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Quanto custa realmente um sistema de segurança?

Ricardo Marranita - Product Growth Manager (Axis Communications)

Na compra de um sistema de segurança, as decisões resumem-se frequentemente ao preço das câmaras, do armazenamento e da instalação — mas esta abordagem pode deixar o utilizador final com grandes desafios pela frente.

Os sistemas de vigilância têm uma vida útil de entre cinco e mais de 20 anos, pelo que considerar apenas as despesas iniciais não traduz o panorama geral.

Na verdade, os custos iniciais de aquisição e instalação de um sistema de segurança tendem a representar apenas 30% dos custos totais incorridos durante a vida útil do sistema, também chamado custo total de propriedade. Apesar disso, muitos utilizadores finais tomam decisões com base apenas no preço das câmaras, que representam somente 10-15% dos custos totais do sistema de segurança. A realidade é que cerca de 70% das despesas surge após a instalação do sistema, e podem ser uma surpresa desagradável para quem não teve em consideração os custos indiretos.

Dedicar algum tempo em como o sistema será utilizado e os custos associados a essa utilização pode criar poupanças significativas a longo prazo. As escolhas iniciais, como o tipo de dispositivo a instalar, condicionam as despesas futuras, desde o consumo de energia à monitorização e manutenção. Este princípio aplica-se a todos os dispositivos presentes nos sistemas de vigilância: considerar o custo total de propriedade vai ajudar a tomar melhores decisões de aquisição.

VER MAIS ALÉM DO PREÇO DAS CÂMARAS

Ser específico é importante no processo de compra: definir os requisitos de vigilância e o orçamento disponível é fundamental para restringir as escolhas. Infelizmente, demasiadas conversas iniciais centram-se apenas nas câmaras, sem considerar os requisitos mais amplos do sistema, incluindo a utilização de energia e as necessidades de armazenamento.

Pode ser tentador pensar apenas sobre as câmaras, em vez de nos custos necessários para as operar e manter. No entanto, o sistema de segurança terá de satisfazer as necessidades futuras, pelo que convém lembrar que as despesas de funcionamento, monitorização e manutenção de certas câmaras excedem muitas vezes o custo dos próprios dispositivos.

PREVER OS CUSTOS DE ARMAZENAMENTO

Se está à procura de um novo sistema de vigilância, é muito provável que tenha de pensar em como armazenar as imagens gravadas. Em média, a legislação exige que as provas potenciais sejam armazenadas durante um mês; porém, em algumas regiões ou casos, este período é alargado para 180 dias, tornando o armazenamento num fator significativo dos custos globais do sistema de segurança.

Para evitar ser apanhado desprevenido por despesas significativas com servidores e eletricidade após a instalação das câmaras, é fundamental ter em consideração os diferentes custos de armazenamento associados a cada modelo. Pode ser uma falsa poupança comprar câmaras mais baratas para reduzir o custo inicial se estas tiverem grandes requisitos de armazenamento, obrigando a gastar mais em servidores e energia a longo prazo.

Da mesma forma, se planeia reduzir os custos de armazenamento diminuindo o tamanho dos ficheiros armazenados, terá de escolher cuidadosamente os dispositivos para garantir que a compressão do vídeo não compromete a qualidade das provas, pixelizando ou desfocando as imagens até ser impossível identificar um suspeito. As filmagens de má qualidade que não servem de prova útil podem anular o objetivo da instalação do sistema de segurança. Algumas câmaras dispõem de tecnologia sofisticada que permite preservar todos os detalhes forenses importantes, reduzindo os requisitos de largura de banda e de armazenamento e, por conseguinte, os custos a longo prazo.

ANTECIPAR OS CUSTOS INDIRETOS, DA MONITORIZAÇÃO À MANUTENÇÃO

O dispositivo que escolher influenciará os custos muito para além do armazenamento. Para prever o custo total do sistema de segurança, é necessário considerar também a monitorização, a manutenção e a utilização de eletricidade.

Uma vez calculados estes valores, os custos podem começar a acumular-se rapidamente, e os dispositivos que escolher vão impactar a sua dimensão. Optar por câmaras e dispositivos mais económicos no início pode resultar em custos indiretos desconcertantes; em contrapartida, escolher câmaras e dispositivos de maior qualidade pode permitir reduzir os custos indiretos a longo prazo, introduzindo poupanças que pode reinvestir e fazer crescer mais rapidamente a sua empresa.

Por exemplo, os proprietários de sistemas de vigilância instalados em condições ambientais adversas, como um porto marítimo ou uma fábrica de produtos químicos, podem ter de suportar custos de manutenção significativos para limpar a água salgada e o pó das câmaras. Câmaras mais sofisticadas, com funções de limpeza remota ou concebidas com materiais e componentes de limpeza automática, podem reduzir a manutenção necessária e respetivos custos.

TRANSFORMAR UMA AQUISIÇÃO NUM INVESTIMENTO

Ao considerar como a decisão inicial sobre o tipo de câmara a comprar afeta os custos futuros, pode transformar a decisão de compra num investimento. Conseguir isto pode ser tão simples quanto colocar-se algumas questões:

qual a funcionalidade de câmara de que necessito? De quanto espaço de armazenamento irei necessitar se comprar estas câmaras? Quanta eletricidade será necessária para o funcionamento do sistema a longo prazo? Como é que as tecnologias destas câmaras influenciam o custo total?

A pergunta “Quanto custa um sistema de segurança?” vai muito além da compra inicial. Fazer a escolha certa com base no sistema geral pode significar um gasto inicial ligeiramente mais elevado, mas compensar a longo prazo. Em suma, dedicar algum tempo numa análise cuidada desde o início, e encontrar parceiros que estejam dispostos a responder a perguntas e a ajudar a calcular os custos a longo prazo permite evitar surpresas desagradáveis no futuro. É importante assegurar também que o sistema de segurança é o mais adequado às suas necessidades específicas. •

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