Boletim Municipal - 2.º e 3.º trimestres 2020

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a voz da oposição

A pandemia não é igual para todos Helena Pinto Vereadora do Bloco de Esquerda

Ninguém esperava viver dias e meses como acontece desde Março. Um vírus desconhecido, altamente contagioso, instalou-se nas nossas vidas e obrigou à mudança de hábitos, de formas de estar e de conviver. Com este vírus irrompeu uma crise social e económica. Desemprego, redução de rendimentos, doença, isolamento, tudo isto bateu forte no nosso povo. E se é verdade que o vírus não escolhe quem ataca, também é verdade que as consequências desse ataque não são iguais para todos. Os mais vulneráveis foram e são os mais atingidos, seja devido a doença ou à idade, seja quem é mais pobre e quem trabalha em regime de precaridade – os primeiros a serem despedidos e que ainda hoje não receberam os apoios prometidos. A pandemia cumpriu o que estava anunciado. Uma segunda vaga, mais forte, chegou. O Serviço Nacional de Saúde provou estar à altura e ser o único capaz de responder perante uma situação pandémica desta dimensão. Os/as profissionais de saúde deram e dão o máximo. Mas não se aproveitou o verão para fazer os investimentos necessários e tomar as medidas indispensáveis para o reforço do número de profissionais. E estamos a pagar por isso. O Bloco de Esquerda afirmou desde o princípio da pandemia que só a articulação entre os vários níveis de governa-

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ção na implementação de medidas, por um lado sanitárias, de prevenção e combate aos vírus e por outro de apoio às pessoas, à economia e às instituições que prestam cuidados, permitiria resistir e aliviar algumas das consequências da pandemia. Continuamos a pensar o mesmo. Ao nível local, e em vésperas de tomar decisões sobre o orçamento municipal para 2021 há que fazer opções e justificá-las com toda a transparência. Não tenho dúvidas que devemos ter um orçamento de excepção para fazer face a uma situação excepcional. Infelizmente o primeiro sinal dado pelo PS foi negativo, ao não aceitar reduzir de forma significativa a taxa do IMI. Teremos que concentrar o orçamento em medidas de apoio às pessoas e para tal é necessário um Fundo de Emergência Social. Para as micro e pequenas empresas, nomeadamente o comércio local na cidade e nas freguesias, onde se incluem pequenas fábricas e oficinas e outros prestadores de serviços, assim como o sector da restauração. São estes sectores, que criam e mantêm emprego, que desempenham um papel único na vivência social, que precisam do apoio da autarquia e não as grandes cadeias de distribuição alimentar, que até lucram com a pandemia. A maioria socialista na Câmara Municipal protagonizou um dos momentos mais tristes da nossa história recente – negou apoio ao comércio local e isentou de taxas no valor de 94 mil euros uma grande superfície. Parece um filme do avesso. O BE continua a propor e a bater-se para que o município tenha uma política equilibrada e justa, nomeadamente com um orçamento para 2021 que responda às necessidades. Um apoio extraordinário para ajudar ao pagamento de rendas dos imóveis do comércio local e emissão de vales de modo a investir uma verba significativa nestes pequenos negócios. É o mínimo que se deve fazer. Saúde e protejam-se.


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