REVISTA ENERGIA 90

Page 1

Jaú - Ano 11 | Edição 90 | Agosto 2020 Distribuição gratuita | Venda proibida

A força e a determinação de Debora Regina Lino

PANDEMIA

A arte de reinventar-se

PERFIL

Cristian Marcel Peterlini




Editorial

O poder do óbvio

Ano 11 – Edição 90 – Jaú, agosto de 2020 Tiragem: 10.000 exemplares Revista Energia é uma publicação da Rádio Energia FM Diretora e Jornalista responsável Maria Eugênia Marangoni mariaeugenia@radioenergiafm.com.br MTb. 71286

Em momentos de pandemia, cuide de seus clientes e eles estarão com você quando tudo isso passar!

Diretor artístico: Márcio Rogério rogerio@radioenergiafm.com.br

E

Edição e Revisão de textos Heloiza Helena C. Zanzotti revisao@revistaenergiafm.com.br Criação de anúncios: Moinho Propaganda atendimento@moinhopropaganda.com.br

Diagramação Moinho Propaganda (14) 3416 7290 Projeto gráfico: Revista Energia Social Club social@revistaenergiafm.com.br Colaboraram nesta Edição Bárbara Milani Flavia Cardoso Luiza Caleffi Pereira Colunistas Alexandre Garcia Evelin Sanches João Baptista Andrade Professor Marins Renata Oseliero Ricardo Izar Wagner Parronchi Comercial Marcelo Mendonça Milene Perez Sérgio Bianchi Silvio Monari Impressão: Grafilar (14) 3812 5700 Distribuição: Panfletos&Cia (14) 3621 1634 Revista Energia Rua Quintino Bocaiúva, 330 | 2º andar CEP: 17201-470 | Jaú - Fone: (14) 3624 1171 www.energianaweb.com.br Elogios, críticas e sugestões leitor@revistaenergiafm.com.br Quero anunciar comercial@revistaenergiafm.com.br A Revista Energia não tem responsabilidade editorial pelos conceitos emitidos nos artigos assinados, anúncios e informes publicitários.

Foto: Arquivo pessoal

Fotografia Moinho Propaganda (14) 3416 7290

m plena quarentena, comércio atendendo em horário reduzido, entro em uma loja e encontro vendedoras com semblante cansado, que demoram até para virem liberar a minha entrada e medir a febre. Algumas luzes da loja estão apagadas, vou circulando pela loja e olhando algumas peças, espero pacientemente a abordagem da vendedora, que vem até mim e a primeira coisa que diz é “a loja fecha daqui a uma hora”. Continuo olhando alguns looks e ela continua: “pelo visto o comércio vai fechar de novo”. A vendedora parece contrariada por ter recebido uma cliente! Permaneço durante meia hora dentro da loja e a vendedora não abre um sorriso, não mostra nenhum produto, apenas responde o que eu pergunto com muita má vontade, inclusive reforçando várias vezes que está proibido provar. De repente, um atendimento que era premium, em uma loja que considero referência na nossa cidade, se torna um lixo. Nesse momento paro e penso: Será que não estão precisando vender? Será que o proprietário da empresa sabe que o atendimento dele está desta forma? Será que esse comportamento das vendedoras e da gerente não é reflexo de uma gestão paralisada pelo momento e absolutamente despreparada? Será que esse funcionário merece ser mantido na empresa, mesmo que isso custe a saúde financeira da organização? Esse é um exemplo de empresa que não possui alma e, infelizmente, está fadada a desaparecer; enquanto isso, do outro lado da balança, vejo empresas e pessoas comuns que nem possuem cargos de liderança criando novas saídas, novas maneiras de fazer a mesma coisa, atendendo com carinho e calor humano, usando o poder do óbvio, fazendo coisas simples e rápidas que geram grande efeito! Confira nesta edição da RE algumas empresas com lideranças e equipes que nos enchem de orgulho porque não deixaram de acreditar, enfrentam os desafios com entusiasmo, coragem e perseverança, mantendo sua equipe motivada e focada em resultados. Pessoas que se destacam por sua inteligência emocional, equilíbrio, solidariedade, dedicação e capacidade de adaptação! São empresários que em pouco tempo reaprenderam a improvisar, mostraram ser exemplo de força e segurança para suas equipes, souberam a hora de retroceder e voltar a acelerar. Em qual lado da balança você está? Sua equipe está com você? Vire a página e inspire-se!

Maria Eugênia


Revista Energia 5


NESTA EDIÇÃO

58 36

8 Perfil 14 Radar 15 Seu Próximo Destino

Alimentação 16 Vida Saudável

Atualidade

17 Visão Empresarial 21 Pense Nisso 22 Capa 28 Opinião 36 Atualidade 42 Look de Artista 47 Social Club 51 Dermatologia 52 Escolas de Jaú

Nossa Capa: Debora Regina Lino Jaú - Ano 11 | Edição 90 | Agosto 2020 Distribuição gratuita | Venda proibida

55 Modernize 56 Adote um Pet 58 Alimentação 62 Legislação

A força e a determinação de Debora Regina Lino

64 Boa Vida PANDEMIA

A arte de reinventar-se

PERFIL

Cristian Marcel Peterlini

66 Última Página

42

Look de Artista


Revista Energia 7


Transformou um hobby em trabalho, virou garoto propaganda de uma banda internacional, foi parar na televisão em horário nobre e, recentemente, destacou-se em meio à produção desenfreada das mídias sociais, ganhando a placa de prata do Youtube. A receita para tanto sucesso? Cris Petter garante: Originalidade! Texto Flavia Cardoso 8 Revista Energia


A VOZ DE UMA GERAÇÃO Um jovem que fala com os jovens. Cris, basicamente, faz o que muitos youtubers fazem: dialoga sobre tudo o que é pertinente e significativo para o universo da nova geração juvenil. No entanto, ele acredita que o fator determinante para seu impulsionamento e visibilidade nas mídias digitais seja, curiosamente, a sua naturalidade. A QUE VOCÊ ATRIBUI O SEU SUCESSO? Eu acho que, analisando os canais no YouTube hoje em dia, existem milhares de pessoas que fazem o mesmo que eu, mas eu sempre evitei comparações e foquei em desenvolver conteúdos com temas que têm a ver comigo, com o que eu realmente gosto. Há dois anos eu criava meus roteiros, mas hoje aposto no improviso e acho que meu conteúdo exige muito mais dessa espontaneidade. Organizo as ideias e produzo um roteiro se tiver algo muito importante a ser comunicado no vídeo. Durante este meu pequeno trajeto, apostei o tempo todo em minha capacidade, até mesmo em minhas palhaçadas e piadas. No entanto, busco incessantemente conteúdos atuais e prezo pela qualidade técnica. QUANDO VOCÊ TEVE A PERCEPÇÃO DE QUE O HOBBY HAVIA SE TRANSFORMADO EM TRABALHO? Eu ainda me divirto muito gravando, continuo considerando o que eu faço um entretenimento, mas encaro tudo com muita disciplina e dedicação. Percebi que a minha profissão já estava definida como “youtuber” quando já tinha rotina definida e lucrava com isso. Procuro seguir um cronograma de postagens. Geralmente, gravo aos sábados e domingos, edito o material e faço as publicações no decorrer da semana. Esforço-me para interagir o máximo possível com meus fãs por meio dos comentários do YouTube, mas também pelo Instagram e Twitter. Sou muito atencioso e acredito que isso faz toda a diferença. Nem preciso me preocupar mais com a divulgação, pois os fãs me ajudam muito, compartilhando e indicando os meus vídeos.

E

m meio à tempestade de estímulos audiovisuais e informações a que somos submetidos cotidianamente, por meio do acesso à grande teia mundial de comunicação, faz história quem permanece cativando, conquistando e reconquistando os usuários, que estão a cada dia mais exigentes diante da grande oferta do “mercado”. Numa brincadeira com um amigo próximo, Cristian resolveu aparecer em frente às câmeras. O garoto tímido, que há pouco tempo brincava de futebol e soltava pipa nas ruas de Jaú, saiu do anonimato e, diariamente, por meio de seus vídeos irreverentes, consegue aumentar exponencialmente o número de seguidores em suas redes sociais.

VOCÊ TEM UMA FORTE LIGAÇÃO COM A MÚSICA. CONTE-NOS SOBRE A IMPORTÂNCIA DELA EM SUA VIDA Eu amo tocar violão e cantar, principalmente quando estou sozinho, triste ou sem compromissos. Trata-se de um passatempo extremamente prazeroso. Além disso, gosto tanto de música que acabei me tornando um propagandista da banda internacional Now United. Comecei a acompanhar a banda em outubro de 2018 por indicação de uma pessoa inscrita em meu canal, e gostei tanto que comecei a reagir publicamente aos clipes e falar sobre os integrantes em meus vídeos. Com a propagação dos conteúdos publicados sobre a banda, fui selecionado para conhecê-los por meio de um programa de TV. Conversei e fui abraçado por todos os integrantes, foi a melhor experiência da minha vida. POR SER MUITO CONHECIDO, TEM ALGUMA HISTÓRIA CURIOSA COM FÃS PARA CONTAR? No último show do Now United fiquei muito feliz por ter sido reconhecido. Quando cheguei na fila para garantir o meu lugar, uma menina soltou um grito muito alto, e fez isso porque me viu. De repente ela começou a chorar e eu não sabia o que fazer, então a abracei e todas as pessoas ao redor ficaram olhando a cena. Fiquei envergonhado, mas com certeza fiquei muito feliz pelo reconhecimento e carinho. Revista Energia 9


“Para um youtuber, a premiação com esta placa é a maior conquista!” QUAIS SEUS PROJETOS PROFISSIONAIS PARA O FUTURO? Assim que possível, quando estivermos seguros acerca deste vírus, pretendo dar início a outros projetos em meu canal. Contudo, a longo prazo, pretendo continuar investindo em minha carreira como youtuber e, também, como músico. Meu sonho é viajar pelo Brasil com shows e tours com outros youtubers / influencers e, assim, conhecer todos os estados do nosso país. Quero muito encontrar as pessoas que acompanham o meu trabalho, sinto falta desse contato mais próximo. CONTE-NOS SOBRE A IMPORTÂNCIA E COMO FOI O RECEBIMENTO DA PLACA DO YOUTUBE A placa chegou às minhas mãos no dia 03 de junho deste ano, exatamente um dia depois que eu alcancei cem mil inscritos no canal. Eu fiquei extremamente emocionado com este prêmio. A sensação é a de que eu tinha ganhado na loteria. Para um youtuber, a premiação com esta placa é a maior conquista! Por trás deste objeto há muito carinho e reconhecimento das pessoas, que é o mais importante! Trata-se do maior incentivo para seguir em frente e não desistir. Na verdade, eu nunca imaginei recebê-la, não esperava conseguir mil inscritos. Às vezes eu paro para pensar em tudo o que estou conquistando e não consigo acreditar. QUAIS SÃO AS PESSOAS QUE O INSPIRAM A CONTINUAR FAZENDO ESTE TRABALHO? Eu me inspiro bastante em duas pessoas. Para criar conteúdo e gravar os vídeos eu me inspiro muito no Lucas Olioti, mais conhecido como T3ddy, ator brasileiro e ótimo influenciador digital. No universo musical, eu gosto muito do Gustavo Mioto, que foi a minha maior inspiração quando decidi começar a tocar violão. DEIXE-NOS UMA MENSAGEM ACERCA DA IMPORTÂNCIA DA INTERNET E ALGO QUE QUEIRA DIZER AOS SEUS SEGUIDORES A Internet é o nosso futuro. Durante este período de isolamento, principalmente, estar conectado é a única forma de manter contato com as pessoas. Tivemos que nos reinventar e isso é uma grande evolução. Quem diria que veríamos professores ensinando pela internet e os alunos sendo sujeitos ativos no processo de aprendizagem? Este é um exemplo de como a Internet pode ajudar as pessoas. Contudo, acredito que o mundo digital não pode substituir a socialização por meio de contato presencial, entre as pessoas. Temos que ter um equilíbrio, não podemos nos afastar da realidade, pois o isolamento diante das telas pode nos levar à solidão e depressão. Digo aos meus fãs para que sejam fieis à sua essência. Quando você está neste universo virtual e trabalha com isso, às vezes é difícil lidar com comentários negativos. No entanto, eu sigo com a cabeça erguida, sempre em frente, focado em meus objetivos. É isso!  10 Revista Energia


Revista Energia 11


12 Revista Energia


Revista Energia 13


Radar Por Alexandre Garcia

ALEXANDRE GARCIA Jornalista, apresentador, comentarista de telejornais, colunista político e conferencista brasileiro. Atuou no Jornal do Brasil, no Fantástico e na extinta TV Manchete. Atualmente é comentarista político na Rede Globo de Televisão.

O triste risível O desembargador destratou o guarda municipal Cícero Hilário, em Santos

C

om perdão pelo trocadilho, o desembargador é que é hilário. Arrogantemente ridículo. Em outros tempos sem meios digitais, na consequência de um incidente assim, o guarda seria a parte fraca; seria a palavra de Cícero Hilário contra a voz soberana do desembargador hilário. Mas, em época de gravações de som e imagem e de divulgação instantânea, o Conselho Nacional de Justiça não terá muito trabalho para se pronunciar sobre o triste episódio. Do alto de sua arrogância, o hilário chamou Hilário de analfabeto, ligou para o secretário municipal de segurança, rasgou a multa e a jogou no chão. Diz o jornal que, em uma abordagem anterior, ele respondera em francês para os guardas. Hilário. A Constituição estabelece que todos são iguais perante a lei, mas há muitos, como o desembargador, que se sentem acima da lei. Fico imaginando como uma pessoa dessas integra o maior tribunal do principal estado brasileiro. O guarda Cícero Hilário demonstrou ter mais equilíbrio que o desembargador hilário. Cumpriu seu dever com educação e serenidade, ao contrário do desembargador, que não se comporta como um cidadão igual aos outros, enquanto caminha na orla de Santos. Na sua cabe-

14 Revista Energia

ça, continua de toga e com poderes de juiz sobre os demais. Nos últimos 14 anos, o Conselho de Justiça puniu 66 juízes com… aposentadoria. Condenados a receber sem trabalhar. Poucos chegam à prisão, como o desembargador do trabalho Nicolau dos Santos Neto, que morreu de Covid. Desvios são ainda mais graves quando praticados por quem tem o poder de julgar os outros. Má-conduta, e o “você sabe com quem está falando”, não são exclusivos de uma profissão. A carteirada é usual por quem não tem razão ou quer exceção a alguma regra e se sente superior aos demais. Embora eu já tenha visto advogados, policiais, juízes, jornalistas, médicos, deputados, julgarem-se mais que os outros, a arrogância chamou mais atenção desta vez, porque a Justiça está na berlinda, em consequência de arroubos dos que se julgam acima da lei e da Constituição. O episódio serve para avisar esses seres acima dos demais que um poder ainda mais alto se levanta - o dos olhos e ouvidos digitais, que tudo testemunham, denunciando como de fato aconteceu. E a gente não precisa de nenhum relator para confirmar o que se ouve e vê. E quando se ouve e vê esse senhor desembargador, percebe-se o ridículo e o hilário, nesse episódio triste e risível.


Revista Energia 15


Por Evelin Sanches Mestrado em Administração Pública e Governo MBA em Gestão Estratégica de Negócios

A corrida de rua e a pandemia da Covid-19 Assim como todo o planeta, quando recebi a notícia de que entraríamos em isolamento social por conta da pandemia da Covid-19,

A

vieram as dúvidas: e agora? O que faremos? Como será?

cabeça pirou; os pensamentos foram muito além da saúde, dos cuidados com a família, do trabalho, e estavam também nos treinos, nas aulas, nos alunos. Afinal, eu estava em meio à preparação para o maior objetivo da minha vida como corredor: a Maratona de Porto Alegre, em busca do Sub-3h e do índice para a Maratona de Boston, a Rainha das Maratonas. Não era somente o projeto pessoal que estava em jogo; na realidade, nem sabia se as provas iriam ocorrer e a decisão de continuar ou não com os treinos era individual, minha, mas havia algo muito maior: meus alunos. A Léo Moscardo Assessoria Esportiva estava em crescimento, cada vez mais o número de alunos aumentava e os que já estavam conosco há algum tempo tinham recém-terminado o período de treinos que chamamos de “base”, e já estavam em plena evolução para enfrentar os desafios de 2020 quando essa bomba caiu em nossas vidas! E agora? Parar com tudo e aderir à campanha #fiqueemcasa ou incentivá-los a continuar com os treinos? Em um primeiro momento, com todos muito assustados e sem saber como agir, decidi criar conteúdo através de vídeos e alguns desafios para que todos pudessem se manter ativos e motivados dentro de casa, seguros e aderindo ao distanciamento social. Mas, no meu caso específico, optei por manter os meus treinos enquanto as provas estivessem

mantidas; havia esperança e eu teria que estar preparado para o grande objetivo, então, prossegui com os treinos longe de tudo e de todos, em horários alternativos, na rodovia ou em estradas de terra, somente eu e Deus. Agora, se tem uma tarefa difícil, é segurar corredor dentro de casa. Sendo assim, com o passar dos dias foram surgindo os questionamentos: “professor, será que não posso correr aqui no meu bairro?”; “não acredito que você não está correndo!”; “não podemos fazer um treino clandestino?”; e quando começa assim, todos nós já sabemos o que vai acontecer: eles irão para a rua. Foi aí que passei a orientar aqueles que se sentiam confortáveis, e acima de tudo seguros, a realizarem os treinos da mesma forma que eu vinha fazendo: sozinho, em locais desertos e de pouca movimentação, sem formar grupos; no máximo, com seu cônjuge; além de aumentar os cuidados com a higiene pessoal. À medida que o tempo vai passando, provas sendo canceladas, adiadas, e tudo vai acontecendo, percebemos que por hora não será possível vivermos como era antes, principalmente no mundo da corrida: sempre todos juntos, um ajudando o outro, com abraços, sorrisos, sempre nos confraternizando. Sabemos que ainda vai demorar um certo tempo para nos reunirmos, mas enquanto isso não ocorre, vamos cuidando da nossa saúde da maneira que mais gostamos: CORRENDO!!! 

Leonardo Manechine Moscardo - Cref 49921-G/SP Profissional de Educação Física Pós-graduado em Exercício Físico e Reabilitação

16 Revista Energia


Revista Energia 17





nisso

Pense

Por Professor Luiz Marins LUIZ MARINS Antropólogo e escritor. Tem 26 livros publicados e seus programas de televisão estão entre os líderes de audiência em sua categoria. Veja mais em www.marins.com.br

Socorram-me dos que querem me salvar! Será que é pedir muito às pessoas que me deixem pensar e decidir por mim?

S

erá que é pedir muito às pessoas que parem de me dizer o que devo e o que não devo fazer e até como devo fazer? Será que é pedir muito às pessoas que parem de querer me tutelar, sem respeitar o que eu penso, o que eu quero? Será que é pedir muito às pessoas que me respeitem; que respeitem minha individualidade; meu modo de ser e pensar? Confesso que não estou mais suportando autoridades, políticos, amigos, vizinhos, analistas, especialistas, comentaristas e apresentadores de televisão me dizendo o tempo todo o que devo pensar, o que devo fazer, o que devo comer, o que devo vestir, o que devo decidir. Todos dizem querer “salvar minha vida” e a única maneira de salvá-la é fazer o que eles acham certo, o que eles acreditam, o que eles querem que eu faça. Socorro! Não faça isso! Não coma isso! Não acredite nisso! Acredite somente no que eu disser! É Fake News! Eu quero salvar sua vida! Não vá! Não saia! Fique! Cuidado! Você vai morrer! SOCORRO! O dia todo e todos os dias há alguém dizendo o que eu devo pensar, o que devo fazer, como devo agir. Perdemos o direito de pensar e decidir por nós mesmos! Viramos todos incapazes absolutos de uma hora para outra. Precisamos ser tutelados pelos iluminados que tudo sabem e só eles sabem. Viramos um bando de idiotas sem cabeça e sem cérebro. SOCORRO! Será que é pedir muito a essas pessoas que nos deixem em paz? Será que é pedir muito que nos esqueçam e nos respeitem, pois sabemos pensar e decidir o que queremos e achamos melhor para nós mesmos? SOCORRO! Pense nisso. Sucesso!  Revista Energia 21


Capa

Mulheres que inspiram! Se tem uma coisa mais do que provada atualmente é a força das mulheres. Suas lutas e conquistas certamente contribuíram para a construção da sociedade na qual vivemos hoje Texto Heloiza Helena C Zanzotti 22 Revista Energia


Revista Energia 23


V

ocê já deve ter ouvido a palavra empoderamento ou até mesmo conheça alguma pessoa considerada empoderada. No entanto, o que significa ser empoderada? No dicionário, empoderamento é definido como “ação de se tornar poderoso, de passar a possuir poder, autoridade, domínio sobre”. E ainda: “[Por Extensão] Gí-

ria. Passar a ter domínio sobre a sua própria vida; ser capaz de tomar decisões sobre o que lhe diz respeito...”. Muito em alta nos últimos tempos, o termo ganhou força nas mídias sociais desde meados de 2010 e atraiu o interesse especialmente das mulheres, que passaram a utilizar-se da expressão “empoderamento feminino” para designar aquelas que atuavam para se tornarem agentes de sua própria história, passando a reconhecerem seu valor, independente de padrões pré-estabelecidos. MULHERES EMPODERADAS Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2019, do IBGE, o número de mulheres no Brasil é superior ao de homens e, se uma mulher empoderada é capaz de transformar sua vida, também é capaz de transformar uma sociedade. Pelo mundo, como exemplo de mulheres transformadoras podemos citar a atriz e diretora Angelina Jolie, ativista de causas humanitárias há anos; e que mulher melhor para exemplificar o poder feminino do que Elizabeth II, a Rainha da Inglaterra, que assumiu as responsabilidades do governo britânico com apenas 25 anos? Por aqui, Nísia Floresta, uma das precursoras do feminismo no Brasil, é autora do livro “Direitos das mulheres e injustiça dos homens”, escrito em 1832, considerada a primeira obra feminista do Brasil; e também Maria da Penha, que depois de escapar de duas tentativas de assassinato por parte do marido e lutar durante 20 anos por justiça, dá nome à conhecida lei que vigora desde 2006. Mas podemos citar inúmeras outras, o que deixo a cargo do leitor. EMPODERAMENTO E EMPREENDEDORISMO Com tantas mulheres lutando e se qualificando para ganhar espaço também na vida profissional, o empreendedorismo é certamente um setor que se beneficia muito com suas atitudes criativas e inovadoras. De acordo com a pesquisa internacional Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2017/18, o Brasil é um dos países onde as mulheres mais empreendem. Nesta edição, vamos conhecer a história de uma empreendedora que não mediu esforços para adquirir e passar conhecimento, e que traz uma dose extra de inspiração para nossas vidas! DEBORA REGINA LINO Natural da Mooca, São Paulo, Debora veio para o interior do estado há 22 anos, para uma pequena cidade na região, mas queria uma oportunidade melhor, uma vez que já trazia uma bagagem profissional. “Jaú sempre foi uma cidade muito próspera, de oportunidades, com um povo acolhedor, e eu senti isso. Cheguei em Jaú há 15 anos com meu portfólio de trabalho, trabalhava com mega hair e prótese capilar, e já fui contratada no primeiro salão onde mostrei meu trabalho. Eu não tinha

24 Revista Energia

nenhum parente aqui, nenhum amigo, ninguém me conhecia e eu não conhecia ninguém. Então, tenho esse sentimento de gratidão para com a primeira pessoa que me deu oportunidade em Jaú, esse salão que me contratou há 15 anos”, declara. DA PRIMEIRA LOJA AO SUCESSO Depois de um ano e meio trabalhando no salão, começaram a surgir muitos convites para dar cursos na área de mega hair, as pessoas queriam aprender o método utilizado pela Debora. Importante ressaltar que ela nunca se acomodou, ao contrário, foi se especializando na carreira e fez muitos cursos de mega hair, tanto aqui no Brasil como no exterior. “Trabalhava na época com um Mega muito top, de uma marca italiana super famosa, recebia vários convites para ministrar curso”, conta. Mas quem tem o dom de empreender sempre pensa à frente do tempo, e Debora resolveu unir o útil ao agradável optando por abrir seu próprio negócio. “Decidi montar uma loja e ministrar os cursos. E assim aconteceu. Quando cheguei aqui erámos só eu e minha filha, Carolina, que tinha 9 anos na época em que montei a Debora Hair. Ela estudava na parte da manhã e à tarde ficava comigo na loja, onde eu praticamente fazia tudo: limpava, vendia, colocava o mega hair, colocava prótese, cuidava do site”, recorda Debora. O negócio tomou uma proporção maior, foi preciso contratar uma funcionária, depois a segunda, o e-commerce também cresceu bastante e Debora começou a ficar conhecida no Brasil. “Passei a dar aulas para várias pessoas do país inteiro que vinham me procurar. Daí veio a segunda loja física na cidade de Araraquara e depois me aventurei mais um pouco, abrindo a terceira loja física em Bauru. BEAUTY FAIR E COMPLICAÇÕES NA SAÚDE Nesse meio tempo, Debora Hair já era bem conhecida no Brasil e a empresária achou que era hora de participar da Beauty Fair, Feira Internacional de Beleza Profissional, uma das maiores no segmento. “Participei da primeira Beauty Fair e ali eu aprendi a montar uma feira, onde você se dedica das 9h às 22h sem ter horário para comer, sem ter tempo para nada, nem consegue beber uma água direito para poder atender as pessoas. Foi uma experiência única, mas extremamente estressante”, pontua. Debora conta que depois dessa feira teve uma queda de cabelo muito violenta, quando perdeu praticamente 60% dos cabelos e foi uma época bem complicada para sua saúde. “Fiquei mais debilitada e resolvi


estudar, queria saber o que estava acontecendo, o porquê dessa queda, então fui fazer uma pós-graduação em Tricologia e me apaixonei pela área, que me ajudou muito a entender todo o processo biológico do corpo, da queda, e me levou para outro caminho: uma pós em terapia quântica, porque não dá para tratar somente do couro cabeludo, tem que tratar o cliente como um todo”, explica. KROMO SPA, UM NOVO CONCEITO EM TERAPIA CAPILAR Não é nenhum segredo: todo empreendedor, seja ele grande ou pequeno, enfrenta uma sequência interminável de desafios em seus negócios quase que diariamente, afirma o Endeavor Brasil, organização líder no apoio a empreendedores de alto impacto ao redor do mundo. Para empreendedores criativos e ousados, problemas não são barreiras, mas para uma mentalidade empreendedora e empoderada, são grandes oportunidades de mudar toda uma realidade. Essa dificuldade com a saúde impulsionou Debora a conceber um espaço inovador, dedicado à terapia capilar e terapia quântica, associando os cuidados para que o cliente tenha seu problema realmente resolvido. “Kromo Spa já fez um ano e eu estou muito contente porque Jaú, mais uma vez, acolheu o Kromo e contribuiu para o seu sucesso”, afirma Debora. E VEIO A PANDEMIA... Por essa ninguém esperava. A pandemia do coronavírus pegou todos nós de surpresa e em pouco tempo já mudou hábitos no mundo todo. Neste cenário em que inúmeros países procuram gerenciar os impactos da pandemia na saúde e na economia, as empresas procuram gerenciar da melhor forma seu papel diante de clientes e funcionários. Com visão no futuro e responsabilidade, Debora relata que uma semana antes de o comércio fechar, de serem adotadas as medidas de isolamento social, ela já pensou em quais atitudes deveria tomar. “Fiquei muito preocupada porque tenho funcionárias e colaboradores que são amigos, arrimos de família, mas aprendi muito nesses últimos meses de isolamento social. Percebi como a Debora Hair é uma empresa de nome forte, assertiva com o cliente que confia nela, e conseguimos passar da melhor forma possível. Os colaboradores, as funcionárias, todos em uma união muito grande”. A empresária revela que sente-se muito orgulhosa em ter fundado uma empresa tão forte e ter aprendido tanto. “Nem sempre eu acertei, nesse lado empreendedor a gente tem algumas falhas, como a loja de Bauru que eu precisei fechar para poder estudar Tricologia, pois não estava conseguindo fazer uma gestão como eu gostaria ali”. EM CONSTANTE DESENVOLVIMENTO Debora Regina Lino é graduada em Comércio Exterior, pós-graduada em Tricologia e Terapia Capilar avançada pela Universidade Anhembi Morumbi, pós-graduada em Tecnologias Quânticas e Terapia Vibracional. Mas a terapeuta sabe que um bom empreendedor precisa desenvolver-se constantemente, adquirindo novas habilidades e competências para administrar o seu negócio. E ela não para. “A formação em Comércio Exterior facilita minha atuação na importação direta dos produtos. E atualmente estou fazendo uma nova graduação que é de Biomedicina. Também cursei um ano de Farmácia, mas não me identifiquei com o curso e optei pela Biomedicina”.


O QUE VEM POR AÍ Debora ministra cursos de aperfeiçoamento em mega hair e prótese capilar há mais de 15 anos e já são mais de mil alunos formados em todo o Brasil. E se empreender é ter boas ideias para transformar o mundo em um lugar melhor, essa certamente é outra habilidade dessa mulher empoderada, que soube construir a sua história e conquistar o seu espaço. Em um momento de incertezas devido à pandemia, quando muitos se acomodam esperando que a situação melhore, ela encontra caminhos e realiza sonhos. Pesquisas recentes apontam que o mercado de cursos online cresceu bastante nos últimos anos e a procura por pessoas interessadas em adquirir conhecimento de modo mais prático também aumenta a cada dia. De olho nesta tendência mundial, Debora já avisa: “Para este ano, já a partir deste mês, estou lançando os cursos online, que atenderão uma gama maior de pessoas, até pelo momento que estamos vivendo”. Portanto, pode esperar que vem muita novidade por aí. 

Quer conhecer um pouco mais, ou ter dicas de cabelo, saúde e empreendedorismo? Kromo Spa Especializado em terapia capilar Tecnologia em terapia quântica Tricologia quântica integrativa Jaú - SP - 14 99103 3902 Instagram: @kromospa #terapiacapilar

Debora Hair - 14 3624 3046 Instagram: @deborahairr Youtube: DeboraHair #megahair #prótese capilar


Revista Energia 27


Opinião Por: Wagner Parronchi, colunista wagnerparronchi@hotmail.com

Responsabilidade civil do estado pelo fechamento de empresas em meio à pandemia da Covid-19 Tema espinhoso para tratar em meio à pandemia, mas de necessário debate frente ao desgoverno que vivemos nesse período de calamidade pública

N

em se olvide dos sentimentos das pessoas

ao adotar uma posição negacionista ao tamanho da gravidade do

que perderam seus entes queridos entre as

problema que viria a ser enfrentado, deixando de coordenar os

dezenas de milhares de brasileiros mortos em

demais entes, largando as rédeas para que tomassem o rumo que,

decorrência da doença.

certo ou errado, necessariamente tinham de ser tomados.

Também não se está a questionar as ações necessariamente

tomadas

por

Assim, não pode sair distribuindo a culpa aos demais entes

governos

federados ou mesmo ao Poder Judiciário pela ausência de sua

municipais e estaduais no combate à proliferação do vírus e na

coordenação nacional, cabendo ao Governo Federal, único ente

preservação da vida e da saúde das pessoas, visto que ninguém

federado que tem o poder de emitir dívida e moeda, a obrigação

estava preparado para o que vinha a ser enfrentado, nem mesmo

de recuperar a economia de forma desburocratizada, sem vínculos

os nossos governantes, podendo até serem aceitas críticas

ou exigências absurdas, fomentando-a e fazendo com o que o

pontuais sobre qual a melhor alternativa, o melhor momento

dinheiro realmente chegue aos caixas das empresas brasileiras

etc, todavia, todas com o “leite já derramado”, sendo elogiável,

sem que fique a maior parte no papel, com especial atenção às

porém, a assertiva daqueles que concluíram sabiamente que não

micro, pequenas e médias empresas.

se tratava de uma “gripezinha”.

Não se está a fechar os olhos às medidas que deram certo

No entanto, é necessário refletir sobre o papel do Governo

como o auxílio emergencial e o benefício emergencial, porém,

Federal nisso tudo, mesmo diante da controversa decisão do STF

há de ser mais ousado se quiser realmente salvar a economia,

que entendeu ser possível a atuação desvinculada das demais

não podendo fechar os olhos a quem confiou o seu voto nesse

esferas, não podendo o país ser tratado como uma criança

governo e nesse momento; já que não é o protagonista do

mimada, cabendo-se evitar a bancarrota da economia, papel este,

combate à própria doença, que seja o herói da economia, pois

sim, fundamental que lhe restou, ainda que tenha sido causada,

é certo que, a princípio, não teria responsabilidade civil pela

em parte, por ações precoces ou equivocadas tomadas pelos

presença de uma previsão legal e excludente de responsabilidade,

demais entes no combate à pandemia.

todavia, já surgem vozes respeitáveis do meio jurídico atribuindo

Não pode o Governo Federal se eximir de sua responsabilidade somente porque não pode estar à frente do combate direto da doença, valendo lembrar que ele próprio causou tal situação jurídica

28 Revista Energia

responsabilidade ao Estado pelos danos causados às empresas e aos empresários. Vale a pena refletir. 


Revista Energia 29


30 Revista Energia


Revista Energia 31


32 Revista Energia


Revista Energia 33


34 Revista Energia



Sinais de esperança

O coronavírus continua circulando, mas a retomada já começou

Texto Bárbara Milani Fotos Arquivo pessoal

36 Revista Energia

Imagem: Internet

Atualidade


A

ssim como eu, você, leitor da RE, deve ter pedido no final do último ano um 2020 cheio de conquistas, realizações, sucesso e prosperidade financeira. Sentimos, principalmente os empresários, que a vida tinha voltado a caminhar nos trilhos quando, inesperadamente, fomos atingidos por uma doença que matou e continua matando milhares de pessoas em todo o mundo: a Covid-19. Com as incertezas e a falta de informação relacionada ao vírus, a sociedade sofreu bruscamente uma queda na economia. Segundo dados do IBGE, o desemprego no Brasil teve um aumento de 12,2% no primeiro trimestre de 2020, atingindo 12,9 milhões de pessoas. A região Sudeste, onde o estado de São Paulo se encontra, registrou taxa de desocupação de 12,4%. Após ficar fechado por mais de 90 dias, o comércio das cidades de todo o país começaram a retomar as atividades. Em Jaú não foi diferente. Alguns setores voltaram a funcionar com horário reduzido de atendimento e todos os protocolos sanitários de segurança. Nesta edição da RE, você vai conhecer histórias de pessoas incríveis que se reinventaram, e entender como será o nosso comportamento quando tudo isso passar! Vamos juntos? PÓS-PANDEMIA A pandemia do coronavírus transformou o mundo de uma forma avassaladora, com fechamento de fronteiras e medidas de isolamento, mas especialistas já estão especulando como será o nosso comportamento no processo pós-pandemia. As mudanças são evidentes nos âmbitos social, ambiental e econômico. Com o isolamento, alguns indicadores do meio ambiente apontaram melhoras expressivas em termos globais como a qualidade do ar e da água, e o ressurgimento de espécies da fauna. No comportamento social, há avanços com demonstrações de solidariedade, maior convívio com a família e, principalmente, os hábitos importantes de higiene. De acordo com a psicóloga clínica e professora Marcela Mangili Esteves Ivo, 28, as pessoas saíram do ‘modo automático’ de uma rotina e começaram a lidar com circunstâncias impostas de diferentes maneiras. “No início, o medo diante do desconhecido provocou desde atitudes de negação sobre o que estava sendo vivenciado até atitudes de desespero, quando as pessoas estocaram comida e produtos de higiene pessoal”, afirma. MUDANÇAS NO COMPORTAMENTO Com essa nova realidade, o impacto psicológico é grande. De modo geral, a população vem apresentando sintomas como humor deprimido, irritabilidade, insônia, medo, raiva, luto e ansiedade. Aos profissionais da linha de frente, ainda inclui-se exaustão e baixa concentração. “O momento é terreno fértil à reflexão de que somos protagonistas das nossas ações dentro daquilo que nos compete. Nesse espaço para escolhas é que somos decisivos quanto à nossa alegria e sucesso pessoal e profissional”, explica Marcela. Segundo a psicóloga, alguns papéis foram revistos e reinventados com a pandemia, como é o caso dos professores e alunos que estão usando a educação a distância; nas casas, as atividades domésticas sendo divididas; os idosos estão recebendo cuidados especiais e os trabalhadores criando fontes alternativas de renda. Marcela diz que é difícil fazer previsões generalizadas sobre quais mudanças serão permanentes no comportamento humano pós-pandemia. De acordo com ela, a tecnologia e o mundo virtual passaram a ser explorados por gerações mais antigas, e esse conhecimento não se perderá quando tudo passar. “Com a nova estruturação das instituições e empresas, tanto o ensino quanto o trabalho a distância poderão ser recursos adotados com maior frequência”, explica. Outra experiência importante, segundo ela, foi a intensificação da convivência com algumas pessoas e a limitação do contato com outras.

ECONOMIA A pandemia provocou a maior crise econômica da história recente do Brasil, mas indicadores relativos ao desempenho do comércio e da indústria já mostram crescimento na atividade desses setores. A confiança dos empresários entrou em recuperação, mas para manter as expectativas em alta e sustentar o crescimento no longo prazo é necessário seguir com a agenda de reformas no pós-pandemia. O crescimento nas vendas foi influenciado pelo aumento das transações nos canais digitais (e-commerce, aplicativos e redes sociais). As vendas e-commerce ajudaram o varejo a minimizar as perdas impostas pelo isolamento social e os canais digitais vão continuar sendo utilizados. Um dos indícios de que o fundo do poço da crise parece ter ficado para trás é o menor número de desligamentos em maio, apontado no Caged. Em abril, quase 900 mil postos de trabalho formais foram fechados; em maio, o fechamento líquido apontou 331 postos. Na última edição da RE, o presidente do Sincomércio - Sindicato do Comércio Varejista de Jaú e Região, José Roberto Pena, 55, disse que a pandemia teria que durar, no máximo, até final de abril, senão aconteceria um caos econômico. “Naquele primeiro momento, que era o início da pandemia e do nosso isolamento social, não sabíamos muito sobre o vírus e o comportamento do consumidor, nem de auxílios emergenciais para empresários”, explica. O PAPEL DO GOVERNO Felizmente, o Governo Federal liberou auxílios e mecanismos para que as empresas pudessem manter seus funcionários, ou pelo menos parte deles. “O auxílio da jornada ajudou os empresários a cumprirem a folha de pagamento e eles também negociaram com fornecedores”, diz José Roberto Pena. Segundo ele, todos foram estendendo as mãos e a cadeia produtiva de cada segmento se ancorou uma na outra. Em junho, a reabertura do comércio de forma parcial e reduzida ajudou bastante. “De acordo com pesquisa que nós temos com setores, ficou de 50% a 60% do faturamento normal com relação ao ano anterior”, esclarece. Não estamos vivendo um caos econômico, mas uma crise, uma recessão que vai perdurar por um bom tempo, com aumento da taxa de desemprego, redução da massa salarial e perda de faturamento. DELIVERY OU DRIVE-THRU? O delivery e o drive-thru já eram conhecidos, mas a pandemia deu uma visibilidade maior para os segmentos. Quem diria que algum dia seríamos proibidos de comprar algo de forma presencial? De acordo com Beto Pena, o delivery e o drive-thru foram adotados principalmente nos meses de abril e maio, quando o comércio ficou fechado. “Com a reabertura do comércio presencial, os dois segmentos vão permanecer, mas serão menos utilizados. A partir do momento em que as lojas permanecerem abertas, a frequência da população nos estabelecimentos vai aumentar de forma gradativa”, explica. Todas as lojas tiveram que aprender e se adaptarem. “O delivery e o drive-thru vão diminuir, mas as pessoas continuarão comprando online justamente por causa do medo. A experiência de comprar presencialmente nunca vai deixar de existir, mas no ‘novo normal’ Revista Energia 37


as pessoas vão dar preferência para compras pela internet”. RETOMADA EM JAÚ Os estabelecimentos voltaram a abrir no dia 2 de junho com todos os protocolos sanitários. O presidente do Sincomércio disse, recentemente, que o primeiro mês de retomada foi totalmente satisfatório e superou as expectativas. “Nós acreditamos na recuperação do setor econômico neste segundo semestre de 2020, principalmente a partir de agosto. Conforme os meses vão passando, a pandemia será melhor administrada e de forma geral as vendas também vão se recuperando”. Vamos conhecer agora como empresários de Jaú conseguiram sobreviver na pandemia do coronavírus. Os empresários são de três ramos fortemente atingidos: turismo, eventos e restaurantes. O SETOR MAIS AFETADO Considerado um dos setores mais promissores para a economia brasileira em 2020, o mercado do turismo foi um dos mais afetados pela pandemia. Tudo indica que o segmento demorará mais tempo para se recuperar dos efeitos da crise. Em abril, o impacto nas operadoras de turismo brasileiras somava R$ 3,9 bilhões em adiamentos e cancelamentos de viagens e se estenderá até 2021, com 3,8% das viagens adiadas ou canceladas. O empresário e turismólogo Daniel Rosalin, 36, não entende até hoje como conseguiu lidar com o cancelamento de viagens. “Quando veio a notícia que realmente não poderia mais abrir e viajar, que as aeronaves iriam ficar no chão, eu me desesperei na primeira semana. Não sabia como reagir, não sabia o que falar para o cliente. Eu tinha um monte de viagens saindo no finalzinho de maio, mas todas as viagens até 31 de julho foram canceladas”. O presidente Jair Bolsonaro editou medida provisória (MP 948/2020) para proteger empresas de turismo e cultura. Segundo o texto, os prestadores de serviços ficam dispensados de reembolsar imediatamente os valores pagos pelos consumidores por reservas, eventos, shows e espetáculos cancelados. Para isso, a empresa deve assegurar a remarcação do serviço ou oferecer crédito para a compra de outras viagens ou novos eventos. “Quando as medidas provisórias foram publicadas tivemos um norte com a opção de remarcar a viagem sem nenhum custo adicional para o cliente para que, daqui um ano em qualquer outra data, ele viaje sem cobrança de taxa tarifária”, relata Daniel. A segunda opção das agências foi a carta de crédito, onde o cliente fica com a carta no valor integral da viagem para qualquer outra que seja do seu pacote, e ele tem um ano para usar esse crédito, seja na mesma viagem ou para outro destino. Se houver diferença na tarifa, o cliente paga essa taxa. A terceira opção seria a parte de reembolso integral, permitido pelas medidas provisórias. ORGANIZAÇÃO Os funcionários das quatro agências Daniel Rosalin trabalharam em home-office no primeiro mês e começaram, semana a semana, a se organizarem. Entraram em contato com os clientes e passaram as opções conforme as medidas provisórias. “Não pude mandar ninguém embora, nem dar férias, porque nós tínhamos muitas viagens para resolver”, afirma. 38 Revista Energia

De 21 de março até o primeiro cancelamento, que foi em 31 de maio, a agência Daniel Rosalin Turismo tinha 2.500 pessoas saindo de viagem. Os funcionários ligaram para cada uma destas pessoas para explicar a situação e, segundo o empresário, 99% dos clientes entenderam. Emocionado, Daniel relatou que no início chorou bastante e chegou a questionar o que seria da agência que tem 15 anos de história. “Eu me perguntava como é que vem uma pandemia dessas, como vai acabar, como a gente teria que cancelar as viagens e devolver o dinheiro dos clientes. Felizmente, com o tempo, conseguimos nos organizar e aprendemos a lidar com os cancelamentos”.

“No começo a gente ficou meio sem chão” REINVENTAR-SE “Nós usamos a tecnologia a nosso favor”. Foi assim que Daniel Rosalin reinventou-se. “Reestruturamos nosso site e criamos um blog com vários destinos nacionais e internacionais, onde os funcionários que já conheceram os locais escreviam um artigo falando sobre o destino, com vídeos e fotos”, explica. A empresa criou a Live ‘Próximo Destino’, onde guias de turismo de cada região do Brasil e do mundo eram convidados e falavam sobre curiosidades do local. Com as Lives, Daniel também começou a sortear brindes para ter engajamento. “Mesmo com todo o distanciamento social, sabemos que a pandemia do coronavírus fez com que as pessoas se tornassem mais humildes e solidárias, e criamos a campanha Viagem Solidária: a cada 1kg de alimento doado, a pessoa concorria a 5 viagens (quatro do portfólio da Daniel Turismo e uma viagem com acompanhante para o Nordeste em 2021). Já arrecadamos duas toneladas de alimentos que foram distribuídas para igrejas e ONGs”, finaliza. RESTAURANTES Restaurantes que viviam lotados precisaram readequar-se com a pandemia. Por meses, os estabelecimentos do setor ficaram fechados em todo o país. Recentemente, com a reabertura de alguns segmentos, tiveram que seguir um guia de boas práticas de higiene e relacionamento, lançado pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). “Quando nos vimos obrigados a fechar para atendimento ao público tivemos a ideia de trabalhar com o delivery. A pessoa opta por buscar no balcão ou a comida é entregue em sua casa, dentro do horário”, relata o empresário Douglas de Melo Miranda, 22, que está à frente do Restaurante Mirante do Pouso, junto com seu pai Sidnei Miranda, 46. Para continuar garantindo a qualidade do serviço e a lucratividade, o empresário teve que reaprender a fazer compras dos produtos. “Sempre trabalhamos com produtos frescos e de qualidade, por isso tivemos que reaprender a comprar para não perder itens essenciais. Também implantamos o WhatsApp para atender a todos com atenção”. Douglas acredita que ainda é meio imprevisível saber se os clientes terão a mesma confiança em sentar-se à mesa de um restaurante ou em qualquer outro estabelecimento. “Vale ressaltar que todos os cuidados, tanto por parte dos restaurantes quanto dos clientes, estão sendo seguidos”, finaliza.


O SETOR DE EVENTOS O isolamento social é uma das medidas preventivas para conter o coronavírus e com isso o segmento de eventos sofreu drasticamente. Um levantamento feito pelo Sebrae mostra que o setor foi afetado em 98%. Para tentar negociar prazos, os empresários devolveram dinheiro para o contratante (34%) e negociaram crédito para usar futuramente (35%). Segundo pesquisas, cerca de 30,1% dos empresários estão aprimorando a gestão. A empresária Renata Maróstica Paschoalini, 43, revela que está utilizando o tempo da quarentena para realizar manutenções e modificações na Lumare Eventos. “Essas mudanças vão facilitar ainda mais o processo de montagem e desmontagem dos eventos. Neste momento difícil, estamos todo o tempo buscando proporcionar o melhor para os nossos contratantes, convidados e fornecedores”. A empresária também está utilizando seu tempo para manter contato, de forma digital, com os clientes, futuros clientes e fornecedores, sempre com planejamento na participação de novos projetos. CANCELAMENTOS Com muitos casamentos, aniversários, formaturas e alguns eventos corporativos, a Lumare Eventos foi pega de surpresa com a pandemia. Diante do desespero de muitos, a atitude da empresária Renata foi colocar-se no lugar do cliente. “Procuramos tranquilizá-los e orientá-los, garantindo que remarcaríamos a data sem custo e alteração no orçamento”, ressalta. Mesmo prestando todo o apoio necessário, alguns clientes pensam em desistir do tão sonhado momento devido à dificuldade em encontrar data compatível com todos os fornecedores. Apesar da conciliação, eventos foram cancelados justamente porque seriam realizados em meses específicos e não fazia sentido remarcar. “O que mais argumentam é que não querem uma festa com as pessoas de máscara e, por outro lado, temos a preocupação com as inúmeras pessoas que trabalham com o setor de eventos e que atualmente estão sem trabalho. A cadeia de profissionais envolvidos no planejamento, na produção e na execução de eventos é gigante”, comenta. VOLTAR COM SEGURANÇA A empresária afirma que pensar em como adaptar um setor que depende essencialmente de reunir pessoas é difícil. “Tenho

consciência que não será do jeito que queríamos para uma festa, mas o momento é de compreensão, de empatia, de um ajudar o outro porque ninguém está trabalhando da forma como gostaria”, reforça. Segundo Renata, o reflexo da crise é como uma bola de neve, pois cada empresa envolvida na realização do evento também envolve uma grande rede de outros prestadores de serviços como buffet, decoração, segurança, fotografia, vídeo, assessoria, som, iluminação, músicos, DJs, bandas, bartenders, convites, lembranças, etc. Já existem vários projetos com protocolos de medidas sanitárias que foram apresentados e adotados em outros estados e até em outros países para que os eventos pudessem ser retomados com segurança. “É o momento de consciência coletiva”, reflete. MEDIDAS FUNDAMENTAIS A ideia principal é iniciar com eventos menores, com 30% da capacidade do local, distanciamento seguro entre as mesas que seriam compartilhadas apenas por pessoas da mesma família; vários pontos de álcool em gel, além de um em cada mesa; uso de máscaras e luvas por todos os funcionários e uso de máscaras pelos convidados também, com exceção do momento da alimentação, limpeza e higienização das áreas. Outras medidas incluem aferição da temperatura de todos (colaboradores e convidados), entrada e saída independentes para maior controle do fluxo de pessoas, mudança na forma do serviço do buffet, espaço mais reservado para grupo de risco, controle de entrada e saída nos sanitários, etc.

“Meu maior desejo é voltar a ver meu espaço vazio e silencioso ser tomado pelo barulho” IMPACTO NA EDUCAÇÃO Além de causar impactos em setores da economia, a pandemia do coronavírus atingiu, claro, a educação. Metade da população estudantil mundial permanece afastada das escolas e universidades, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). O número corresponde a mais de 850 milhões de crianças e jovens com os estudos interrompidos em mais de 100 países. O fechamento das instituições se tornou um desafio e fez com que escolas e universidades buscassem soluções na educação a distância: o formato envolve vídeo aulas em tempo real, gravação de vídeos, realização de atividades online e ampliação da programação educativa em canais de TV e rádio. Uma questão que causa bastante preocupação com o fechamento das escolas é que muitas crianças e adolescentes ficam sem a alimentação oferecida pela instituição, sendo esta, muitas vezes, a única refeição do aluno. Sem deixar de mencionar, também, a falta de acesso a ferramentas digitais. ENSINO PÚBLICO O desafio é ainda maior para as escolas estaduais. Nem todas estão preparadas e precisaram introduzir e adaptar-se às novas tecnologias em pouco tempo. Um dos desafios enfrentados pela EE Major Prado, de Jaú, foi encontrar a melhor maneira de desenvolver a prática pedagógica no sentido de minimizar os déficits educacioRevista Energia 39


nais. “Realizamos um levantamento junto aos estudantes de quais meios seriam mais fáceis para que o desenvolvimento das atividades remotas fossem realizadas, tanto para os estudantes do ensino regular quanto para os estudantes do Centro de Estudos de Línguas (CEL)”, explica o diretor Alessandro Pedro, 44. Segundo ele, uma ferramenta foi disponibilizada pelo SEDUC/SP, o Centro de Mídias de São Paulo. Neste aplicativo, os alunos assistem aulas ao vivo ou as reprises. Os professores desenvolvem atividades complementares, que são enviadas aos estudantes via Facebook, WhatsApp, e-mail e classroom (sala de aula). “Estudantes que não possuem acesso à internet podem acompanhar as aulas pela TV Educação e também foram disponibilizados materiais impressos para a realização das atividades”, orienta Alessandro. ENSINO SUPERIOR As aulas a distância e a utilização de plataformas digitais são mais fáceis de serem aplicadas aos alunos do ensino superior, pois muitas instituições já ofereciam essas mídias antes mesmo da suspensão das aulas presenciais. A Unoeste Jaú, que possuía os métodos do ensino a distância, também sofreu com a mudança drástica na educação brasileira. “Tivemos uma semana para nos organizar, mas foi trocar a roda com o carro andando. Nos organizamos de maneira que o suporte tecnológico pudesse ser mais preparado para o aluno”, explica a coordenadora administrativa e docente Amanda Creste Martins da Costa Ribeiro Risso, 41. A instituição particular também disponibilizou todos os contatos dos professores para que os alunos tivessem acesso e não fossem tão prejudicados neste momento. Consultorias, atendimentos e dúvidas aconteceram via celular, e-mail e sistema. FLEXIBILIZAÇÃO PARA RETORNO ÀS AULAS O governo de São Paulo anunciou no dia 13 de julho a flexibilização para o retorno da educação complementar, que consiste em cursos de idiomas, artes, informática, entre outros. Foi autorizada também a retomada das atividades de cursos de ensino superior que exigem aulas práticas como Medicina, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Odontologia. A Secretaria de Educação considerou que, nesses cursos, os alunos não frequentam as aulas diariamente. “De certa forma, a Unoeste Jaú já está preparada para isso, temos todos os protocolos de segurança para que as aulas práticas possam acontecer com muito rigor. Sempre analisando os dados epidemiológicos que são apresentados pela Secretaria de Saúde”, explica Amanda. A coordenadora administrativa acredita que, para essa retomada da educação, é necessário um treinamento muito intenso com relação a funcionários, equipes de limpeza, professores, alunos e pais de alunos. “O trabalho não é sozinho e o rigor de vigilância é muito alto”. 40 Revista Energia

As aulas do ensino público estadual ainda permanecem previstas para o dia 8 de setembro. Para o diretor da EE Major Prado, Alessandro Pedro, o retorno às aulas deve acontecer com todas as normas de segurança. “É uma questão difícil e penso que, caso seja possível esse retorno dentro dos protocolos de segurança, o mesmo deve acontecer. Acho que a sociedade está percebendo que a presença do professor no processo de ensino e aprendizagem é essencial para que as crianças e os jovens tenham formação de qualidade”, reforça. As instituições de ensino deverão obedecer a protocolos de segurança como a presença máxima de 35% dos alunos matriculados, no entanto, a flexibilização só será autorizada em cidades que permanecerem, no mínimo, 14 dias na fase 3 (amarela) do Plano São Paulo. No caso da educação complementar, a flexibilização será autorizada para cidades que estão na fase 2 (laranja), mas apenas com 20% da capacidade prevista. Na fase 3 (amarela) será permitida a presença de 40% dos estudantes matriculados. VALORIZE SUA SAÚDE MENTAL Apesar de todos os cuidados que tomamos no dia a dia com o uso do álcool em gel e máscaras de proteção, precisamos lembrar do nosso maior bem: a saúde mental. Neste momento tão difícil, reflita: qual a melhor versão do seu eu que você pode construir hoje? “O comprometimento não é fácil, mas não podemos deixar que nossos problemas conduzam nossas vidas e nem devemos gastar energia lutando contra o inevitável. Só nos resta encontrarmos uma maneira de lidar com os desafios sem que isso nos custe a felicidade”, afirma a psicóloga clínica Marcela. O cenário da pandemia do coronavírus aumentou a busca pelo profissional da psicologia, abrindo os olhos da população para a importância da saúde mental. Estabeleça uma rede de apoio e lembre-se, sempre, da sequência: saúde, família e trabalho.  DIA A DIA Não sabemos como estará a situação do comércio quando esta edição da RE chegar até você, leitor. Infelizmente, no dia 20 de julho, alguns setores foram fechados novamente como restaurantes, salões de beleza e estética, barbearias e academias.


JAÚ JAÚSHOPPING SHOPPING

Instalação Instalaçãodedepontos pontosdedeálcool álcool em emgel gelpor por todo todoshopping; shopping;

MEDIDAS MEDIDASDE DESEGURANÇA: SEGURANÇA:

Utilização Utilizaçãodedetermômetros termômetros infravermelhos infravermelhospara paraaferição aferiçãodede temperatura temperaturananaentrada entradadodoshopping; shopping;

• •Horário HorárioReduzido; Reduzido; • •Uso Usoobrigatório obrigatóriode demáscara; máscara; • •Capacidade Capacidadede depúblico públicolimitada limitadade deum um cliente clientepara paracada cada12,5m² 12,5m² • •Checagem Checagemdos dosexaustores exaustoreseesistema sistemade derenovação renovaçãode dear; ar;

Escada Escadarolante rolantesinalizada, sinalizada,a a cada cada3 3degraus degrausuma umapessoa; pessoa;

• •Suspensão Suspensãode deeventos eventoseelazer lazerque quegeram geramaglomerações; aglomerações; • •Higienização Higienizaçãodos doscalçados calçadosem emtodas todasas asentradas; entradas; • •Sinalizações Sinalizaçõespor portodo todoooshopping shoppingpara paramanter manteroo distanciamento distanciamentoeeorganização organizaçãode defilas filaseefluxo; fluxo; Reforço Reforçonanalimpeza limpezaem emtodos todososos setores, setores,principalmente principalmentenos noslocais locais com commais maispassagem passagemdedeclientes. clientes.

Revista Energia 41


Look de artista

42 Revista Energia

Modelos: Juliano Neves Roma e Julia de Souza Roma Looks: Vestylle Megastore Produção: Jorgin Cabelo e Estética Local: Bem Dito Barbearia Premium Fotos: Moinho Propaganda


Tel: 14 3622 8364 Revista Energia 43 Av. Frederico Ozanan, 770 - JaĂş/SP


44 Revista Energia


Revista Energia 45


46 Revista Energia


club

Social

Mirante do Pouso Tradição e respeito com o cliente. O que já era um diferencial no Mirante do Pouso, agora é prioridade! Com distanciamento entre as mesas, álcool gel, garçons com luvas e máscaras, entre tantos outros cuidados, a casa se empenha em verificar todos os detalhes para você fazer sua refeição com todo conforto e segurança!

Revista Energia 47


48 Revista Energia


Revista Energia 49


50 Revista Energia


Dermatologia Por Dra Renata Oseliero Médica com formação em dermatologia pela Faculdade de Medicina de Valença/RJ Pós-graduação em medicina estética; pós-graduação em tricologia Estágio em dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo

Queda de cabelo: como evitar? Você deseja manter seu cabelo bonito e bem cuidado? Você se interessa em preservar o couro cabeludo sempre saudável? Por acaso, tem percebido que seus fios estão caindo mais e se preocupa muito com isso?

M

uitas pessoas passam pelo mesmo problema e estão em busca de um tratamento adequado para queda de cabelo. Entre outras causas comuns para a queda de cabelo, existem: oleosidade, deficiência de vitaminas, procedimentos químicos, processo de envelhecimento, genética, mudança de peso, desequilíbrios hormonais, cirurgia, situações de estresse, doenças autoimunes e efeitos colaterais do uso de alguns medicamentos Muitos tratamentos são usados para combater esse problema, mas os resultados são variáveis. Em geral, conseguimos a diminuição, a estabilização ou mesmo a reversão do processo com tratamentos como: Tratamento com led - A fotoestimulação, fototerapia capilar ou tratamento com led é um método que tem como principal objetivo recuperar a saúde do seu couro cabeludo. Utiliza a irradiação de luz, laser ou led para evitar a queda do cabelo. O paciente é submetido a sessões nas quais uma luz penetra no couro cabeludo. Essa luz atinge diretamente as células e acaba estimulando grandemente o metabolismo, o que faz com que os nutrientes sejam mais aproveitados e o couro cabeludo fique mais saudável. Com o couro cabeludo mais saudável, você poderá notar com algum tempo de tratamento a melhora no fio e também a inibição da queda. Intradermoterapia capilar - Esse tratamento, também conhecido como MMP (Microinfusão de Medicamentos no Couro Cabeludo), é um método clínico que consiste na aplicação de substâncias ativas no couro cabeludo por meio de pequenas agulhas, com o objetivo de

diminuir consideravelmente a queda de cabelo. A técnica auxilia na nutrição dos fios e interfere diretamente no crescimento capilar, estimulando o progresso, garante bons resultados e atinge uma distribuição efetiva. O tratamento é feito com a aplicação de diversas microagulhas que penetram no couro cabeludo de maneira superficial, injetando pequenas doses do medicamento. Ainda, o método se mostra bastante eficiente no tratamento de cabelos que sofreram com químicas pesadas como alisamento e descolorações. Isso porque a aplicação local influencia diretamente na síntese e formação dos fios, estimulando a produção de nutrientes e vitaminas essenciais para a formação de um cabelo bonito e saudável. Microagulhamento - Assim como o nome indica, a técnica de microagulhamento consiste na utilização de diversas agulhas muito pequenas, que agem na pele para estimular o colágeno ou os fatores de crescimento que compõem as plaquetas presentes no sangue. É uma técnica muito indicada para proporcionar cabelos mais volumosos e um ótimo aliado para reagir contra a queda. O tratamento depende essencialmente da causa da queda de cabelo. Antes do tratamento, é preciso descobrir o motivo. E como é possível que você tenha notado, nem sempre é fácil identificá-lo, visto que vários fatores contribuem para o problema que muitas vezes pode ser multifatorial. Por isso é tão importante observar nosso corpo. Se acha que seus cabelos estão caindo mais do que o normal, não deixe de marcar uma consulta para descobrir o motivo e a solução para esse problema. Temos diversas opções e recursos terapêuticos para uma estética e saúde dos seus cabelos cada vez melhor! 

Revista Energia 51


F

Por Heloiza Helena C Zanzotti

undada em 1939 pelo fazendeiro e autodidata Joaquim Ferrei-

Econômico. Passou a ser conhecida por “ETE Joaquim Ferreira do Ama-

ra do Amaral, ao se inspirar na profissionalização de crianças

ral” em 1993, ao tornar-se uma das Unidades de Ensino do Centro Esta-

na França, a escola começou a funcionar em 1942, com os

dual de Educação Tecnológica Paula Souza, na qual permanece até hoje

cursos de Fundição, Mecânica de Máquinas e Corte e Cos-

com os cursos técnicos integrados ou não ao Ensino Médio. Possui clas-

tura. Na década de 60, conforme o número de interessados começou a

ses descentralizadas em Bariri, Dois Córregos, Itapuí e Boracéia, e partici-

aumentar, foram criados os cursos de Torneiros e Ajustadores Mecâni-

pa do plano de expansão das escolas técnicas com a instalação de novos

cos, motivo pelo qual a escola passou a ser chamada “Ginásio Industrial

cursos na Escola Estadual Professor Túlio Espíndola de Castro, em Jaú.

Estadual Joaquim Ferreira do Amaral”, com cursos de 5ª a 8ª séries do

Atualmente sob a direção de André Pignatti Zago, segundo dados

1º grau da época. Em meados de 1970, os cursos foram transformados

coletados do NSA (Novo Sistema Acadêmico), a escola atende 1774

em Cursos Técnicos de 2º grau, e a instituição foi nomeada “Colégio

alunos provenientes de várias cidades da região.

Técnico Industrial de Jaú”. Na mesma época, foi inaugurado outro pré-

A ETEC Joaquim Ferreira do Amaral oferece 25 cursos diversos,

dio em terreno contíguo, o “Prédio Novo”, com a implantação de mais

distribuídos entre as modalidades Ensino Técnico, Ensino Técnico Inte-

cursos e a extinção do ensino de 1º grau.

grado ao Ensino Médio (ETIM), Novotec Expresso e M-Tec/Novotec. 

O estabelecimento do ensino técnico e de segundo grau integrados ocorreu em 1991, a partir da adesão da escola à Divisão Estadual de Ensino Técnico, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento

52 Revista Energia

Fontes https://biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-catalogohtml?id= 448367&view=detalhes http://www.etecjau.com.br/etecjau/links/aetec/aetec.php


Revista Energia 53


54 Revista Energia


Todos sabemos que uma obra exige paciência, dedicação e, acima de tudo, muita atenção na escolha de bons produtos e serviços. Vamos às características do alumínio:  Longevidade  Resistência à corrosão  Durabilidade  Variedade nos modelos e formatos  Menor consumo de energia em função do isolamento térmico;  Isolamento acústico  Isolamento térmico  Design e aparência O alumínio valoriza o imóvel, conferindo a ele um estilo moderno e diferenciado, permitindo combinações atraentes e elegantes. A beleza do alumínio traz um novo visual ao ambiente, tanto na área interna como na área externa do imóvel. Tudo isso você encontra no Box São Vicente. Faça agora o seu orçamento.

Revista Energia 55


56 Revista Energia


Revista Energia 57


Alimentação

Novas opções estão na mesa Vegetarianos, veganos e plant-based: conheça estas dietas, suas características, benefícios e cuidados

Texto Heloiza Helena C Zanzotti / Bárbara Milani Fotos Arquivo pessoal

58 Revista Energia


Imagem: Internet

S

e você está pensando em parar de consumir produtos de origem animal, é importante saber os benefícios e cuidados que estas dietas exigem. Mas uma coisa é certa: o consumo de produtos mais saudáveis está ganhando força entre os brasileiros. Em entrevista ao jornal O Estado de Minas em janeiro deste ano, a nutricionista e diretora-executiva do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, Nágila Damasceno, afirmou que em nosso país “a preocupação com a saúde, o bem-estar e o consumo minimalista (contramão do hiperconsumismo) individual e coletivo estarão cada vez mais presentes”. Ela também acredita que a tendência é que as pessoas comprem mais alimentos de pequenos produtores em feiras livres, cooperativas agrícolas e “resgatem práticas culinárias menos agressivas à saúde individual e mais sustentável”. DIFERENÇA ENTRE VEGANO E VEGETARIANO Para entender estas opções de alimentação, a RE conversou com Laura Domarco Rosella, 25, graduada em Nutrição e Metabolismo pela USP com Extensão em Gastronomia Saudável pela Escola de Gastronomia de Ribeirão Preto; e Mariana Januário Lilli, 23, graduada em Nutrição pela USC (Universidade do Sagrado Coração), pós-graduada em Nutrição Esportiva pela USP e pós-graduanda em Nutrição Vegetariana pela SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira). Segundo as nutricionistas, é considerado vegetariano aquele que exclui de sua alimentação todo tipo de carne, peixes, aves e seus produtos derivados, podendo ou não utilizar ovos e laticínios. Aquele que exclui também ovos, leites e derivados é considerado vegetariano estrito. Já o vegano possui os mesmos hábitos alimentares do vegetariano estrito, porém, além dos hábitos alimentares, exclui de seu uso pessoal todos os produtos ou subprodutos de origem animal ou que faça teste com estes (roupas, acessórios, cosméticos, sapato, produtos químicos). OS BENEFÍCIOS DA ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA Os benefícios envolvem basicamente três esferas: ética animal, saúde pessoal e sustentabilidade do meio ambiente, de acordo com as nutricionistas. Em relação à saúde, elas explicam que “a American Diabetes Association (ADA) considera que a dieta vegetariana apropriadamente planejada (variada, baseada em alimentos in natura, rica em fibras, compostos bioativos e equilibrada) é saudável, nutricionalmente adequada e promove benefícios à saúde, trazendo resultados positivos no tratamento e prevenção de diversas doenças”. Além disso, alguns estudos apontam que a população vegetariana possui risco reduzido de cardiopatias, diabetes, câncer, colesterol elevado, hipertensão arterial, obesidade e doenças da vesícula biliar. RESTRIÇÃO DE IDADE A opção pela dieta vegetariana já é realidade em muitos lares onde há crianças e idosos, e essa escolha acaba sendo uma decisão familiar, influenciada por diversos motivos e grande parte das vezes compartilhada pela família toda. As nutricionistas explicam que, segundo o Ministério da Saúde, uma dieta vegetariana bem planejada é adequada para todas as fases da vida (gestação, lactação, infância, adolescência e atletas), promovendo crescimento e desenvolvimento adequados. “Para nós, não existe um requisito específico para se aderir a esse estilo de vida, apenas atitudes que facilitarão esse processo, como simplesmente ter contato com a origem dos alimentos e a preparação destes”. Já em relação ao veganismo e ao vegetariano estrito, os médicos alertam para os cuidados com a deficiência de nutrientes, que devem ser adquiridos para que se tenha uma dieta vegana saudável. Por ser uma dieta altamente restritiva, se não for feita de forma correta pode trazer problemas à saúde. Revista Energia 59


SER VEGANA OU VEGETARIANA É SER SAUDÁVEL? Não necessariamente, respondem as nutricionistas. “Apenas excluir alimentos de origem animal não significa ter uma alimentação saudável, pois existem alimentos industrializados (ultraprocessados) ricos em gordura, açúcar e sal, por exemplo, que podem ser considerados veganos. Por isso, como dissemos anteriormente, não se trata apenas dos alimentos que são retirados da dieta, e sim dos que devem ser incluídos para fornecer todos os nutrientes necessários a uma alimentação saudável”. Com relação às crianças, a Sociedade Brasileira de Pediatria faz ressalvas e lembra que a falta de leite e derivados pode aumentar a deficiência de cálcio, enquanto a ausência das carnes brancas e vermelhas prejudica o consumo adequado de ferro, proteínas e vitaminas B12 e D. A ALIMENTAÇÃO PLANT BASED Relativamente nova no Brasil, a plant based é uma alimentação natural, que preza pelos alimentos orgânicos e a produção sustentável. “É uma alimentação que busca aproximar-se o máximo possível da natureza, com harmonia e respeito, baseada em plantas inteiras (não refinadas, ou minimamente refinadas), frutas, cereais integrais e legumes, e exclui ou minimiza o consumo de carne, produtos lácteos e ovos”, esclarecem Laura e Mariana. Para elas, essa é alimentação que mais se aproxima das recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira de 2014. “É um material elaborado pelo Ministério da Saúde, cujo conteúdo pode e deve ser acessado on-line por todos, dizem. Sobre a plant based elas afirmam que “traz praticamente os mesmos benefícios citados anteriormente sobre uma dieta vegetariana ou vegana bem planejada, devido ao fato que as pessoas que aderem a esse estilo de vida já excluem naturalmente o consumo daqueles alimentos que são considerados inflamatórios e prejudiciais à saúde (ultraprocessados, refinados, ricos em gordura, sal e açúcar)”. PREOCUPAÇÕES E ORIENTAÇÕES É importante ressaltar que antes de adotar alguma dessas dietas é preciso buscar orientação médica e de um nutricionista, realizar alguns exames e saber como estão os níveis de vitamina B12, ferro e ácido fólico, já que são os alimentos derivados e de origem animal que fornecem grande parte desses nutrientes, além de serem a maior fonte de proteínas que ingerimos diariamente. Sobre esta questão, as especialistas lembram que hoje em dia o consumo de proteína pela população brasileira é muito maior do que o recomendado, hábito adquirido por informações errôneas de que quanto maior o consumo de proteína, mais músculos aparecerão no nosso corpo. “Os aminoácidos são como partículas que, juntas, formam a proteína inteira, e são encontrados em todo o reino vegetal, alguns alimentos com mais, outros com menos. Por isso a importância da combinação deles na alimentação. Por exemplo, o cereal com leguminosa, nosso típico arroz com feijão, cada um fornece um tipo de aminoácido. Sendo assim, alimentação sem carne contempla a quantidade de proteína suficiente e adequada, sim”, afirmam.

60 Revista Energia

A SUPLEMENTAÇÃO De acordo com Laura e Mariana, o único nutriente que merece uma atenção especial nesses tipos de dieta é a vitamina B12, que tem como fonte exclusiva alimentos de origem animal. “No entanto, o que se observa hoje é que a deficiência desta vitamina acontece em grande parte da população brasileira, independente dos hábitos alimentares, uma vez que o próprio boi pode estar deficiente de B12 pela falta dela na sua alimentação”. Portanto, vale a dica: todos devem dosar essa vitamina através de exames sanguíneos e o profissional (nutricionista ou médico) precisa estar atualizado aos valores de referência para análise e possível suplementação. “No mais, todos os minerais e vitaminas são encontrados na alimentação adequada baseada em frutas, verduras, legumes, leguminosas, sementes e cereais integrais. O profissional nutricionista conseguirá ajudar, através da educação nutricional, a otimizar a digestão e absorção desses micronutrientes”. QUER SE TORNAR VEGANO? Nossas profissionais orientam: busque conhecimento. Consulte fontes confiáveis como, por exemplo, os documentos da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira) que podem ser acessados on-line, tendo sempre consciência de quais serão os impactos das suas escolhas. Outra dica é cozinhar. “Despertar o interesse por hábitos culinários para entender melhor os processos e as substituições que podem ser feitas. Assim, aquela sua receita preferida pode ter também uma versão vegana bem saborosa e nutritiva. E mais importante: não se cobrar tanto. Não é porque você comeu aquele bolo, feito com tanto carinho pela sua avó, que você deixou de ser vegano. O convívio social deve ser preservado com empatia para disseminar seu ponto de vista, respeitando todas as escolhas alimentares”, orientam as nutricionistas. UM FILME E UMA DECISÃO Maitê Paschoalini, 27, empresária, conta que se tornou vegana quando deixou o coração falar mais alto que o paladar. “Acredito que todos os animais têm o direito à vida, sem exploração, dor e sofrimento. Isso se chama compaixão e todos nós temos dentro de nós; às vezes só nos falta enxergar o que está bem na frente de nossos olhos. A maioria das vezes não nos atentamos para o que aconteceu até aquele bife chegar ao nosso prato. Para muitos que acreditam em energia, assim como eu, já pararam para pensar quais são as energias que você sente, e de onde elas vêm? Ela conta que a ideia partiu do marido. “Ele me propôs fazer um teste e tirarmos todos os tipos de carne da alimentação. Na hora abracei a ideia, fizemos o desafio 21 sem carne da SVB em fevereiro de 2019 e viramos ovolactovegetarianos, ou seja, nos alimentávamos ainda de ovo, leite e seus derivados, que é a porta de entrada para o veganismo. Eu me encontrei verdadeiramente nesse mundo, sempre me atualizando, e em outubro assistimos a um documentário chamado “What the healthy?”. Nesse dia viramos veganos! Sempre digo que tudo na vida é apenas uma decisão e foi assim em nossa vida”.


“Muitas vezes as pessoas se preocupam com o que tirar do prato, e esquecem que temos que colocar...” SENSAÇÃO DE PAZ Para Maitê, colocar a cabeça no travesseiro e saber que não fez mal a nenhum animal é a melhor coisa, mas teve muitos benefícios também na saúde. “Mesmo eu me alimentando bem sempre tive colesterol alto e nos meus últimos exames meu colesterol melhorou absurdamente, até minha médica assustou. Outro benefício é a descoberta de novos alimentos, novos sabores. Muitas vezes as pessoas se preocupam com o que tirar do prato, e esquecem que temos que colocar... mais leguminosas, mais vegetais! Isso deveria ser normal em uma alimentação, mas a maioria das pessoas não consome esses alimentos tão ricos que vêm da nossa terra, mesmo quando são onívoros”. SUPLEMENTOS E ACOMPANHAMENTO A empresária conta que faz exames regularmente e não está usando nenhum suplemento. “Quando houver necessidade farei o uso, mas no momento está tudo dentro da normalidade”. Sobre acompanhamento nutricional, ela afirma: “Faço sim. O melhor profissional para auxiliar na transição com certeza é o nutricionista, para orientar e explicar”. Maitê também ajuda muitas pessoas a se alimentarem melhor. “Convido a experimentarem novos sabores, aderirem ao movimento ‘Segunda sem carne’ tirando muitas dúvidas, esclarecendo mitos e, para minha alegria, tenho relatos de pessoas que viraram vegetarianas com as minhas postagens e conteúdos no Instagram. Se você tem interesse no assunto, é só me seguir que tenho certeza que irá ajudar. Estou à disposição a todos os leitores para tirarem dúvidas!” Instagram: @maitemundoveg ALIMENTAÇÃO CONSCIENTE Ieda Yumi Assano, 27, designer gráfica e fotógrafa, é vegetariana e não consume carnes, ovos, leite e derivados. “O consumo de carne na minha criação nunca foi frequente, principalmente por ser de família pobre, mas também por hábito. Por volta dos 15 anos descobri que não podia comer carne bovina e minha transição aconteceu gradualmente. A questão essencial para mim é a forma como são produzidas as carnes e derivados, envolvendo sofrimento animal, desmatamento em larga escala, alto consumo de água e uma interferência muito grande no ecossistema”.

MUDANÇAS NA VIDA Para Ieda, saber que está contribuindo para um mundo mais sustentável é bom, a economia de dinheiro é grande e ela também tem menos problemas de saúde e mais disposição. “Recentemente mudei de cidade e profissão, troquei São Paulo por Jaú e o design pela cozinha, isso tem tudo a ver com meus hábitos alimentares e a vontade que tenho de tornar acessível esse tipo de alimentação. Cozinhar sempre foi uma grande paixão, mas ser vegetariana me incentivou a aprofundar cada vez mais na diversidade, preparo, possibilidades e combinações de alimentos. Até hoje só tive benefícios”, conta. O ACESSO AO SERVIÇO ESPECIALIZADO A designer explica que em breve começará a suplementação de B12. “No meu caso não há necessidade de suplementar mais nada. Nunca tive acompanhamento, pesquiso muito por conta própria e faço exames periódicos. Infelizmente, o acesso a profissionais especializados é raro e muitas vezes depende de um dinheiro que eu e a maioria da população não tem. Mesmo em consultórios particulares ainda é comum alertar sobre as restrições e mesmo assim sair de lá com dietas que incluem carne. Considero de extrema importância, porém, até hoje não encontrei um nutricionista que pudesse me auxiliar e que eu pudesse pagar. AS NOVIDADES NO MERCADO Questionada sobre o que há de novo para os adeptos destas dietas, ela diz que ouve muito sobre as novidades da indústria alimentícia, como os hambúrgueres que imitam carne bovina e opções em cardápios fast food, mas não consome esse tipo de produto. “É muito comum associar o veganismo a isso, só que as pessoas não param para pensar que o arroz e o feijão que a gente come todo dia são vegetarianos, assim como os legumes e verduras que os acompanham, e o pão francês e cafezinho da manhã. A alimentação vegetariana é muito simples e não carece de todos esses industrializados”. FAZENDO ECONOMIA Embora muitas pessoas acreditem que estas opções de alimentação são caras, ela esclarece: “esse é um dos grandes mitos. Os produtos industrializados são mais caros em geral, pela demanda e oferta desse nicho dentro da indústria, mas isso é uma questão mercadológica, não da dieta em si. O veganismo acaba sendo elitista, a meu ver, pela dificuldade do acesso à informação sobre alternativas e até sobre o funcionamento do próprio corpo, mas financeiramente é muito vantajoso, desde que você saiba o que e como consumir”. Ieda acha que Jaú é uma cidade com poucas opções no setor. “Há alguns meses fiquei doente, de cama, e tive que procurar algo para comer em um delivery por aplicativo. Não encontrei uma única opção. Foi depois disso que decidi abrir minha marmitaria, só com comida vegana. O público existe, tenho encontrado cada vez mais adeptos. Considero de extrema importância que os estabelecimentos comecem a enxergar esse público e ofereçam opções verdadeiramente veganas”. A marmitaria Mesafarta tem cardápio semanal e a pessoa pede a refeição já para a semana, com entrega aos domingos. “Faço normalmente pratos com arroz e feijão ou macarrão, mais dois ou três acompanhamentos. Aí tem strogonoff de grão de bico com portobello, yakissoba de legumes, hambúrgueres de grãos variados, nuggets de milho, refogados de verduras diversas... No Instagram: @mesafartavegan Revista Energia 61


Legislação

A inadequação técnica O governo do Presidente Bolsonaro tem sido afetado pela baixa capacidade técnica de alguns de seus ministros

Texto: Deputado Federal Ricardo Izar

P

odemos exemplificar, sem medo de errar, que esse problema tem causado ao Secretário Geral de Desestatização, Salim Mattar, momentos difíceis. Considerada área estratégica quando da sua criação pelo Ministério da Economia, as privatizações e concessões de estatais deficitárias ou que oneram o contribuinte não ocorrem muito em função do retrocesso institucional a que os ministros das Relações Exteriores e do Meio Ambiente têm se dedicado. Suas gestões têm isolado e manchado diariamente a imagem do país no cenário internacional, tornando improváveis o alcance de metas relativas à entrada de capital estrangeiro no país. Enquanto o Ministro Ernesto Araújo aposta em um discurso de polarização ideológica sintonizada a posturas do governo norte-americano, parceiro idolatrado da atual gestão federal, o Ministro Ricardo Salles investe no desmonte de políticas de preservação de ecossistemas brasileiros e seus instrumentos de fiscalização, envergonhando o país mundialmente. Com amigos assim, para que inimigos? No dia 02 de julho deste ano, mais de duas toneladas de materiais de combate ao coronavírus foram doadas pelo embaixador chinês ao Brasil. A cerimônia online – importante frisar – contou com a presença de parlamentares e assessores do governo. O Ministro das Relações Exteriores? Ausente. Tal desfeita diplomática, tão simples de evitar em uma cerimônia virtual, só intensifica o desgaste criado entre Brasil e China, iniciado em março deste ano com acusações sem provas feitas por um parlamentar de que a potência asiática estaria omitindo ao mundo informações sobre o coronavírus. O embaixador

62 Revista Energia

DEPUTADO FEDERAL RICARDO IZAR Economista, coordenador para o Sudeste da Frente Parlamentar em Defesa do Consumidor de Energia Elétrica e membro da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Federal, Presidente da Frente Parlamentar de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais, Membro do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados

chinês respondeu a acusação indignado. O chanceler Ernesto Araújo, de quem se esperaria diplomacia, invocou o espírito do olavismo-trumpismo que lhe domina, exigindo do embaixador chinês retratação pública pela sua crítica ao parlamentar autor do imbróglio. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, interviu mais uma vez, com um pedido público de desculpas à China dizendo que essa “atitude não condiz com a importância da parceria estratégica Brasil-China e com os ritos da diplomacia”. A postura bélica do Ministro não se restringe à potência asiática. Europa e Israel já criticaram duramente Ernesto Araújo pela sua falta de tato diplomático em declarações indigestas. O embaixador do Irã no Brasil, por exemplo, já realizou videoconferências com a Ministra da Agricultura Tereza Cristina e com o Vice-Presidente Hamilton Mourão, sem contudo demonstrar disposição para conversar com o chanceler, dada sua exagerada sintonia à cartilha norte-americana. Além disso, a insistência pela mudança da embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém tem acirrado os humores das relações comerciais e diplomáticas com a comunidade árabe. Na condição de presidente da Frente Parlamentar Brasil-Líbano, recebo diariamente reclamações de importantes parceiros do Oriente Médio que, desgostosos, repensam seus futuros empreendimentos. O histórico de constrangimentos provocados pelo ministro tem feito diplomatas experientes do ministério manifestarem imenso desconforto com sua gestão e sua política de assédio. O Itamarati infelizmente se transformou em um bunker ideológico. Com o Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles não tem sido diferente. Tornadas públicas suas declarações durante


reunião ministerial com o presidente Bolsonaro no dia 22 de abril, repercutiu muito mal na Comunidade Europeia a ideia de Salles de “passar a boiada” e flexibilizar ainda mais as leis ambientais no país. Coube à eurodeputada alemã do Partido Verde Anna Cavazzini a reflexão: “(…) a confirmação inconcebivelmente descarada de algo que o governo Bolsonaro está fazendo há semanas: desmantelando passo a passo os regulamentos de proteção da Amazônia, enquanto o mundo combate o coronavírus”. Aqui no Brasil, sabemos que o ataque de Ricardo Salles não se restringe apenas à Amazônia. O Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e outros delicados ecossistemas brasileiros, fundamentais ao bem-estar do país e do globo, estão na mira do antiministro do meio ambiente. A fala de Ricardo Salles deu resultado: a proposição para que o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia não seja ratificado. Três parlamentos nacionais europeus já votaram contra a ratificação. Centenas de ONGs têm protestado contra a cooperação com o Brasil, havendo agora também a intenção de bancos, fundos e empresas de retirarem seus investimentos do país se as mazelas ambientais não forem controladas. Em carta aberta enviada ao governo brasileiro, 29 bancos e fundos globais detentores de um total de 3,75 trilhões de dólares em ativos expressaram apreensão pelo aumento do desmatamento na Amazônia, o declínio da política ambiental e de direitos humanos do país. Importante lembrar que já tivemos em agosto de 2019 a suspensão por parte do Ministério do Meio Ambiente Alemão de centenas de milhões de reais para financiamento de projetos para a proteção da biodiversidade na Amazônia. O caso do Ministro do Meio Ambiente é especial. Condenado por adulteração e fraude em um plano de manejo de Área de Proteção Ambiental paulista quando Secretário do Meio Ambiente – o que já deveria ser suficiente para não torná-lo ministro -, Ricardo Salles teve recém interposta uma ação de improbidade administrativa pelo Ministério Público Federal. Na ação, 12 procuradores pedem o afastamento do ministro do cargo em caráter liminar, além de sua condenação em penas previstas no documento. Para o MPF, Salles promove de forma dolosa a desestruturação de políticas ambientais e o esvaziamento de preceitos legais, favorecendo interesses que não têm qualquer relação com a finalidade da pasta. O desmonte de Salles do sistema de proteção ambiental incentivou o aumento do desmatamento, de queimadas, grilagem de terras e de garimpos ilegais (fiscalizados e regulamentados pela Agência Nacional de Mineração de forma extremamente morosa e corrupta). Tudo isso só tem piorado a imagem do país no exterior. Não por menos ficou famosa a expressão de que o Brasil tem hoje dois ministros da Agricultura e nenhum ministro do Meio Ambiente. Antes visto como uma referência internacional, tanto em termos de mercado como em questões de meio ambiente, diplomacia e saúde, o país vai conquistando hoje uma posição marginal no cenário de discussões e interesses globais. Já não bastasse termos de enfrentar uma pandemia que ceifou mais de 65 mil vidas, uma recessão econômica em visível formação, temos dois ministros que dedicam-se a destruir pontes previamente construídas ao longo de governos anteriores das mais variadas cores políticas. O aporte financeiro sustentável, transparente e justo, é fundamental para o país. Contudo, parceiros do exterior sinalizam incredulidade sobre a segurança jurídica do país e consideram descartá-lo como possibilidade de negócio. Por melhores que sejam as intenções do presidente Bolsonaro, penso que o Brasil precisa hoje buscar urgentemente novos atores para essas pastas. Como disse recentemente o diplomata e jurista Rubens Ricupero, “Poucos países perderam tanto a reputação como o Brasil”. Infelizmente, tudo sempre pode ser pior.

Revista Energia 63


vida

Boa

Por João Baptista Andrade Diretor da Mentor Marketing e AMA Brasil

Comida e Pandemia Recebi um e-mail da editora (sempre ela) com o título. Tudo bem que ela disse que era só uma sugestão, mas eu entendi o recado e toquei mãos à obra

C

om a editora não se brinca! Quem me ensinou isso foi o João Ubaldo Ribeiro, em uma das nossas muitas (e deliciosas) conversas. Imaginadas, é claro. Ele (o João Ubaldo) deve estar se torcendo de tanto rir desse meu nariz de cera... Digitei Pandemia no Google e ele me apresentou 319 milhões de links encontrados em uma pesquisa que durou 7 décimos de segundo! Se você não acredita, faça a experiência. No link sobre pandemônio descobri que o termo foi criado pelo poeta inglês John Milton em 1667, cunhado para descrever o centro administrativo do inferno. Isso mesmo, do inferno de verdade. Também descobri que a igreja católica medieval usou o medo natural que as pessoas têm do escuro da floresta e a figura de Pan (deus dos bosques) que tinha orelhas, chifres e pernas de bode, para representar o demônio e, assim, disseminar o pânico (mesma origem etimológica) entre os não católicos. Tudo isso dito, o assunto pandemia está encerrado (será?) e nós podemos falar tranquilamente sobre comida sem correr o risco de irritar a editora. Durante os primeiros sessenta dias de isolamento social eu fiquei completamente sozinho. Claro, como a maioria de nós eu via o noticiário e encasquetava que tinha contraído a doença umas duas vezes... Por dia. Lidar com produtos de limpeza me provoca alergia. Rinite para ser mais específico. Assim, cada pia de louça lavada me causava espirros. E muita encanação desnecessária. A primeira semana de isolamento foi um terror. Tudo meio improvisado na cozinha. Lanchinhos, uma fruta aqui ou acolá, muito pão, queijos, frios e cerveja. Até um caipira néscio feito eu percebe que esta não poderia ser uma dieta útil por muitos dias. Então, eu abandonei essa abordagem e parti para aquilo que me é usual. E aí veio o excesso... Assar uma picanha inteira só para mim? Claro! Com salada, cebolas grelhadas e batatas assadas no forno com alecrim. Podem acreditar que eu realmente tentei comer tudo. E quase consegui, bebendo cerveja... Finalmente eu evoluí para o estágio ou fase mais técnica: cozinhar bem para uma única pessoa. Já tentou fazer uma mini moqueca, com farofa de dendê e tudo o mais? Sim. E uma mini moranga assada? Sim. 64 Revista Energia

Kasler com cebolas caramelizadas e batatas ao murro? Sim. Lombo de bacalhau assado só para um? Sim. Mini bolo de carne moída e crosta de bacon? Sim, outra vez. Gente, um cozinheiro trancafiado cozinha quase o tempo todo. E, no meu caso, bebe cerveja. Muita. Mas, com o passar do tempo e com os testes todos negativos, finalmente eu e Tina conseguimos ficar juntos na mesma casa e tudo mudou para melhor. Ter a companhia dela, poder conversar, um pouco mais de normalidade na rotina doméstica e assim por diante. Com ela por perto ficou tão mais fácil controlar a cerveja... Em dois, o prato favorito foi o rosbife. Peça ao açougueiro um corte de filé específico para rosbife. É a parte central da peça de filé, a mais cilíndrica e mais homogênea. Pegue um pedaço de mais ou menos um palmo ou pouco mais. Tempere o filé com sal e pimenta branca (eu uso pimenta caiena também, porque gosto de mais ardência). Quando o filé estiver na temperatura ambiente (leia-se não gelado), coloque manteiga, folhas de louro (e as especiarias que mais gosta – sem exagerar) numa frigideira de ferro ou aço inoxidável. Sele o filé na frigideira (é por isso que a peça não pode estar gelada, senão ela esfria a frigideira e não sela) e, depois de retirar as folhas de louro, flambe tudo com conhaque (pode ser cachaça envelhecida ou uísque) e com cuidado: a manteiga quente aumenta bem as chamas... Depois, é só enfiar a frigideira no forno a 200 graus (não vai usar essas coisas com cabos de plástico, né?) e esperar assar. Como depende do tamanho da peça e da regulagem do forno, não dá para dizer quanto tempo, mas é só olhar que você vai perceber. O ponto correto é mal passado. Se você prefere carne bem passada sugiro que faça outra coisa com o filé. Por exemplo, deixar o coitado no açougue... Depois de assar, deixe descansar por uns 5 minutos para os sucos da carne se espalharem pela peça toda e pode fatiar. O molho que sobrou na frigideira vai por cima dos cortes. O que você não consumir na hora, guarde fora da geladeira para fazer um sanduíche frio (com geleia!) mais tarde. Fiquem bem e se cuidem nessa pandemia. São os meus votos (e os da editora também!). Até a próxima, porque agora eu vou tomar uma cerveja. 


Revista Energia 65


Última página Por Luisa Caleffi Pereira Jornalista formada pela Universidade Federal de Uberlândia

ATCHIM! Saúde. Amém. Obrigado. A moça assentiu com a cabeça e eu

L

continuei minha leitura: “Um espirro é um lençol”

i isso dia desses, enquanto procurava não sei o quê

As minhas idas ao mercado estavam sempre relacionadas a mo-

e acabei encontrando essas coisas que a gente acha

mentos felizes porque eu tive a oportunidade de ir ao mercado, fazer compras, levar para casa, abastecer a geladeira, os armários, a fome e a gula. Os poucos dias de férias e feriados só eram especiais e diferentes porque eu tinha a opção de não trabalhar, de não estudar, de viajar, de conhecer e desfrutar. A realidade dos insensíveis lençóis 500 fios. Um espirro, uma explosão súbita de ar ou muco expelido da boca e do nariz e pronto: me rendeu reflexões, enjoo e formulações de teorias para o resto do dia. A bem da verdade, para o resto da vida. Continuei minha leitura, o texto ainda era interessante e não havia olhado para o relógio. O próximo parágrafo dizia que para parar uma crise de espirros é preciso lavar o rosto e limpar o nariz com soro fisiológico, e que isso deve acabar com o desconforto – mas em momento nenhum garante que a prática impede uma nova crise. Um espirro não é, só, um lençol. Um espirro é a realidade fria e áspera, disfarçada em lençóis bonitos e confortáveis em comercias de amaciantes. 

sem querer na internet – e quando olha para o relógio, se dá conta que perdeu hora (não tempo). Segundo o texto, através de filmagens, pesquisadores descobriram que o espirro forma uma camada de gotículas

como se fosse um lençol caindo. Um lençol caindo. A imagem que antes estava associada às propagandas de ama-

ciantes, que tinham o poder de nos fazer sorrir e querer quase que instantaneamente uma cama com um lençol limpo e cheiroso, agora, assim explicada, é muito mais nojenta do que bonita. E o texto não poderia ter aparecido em melhor hora. O que antes era sinônimo de aconchego e conforto, agora é desagradável. As minhas idas ao mercado estavam sempre relacionadas a momentos felizes, e hoje são regadas a desconfiança e vulnerabilidade. Os poucos dias de férias e feriados que eram especiais, diferentes, se transformaram em rotina monótona e cansativa. Mas lembrei das gotículas do espirro, e do enjoo. A lembrança não poderia ter aparecido em melhor hora. O estranhamento acontece porque tira você da zona de conforto. Comigo foi assim, e só me dei conta quando senti que aquele lençol quentinho, cheiroso e macio estava disfarçado. A realidade é fria, áspera.

66 Revista Energia

“O que antes era sinônimo de aconchego e conforto, agora é desagradável”


Revista Energia 67


CUIDAR DA SUA SAÚDE NUNCA FOI TÃO IMPORTANTE COMO AGORA

(14)98119-3389 @clinicarevivali Paissandú, 1523 - Jaú/SP 68 Revista Energia


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.