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Em entrevista a Ariosto Mesquita

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Sabor da Carne

Sabor da Carne

carne mato-grossense no Brasil e no mundo. Realmente aconteceram muitos percalços. Havia problema de ausência de recursos financeiros. Como você disse, em março deste ano foi feito um remanejamento legal que garantiu orçamento específico para o Instituto, a partir da atividade industrial frigorífica, na razão de R$ 2,51 por cabeça abatida, com projeção de 5 milhões de animais abatidos em 2020. Infelizmente, o Caio Penido, pecuarista que é o novo presidente, assumiu em maio, em plena pandemia. Mas mesmo com as limitações do momento e com pouco tempo à frente do Imac, as coisas já começaram a andar. Mediante termo de cooperação firmado com o Ministério Público Federal, ele vem tentando fazer a inserção de pecuaristas no mercado através da legalização de algumas áreas produtivas hoje ainda com embargos.

A retirada da vacina contra aftosa é uma questão de tempo. É uma prioridade do Mapa para abrir mercados mais exigentes. Não podemos depender só da China.

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DBO – Alguma ofensiva junto ao mercado internacional?

Oswaldo Ribeiro – Em setembro deste ano o Imac mandou uma delegação à China para trabalhar a imagem da nossa carne por lá. Foi feita uma espécie de cartilha/folder em português, inglês e mandarim dando detalhes sobre a proteína de origem bovina produzida no Mato Grosso. O mercado chinês é uma seta virada pra cima. Há um ano, os asiáticos compravam 20% da carne produzida no estado. Hoje já são 30%

DBO – O governo Federal suspendeu o calendário da retirada da vacinação contra febre aftosa, sob a alegação de que a pandemia da covid-19 prejudicou o andamento das ações e medidas que estavam sendo executadas pelos Estados brasileiros. A Acrimat entende que há segurança para a retomada deste processo?

Oswaldo Ribeiro – Temos 980 km de fronteira internacional, entre seca e alagada, com a Bolívia. Risco sanitário sempre existirá. Com vacina ou sem vacina. A certeza é de que não há aftosa pois não existe o vírus circulante. Nossa preocupação é pelo nivelamento por baixo. A Bolívia é um país pobre. Anos atrás, alguns mato-grossenses fizeram incursões por lá, vacinando gado em parceria com instituições de produtores bolivianos. Mas a retirada da vacina é questão de tempo. É uma prioridade do Ministério da Agricultura visando a abertura de mercados mais exigentes, como Coreia do Sul e Japão. Não podemos depender dos grandes volumes da China. E se um dia houver algum problema nesta relação comercial?

DBO – Mas acredita que os Estados conseguirão articular estruturas eficientes de contenção sanitária?

Oswaldo Ribeiro – Vejo com muita preocupação a questão da capacidade dos governos estaduais e federal em investir em seus organismos de defesa sanitária. Retirar a vacina contra a febre aftosa sem ajustar e intensifi car a estrutura de fiscalização não contribuirá para o desenvolvimento da produção de carne bovina em Mato Grosso e no Brasil. Além disso, nosso setor não pode ser responsável e não suportará financiar estas instituições públicas.

DBO – Diante da demanda cada vez maior pela intensificação da atividade, como enxerga a pecuária mato-grossense para os próximos anos? Tende a adotar algum modelo produtivo específico?

Oswaldo Ribeiro – Cada região deve caminhar com suas características produtivas. O Pantanal, por exemplo, manterá a cria. Isso não vai mudar. Haverá, no entanto, investimentos em sanidade, manejo e genética. No Oeste, região de Pontes e Lacerda, a recria + terminação vem crescendo. Já às margens da BR-163, no médio norte mato-grossense, deve aumentar bastante a atividade de terminação em confinamento em virtude da facilidade de acesso a insumos. Falo de grãos, fertilizantes e também do DDG e do WDG, que são coprodutos do etanol de milho, bastante usados nas dietas de cocho. E novas usinas são inauguradas ano após ano.

DBO – O senhor assumiu a presidência da Acrimat em janeiro deste ano e em março veio a pandemia. O que ficou prejudicado a partir daí?

Oswaldo Ribeiro – A pandemia tornou proibitiva a presença física de nossa equipe técnica e dirigentes em ações por todo o Estado. Freou, de cara, dois carros chefes da entidade: o evento técnico Acricorte e a expedição de informação e conhecimento Acrimat em Ação, que teve de ser interrompida em sua segunda rota, de um total de cinco. Caso a situação se normalize até início do próximo ano, o primeiro já tem nova data: 16 e 17 de abril de 2021. Em seguida, retomaremos o segundo.

DBO – Vocês tiveram de se reinventar digitalmente para continuar falando com o pecuarista. Como foi isso?

Oswaldo Ribeiro – Exatamente. Estamos atingindo o grande e o médio produtor através de uma extensa programação de webinares com temas técnicos e científi cos, preenchendo assim a lacuna de nossas atividades presenciais. Para falar com o pequeno produtor, estamos produzindo podcast, firmando parcerias com emissoras de rádio e incluindo este conteúdo em suas programações. Está dando muito certo. O rádio no Mato Grosso está sempre perto do produtor, seja no carro ou na fazenda.

DBO – Que novos projetos a Acrimat pretende tocar no pós-pandemia?

Oswaldo Ribeiro – Até agora era sigiloso, mas posso garantir que estamos trabalhando em uma articulação com organismos não governamentais “do bem”, uma iniciativa visando levar assistência técnica ao produtor. Por enquanto é o que posso adiantar sobre este projeto. Também estamos articulando com o Ministério do Meio Ambiente o efetivo pagamento por serviços ambientais. Um outro programa está sendo estruturado para levar até o pecuarista informações detalhadas sobre doenças e formas de controle sanitário em suas respectivas regiões. Com mais sanidade ele reduzirá penalidades na entrega ao frigorífico. n

Mapa amplia prazo de validade da tuberculina

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) mudou as regras quanto ao prazo de validade da tuberculina, principal fármaco usado para triagem e diagnóstico de tuberculose em bovinos. O produto, produzido pelo Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, terá, agora validade de dois anos, o dobro do que era anteriormente. Na prática, a mudança ajudará o produtor a programar melhor o investimento e armazenamento do produto, evitando também o desperdício em função do tempo de aproveitamento, antes curto.

A liberação foi dada pelo Mapa no início do ano, mas, com o fim dos estoques antigos do produto, os veterinários poderão encontrá-lo no mercado com a nova validade concedida pelo Mapa. “Essa é uma boa notícia para os produtores que pediam a mudança há alguns anos, já que mesmo com a validade de 12 meses, na prática, o prazo acabava sendo menor devido aos trâmites de aprovação das partidas no Mapa e também logística”, afirma o médico veterinário do IB-Apta, Ricardo Spacagna Jordão. Os produtores também terão acesso a frascos mais modernos e de melhor qualidade, segundo ele.

O Instituto Biológico é a única instituição brasileira autorizada a produzir antígenos usados para diagnóstico de tuberculose em bovinos, bubalinos e suínos, e brucelose em bovinos e bubalinos, trabalho fundamental para a expansão do Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose (PNCEB). Em 2019, produziu 4,5 milhões de doses de imunobiológicos e recebeu o aporte de 3,5 milhões de investimentos da Fapesp para aprimorar pesquisas e adquirir novos equipamentos.

Preço da carne brasileira está entre os mais baixos

Levantamento do CiCarne (Centro de Inteligência da Carne Bovina) constatou que o Brasil recebe de 27 a 41% a menos pela carne bovina exportada do que seus concorrentes. O dado foi revelado após a análise dos maiores exportadores de carne bovina mundial, divididos em quatro grupos, de acordo com os seguintes quadrantes: 1) Preço baixo e quantidade alta; 2) Preço e quantidade altos, 3) Preço alto e quantidade baixa e 4) Preço e quantidade baixos. O Brasil aparece no quadrante 1, como o maior exportador no ano de 2019, com 1,560 milhão de toneladas equivalente carcaça, mas com preço médio entre os menores (US$ 4.170/t). No quadrante 2, considerado o melhor da análise, estão os Estados Unidos (US$ 7.170/t) e a Austrália (US$ 5.760/t). Argentina e Uruguai estão no quadrante 3 (respectivamente, US$ 5.470/t e US$ 5.290/t).

Scot Consultoria retoma o projeto Confina Brasil

A Scot Consultoria anunciou o retorno de seu projeto de monitoramento de unidades confinadoras no País, o Confina Brasil, parado desde março deste ano em função da pandemia. Com uma equipe mais enxuta, apenas quatro integrantes, a expedição deve visitar, avaliar e mapear 1 milhão de animais criados de forma intensiva nos cinco principais estados confinadores, aproximadamente, 20% do gado total confinado no Brasil. A comitiva passou por quase todo o interior paulista antes da interrupção dos trabalhos de campo, e realizará, agora, suas últimas medições no Estado antes de partir para MS, MT, GO e MG. Diretor de marketing da Scot, Marco Túlio Habib Silva, garante que mesmo nos meses de paralisação o projeto seguiu de forma online, com a difusão de conteúdos informativos quanto ao uso de tecnologias, bate-papos, enquetes e entrevistas com profissionais do setor. A expedição seguirá até o dia 13 de novembro.

Programa Agro Legal pretende recuperar 800 mil ha

Para aumentar a cobertura vegetal nativa do Estado de São Paulo, o governo paulista lançou em setembro o programa Agro Legal, que pretende restaurar, no prazo de 20 anos, cerca de 800 mil hectares, entre áreas de preservação permanente (APPs) e de reserva legal. Isso representa o dobro da meta buscada até agora. Segundo o governo paulista, o objetivo é acrescentar 3% na área de cobertura vegetal nativa, que atualmente está em 23%. O programa Agro Legal é voluntário. Ficam isentos da regularização os pequenos produtores.

LUTO Morre Aloysio Faria, um banqueiro fazendeiro

Faleceu no dia 15 de setembro o banqueiro Aloysio de Andrade Faria, aos 99 anos. Como um dos maiores empresários do País, parte de seus negócios estava no agronegócio. Ele criou a Agropalma, um dos maiores projetos de produção de óleo de palma do Brasil, foi criador de gado leiteiro e também de equinos da raça Árabe. Faria foi um dos pioneiros na importação da raça, dos Estados Unidos e Inglaterra, na década de 1960. No seu rol de empreendedorismo está, também, o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, que no próximo mês realizará a sua quinta edição no Transamérica Expo Center.

Angus incentiva avaliação de carcaça

A Associação Brasileira de Angus (ABA) abriu inscrições para o Programa de Fomento à Avaliação de Carcaças por Ultrassonografia. Serão subsidiadas 3.400 coletas e interpretações de imagens ecográficas de exemplares Angus e Ultrablack de associados, maior quantidade de cotas já disponibilizada pela entidade, e 900 a mais do que no ano passado. Os pecuaristas interessados têm até maio de 2021 para fazer as avaliações dos animais que devem ser da geração 2019, com idade entre 12 e 24 meses, ter registro provisório e, obrigatoriamente, avaliação para desmama e sobreano pelo Promebo. Caso o número de cotas seja excedido, o valor das avaliações extrapoladas será cobrado proporcionalmente ao número de exemplares avaliados, por participante do programa.

Coalizão Brasil CFA discute modelo de pecuária integrado

A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, entidade sem fins lucrativos, apresentou, em evento on-line para representantes do setor, o estudo “Rastreabilidade da Cadeia da Carne Bovina no Brasil: Desafios e Oportunidades”. A verticalização do sistema de produção foi avaliada a partir de 42 recomendações que tornariam mais clara a rastreabilidade do rebanho brasileiro, atestando a origem sustentável de animais abatidos em regiões livres de desmatamento. O trabalho envolveria três etapas. A primeira, de curto prazo, seria uma maior integração das unidades processadoras de carne e as fazendas dedicadas aos animais “premium”. A segunda etapa, de médio prazo, avançaria para produtores em territórios específicos, onde é mais prático atestar a origem do gado. A terceira e última etapa, de longo prazo, contemplaria fazendas de todo o País, com propostas de criação de leis. Infopec Infográficos que sintetizam informações importantes da pecuária

Intensificação na engorda impacta ciclo pecuário

O uso do confinamento como estratégia de engorda intensiva tem crescido no Brasil, por agregar qualidade e competitividade à carne brasileira e garantir confiança dos principais mercados internacionais. Dados do Sumário Beef Report 2020, da Associação Brasileiras das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), mostram a evolução histórica da ferramenta no abate de bovinos nos últimos anos (gráfico de cima), com impacto expressivo na redução do ciclo pecuário (gráfico de baixo). Em 1997, 45,3% dos animais abatidos no Brasil tinham acima de 36 meses, percentual que ficou abaixo de 6% em 2019, tendência impulsionada pelo Boi China: animais nascidos e criados em território brasileiro, com no máximo quatro dentes incisivos permanentes e menos de 30 meses de idade. No ano passado, o país asiático foi o principal destino das exportações brasileiras, com 35,1% do total de US$7,65 bilhões arrecadados.

Cresce a proporção de animais confinados no abate total

Boi velho, coisa do passado.

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