Imaginária “Atirada ao fundo de um sofá, na sombra que projetava um vaso de porcelana, colocada diante da vela para quebrar a luz, tinha os olhos fixos na imagem de Nossa Senhora das Dores, que se via sobre a cômoda em um nicho de jacarandá.” (Arredores de São Paulo, SP, 1846/72 José de Alencar, Til, p. 112)
A
coleção Cristiane e Ary Casagrande, além de dedicar-se aos oratórios apresenta uma seleção criteriosa de santos paulistinhas do século XIX, de imagens paulistas em barro do século XVII, imagens de madeira de todo país, do barroco joanino e preciosas imagens portuguesas maneiristas. Iniciando-se por estas últimas, destacam-se duas Virgens com o Menino, de volumetria cilíndrica, na qual estão contidos os panejamentos maneiristas. A graça dos Meninos e a delicadeza de gestos apontam para influências renascentistas italianas - contrariando o goticismo vigente de mestres franceses e alemães. As imagens paulistas em barro são aquelas atribuídas ao frei Agostinho de Jesus e sua escola, a partir de sua produção em Santana de Parnaíba: um fragmento do Rosário sem a base característica do beneditino, uma imagem da Conceição e uma do Rosário. Outras imagens em barro provenientes da
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mesma região como um Menino deitado, um são José e uma Piedade, próximas da escola beneditina. Oriundos das regiões de Mogi das Cruzes e vale do Paraíba são santos de outras invocações e várias imagens de Itu, de cunho popular. Uma série de Piedades e figuras da paixão – Cristo da Pedra Fria e da Cana Verde, em barro policromador, completa esta série paulista setecentista. Dois bustos, um São Francisco e São Pedro (?) são de grande realismo e desenvolta volumetria da arte barrista culta (portuguesa?). Crucificados em marfim e uma preciosa imagem da Conceição de Goa representam a arte oriental. Do século XVIII são imagens dos oratórios mineiros de médio e pequeno porte, em madeira e calcita. A imagem retabular pernambucana do Rosário é elegante, com linhas esvoaçantes e policromia avermelhada.