Edição Outubro 480

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Prosa Quente carne mato-grossense no Brasil e no mundo. Realmente aconteceram muitos percalços. Havia problema de ausência de recursos financeiros. Como você disse, em março deste ano foi feito um remanejamento legal que garantiu orçamento específico para o Instituto, a partir da atividade industrial frigorífica, na razão de R$ 2,51 por cabeça abatida, com projeção de 5 milhões de animais abatidos em 2020. Infelizmente, o Caio Penido, pecuarista que é o novo presidente, assumiu em maio, em plena pandemia. Mas mesmo com as limitações do momento e com pouco tempo à frente do Imac, as coisas já começaram a andar. Mediante termo de cooperação firmado com o Ministério Público Federal, ele vem tentando fazer a inserção de pecuaristas no mercado através da legalização de algumas áreas produtivas hoje ainda com embargos. DBO – Alguma ofensiva junto ao mercado internacional? Oswaldo Ribeiro – Em setembro deste ano o Imac mandou

A retirada da vacina contra aftosa é uma questão de tempo. É uma prioridade do Mapa para abrir mercados mais exigentes. Não podemos depender só da China.

uma delegação à China para trabalhar a imagem da nossa carne por lá. Foi feita uma espécie de cartilha/folder em português, inglês e mandarim dando detalhes sobre a proteína de origem bovina produzida no Mato Grosso. O mercado chinês é uma seta virada pra cima. Há um ano, os asiáticos compravam 20% da carne produzida no estado. Hoje já são 30% DBO – O governo Federal suspendeu o calendário da retirada da vacinação contra febre aftosa, sob a alegação de que a pandemia da covid-19 prejudicou o andamento das ações e medidas que estavam sendo executadas pelos Estados brasileiros. A Acrimat entende que há segurança para a retomada deste processo? Oswaldo Ribeiro – Temos 980 km de fronteira internacio-

DBO – Diante da demanda cada vez maior pela intensificação da atividade, como enxerga a pecuária mato-grossense para os próximos anos? Tende a adotar algum modelo produtivo específico? Oswaldo Ribeiro – Cada região deve caminhar com suas

características produtivas. O Pantanal, por exemplo, manterá a cria. Isso não vai mudar. Haverá, no entanto, investimentos em sanidade, manejo e genética. No Oeste, região de Pontes e Lacerda, a recria + terminação vem crescendo. Já às margens da BR-163, no médio norte mato-grossense, deve aumentar bastante a atividade de terminação em confinamento em virtude da facilidade de acesso a insumos. Falo de grãos, fertilizantes e também do DDG e do WDG, que são coprodutos do etanol de milho, bastante usados nas dietas de cocho. E novas usinas são inauguradas ano após ano. DBO – O senhor assumiu a presidência da Acrimat em janeiro deste ano e em março veio a pandemia. O que ficou prejudicado a partir daí? Oswaldo Ribeiro – A pandemia tornou proibitiva a pre-

sença física de nossa equipe técnica e dirigentes em ações por todo o Estado. Freou, de cara, dois carros chefes da entidade: o evento técnico Acricorte e a expedição de informação e conhecimento Acrimat em Ação, que teve de ser interrompida em sua segunda rota, de um total de cinco. Caso a situação se normalize até início do próximo ano, o primeiro já tem nova data: 16 e 17 de abril de 2021. Em seguida, retomaremos o segundo.

DBO – Vocês tiveram de se reinventar digitalmente para continuar falando com o pecuarista. Como foi isso? Oswaldo Ribeiro – Exatamente. Estamos atingindo o

nal, entre seca e alagada, com a Bolívia. Risco sanitário sempre existirá. Com vacina ou sem vacina. A certeza é de que não há aftosa pois não existe o vírus circulante. Nossa preocupação é pelo nivelamento por baixo. A Bolívia é um país pobre. Anos atrás, alguns mato-grossenses fizeram incursões por lá, vacinando gado em parceria com instituições de produtores bolivianos. Mas a retirada da vacina é questão de tempo. É uma prioridade do Ministério da Agricultura visando a abertura de mercados mais exigentes, como Coreia do Sul e Japão. Não podemos depender dos grandes volumes da China. E se um dia houver algum problema nesta relação comercial?

grande e o médio produtor através de uma extensa programação de webinares com temas técnicos e científicos, preenchendo assim a lacuna de nossas atividades presenciais. Para falar com o pequeno produtor, estamos produzindo podcast, firmando parcerias com emissoras de rádio e incluindo este conteúdo em suas programações. Está dando muito certo. O rádio no Mato Grosso está sempre perto do produtor, seja no carro ou na fazenda.

DBO – Mas acredita que os Estados conseguirão articular estruturas eficientes de contenção sanitária? Oswaldo Ribeiro – Vejo com muita preocupação a ques-

rantir que estamos trabalhando em uma articulação com organismos não governamentais “do bem”, uma iniciativa visando levar assistência técnica ao produtor. Por enquanto é o que posso adiantar sobre este projeto. Também estamos articulando com o Ministério do Meio Ambiente o efetivo pagamento por serviços ambientais. Um outro programa está sendo estruturado para levar até o pecuarista informações detalhadas sobre doenças e formas de controle sanitário em suas respectivas regiões. Com mais sanidade ele reduzirá penalidades na entrega ao frigorífico. n

tão da capacidade dos governos estaduais e federal em investir em seus organismos de defesa sanitária. Retirar a vacina contra a febre aftosa sem ajustar e intensificar a estrutura de fiscalização não contribuirá para o desenvolvimento da produção de carne bovina em Mato Grosso e no Brasil. Além disso, nosso setor não pode ser responsável e não suportará financiar estas instituições públicas.

16 DBO outubro 2020

DBO – Que novos projetos a Acrimat pretende tocar no pós-pandemia? Oswaldo Ribeiro – Até agora era sigiloso, mas posso ga-


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