar de a natureza ser extremamente didática, o cafeicultor já percebeu, na prática, que as aparências enganam. A identificação visual da cor pode não ser um padrão eficiente para determinar sozinha a maturação dos frutos e o momento ideal de colheita. E isso parece ser particularmente difícil para algumas variedades amarelas. Nos grãos originados de frutos verdes, se observa maior concentração de

fenóis como taninos, ligninas e ácidos clorogênicos, que são responsáveis pela adstringência dos frutos e, consequentemente, da bebida. Os frutos maduros, por outro lado, além de maior peso dos grãos, também possuem maior teor de acidez titulável total, de açúcares redutores e não redutores, açúcares totais e sólidos solúveis totais.

Maturação O processo fisiológico da maturação envolve o metabolismo de diversos constituintes dos grãos, e não é um fenômeno simples. Destacam-se os voláteis, fenólicos, ácidos graxos, proteínas e algumas enzimas, que variam em presença e teor e sofrem influência de parâmetros genéticos, climáticos e culturais. Esta combinação, muitas vezes, cria um cenário de maturação desuniforme na lavoura, o que se torna um grande desafio para o produtor de cafés especiais. Na ânsia de resolver a questão, alguns cafeicultores apelam para um regulador de crescimento do grupo químico do etileno. Com a aplicação do etileno as lavouras ganham um aspecto de maturação perfeito e extremamente homogêneo. Mas, de forma geral, o processo de maturação forçada não vai muito além do exocarpo (casca). Isso torna frutos verdes e verdoengos despolpáveis, o que parece vantajoso, por aumentar a quantidade de produção de cereja descascado pelo

processamento via úmida. Na prática, o cafeicultor está apenas contaminando o seu lote perfeito com grãos que darão adstringência à bebida. Por mais visualmente atrativos que os frutos possam parecer, se trata de uma maturação forçada e com prejuízos à qualidade. No trabalho de campo e na literatura científica, não se encontra nada que justifique o uso do etileno para produção de cafés especiais.

Medição do brix O brixômetro ou refratômetro é um instrumento ótico que mede o índice de refração da mistura de uma solução. A luz, ao atravessar o líquido, sofre refração (mudança de ângulo), que pode ser medida pelo aparelho em graus brix, que é uma determinação, de forma indireta, do teor de sólidos solúveis. Cerca de 85% da constituição dos sólidos solúveis são açúcares. Os brixômetros indicados para o café podem ser analógicos, mais simples e baratos, ou digitais. O custo de aquisição do equipamento pode ser inferior a R$ 1 mil ou superior a R$ 5 mil, dependendo do nível de tecnologia utilizada.

Em busca da doçura natural O uso do refratrômetro ou brixômetro para estimar o ponto ideal de colheita tem se tornado a cada dia mais popular para a cafeicultura. Isso é feito por meio


Ajustes O uso do brix na cafeicultura ainda tem muitas incógnitas e ajustes de protocolo. A bebida do café tem origem nos grãos, e isso torna a relação entre a qualidade e os valores de brix restritos, principalmente quando comparado, por exemplo, às culturas agronômicas como a uva, cana-de-açúcar e citros, cujos produtos finais têm origem no suco da polpa ou colmo. Em um estudo científico realizado na região das Matas de Minas Gerais, foi possível observar que os valores médios de brix durante uma colheita são crescentes ao longo de todo período. O gráfico mostra que os frutos cereja coletados no início da safra obtiveram valores médios de brix de 20,7, enquanto os frutos do final foram de 22,8. Nesses dois pontos foram ainda analisadas a qualidade sensorial da bebida e, respectivamente, as notas foram 78,8 e 84,3 pela Metodologia de Avaliação Sensorial da Specialty Coffee Association - SCA.

Brixômetro, equipamento que avalia o grau brix

os frutos cereja demonstraram apresentar um ciclo de maturação (amadurecimento, pico e senescência) de aproximadamente cinco dias. Isto quer dizer que, se o cafeicultor quer realmente utilizar o refratrômetro de forma eficaz, deve realizar um acompanhamento diário para saber o momento ideal de colheita. De forma geral, os valores de brix para o café variam de 15 a 30 graus. Entretanto, os valores de referência para a qualidade ainda não estão devidamente definidos - são inúmeros os fatores de influência nas características químicas, físicas e sensoriais do café. Mas, tem-se observado para cafés especiais valores acima de 22ºbrix.

Grau brix O grau brix tem sido continuamente utilizado para determinar a maturação e a palatabilidade de diversos produtos agrícolas. Esta pode ser uma ótima ferramenta de gestão de colheita e pós-colheita. Mas, nunca é demais mencionar: o grau brix trata de uma estimativa dos sólidos solúveis na polpa do fruto. E estudos levam a concluir que valores altos de sólidos solúveis são uma das condições para cafés especiais, nunca uma garantia.

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da leitura dos valores de sólidos solúveis (brix) do suco obtido pela compressão manual dos frutos em maturação. O teor de sólidos solúveis representa o conteúdo de açúcares, principalmente glicose, frutose e sacarose, ácidos orgânicos e outros constituintes menores. A estimativa desses teores, por meio do brixômetro, pode ser interessante para a predição da qualidade de bebida do café. Uma vez que os açúcares reagem durante a torra sendo responsáveis pela cor marrom e características desejáveis de sabor e aroma. Ainda que se saiba o efeito dos açúcares sobre a qualidade do café e da possibilidade dos sólidos solúveis da polpa migrarem e influenciarem as características do grão, não se sabe realmente em qual proporção. Outra hipótese é existir um gatilho comum que influencia, ao mesmo tempo, a constituição da polpa e da semente do café. A leitura do brix seria uma maneira indireta de estimar o que se passa no interior do fruto.

Emanuelle Araujo

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Acompanhe de perto Outra observação importante é que 71


BENEFICIAMENTO

QUALIDADE DO CAFÉ Rafael Rocha

IMPACTOS DO PROCESSAMENTO PÓS-COLHEITA Giovani Belutti Voltolini Doutorando em Agronomia/Fitotecnia Universidade Federal de Lavras (UFLA) giovanibelutti77@hotmail.com Isaias dos Santos Silva Mestrando em Agronomia/Fitotecnia UFLA Joana Caroline D’arc de Oliveira Graduanda em Agronomia - UFLA

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lém de fatores genéticos, ambientais e de outros relacionados ao manejo da lavoura cafeeira, as diferenças encontradas no sabor e aroma da bebida do café estão diretamente associadas com as etapas de processamento dos frutos colhidos. O lote de café recém-colhido pode constituir-se de frutos em diferentes estádios de maturação, além de impurezas e materiais estranhos, fatores que dificultam as operações posteriores e comprometem a qualidade final do produto. Sendo assim, o nível de desuniformidade do lote dependerá inicialmente do tipo de colheita. A colheita seletiva é a primeira operação realizada para conferir uniformidade ao lote, pois são colhidos somente frutos maduros. Além disso, com esse tipo de colheita é possível explorar o máximo potencial

de expressão de qualidade da bebida que o café pode apresentar.

nificados por insetos, e assim apresentando menor densidade.

Pós-colheita

Defeitos

Os processos pós-colheita representam as demais operações, cuja finalidade é eliminar impurezas e materiais estranhos do café colhido, e separá-lo em lotes com características semelhantes baseados no teor de água, tamanho e maturação dos frutos. As operações de processamento do café iniciam-se na recepção. O café recém-colhido é recepcionado em moegas e direcionado para a retirada de folhas e gravetos por meio da abanação. Posteriormente, com base na diferença de tamanho, os frutos de café podem ser separados de pedras e torrões por meio de peneiras vibratórias, podendo, em seguida, ser formados lotes em função da densidade e tamanho dos frutos. A separação hidráulica dos frutos é uma operação essencial para o produtor que busca produzir cafés com qualidade superior. Nessa operação, um dos lotes gerados é formado por frutos maduros (cerejas) e imaturos (verdes) e, portanto, com maior densidade quando comparada com a densidade da água. Já o outro lote é composto por frutos secos, mal granados, chochos ou da-

Por vezes, frutos que secam na planta podem apresentar na bebida o defeito denominado de “riado”. Esse tipo de depreciação na qualidade ocorre com maior frequência em regiões em que durante a colheita a umidade relativa do ar é alta. Essas condições favorecem o desenvolvimento de microrganismos que intensificam os processos deteriorativos do café. Contudo, a separação hidráulica garante a ausência desse e de outros defeitos relacionados à deterioração do grão, no lote composto por frutos com maior potencial para a qualidade de bebida. Além da separação hidráulica, existe a separação por tamanho, que é feita por peneiras cilíndricas (peneirão) localizadas após as saídas do lavador. Essas peneiras realizam a separação do café de menor densidade em dois lotes: café passa e café seco. A separação é realizada com base nas diferenças de tamanho que os frutos apresentam em função do teor de água. Já a separação por tamanho que ocorre no lote de café composto por frutos


BENEFICIAMENTO

de maior densidade (cerejas e verdes) é realizada com a finalidade de eliminar a presença de frutos que se encontram nos estádios iniciais de maturação (chumbinho). De modo geral, a limpeza e as separações do café colhido, principalmente de forma não seletiva, aumentam a eficiência das demais operações ao longo do processamento, favorecendo a qualidade do produto, a exemplo da secagem, que será mais eficiente e oferecerá menores riscos à qualidade final da bebida quanto mais uniforme for o tamanho dos frutos e o teor de água dos grãos.

Além disso, a redução do tempo de secagem aliada à remoção da mucilagem rica em açúcar reduz significativamente os riscos relacionados à ocorrência de fermentações indesejáveis e a consequente perda de qualidade da bebida. Por outro lado, o processamento por via úmida apresenta como desvantagem a grande quantidade de água consumida para o funcionamento ideal dos equipamentos envolvidos nessa operação, bem como a produção de um grande volume de efluente com elevado potencial poluidor.

Métodos

Qualidade final

Os principais métodos utilizados para o processamento do café são via seca e úmida. O processamento por via seca é o método em que os frutos são secos na sua forma integral, ou seja, com a presença do exocarpo (casca), mesocarpo (mucilagem) e endocarpo (pergaminho), originando o café natural. Já o processamento via úmida pode ser realizado de diferentes formas: removendo-se a casca e parte da mucilagem mecanicamente (descascador), dando origem ao café descascado; removendo-se a casca mecanicamente e a mucilagem por fermentação biológica (descascador e tanques de despolpamento), originando o café despolpado; ou removendo a casca e a mucilagem mecanicamente (descascador e desmucilador), dando origem ao café desmucilado. O processamento via seca é considerado o método mais simples e o de menor impacto ao ambiente, pois se consome menos água e energia, além de gerar menos resíduos sólidos e líquidos. A qualidade do café natural dependerá de diversos fatores, especialmente do clima e dos cuidados durante a secagem. Isso porque a presença da casca e da mucilagem com elevados teores de água e de açúcares aumenta os riscos da ocorrência de fermentações indesejáveis durante a secagem dos frutos e grãos. O processamento por via úmida apresenta como vantagem a redução do tempo de secagem devido à remoção da casca e da mucilagem. Com isso, a secagem do café torna-se um processo mais barato em função do menor consumo de energia elétrica e combustível.

Os cafés processados pela via seca apresentam mais corpo e doçura, enquanto que os cafés processados pela via úmida são considerados mais suaves e de acidez mais desejável. Ainda assim, são encontrados relatos que descrevem os cafés produzidos pela via seca com qualidade comparativamente inferior aos cafés produzidos por via úmida. No entanto, essa diferença não deve ser atribuída somente à forma de processamento, mas também à ocorrência de fermentações indesejáveis, que frequentemente estão associadas ao processamento via seca, bem como à ausência de cuidados no momento da colheita e secagem do café natural, que levam à deterioração dos grãos. Portanto, a escolha da via de processamento do café dependerá de muitos fatores, sendo os principais: as condições cli-

máticas da região, a disponibilidade de capital para investimento em estruturas pós-colheita, da outorga para o uso de água e de tecnologias para o tratamento de resíduos gerados no processamento, assim como o padrão de qualidade de bebida que o produtor busca alcançar em sua produção.

Pesquisas Diversos trabalhos vêm sendo realizados buscando a otimização dos processos pós-colheita com o objetivo de acentuar nuances diferenciadas no café, assim como elevar sua pontuação. Neste sentido, as técnicas de fermentação induzida estão amplamente difundidas, originando diferentes cafés nas variadas regiões do País. No início da secagem é ideal que se retire a umidade em excesso presente nos frutos, de preferência sem revolvimentos, com a secagem grão-a-grão, e posteriormente, fazer o engrossamento das camadas de secagem, para que a mesma ocorra mais lentamente, e com maior quantidade de revolvimentos diários. Ao final da secagem, recomenda-se que estes lotes sejam armazenados por cerca de 30 dias, para maior uniformização, para posteriormente serem beneficiados e comercializados.

Diego Egídio Ribeiro

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Cafés naturais selecionados

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NUTRIÇÃO

MAGNÉSIO

ALGUMAS CULTIVARES DE CAFÉ SÃO MAIS EXIGENTES

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Jean dos Santos Silva Engenheiro agrônomo, mestrando em Fitotecnia - Universidade Federal de Lavras (UFLA) santos.jean96@yahoo.com.br

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magnésio (Mg) é um macronutriente, e dentre suas funções é constituinte central da molécula de clorofila, sendo de suma importância para a fotossíntese. Além disso, tem papel importante na absorção de fósforo (P) pela planta. Ele é absorvido na forma Mg2+ pelas raízes, principalmente por interceptação radicular e fluxo de massa. O sintoma de sua deficiência se apresenta na forma de clorose internerval em folhas mais velhas, sendo mais comum na época de granação dos frutos. A faixa crítica do teor foliar de Mg está entre 3,5 a 5,0 g/kg. Já em uma análise de solo é de 0,9 a 1,1 cmolc/dm3. Todavia, deve-se atentar aos níveis de cálcio (Ca) e potássio (K), que podem inibir a absorção de Mg pelas raízes do cafeeiro por competição. No caso, a proporção de Ca:Mg:K no solo deve seguir 9:3:1. O desequilíbrio dessa proporção por parte de excessos na adubação com potássio é um dos principais problemas que causam deficiência de magnésio nos cafeeiros, devido ao uso desmedido dos formulados NPK 20-0020 ou 20-05-20 por parte dos produtores, o que eleva o nível de potássio no solo ao longo dos anos, causando deficiência de magnésio por inibição competitiva.

Cultivares x magnésio A eficiência de absorção e uso de magnésio por cultivares de cafeeiro irá depender do metabolismo específico de cada uma. Um exemplo são cultivares que apresentam maior potencial produtivo estas são mais exigentes não somente em magnésio, mas também nos demais nutrientes. Na literatura, é possível encontrar estudos relacionados à produção de mudas de cafeeiro, e algumas relações sobre a diferença por exigência em magnésio de cultivares em produção. Silva, D. M. et al. (2014), em estudos sobre a deficiência de magnésio em mudas de Coffea arabica L. demonstraram que a cultivar Catuaí foi mais sensível à falta do nutriente em relação à cultivar Acaiá. No entanto, para cafeeiros em produção, essa tendência se inverte, sendo cultivares mais precoces e de porte alto como Acaiá e Mundo Novo mais sensíveis à deficiência de magnésio em relação a cultivares mais tardias e de porte baixo, como Catuaí. Manzatto, H. R. H et al. (2003) explica que esse comportamento se deve ao fato de cultivares mais tardias terem sua concentração do nutriente no fruto aumentada gradativamente, permitindo que a planta não necessite de maior quantidade de magnésio em um curto espaço de tempo, como acontece nas cultivares precoces. Neto, J.D. et al. (2014) evidenciou,

em estudo, que mudas de Coffea canephora das variedades Emcapa 8141 e Conillon M.1. são menos eficientes em absorção de Mg em relação à variedade Apoatã e às cultivares de C. arabica: Oeiras, Mundo Novo e Catuaí. Matiello, J. B. (2020) cita que cultivares de C. arabica que são originadas de cruzamentos com híbridos de C. canephora, que é o caso da cultivar Icatu, são mais exigentes em magnésio, por exemplo cultivares do grupo Catucaí (Icatu x Catuaí).

Como corrigir o magnésio no solo A necessidade de magnésio no cafeeiro pode ser suprida pela calagem, no entanto, o tipo de calcário deve ser adequado à análise de solo. Quando a correção por meio da calagem não é suficiente, outras fontes sugeridas são o sulfato de magnésio (9% de Mg) e o óxido de magnésio (45 a 54% de Mg), sendo esse último de baixa solubilidade. Apesar desses detalhes em relação a diferentes cultivares e esse nutriente, a sensibilidade à falta de magnésio não irá causar problemas se o solo do cafeeiro estiver com a fertilidade bem construída. Por isso, é indispensável a orientação de um engenheiro agrônomo, que com o uso de ferramentas como análises de solo e foliar irá orientar no fornecimento adequado do nutriente ao solo.



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Carlos Henrique Braz Brasil

“Vejo um futuro de sucesso na agricultura, onde eu consiga alinhar produtividade e sustentabilidade, colhendo bons frutos na vida e na lavoura”.

#EuFaçoOFuturo

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Servir. Esse é o nosso propósito. Trabalhamos para que a agricultura não pare de crescer e o agricultor possa fazer o seu trabalho com tranquilidade e eficiência. Assim, cada um faz o seu melhor e juntos vamos construir um mundo melhor.


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