Legislação
A inadequação técnica O governo do Presidente Bolsonaro tem sido afetado pela baixa capacidade técnica de alguns de seus ministros
Texto: Deputado Federal Ricardo Izar
P
odemos exemplificar, sem medo de errar, que esse problema tem causado ao Secretário Geral de Desestatização, Salim Mattar, momentos difíceis. Considerada área estratégica quando da sua criação pelo Ministério da Economia, as privatizações e concessões de estatais deficitárias ou que oneram o contribuinte não ocorrem muito em função do retrocesso institucional a que os ministros das Relações Exteriores e do Meio Ambiente têm se dedicado. Suas gestões têm isolado e manchado diariamente a imagem do país no cenário internacional, tornando improváveis o alcance de metas relativas à entrada de capital estrangeiro no país. Enquanto o Ministro Ernesto Araújo aposta em um discurso de polarização ideológica sintonizada a posturas do governo norte-americano, parceiro idolatrado da atual gestão federal, o Ministro Ricardo Salles investe no desmonte de políticas de preservação de ecossistemas brasileiros e seus instrumentos de fiscalização, envergonhando o país mundialmente. Com amigos assim, para que inimigos? No dia 02 de julho deste ano, mais de duas toneladas de materiais de combate ao coronavírus foram doadas pelo embaixador chinês ao Brasil. A cerimônia online – importante frisar – contou com a presença de parlamentares e assessores do governo. O Ministro das Relações Exteriores? Ausente. Tal desfeita diplomática, tão simples de evitar em uma cerimônia virtual, só intensifica o desgaste criado entre Brasil e China, iniciado em março deste ano com acusações sem provas feitas por um parlamentar de que a potência asiática estaria omitindo ao mundo informações sobre o coronavírus. O embaixador
62 Revista Energia
DEPUTADO FEDERAL RICARDO IZAR Economista, coordenador para o Sudeste da Frente Parlamentar em Defesa do Consumidor de Energia Elétrica e membro da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Federal, Presidente da Frente Parlamentar de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais, Membro do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados
chinês respondeu a acusação indignado. O chanceler Ernesto Araújo, de quem se esperaria diplomacia, invocou o espírito do olavismo-trumpismo que lhe domina, exigindo do embaixador chinês retratação pública pela sua crítica ao parlamentar autor do imbróglio. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, interviu mais uma vez, com um pedido público de desculpas à China dizendo que essa “atitude não condiz com a importância da parceria estratégica Brasil-China e com os ritos da diplomacia”. A postura bélica do Ministro não se restringe à potência asiática. Europa e Israel já criticaram duramente Ernesto Araújo pela sua falta de tato diplomático em declarações indigestas. O embaixador do Irã no Brasil, por exemplo, já realizou videoconferências com a Ministra da Agricultura Tereza Cristina e com o Vice-Presidente Hamilton Mourão, sem contudo demonstrar disposição para conversar com o chanceler, dada sua exagerada sintonia à cartilha norte-americana. Além disso, a insistência pela mudança da embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém tem acirrado os humores das relações comerciais e diplomáticas com a comunidade árabe. Na condição de presidente da Frente Parlamentar Brasil-Líbano, recebo diariamente reclamações de importantes parceiros do Oriente Médio que, desgostosos, repensam seus futuros empreendimentos. O histórico de constrangimentos provocados pelo ministro tem feito diplomatas experientes do ministério manifestarem imenso desconforto com sua gestão e sua política de assédio. O Itamarati infelizmente se transformou em um bunker ideológico. Com o Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles não tem sido diferente. Tornadas públicas suas declarações durante