Notícias da Marioneta #9

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NM

MARIONETAS ESTRELAS DE CINEMA

Há uma década e meia que o Museu da Marioneta recebe as exposições temporárias da MONSTRA –– Festival de Cinema de Animação de Lisboa. Pretexto para dedicarmos um número às personagens, adereços, cenários e magia do cinema de animação.

museudamarioneta.pt
Notícias da Marioneta fevereiro 2023 NM9

P4 No mundo das marionetas P5-9 Tema – Marionetas estrelas de cinema P12 Coleção – Super-Crédito P13 Outras coleções – MoMI (Museum of Moving Images) P14-15 A vida no Museu

A nova NM está disponível no Museu da Marioneta e em vários locais da cidade. Pode também recebê-la por correio, deixando-nos a sua morada em museu@museudamarioneta.pt

Nas salas do antigo Convento das Bernardas há marionetas e máscaras de várias partes do mundo. A visita ao Museu é como uma viagem por lugares próximos e distantes, em diferentes épocas. Todas as marionetas desta edição fazem parte do acervo do Museu.

Marionetas de Java, Indonésia. Wayang Golek

Máscaras e marionetas da Tailândia, Java e Bali

Sombras. Máscaras e marionetas do Sri Lanka

Marionetas de vara da China, marionetas de fios de Mianmar e máscaras do Japão

Marionetas de água do Vietname

Marionetas da Europa

Sala Sogobò (marionetas e máscaras africanas)

Marionetas e máscaras da América Latina

Bonecos de Santo Aleixo, Alentejo, Portugal

Robertos e marionetas de fios portuguesas

Marionetas de luva portuguesas

Marionetas portuguesas de luva e fios

Marionetas de São Lourenço

Marionetas portuguesas

Marionetas de cinema de animação

Reservas

NM - Notícias da Marioneta – Edição Museu da Marioneta

Revisor, personagem do filme A Suspeita

Autor: José Miguel Ribeiro

Portugal, 2000 Metal, tecido, resina, fibra de vidro, tinta Coleção Zeppelin Filmes

Direção Ana Paula Rebelo Correia Coordenação editorial Margarida Ferra Textos Ana Paula Rebelo Correia, Margarida Ferra Documentação Rita Luís Fotografias Ana Rita Mateus, Diogo Maia, José Frade, Margarida Ferra Design gráfico BuummDesign

A Sala Sogobò reabriu com novas peças da coleção de Francisco Capelo. Provenientes do Mali, na sua maioria representando animais, estas esculturas muito particulares levam-no ao universo dos rituais do Sogobò, ou “saída dos animais”. Expostas num contexto museológico apresentam-se agora numa outra performance, imóveis, sem a música e as danças de que fazem parte. É outra possibilidade de as ver, como peças escultóricas, retiradas dos seus corpos móveis, mas poderosas nas suas morfologias expressivas, nas cores vivas, nas formas surpreendentes de representar uma girafa ou um búfalo carregando na cabeça vários animais da savana, protagonistas de histórias lendárias nas quais homens e natureza se encontram e confrontam.

Mas o Museu da Marioneta é também um espaço onde as marionetas ganham vida e atuam. As obras da antiga capela e atual sala de espetáculos estão quase concluídas e a 11 de fevereiro, a sala reabrirá ao público com uma sessão única da peça Auto da Criação do Mundo, dos Bonecos de Santo Aleixo (CENDREV). Originários do Alentejo, os Bonecos de Santo Aleixo são uma das mais antigas formas populares de marionetas em Portugal. Manipulados por uma vara, atuam num “retábulo” de madeira e tecido, iluminados por pequenas lamparinas de azeite.

Ainda em fevereiro a sala retoma a sua função de espaço expositivo com a 16ª exposição em parceria com a MONSTRA – Festival de Cinema de Animação de Lisboa, dedicada a uma retrospetiva do cinema de animação em Portugal, que este ano comemora um século de existência. Embora não tenham chegado aos nossos dias cenários nem adereços dos primórdios do cinema de animação português, a MONSTRA propõe nesta exposição uma viagem no tempo para mostrar marionetas, cenários e adereços de filmes de animação de autores consagrados, que marcaram a história do cinema de animação na segunda metade do século XX. Estarão também em exposição, e em destaque, personagens, adereços e cenários do filme de Joana Imaginário A Casa de Guardar oTempo,

com estreia mundial marcada para março no Festival MONSTRA, e do filme O Casaco Rosa de Mónica Santos, em estreia e em competição de curtas portuguesas igualmente no Festival Monstra. A exposição abre ao público a 24 de fevereiro e pode ser vista até domingo 23 de abril. Como já é hábito, o Serviço Educativo preparou um conjunto de visitas e atividades para todos os públicos, em torno do tema do cinema de animação.

Durante o confinamento, o Serviço Educativo desenvolveu o projeto Mãos por um fio, uma série de pequenos documentários, pensados na altura para dar voz aos marionetistas. O confinamento terminou, mas o projeto continuou, e em janeiro e março serão lançados mais dois documentários, um sobre Marcelo Lafontana e a Companhia Lafontana Formas Animadas, outro sobre os Bonecos de Santo Aleixo e a equipa que há mais de 30 anos lhes dá vida. Estes documentários ficarão disponíveis para todos, no Youtube e site do Museu, bem como no Centro de Documentação.

A 21 de março, pensaremos Natureza. O museu assinalará o Dia Mundial da Marioneta, este ano dedicado ao tema “O apelo da floresta”.

Para lá dos destaques da programação, o Museu tem um circuito expositivo permanente que retraça a arte da marioneta do Oriente ao Ocidente, ponto de partida para visitas diversificadas, oficinas e formações, preparadas pela equipa do Serviço Educativo, destinadas às mais diversas faixas etárias.

Damos as boas-vindas a 2023 com o desejo, sempre renovado, de sermos um museu de todos e para todos. E este museu é sobretudo uma equipa, a quem nunca é de mais agradecer o empenho com que todos os dias fazem acontecer o Museu.

Bom ano, e bem-vindos ao Museu da Marioneta

Marcelo Janeiro, mês de Janus, divindade que gere todos os começos e transições, que olha simultaneamente para o futuro e o passado, e que assim prepara e assegura o presente. Foi sob os bons auspícios de Janus que atravessámos o mês de janeiro e entramos em fevereiro com boas razões para que venha ao Museu da Marioneta já neste primeiro trimestre de 2023.
Ana Paula Rebelo Correia Diretora

No mundo das marionetas

Reino Unido

A zebra, a hiena, orangotango, o tigre – e Pi

Espetáculo

Os movimentos do corpo de quem manipula emprestam o movimento à marioneta. Chama-se a este processo manipulação direta. Algumas das enormes marionetas em cena na peça AVida de Pi requerem três pessoas para lhe dar vida. Com base no livro de Yann Martel conta-se a história de um rapaz que se vê num pequeno salva-vidas com animais, habitantes de um jardim zoológico. A narrativa já foi adaptada ao cinema num filme de Ang Lee e no teatro a direção é de Max Webster e a adaptação de Lolita Chakrabarti. Em palco não há efeitos que ajudem a lidar com a escala destes animais: as marionetas gigantes são mesmo indispensáveis para este premiadíssimo espetáculo que atravessará o Atlântico e chegará à Broadway na primavera deste ano.

Portugal

Contem muitos mais

Efeméride

A companhia Teatro e Marionetas de Mandrágora, de Vila do Conde, completou 20 anos de atividade. Mais a sul, em Alcobaça, a companhia S.A. Marionetas chegou aos 25 – e 25 mil espetadores num mesmo ano. São notícias de 2022 que não podemos deixar de partilhar. Parabéns!

Mundo

2023, o ano do apelo da floresta

«As florestas são um território que nunca acabamos de explorar». Esta é uma das ideias fundamentais para as celebrações do Dia Mundial da Marioneta: celebra-se a 21 de março e este ano tem como tema o apelo da floresta. É uma ocasião para celebrar coletivamente a diversidade da arte da marioneta em todo o mundo, sobretudo pelos centros nacionais e membros da UNIMA Internacional, Union Internationale de la Marionnette.

Marionetas em livro Portugal Livro

Filipa Mesquita é atriz, marionetista e diretora artística do Teatro e Marionetas de Mandrágora. Reuniu em livro textos onde reflete sobre a sua prática e partilha conhecimento, contribuindo para contar a História da marioneta em Portugal nos primeiros 70 anos do século XX. A Arte da Marioneta está disponível para compra na loja do Museu da Marioneta e para consulta (mediante marcação) no Centro de Documentação.

Fotografias de cena de The Life of Pi, com o elenco original do espetáculo West End

Festivais de marionetas em Portugal e outros países

MONSTRA – 22º Festival de Cinema de Animação de Lisboa

Lisboa, 15 a 26 de março

Manipulate Festival

Puppet Animation Scotland

Escócia, 2 a 12 de fevereiro

Festival MARTO

Marionetas e teatro de objetos

Paris, 11 a 25 de março

Efeméride

No cinema tudo é ilusão e luz: as imagens que nos parecem em movimento não são mais do que imagens fixas projetadas a alta velocidade. O cinema de animação estuda detalhadamente movimentos e conta histórias, seja com desenhos ou formas animadas. Quando os protagonistas dos filmes são objetos com três dimensões dizemos que são marionetas de animação.

O Museu dedica-lhes uma sala, exposições temporárias e uma edição da Notícias da Marioneta, que assinala o centenário do cinema de animação em Portugal celebrado este ano.

Borboleta e Apito, personagens do filme Desassossego, e suas máscaras, mãos e adereços

Autor: Lorenzo Degl’Innocenti Portugal, 2010

Betume pedra, tinta, metal, silicone

Coleção Sardinha em Lata

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Primeiros passos da animação portuguesa

Foi piloto da marinha mercante, geriu stocks em plataformas petrolíferas e animou graficamente filmes de animação para publicidade. Nos contributos de Paulo Cambraia para os filmes de animação está ainda o seu trabalho como formador, a criação de um software para tratamento digital de animações e a reconstituição do filme O Pesadelo de António Maria (1923, Joaquim Guerreiro), cujo centenário se celebra este ano. Peças da sua coleção pessoal podem ser vistas na exposição permanente do Museu da Marioneta. A NM entrevistou-o a propósito de um novo projeto cujo primeiro fruto conhecemos agora: a inventariação em livros dos filmes portugueses de animação já tem o seu primeiro volume publicado, cobrindo os anos 1900-1929.

TEMA - MARIONETAS ESTRELAS DE CINEMA
Família Singer Produção: OpticalPrint
| Portugal, 1997
Metal, resina, fibra de vidro, tinta Coleção Paulo Cambraia Marionetas de cinema de animação

No livro compara o trabalho de investigação sobre os primeiros anos do cinema de animação em Portugal ao trabalho do paleontólogo. Onde escava este investigador? Escava-se, por exemplo, na Biblioteca Nacional que tem jornais e revistas antigos, as únicas fontes onde se pode ir beber com alguma segurança. Também por vezes na Hemeroteca. Evito o mais possível usar interpretações feitas por terceiros. Os testemunhos orais são tudo menos credíveis. Uma pessoa com 80 e tal anos, como é que se lembra do que fez há 60 anos? Na ausência de fontes de época, tenho de fazer alguma interpretação, mas é uma interpretação “educada” pela minha experiência no campo da animação e sempre com as devidas reservas.

Estes fósseis que vai encontrar são muitas vezes “candidatos” a fósseis.

Andei muito tempo à procura da maneira correta para apresentar pistas apontando para filmes cuja existência não se consegue comprovar. Sinto-me na obrigação de passar toda a informação disponível, mas não quero acrescentar a minha chancela a informações sem provas concretas. Alegadamente alguém fez um filme. Quando? Onde é que foi exibido? Porque é que vou à procura nos jornais da época e não encontro o filme mencionado em lado nenhum? A solução que encontrei foi essa história do “candidato”.

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No livro também faz uma advertência e um apelo pedindo contributos para continuar este trabalho. Sim, mas até ver ainda não apareceu ninguém... Neste meu primeiro livro fui mais longe do que é comum. Perdi horas e horas na Biblioteca Nacional e na Hemeroteca a escavar. Também é muito relevante o património fílmico que está depositado no ANIM [Arquivo Nacional de Imagens em Movimento]. Estive a consultar o inventário digitalizado e houve uma pessoa que teve paciência para percorrer os registos da base de dados um a um para ver se havia animação. Os filmes não são necessariamente de animação do princípio ao fim. É o caso de filmes institucionais que contêm animação e alguns genéricos de filmes de cinema. Fui descobrir estas coisas todas, mexer na lama. Está ali um fóssil algures? Vamos lá sujar as mãos e desenterrá-lo!

Ao lermos o livro ficamos com a impressão de que os primeiros filmes (ou candidatos) usam técnicas de animação e narrativas inovadoras. É realmente verdade?

Inovadoras aqui em Portugal, porque não tínhamos nada antes... Nos anos 1920 estávamos muito atrasados. Os nossos cinemas já projetavam filmes de animação norte-americanos, alemães e franceses que estavam muito mais à frente. A bem dizer, desenho animado português, naquela época, só há um: O Pesadelo de António Maria. O Joaquim Guerreiro fez os desenhos todos e tinha de decalcar o fundo outra e outra vez para cada desenho porque o papel que usou é opaco. Não era assim que se fazia lá fora: usava-se acetato, que é transparente e assim só se repetia o boneco. Ou utilizavam outra técnica, essa sim também muito utilizada nos primórdios da animação portuguesa, que era o recorte: o desenho recortado era colocado em cima do fundo, depois o desenho seguinte era colocado em cima do mesmo fundo. Desenho animado, O Pesadelo é o único, naquela época. E penso que pode dizer-se com um grau elevado de certeza que é o nosso primeiro. O Joaquim Guerreiro só se atreveu a fazer isto porque veio da Argentina onde estavam mais avançados, tinham feito uma longa-metragem que, até ver, será a primeira longa-metragem feita no planeta, ElApóstol [1917]. E em 1923 onde é que os americanos já iam... inventaram a técnica do acetato em 1914!

Os portugueses quando chegaram à animação, queimaram etapas e foram mais depressa?

Não. Tinham uma grande vontade de fazer, mas não conseguiram. O número de falhanços é incrível. As pessoas viam coisas fabulosas nos cinemas — o Popeye, a Betty Boop, o Gato Félix — e toda a gente ficava com vontade de pôr os seus próprios desenhos a mexer. Os entusiasmos eram muitos, as concretizações foram poucas.

[Ana Paula Rebelo Correia] Nesta altura, nos anos 20, em que o mundo vibra com um pulsar diferente sem imaginar que lhe ia cair uma segunda guerra em cima, o Rato Mickey traduz uma possibilidade de fantasia na vida. O Pesadelo de António Maria parece do século XIX. Eu associo mais a uma coisa do Bordalo Pinheiro do que a algo contemporâneo do Rato Mickey. Era isso que eu gostava de perceber.

[Paulo Cambraia] Sim. É por tudo isto que no meu livro não faço a mínima referência ao que vem lá de fora. Se me ponho a comparar o que se fazia lá fora e o que se fazia em Portugal, isto era um desastre. Também não é pretensão minha escrever a história do cinema de animação. Estou a fazer uma recolha de elementos para que outros consigam escrever essa história. Por isso vamos lá entrar na lama, descobrir os ossos e tentar perceber onde é que eles pertencem.

A propósito do que pertence onde: no livro clarifica o conceito de animação. Ainda há equívocos hoje? Muitos, sobretudo na definição de animação. A minha é uma definição técnica. Há quem proponha outras, sejam elas filosóficas, estéticas ou afetivas… Mas só depois da animação existir enquanto animação é que podemos criar relação com ela. Primeiro é preciso fazê-la. Depois as pessoas podem criar com ela a relação que quiserem. Outro equívoco é confundir animação e manipulação.

Se eu pegar nas vossas marionetas com um manipulador e as filmar, faço um filme fantástico. Mas é um filme de animação? Não: é um filme de bonecos manipulados. O que caracteriza a animação é o facto de no momento em que se captura a imagem não existir movimento real. O movimento, aparente, só é gerado mais tarde, no momento da projeção.

TEMA - MARIONETAS ESTRELAS DE CINEMA

Na exposição do Museu da Marioneta, as primeiras peças de filmes de animação são de filmes publicitários. No seu livro é visível que animação em filmes caminha a par da publicidade. Qual a explicação para esta relação tão próxima?

Nesses anos de 1920, o interesse em fazer animação é grande. Por exemplo, Bernardo Marques, que é artista plástico, diz “vou fazer um filme de animação”, mas não tem um operador de câmara que possa filmar imagem por imagem. Há o aspeto da técnica e há questões financeiras: o operador é caro, há que ter o equipamento e o sítio onde filmar. O cinema daquela época era sobretudo de imagem real. Com filmes de imagem real, sabemos que os custos são suportados pela exibição em salas, pelo menos no caso das longas-metragens. Onde é que se foi buscar dinheiro para fazer filmes curtos? Publicidade. O filme publicitário é pago pelo anunciante. Neste caso aqui [mostra], foi pago pela loja A Pompadour.

Essa relação próxima da animação com a publicidade mantém-se até à família Singer. Desde sempre, passa pela Singer e vem até aos dias de hoje. Nos anos 50 temos o Servais Tiago, aparece o Mário Neves e, nos anos 60, o Artur Correia e o Ricardo Neto, também em publicidade. A partir de 1957 há a televisão, outro nicho onde aparece a animação, aqui e ali: nos genéricos, separadores, coisas modestas. E publicidade. Carradas de publicidade com animação. Passou da sala de cinema para o pequeno ecrã. A animação em Portugal não se desenvolveu no meio artístico, desenvolveu-se no meio comercial, a partir do momento em que graças à publicidade começam a aparecer os equipamentos e as pessoas com treino nas artes e técnicas da animação.

A publicidade também tem os meios para poder captar as pessoas mais criativas.

E antes de mais nada, paga-lhes.

Já ouvimos falar do segundo volume. Este projeto quantos volumes ainda tem?

O número 2, cobrindo os anos 1930-1949, vai existir.

E estou muito esperançado em relação ao número 3, a partir dos anos 1950, essencial para se perceber o que

O PESADELO DE ANTÓNIO MARIA, DE JOAQUIM GUERREIRO

159 desenhos e 8 legendas manuscritas há cem anos compõem aquele que se conhece como o primeiro filme de animação português. Foi criado por um caricaturista, Joaquim Guerreiro, que desenhou uma a uma a totalidade das imagens, sem recurso a técnicas que evitariam repetir os fundos em cada desenho, como os acetatos ou recortes. O filme era um dos quadros da revista Tiro ao Alvo, em cena no Éden-Teatro em Lisboa. Provavelmente os diálogos aconteciam em tempo real, com a voz dos atores do elenco. Do filme sobreviveram apenas os desenhos originais que permitiram a reconstituição digital feita por Paulo Cambraia, em 2001. Os desenhos pertencem à coleção Ricon Peres e estão depositadas no Museu da Presidência da República. Pode agora ser visto no YouTube este desenho animado, acompanhado durante três minutos e meio pelo improviso ao piano do Maestro António Victorino d’Almeida. Talvez por ter sido apresentado num espetáculo de revista e criado por um caricaturista, o enredo é de crítica social, refletindo o ambiente conturbado de uma época de vários protestos contra “a carestia de vida”.

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se faz hoje em dia na animação. Ao primeiro volume, paleontológico, segue-se o segundo, chamemos-lhe... arqueológico: começam a aparecer umas “ânforas”, muitas delas em cacos. Nos anos 1930 já havia revistas de cinema. O jornal O Século tinha o suplemento Cinéfilo, que apareceu em 1928. É no Cinéfilo que encontramos referências a iniciativas do tipo: “Bernardo Marques vai fazer um filme de animação” e “Bernardo Marques adiou temporariamente”. Entretanto apareceu o cinema de amadores, que se fazia em 9.5 mm, o formato Pathé-Baby. As revistas começaram a falar sobre cinema de amadores; os amadores lembraram-se de fazer cinema de animação e as revistas dos anos 30 e anos 40 começaram a dar-nos mais informação sobre aquilo que estava a acontecer. Não necessariamente mais fiável. Continua a haver muitos “candidatos”. Mas tal como aconteceu com o meu primeiro volume: se um filme existe no ANIM, quero ir lá vê-lo e obter imagens para o documentar. A colaboração do ANIM é de facto essencial para que se possa fazer um trabalho sério acerca destas épocas remotas.

Quando é que se passa para as três dimensões, marionetas animadas?

O único filme que encontrei com volumes é do universo do cinema de amadores, em 9.5 mm. É um filme documental sobre a vida das borboletas feito por um engenheiro cheio de paciência, em imagem real. O genérico do filme mostra um brinquedo, um patinho marinheiro vagamente inspirado no Pato Donald. Esse boneco é articulado, entra em cena e vai buscar uma letra e fixa-a no painel, e depois vai buscar outra

letra e fixa-a no painel, e depois vai buscar outra letra e assim por diante. No fim forma o título do filme. E isto é feito em animação de volumes. É a mais antiga que encontro naquelas épocas.

E é de quando?

É de 1937. Note-se que o uso do desenho em animação é muito mais antigo do que o uso da volumetria. O verdadeiro desenho animado evolui naturalmente do ambiente das lanternas mágicas. Aqui em Portugal, os anos 1950 e seguintes vão reinventar a animação em Portugal. Na publicidade, mais uma vez, onde estão os meios técnicos e o dinheiro, onde as pessoas fazem muitos filmes e ganham experiência. Temos o papel preponderante do Servais Tiago e do Mário Neves, nos anos 50, e mais tarde nos anos 60, do Artur Correia e o Ricardo Neto. Esta geração é que catapulta a animação para o que é hoje em dia. Nessa altura, os intervenientes são completamente diferentes: já não são designers ou ilustradores, são animadores. Até que enfim apareceu a profissão de animador! O primeiro profissional terá sido Servais Tiago que depois de fazer um filmezinho em 1943, o Automania, em 9.5 mm, nos anos 50 começa a fazer publicidade. É entre esta gente — o Servais Tiago, o Mário Neves e depois o filho dele, o Mário Jorge — que se vai construir um grande repertório de conhecimentos e equipamentos e se consegue treinar e educar os diretores comerciais das empresas para utilizarem a animação porque despertava a atenção do público. Mais tarde, esses equipamentos puderam ser utilizados por malta nova que queria fazer experiências enquanto autores. Mas isso são histórias para outro livro.

Durante dois anos, Paulo Cambraia, passou longas horas na Biblioteca Nacional de Portugal, na Hemeroteca Municipal e no Arquivo Nacional de Imagens em Movimento da Cinemateca Portuguesa — Museu do Cinema (ANIM). Fez “um trabalho de paleontólogo”: escavar na terra em busca de provas daquilo que muitas vezes é apenas referido. Por exemplo, lê num artigo de jornal que um artista plástico declara a intenção de fazer um filme de animação e só descansa quando encontra o filme e pode vê-lo, confirmando que o que vê é, de facto, animação. Por vezes as referências que encontra não passam de “candidatos” a filme, porque ficaram perdidas no tempo as provas da sua existência e projeções. Assim se constrói este primeiro volume de Um percurso pelo Cinema Português deAnimação que abrange os anos entre 1900 e 1929. Com a mesma metodologia, está previsto já o segundo volume, que irá de 1930 a 1949. Poderemos ainda vir a ter um terceiro volume a começar a meio do século XX. A proximidade ao tempo presente faz com que haja cada vez mais filmes e mais fontes. Neste primeiro volume, por outro lado, abundam as imagens dos poucos exemplos confirmados de animação — e também um útil e esclarecedor glossário de termos.

TEMA - MARIONETAS ESTRELAS DE CINEMA Academia Portuguesa de Cinema 2022 | 94 páginas | PVP: 12 euros O livro estará brevemente disponível na loja do Museu da Marioneta.
UM FILME E MUITOS CANDIDATOS A FILME

Cinema de animação no Museu da Marioneta

A animação de volumes é conhecida como stop motion Diz-se que é uma animação direta porque tudo se passa em frente à câmara de filmar: uma sucessão de imagens estáticas que captam pequenas variações de posição de objetos e, ao serem projetadas, criam no cérebro de quem as vê a ilusão de movimento. Os bonecos usados nos filmes de stop motion, por terem capacidade de se mover, são considerados marionetas.

Desde a sua abertura que o Museu da Marioneta mostra exemplos destas marionetas. São agora três trabalhos de animação cujas peças podem ser vistas no percurso expositivo do Museu — duas produções para cinema e um projeto para televisão.

À entrada da sala dedicada ao cinema de animação, está a família Singer. Em 2001 Paulo Cambraia, produtor de filmes de animação entrevistado páginas antes, entregou ao Museu um conjunto de peças utilizadas nos anúncios criados para a marca: personagens, moldes e cenários. Dentro da última sala da exposição permanente pode mergulhar-se nos bastidores de dois filmes de animação portugueses. A Suspeita, de José Miguel Ribeiro, produzido em 1999 por Luís da Matta Almeida e Desassossego, realizado em 2010 por Lorenzo Degl’Innocenti e produzido pela Sardinha em Lata.

A Suspeita é um divertido policial passado dentro de um comboio, em 26 minutos. Além das peças que permitem perceber a articulação das figuras ou o modo como são conseguidas as expressões faciais ou os movimentos da boca quando uma personagem fala, pode ver-se o plateau e compreender a complexidade envolvida num filme em stop motion deste tipo. São projetos morosos: um segundo de filme leva semanas de trabalho. Reduzir os possíveis erros e o número de takes é importante. Como também é importante manter a ilusão de continuidade dos movimentos. Por isso, as marionetas d’A Suspeita são presas com parafusos à base, assim quando são manipuladas em decomposições mínimas do movimento não caem, o que podia obrigar a repetir fotogramas.

O Desassossego é um filme sobre o dono de uma charcutaria, Ivan, que preferia ter sido designer de mobiliário. Podemos ver a minúcia dos produtos vendidos na loja, com as suas pequeníssimas embalagens e as várias máscaras que permitem fazer as expressões de Ivan. O filme foi produzido pela Sardinha em Lata a quem pertencem as peças depositadas no Museu.

A Sardinha em Lata produziu também a primeira longa-metragem de stop motion em português (numa coprodução com França e Espanha): Os Demónios do Meu Avô, de Nuno Beato, em 2021 foi o filme-tema de uma exposição temporária. Há mais de 15 anos que o Festival MONSTRA organiza no Museu mostras que têm vindo a levantar o véu do ecrã, revelando os segredos destas marionetas e outras formas animadas. Foi o caso da exposição com peças dos principais filmes de Tim Burton que trouxe milhares de visitantes ao Museu da Marioneta onde, entre desenhos e modelos de personagens famosos, se pôde ver a engenharia de relojoeiro necessária para dar vida a estes bonecos. Para mexer uma sobrancelha pode ser preciso acionar um mecanismo atrás de uma orelha. Nas marionetas, de animação ou outras, é isso que se procura: dar movimento a figuras reproduzindo gestos e movimentos humanos enquanto se conta uma história.

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Na sala de marionetas de animação há um cenário que pode ser usado para a realização de pequenos filmes pelos visitantes.

O Super-Crédito

Personagem de série de anúncios para a marca Singer

Produção: OpticalPrint

Manipulação direta Portugal, 1997

Resina, fibra de vidro, tinta Coleção Paulo Cambraia

No final dos anos 1980, a Singer abriu em Portugal uma rede de lojas de eletrodomésticos. A marca de máquinas de costura domésticas e industriais até então dirigia a sua publicidade sobretudo a mulheres, utilizadoras das suas máquinas. Com a aposta comercial no retalho tornou-se importante comunicar com toda a família. Nos anos 1990, a resposta para a consolidação da imagem das Lojas Singer passou por uma família muito particular, inspirada numa outra então recém-criada por Matt Groening, nos Estados

Unidos da América – os Simpsons.

O ciclo de anúncios da família Singer foi uma experiência única no país. Entre 1997 e 1999 foram criados e transmitidos nos canais de televisão mais de meia centena de anúncios, sempre protagonizados pelas mesmas personagens: os três irmãos Bia, Ric e Lu, os pais, Papi e Mami, a Vovó e o cão Brutus. Com um ritmo quase quinzenal, era preciso renovar constantemente o enredo que promovia os bons preços, o atendimento de excelência e as facilidades de pagamento nas lojas Singer.

Além dos humanos feitos com inspiração na família Simpson, surgiram na série personagens de menor relevo. O Super-Crédito era uma personagem secundária que contracenava com o Super-Preço, dois super-heróis que facilitavam a vida das famílias portuguesas. Como as outras marionetas são ambas feitas de silicone e tinta. As formas são dadas por moldes prontos a repetir peças que se danifiquem. A cara é fixa e a boca é de um material moldável

para facilitar o movimento que acompanha as falas. Nesta configuração, os braços e pernas não têm a sua máxima extensão: do kit deste boneco fazem parte mais peças que permitem mostrar o movimento destes membros a crescer. Os anúncios eram animados com recurso a uma técnica de efeitos especiais chamada chroma key: as figuras são filmadas contra um fundo de uma cor e o cenário é acrescentado na fase de pós-produção e montagem. Muitas vezes a técnica é associada à cor verde, mas neste caso foi usado o azul (blue screen) o que explica o verde vivo do Super-Crédito com o seu super poder de esticar pagamentos – e trazer a esperança de uma vida melhor.

COLEÇÃO
Marionetas de cinema de animação

Cinema e televisão

num mesmo museu

movingimage.us

Ver imagens em movimento traz sempre uma carga de magia. Se essas imagens não corresponderem a registos diretos da realidade, como nos filmes de animação, ainda mais. Há museus como o Museu da Marioneta em Lisboa, ou o MoMI (Museum of Moving Images) em Nova Iorque, onde se mostra como acontece a magia. E não é que da revelação não vem o desânimo e se adensa o interesse? O MoMI tem uma coleção única, com mais de quatro mil artefactos recolhidos em todo o mundo, um recurso para os públicos que se interessem pela cultura da imagem em movimento. Inclui peças de várias fases da produção, promoção e exibição de filmes, conteúdos televisivos ou de media digitais: do merchandising oficial aos aparelhos técnicos e fotogramas passando por materiais de design, figurinos, todo o tipo de material de marketing, jogos de vídeo e computador, adereços e, claro, um conjunto considerável de brinquedos óticos. Cerca de 1400 destes objetos podem ser vistos na exposição permanente do Museu, Behind the Screen (Atrás do Ecrã).

Além desta exposição é possível visitar uma outra dedicada a Jim Henson, o criador dos Marretas e Rua Sésamo e descobrir o legado deste criador de seres como o sapo Cocas ou Poupas na cultura televisiva e não só. Até ao fim de janeiro de 2023 foi ainda tempo de ver a exposição Living withTheWalking Dead, sobre o universo da série televisiva de enorme sucesso. Há também uma outra exposição temporária sobre o filme WomenTalking (Sarah Polleys, 2022), numa abordagem que explora a adaptação ao cinema de um livro sobre a violência exercida sobre as mulheres numa pequena comunidade.

Peças temporariamente em exposição na área dedicada à animação interativa. A intervenção LAIKA:Life in Stop Motion está patente no MoMi 27 de agosto de 2023 e foi organizada com o estúdio Laika, cujos filmes de animação estão também a ser exibidos no museu.

OUTRAS COLEÇÕES
36-01 35 Ave,
NY 11106 - 718 777 6800
MoMI (Museum of Moving Images)
Astoria,
P13 NM9 fevereiro 2023

Comunicar para levar o Museu às pessoas e trazer as pessoas ao Museu

A comunicação faz parte integrante da vida de um Museu. Por trás do que o público vê e lê sobre o museu, e que muitas vezes é o início da motivação para uma primeira visita, há um intenso trabalho de comunicação, que envolve muitas áreas, desde a comunicação digital, o que se vê online, no site do Museu e nas redes sociais, até às publicações impressas, os telões na fachada do Museu, os MUPI no espaço público, os postais e folhetos, a interação com jornalistas, a divulgação do Museu tanto em proximidade como em universos mais alargados e a criação de empatias entre públicos e museu. Para quem, pelas mais diversas razões, não pode vir ao Museu, a comunicação é fundamental para que o Museu possa ser conhecido, e de certa forma vá ter com as pessoas, através da divulgação das suas atividades e acervos.

A Margarida Ferra, formada em Ciências da Comunicação, pós-graduada em Museologia, e já com uma sólida experiência,

chegou ao Museu da Marioneta há um ano com a missão complexa de “comunicar”. Em poucos meses, máscaras, marionetas, e todas as áreas em que estas interagem tornaram-se-lhe familiares. Rapidamente desenhou uma estratégia de comunicação específica para os conteúdos do museu e adaptada a diferentes públicos, desenvolveu a assessoria de imprensa, reconfigurou a NM [Notícias da Marioneta], publicação do Museu que sai 3 vezes por ano, em versão impressa e online, iniciou a restruturação do site, implementou uma forte dinâmica de presença do museu nas redes sociais, trabalhou em rede com toda a equipa, e em particular com o Serviço Educativo, entre muitas outras tarefas que fazem parte das múltiplas vertentes da comunicação. A partir de março, a Margarida deixa o Museu, respondendo a um convite para um novo desafio na sua área. Em nome de toda a equipa do Museu fica aqui um obrigada por este ano de intensa atividade no Museu da Marioneta.

A VIDA NO MUSEU

Exposição temporária

Marionetas que guardam o tempo - uma viagem ao mundo das marionetas de animação portuguesas

MONSTRA - Festival de Animação de Lisboa

Museu da Marioneta | 24 de fevereiro a 23 de abril

Chegou a 16ª exposição da Monstra. Desta vez sob o signo do centenário do cinema de animação em Portugal, é como uma viagem no tempo. Do presente e futuro muito próximo são mostradas peças de filmes recentíssimos: A casa para guardar o tempo, de Joana Imaginário, com marionetas todas feitas em papel e O casaco rosa, de Mónica Santos, em que todas as personagens são… casacos. Na exposição podem ver-se também marionetas, cenários e adereços de filmes realizados nos últimos anos por José Miguel Ribeiro, Bruno Caetano ou Vítor Hugo. O Museu da Marioneta vai ser durante quase dez semanas, a casa que guarda o tempo do passado, do presente e do futuro da animação em stop motion feita em Portugal.

Muitos museus à medida

O Museu da Marioneta tem várias medidas, que é como quem diz, vários projetos Museu à Medida. São projetos construídos geralmente com grupos escolares. Tudo começa numa visita ao Museu, tudo termina com um espetáculo. Pelo meio, há meses de trabalho conjunto e viagens entre a escola e o Museu em sessões de criação em que se descobre o universo das marionetas, experimentando. Terminamos em fevereiro um projeto sobre interculturalidade com quatro turmas do terceiro ano da escola EB 1 São João Deus e em março, um outro sobre animais com estudantes do quinto ano no Colégio de Santa Maria. Em março, iniciam-se projetos com uma turma do sexto ano da Escola 2.3 Delfim Santos, sobre património na era digital. A escola EB 1 72, vizinha do Museu, participará no projeto de construção do espetáculo Orpheus, em parceria com o Teatro da Cidade e integrado na Bienal das Artes.

Uma linha nacional para os fantoches portugueses

Começámos com blocos e sacos, mas esperamos que estes Robertos se multipliquem. Nos últimos dias de 2022, lançámos a linha Robertos, uma linha de merchandising exclusiva do Museu e que celebra a inscrição do Teatro de Dom Roberto no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.

Ilustradas por Frederico Rocha/Buumm Design, as peças à venda na loja do Museu dão novas vidas a personagens emblemáticas do repertório do Teatro de Dom Roberto como a Rosa, a Morte ou o próprio Roberto. Espera-se que sejam usadas durante muitos anos, atravessando gerações e fazendo parte de diferentes histórias de vida.

ÀVENDA NA LOJA DO MUSEU DA MARIONETA

Marionetas do filme
A VIDA NO MUSEU
O Casaco Rosa Mónica Santos, 2022, Portugal, França
P15 NM9 fevereiro 2023

Em breve

Uma nova exposição temporária marca as próximas semanas no Museu da Marioneta.

Programação paralela

24 de fevereiro a 23 de abril

Exposição temporária MONSTRA – Festival de Cinema de Animação de Lisboa

Marionetas que guardam o tempo

uma viagem ao mundo das marionetas de animação portuguesas

3€ / 5€ (incluindo exposição permanente)

Bilhetes disponíveis online

4 de março às 15h00

26 de março e 23 de abril às 10h30

Oficinas de stop motion

Clicks para guardar o tempo

6€ (um adulto e uma criança com mais de 6 anos)

Marcação prévia

11 de março * e 15 de abril às 15h00

Visitas orientadas

6€ (inclui entrada na exposição permanente)

Marcação prévia

*com interpretação em Língua Gestual Portuguesa

21 de março - Dia Mundial da Marioneta

Celebrado pela 20ª vez, este ano tem como tema O Apelo da Floresta.

No Museu da Marioneta assinala-se a data criando-se a partir dos génios da floresta, personagens importantes no ritual do Sogobò.

Programação completa no site do Museu.

Mais informações, marcações e reservas museu@museudamarioneta.pt museudamarioneta.pt / museu_marioneta

Museu da Marioneta Direção Ana Paula Rebelo Correia (diretora), Maria Carrelhas (adjunta de direção) Comunicação Margarida Ferra Centro de Documentação Rita Luís Serviço Educativo Ana Rita Mateus , Filipa Camacho, Joana Braz, Margarida Archer, Pedro Valente, Rafael Alexandre Secretariado Filipa Machado Loja/Bilheteira Diogo Ferreira, Sara Gertrudes Produção, Luz e Som Rui Seabra

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