TOP Magazine Edição 265

Page 73

Rogério Flausino | Especial Studio Mundo TOP | VW

pessoas / Daparte,

/ David

um dos nomes mais importantes da história da fotografia / cultura / Rock in Rio: shows e personagens icônicos ao longo das edições do evento / os maiores festivais de música do mundo / gastronomia / a sinergia de dois jovens e talentosos chefs / studio mundo top / Gabriel Gonti e Pe Lu / mundo top / as novidades mais quentes em fotografia, entretenimento e consumo

Gabi Lopes, Giana Althaus, Paulo Miklos, Rogério Flausino e Vitor Kley LaChapelle:
R$40,00
JUNTOS SALVAMOS VIDAS.

CONCEBIDA PARA CONQUISTAR TODOS OS TERRITÓRIOS

F 850 GS ADVENTURE KALAMATA

Experimente o mundo com uma BMW capaz de encarar terrenos on e offroad com agilidade, conforto e resistência. A F 850 GS Adventure Kalamata traz ajuste eletrônico D-ESA, para-brisa com altura ajustável, assento Comfort e tanque com 23 litros para quem sempre está em busca do próximo desafio. Pronto para despertar o #SpiritOfGS que existe em você?

MAKE LIFE A RIDE

Seguro viagem que te protege em qualquer lugar do mundo.

A Omint faz isso por

v

Mais do que nunca, cuidado, saúde e segurança importam. Conte com a qualidade Omint de ponta a ponta em suas viagens internacionais:

• A melhor rede médica internacional do mercado.

• A mais alta e completa cobertura para despesas odontológicas.

• Melhores condições para cobertura de doenças preexistentes.

• Cobertura para gestantes de até 40 anos, sem custo adicional, com até 34 semanas.

• Cobertura para cancelamentos de viagem de até R$ 40 mil.

• Cobertura para a prática de esqui e snowboard em pista regulamentada, sem custo adicional.

O registro deste plano na SUSEP não implica, por parte da Autarquia, incentivo ou recomendação a respeito de sua comercialização. SUSEP –Superintendência de Seguros Privados. O telefone de atendimento ao público da Susep é: 0800 021 8484. SUSEP – Superintendência de Seguros Privados –Autarquia Federal responsável pela fiscalização, normatização e controle dos mercados de seguro, previdência complementar aberta, capitalização, resseguro e corretagem de seguros. Atenção: o seguro viagem não é seguro saúde! Leia atentamente as condições contratuais, observando seus direitos e obrigações, bem como o limite do capital segurado contratado para cada cobertura. Omint Seguros S.A. - CNPJ: 20.646.890/0001-10 - Código SUSEP: 02542. Produto SUSEP SEGURO VIAGEM NACIONAL Nº 15414.900619/2015-16. Produto SUSEP SEGURO VIAGEM INTERNACIONAL Nº 15414.900612/2015-02.

c ê.

Para contratar, escaneie o QR Code.

12 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Sumário 30 122 138 108 20

Sumário

Especial Studio Mundo

Top | VW

Daparte, Gabi Lopes, Giana Althaus, Paulo Miklos, Rogério Flausino e Vitor Kley.

David LaChapelle

Com estilo surreal, colorido e provocativo, o renomado fotógrafo conta histórias inteiras de formas inusitadas.

Mundo TOP

O universo das corridas automobilísticas nos novos relógios da Louis Moinet; David Bowie eternizado por Mick Rock; Avatar 2; string art feita por brasileiros.

Rock in Rio

A história do festival de música mais icônico do Brasil que conquistou o mundo e está cada vez mais diverso.

Maiores Festivais do mundo

Não importa qual seja o gênero musical de sua preferência, sempre há um festival pronto para te receber.

Lá na Cozinha

Os chefs e sócios Leandro Milan e Paula Giannaccari oferecem uma proposta diferenciada para catering e eventos customizados.

Pe Lu

Em constante metamorfose, o ex-integrante do Restart e do Selva é multifacetado e investe em uma carreira híbrida.

Gabriel Gonti

Um dos grandes destaques da nova cena musical da MPB, o artista está conquistando o país com suas melodias alto-astral.

13
46 108 PESSOAS NOTAS CULTURA GASTRONOMIA STUDIO MUNDO TOP
30 122 20 138 146 150

Quem Fez

É jornalista de turismo há 15 anos, Diretora de Redação da revista TOP Destinos e mãe de três filhos. Ama desbravar o mundo, bater papo com pessoas de diferentes culturas e contar histórias.

Com certificações na área da beleza e visagismo, junto a escolas renomadas como a Madre Conhecimento Criativo, a beauty artist possui experiência nos setores de publicidade, moda, maquiagem artística e social, tendo, inclusive, atuado nos principais desfiles de moda, como o SPFW. Para a mãe paulistana de 32 anos, a naturalidade e a autenticidade são o segredo para se alcançar o melhor look e, por isso, valoriza o atendimento personalizado para revelar a melhor versão de cada cliente.

Jornalista polivalente, construiu a carreira nas editorias de cultura das redações da Folha de S. Paulo IstoÉ Gente e Time Out São Paulo. Hoje, cobre de tudo um pouco, mas contar histórias de pessoas com trajetórias de vida excepcionais e que fazem a diferença no mundo é o que mais gosta de fazer.

Barbara Tavares é jornalista, especializada em Mídia e Cultura pela Universidade de São Paulo, e trabalha com jornalismo de luxo, lifestyle e entretenimento há mais de dez anos. Com experiência em reportagem e edição de revistas e nativa no jornalismo digital, hoje atua como correspondente internacional para diversas publicações no Brasil, baseada nos Estados Unidos, onde mora há dois anos.

Ju Shinoda Marina Monzillo
14 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Colaboradores
Barbara Tavares

Um dos maiores nomes da fotografia nacional, Miro retratou com seu olhar único alguns dos maiores jovens de sucesso do Brasil nesta edição especial de TOP Magazine.

15
Miro

TOP Magazine | Studio Mundo TOP

Editora convidada: Fernanda Ávila Redação: Renata Zanoni e Vivian Monicci Diretora de Arte: Rosana Pereira Assistente de Arte: Luana Jimenez Revisão: Evandrus Camerieri de Alvarenga Assistente de Produção e de Mídias Digitais: Diego Almeida Estagiária: Gabriela Haluli

Projeto Gráfico Marcus Sulzbacher Lilia Quinaud Paulo Altieri Fabiana Falcão

Colaboradores

Texto Barbara Tavares, Cristiane Batista, Fernanda Ávila, Marina Monzillo Foto Miro

Produção

Leandro Milan e Paula Giannaccari (Catering), Bárbara Noval, Ju Shinoda, Thays Ribeiro, Twin Roses, Victor Hugo Cunha Souza, W Veríssimo

Tratamento de Imagens Fujoka, JC Silva

Editora Todas as Culturas Criativo: Bruno Souto Gerência de Relacionamento: Carolina Alves Produção Executiva: Camila Battistetti RP & Interface de Atendimento: Dianine Nunes Financeiro: Marcela Valente Circulação: Regiane Sampaio Assessoria Jurídica: Bitelli Advogados Impressão: Ipsis Gráfica e Editora Distribuição: Brancaleone

TOP Magazine é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691 - 14º Andar - Itaim Bibi - CEP 04531-011 - São Paulo/SP Tel.: (11) 3074-7979

As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços informados, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados. /topmagazineonline @topmagazine /topmagazine

16
TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Expediente

Mundo Top

Exclusividade nos pulsos design

Time to Race, a nova linha de relógios da Louis Moinet, é inspirada em corridas automobilísticas e tem peças únicas

No automobilismo, a contagem de tempo é crucial e determina quem é o vencedor e quem é o perdedor. Com inspiração nas pistas, a Louis Moinet lança a nova linha de relógios Time to Race. Cada peça da coleção é única e o colecionador pode escolher o modelo com base na cor preferida e número da sorte.

Os novos relógios são personalizados com um número de um ou dois dígitos, o número da sorte do comprador, no centro do visor, onde é feita a leitura das horas e minutos. Além disso, o colecionador também pode escolher uma das três cores para a pulseira: vermelho, verde e azul. Os tons das cores foram escolhidos com base em uma tradição das corridas. No passado, as cores dos carros eram definidas de acordo com o país do qual a equipe vinha. Dessa forma, a Louis Moinet selecionou as três cores mais icônicas para as pulseiras, o vermelho da Itália, o verde da Inglaterra e o azul da França. Assim, não há dois relógios iguais. A inspiração nas corridas de carro está presente em todo o design da coleção, que possui um formato aerodinâmico. O visor é feito de cristal com um tratamento antirreflexo e com uma curvatura que permite a apreciação do funcionamento das engrenagens. Também há uma moldura interna separada do cristal que possibilita a leitura rápida de uma escala de taquímetro e de um cronômetro de 60 segundos. Com tudo isso, mas ainda fiel às criações de Louis Moinet, a coleção Time to Race conquista pela alta tecnologia, pelo design moderno e pela personalização, cada vez mais procurada no mercado de luxo. louismoinet.com

20 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Notas
21
22 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Notas Mundo Top

livro

Astro de rock na sua sala

Fotografias de David Bowie feitas por Mick Rock estão à venda pela editora Taschen

Mick Rock é conhecido como “o homem que fotografou os anos 1970” e também por fotografar David Bowie. À venda no site da editora Taschen, Mick Rock. David Bowie ‘Changes’ Lenticular são quatro retratos de Bowie feitos pelo fotógrafo entre 1972 e 1973, realizados após o lançamento do álbum The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars , que conta com faixas como Starman e Lady Stardust , por exemplo.

Junto do disco revolucionário, David Bowie lançou o alter ego de Ziggy Stardust, uma figura andrógina que usava brilho, roupas extravagantes e coloridas e maquiagem que ultrapassavam os limites do feminino e masculino, do que é realidade e o que é ficção, e da sexualidade transgressora da década de 1970. Mick Rock foi um dos passageiros que acompanhou Bowie nessa viagem para Marte. Ao longo de cerca de dois anos, o fotógrafo britânico, que assim como o cantor morava em Londres, aproximou-se de Bowie e se tornou o fotógrafo oficial do cantor. Rock não apenas foi o responsável por clicar os retratos oficiais do artista, mas também eternizou momentos de bastidores em imagens de uma das fases mais icônicas da carreira do artista.

O retrato Mick Rock. David Bowie ‘Changes’ Lenticular está à venda no site da Taschen por US$ 750. Cada fotografia foi impressa usando a tecnologia lenticular, dando um efeito de holografia. Ou seja, é possível ver quatro retratos diferentes dependendo do ângulo em que se olha para a moldura. A impressão das fotos nessa tecnologia foi aprovada pelo próprio David Bowie e a reprodução comercial foi autorizada postumamente pela família do cantor. taschen.com

23

filme

De volta a Pandora

Após 13 anos do primeiro filme, a ficção científica que fez história, Avatar 2: O Caminho da Água chega aos cinemas

Com a maior bilheteria da história em 2013 e nomeado em nove categorias do Oscar, sua sequência está prevista para ser lançada no dia 15 de dezembro de 2022. Dirigido por James Cameron, o filme promete novos personagens para o desenvolvimento da trama, com inovações tecnológicas e cinematográficas, tudo debaixo d’água. Com Sam Worthington como o personagem principal, Jake Sully, e Zoe Saldaña como Neytiri, sua parceira, o enredo irá retratar os problemas da família Sully e a sua luta pela sobrevivência. A atriz Kate Winslet (famosa pela personagem Rose Bukater em Titanic , outro enorme sucesso de Cameron) irá fazer presença no filme como uma guerreira Na’vi. Mesmo com projeções de venda de bilheteria abaixo do primeiro filme, que bateu recorde na história do cinema com US$ 772 milhões no mercado interno, o longa está com expectativas de fazer história novamente. Uma nova técnica foi desenvolvida, na qual todo o elenco e equipe de produção tiveram que ter aulas de mergulho para se adaptarem aos novos aparelhos e ao ambiente aquático. Foram utilizados também trajes de captura de movimento e câmeras especiais submersas para registrar as cenas. Recentemente o diretor confirmou novas sequências após a estreia deste ano, com Avatar 3 programado para sair em 2024 e outros dois em 2026 e 2028. Só nos resta esperar!

24 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Notas Mundo Top
25

arte

Beleza feita de pregos e fios

Maria Fernanda Filardi e Daniel Nogueira de Lima se inspiraram nos trabalhos de string art da japonesa Kumi Yamashita para tramar fios pretos até que eles formem lindas imagens com incontáveis tons de cinza

Quem adentra o salão do restaurante asiático Mr. Wong, logo se impressiona com o rosto de uma gueixa estampado em uma grande parede de 5 m x 7 m. Ao chegar perto, aquela figura fica mais incrível. É quando a gente vê que aquilo não é uma pintura ou uma gravura, e sim uma trama de fios enrolados em pregos. No total, são 12 km de linha preta e 14 mil pregos!

Os responsáveis por esse belo trabalho de string art –como a técnica é chamada internacionalmente – são

Maria Fernanda Filardi e Daniel Nogueira de Lima, dois ex-alunos da Faculdade Santa Marcelina de Moda
26
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Notas
Por Kike Martins da Costa
TOP

e Arte. Os dois compõem a dupla criativa Oito Andares, que trabalha com vários suportes. Para executar essa obra, eles ficaram por 15 dias, em 2018, criando massas escuras e outras mais claras com os fios, como faz a japonesa Kumi Yamashita, a grande referência mundial quando o assunto é “prego e fio” – o nome que a técnica recebeu ao ser “tropicalizada”. Depois desse, vieram outros trabalhos, como uma leoa criada sob encomenda por um colecionador de arte em Fortaleza, uma bicicleta feita sob medida para a cobertura de um prédio na Vila Nova Conceição e um mapa-múndi que adorna o lobby

de um hotel no Centro Histórico de São Paulo. Mas a obra-prima da dupla é a majestosa baleia encomendada por um cliente que queria uma imagem desse cetáceo para embelezar a sala de sua casa no Alto de Pinheiros. Com 0,8 m x 2 m, ela foi uma das criações que deu mais trabalho à dupla. “Quanto menor, mais trabalhosa é a nossa missão”, conta Nanda, que enquanto esteve confinada em sua casa durante o auge da pandemia, passou dias e dias tecendo a teia que forma o desenho.

Cada obra tem um preço, evidentemente, mas quem quiser encomendar um trabalho da dupla, deve contatá-la pelo Instagram @oitoandares e se preparar para desembolsar aproximadamente R$ 10 mil por cada metro quadrado –sem contar o material. Quando a dupla foi fazer a leoa em Fortaleza, esgotou o estoque de pregos de várias lojas de material de construção na cidade!

Nos momentos em que não estão envolvidos com pregos e fios, Daniel trabalha na montagem fina de exposições em galerias e museus ou trabalha como tatuador, enquanto Maria Fernanda cria estampas para tecidos e atua também como ilustradora. É no projeto Oito Andares que as inquietações e as aspirações artísticas da dupla encontram um lugar comum.

27

Veja a vida por um outro ângulo

Imagens meramente ilustrativas. Habilitado para a tecnologia 5G. A velocidade real pode variar, dependendo do país, da operadora e/ou do ambiente do usuário. Verifique com a sua operadora a disponibilidade para mais detalhes. É possível notar um vinco no centro da tela principal, que é uma característica natural do smartphone. A dobradiça suporta o modo Flex em ângulos entre 75° e 115°. Para a sua conveniência, esse modo também pode ser ativado antes ou depois dessa faixa de ângulos. Recomendamos manter o celular imóvel durante o modo Flex. Alguns aplicativos podem não suportar o modo Flex. O Snapdragon é um produto da marca Qualcomm Technologies, Inc. e/ou suas subsidiárias.

30
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Cultura
TOP

De um sonho quase impossível à diversãomilhõespara

IDEALIZADO PELO EMPRESÁRIO ROBERTO MEDINA, O FESTIVAL DE MÚSICA NASCEU NO RIO DE JANEIRO E É UM DOS MAIORES EVENTOS NESSE FORMATO NO PLANETA 31

Por Redação Fotos Divulgação 5 min

“Um sonho impossível”, é dessa forma que o surgimento do Rock in Rio é definido por Roberto Medina, empresário que idealizou o festival. Nascido em 1985 na capital fluminense, o evento cultural é um dos principais nesse formato no mundo e foi pioneiro, não só no Brasil, mas em toda América do Sul. Se um dia trazer grandes artistas da música internacional para o país parecia uma realidade distante, hoje é quase uma certeza de que, a cada dois anos, os maiores nomes estarão em solo brasileiro para se apresentar para milhares de pessoas ao vivo e para muitos outros milhões na televisão e internet. Para o Rock in Rio alcançar o patamar que tem hoje, foi preciso muito esforço e 37 anos de história. A primeira edição contou com dez dias de evento e foi realizada entre 11 e 20 de janeiro de 1985. Após os anos de ditadura militar, o Brasil estava na era da redemocratização e foi nesse contexto que o maior festival de música do país nasceu. O criador do Rock in Rio, Roberto Medina, é empresário e publicitário. Antes de se jogar nessa empreitada, ele já havia feito trabalhos com o show business . Em 1980, promoveu um show de Frank Sinatra no estádio do Maracanã, que contou com um público de 175 mil pessoas e chegou a entrar para o Livro de Recordes . Porém, shows como esse não eram comuns no Brasil nos anos 1980. Foi justamente com a vontade de mudar essa realidade e aproximar o público brasileiro da música internacional, especialmente do rock, que Medina decidiu colocar de pé o projeto de um festival de música com artistas nacionais e estrangeiros.

Nascido em 1985 na capital fluminense, o evento cultural é um dos principais nesse formato no mundo e foi pioneiro, não só no Brasil, mas em toda América do Sul
32 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Cultura
Iron Maden em seu primeiro show no Brasil, Rock in Rio 85. Vista aérea do primeiro edição
33
Anibal Philot: O Globo

Em Rock in Rio - A História , documentário que narra a trajetória do evento, Medina conta algumas das dificuldades que enfrentou para conseguir concretizar o sonho quase impossível. O empresário diz que o projeto não foi levado a sério, até que teve a ideia de pedir ajuda para Frank Sinatra, com quem havia trabalhado anos antes. “Tive a ideia de pedir ajuda ao Sinatra. Tinha feito um evento importante para ele, o mais importante da vida dele. Liguei e disse: “olha, eu estou com um problema” e contei a história. “Eu não tenho credibilidade, a imprensa não quer me ouvir...” Aí ele chamou a imprensa e foi todo mundo. Tinha mais de 100 jornalistas e, no dia seguinte, era capa do Los Angeles Times , de todos os importantes jornais americanos: “O maior evento de rock do mundo vai acontecer no Brasil”, conta. Até o prometido “maior evento de rock do mundo” acontecer, as dificuldades continuaram. Uma delas, essencial, foi o espaço. A primeira Cidade do Rock foi construída em um terreno de 250 mil metros quadrados, próxima de Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro. O local contava com o maior palco do mundo até então, com 80 metros de boca de cena, além de restaurantes fast-food e uma área de shopping. No documentário, Medina conta que uma obra dessa proporção deveria ser realizada em três ou quatro anos, mas ele tinha apenas seis meses para botá-la de pé. “Foi uma luta muito grande convencer as pessoas que era possível fazer o festival. Recebi 70 nãos”, diz.

34 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Cultura
A primeira edição do festival, em 1985, contou com momentos históricos como a performance de Love Of My Life, acompanhada pelo coro dos fãs brasileiros no show da banda Queen e Cazuza cantando Pro Dia Nascer Feliz após o fim da ditadura
folhapress 35

Para a alegria dos fãs de música, Medina conseguiu montar o primeiro Rock in Rio. O festival aconteceu ao mesmo tempo que as eleições de 1985. A volta da democracia ficou marcada na Cidade do Rock com a presença de bandeiras do Brasil por toda parte. No show do Barão Vermelho, Cazuza aproveitou a música Pro Dia Nascer Feliz para comentar a eleição. “Que o dia nasça feliz para todo mundo amanhã. Em um Brasil novo, uma rapaziada esperta”, disse o cantor. A primeira edição do Rock in Rio também foi responsável por sediar um dos shows mais marcantes da história do festival. Foi nesse ano que o Queen veio ao Brasil e se apresentou em duas noites. A performance de Love Of My Life , acompanhada pelo coro dos fãs brasileiros, é considerada uma das melhores da história da banda britânica e o momento entrou até para o filme Bohemian Rhapsody, cinebiografia de Freddie Mercury.

Após o fim da primeira edição, o então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, decretou a demolição da Cidade do Rock, pois a organização do evento pediu a ocupação temporária do terreno, o que foi considerado invasão de propriedade pública. Entretanto, o fim da primeira Cidade do Rock não significou o fim do festival. Seis anos depois, em 1991, o Rock in Rio voltou. Dessa vez realizado no Maracanã. O estádio ficou lotado de refletores, incluindo faróis de avião, e recebeu milhares de pessoas e shows inesquecíveis. Um deles foi a primeira vez do Guns N’ Roses no Brasil, que não ficou só na memória do público, mas também na dos roqueiros. O guitarrista Slash declarou que nunca tinha visto “um público tão enlouquecido”. Depois, o Rock in Rio passou por um hiato de dez anos e só voltou em 2001. Na terceira edição, começou a se diversificar e aumentar de tamanho. Na nova Cidade do Rock, havia espaços para música brasileira, africana e eletrônica. Porém, foi marcado por uma polê -

36 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Cultura
“Foi uma luta muito grande tentar convencer as pessoas que era possível fazer o festival. Recebi 70 nãos”, diz Roberto Medina
37
38
EDIÇÃO 265 Cultura
TOP MAGAZINE
39

mica. Algumas bandas nacionais, como O Rappa, Charlie Brown Jr, Skank e outras, boicotaram o festival por não terem direito à mesma estrutura oferecida aos artistas estrangeiros. Mesmo assim, uma das apresentações mais memoráveis daquele ano foi a de Cássia Eller, que não só contagiou quem estava presente com músicas próprias, mas com covers também. A artista cantou uma versão de Smells Like Teen Spirit , do Nirvana, e foi elogiada por Dave Grohl, ex-baterista da banda, que ouviu a brasileira dos bastidores.

Em 2004, o Rock in Rio entrou em um processo de internacionalização. Naquele ano, aconteceu a primeira edição do festival fora do país, em Lisboa, capital de Portugal. Com artistas do mundo todo, incluindo brasileiros, o Rock in Rio agradou aos portugueses e ganhou uma periodicidade para acontecer a cada dois anos. O evento não parou em solo português, mas também chegou a Madri em 2008,

O Rock in Rio já teve nove edições no Brasil e 13 no exterior, em Portugal, na Espanha e nos Estados Unidos
40
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Cultura
TOP

tendo três edições na capital espanhola. Além disso, o festival contou com uma edição em Las Vegas, nos Estados Unidos, em 2015.

Enquanto o Rock in Rio fazia sucesso no exterior, o Brasil ficou sem sediar o festival durante mais dez anos. Foi somente em 2011 que o evento voltou a acontecer no Rio de Janeiro. Na época, a organização do festival conseguiu um espaço fixo para a realização do projeto, o que permitiu montar uma nova edição a cada dois anos.

Com a volta do Rock in Rio, o festival ganhou uma nova cara e mais diversidade. Desde 2011 que o estilo dos artistas que sobem no palco não é restrito apenas ao rock. Naquele ano, houve grandes shows de cantores e bandas das mais variadas vertentes, como Stevie Wonder, Rihanna, Katy Perry, Metallica e muitos outros.

Nas edições mais recentes do festival, a busca por maior representatividade nos palcos ganhou mais destaque. Um grande exemplo foi o

41

show que Anitta realizou no Palco Mundo, o principal do evento, em 2019. A cantora foi a primeira artista de funk a se apresentar nesse palco e com tamanho destaque. Entretanto, em 2022, a funkeira disse que precisou brigar por esse espaço e não tem mais interesse em participar do Rock in Rio, pois afirmou já ter ouvido da organização do festival que o funk não teria “ star quality ” para ser destaque. Apesar das polêmicas, é fato que o Rock in Rio continua sendo o maior e um dos mais importantes festivais de música no Brasil. O evento já conquistou os fãs de música, arrastou milhões de pessoas para a Cidade do Rock e promete continuar aproximando o público de artistas nacionais e internacionais. Para o futuro, a organização já anunciou que irá realizar, em 2023, o The Town, um festival nos mesmo parâmetros que o Rock in Rio, mas em São Paulo. O que começou como um “sonho quase impossível” de Roberto Medina, hoje é um marco para o cenário cultural do Brasil.

Nas edições mais recentes, uma das preocupações do festival foi incluir uma maior diversidade de artistas entre as atrações, abrindo o leque de ritmos musicais

42 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Cultura
43
DAPARTE, BANDA MINEIRA QUE APOSTA NO POP ROMÂNTICO E BALADINHAS DANÇANTES, ESTÁ NA ESTRADA COM SEU SEGUNDO ÁLBUM: FUGADOCE Por Fernanda Ávila e Vivian Monicci Fotos Miro 5 min D 46 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Daparte
47

Daparte faz música de amor. Amores que deram certo, outros nem tanto. É balada romântica com pegada pop pra dançar, pra chorar, pra cantar alto no carro. São canções com narrativa, daquelas que todo mundo se identifica, nem que seja um pouquinho. Eles são em cinco: Bernardo Cipriano (voz e teclado), Daniel Crase (bateria), João Ferreira (voz e guitarra), Juliano Alvarenga (voz e guitarra) e Túlio Lima, também conhecido como “Cebola” (voz e baixo). Uma turma que juntou seu talento com as referências que vão de Beatles a Clube da Esquina, tudo misturado com The Who, Oasis, Caetano, Gil, Titãs e, é claro, Skank. Isso porque o Juliano (que abre esTa entrevista contando como aconteceu o encontro da banda) é filho do Samuel Rosa, do Skank, banda mineira que fez história no Brasil. O álbum de estreia, Charles , nasceu em 2018. O mais recente é Fugadoce , que traz uma sonoridade leve, dançante e feats bacanas, como Lagum e Zé Ibarra. No meio da turnê, a banda fez uma pausa para conversar com a TOP.

Como vocês se encontraram?

Eu conheci esse caboclo (Daniel Crase, baterista) em um show em Belo Horizonte. Começamos uma amizade e, logo em seguida, formamos uma banda cover do Oasis. E o Túlio Lima entrou para o grupo porque é primo do Daniel. Aí fo -

mos chamados para tocar no festival St. Patrick’s Day . Meu tio organizava e queria muito que eu tocasse lá. Eu não tinha banda, então chamei o Daniel, o João e o Bernardo, que já tocava comigo. Experimentamos colocar músicas autorais, que já tínhamos de outras experiências. Nunca tínhamos nos encontrado para fazer som. Essa seria a primeira vez que nós cinco estávamos nos apresentando juntos. Deu química e estamos juntos até hoje. Começamos a trazer músicas que já tínhamos feito ao longo da vida e compondo novas. Tudo foi tomando mais forma, ficando cada vez mais com a nossa cara. Fomos aprendendo a achar uma sonoridade que tem a ver com o que gostamos, com as nossas referências: Beatles, Clube da Esquina, The Who, Oasis, rock e MPB. Acho que a gente nunca deixou de ouvir Caetano e Gil. Também gostamos de Skank e Titãs.

Além desse primeiro show que vocês fizeram juntos, teve algum que foi inesquecível? Acho que foi o último que fizemos, em Fortaleza, num festival que une vários artistas da nossa geração. A gente fica muito feliz em ver que realmente a música está em um ponto alto e nós estamos fazendo parte dessa onda. É muito legal reunir muitos desses artistas que estão fazendo essa alavancada na música. Todos os artistas ficaram no mesmo hotel

48 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Daparte
“Fomos aprendendo a achar uma sonoridade que tem a ver com o que gostamos, com as nossas referências: Beatles, Clube da Esquina, The Who, Oasis, rock e MPB”
49
50
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Daparte
TOP

e o palco ficava dentro do hotel. Você saía do quarto, ia andando e se deparava com a passagem de som. Tinha uma área em comum para os artistas também. E o povo cearense é muito caloroso, aberto e receptivo. Foi muito interessante levar o nosso som para um lugar novo e ser recebido como se já fôssemos da casa. Esse ano temos vivido muito isso, de ser surpreendido pelas plateias. Acho que tem a ver com a pandemia, porque tudo estava muito virtual, nas redes sociais. E agora, que estamos voltando a tocar, está espetacular. As pessoas estão pulando nos shows, o que era difícil de acontecer antes.

Como foi o processo de produção do álbum Fugadoce ?

Assim que lançamos nosso primeiro disco, em 2018, já tínhamos algumas coisas que estávamos começando a escrever e a explorar. Em 2019, quando começamos a rodar com o disco de 2018, consolidamos o que seria o esqueleto do nosso segundo disco. Já tínhamos as músicas mais ou menos feitas. Em 2019 e 2020, começamos a gravá-las. A ideia era lançar em abril de 2020, dois anos depois do primeiro disco, mas aí veio a pandemia e achamos melhor não lançar naquele momento, porque não sabíamos o que ia acontecer. Nós já tínhamos começado o movimento, alguns singles já

tinham sido lançados. Mas decidimos atrasar o lançamento. Nesse processo, percebemos que alguns sons não representavam mais o nosso imaginário. Isso é intuitivo, você ouve e sente. E também vai do mercado, do momento. Hoje, tudo é muito rápido, inclusive na música. Como é trabalhar com essa velocidade? É mais fácil do que no passado?

São vários casos. Temos amigos de Curitiba, da Jovem Dionisio, que fizeram o Acorda Pedrinho e foi um estouro nacional. E isso não aconteceu com a gente ainda. Somos uma banda de outro estilo. Sinto que o nosso processo é um pouco lento, é um crescimento orgânico, mas se acontecesse com a gente seria legal, claro. Sinto que construímos nosso repertório de lançamento muito atrelado aos shows. Acredito que construímos um produto, um show, bem cativante. Nosso crescimento não é só nas plataformas digitais. Toda vez que nos apresentamos, sentimos mais a resposta do público. Acho que antigamente, quando alguma banda assinava com uma gravadora e a música era distribuída nos discos e nas rádios, era um pouco mais certeiro. Hoje, até as pessoas que estão estourando podem sumir muito rápido. Da mesma forma que estoura rápido, pode sumir na mesma velocidade. A loucura da rede social é meio inexplicável. Os dois sistemas (antigo e atual) têm vantagens

“Hoje, até as pessoas que estão estourando podem sumir muito rápido. Da mesma forma que estoura rápido, pode sumir na mesma velocidade”

51

e desvantagens. Hoje, ao mesmo tempo que está fácil e rápido distribuir música, aumentaram muito as possibilidades e tem muito artista. A competição está maior. Acontece uma coisa com a nossa geração que acho que é uma das primeiras vezes que isso acontece na história da música: não competimos apenas com quem está lançando, competimos também pelo tempo da pessoa. Uma coisa que acho que antigamente era mais bacana era o consumo de disco. Às vezes, as pessoas não estão competindo pela música ou pelo disco mais legal, mas sim pelo som que vai ficar na cabeça, que tem um elemento que vai grudar. Antigamente as pessoas paravam mais para ouvir um disco e curtir.

Ainda existem redes de casas noturnas que fazem sucesso no Brasil?

Atualmente, o negócio são os festivais. Os festivais cresceram muito e tem essa filosofia de abrir para bandas que ainda não fazem tanto sucesso. É bem legal.

Quais são os próximos projetos de vocês? O que estão planejando? Agora estamos no meio da turnê do nosso segundo disco, o Fugadoce. Depois, vamos fazer alguns outros shows bem legais, vamos tocar em festivais como Reggae Town e Planeta Brasil. A ideia desse ano foi expandir o nosso som pelo Brasil. Estamos pensando em lançar algumas músicas inéditas no fim do ano e no começo do ano que vem. E acreditamos que podemos expandir ainda mais esse disco, acreditamos nas músicas, tem feats superlegais, tem feat com Lagum e Zé Ibarra. Queremos mostrar mais esse álbum.

“Às vezes, as pessoas não estão competindo pela música ou pelo disco mais legal, mas sim pelo som que vai ficar na cabeça, que tem um elemento que vai grudar”

52 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Daparte
53
56
MAGAZINE EDIÇÃO 265
Lopes
TOP
Gabi

GABI LOPES É ARTISTA, EMPRESÁRIA, ESCRITORA, PRODUTORA DE CONTEÚDO E UMA DAS GRANDES INFLUENCIADORAS DO BRASIL

G 57
Por Fernanda Ávila e Vivian Monicci Fotos Miro Pintura corporal W Veríssimo Beleza Victor Hugo Cunha Souza 5 min

Com 20 anos de carreira, muitas novelas, peças de teatro, filmes, programas de televisão, um livro publicado e dois já escritos, mais de 2,6 milhões de seguidores no perfil do Instagram, quase 270 mil inscritos no canal do YouTube, Gabi Lopes mostra como sua carreira de artista se transformou em uma jornada de sucesso. Tudo começou aos oito anos, quando insistiu para que a mãe a deixasse entrar para uma agência de talentos. Aos 18, abriu sua primeira empresa. Aos 28, idade que tem hoje, lançou seu primeiro livro. Mas ela não para por aí. Gabi sonha alto. Quer ajudar muita gente a se profissionalizar, fazer grandes eventos, lançar mais livros, alcançar muita gente com seu curso online. Bonita, talentosa, empreendedora, Gabi mostra ao mundo do que é capaz.

Você começou a trabalhar muito cedo. Queria que você contasse um pouquinho sobre esse seu início profissional. Desde criancinha já falava que queria ser atriz, apresentadora, modelo. Como nasci em uma família muito humilde, em Osasco, e não tinha nenhum parente que fazia nada parecido, ninguém dava muita voz para mim. Com oito anos, ouvi um anúncio de rádio chamando para uma seleção e falei: “é isso aí, mãe, que eu estou te falando”.

Minha mãe não queria me levar. Depois de algumas brigas, consegui convencer e passei por agências infantis. Nestas agências, você não tem muita distinção de trabalho, não faz ainda uma separação de carreira. Faz trabalho de modelo, de atriz, de apresentadora, tudo junto. Então eu fazia coisas no Nickelodeon, na Band, na MTV. Fui assistente de palco na Rede TV. Como empreendedora aconteceu quando eu tinha 18 anos. Abri a minha primeira empresa, a Young Republic Films, que tenho até hoje, uma produtora. Foi engraçado porque a vida de artista começou aos oito e a de empresária, aos 18. Vamos ver o que vai começar aos 28. De dez em dez.

Você participou de Malhação também. Como foi esse momento?

Foi um dos melhores momentos da minha vida. Foi um divisor de águas, porque foi a primeira novela que eu fiz. Fazer Malhação beira ser engraçado, porque você olha para o lado e é um monte de gente nova, de gente jovem.

Você lançou, na pandemia, o livro Antes feito do que perfeito . Como foi o processo de produção?

Desde criança sempre fui muito estimulada a ler, leio muito. Meu pai já escreveu mais de 20 livros na área de Direito.

58 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Gabi Lopes
“Não estou lançando só um livro, estou me lançando como autora. Dou palestra desde os 13 anos, já vim desse lugar de intelectualidade”
59
60
MAGAZINE EDIÇÃO 265
Lopes
TOP
Gabi

Cada livro que eu li, foi virando uma chave. Não sou muito de autoajuda, mas eu buscava ler sobre desenvolvimento humano, sobre autorresponsabilidade. Eu começava a ler e ia mudando. Teve um momento que eu falei: “agora chegou o momento de eu devolver a mesma coisa que vivi com cada livro”. Aí escrevi o Antes feito do que perfeito. Soltei como um MVP, ou seja, um projeto que você não investe, que faz sem pretensão. E vendemos em 12 países. Então achei uma editora. Foi muito difícil também, fui recusada por várias. Mas deu tudo certo e a gente lançou na Bienal, em pré-venda. Acho legal que o livro coroa esses 20 anos de carreira. Se você ver o livro, tem muitas coisas sobre desenvolvimento humano, gestão de tempo, multiplicidade de carreira, conceito de realizador.

Você tem planos de seguir a carreira de escritora também? De lançar outras coisas? Muito! Na verdade, já tenho outro livro escrito que chama Somos todos influenciadores . Ele estava terminado antes desse, do Antes feito . Esses dias a gente estava em uma reunião com a editora e eu falei: “tenho o título do terceiro”. Eu sou assim, quando vejo estou com oito livros. Não estou lançando só um livro, estou me lançando como autora. Dou palestra desde os 13

anos, já vim desse lugar de intelectualidade. Acho importante tirar esse estigma da loira burra, da mulher que tem um corpo bonito, como se ela tivesse tempo só para cuidar daquilo que o físico mostra. Não foi uma coisa que eu acordei e falei “ah, deixa eu ficar intelectual”. Eu sempre li muito, sempre tentei escrever livros e chegou o momento em que eu vi que era capaz.

Falando um pouquinho dos seus projetos de séries, filmes… Você está com vários lançamentos. Conta pra gente? Faço uma participação especial no primeiro episódio de Sintonia , da Netflix. Estou no filme Maior que o mundo , que já estreou nos cinemas e vai para os streamings. Também vai estrear, na HBO Max, o #PartiuFama e, na Netflix, o Esposa de aluguel . E tem dois curta-metragens: Passos , onde eu faço uma vilã e Em órbita , que fala sobre suicídio. Os dois vão sair agora.

Você lançou também um curso, Do like ao lucro . Como funciona? É um curso de formação profissional para influenciadores. Eu lancei em junho deste ano a primeira turma e tivemos 50 alunos, que era o limite. Foi uma experiência via Zoom, 4 aulas de 4 horas. Depois desse curso eu tive alunos que realmente faturaram, foram lá

“Cada livro que eu li, foi virando uma chave. Não sou muito de autoajuda, mas eu buscava ler sobre desenvolvimento humano, sobre autorresponsabilidade”

61

e venderam publi, melhoraram a carreira. Esse curso foi um MVP, validaram, e agora vou lançar um curso de verdade, que sai em outubro. É um curso muito abrangente, passa por assessoria de imprensa, imagem, financeiro, jurídico…

E o Gabi Weekend?

É uma festa no Caribe em que levamos 150 pessoas, meus amigos. Foram cinco dias de evento, patrocinado pelo Hard Rock Hotel Punta Cana. É a primeira festa fora do Brasil que alguém da internet faz.

Qual é seu grande sonho hoje? O que ainda quer conquistar?

Eu quero abrir outras empresas que ajudem muitas pessoas, em grande escala. Quero fazer um instituto, formar um monte de gente. Sempre quis ter um orfanato, uma escola. Devolver mesmo. Quando ficar mais velha quero ter uns cinco livros. Também tenho um sonho de fazer uma grande palestra, tipo o Do Like ao Lucro. Imagina? 20 mil pessoas. Quero ter filhos, família, um supersonho. Não tenho sonhos de bens materiais. Teria uma casa na praia se sobrasse dinheiro.

“Acho importante tirar esse estigma da loira burra, da mulher que tem um corpo bonito, como se ela tivesse tempo só para cuidar daquilo que o físico mostra”

62 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Gabi Lopes
63
64
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Gabi Lopes
TOP
65
66
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Gabi Lopes
TOP

“Eu quero abrir outras empresas que ajudem muitas pessoas, em grande escala. Quero fazer um instituto, formar um monte de gente”

67

“Quero ter filhos, família, um supersonho. Não tenho sonhos de bens materiais”

68 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Gabi Lopes
Assessoria de imprensa Natasha Stein
69

“antioxidante pra cabelo?”

COMPRE PELO WHATSAPP
72
MAGAZINE EDIÇÃO
TOP
265 Giana Althaus
GIANA ALTHAUS TEM 22 ANOS E TOCA DEZ INSTRUMENTOS. É CANTORA, COMPOSITORA E CRIADORA DE CONTEÚDO
G 73
Por Fernanda Ávila e Vivian Monicci Fotos Miro Styling Thays Ribeiro Beleza Ju Shinoda 5 min

Ela estourou nas redes sociais tocando forró na bateria. E não foi por acaso. Giana, além de ser boa no que faz, é uma excelente estrategista. Encontrou no ineditismo das suas postagens uma fórmula de sucesso. Nascida em Ponta Grossa, interior do Paraná, a estudante de Direito começou a se interessar por música assistindo High School Musical , musical da Disney com Zac Efron e Vanessa Hudgens, que fez muito sucesso entre as crianças na primeira década dos anos 2000. Suas primeiras apresentações foram na igreja, local onde ela gosta de tocar até hoje. Descoberta por celebridades como Gusttavo Lima, Gustavo Mioto, Júlio Cocielo e Tata Estaniecki, chegou a ser repostada por Neymar, citada no BBB e tocou seis instrumentos ao mesmo tempo no programa do Celso Portiolli. Não é à toa que participou do Festival Internacional de Cannes, na França, a convite do TikTok para representar o Brasil e falar sobre criatividade no #TikTokShortFilm.

De Ponta Grossa para o mundo. Você estourou na internet com um vídeo tocando bateria. Conta um pouco do seu início?

Meu primeiro vídeo que viralizou foi tocando Barões da Pisadinha. Um vídeo tocando forró na bateria. Não foi sem querer, eu pensei, meio que calculei

isso, porque eu queria bombar na internet. Eu tinha cinco mil seguidores no Instagram e estava fazendo vídeos só cantando, estilo voz e violão. Pensei: “preciso bombar na internet, mas não sei o que fazer”. Em outubro de 2020, no auge da pandemia, abri o TOP 50 do Spotify e a primeira música era Recairei , do Barões da Pisadinha. Eu não sabia tocar na bateria, mas chamei o Ricardo, meu professor de bateria, e falei: “quero tocar forró na bateria”. Detalhe que ele é professor de rock (risos). Foi aula online. Foi tenso, mas foi. Eu aprendi, fui treinando, até que postei nos stories do Instagram e deu um compartilhamento um pouco mais alto do que eu estava acostumada. Pensei: “epa, temos aí um potencial”. Foi aí que decidi postar em outra rede. Criei o meu TikTok, tinha apenas 70 seguidores, postei, saí para jantar e deixei meu celular em casa. Quando voltei, meu celular tremia de tanta notificação, um milhão de visualizações em um dia, depois dois milhões, depois três milhões. O pessoal pediu mais e eu postei mais um vídeo tocando bateria, mesmo esquema, Barões da Pisadinha de novo. Aí eu pensei: “o povo vai começar a pensar que eu sou baterista”. Então, comecei a postar outros vídeos cantando e tocando violão, teclado e piano para o pessoal entender que eu era uma can -

74
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Giana Althaus
“No meu caso, eu sei o que aconteceu: uma menina tocando forró na bateria. O povo clica para ver, eles não acreditam”
TOP
75
76
MAGAZINE EDIÇÃO 265
Althaus
TOP
Giana

tora. O povo comprou a ideia. Depois, comecei a postar vídeo de humor, gostaram também. Comecei a postar vídeo com a minha família, gostaram. E hoje estamos aqui.

Qual é o poder da bateria? É um instrumento muito importante?

Com certeza. Em um show, a bateria chama atenção, é o instrumento mais alto em questão de barulho. No meu caso, eu sei o que aconteceu: uma menina tocando forró na bateria. O povo clica para ver, eles não acreditam. Fiquei muito feliz depois de ver mais vídeos de meninas na “batera”. Eu incentivo super as mulheres a reagirem.

Depois que esse primeiro vídeo bombou, você pensou: “E agora?”

Com certeza. Eu pensei: “eu toco mais instrumentos, tenho que mostrar isso para a galera”. Eu não sou baterista. Inclusive, me convidaram para ser baterista de um DVD de um cantor sertanejo muito famoso (risos). Fazia um mês que eu tinha bombado. Eu pensei: “eu não posso aceitar esse convite”, porque se eu aceitasse, iriam atrelar a minha imagem à de baterista. Por mais incrível que seja ter mais gente me conhecendo, essa não é a imagem que eu quero, eu quero ser reconhecida como cantora.

Você começou a compor depois disso?

Na verdade, eu já compunha antes, mas tinha muita vergonha. Acho que só perdi a vergonha quando mostrei uma composição minha para o meu produtor e ele falou: “Cara, o que é isso? Tá incrível, pode gravar amanhã se você quiser”. Eu escrevi em inglês ainda. Foi aí que comecei a pensar na possibilidade de realmente ser bom o que eu fazia. Mostrei para o pessoal de casa e falaram: “filha, tá maravilhoso”. Minha mãe não entendeu nada do inglês, mas falou que estava incrível (risos).

Como você começou na música? Ninguém na minha casa é músico. Não tem isso. Quem me descobriu cantando, quem descobriu o meu “dom”, foi a minha professora de violão. Ela percebeu que eu era afinadinha. Tinha uns dez, 11 anos. Ela chamou a minha mãe e eu cantei toda envergonhadinha. Aí minha mãe falou para a professora: “eu não aguento mais a Giana, ela não para de batucar nos eletrodomésticos lá de casa”. Aí minha professora sugeriu comprar um cajón para mim. Compraram e eu aprendi a tocar. Fui aprendendo os instrumentos sozinha, foi ali que perceberam que eu tinha uma ligação com a música. Na minha casa, tem violão em todo cômodo. Não é desorgani-

“Na minha casa, tem violão em todo cômodo. Não é desorganização, é para caso venha uma inspiração, eu tenho o violão ali perto!”

77

zação, é para caso venha uma inspiração, eu tenho o violão ali perto!

Qual é o seu instrumento musical preferido?

Bateria. Não tem coisa melhor para aliviar o estresse.

Uma música sua apareceu no BBB . Como foi isso?

Eu estava em uma festa e começaram a me ligar para me contar que minha música estava no Big Brother Brasil. Foi uma regravação da música Beggin’, um cover que fiz com o Dubdogz. Fizemos uma versão eletrônica da música e viralizou. Isso foi responsável por eu fazer shows muito loucos de música eletrônica. Eu conheci o Arthur (ex-BBB) no boteco do Gusttavo Lima. O Arthur estava no backstage, conversou comigo e falou que gostava da minha música. Aí quando tocou no Big Brother, ele falou de mim.

O Gustavo Mioto também foi importante na sua carreira. Como foi isso? Ele foi uma das primeiras pessoas que me deu oportunidade “de graça”. Foi em agosto de 2021, eu estava em casa com COVID e ele me mandou uma DM perguntando se eu estaria em São Paulo na semana seguinte. Eu respondi “sim”, logo eu que nunca ia para São Paulo (risos). Ele queria me convidar para o lançamento do disco dele. Trocamos as informações do evento e ele perguntou se eu não queria tocar com ele lá.

Claro que aceitei. Cheguei no lugar, não conhecia ninguém e ninguém me conhecia. Liguei para a minha mãe em desespero. Eu achei uma fotógrafa, perguntei o nome dela e falei: “pelo amor de Deus, conversa comigo”. E ela super me ajudou. Mas, no final, foi ótimo. Esse convite do Gustavo mudou tudo. Outras pessoas que me ajudaram foram o Júlio Cocielo e a Tata Estaniecki. Faço questão de falar. São pessoas que enxergaram potencial em mim. Tenho muito carinho por eles. Inclusive, teve um dia que eu estava jogando Fortnite com o meu irmão em casa e começaram a me ligar desesperadamente: o Neymar tinha me repostado no Instagram dele. Começou a multiplicar o meu número de seguidores. Esse dia foi uma doideira. Também me convidei (risos) para ir no programa do Celso Portiolli, participei do Passa ou Repassa e o assessor dele falou: “queremos que você faça o que você fez nesse vídeo aqui”. O vídeo era eu tocando seis instrumentos. Era ao vivo. Eu falei: “legal” e fui. Foi divertido. O Celso fez um apelo para eu ganhar 100 mil seguidores e deu certo.

Quais são os seus próximos projetos e sonhos?

Eu tenho muita música para lançar, muitas composições meio guardadas. Quero fazer muitos shows. Mas, principalmente, quero gravar meu primeiro DVD ao vivo em Ponta Grossa.

“Outras pessoas que me ajudaram foram o Júlio Cocielo e a Tata Estaniecki. Faço questão de falar. São pessoas que enxergaram potencial em mim”

78 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Giana Althaus
79
82
MAGAZINE EDIÇÃO 265
TOP
Paulo Miklos
ARTISTA MULTIFACETADO, ÍCONE DA CULTURA BRASILEIRA, PAULO MIKLOS ACABA DE LANÇAR UM DISCO CHEIO DE AFETO E REFLEXÕES SOBRE AS RELAÇÕES DE AMOR E AMIZADE
P 83
Por Fernanda Ávila e Vivian Monicci Fotos Miro Beleza Ju Shinoda 5 min

Paulo Miklos quase dispensa apresentações: lenda do rock nacional, apresentador, ator de cinema, teatro e televisão, integrou por 34 anos uma das bandas mais importantes do cenário musical brasileiro. Nascido em São Paulo, em 1959, conheceu seus parceiros musicais na escola, chegou a cursar um ano de Música na USP, mas ainda muito jovem saiu com o Titãs para rodar o Brasil e nunca mais parou. Com o grupo, já abriu show para o David Bowie e cantou para dois milhões de pessoas na areia de Copacabana antes dos Rolling Stones subirem ao palco num dos maiores shows que se tem notícias no mundo. Em 2016, saiu da banda e seguiu em carreira solo. Estreou no cinema em 2001, convidado por Beto Brant, como protagonista do filme O Invasor, onde contracenou com o rapper Sabotage, assassinado em 2003, a quem presta uma homenagem no seu último disco Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém. Nesta entrevista, Paulo Miklos relembra um pouco da sua trajetória e fala sobre novos projetos.

Você completou 40 anos de carreira. Que balanço você faz dessa trajetória? Vejo como uma grande aventura, um grande privilégio que a música e a dramaturgia têm me dado. Na dramaturgia já estou faz mais de 20 anos. Já fiz tudo: novelas, séries, filmes, teatro.

Você imaginava, na infância, que faria tudo o que você faz?

Tinha muita ansiedade quando era garoto, de que eu precisava encontrar um caminho

para colocar essa inquietação que eu sentia. Sempre amei música, tocava um piano que meu pai alugou lá em casa.

Seu pai era legal, alugou um piano para você tocar.

O problema é que eu passava todas as tardes martelando o piano e inventando música. Minhas músicas começaram a ir bem e as notas da escola começaram a ir mal. Meu pai falou: “chega, você tem que prestar atenção nos estudos, fazer as lições e estudar”. Tinha 14, 15 anos, por aí. Minha avó ficou com pena e me deu uma flauta transversal. E eu descobri que eu podia botar a flauta debaixo do braço e tocar em qualquer outro lugar. Com essa flauta, prestei o vestibular para Música na USP. Entrei e comecei a universidade.

Como é a universidade de Música?

Se não me engano, são quatro anos. Fiz o primeiro ano só, porque descobri que o curso era voltado para música erudita e, por mais que desejasse conhecer mais sobre música, eu era da música popular. Tocava de ouvido, tinha muita curiosidade de aprender. Então fiz aulas de piano, de violão e de flauta. Aprendi um pouco de tudo. Isso foi muito legal porque depois, quando eu formei o Titãs, acabei tocando diversos instrumentos. Como não fiquei oficialmente o baixista, nem oficialmente o guitarrista, uma posição fixa, ficava brincando. Na verdade, sempre fui cantor, sempre gostei de ser intérprete. Ser intérprete me levou para a dramaturgia.

84 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Paulo Miklos
“Tinha muita ansiedade quando era garoto, de que eu precisava encontrar um caminho para colocar essa inquietação que eu sentia”
85

“Na verdade, sempre fui cantor, sempre gostei de ser intérprete. Ser intérprete me levou para a dramaturgia”

86
TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Paulo Miklos

Depois que saiu da faculdade, você foi fazer o quê?

Aí já tinha a banda, O Titãs, já estava começando a fazer shows. A gente se conheceu na escola. Eu estudava na mesma classe que o Arnaldo Antunes. O Sérgio Brito estudava um ano na minha frente. O Branco Mello e o Marcelo Fromer, um ano atrás.

O Serginho Groisman também?

Ele era contratado da escola para fazer o grêmio. Era um grêmio cultural. Ele promovia os shows, que é uma coisa que ele faz até hoje, recebe os artistas. Essa foi a grande escola para mim, porque assisti, no pátio, Os Novos Baianos, Alceu Valença, Gilberto Gil… Todos na minha escola!

Como surgiu a ideia do Titãs?

Nós nos aproximamos porque já estávamos compondo músicas próprias e ouvíamos as músicas uns dos outros. Um belo dia teve um show em que a gente resolveu tocar algumas dessas músicas e fazer um ensaio para preparar isso. Foi aí que surgiu o Titãs. Tinha essa coisa da enciclopédia: os titãs da ciência, os titãs da literatura, os titãs disso e daquilo. E a gente brincou: “então somos os Titãs do ieiê”. Chegava alguém e anunciava: “agora, com vocês, os Titãs do ieiê!”

Qual foi a primeira música?

Sonífera Ilha foi a primeira música. Ela levou a gente para o Brasil todo. Começamos a viajar o Brasil e viajamos durante 40 anos.

Você tem uma ideia de quantos shows chegaram a fazer?

Não tenho ideia. Fiquei com os Titãs por 34 anos e já estou há sete em carreira solo.

Lancei agora o meu segundo disco depois de sair da banda. O primeiro, A Gente Mora no Agora, é cheio de parcerias bacanas: Emicida, Erasmo Carlos, Guilherme Arantes, Céu, uma galera bem diversificada. Foi uma festa! Durante a pandemia, sem encontrar com ninguém, compus tudo sozinho, letras e músicas do disco novo Do

Amor Não Vai Sobrar Ninguém.

Então a pandemia foi rica no sentido de composições?

Foi super-rica porque, de repente, a gente ficou nessa situação claustrofóbica do isolamento. E, numa certa altura, eu compus a primeira música, sentado na sala. As crianças fazendo aula remota, cachorro, gato e galinha… Aquela incerteza toda e eu, no meio dessa maluquice, comecei a compor. Foi como se abrisse uma janela, como se entrasse ar puro, luz. Foi uma sensação muito boa, de libertação. Quando me dei conta, já tinha mais de 20 músicas e falei: “acho que tenho um disco aqui”. Apresentei para o meu produtor e ele falou: “vamos gravar esse disco remotamente, vamos convidar os músicos, cada um gravando na sua casa”. Eu, da minha casa, gravei e mandei para ele a voz e o violão. Isso foi para o baterista, para o baixista, para o tecladista, para o guitarrista, cada um foi colocando as suas coisas. A gente foi trocando no WhatsApp. Se você ouve o disco, não diz que a gente nunca se encontrou. Eles são tão talentosos, temos uma cumplicidade tão grande, que ficou maravilhoso.

Fica mais fácil fazer música depois de muito tempo trabalhando com isso ou as dificuldades ainda são as mesmas? Depende muito do momento, da situação. Essas canções feitas durante a pandemia, numa situação muito opressiva, são muito leves. Elas são o oposto daquilo que a gente estava passando. Estávamos já enxergando um mundo diferente, um mundo com muito afeto, com empatia, com amor. As músicas são românticas e era o avesso daquilo que estávamos vivendo. Era como um escape, como se tivéssemos nos colocado já num lugar adiante.

De onde veio a ideia do nome do disco?

É o título de uma das músicas. Nessa canção, falo dos riscos de, numa relação, você se desfazer das suas características. As pessoas se atraem justamente porque têm dife-

87

renças, e se atraem por essa personalidade muito própria que cada um tem. Mas, na medida que vai ficando junto, a gente se descaracteriza e deixa de lado uma série de coisas. Por isso o nome Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém. Outra leitura possível é que ninguém vai passar ileso pela vida sem o amor, então do amor não vai sobrar ninguém. Quando escolhi batizar o trabalho com esse título, pensei: “vai ser uma barra ficar explicando”. No entanto, essa é a graça. Você cria e dá uma chacoalhada, faz as pessoas pensarem.

E a música Ao teu lado, como surgiu?

O que aconteceu foi que eu me casei em novembro de 2019. Fiz uma celebração com os amigos mais íntimos e saímos de viagem. Fomos a um festival de cinema no Egito e, depois, fomos para a Grécia e Itália. Foi uma daquelas viagens marcantes, de muita arte e muita história. Voltamos e veio a pandemia. Foi como se a lua de mel tivesse sido estendida. Se tirasse o fato da gente estar tão inseguro, com notícias tão ruins e com tantas mortes, ficar em casa, na convivência com a família e compondo, foi muito rico. Então atravessei esse período com uma certa saúde mental.

Como você enxerga o cenário musical atual? O que você acha que ainda falta? Acompanho aquilo que posso, também não sou a pessoa mais informada, mas acho muito rico. Tem o Johnny Hooker, tem a Liniker, que é fantástica e é atriz também. A gente fez Manhãs de Setembro juntos.

Você se descobriu ator sozinho ou alguém te descobriu?

Foi o Beto Brant. Ele já tinha dois filmes e me convidou para fazer O Invasor. Falei que não sabia fazer, nunca tinha feito. O filme era sério, não dava para brincar. Ele insistiu, eu fiz e foi maravilhoso. Quando assisti o filme pronto, fiquei em choque. Só tinha feito a minha parte, sabia da história, mas não tinha assistido inteiro. Quando acabou,

no Festival de Brasília, me dei conta, caiu a ficha de tudo o que a gente tinha feito. Foi uma paixão instantânea, comecei a fazer mais e mais. Os convites foram chegando.

Teatro você não tinha feito ainda?

O teatro foi o que eu fiz por último. Fiz uma peça Chet Baker - Apenas um Sopro. Fiz o papel do Chet Baker, uma peça que tinha muita música, mas eu não tocava nenhum instrumento. Foi uma experiência linda, a gente andou pelo Brasil todo.

Queria que você falasse sobre a continuação de Estômago. Estômago está na Netflix, o filme foi um fenômeno, é muito especial. Junta gastronomia com crime, é bem interessante e tem um elenco incrível. No Estômago 1, faço uma participação especial. O Marcos Jorge, que é o diretor, me convidou e falou que queria fazer uma homenagem ao meu personagem de O Invasor, que é bandido. 20 anos depois, no Estômago 2, meu personagem é muito maior.

Além da continuação de Estômago, do seu novo disco, que outros projetos você tem em vista?

Tem uma série de filmes que foram lançados recentemente: Jesus Kid, do Aly Muritiba; O Clube dos Anjos, do Angelo Defanti e O Homem Cordial, com o qual ganhei um Kikito em 2019, que não foi lançado em função da pandemia. É um filme muito legal, o Iberê me convidou para fazer um personagem que é um rockeiro dos anos 1980.

O que te irrita?

Acho bastante irritante o fato das pessoas não gostarem de política. É com política que a gente transforma a realidade. A negação disso me deixa bastante irritado, porque é espaço para acontecer o que está acontecendo hoje. A gente anda bem perdido, bem fora do rumo, a gente tem que acreditar no diálogo, na democracia, para avançar em uma sociedade mais justa e melhor.

88 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Paulo Miklos

“A gente anda bem perdido, bem fora do rumo, a gente tem que acreditar no diálogo, na democracia, para avançar em uma sociedade mais justa e melhor”

89
92
EDIÇÃO 265
TOP MAGAZINE
Rogério Flausino
ROGÉRIO FLAUSINO, VOCALISTA E LÍDER DA BANDA JOTA QUEST, UMA DAS MAIORES BANDAS POP DO PAÍS, COMEMORA O SUCESSO DO GRUPO COM A TURNÊ JOTA 25 – DE VOLTA AO NOVO
R 93
Por Cristiane Batista Fotos Miro Beleza Mel Freese 5 min
94
TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Rogério Flausino

Rogério Oliveira de Oliveira herdou do avô materno, Zé Flausino, o nome artístico. Aos 20 anos, formado em Ciências da Computação, deixou Alfenas, cidade no sul de Minas Gerais, decidido a tentar a vida de artista na capital Belo Horizonte. Foi trabalhar em uma agência de publicidade e, por um "tijolinho de jornal" conheceu, em 1993, os parceiros de vida e trabalho que o acompanham até hoje: o baixista PJ, o baterista Paulinho Fonseca, o guitarrista Marco Túlio Lara e o tecladista Márcio Buzelin, que procuravam um vocalista para a banda. Rogério foi escolhido, entre quase 20 candidatos, para ocupar o posto. O vozeirão e o carisma impressionaram, e ele entrou para a formação da J. Quest, inicialmente inspirada na black music norte-americana. A banda mudou seu nome para Jota Quest ainda na década de 1990, por sugestão de Tim Maia: “Ah, Jota Quest é bem melhor do que J. Quest”, disse o soulman à época para Flausino. Hoje, o grupo celebra 25 anos de carreira com uma turnê por todo o país, a JOTA 25 – De Volta ao Novo. Rogério, com 51 anos, segue seu ciclo trabalhando em seu estúdio, o Minério de Ferro, vive em uma casa em meio à natureza, perto da esposa, Ludmila, dos filhos Nina e Miguel, e de seus pets: as cachorras Rita Lee, Ivete Sangalo e Florzinha, o gato Cazuza e o galo Emílio Santiago. “Um galo lindo, negro, que canta looooongo”, conta. Torcedor fanático de outro galo, o time de futebol Atlético Mi-

neiro, o artista aposta na alegria para “fazer virar” outros lances: empresta sua voz para o cinema, empreende em um novo negócio artístico (uma galeria de arte em Belo Horizonte), e compartilha suas experiências em palestras motivacionais no melhor estilo “E se quiser saber pra onde eu vou/ Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou”.

Quem olha para o seu sucesso agora, não imagina como foi o percurso até aqui. Como foi?

Meu avô por parte de mãe cantava e nasci com a música dentro de casa. Lembro das serestas noite adentro, na sua casa na roça. Meus irmãos [Wilson Sideral e Flávio Landau] também cantam, além de serem compositores e instrumentistas. Comecei a cantar cedo, ainda adolescente, em Alfenas. Me formei em Ciências da Computação e, aos 20 anos, fui para Belo Horizonte. Estava rolando uma efervescência musical muito grande em BH, com o Skank, o Pato Fu… Minha prima trabalhava em uma agência de publicidade e me convidou para fazer um estágio. Fui para ficar 15 dias e nunca mais voltei. Trabalhei no departamento de mídia em agências e, depois, como freelancer. Nesse período soube que a banda procurava um vocalista. O processo foi longo, quase um ano. Eu fazia dois turnos e aproveitava que ia vender os anúncios publicitários para levar uma amostra do som nas redações e nas rádios, para divulgar os shows

95
"Meu avô por parte de mãe cantava e nasci com a música dentro de casa. Lembro das serestas noite adentro, na sua casa na roça"

que a gente fazia nos bares da cidade. A banda tinha um empresário fictício que atendia o telefone e negociava o que aparecia. A gente ensaiava em uma pastelaria em Belo Horizonte.

Corta para 25 anos depois. Qual é o segredo? Por que a música que vocês fazem não envelhece?

Não tem uma cartilha. A gente tem que fazer o que está sentindo! Um exemplo: para escolher as músicas desta turnê de 25 anos, a gente resolveu colocar 25 hits como base do repertório. Quase 95% dessas músicas foram feitas de forma muito natural, não foram programadas. Às vezes, vem a música e depois a letra, outras foram compostas e ninguém dava nada por elas, mas todas são músicas feitas com muita verdade e de forma muito sincera por todo o grupo. Tem um exemplo, que é Dias melhores, que a gente lançou em uma época que estava rolando muito rock nas rádios e ninguém dava muita coisa por ela, até que a gente fez um clipe na raça e a música decolou. Fácil é outra. A letra diz: “Fácil, extremamente fácil/ Pra você, e eu e todo mundo cantar junto”. É tão bom ver todo mundo feliz e cantando junto. Que força que tem uma canção cantada a muitas vozes! A música tem uma potência que é própria dela e isso nem sempre é planejado.

Essa positividade nas letras, você também tem levado para palestras motivacionais… Eu estava em uma academia e chegou um cara com a ideia. Ele ficou na minha cola, disse que tinha uma empresa que fazia palestras e queria muito me ter nesse time. Eu disse: "não tenho tempo para isso não, quase não tenho tempo de ir ao banheiro!” E ele ficou insistindo até eu aceitar. Ele me ajudou a contar essa história, de como eu desenvolvo e gerencio a carreira, como supero as dificuldades, sempre procurando me reinventar. Na real, eu conto parte dos perrengues que passamos até agora com o Jota. Por exemplo, no começo da nossa carreira, a gente tinha feito um disco, o segundo estourou e veio a pressão para o terceiro, que é o Oxigênio . A gente ficou gigante, viramos celebridades, só que passamos a "tomar porrada" de tudo quanto é lado da imprensa. Não tinha internet e o cancelamento era provocado, o que os jornais não diziam que era legal, não era. A gente começou a incomodar porque estávamos em tudo o que era programa de TV, mas não sabíamos o que era o sucesso e isso mexeu muito com todo mundo. Estouramos primeiro no sul do país e aí chegamos no Rio, depois em São Paulo. Naquela época a gente ainda usava aquelas perucas black power , isso em 1998. Depois mudamos tudo, as roupas

"É tão bom ver todo mundo feliz e cantando junto. Que força que tem uma canção cantada a muitas vozes"

96 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Rogério Flausino
97
98
EDIÇÃO 265
Flausino
TOP MAGAZINE
Rogério

inclusive, e investimos em outras facetas: nos tornamos uma banda pop, festiva, e que também faz canções. Explodimos!

A gente fazia três, quatro shows por semana, ganhou dinheiro e fama, mas não conseguia andar na rua. A gente aprende muito com os erros. E supera. Além da música, soube que tem um projeto artístico novo pintando aí. Pode contar sobre isso?

É uma galeria de arte, a Galeria Cobo. O nome vem de cobogó (aqueles tijolinhos feitos de cerâmica ou cimento, furados).

Fica em um espaço cultural muito bacana que está rolando em Belo Horizonte, o Mercado Novo. Na verdade é um mercado bem antigo, dos anos 1950, que foi criado à época para concorrer com o Mercado Central e acabou não dando muito certo. Com o passar dos anos, ele vem sendo tomado pela galera mais jovem, transformando-se em uma ocupação cultural bem interessante, com artes e gastronomia. O estilista Ronaldo Fraga levou seu ateliê para lá. Eu e meu amigo, o artista plástico Marcus Paschoalin, piramos e resolvemos montar um negócio: uma galeria de arte para fomentar a cena e o lugar, que lembra o antigo Mercado Mundo Mix, em São Paulo, só que com muita "mineirice"! Estreamos com a exposição do Jotapê, um cara bem querido daqui, bastante conhecido da nova geração de artistas contemporâneos, além de fotografias do Wanderley Nunes, cabeleireiro famoso que também tem um trabalho fotográfico incrível, e obras do Marcus Paschoalin, meu parceiro nessa empreitada.

Além das artes visuais, você também tem feito participações no cinema, certo?

Eu gosto muito da experiência de não aparecer, só mostrar a voz. Já participei de trilhas para filmes da Disney, como O Planeta do Tesouro, Homem Aranha 2 e de Viva - A Vida é uma festa, Neste último também fiz a dublagem de um dos personagens. Fiz também, como eu mesmo, Muita calma nessa hora I e Muita calma nessa hora II (Globo Filmes) e estamos participando da trilha de um projeto novo, um filme da Giovanna Antonelli, baseado em um livro de Cris Souza Fontês, chamado Apaixonada aos 40, que é uma comédia romântica.

Vi no seu Instagram uma postagem com a frase: “Descarte seus desperdícios”. Quais são os seus?

O tempo! Principalmente em redes sociais. É extremamente tóxico! Acaba comigo, com a minha paz. Durante a pandemia, minha mulher escondia meu telefone e só me entregava lá pelas 10 horas da manhã, depois que eu tivesse feito minha caminhada. Porque a pessoa acorda às 7 horas e até às 9 não faz nada, só fica ali passando o que aparece na tela. Não quero mais isso, não! Fui morar na montanha durante a pandemia e adoro! Respiro um ar melhor, vivo em um lugar calmo e cheio de verde. Me recarrego e volto ao palco em paz e feliz.

"Não quero mais isso, não! Fui morar na montanha durante a pandemia e adoro! Respiro um ar melhor, vivo em um lugar calmo e cheio de verde"

99
100
EDIÇÃO 265 Vitor Kley
TOP MAGAZINE

VITOR KLEY GANHOU O CORAÇÃO DO PÚBLICO COM BALADAS ROMÂNTICAS QUE FAZEM TODO MUNDO CANTAR E DANÇAR

V 101
Por Fernanda Ávila e Vivian Monicci Fotos Miro Beleza Twin Roses 5 min

Um dos grandes nomes da música pop brasileira atual, Vitor Kley nasceu em Porto Alegre e passou parte da infância em Novo Hamburgo. Mas foi em Balneário Camboriú (SC) que descobriu suas maiores paixões: a música e o surfe. Cantor e compositor, escreveu sua primeira música aos dez anos de idade. Descoberto e apadrinhado por Armandinho no começo da carreira, lançou seu primeiro álbum, Eclipse Solar, em 2009. Em 2015, foi contratado pela gravadora Midas Music, de Rick Bonadio, produtor de artistas como Charlie Brown Jr, Mamonas Assassinas, Titãs e NX Zero. A fama veio em 2018 com O Sol, que virou hit do verão naquele ano. Seu som atravessou o Atlântico e conquistou também Portugal, país onde ele viveu por um tempo com a atriz Carolina Loureiro. Em 2021, Vitor foi indicado ao Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa e, na última edição do Rock in Rio, subiu ao palco com Di Ferrero, da extinta banda NX Zero, de quem o músico é fã desde a infância.

A última vez que você esteve aqui foi em 2019. O que mudou desde então na sua vida? Acho que muitas coisas mudaram, principalmente na minha parte mental. Eu conheci um outro Vitor na pandemia – acho que todo mundo conheceu uma outra pessoa. O que mudou mesmo foi o meu interior.

Onde você passou a pandemia?

Eu fui para Balneário Camboriú e fiquei na casa dos meus pais. Achei que seria

bom todo mundo se cuidar junto e foi a melhor escolha que eu fiz. Acabei conhecendo outros pais. Vivi momentos com o meu pai que eu não vivia há anos. Antes da pandemia, meu pai teve uma crise de depressão. E é muito louco, parece que a gente sarou o negócio junto, ele está estabilizado. É engraçado esses contrastes da vida. Tem coisas horríveis que trazem algumas coisas positivas.

Mudou sua forma de enxergar a música? Mudou. Eu me senti mais confiante, mais seguro e mais agradecido. Eu era agradecido antes da pandemia, só que não tinha uma visão tão clara do que eu realmente queria fazer, que é simplesmente fazer um som, fazer as “paradas” que meu coração sente. Acho que eu tinha uma preocupação maior com o mercado, uma coisa muito de comparação. Eu senti que isso, ao menos para mim, não é válido. Meus valores são outros. Então, agora que voltamos a fazer shows, estamos tocando nossas músicas autorais. Antes a gente tocava algumas releituras para agradar o público que não nos conhecia.

Você tocou no Rock in Rio com o Di Ferrero. Como aconteceu essa junção? É uma coisa engraçada, eu acredito que o universo vê tudo que a gente está fazendo aqui, vê quem insiste por muito tempo. Acho que essa conexão musical, de eu ser moleque e gostar do som do NX, e de todo o carinho que eu tinha, foi colocando ele no meu caminho. Eu vim para São Paulo e a primeira vez que entrei no

102
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Vitor Kley
“Eu era agradecido antes da pandemia, só que não tinha uma visão tão clara do que eu realmente queria fazer, que é simplesmente fazer um som, fazer as ‘paradas’ que meu coração sente”
TOP
103
104
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Vitor Kley
TOP

estúdio, ele passou por mim na recepção. Só que estava falando no telefone, estava com pressa. Eu olhei e falei: “mano, o Di Ferrero”. Logo depois as coisas aconteceram com a música O Sol. Fui fazer um programa de televisão e quem estava lá? O Di Ferrero. Acho que foi nesse dia que a gente sentiu que era muito parecido na maneira de ver a vida. Ele me falava dos pais deles, eu falava dos meus. Mais para a frente a gente foi brincando de: “escuta essa música aqui, o que você acha disso?”. Manda uma composição, vem e vai. As coisas foram surgindo. Ele me chamou para fazer parte de um projeto, que é o Di boa sessions. Até que nossa amizade foi concretizada em Intensamente, um dos singles que ele lançou recentemente. Foi uma música bem especial.

Vocês vão fazer uma turnê juntos? Essa pergunta de milhões. Todo mundo pergunta. A princípio seria só para o Rock in Rio, mas quando a gente terminou o ensaio todo mundo se olhou e falou: “cara, vocês vão ter que viajar com isso aí juntos”.

Como é sua vida em Balneário Camboriú? Quando estou lá sigo a rotina que sempre tive. Eu pego a rua da minha mãe, dobro a esquina, chego no mar, vou surfar e tento não mudar isso, porque é uma coisa que sempre me fez muito bem. Recebo muito carinho da galera de lá e o que eu acho mais incrível, mais foda, são as crianças. A galera que surfa, os meninos me vendo na água, o brilho no olhar. Os molequinhos falam: “‘caraca’, tu era daqui, como é agora estar na televisão?” Eu falo: “cor-

ram atrás dos sonhos de vocês, vocês querem ser surfistas profissionais, querem ser cantor? Vai que dá! Nós somos do mesmo lugar, estamos juntos”. Isso é o mais legal. Sempre que eu saio na rua tem alguém para dar um abraço, para elogiar, para dizer as músicas que gosta. É muito bonito receber essa energia.

O que te inspira?

Os “rolês” que eu dou, os relacionamentos que eu tenho. Tanto os bons quanto os ruins. Tem aquela história de que quando o cara está mal é que vem as músicas boas. E vem mesmo, vem umas “pedradas”. O cara quer falar, botar para fora quando escreve.

Quando criou sua música O Sol, qual era a inspiração?

A natureza mesmo, o sol. Sou um cara muito ligado ao mar, nessa época eu estava muito puto porque as “paradas” não rolavam. Estava com um sentimento guardado de: “caralho, estou tentando há muito tempo, ‘velho’”.

Por estarem no sul, não no eixo São Paulo-Rio?

Eu já estava aqui. Não sei explicar o que acontecia. Eu ia nos lugares, mostrava as músicas, não rolava. Às vezes até tocava um tempinho na rádio, mas ninguém curtia tanto. Então voltei para casa.

Quando foi a virada?

Quando eu escrevi O Sol, em 2016. Escrevi a música em Balneário, na Praia Central. No final de 2017 a gente lançou a música e o “bagulho” começou a ficar “louco”.

“Tem aquela história de que quando o cara está mal é que vem as músicas boas. E vem mesmo, vem umas ‘pedradas’”

105

Quando você sentiu que realmente a música pegou?

Foi no carnaval de 2018 que a “parada” explodiu de um jeito que nunca vi. Tomara que eu veja outras vezes na vida. Lembro que fui surfar um dia de manhã e tinha uma menina escutando na areia da praia. Entrei no mar, alguém falou da música. Saí para almoçar e tinha um cara tocando no barzinho, no violão. Saí a noite com meus parceiros para dar um “rolê” e tava tocando o remix da música. Eu falei: “a parada estourou muito”. Já me mandaram vídeo do carnaval, um bloco de rua, todo mundo cantando: “ô, sol...”

Além desse momento, teve algum outro inesquecível na sua carreira?

O momento mais inesquecível foi quando conheci uma menina chamada Ana Luiza, uma criança de cinco anos, que estava fazendo um tratamento de câncer. Eu conheci em um show. Foi uma “parada” “animal”, não sei se vou viver uma coisa tão bonita quanto foi viver com a Ana do nosso lado. A nossa música ajudava ela nos tratamentos, que são pesadíssimos. A Aninha acabou virando “estrelinha” e eu pude me despedir dela. Depois dali nossa vida virou uma chave diferente. Os valores mudaram. Começamos a fazer som para a Ana e para todas as outras milhares de pessoas que a gente nem conhece. A Ana é muito presente pra gente, mesmo não estando aqui em matéria.

Qual é seu maior sonho?

Meu maior sonho é poder mudar a vida das pessoas

Parceria dos sonhos?

“Bah”, tem tantas. Talvez o John Mayer.

Como foi receber o convite da Sandy?

Foi tipo: “peguei a listinha de ‘zerar a vida!’” Foi bizarro. Ela é superquerida. Aquela família é um exemplo de simplicidade, humildade, de manter o pé no chão.

Quais são suas referências na música?

Eu cresci escutando Super Trap, que é uma doideira, meio psicodélica. Tem muitos arranjos vocais, todos são músicos fenomenais, tocam piano, guitarra, instrumentos de sopro. É algo que me enriquece muito musicalmente. Sai do óbvio. Eu gosto demais de Natiruts, é uma banda nacional que eu acho incrível. Oasis, que é mais barulheira, curto para caramba. Tem um cara que é “nada a ver”, o Ole Børud, um norueguês que eu acho que é mais do ramo do gospel, ninguém conhece muito. Ele tem a música Backyard Party, que é uma aula de “sonzera”. Os outros vocês já sabem: Mayer, Ed Sheeran, Bruno Mars. Também caminho um pouco pela MPB, gosto de ouvir Caetano, Djavan, Lenine. Acho foda. E rock, adoro a energia. No meio disso tudo, dessa mistura, acaba saindo o meu som.

Após os shows de Portugal, em 2019, você tem conquistado ainda mais fãs em territórios internacionais. Você pretende fazer turnê em outros países agora? Essa tour em Portugal foi insana, foi um negócio incrível, chocante. A gente quer que o ano que vem seja o nosso ano de ouro, quer ir pela primeira vez para os Estados Unidos, quer chegar em mais territórios. Eu estou querendo começar a fazer aulas de espanhol. Já falo um pouco do inglês, mas quero fazer mais aulas para aperfeiçoar. Enquanto estão deixando a gente sonhar, a gente vai sonhando, vamos abrindo os caminhos!

106 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Vitor Kley

“Meu maior sonho é poder mudar a vida das pessoas”

107
Estranhamente familiar DAVID LACHAPELLE TRANSFORMOU A FOTOGRAFIA DE CELEBRIDADES EM UMA FORMA DE ARTE COM SEU ESTILO SURREAL, COLORIDO E PROVOCATIVO. HOJE, ELE VIVE NO HAVAÍ, DISTANTE, MAS NÃO TOTALMENTE ALHEIO À INDÚSTRIA QUE O CONSAGROU Por Marina Monzillo Fotos Divulgação 5 min foto alamy 108 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Pessoas
109
“A Paixão de Kayne West” retratou o rapper norte-americano como Jesus, na capa da revista Rolling Stone, em 2006
110
Todas as fotos © David LaChapelle Studio / Cortesia da TASCHEN
TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Pessoas

Kanye West encarnando Cristo, ostentando uma coroa de espinhos. Leonardo DiCaprio deitado em uma banca de frutas, com bananas na mão. Eminem, nu, com cara de menino travesso, segurando o que parece ser uma dinamite prestes a detonar. A ícone trans Amanda Lepore como Marilyn Monroe no famoso quadro de Andy Warhol. Se imagens como essas existem na moda, na publicidade e na arte contemporânea é porque o trabalho do fotógrafo David LaChapelle distinguiuse inabalavelmente nos últimos 30 anos, moldando a chamada “era das celebridades” e criando um estilo de retratos que a revista Vice recentemente descreveu como uma “celebração surrealista” e uma “sátira atrevida”. O norte-americano de 59 anos é considerado um dos mais marcantes cronistas da cultura pop, e sua assinatura é uma estética de cores explosivas, com um nível de detalhe que parece preciso demais para ser real, além de características lúdicas e religiosas. São fotos que contam histórias inteiras, em cenas improváveis com personagens e elementos interagindo em paisagens inusitadas. É o “familiar que se torna estranho”, como a crítica também costuma pontuar sobre LaChapelle. Passando por capas de álbuns, ensaios de revistas e direção de videoclipes, clicando modelos, artistas e até políticos, o fotógrafo registrou praticamente todo mundo que simbolizou o glamour e a fama das últimas décadas. David Bowie, Madonna, Britney Spears, Angelina Jolie, Gisele Bündchen e Hillary Clinton são alguns nomes, mas a lista é bem longa. “Sempre me interesso pelas pessoas que compõem nosso mundo, as figuras célebres da época em que vivemos”, diz LaChapelle. “Eles dizem muito sobre a natureza do tempo em que estamos.”

Reflexões sobre a fama e o consumismo aparecem nas imagens de Amanda Lepore, como a Marilyn Monroe de Andy Warhol (2003), e de Leonardo DiCaprio, entitulada Unspoiled (1996)

111

“Como artista, você pode escolher o que criar, e eu sempre quis fazer fotos que usassem beleza e tocassem as pessoas, as comovessem e as inspirassem” -David LaChapelle

112
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Pessoas
TOP

Ao lado, Would-Be Martyr e, no alto, 72 Virgins, de 2008, são exemplos das claras referências religiosas do fotógrafo

113

Profano e sagrado

Desde os anos 1990 consagrado como astro da fotografia, LaChapelle foi revelado muito jovem, aos 17 anos, por Andy Warhol. O mestre da pop art conheceu o talentoso adolescente, que havia fugido de casa, no estado de Connecticut, para o East Village nova-iorquino, durante uma noitada no lendário Studio 54, e lhe indicou para um emprego na Interview Magazine.

Suas fotos na seção de entrevistas da revista chamaram a atenção e logo ele se viu criando capas editoriais e campanhas publicitárias. “Foi fazendo esses trabalhos que aprendi a me comunicar e a ter clareza em uma imagem, não apenas adicionar mais confusão ao mundo”, comentou o fotógrafo. Seguindo os passos de seu mentor, ele construiu uma carreira artística obcecado com o encontro entre o consumismo e a fama.

Antes disso, porém, seus primeiros trabalhos refletiam o impacto da incerteza existencial de viver o auge da crise da AIDS na década de 1980, e retratavam integrantes da comunidade gay nova-iorquina como santos, mártires e anjos. “Quando comecei, muitos amigos estavam morrendo e eu pensei que ia morrer também. Queria um propósito para estar vivo. Não se tratava de dinheiro ou de deixar um legado. Tratava-se de fazer belas imagens para o mundo. Então usei todo o dinheiro que tinha no banco e mandei fazer essas asas desenhadas. Eu queria fotografar o espírito dos anjos e me aproximei muito de Deus.” LaChapelle queria trazer luz para aquele momento sombrio. “Como artista, você pode escolher o que criar, e eu sempre quis fazer fotos que usassem beleza e tocassem as pessoas, as comovessem e as inspirassem.”

Ao lado, Lady Gaga e Kanye West posaram juntos para LaChapelle em 2009

Em 2006, o fotógrafo fez a série Deluge, inspirada na estética renascentista

As fotos de LaChapelle contam histórias inteiras, em cenas improváveis e paisagens inusitadas
114 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Pessoas
Todas as fotos © David LaChapelle Studio / Cortesia da TASCHEN
115

A veia provocativa de LaChapelle aparece em Milk Maidens (1996) e Havaianas, campanha da marca brasileira lançada em 2012, nos EUA

116 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Pessoas
Todas as fotos © David LaChapelle Studio / Cortesia da TASCHEN

Ali aflorava também sua veia provocativa. Uma das mais conhecidas polêmicas de LaChapelle foi a série Jesus is my Homeboy, de 2003, em que reproduziu seis cenas bíblicas em ambientes suburbanos e com anônimos de diferentes grupos étnicos interpretando Cristo, Maria e os apóstolos, entre outros personagens. “No mundo da arte ou no mundo da moda, é quase um choque se falar de Deus ou de Jesus”, afirmou.

De Nova York ao Havaí

A documentação sobre a epidemia de AIDS, assim como a influência dos temas espirituais em suas criações – mais comerciais ou não – ao longo da carreira, são alguns dos destaques da maior exposição de LaChapelle já realizada nos Estados Unidos e sua primeira individual em um museu de Nova York. Em cartaz até janeiro de 2023, Make Believe, ocupa o Fotografiska New York com 150 trabalhos produzidos entre 1984 e 2022, alguns nunca exibidos. Estar em Nova York, apesar de algo frequente em sua rotina, agora significa um retorno às origens para LaChapelle. Há 12 anos, ele se estabeleceu em uma fazenda na ilha de Maui, no Havaí, e tem vivido mais distante do cosmopolitismo e da indústria da mídia e da fama que definiu sua carreira. Embora as fotos de celebridades que se tornaram obras de arte sejam o centro da atual retrospectiva, os temas fundamentais na trajetória de LaChapelle, como religião, meio ambiente, identidade de gênero e imagem corporal, são contemplados com ênfase na mostra. Make

Na série The Kingdom Come (2009), um sósia de Michael Jackson encarna um mártir, em uma homenagem póstuma ao cantor

117
“No mundo da arte ou no mundo da moda, é quase um choque se falar de Deus ou de Jesus” -David LaChapelle

Believe apresenta ainda algumas de suas produções mais recentes, que exploram novamente o divino, porém, das paisagens havaianas. “Eu troquei um tipo de selva por outro quando me mudei [de Nova York] para o Havaí”, diz LaChapelle. “Sempre encontrei paz na floresta, sempre encontrei direção lá. Há Deus na natureza.” Uma dessas novas séries mostra as luzes de um posto de gasolina se destacando em meio ao verde selvagem de Maui.

Ele conta que se divertiu muito com os trabalhos para revistas e marcas ao longo dos anos, mas que mudou sua visão sobre o consumo e a felicidade. “Eu amo glamour, moda e beleza – isso está com as civilizações desde sempre, mas eu precisava me afastar. Tenho feito fotos por outros motivos, além do comercial.”

Isso se reflete na maneira como lida com as redes sociais: “são apenas mais uma maneira de estar ocupado sem realmente fazer nada”, diz. Após resistir ao Instagram por um bom tempo – paradoxalmente, o principal canal de exibição das celebridades nos dias de hoje – LaChapelle se convenceu quando viu a possibilidade de estabelecer um relacionamento mais próximo com seu público. “Eu não queria que minhas fotos fossem tão pequenas. Eu não quero ver coisas aleatórias. Preferiria que as pessoas se esforçassem para folhear um livro ou ir a uma exposição.”

LaChapelle instiga seus fãs a ser tão cuidadosos com o olhar quanto ele é com suas lentes.

Identidade de gênero e imagem corporal sempre permearam o trabalho do artista, como em 1 Samuel 18:1 (2021) e no registro do rapper Tupac (1996)

LaChapelle afirma amar glamour, moda e beleza, mas a natureza do Havaí, onde mora agora, tem atraído suas lentes
118 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Pessoas
Todas as fotos © David LaChapelle Studio / Cortesia da TASCHEN
119
Ao lado, a atriz Pamela Anderson na campanha da marca de sapatos Amélie Pichard (2006). Abaixo, Uma Thurman em Uma’s Uber (2001) e East Village Morning (1995)
120
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Pessoas
Todas as fotos © David LaChapelle Studio / Cortesia da TASCHEN
TOP
121
122
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Cultura
TOP
Um giro pelos principais festivais do planeta SEJA VOCÊ FÃ DE POP, JAZZ, R&B, ELETRÔNICO, MÚSICA COUNTRY, CLÁSSICA, HOUSE MUSIC OU ROCK’N’ROLL, UMA COISA É CERTA: HÁ, PELO MUNDO, AO MENOS UM FESTIVAL DE MÚSICA PARA AGRADAR AOS SEUS OUVIDOS. SEIS DELES REÚNEM OS PRINCIPAIS NOMES DA MÚSICA NO PLANETA E PROMETEM PROPORCIONAR EXPERIÊNCIAS ÚNICAS PARA ARTISTAS E, CLARO, FÃS. CONFIRA! Por Barbara Tavares Fotos Divulgação 5 min 123

Não se sabe ao certo quando aconteceu o primeiro festival de música do mundo. As origens desses eventos remontam à Grécia Antiga e envolviam competições esportivas, teatrais e, claro, musicais. Os grandes festivais modernos, no entanto, têm seu ponto de partida e inspiração em um evento muito específico – e mítico, por assim dizer: Woodstock. Ele não foi o primeiro festival da era contemporânea, nem mesmo o maior, mas é, com certeza, o mais famoso. Uma fazenda na cidade de Bethel, no estado americano de Nova York, recebeu mais de 400 mil pessoas em agosto de 1969 para três dias de paz e música, como anunciado em panfletos e cartazes. O evento, que inicialmente disponibilizou ingressos para venda, acabou se tornando gratuito, já que não havia grades ou funcionários o suficiente na equipe para controlar a entrada de pessoas. Jimi Hendrix, Janis Joplin, The Who, Santana e Creedence Clearwater Revival foram alguns nomes que subiram ao palco de Woodstock e comandaram multidões, no que é considerado um marco do movimento de contracultura da década de 1960, fenômeno antiestablishment que defendia direitos civis, libertação sexual, fim das guerras (em especial a Guerra do Vietnã), da segregação racial, da supremacia branca e das diferentes interpretações do “sonho americano”.

Com o passar dos anos, o espírito comunitário de Woodstock deu lugar aos festivais de música com modelos de negócios que conhecemos hoje. Na última década, principalmente, os eventos ganharam investimentos graúdos, ativações de marcas, múltiplos palcos, diferentes gêneros musicais reunidos e cada vez mais popularidade, impactando economias locais em centenas de milhões de dólares e com ingressos que se esgotam em questão de minutos. Na lista a seguir, detalhamos seis dos principais festivais de música pelo mundo para curtir sem pedir licença. Todos a bordo!

124 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Cultura
Woodstock 1969 foi um dos festivais mais icônicos da história da música moderna e seu legado, que impactou gerações de
alamy 125
foto

Glastonbury

O evento começou em 1970 com apenas 1.500 pessoas em uma fazenda em Pilton, Somerset, no sudoeste da Inglaterra. Os ingressos custavam 1 libra e davam direito a leite de graça na fazenda. No ano seguinte, com o nome de Glastonbury Fair, o evento recebeu 12 mil pessoas, não cobrou ingressos e contou com David Bowie no line-up. Foi em 1981 que o festival passou a se chamar, de fato, Glastonbury Festival, e ter edições anuais.

A enorme área que o festival ocupa é cercada de simbolismo, mitologia e tradições milenares. Acredita-se que o Rei Arthur esteja enterrado ali, e também que seja o local onde as linhas de ley, supostos alinhamentos geográficos e históricos desvendados pelo arqueólogo Alfred Watkins, convergem.

Misticismo à parte, o fato é que Glastonbury é um dos mais populares festivais de música e recebe centenas de milhares de visitantes em suas edições, que em sua maioria acampam na grande área que permeia a Worthy Farm. Já se apresentaram por lá artistas como The Cure, Elvis Costello, Oasis, Radiohead, Coldplay, Paul McCartney, Beyoncé, U2, Adele e The Rolling Stones, para citar alguns.

126
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Cultura
TOP

Inspiração para outros que vieram em seguida, o Glastonbury se consolidou como um evento que preserva a cultura de comunidades, e não há chuva ou lama que possam atrapalhar a festa

127
fotos alamy

Festival Internacional de Jazz de Montreal

Detentor do recorde de maior festival de jazz do mundo, o Montreal International Jazz Festival, no Canadá, acontece anualmente desde 1980 e reúne cerca de 3 mil artistas de mais de 30 países, mais de 650 concertos em 20 palcos (incluindo 450 apresentações gratuitas ao ar livre), recebendo mais de 2 milhões de visitantes por ano.

Caminhando para sua 43ª edição em 2023, o festival já recebeu nomes como Ray Charles, Miles Davis, B.B. King, Chet Baker, Gilberto Gil, Caetano Veloso, João Gilberto, Tony Bennett, Leonard Cohen, Ella Fitzgerald, Stevie Wonder, Herbie Hancock, Aretha Franklin, Nina Simone… Está bom ou quer mais?

128 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Cultura

Com mais de 40 anos de história, o Montreal Jazz Fest fez de um encontro casual de fãs de jazz um festival que recebeu as maiores lendas da música internacional

129

Rock in Rio

O ano era 1985 e o Brasil passava por grandes transformações. Após mais de 20 anos sob o regime da ditadura militar, o país dava seus primeiros passos rumo à democracia. Foi nesse cenário que nasceu o Rock in Rio e, pela primeira vez, um país da América do Sul sediava um evento musical daquela magnitude. Foi histórico: dez dias de festival tomaram a Cidade do Rock, no Rio de Janeiro, e mais de 1,3 milhãs de pessoas se reuniram para ver Queen, Rod Stewart, AC/DC, Iron Maiden, James Taylor, alguns desses até então inéditos no Brasil, além de artistas nacionais como Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Barão Vermelho, Rita Lee, e muitos outros.

A edição seguinte, em 1991, aconteceu no Maracanã e foi igualmente histórica, com shows de Prince, Guns N’ Roses, George Michael e A-ha. O festival passou por um hiato de dez anos e voltou à Cidade do Rock em 2001, onde introduziu nomes além do rock, como N’Sync, Britney Spears e a Orquestra Sinfônica Brasileira. O Rock in Rio só voltou a acontecer no Brasil novamente em 2011, quando passou a ter edições a cada dois anos no país.

A expansão internacional veio em 2004, com o Rock in Rio Lisboa, em Portugal. A “terrinha” já recebeu mais de oito edições, com algumas acontecendo simultaneamente em Madrid, na Espanha. Até Las Vegas já teve seu próprio Rock in Rio, em 2015. Segundo a organização do festival, mais de 12 milhões de pessoas já passaram pelas plateias nas 22 edições de Rock in Rio.

130 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Cultura
O Rock in Rio colocou o Brasil no circuito do rock’n’roll e do show business internacional, e é uma das maiores empreitadas do entretenimento ao sul do Equador
131

Lollapalooza

Tudo começou como uma turnê de despedida da banda Jane’s Addiction. Seu vocalista, Perry Farrell, idealizou a turnê como um grande festival itinerante que cruzou Estados Unidos e Canadá no verão de 1991. O line-up incluía artistas de rock alternativo, como Siouxsie and the Banshees; música industrial, como Nine Inch Nails; e até rap, com performances de Ice-T. Em 2005, após anos acontecendo em várias cidades nos Estados Unidos, o Lollapalooza fincou raízes no Grant Park, em Chicago, atraindo 65 mil pessoas em um calor de 40 graus para ver bandas como The Killers, Billy Idol, Arcade Fire e The Black Keys. Foi em Chicago que o Lollapalooza se estabeleceu como um festival de destino único, cresceu e tornou-se famoso mundialmente.

foto alamy 132
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Cultura
TOP

O début internacional veio em 2011, com a primeira edição em Santiago, no Chile. No ano seguinte, a estreia no Brasil, no Jockey Club de São Paulo. Foi só em sua terceira edição no país, em 2014, que o festival passou a acontecer no Autódromo de Interlagos, onde segue até hoje. Argentina, Alemanha, Suécia e França também recebem edições anuais, tornando o Lollapalooza um sucesso global. Em julho deste ano, a organização do festival anunciou a primeira edição no continente asiático para janeiro de 2023, em Mumbai, na Índia.

133

Coachella

Um dos mais populares festivais de música no mundo, o Coachella é um verdadeiro fenômeno de apresentações e público, e tornou-se esse gigante muito por conta do buzz gerado nas redes sociais e em veículos de notícias que cobrem extensivamente suas edições, das performances às tendências de moda e comportamento criadas ali.

A primeira edição do Coachella Valley Music and Arts Festival aconteceu em 1999 em Indio, cidade no meio do deserto na Califórnia. Em 2001, após um ano sem festival, o Coachella passou a acontecer anualmente no mesmo local, sempre na primavera do hemisfério norte. Björk, Amy Winehouse, Dr. Dre e Snoop Dogg (que fizeram uma apresentação histórica em 2012 ao cantar juntos com um holograma do rapper Tupac, morto em 1996), Red Hot Chili Peppers, Jay-Z, Kanye West, Blur, OutKast, Drake, Lady Gaga, Kendrick Lamar, The Weeknd, Eminem, Ariana Grande, Beyoncé e a brasileira Anitta são alguns dos nomes que já performaram no palco principal do Coachella.

TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Cultura 134

O Coachella é um dos maiores exemplos de como as mídias sociais podem transformar a cobertura de shows e alavancar um festival de música a um evento de influência global

IMAGEM: UNSPLASH/ANDREW RUIZ REPRODUÇÃO/INSTAGRAM @COACHELLA REPRODUÇÃO/GOTHAMMAG.COM 135

Tomorrowland

A pequena cidade de Boom, na Bélgica, tem cerca de 18 mil habitantes. Desde 2005, no entanto, uma vez ao ano, no verão, recebe centenas de milhares de pessoas – foram 600 mil na última edição, em 2022 – para o Tomorrowland, festival de música eletrônica que figura entre os maiores e mais importantes do mundo.

Os gigantescos palcos que variam suas formas de acordo com o tema do festival – que também pauta as belas fantasias usadas pelos visitantes – abrigam os maiores DJ’s e produtores musicais da atualidade, como Armin Van Buuren, David Guetta, Swedish House Mafia, Avicii (que ganhou uma série de tributos no festival após sua morte, em 2018), Tiësto, Hardwell, Skrillex, Steve Aoki, Fatboy Slim, Axwell Λ Ingrosso, Martin Garrix, Dimitri Vegas & Like Mike e outros importantes nomes do EDM (electronic dance music).

136
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Cultura
TOP

A meca da música eletrônica reunida em uma pequena cidade na Bélgica. Adicione à fórmula enormes e coloridas esculturas e figuras mágicas espalhadas por todo o lugar e dance sem parar!

137
jovial NESTA COZINHA NÃO PODEM FALTAR ALHO E PIMENTA DO REINO NUNCA. UMA BELA CARNE NA BRASA E UM LEGÍTIMO PRATO DA CULINÁRIA ITALIANA TAMBÉM NÃO. CONHEÇA MAIS DOS CHEFS E SÓCIOS DO LÁ NA COZINHA, QUE OFERECEM UMA PROPOSTA DIFERENCIADA PARA CATERING, EVENTOS CUSTOMIZADOS, ENTRE OUTRAS OPÇÕES 138 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Gastronomia
Toque
139

Quando Leandro Milan e Paula Giannaccari se conheceram, não imaginavam que seus destinos iriam se cruzar mais de uma vez. Leandro (33) era professor do curso de Gastronomia do Senac São Paulo e Paula (33), na época, morava em Minas Gerais e veio fazer um curso de 40 dias de gastronomia. Foi ali que se conheceram e começou uma conexão para os negócios. Conversa vai, panela vem, os dois viram interesses em comum para criar uma empresa que atendesse de forma personalizada diferentes necessidades da clientela quando o assunto é gastronomia. Voltando um pouco no tempo, Leandro e Paula tiveram diferentes experiências no mercado. Ele é hoteleiro e cozinheiro formado pelos Hotéis Senac de Águas de São Pedro e de Campos do Jordão, foi subgerente de A&B no Clube Monte Líbano gerenciando sete restaurantes e docente do Senac. Por sua vez, ela é formada em Administração Hoteleira pela Anhembi Morumbi e pós-graduada pelo Mackenzie em Gerenciamento de Processos, fez especialização em produção de massas frescas e panificação na Itália, atuou durante cinco anos no grupo St. Marche e foi responsável pela implantação do Eataly Brasil coordenando a produção de cinco restaurantes. O primeiro encontro foi como aluna e professor, mas depois veio a ideia do negócio e lançaram o Lá na Cozinha. Vem saber mais!

Como resolveram se unir e montar o Lá na Cozinha?

Na verdade, montamos o nosso espaço em outubro de 2019 e logo em seguida veio a pandemia. Com isso, o setor alimentício teve que se reestruturar, ou melhor, tivemos que recalcular nossa rota. Naquele momento tivemos que parar

com o Lá na Cozinha e fomos em busca de um negócio para delivery , algo que tinha muita procura naquele momento. Encontramos um espaço no bairro do Belém, na zona norte de São Paulo, e montamos o Lá na Pizzaria, que depois passou a se chamar Zarotti. Montamos uma pizzaria e rotisserie apenas para entrega. Tínhamos pizzas todos os dias, além de massas frescas e costela assada no barbecue. Foi uma experiência diferente, mas conseguimos uma clientela fiel e ficamos com o ponto por dois anos. Até percebermos que era o momento de voltarmos ao nosso antigo sonho e colocarmos toda a nossa energia no Lá na Cozinha novamente.

Qual o conceito do Lá na Cozinha? O Lá na Cozinha é um produto exclusivo para um público mais seleto, que quer ter um cardápio refinado e personalizado. Oferecemos tanto o serviço de catering para um evento corporativo, elaboramos menus para festas particulares, ou ainda temos os pratos da linha ToGo para aqueles que desejam receber os amigos em casa e ter pratos saborosos e refinados para servir aos seus convidados. Já fizemos eventos, por exemplo, para a empresa T4F Musicais e para o Acer do Brasil. Poderíamos definir o LNC como gastronomia de qualidade com preço justo.

Qual o diferencial da empresa? Resolvemos abrir um coworking de cozinha com aluguel do espaço por hora, dia ou semana e, com isso, ajudarmos quem está começando no mercado, os empreendedores. Algo mais moderno e arrojado. Esse foi o nosso grande intuito, pois tudo era muito caro para quem estava começando. Fundamos oficial -

“O Lá na Cozinha é um produto exclusivo para um público mais seleto, que quer ter um cardápio refinado e personalizado”
140 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Gastronomia
141
142 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Gastronomia
Brie folhado com castanhas e mel e, na página ao lado, Wellington de salmão na massa filo

mente em 2019 e, desde então, fizemos mudanças e adaptações para nos ajustarmos e mostrarmos ao que viemos ao mercado, que é disputado, mas tem espaço para todos que querem trabalhar de forma séria e com amor.

Quais serviços oferecem atualmente?

Nós conseguimos oferecer uma experiência completa, com personalização de cardápio.

Hoje, temos três frentes de atuação: área de eventos, treinamentos e consultorias. Além disso, oferecemos o serviço de banqueteria ToGo, desenvolvemos produtos para Food Service, elaboramos cardápios e temos a locação da cozinha. Nossa cozinha é toda equipada e tem sido escolhida tanto por grupos de amigos que querem se reunir para cozinharem juntos como para experiências corporativas, aulas particulares, gravações e produções culinárias.

Quais os pratos mais marcantes e saborosos que o Lá na Cozinha tem?

(L) Eu acho que nossos carros-chefes são a costela barbecue e o nosso pudim.

(P) O Brie folhado com castanhas e mel é outra de nossas especialidades. Além do rosbife, que é bem caseiro e nada de

ultraprocessamento ou de química, muito saboroso.

Qual a culinária predileta?

(L) Eu gosto de trabalhar com produtos na brasa e barbecue . Não dispenso alho nos meus preparos.

(P) Quando penso em culinária predileta, lembro de minhas origens familiares e do meu tempo morando na Itália, então, não nego que minha eterna preferência é pela culinária italiana. Por isso, uma bela pimenta do reino é um item indispensável na minha cozinha.

Quais chefs vocês admiram?

(L) Eu admiro os chefs Alex Atala e o Laurent Suaudeau.

(P) Eu gosto muito também do chef Laurent Suaudeau e da chef Renata Vanzetto.

Com quem gostariam de dividir a cozinha ou restaurante que desejam conhecer?

(L) Eu gostaria de ter a oportunidade de trabalhar com o chef argentino Francis Mallmann (ele é especialista em culinária argentina e patagônica, com uso de diferentes técnicas de churrasco patagônico).

(P) Eu sonho em conhecer a La Bastide de Moustiers, na região da Provence, na França.

“Fizemos mudanças e adaptações para nos ajustarmos e mostrarmos ao que viemos ao mercado, que é disputado, mas tem espaço para todos que querem trabalhar de forma séria e com amor”

143

studio mundo top #

144 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Studio Mundo TOP

NESTA EDIÇÃO, O STUDIO MUNDO TOP RECEBEU DOIS NOMES QUE VEM TRAZENDO MUITA NOVIDADE, EXPERIMENTAÇÃO E INOVAÇÃO PARA O CENÁRIO DO ROCK/MPB: GABRIEL GONTI E PE LU. SAIBA MAIS SOBRE OS PROJETOS, PARCERIAS E SONHOS DE CADA ARTISTA NAS PRÓXIMAS PÁGINAS!

Fotos Miro 7
145
min

Gabriel canta o bom da vida

Com letras que falam de amor, amizade, alegria e leveza, Gabriel Gonti tem se destacado na nova cena musical brasileira. Em 2022, foi um dos três artistas brasileiros do line-up do SXSW, um dos festivais de cultura e tecnologia mais importantes do mundo, que acontece todos os anos em Austin, no Texas. Na mesma turnê, tocou em Miami e Nova York. O cantor e compositor, que é natural de Patos de Minas (MG), já rodou o Brasil abrindo shows da banda norte-americana Boyce Avenue, teve uma música produzida por Maria Rita e está hoje no Top 10 dos artistas de pop nacional mais tocados nas rádios do Brasil.

Como é o seu processo de composição? Você tem um ritual?

Escrevo sobre coisas que estou vivendo ou que gostaria de viver. Tenho um caderno na mochila, ando com ele. Quando estou sem o caderno, escrevo no telefone. Gosto muito de ler também. Não sei o nome de um monte de escritores, mas tenho alguns preferidos, como Rubem Alves, Clarice Lispector, Érico Veríssimo e Machado de Assis. Estou lendo Dom Casmurro. Eu

gosto de escrever crônicas. Fiz um show em Curitiba e escrevi uma crônica sobre o que vivi lá. É uma diversão e está atrelado ao processo de composição.

Como foi a turnê com a Boyce Avenue?

A princípio, ia abrir só uns dois ou três shows, mas acabaram sendo oito. Foi muito maior, foi bem impactante para mim, porque tinha duas, três mil pessoas e eu fiz só voz e violão. Isso e cativar um público que não era meu foram os maiores desafios.

Como foi a sua parceria com a Maria Rita? A música se chama Odoyá, que é uma saudação a Iemanjá. Ela é super devota de Iemanjá. Eu compus a música e chamei ela para participar. Fiquei muito feliz e emocionado com ela no estúdio, porque foi a primeira vez que ela produziu uma música que não é dela. Tem alguma outra parceria que você gostaria muito de fazer? Eu admiro muito as composições do Nando Reis. Ele escreve sobre família e eu tenho esse lance com a família também.

146 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Studio Mundo TOP
Por Fernanda Ávila e Vivian Monicci Styling Bárbara Noval Beleza Bruna Pezzino 5 min
147
148
MAGAZINE EDIÇÃO 265 Studio Mundo TOP
TOP

E com os amigos próximos, tipo o Vitor Kley. Essa parceria com amigos é muito legal. Também já compus com a Anavitória.

Você cantou no SXSW e fez turnê nos Estados Unidos. Como foi isso?

Fui no South by Southwest, em Austin. É tipo um festival com várias frentes: cinema, arte, cultura, tecnologia e até negócios. E foi minha primeira turnê nos Estados Unidos. Abri o show da Anavitória em Miami. Depois, fui para Austin e Nova York, em Rockwood. Eu quero muito voltar para lá. Não só para os Estados Unidos, mas para a Europa também, que nunca fui. Portugal tem muito ouvinte.

Quais são seus próximos projetos?

Eu tenho uma grande conquista: tocar no Rock in Rio no dia do Coldplay, no palco do Itaú com o TikTok. E vou lançar mais datas da minha turnê solo que começou na minha terra, Patos de Minas, e vai para as principais capitais. Outro projeto é meu novo álbum. São 12 músicas. Vai ter música na rádio, clipes, tudo isso.

Você já foi em algum Rock in Rio? Já tinha alguma relação com o festival?

Fui três vezes já. Esse ano eu falei: “não vou comprar, porque eu vou tocar”. E rolou. Eu coloquei energia nisso.

Quais são suas referências na música? Internacionais: John Mayer, Coldplay e Oasis. Nacionais: Milton Nascimento, Humberto Guedes, Flávio Venturini –meu pai sempre cantou as músicas deles e tem tudo a ver com as minhas composições. E também Skank, Jota Quest, Nando Reis.

Como o TikTok, o Instagram e as plataformas de música ajudam na divulgação? Você sente que tem um impulso muito grande?

Eu acho que passou dos limites saudáveis. Eu gosto de viver a vida fora da internet, sou do esporte, do dia. Mas eu tô lá (nas redes) e sei a importância de trazer energia boa para a galera, principalmente com tanta coisa ruim acontecendo. Eu acho que meu papel como cantor é passar essas mensagens para quem está escutando. Parece um devaneio, mas é real. Eu não sou de levantar bandeiras políticas, vou muito mais nas letras existencialistas.

Qual é o seu maior sonho?

Era tocar no Rock in Rio. Compor e ver as pessoas recebendo as músicas reverbera na minha satisfação de estar na caminhada e fazendo shows. Meu objetivo é fazer turnês no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa e ver as pessoas curtindo. Sempre lançando música e fazendo parcerias valiosas.

Assessoria de imprensa BPMCOM 149
“Não sei o nome de um monte de escritores, mas tenho alguns preferidos, como Rubem Alves, Clarice Lispector, Érico Veríssimo e Machado de Assis”
150
EDIÇÃO 265 Studio Mundo TOP
TOP MAGAZINE

Hibridismo musical

EX-RESTART, EX-SELVA, PE LU É UM PESQUISADOR DE NOVAS VERTENTES. APROVEITOU A PANDEMIA PARA SE REINVENTAR, SEGUE LANÇANDO MÚSICAS SOLO E BUSCANDO PROJETOS INOVADORES NO CENÁRIO MUSICAL

Pe Lu é Pedro Lucas Munhoz, cantor, produtor e compositor que ficou conhecido nacionalmente por integrar a banda Restart, fundada em 2008. Foi também dupla de Brian Cohen no Selva, projeto de house pop que misturava pop com batidas eletrônicas. Mas veio a pandemia e o músico, que transita bem por muitas vertentes, encontrou novos caminhos. Hoje, além de produzir outros artistas, como João Guilherme (seu sobrinho), comanda dois selos – Papaya e Lofi Land – trabalha em projetos especiais e segue investindo numa carreira híbrida, sempre com o olhar atento às possibilidades de inovar no cenário musical.

Como e quando nasceu o seu interesse pela música?

Quanto eu tinha 12 anos. Antes disso, eu dizia para todo mundo

que queria ser jogador de futebol. Jogava em escolinha de bairro, fiz uma “peneira” no Corinthians e joguei um ano no time de base, mas fui dispensado. Fiquei com o coração partido e decidi que não queria mais jogar. Meu pai é músico, então já tinha isso em casa. Comecei a tocar guitarra, fui tomando gosto, conhecendo outras pessoas que gostavam de música, montava bandinha. Na época do vestibular, ser artista era a minha opção, fiz faculdade de Produção Musical.

Nos vimos pela última vez aqui em 2019. O que aconteceu nesse tempo?

A pandemia (risos). Quando paramos o Restart, logo veio o Selva, foi tudo na sequência. Eu vivi 13 anos nesse meio. E a pandemia foi essa loucura, me fez pensar sobre

Por Fernanda Ávila e Vivian Monicci Beleza Ju Shinoda 5 min
151

o que eu realmente queria como artista e como ser humano. A minha saída do Selva teve a ver com isso, eu não sabia se queria estar na estrada daquele jeito frenético. Nossa separação não foi logo no início da pandemia, foi um tempo depois. Mas eu e o Brian somos sócios de um estúdio em São Paulo. Seguimos juntos, escrevendo música. A pandemia me obrigou a andar para outros lugares. Fiquei seis meses fechado dentro de casa com a Natália, minha esposa. Então, montei um estudiozinho em casa, mas estava tudo muito estranho, né? Ninguém sabia o que ia acontecer. Tive um desespero inicial e, passada aquela esperança de que ia durar apenas um mês, comecei a buscar outras coisas. Comecei a focar em produção e composição para outras pessoas. Assim nasceram os selos Papaya e Lofi Land. O Papaya é o selo de música brasileira Indie Rock. O Lofi Land se refere, de maneira bem simplista, à música instrumental com beat. Uma música que ajuda a se concentrar, a entrar em um estado de flow. Comecei a ouvir esse tipo de música para relaxar e me envolvi nesse negócio, conheci os produtores. Apesar do conceito ser pouco conhecido, é uma cena muito grande, tem vários artistas nacionais fazendo. Eu comecei a cavar e achei muita gente com milhões de views em plataformas de música. Lançamos o Lofi Land e um compilado de dez músicas brasileiras muito famosas em versão Lofi.

Depois de tudo isso envolvendo a pandemia, como estão os seus projetos de carreira solo?

Eu comecei a lançar minhas músicas solo no final do ano passado. No começo deste ano, fizemos também um projeto de carnaval, o Carnaval no Sofá, um EP com quatro releituras de axés em uma ver-

são de mais brasilidade. Tem Banda Eva, Claudia Leitte, Chiclete com Banana e Timbalada. É um projeto do qual tenho muito orgulho. Minha mãe é baiana, tenho uma relação muito forte com a Bahia, sempre que vou para lá é muito legal, é um lugar que me atrai, também gosto da Umbanda. Pensei em subverter músicas muito conhecidas do carnaval e trazer elas para a realidade do meu som, um som mais intimista e introspectivo. Pensei no axé, por conta dessa minha ligação sanguínea, espiritual e tal. Depois lancei mais dois singles. E agora estou a fim de lançar um disco. Estamos no processo, mas estou respeitando minha descoberta artística, não tenho pressa.

Quais são os seus outros grandes sonhos na música?

Eu sou muito inquieto. Os trabalhos que tenho feito com os selos são muito empolgantes, porque posso trabalhar de outra perspectiva. Sempre fui artista, produtor e compositor. Agora posso atuar como gerenciador de músicas. Perceber a diferença que dá para fazer na vida de outros artistas é muito legal. Ver o sucesso do outro é “irado”. Também sou empresário do João Guilherme. Sonhar os sonhos dele é muito legal. Eu sou muito realizado. Enxergo meu futuro muito híbrido, contribuindo com outras pessoas também.

Você tem alguma parceria dos sonhos? Em nível utópico (risos), Caetano, Gilberto Gil e João Gilberto. Por conta da minha influência de MPB, bossa nova etc. Em nível mais real, tenho um projeto que estamos tentando fazer com o Zeca Baleiro. Tenho buscado tornar a minha carreira um lugar de encontro com outras pessoas. Enxergo parcerias como encontros.

152 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Studio Mundo TOP
“Perceber a diferença que dá para fazer na vida de outros artistas é muito legal. Ver o sucesso do outro é ‘irado’”
153

Por Trás Desta Edição

Acesse nosso Instagram 154 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 265 Backstage

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.