Editorial
Projeto Grá co e Diagramação
Karine Santos
Redatores Revisão
HOMEOPATIA E NÓS
A Homeopatia chegou às terras brasileiras em 1840 com a vinda de Bento Mure, ou Benoit Jules Mure (ver 2ª edição da Revista de Estudos Homeopáticos), discípulo direto de Hahnemann, o criador da nova medicina, mas só foi implantada e propagada em território nacional graças ao apoio do governo brasileiro de D. Pedro II.
Filho de D. Pedro I e da imperatriz Maria Leopoldina, Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, ou apenas D. Pedro II, nasceu no Brasil em 2 de dezembro de 1825 e foi o primeiro imperador de nacionalidade brasileira. Um ano depois, ele perdeu a mãe para uma infecção grave – que até hoje não se sabe como foi causada.
Em 1831, quando tinha apenas cinco anos de idade, seu pai abdicou do trono, colocando-o na posição de príncipe regente e, quando completou nove anos, recebeu a notícia de que ele também falecera, vítima de uma tuberculose. Até que D. Pedro II atingisse a maioridade, que foi antecipada em 1840, o país foi governado pelas regências Trina e Una e, assim que foi coroado, o lho de D. Pedro I se tornou o segundo e último imperador do Brasil.
Como passou boa parte de sua infância e pré-adolescência sendo preparado para assumir o trono, D. Pedro II logo adquiriu o hábito da leitura e do estudo, e recebeu uma educação exemplar da condessa de Belmonte, D. Mariana Carlota Magalhães Coutinho, e de grandes mestres da época, que incluía matérias como música, literatura, artes, história, geogra a, letras, ciências naturais, equitação, esgrima e línguas estrangeiras. Com o tempo, ele passou a ser conhecido como grande investidor da ciência e das artes, o que inspirou a fundação de instituições como o Colégio Dom Pedro II e o Instituto Histórico e Geográ co Brasileiro, além de ter ganhado o reconhecimento de pensadores como Darwin e Graham Bell.
Casou-se na década de 1840 com a princesa Teresa Cristina Maria de Bourbon e teve quatro lhos, Afonso, Isabel, Leopoldina e Pedro, mas apenas as duas meninas chegaram à vida adulta.
No ano de 1845, o imperador autorizou a fundação e inauguração da primeira escola de formação homeopática do país, a Escola Homeopática do Brasil – baseada no artigo nº 33 da lei de 3/10/1832, que considerava livre o ensino da medicina através de cursos particulares sobre os diversos ramos das ciências médicas, tanto por brasileiros quanto por estrangeiros –, contudo, sem permitir que seus diplomados exercessem a clínica. Já em 1846, D. Pedro II chegou a reconhecer a legalidade da Homeopatia, admitindo a formação de médicos homeopatas, mas não reconheceu sua prática e estabeleceu que médicos homeopatas deveriam se submeter a exames especí cos em instituições o ciais.
Prédio onde funcionou a Escola Homeopática do Brasil, Rua São José, número 59, Rio de Janeiro
O Imperador Menino aos 12 anos. Émile Taunay. Museu Imperial.Personalidade
Segundo pesquisadores e historiadores, além de ser um intelectual, D. Pedro II era republicano, abolicionista e conciliador, tendo buscado a paci cação do país ao contornar diversas revoltas, como a dos Liberais, em Minas Gerais e São Paulo, a Guerra dos Farrapos e a Insurreição Praieira, em Pernambuco. Entre 1864 e 1870, período em que o Brasil se envolveu na guerra contra o Paraguai, o imperador chegou a ser incorporado ao exército nacional e foi até o local do con ito, onde cou por seis meses.
Registros deixados pelo imperador em cartas e também em seu diário pessoal evidenciaram sua preocupação com a educação pública, que ele acreditava ser a base do desenvolvimento de qualquer sociedade.
Após a Guerra do Paraguai, em 1870, divergências políticas se intensi caram no Brasil e o surgimento do Partido Republicano deu início ao m do Império. Em 15 de novembro de 1889, com a proclamação da República, D. Pedro II foi preso ao tentar acabar com o movimento e, depois da decretação de que deveria sair do país, ele partiu para a Europa com sua família, onde faleceu dois anos depois. Em 1920, seus restos mortais vieram para o Brasil e foram depositados na catedral do Rio de Janeiro, antes de serem transferidos para a catedral de Petrópolis, onde se encontram sepultados.
O reinado de D. Pedro II foi marcado pelo incentivo à expansão da homeopatia, que continuou recebendo apoio durante parte do período republicano, além do m do trá co negreiro, da libertação dos escravos sexagenários e da Lei Áurea, sancionada pela princesa Isabel, sua lha, que, na época, ocupava a regência.
Reprodução da assinatura de D. Pedro II. Biblioteca do Congresso Nacional.
Nova “Crianças de...” Carlos R. D. Brunini
Escrita pelo pediatra e homeopata Carlos Roberto Brunini, a coleção “Nova Crianças de...” é indicada a todos os pro ssionais homeopatas que atendem o público infantil.
Usando um texto simples e objetivo, cada capítulo da obra trata da relação entre a personalidade especí ca de uma criança, levando em conta suas características de comportamento mais acentuadas, e o medicamento homeopático ideal para seu tratamento, servindo, inclusive, para facilitar determinação de diagnóstico durante uma consulta.
A publicação, que representa três décadas de trabalho diário do Dr. Brunini, foi lançada pela primeira vez na década de 1990 e voltou ao mercado em 2009 pela Robe Editorial, depois de passar por atualizações e reformulações, principalmente para acrescentar remédios e conclusões baseadas em estudos de caso mais recentes.
Carlos Roberto Brunini é mestre em Homeopatia, membro da American Academy of Pediatrics, diretor da Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo (FACIS) e já escreveu mais de 20 livros voltados ao universo infantil.
NOTÍCIAS
Documentário “Just one drop” conta a história da Homeopatia
Lançado em novembro de 2017 nos Estados Unidos pela produtora independente Blind Dog Films, o lme “Just one drop” foi produzido e dirigido pela cineasta norte-americana Laurel Chiten, e narra a história da Homeopatia enquanto explora sua controvérsia através da análise de mitos e equívocos que muitas pessoas ainda mostram ao debater essa nova medicina, além de questionar se ela tem sido tratada de forma justa pelo mundo.
Apesar de ainda não estar disponível para download, streaming ou em DVD, é possível contratar exibições do documentário para a sua comunidade. Mais informações no site: https:// www.justonedrop lm.com.
Assista ao trailer de “Just one drop” clicando na imagem abaixo!
Laurel Chiten. Foto: Sherry Moore23 de janeiro – Dia Internacional da Medicina Integrativa
Foto: Reprodução
Também chamada de medicina alternativa, a Medicina Integrativa compreende o ser humano em sua totalidade, considerando que fatores ambientais, mentais, físicos, emocionais, culturais, espirituais e sociais causam in uências diretas no estado de saúde de um indivíduo. Enquanto a medicina tradicional divide o corpo em partes, a Medicina Integrativa parte do pressuposto de que todas essas partes estão conectadas e são interdependentes, servindo, também, para complementar o trabalho realizado pela medicina convencional.
Em crescimento constante, a Medicina Integrativa tem ganhado espaço em hospitais de ponta do Brasil e do mundo, como o Albert Einstein e o Sírio Libanês, sem mencionar no SUS que, desde 2006, possui uma Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (Pnpic), que abrange atendimentos públicos de saúde nas áreas de Homeopatia, Massoterapia, Auriculoterapia e Reiki, entre outras. Para celebrar a prática, o dia 23 de janeiro foi escolhido como Dia Internacional da Medicina Integrativa e, nessa data, todos os pro ssionais de medicina alternativa são convidados a promoverem conscientização, educação e debate a respeito da Medicina Integrativa em suas comunidades.
Homeopatas voluntários realizam atendimento gratuito em GO
O Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste abriu mais uma frente de trabalho no estado de Goiás, agora em Alto Paraíso, na Cidade da Fraternidade – Cifrater. As consultas acontecem no segundo m de semana de cada mês; às sextas, de 14h às 20h, e aos sábados, de 8h às 10h. Com apoio da direção do Educandário Humberto de Campos, que funciona no local, do Instituto Ser Integral e de farmácias homeopáticas de Brasília, que doam ou subsidiam os preços dos medicamentos levados nas visitas, os atendimentos gratuitos são realizados no Posto de Saúde da região desde setembro do ano passado.
“Como não há farmácias homeopáticas por perto, é preciso levar tudo o que será usado, selecionando, entre os medicamentos disponíveis, os mais adequados para cada caso”, esclarece a homeopata Agda Maria, representante do Grupo. “O que queremos é auxiliar na melhoria da qualidade de vida em todo o município e seu entorno”, complementa.
Ecovila Santa Branca (GO) recebe plantio de mudas homeopatizadas
Nos dias 25 e 26 de novembro de 2017, a Ecovila Santa Branca, localizada em Terezópolis de Goiás, realizou um plantaço comunitário para inserir mudas de ipê amarelo e jacarandá mimoso nas avenidas de contorno e de acesso ao Centro de Convivência, com o objetivo de melhorar o paisagismo e a umidade do ar na região.
Como a perda de mudas foi grande em tentativas anteriores, a nova ação contou com ajuda da homeopata e terapeuta oral Sheila da Costa Oliveira, que optou por preparar mudas com essências que pudessem aumentar a resistência das plantas, bem como permitir uma adaptação maior destas ao novo ambiente.
As fórmulas acrescentadas ao solo de cada muda continham um preparado de Arnica ch 5 + Natrum Muriaticum ch 5 + Silicea Terra ch 5 + Larch + Rescue Remedy antes do plantio. No dia seguinte, mais uma aspersão, e o resultado nal foi uma perda reduzida de apenas 10%.
De acordo com a homeopata, novas medicações homeopáticas e orais serão aplicadas nos próximos anos. “Isso vai minimizar novas perdas no período de estiagem e, daqui a um tempo, mais árvores frondosas e ores serão parte do patrimônio biológico da Ecovila, também graças à ajuda da Homeopatia e da Terapia Floral”, garante Oliveira.
Jardim do Cerrado
Localizado em Goiânia, o Jardim do Cerrado III também recebe mutirões gratuitos de atendimento homeopático no segundo sábado de cada mês, de 8h às 13h.
De acordo com o homeopata voluntário Tiago Alves Araújo, mais um integrante do Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste, a razão principal para a chegada do mutirão foi a presença de muitas famílias carentes no local, que foi construído para abrigar pessoas deslocadas de áreas de risco da capital.
“Queremos suprir pelo menos uma pequena parte das necessidades básicas da população da região, onde o poder público ou não atua ou deixa uma lacuna muito grande”, aponta Araújo. “O tratamento homeopático visa integrar a sociedade, contribuindo para deixar os indivíduos mais equilibrados e bem preparados para enfrentar todas as situações que a vida social nos oferece e, quando alguém está equilibrado emocionalmente, mentalmente e sicamente, toda a sociedade ganha”, ressalta.
O mutirão gratuito acontece no centro espírita Irmão do Caminho e atende cerca de 30 pessoas por dia, tanto através de consultas quanto com doação de medicamentos homeopáticos – manipulados no próprio local graças ao laboratório montado especialmente para o projeto.
A Homeopatia anda conquistando seu espaço na vida e no cotidiano de cada vez mais pessoas em todo o Brasil, por isso, selecionamos algumas histórias inspiradoras que tanto comprovam a e cácia dos medicamentos homeopáticos quanto demonstram que podemos recorrer a eles em qualquer situação. Con ra!
Meu lho começou a ser tratado pela homeopatia quando tinha 7 anos, idade em que foi diagnosticado com décit de atenção concentrada e enfrentava muitos problemas na escola. Não conseguia responder à pressão da aprendizagem e até em casa já estava nervoso, brigão, inquieto para dormir. Roía as unhas até sangrar, chorava por qualquer coisa. Se mexia tanto de noite que caía da cama, e precisávamos cercá-lo com colchões e almofadas, para não se machucar. Desde que iniciou a medicação, só foi melhorando em tudo. Hoje, com 10 anos, já consegue se concentrar por mais tempo para fazer as tarefas, o sono está tranquilo, parou de roer as unhas e está mais disciplinado
e organizado. Não foi mais reprovado em nenhuma série! Meu marido e eu também fomos tratados pela mesma terapeuta, para aceitar melhor a situação dele e aprendermos a ajudá-lo com mais tranquilidade. Nossa família está mais equilibrada e feliz, e é muito bom ver que meu lho se recuperou e fortaleceu ao longo desse tempo, sem necessidade de medicações mais fortes e sem desenvolver nenhuma dependência. O legal da homeopatia é que a gente ca tão forte e equilibrado que não precisa “tomar para o resto da vida”, como ouço muito falar dos remédios químicos. Pra quem estiver enfrentando problema parecido, eu recomendo muito essa abordagem, pois vale muito a pena!
Em 2015 iniciei um tratamento homopático para tratar excesso de gordura corporal, pois estava recomendada a perder 10Kg e já tinha tentado outras maneiras, sem conseguir. No entanto, não fui persistente e, portanto, não obtive os resultados que esperava. Melhorei outras coisas, mas não continuei tentando equilibrar o peso homeopaticamente. Em 2017, apresentei também grande sonolência, principalmente à tarde, esquecimento, apatia e di culdade de concentração, e iniciei outro tratamento, com minerais homeopati-
DF zados e dois medicamentos equilibradores. Vou ver se consigo persistir nisso e chegar até onde quero, com mais saúde e equilíbrio, e sei que isso não acontece somente comigo. Mas, apesar de não ter ainda chegado ao que desejo, sempre recomendo a homeopatia, pois, além de ser um tratamento menos invasivo, visa ao fortalecimento do indivíduo como um todo, e não apenas o combate a uma doença. Dessa forma, sempre ganhamos mais saúde, mesmo com resultados especí cos ainda a desejar.
Con ra a próxima edição para apreciar mais depoimentos. Caso deseje enviar o seu, entre em contato através do e-mail: homeopatascentrooeste@gmail.com.
Maria Teresa de Menezes, 62 anos, Asa Norte,No Brasil, a Homeopatia Veterinária, também conhecida como Homeopatia Animal, é reconhecida como uma especialidade da Medicina Veterinária desde 1996. Com a revolução dos cursos formadores de terapeutas homeopatas –homeopatas que não são formados em medicina – em todo o país, esse tipo de atendimento se tornou bem mais acessível, sem deixar de apresentar a mesma qualidade.
Para Suécia Damasceno, 52 anos, empresária e terapeuta homeopata, o medicamento homeopático já foi responsável pela melhora signicativa em animais que, inclusive, precisaram ser submetidos a processos cirúrgicos. “Tratei dois cachorros la que caram machucados depois de levarem coices, um deles quebrou a pata e colocou pinos, e o outro quebrou a bacia”, conta. “Usando a Homeopatia, a recuperação deles está ótima, bem mais rápida do que o comum”.
Em comparação com a medicina veterinária tradicional, a Homeopatia Animal conta com muitas vantagens, entre elas, a ausência de efeitos colaterais nos animais, o baixo custo dos medicamentos e a não liberação de resíduos tóxicos no ambiente, o que torna essa prática ecologicamente correta.
De acordo com a veterinária homeopata Ana Maria Silva, 55 anos, não há diferença entre os medicamentos homeopáticos prescritos para seres humanos e animais. Além disso, eles podem ser usados para tratarem qualquer tipo de animal ou problema de saúde. “Na verdade, não há restrições. Às vezes, animais que foram tratados com cortisonas por muito tempo demoram a responder ao tratamento homeopático, mas eu já tratei com bons resultados quadros neurológicos graves, infecções e também pacientes que não tinham mais recursos na medicina tradicional, todos com Homeopatia”, conclui.
Mitos
sobre Homeopatia Veterinária
Pela Dra. Ana Maria Silva
1.O tratamento homeopático demora a fazer efeito nos animais
Qualquer técnica médica depende do pro ssional que a está utilizando. Quando você administra o medicamento correto, a ação é imediata. Já vi animais rolando de cólica e, dez minutos depois de algumas doses de Nux Vomica, estarem de pé normalmente.
2. É placebo/Só funciona com fé
A Homeopatia é uma técnica médica, não uma
Os benefícios da Homeopatia nos animais
crença, e é estudada há mais de 200 anos. Hoje já existem grupos de estudo mundiais trabalhando em pesquisas com os medicamentos ultradiluidos.
3. Não é um tratamento comprovado cienti camente
A base da Homeopatia é a experimentação, então, não tem sentido falar que ela não tem comprovação cientí ca. Todo medicamento homeopático é experimentado em pessoas sadias e os sintomas que estes experimentadores desenvolvem ou descre-
vem são catalogados/anotados e quando uma pessoa adoece e apresenta o mesmo quadro, o medicamento irá curá-la.
4. As fórmulas homeopáticas para animais são diferentes das prescritas para seres humanos
As fórmulas homeopáticas veterinárias utilizam os mesmos medicamentos da humana, só levando em conta a sintomatologia da doença na espécie animal em questão.
Eliete Fagundes: Uma das grandes responsáveis pela expansão de cursos pro ssionalizantes para terapeutas homeopatas
Nascida em Caçapava do Sul – RS, a professora Eliete Fagundes, 53 anos, cresceu em uma família que já era habituada a buscar por medicamentos homeopáticos para tratar problemas de saúde rotineiros e, inclusive, para auxiliar doentes terminais. Hoje, ela é especialista em Homeopatia e responsável pela propagação e consolidação da Ciência da Homeopatia no Brasil, além de ser fundadora e proprietária da Escola de Homeopatia Instituto Tecnológico Hahnemann e da Homeobrás, localizadas no estado de Goiás; idealizadora, atual coordenadora e docente do curso de pós-graduação Lato Sensu em Ciência da Homeopatia em faculdades credenciadas pelo MEC; e escritora da área de Homeopatia. Nessa entrevista, a professora compartilha detalhes da sua história com a Homeopatia, a criação e expansão do curso de Homeopatia para não médicos (terapeutas homeopatas) e sobre o mercado pro ssional da área, além de outros tópicos importantes.
Como a senhora avalia a divulgação e o acesso aos tratamentos Homeopáticos em GO e no Brasil?
O acesso é tímido ainda em termos de população em geral, principalmente em comunidades mais afastadas, mais pobres e em área rural. O Ministério da Saúde, por meio da Portaria 971, implementou as PIC´s e algumas terapias já estão disponíveis nos unidades básicas de saúde, como a homeopatia, a acupuntura e a toterapia, entre outras. Porém, mesmo nas capitais, não são todas as unidades que oferecem esse atendimento e a la para marcação de consultas é muito grande. E o próprio SUS, de forma geral, não legitima outros pro ssionais da saúde, mesmo que façam parte do seu quadro de funcionários, como possíveis terapeutas em potencial que possam também praticar a acupuntura e a homeopatia, principalmente. Temos ex-alunos que são pro ssionais do SUS e, após formados nos nossos cursos, reivindicaram o direito de atuar também com as terapias em benefício da comunidade do local onde atuam. Em conversa com o gerente de cada unidade conseguiram a abertura para realizar o trabalho. É necessário, ainda, muito diálogo e muita abertura de consciência para que realmente essas terapias ocupem espaço em todos os locais de saúde, em todo o Brasil e, não apenas nas unidades básicas de saúde, mas em hospitais e outros equipamentos públicos. Em Goiás, não existem muitos terapeutas, um dos motivos pelos quais queremos abrir curso lá.
O que motivou a senhora a criar o curso de Homeopatia para não médicos?
Desde cedo, ouvi comentários acerca do quanto o resultado da Homeopatia era incrível. Minha mãe tomava desde pequena e minha avó materna era a homeopata da família, tratando de muitos doentes na cidade, principalmente casos terminais. E para fazer toterapia, ela mesma colhia nos campos com a ajuda das primas mais velhas e minha avó paterna, que era toterapeuta e que também se tratou com Homeopatia. Após a sua morte, meus pais, meus irmãos e eu nos tratamos com um homeopata não médico da cidade, que
fazia muito sucesso. Em 1985, quando eu soube que a Homeopatia havia sido restringida aos médicos, pois somente a colocaram como especialidade médica em 1980, e que os homeopatas não médicos, que eram poucos, estavam sendo perseguidos e impedidos de exercer essa prática milenar, naquele momento, eu decidi que queria dar cursos de Homeopatia. Comecei, então, a estudar muito e a preparar a primeira grade de aula, que ainda mantenho como base até hoje, dando ênfase aos miasmas, ao meio ambiente, entre outros.
Como funciona o curso para não médicos?
Existem três modalidades. Extensão Universitária (certi cado pela Universidade credenciada ao MEC), Extensão Instituto (certi cado pelo Instituto Hahnemann) e pós-graduação lato senso (certi cado pela Universidade credenciada ao MEC). Você pode ver detalhes de cada um deles no nosso site (https://homeopatias.com/#), no menu, “cursos”. Tanto a pós quanto a extensão universitária são cursos reconhecidos pelo MEC e os alunos recebem certi cados.
Depois de formados, há limitações de atendimento para os homeopatas ou eles podem trabalhar da mesma forma que médicos especializados em Homeopatia?
A diferença está nas dinamizações especí cas (escala decimal) que não podem ser indicadas por terapeutas homeopatas (não médicos) por causa do nível de toxidade presente nesses medicamentos.
Como a senhora avalia a procura pelo curso? Quantos pro ssionais são formados por ele anualmente?
Está crescendo muito o número de pessoas interessadas em Práticas Integrativas e Complementares (PICs) como um todo para resolver as questões da saúde, em sua origem, hoje em dia. Levando em consideração que as PICs foram ocializadas como política de prevenção do SUS, mesmo as pessoas que não têm formação na área
da saúde estão buscando alternativas inteligentes de melhorar a própria qualidade de vida e de seus semelhantes. A Homeopatia é uma das opções que ajudam as pessoas no processo de entendimento amplo do adoecimento e é uma ferramenta para a sua autonomia. Formamos mais de 200 terapeutas por ano.
A sua proposta para o curso de Homeopatia para não médicos foi recebida de maneira positiva?
Várias di culdades foram enfrentadas e perduram até os dia de hoje, no sentido de esclarecer a população sobre a existência do terapeuta homeopata em toda a história de medicina natural do Brasil. Foram dezenas de processos na Justiça. Em uma época, tivemos 23 conselhos processando o curso ao mesmo tempo. Ganhamos jurisprudências na Justiça, que foram a chave para estabilizar o trabalho. Um ex-aluno Juracyr Saint Germain teve seu trabalho de conclusão do curso publicado pela OAB - “O Direito nas Terapias Naturais”, o que contribuiu para esclarecer muitas questões acerca do exercício legal das terapias.
E, em 2002, a Organização Mundial de SaúdeOMS lançou uma estratégia de preservação da medicina natural no mundo, o que trouxe uma série de atividades de proteção a essas práticas, inclusive, no Brasil. A Justiça e o Congresso Nacional vêm há muito sendo chamados a intervir em favor dessas atividades. O curso, nesses 30 anos de existência, contribuiu em muito para que o atual cenário de respeito e estudo da Homeopatia como Terapia Natural seja fosse mantido e preservado em favor daqueles que escolhem esses métodos integrativos de assistência à saúde.
Na sua opinião, quais são os objetivos principais do curso de Homeopatia para não médicos?
O Curso de Ciência da Homeopatia foi criado há cerca de 30 anos com diversos objetivos, dentre eles: capacitar pessoas para trabalhar como Homeopatas Prescritores, independentemente da área de formação ou atuação; integrar os conhecimentos das áreas diversas à homeopatia, sem con itos; despertar o autoconhecimento para que, através da conquista do bem estar pessoal, o
indivíduo se sinta mais apto para estendê-lo aos seus semelhantes; e harmonizar os seres vivos e os ecossistemas em geral através da troca de estímulos positivos homeopáticos: homem-ecossistemas e ecossistemas-homem.
Quais são os diferenciais do curso de Homeopatia para Homeopatas não médicos?
Segundo a Classi cação Brasileira de Ocupações - CBO, para ser Homeopata, não precisa estudar medicina porque os princípios da Homeopatia são diferentes dos da alopatia; não se faz diagnóstico, não há necessidade de pedir exames, não há toque, etc. São as características mentais e emocionais da pessoa que regem o atendimento, seu histórico de vida e dos antepassados, ou seja, todos os aspectos que perfazem sua personalidade. É preventiva porque pelas manifestações energéticas do dia a dia da pessoa, que são descritas nos experimentos das Matérias Médicas Homeopáticas, podemos trabalhar de forma integrativa e complementar nas predisposições herdadas antes delas se materializarem no corpo físico, independentemente de rótulo, como é o caso de doenças como diabetes e câncer.
Como a senhora avalia o mercado de trabalho para homeopatas não-médicos?
O mercado de trabalho é muito amplo. Temos alunos farmacêuticos dando aula de homeopatia em faculdades. No caso deles, zeram a especialização. Também é possível concorrer a vagas na saúde pública, conforme edital de cada município. Tem a vantagem da autonomia dos terapeutas que podem abrir seu próprio espaço de atendimento exercendo a pro ssão, conforme o Código Brasileiro de Ocupações–CBO. Para as pessoas que querem ser Terapeutas Homeopatas, a dica mais importante é estudar muito e respeitar muito. Respeitar seu próprio corpo e o do outro. E lembrar sempre que a Homeopatia é um presente da natureza para todos. Todos têm o direito de estudar, se quiserem, e de serem atendidos com Homeopatia dentro das leis naturais que estabelecem essa prática.
HOMEOPATIA TAMBÉM É CIÊNCIA
A familia homeopática das calcareas tem como elemento básico o cálcio, um nutriente importantíssimo para o funcionamento do corpo, além de ser o mineral presente em maior quantidade no organismo humano e em muitos animais, vegetais e minerais. Estima-se que 1% a 2% do peso corpóreo de um adulto esteja na forma de cálcio, e que 99% do cálcio presente no corpo esteja localizado nos ossos e dentes.
O cálcio possui as mais variadas funções, sendo a principal a formação de ossos e dentes, mas também participa decisivamente das funções neuromusculares, ajudando a regular as contrações e o relaxamento muscular.
Além disso, o cálcio atua como mensageiro no interior das células, pois, ao se ligar com proteínas e fosfolipídios, promove a permeabilidade da membrana celular, com isso, facilitando o metabolismo, pois as paredes da célula deixam entrar e sair o que é necessário sem bloqueios; e, em algumas células, como as presentes nas adrenais, é responsável pela secreção de hormônios.
Outro papel importante do cálcio diz respeito à coagulação sanguínea, uma vez que é responsável pela ativação de fatores que possibilitam esse processo. A pressão arterial e a obesidade também apresentam relação com a quantidade de cálcio ingerida, pois já se veri cou que o aumento da ingestão desse importante nutriente leva à diminuição da massa gorda.
Na Homeopatia, costuma-se dizer que esse medi-
camento é necessário quando há problemas de estrutura e funcionamento metabólico, e está ligado, mental e emocionalmente, ao medo. Nas palavras de um homeopata, “Quando se vê Calcárea, se vê medo em todas elas, cada qual com o seu especíco.”
A família calcarea é extensa, iniciando pela Calcarea Carbonica, mãe de todas as outras, e a matéria médica de cada uma delas cobre muitos sintomas. Por isso, precisam ser estudadas com cuidado, para que façam seu trabalho de regular as estruturas físicas, emocionais e mentais, produzindo sua parte na cura de muitas doenças e na elevação da capacidade imunológica.
Ao se combinar com diferentes outros minerais, a calcarea se transforma em: carbônica, fosfórica, sulfúrica, uórica, silicata, arsenicosa, iodata, acética, algumas das formas de apresentação dessa importante substância capaz de fortalecer, puri car e hamonizar. Como escolhê-las? Isso vai depender da sintomatologia do indivíduo que está sendo tratado e sua semelhança com as matérias médicas. É preciso estudar bastante! Por isso, é bom sempre procurar pro ssionais credenciados que possam fazer a indicação indicada para cada caso.
Adaptado de:
http://homeopatiaparamulheres.blogspot.com. br/2011/09/calcarea-carbonica-mae-das-calcareas. html
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/ importancia-calcio.htm
Estudo de Caso: Idosa com intoxicação e confusão mental
Terapeuta: Cássia Regina da Silva Luz
Atendida: Mulher, doméstica, 74 anos, Goiânia, Go.
Sintomas iniciais
Físicos: intoxicação por antibiótico cloridrado de cipro oxacino. Este remédio tem registros de causar sintomas de tontura e desequilíbrio no sistema nervoso, porque atinge o cerebelo, principalmente em pessoas com mais 70 anos, e foi receitado para infecção de urina leve. Ela perdeu totalmente o apetite, reclamava da língua grossa e áspera. Não dormia, levantava várias vezes à noite. O descontrole dos nervos fazia tremer a musculatura das mãos e pernas ao ponto de ter que dar a comida na boca e, para se levantar e andar, precisava de auxílio.
Mentais: alto grau de ansiedade, pânico de car sozinha, medo de morrer, falando muito a mesma coisa, com confusão mental, extremamente apavorada.
Há algum tempo, principalmente depois que os lhos saíram de casa e ela passou a morar só com o marido, já vinham se apresentando esses sintomas. Ciúme do marido, pois ca muito chateada quando ele vai ao boteco e bebe cerveja (o que ocorre sempre no nal de semana).Tem medo de car sozinha. Depressão. Tem mania de organização e limpeza. Servir os outros sempre é um dever. Foi criada com a madrinha desde os 9 anos, quando saiu da casa dos pais, e treminou vivendo uma rotina de trabalho escravo em casa de família militar super exigente. Sua mãe faleceu quando tinha 15 anos, foi um momento muito marcante e é uma memória que sempre vem à tona. Na casa da madrinha tinha que dar conta de todo o serviço da casa e da cozinha, com severa exigência e organização, sem nenhum salário. Esse método nunca saiu do seu jeito de conduzir a vida. Se transformou numa pessoa que exige muito de si. Tem cistite duas vezes ao ano. Eternamente resfriada, qualquer vento escorre o nariz, apresenta sinusite quase sempre. Com 42 anos retirou um nódulo benigno do seio e parou de menstruar. Com 51 anos co-
meçou um processo de perda de cartilagem do fêmur que se asseverou, chegando a endurecer o quadril e encurtar a perna. Tem dores fortes. Depois apresentou também bursite no braço, e artrose no joelho. Com 73 anos apresentou câncer de pele que foi retirado no rosto e pescoço.
Em agosto e setembro de 2017, tomou uya 5CH e Carcinosinum 12CH, amenizando alguns dos aspectos, mas levemente.
Para o quadro atual, após examinar as sugestões dos colegas, usei: nux vômica 5CH, 5 gotas 3 vezes ao dia, por 7 dias. Este remédio foi ministrado junto com uma toterapia, para fazer uma desintoxicação: chá de carvão vegetal, erva-doce, melissa e gervão.
Após uma semana com este tratamento, ela estava dormindo um pouco melhor, mas ainda bastante ansiosa, com medo da morte, não dava conta de car em pé sozinha, somente apoiada. Falando muito, e com um certo nível de confusão mental.
Então foi ministrado o seguinte: Floral Rescue Remedy, com 20% de brandy, 12 gotas 4 vezes ao dia, para tomar sem interrupção por uns dois meses. Homeopatia Aconitum Napellus 12CH, junto com Passi ora 5CH, 10 gotas 3 vezes ao dia, e Natrum Muriaticum, 12CH, 10 gotas na hora de dormir.
No primeiro dia, já dormiu melhor.
No segundo dia, cou mais calma, falando menos, a ansiedade diminuiu, o olhar perdido começou a voltar o brilho da vida, relembrou algumas memorias da infância, dormiu melhor.
No terceiro dia, apresentou-se bem mais tranquila, falando com mais equilíbrio e lógica, o olhar melhorou e cou mais vivo, o apetite voltou, o equilíbrio do sistema nervoso melhorou muito, começou a ter coragem de car em pé sozinha.
No quarto dia, já se levantava sozinha, tinha vontade de comer e o fazia sozinha, sorriu, sorriu alto e contou muitos casos da infância e adolescência.
No quinto dia, tomou banho sozinha e sentiu-se bem.
Após uma semana, queria fazer sua propria comida.
Após 26 dias, os copos do lanche caram na pia por horas, porque ela estava vendo televisão, o que seria inadmissível para ela antes!
Agradeço muito todo o carinho e a ajuda do grupo de colegas homeopatas que nos orientou nessas medicações. Continuarei fazendo o acompanhamento grupal, por ver que me ajudou a perceber novas possibilidades e também fez com que ela melhorasse bem rapidamente.
Este caso foi submetido ao WhatsApp do Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste, e as sugestões coletivas foram organizadas e administradas pela terapeuta Cássia Regina da Silva Luz, que acompanhou e registrou o caso. Como se tratava de sua mãe, ela prudentemente pediu auxílio de outros, para evitar a “cegueira relativa” que nos acomete quando cuidamos de parentes e amigos.
REPERTORIZAÇÃO: UMA TECNICA-ARTE TERAPÊUTICA E INTERPRETATIVA
José Maria Alves, Anna Kossak-RomanachResumo
Este trabalho apresenta, por meio de compilação de documentos quali cados, o conceito de repertorização, o histórico dessa prática homeopática, alguns dos repertórios mais importantes para os estudos homeopáticos e um exemplo prático de repertorização. Elaborado adaptando textos de dois grandes estudiosos de homeopatia, com os devidos créditos, o estudo pode auxiliar na compreensão da técnica e da arte de interpretar sinais e sintomas com o m de descobrir uma boa abordagem terapêutica de acordo com a ciência da Homeopatia. Na parte referente ao texto de José Maria Alves, manteve-se a gra a original em portugês de Portugal.
Palavras-chave:
Repertorização homeopática. Hahnemann. Kent. Boenninghausen.
“Um terapeuta que se satisfaça com indicações vagas do Repertório para a selecção do medicamento, e rapidamente atende um paciente atrás de outro, é apenas um charlatão e não merece o honrado título de Homeopata.” (José Maria Alves)
2 Os direitos de autor são propriedade de José Maria Alves. No entanto, considerando o objectivo de divulgação das matérias constantes do site, nomeadamente da Homeopatia, podem as mesmas ser utilizadas da forma julgada conveniente, por quem quer que seja, desde que não envolvam ns lucrativos.Levemente adpatado por Sheila da Costa Oliveira com base no conteúdo disponível em: https://homeoesp. org/artigos/homeopatia/repertorizacao.
3 Repertórios de Sintomas. Ana Kossach-Romanach. Adpatado por Sheila da Costa Oliveira com base no conteúdo disponível em: www. homeopatiaexplicada.com.br/index.php?option.
A repertorização é o modo pelo qual o homeopata, transformando a linguagem do paciente em linguagem repertorial (ou lista de sinais e sintomas), obtém um maior ou menor número de medicamentos ordenados por cobertura ou pontuação. Esse tipo de estudo/publicação é necessário porque, desde a descoberta da lei da semelhança e a conseqüente necessidade de experimentação no homem são, foram sendo registradas novas patogenesias, reunidas como Matéria Médica Homeopática. À proporção que esta foi se avolumando, tornou-se impossível memorizá-la. Esta di culdade obrigou à catalogação dos sintomas à maneira de índice, e o próprio HAHNEMANN elaborou pequeno manuscrito neste sentido, impresso em latim no ano 1817. GROSS e RÜCKERT, seus discípulos, se incumbiram da compilação dos sintomas até então assinalados e foi este último que, com base na obra Doenças Crônicas, organizou um repertório que não chegou a ser impresso. Pierre Schmidt escreveu que o repertorio feito por Rückert, a pedido de Hahnemann, alcançou 4.239 páginas, em 4 volumes.
Publicação do primeiro repertório e a “doutrina dos concomitantes”
totalidade dos sintomas, e enfatizou pela primeira vez que o médico deve tratar do doente que ele conhece e não da doença que ele não conhece, mas da qual o doente sofre.
BOENNINGHAUSEN conciliou as partes num total único, admitindo que um sintoma se torna totalizado - como expressão da personalidade do doente - ao ser completado por detalhes de localização, por sensações e pelas modalidades, extrapolando as quali cações, igualmente quanto aos sintomas concomitantes àquele sintoma considerado central; este último aspecto motivou a designação do seu repertório como “doutrina dos concomitantes”. Coube-lhe a primeira publicação no gênero. Concomitante signi ca algo que existe ou ocorre simultaneamente. Sintomas concomitantes incluem o comportamento psíquico e as reações orgânicas globais.
Nem HAHNEMANN nem BOENNINGHAUSEN deram prioridade absoluta aos sintomas mentais sobre os físicos e basearam a individualização do remédio na totalidade de sintomas. Não praticavam a hierarquização.
Visões do doente a ser curado
de Boenninghausen vislumbra a interdependência de fatores ao modo de sistemas complexos, abrindo caminho às especialidades.
3. O iluminismo de Kent confere prioridade às manifestações psíquicas.
HAHNEMANN memorizava e individualizava mentalmente os pacientes e drogas segundo a
1. A objetivação realística de Hahnemann considerava todos sinais e sintomas.
2. A ordem na desordem
4. A obra de Boenninghausen estudou as condições-doença sob o ponto de vista hahnemanniano, que aceitava a totalidade dos sintomas diretamente senso-perceptíveis como representativa da doença. Transformou o conceito de totalidade de sintomas em sintoma na totalidade, numa retratação peculiar individual. Para ele, tal como a manifestação mental, cada parte do organismo não tem a individualidade de um sofrimento separado, sendo cada indivíduo único em suas reações, variando a força-doença em cada organismo, a qual pode ser estudada tanto na totalidade quanto em suas parcialidades. BOENNINGHAUSEN publicou um repertório de antipsóricos em 1830. Em 1846 editou o seu livro mais importante: erapeutic Pocket Book, reeditado por ALLEN. As suas idéias são de grande valia no enfoque homeopático dentro das especialidades. A utilização ambulatorial do repertório deste autor é limitada pela prolixidade das rubricas, com número excessivo de medicamentos; contudo, encontrou adaptação nos computadores e seus programas de busca.
5. George Heinrich Gottlieb JAHR (18041875), em 1850, publicou a obra “Traitement Homeopathique des MALADIES DE LA PEAU et des LESIONS EXTÉRIEURS EN GÉNÉRAL”, 608p., obra pioneira, considerando que a Dermatologia se de niu como especialidade somente a partir de 1920. O texto-modelo tornou-se válido para todas as especialidades. Parte I: Ocupa-se da patologia, etiologia, classi cação e diagnóstico clínico das dermatoses em geral. Parte II – Apresenta Patogenesias de A a Z com enfoque dermatológico, referenciando sinais, sintomas e topogra a. Parte III – Répertoire Symptomatologique des Maladies de la Peau et des Lésions Extérieures”. Esta secção está subdividida em 3 capítulos: I) Dermatoses propriamente ditas; II) Diversos estados mórbidos da pele; III) Sintomas dos anexos cutâneos, dos gânglios, dos ossos, das mucosas e diversos fenômenos externos.
da droga e do doente, formulando nova técnica de avaliação dos sintomas. A individualização do doente e do medicamento constitui a meta do seu repertório, que procede do geral ao local ou particular, numa seqüência anatômica em toda obra, precedida por uma seção inicial dedicada à mente, seguida pelas manifestações parcializadas, e nalizando pela seção generalidades. O seu método repertorial consiste na exclusão gradativa daquelas drogas que não condizem com as manifestações do doente, encurtando caminho na busca do simillimum, conferindo prioridade aos sintomas mentais e físicos gerais e suplementando cada qual por sintomas peculiares. As manifestações particulares são modalizadas, sendo relegadas as modalidades atinentes aos sintomas menores quando os gerais as possuem. O sintoma peculiar de KENT substitui aquele concomitante de BOENNINGHAUSEN. Em 1995, após uma década de trabalho exaustivo, veio a público a primeira edição brasileira, em
6. O Plano repertorial de Kent entrosou nos seus estudos as personalidades da doença,
português, do Repertório de Sintomas Homeopáticos, elaborada por Ariovaldo Ribeiro Filho. A obra é vinculada a KENT-KÜNZLI-BARTHEL-SYNTHESIS. O autor acrescenta 150.000 novas referências a rubricas e a medicamentos ligados a rubricas. Em 1996, na segunda edição, incorpora os resultados de novas patogenesias, brasileiras. O texto obedece à estrutura básica de KENT; insere notas explicativas e referências cruzadas.
7. Paralelamente, ARIOVALDO RIBEIRO FILHO elaborou o Repertório homeopático digital, contendo o texto completo e atualizado em versão bilingüe e que, além de possibilitar repertorizações múltiplas, permite ao computador o arquivamento direto e simpli cado das repertorizações elaboradas pelo clínico no atendimento diário.
Entretanto, apesar de todos esses esforços, a repertorização é meramente sugestiva. Ela indica-nos um conjunto de substâncias que se podem assumir potencialmente como semelhantes do caso. Mas a decisão caberá sempre, em última instância, à comparação por diferencial, da totalidade sintomática com as patogenesias descritas nas Matérias Médicas.
É fundamental entender-se que a prescrição só será correcta e coroada de sucesso se o homeopata estiver habilitado a destrinçar os sentidos de rubricas similares ou quase similares. Para tal, deve ler amiúde as rubricas do Repertó-
rio, percorrendo-o sem qualquer outra intenção que não seja conhecê-lo. Este manuseio atento permitir-lhe-á, em inúmeras situações, realizar uma cuidada repertorização, com sintomas bem de nidos e modalizados, preservando a linguagem empregada pelo paciente, limitando a utilização de sinónimos repertoriais, que se susceptibilizem de alterar o sentido ao relato que o paciente fez durante a anamnese.
Devemos sempre procurar certi car-nos de que a expressão utilizada pelo doente tem integral correspondência com os termos repertoriais. As rubricas demasiadamente genéricas, com um número muito elevado de medicamentos – ex. Falta de apetite – 207 medicamentos; Medo, apreensão, pavor – 238 medicamentos; Dor de cabeça –273 medicamentos – ou aquelas que apresentam muito poucos – ex.: Medo de aranhas – 1 medicamento; Medo de sair fora de casa – 2 medicamentos. Como já se disse, no artigo referente aos sintomas é desaconselhável a prescrição baseada em Keynotes, cuja função deve ser meramente indicativa e (ou) sugestiva – devem ser evitadas, dado poderem, respectivamente, exacerbar ou restringir a amplitude da pesquisa. O ideal será a utilização de rubricas com um número médio de medicamentos, não se ultrapassando os oitenta – é evidente que este número é susceptível de adequação, tendo em conta aloso a e estrutura do Repertório utilizado.
Atente-se que, nas doenças agudas, havemos de valorizar primordialmente os sintomas mais recentes, enquanto que nas crónicas são valorizados os mais antigos e repetitivos, sem olvidar, obviamente, o critério da peculiaridade dos sintomas.
As patologias agudas facilmente vicariam, progressivamente tornando-se crónicas. Cremos que na coexistência de um quadro com queixas de carácter agudo e crónico, poderá dar-se primazia à cura dos sintomas agudos, já que o que importa em primeira mão é o bem estar imediato do doente. De qualquer modo, a cura “a longo prazo” não deve ser ignorada, e a acção medicamentosa escolhida pelo homeopata deve ser dirigida igualmente para o tratamento da enfermidade crónica.
Apontamos de seguida, sumariamente, os métodos de repertorização mais utilizados em homeopatia:
• Repertorização Mecânica ou por Extenso;
• Repertorização com Sintoma Director;
• Repertorização fundamentada na Síndrome Mínima de Valor Máximo.
1. Repertorização Mecânica ou por Extenso
Neste método, identi cam-se todos os sintomas do paciente –tabulação completa da totalidade sintomática como preconizava Boenninghausen –, sem que se recorra a qualquer valoração ou hierarquização. Repertorizam-se os sintomas e no nal procedem
para o diferencial na Matéria Médica os dez ou doze primeiros medicamentos que resultaram da actividade repertorial – estes podem ter sido obtidos por cobertura e/ou pontuação. Os medicamentos resultantes da repertorização podem ser traduzidos quer por “cobertura” quer por “pontuação”. Cobertura signi ca que determinado medicamento engloba um número especí co de sintomas que o homeopata repertorizou – o número de sintomas cobertos pelo medicamento determinam a sua importância –. Pontuação refere os pontos acumulados pelo medicamento, atendendo ao “Grau de pontuação” que este possui face a determinado sintoma repertorizado – v.g. Boca, Calor – Belladona (Grau I) / Aconitum (Grau II) / Mercurius Solubilis (Grau III) –. Quantos mais pontos forem atribuíveis ao medicamento, mais importante ele será.
De qualquer modo, para efeitos de diagnóstico diferencial, não devem ser descurados os sintomas característicos, peculiares, raros e raríssimos.
Este é considerado por muitos o método de repertorização mais falível, por bene ciar os medicamentos policrestos.
2. Repertorização com “Sintoma Director”
Considera-se como Sintoma Director aquele que é o principal de um caso e que limita a pesquisa repertorial dos restantes sintomas aos medicamentos que o englobam nas suas patogenesias.
Este método compreende duas fases:
a) A primeira implica que se escolha um sintoma bastante característico e marcante ou chamativo do caso clínico. Como já foi mencionado, a rubrica referente ao sintoma não deve ultrapassar os oitenta nem possuir poucos medicamentos. Referimos ainda a constituição do Sintoma Director através de dois outros métodos para além daquele em que se emprega o sintoma simples. O primeiro refere-se à elaboração do Sintoma Director mediante a soma de dois ou três sintomas marcantes do caso – “... como no caso de rubricas a ns importantes e que possuam poucos medicamentos” –. No segundo método, já não são sintomas que se somam, mas sim rubricas marcantes e indubitáveis que se cruzam, geralmente duas ou três. Estas possuem um número razoável de medicamentos (mais de 50) e são: “... todas igualmente importantes, indispensáveis, sem relação directa de a nidade e que seriam utilizadas em algum momento da repertorização.” A repertorização cingir-se-á aos medicamentos apresentados pelo Sintoma Director. Destes medicamentos escolhem-se os de maior pontuação.
b) Numa segunda fase, procede-se à repertorização de outros sintomas marcantes que dependerão directamente dos resultados obtidos da análise do S.D. A escolha destes sintomas não depende de qualquer pressuposto hierárquico. Neste mo-
mento da actividade repertorial, o critério de selecção do medicamento deixará de ser exclusivamente a pontuação passando a ser também a cobertura, já que se incluíram vários novos sintomas. Na fase nal da repertorização, serão levados ao diferencial da Matéria Médica os dez ou doze medicamentos que tenham tido maior pontuação.
3. Repertorização Fundamentada na Síndrome Mínima de Valor Máximo
É denominado como método artístico, no qual escolhem-se de 3 a 5 sintomas, devidamente hierarquizados, caracterizadores da individualidade do paciente, em rubricas com um número médio de medicamentos. Neste tipo de repertorização não se atende à pontuação, mas sim à cobertura efectuada pelos medicamentos. O medicamento seleccionado é aquele que, por cobertura, engloba a totalidade ou a maior quantidade dos sintomas seleccionados. A parte consideravelmente mais difícil deste método é axação da S.M.V.M. –selecção dos sintomas mais individualizantes e representativos do caso.
Pode-se efectuar uma variação sobre este método, que compreende a utilização dos medicamentos resultantes da repertorização como sintomas directores aos quais vão ser aditados outros sintomas apresentados pelo paciente para ulterior análise repertorial. Trata-se nada mais do que a combinação do método de Repertorização pela S.M.V.M com o método de Repertoriza-
4. Uma aplicação da S.M. V.M: o tripé de Hering Constantin Hering, eminente homeopata americano, legou-nos, entre outras, a denominada “teoria do tripé” – e three legged stool –.
A repertorização foi desde sempre um procedimento que não primava pela simplicidade, e que desmotivou muitos estudantes e práticos homeopáticos, conduzindo-os a métodos simpli cados de prescrição, como a utilização de Receituários e Guias, elaborados sistematicamente com recurso aos conceitos estruturantes da alopatia.
É evidente que o Unicismo pode não ser viável em determinadas zonas de intervenção, muito especialmente nas mais carenciadas e que apresentam características culturais especí cas, quer pela de ciente formação dos terapeutas quer pela inadequação dos repertórios elaborados em função de valores distintos. Aí, justi ca-se de pleno a utilização de tais Guias de Prescrição, atenta a impossibilidade de exercício da homeopatia hahnemanniana – a um mal maior, o menor –, e como compreenderemos melhor infra, o recurso à regra do tripé, em virtude da sua e ciência se restringir quase que integralmente ao domínio do agudo e do
subagudo.
Hering teorizou que, se encontrarmos no enfermo três sintomas característicos de um remédio, poderemos proceder à sua prescrição com êxito praticamente assegurado. Se um banco tem apenas dois pés, não se mantém erecto. São necessários pelo menos três para que o apoio seja consistente e não caia desamparadamente. Do mesmo modo, quando em Homeopatia prescrevemos estribados num ou dois sintomas, estaremos em regra votados ao insucesso, o que não ocorre quando escolhemos três sintomas característicos.
São vários os autores e investigadores que consideram a teoria de Hering absolutamente válida. Mas, para a sua real e ciência, o terapeuta não pode olvidar, quer uma boa valorização dos sintomas quer a sua hierarquização. É fundamental que recorra aos sintomas característicos – ver artigo relativo aos Sintomas – e não aos comuns. Por outro lado, um Repertório completo e de con ança – v.g. Kent, Ariovaldo, Sihore –. Por último, a prática diz-nos que nos casos crónicos os resultados são extremamente falíveis. Por este motivo, o estabelecimento da Síndrome Mínima de Valor Máximo, com apenas três sintomas é de evitar –devemos isolar um mínimo de quatro bons sintomas –.
5. Um exemplo prático
O paciente A queixou-se de ter todos os anos, duas ou mais vezes, “ataques de sinusite”. Descreveu-os da seguinte forma: “Começo por ter a sensação de que a cabeça está cheia, ouço a minha voz dentro dela e isso provoca-me um mal estar tremendo. Ao mesmo tempo, o ranho escorre-me do nariz, parecendo água. Não pára de correr. Passados que estejam alguns dias, a sensação de cabeça cheia continua, o ranho também, mas passa a ter uma cor verde clara. Aparece-me então, uma expectoração também verde clara.”
Repertorizamos a primeira fase tal como narrada, utilizando o Repertório Digital de Ariovaldo Ribeiro Filho:
1 – NARIZ E OLFACTO –SECREÇÃO – AQUOSA
2 – NARIZ E OLFACTO –SECREÇÃO – COPIOSA
3 – NARIZ E OLFACTO –SECREÇÃO – COPIOSA – com enchimento(entupimento) da cabeça.
Os medicamentos que cobriram os três sintomas, ordenados por pontuação, foram:
kali-i (8); nit-ac (7); arum-t (6); nux-v (6); calc (5); acon (5); phos
5 Ariovaldo Ribeiro Filho, Conhecendo o Repertório & Praticando a Repertorização, Editora Organon, páginas 165 a 167.
6 Ver Conhecendo o Repertório & Praticando a Repertorização, de Ariovaldo Ribeiro Filho, página 157 .
(5); agar (4); spig (4).
Repertorizamos a fase actual da enfermidade, com recurso ao mesmo Repertório:
1 – NARIZ E OLFACTO –SECREÇÃO – COPIOSA – com enchimento (entupimento) da cabeça.
2 – NARIZ E OLFACTO –SECREÇÃO – ESVERDEADA]
3 – EXPECTORAÇÃO – ESVERDEADA
Os medicamentos que cobriram os três sintomas, ordenados por pontuação, foram:
Kali-i (9); phos (6); nit-ac (5); calc (5); nux-v (4).
Após o exame cuidadoso dos sintomas e sinais do paciente, tanto anteriormente quanto no estado atual, não tivemos dúvidas quanto ao medicamento a ministrar: Kalium Iodatum, que aliviou em um primeiro momento e depois fez sumir completamente os incómodos.
Por isso, quanto mais estudarmos os princípios da homeopatia, as personalidades homeopáticas, as matérias médicas, os repertórios e a arte da interpretação, com mais segurança indicaremos os remédios adequados ao alívio e à cura dos que nos procurarem para tratar seus males.
Referências
HAHNEMANN. Samuel. Organon da arte de curar. Tradução: David Castro, Rezende Filho, Kamil Curi | - São Paulo: GEHSP
“Benoit Mure”, 2013.
https://homeoesp.org/artigos/homeopatia/repertorizacao. Acesso em 23/01/2018
www.homeopatiaexplicada.com.br/index.php?option. Acesso em 26/01/2018
Monogra a: HOMEOPATIA NO TRATAMENTO DE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO ESTUDO DE CASO
ELISANGELA PEREIRA DE ALBUQUERQUE
RESUMO
Este estudo aborda o tema Infecção do Trato Urinário (ITU), uma das doenças mais comuns entre as mulheres. Foi realizado um estudo de caso de uma pessoa com infecções urinárias reincidentes, durante o qual foram identi cados os sintomas, esclarecidas as causas e indicados medicamentos de acordo com as similitudes. A proposta de tratamento teve como base a Homeopatia. Utilizou-se uma abordagem integral da pessoa, analisando não somente os problemas físicos, mas também os desequilíbrios mentais/emocionais. Assim, a partir de uma análise das causas, a terapia teve como objetivo, além da cura da infecção, principalmente o reequilíbrio da parte mental/emocional, aliando a Homeopatia ao uso do Cranberry para a melhora da resposta imunológica no organismo.
PALAVRAS-CHAVE: homeopatia, cantharis, staphysagria, infecção urinária.
ABSTRACT
is study addresses the topic Urinary Tract Infection (UTI), one of the most common diseases among women. A case study of a person with recurrent urinary infections was carried out, during which the symptoms were identi ed, the causes explained and the medications indicated according to the similarities. e treatment proposal was based on Homeopathy. An integral approach of the person was used, analyzing not only the physical problems, but also the mental / emotional imbalances. us, from an analysis of the causes, the therapy has as an objective, besides the cure of infection, mainly the rebalancing of the mental / emotional part, combining Homeopathy with the use of Cranberry for the improvement of the immune response in the organism.
KEY-WORDS: Homeopathy, cantharis, staphysagria, cranberry, urinary infection.
1 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Homeopatia da Faculdade Inspirar, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Ciência da Homeopatia.
2 Terapeuta holística pós-graduada em Homeopatia pela Faculdade Inspirar, de Minas Gerais. Atende atualmente em Harmony Homeopatia e Terapias Holísticas, e voluntarimente no Abrigo de Excepcionais da Ceilândia, pelo Projeto Metamorfose, Brasília - DF.
INTRODUÇÃO
O que precisamos fazer para ter qualidade de vida? Qual o nosso bem mais precioso? Certamente essas perguntas nos levarão a uma profunda re exão e surgirão muitas alternativas em nossa mente. Mas, muito provavelmente, a “saúde” constará na primeira colocação.
Entretanto, apesar de a grande maioria identi car a saúde como ponto fundamental para a qualidade de vida, infelizmente muitos ignoram os cuidados necessários para se conseguir uma vida plena e saudável.
As decisões adotadas e os caminhos escolhidos geralmente contrariam as regras básicas do bem viver. Mesmo sabendo das consequências, muitos ignoram as alternativas mais salutares e insistem em comportamentos altamente prejudiciais ao equilíbrio pleno do corpo.
Buscar a qualidade de vida, e isso envolve necessariamente uma vida saudável, deve ser um dos nossos principais objetivos. Precisamos ter sempre presente que uma saúde debilitada afetará, além da parte física, nosso equilíbrio mental, espiritual e psíquico.
A “Organização Mundial de Saúde” (OMS) dene a saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afeções e enfermidades”. Apesar de existirem algumas críticas em relação ao conceito adotado pela OMS/WHO, é importante destacar que a saúde não se restringe à ausência de doença, mas a um equilíbrio dos vários fatores que compõem a nossa vida.
As tribulações do dia-a-dia, a falta de exercícios regulares, os péssimos hábitos alimentares adotados atualmente, a busca do “corpo perfeito” por meio de soluções milagrosas e rápidas trazem sérias consequências para a nossa saúde. Percorrendo esse tortuoso caminho, o ser humano não consegue manter sua saúde em equilíbrio e a atividade global do organismo em pleno funcionamento e desenvolvimento.
Como resultado disso tudo, o sobrepeso, obesidade, hipertensão, diabetes, problemas cardíacos, entre outras doenças, têm presença cada vez mais preocupante na vida moderna. E quando a enfermidade ou o desequilíbrio chegam, percebemos o quanto a saúde é realmente o “bem mais precioso”. Ser e estar saudável são condições essenciais
para o homem viver em plena disposição, seja ela física ou mental. Neste sentido, a Homeopatia assume papel de grande importância, pois, diferentemente dos métodos tradicionais, busca analisar o indivíduo como um todo. Não foca no problema e sim nas causas, sinais e sintomas.
A Homeopatia busca os sinais das doenças, partindo do princípio de que ela existe devido a um desequilíbrio do organismo, in uenciada pela falta de energia vital. Quando a pessoa está em desequilíbrio, as defesas naturais não funcionam adequadamente, facilitando o surgimento de doenças, sejam elas físicas ou psíquicas.
Apesar de muitas pessoas acharem que os remédios Homeopáticos funcionam apenas em longo prazo, isso não é verdade. Dependendo do tipo de tratamento, muitos remédios já começam a funcionar de maneira imediata, ampliando o resultado com o tempo. Sempre é bom ressaltar que o principal objetivo da Homeopatia não é atacar o sintoma, mas alcançar o equilíbrio do cliente.
Além do mais, a Homeopatia é um tratamento totalmente natural e é considerada como uma “terapia sem efeitos colaterais”, isso porque cada medicamento é prescrito exclusivamente para determinado cliente. Por isso os casos de efeitos adversos são raros.
Um de seus elementos primordiais é o fortalecimento da relação entre o especialista e cliente, estimulando a humanização e a individualização do atendimento. Em relação à individualidade de cada pessoa, José Alberto Moreno (2011) destaca:
Agora, nós nem podemos enumerar todas as agregações possíveis de sintomas de todas as situações de doenças que podem ocorrer, nem indicar, a priori, os medicamentos homeopáticos para estas (a priori indetermináveis) possibilidades. Para cada caso individual proposto (e cada caso é uma individualidade, diferindo de todas as demais) o praticante médico homeopata deve, por si mesmo, encontrá-los, e para este m, deve estar familiarizado com os medicamentos que têm sido até agora investigados a respeito de suas ações positivas, ou consultá-los para cada ocorrência de doença.
Com isso, a Homeopatia tem alcançado resultados expressivos e tornou-se uma excelente alternativa para a melhoria da saúde no País.
1.1. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA
Apesar da busca incansável pela cura da infecção urinária pelos meios tradicionais (medicina alopática), infelizmente as medidas adotadas não surtiram o efeito desejado, não conseguindo a recuperação plena da saúde do cliente. Nas diversas tentativas de solução para o problema, a despeito da “cura” momentânea, os sintomas voltaram com maior intensidade, ocasionando crises de dores agudas.
Assim, o propósito deste estudo é identi car os motivos do surgimento da infecção urinária e da sua recorrência e propor tratamento que visa combater as causas profundas da doença.
O problema pode, portanto, ser dividido em três partes: a) como identi car os motivos das infecções urinárias; b) como identi car os medicamentos de fundo e, c) como tratar a doença.
1.2. OBJETIVO GERAL
Este trabalho tem como objetivo geral identi cação e análise das causas do surgimento da infecção urinária, especialmente, as causa emocionais, e proposição de tratamento por meio de medicamentos homeopáticos.
1.3. JUSTIFICATIVA
Apesar do grande avanço da medicina tradicional e do tratamento de algumas doenças, infelizmente nem sempre as medidas adotadas têm garantido os melhores resultados para a saúde das pessoas. Em muitas ocasiões os sintomas geralmente voltam, algumas vezes, com maior intensidade. Dessa forma, a Homeopatia pode suprir essa lacuna e auxiliar de forma efetiva no reequilíbrio do cliente e na cura de nitiva de muitas doenças, inclusive
3 Hahnemann é considerado o criador da homeopatia.
da infecção urinária.
1.4. HIPÓTESES
Os desequilíbrios energéticos que se originam dos problemas emocionais impactam diretamente na constituição física, in uenciando no surgimento de várias doenças. Assim, a infecção urinária, após ser diagnosticada por especialista, se não for proveniente de algum outro problema físico, como por exemplo, cálculo renal, Litíase e Candidíase, muito provavelmente terá sua origem numa questão emocional.
A identi cação das causas do surgimento da doença, partindo do princípio de que ela existe devido a um desequilíbrio energético do organismo, impactando, assim, na diminuição da imunidade, pode ser um excelente caminho a ser seguido. Quando a pessoa está em equilíbrio, principalmente no aspecto emocional, as defesas do corpo funcionam adequadamente, inibindo o surgimento de doenças.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. SURGIMENTO DA HOMEOPATIA
A Homeopatia fundamenta-se em estudos de natureza cientí ca com cerca de dois séculos, tendo sido criada no nal do século XVIII, por Samuel Hahnemann, um médico alemão . Considerando inadequados os métodos e os resultados da medicina clínica, começou a fazer alguns experimentos. Dessa forma, passou a tomar diariamente uma certa dose de quinina e apresentou os sintomas característicos de febres intermitentes. Solicitou que outras pessoas tomassem a substância e eles também apresentaram as mesmas manifestações. Hahnemann identi cou que a Quinina era capaz de causar determinados sintomas numa pessoa saudável, sendo assim, era capaz de curar um doente que apresentasse os mesmos sintomas. A conclusão foi a de que os semelhantes são tratados pelos semelhantes, e essa conclusão cou conhecida como o princípio da semelhança ou
similitude, que é o fundamento da Homeopatia. Em relação a esse tema, José Maria Alves (2004) explicita:
A homeopatia fundamenta-se num trabalho de natureza cientí ca com cerca de dois séculos, consequência das investigações efetuadas por inúmeros experimentadores que ingeriram substâncias em dose não letal e registaram meticulosamente os sintomas produzidos, e ainda de registos toxicológicos – quadros sintomáticos obtidos pela ingestão voluntária ou involuntária de substâncias, como o arsénico – e observação de curas clínicas. Nascem assim as Matérias Médicas, que são numa de nição simplista, registos de sintomas.
Assim, determinadas substâncias são ingeridas por pessoas saudáveis, chamadas experimentadores, que registram todas as manifestações, físicas e emocionais. Os resultados são analisados e compilados, identi cando quais as substâncias são capazes de curar certas doenças. Esse processo é realizado até hoje, possibilitando o surgimento de novos medicamentos homeopáticos.
Por meio da Homeopatia podemos tratar qualquer doença curável ou reduzir os efeitos colaterais dos tratamentos convencionais, especialmente os referentes ao câncer, como a quimioterapia e a radioterapia. É um tratamento que pode ser aplicado em pessoas de qualquer idade, inclusive recém-nascidos e idosos, pela baixíssima ocorrência de efeitos adversos.
2.2. PROCESSO DOENÇA – SAÚDE
A palavra doença procede do latim dolentia, de dolens, entis, particípio presente do verbo doleo, dolere, que signi ca “sentir ou causar dor, a igir-se, amargurar-se”.
As de nições para a palavra doença são muitas, mas muitos especialistas consideram as doenças
como manifestações patológicas que se apresentam em nosso organismo.
Segundo o conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde é de nida como: “Um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Inclusive, no que se refere à doença, elaborou uma Classi cação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, designada pela sigla CID.
Já o Ministério da Saúde, de forma simpli cada, conceitua doença como uma alteração ou desvio do estado de equilíbrio de um indivíduo com o meio ambiente (MS, 1987).
Ainda analisando o processo saúde-doença, o médico francês Canguilhem (2000), num estudo sobre “o normal e o patológico”, a rma que “a doença não é uma variação da dimensão da saúde, ela é uma nova dimensão da vida”.
Para Canguilhem e Caponi (apud BRÊTAS e GAMBA, 2006), a doença não pode ser compreendida apenas por meio da siopatologia, ou seja, estudo das funções anormais ou patológicas dos vários órgãos e aparelhos do organismo, pois o que de ne o estado da doença é o sofrimento, a dor, en m as questões expressas pelo corpo subjetivo que adoece.
Ainda segundo Canguilhem e Caponi (apud BRÊTAS e GAMBA, 2006), para analisarmos a saúde, se faz necessário partir da dimensão do ser, pois é aí que ocorrem as de nições do normal ou patológico. Até porque, não temos como trabalhar com um processo rígido quando avaliamos o que é considerado ou não normal. Mesmo quando são identi cados quadros clínicos semelhantes, as manifestações dos sintomas, o mal-estar e desconforto podem afetar cada pessoa de forma distinta e única. Nesse sentido, o ser humano precisa conhecer-se e acompanhar as transformações ocorridas no seu físico e na sua forma de pensar para, de forma clara, identi car quais são os sinais transmitidos pelo corpo.
4 Disponível em: http://www.dicionarioinformal.com.br/signi cado/doença/3164. Acesso em: 03/12/2016.
Segundo Brêtas e Gamba (2006) a saúde e o adoecer são experiências subjetivas e individuais. É na lógica relacional que se devem tratar essas questões, isso porque o corpo humano não é um produto isolado, pois existe em relação aos outros seres e num contexto social.
A partir de uma análise dos conceitos vistos anteriormente, se torna uma tarefa bastante difícil de nir se uma pessoa está saudável ou doente, até porque a quantidade de variáveis envolvidas nesse processo é signi cativa e não podemos deixar de lado a di culdade de qualquer análise que leva em conta fatores que de certa forma são subjetivos.
Levando-se em consideração a formação tradicional e ainda cartesiana da maioria dos pro ssionais de saúde, o “doente” não é visto e nem tratado como um todo e nem numa visão sistêmica e integral. Nesse sentido, a busca da cura de uma doença, necessariamente, vai depender de uma série de aspectos que devem ser analisados de forma contextualizada e harmônica.
Em relação a esse aspecto, Eliete Fagundes (2013) esclarece que
A arte de curar estende-se muito além do mero decorar sintomas e características inerentes a um determinado remédio homeopático e aplicá-lo simplesmente, mas é, principalmente, a arte de raciocinar, sintetizar, avaliar, inter-relacionar, sentir, explorar, deduzir e correlacionar de uma forma clara e objetiva as informações para chegar a uma conclusão. Esta conclusão deve ser coerente e estar de acordo com aquela realidade a ser tratada de forma individualizada.
2.3. INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO
A Infecção do Trato Urinário (ITU), também conhecida como infecção urinária, é um quadro infeccioso que pode ocorrer em qualquer parte do sistema urinário, e ocorre quando uma bactéria entra no sistema urinário por meio da uretra e começa a se multiplicar na bexiga. Algumas vezes,
as defesas do organismo falham e a bactéria passa a crescer dentro do trato urinário, dando início a uma infecção.
Os tipos das infecções urinárias variam de acordo com o local da infecção, conforme a seguir:
Cistite (infecção na bexiga)
Infecção nos ureteres.
Pielonefrite (infecção nos rins)
Uretrite (infecção na uretra)
Os tipos mais comuns de infecção urinária são a cistite e a uretrite, que acometem a bexiga e a uretra, respectivamente.
Os sintomas mais comuns da infecção urinária são a ardência forte ao urinar, urina escura e com cheiro forte, dor pélvica e aumento da frequência de micções. Logicamente, os sintomas podem variar de acordo com o paciente e com o tipo de infecção. Entretanto, algumas vezes pode ser assintomática, recebendo na ausência de sintomas a denominação de bacteriúria assintomática.
Fernando C. Vilar et.al., em artigo cientí co publicado na Revista da Universidade de São Paulo, no resumo do trabalho aborda a infecção urinária da seguinte forma:
A infecção do trato urinário (ITU) é uma das causas mais comuns de infecção na população geral. É mais prevalente no sexo feminino, mas também acomete pacientes do sexo masculino principalmente quando associada à manipulação do trato urinário e à doença prostática. A ITU pode ser classi cada quanto à localização em ITU baixa (cistite) e ITU alta (pielonefrite) e quanto à presença de fatores complicadores em ITU não complicada e ITU complicada. A ITU é complicada quando estão presentes alterações estruturais ou funcionais do trato urinário ou quando se desenvolve em ambiente hospitalar. Na ITU não complicada a Escherichia coli é a bactéria responsável pela maioria das infecções.
O tratamento da infecção urinária na medicina alopática varia de acordo com o tipo e gravidade de cada infeção. Normalmente, o tratamento é realizado com antibióticos. Em alguns casos onde a dor é mais forte, também são receitados analgésicos. Já na Homeopatia, segundo Moreno e Boerick, existe uma variedade de medicamentos para tratamento dos casos agudos, conforme quadro a seguir:
Quadro 1 – Medicamentos homeopáticos para infecção urinária
Possibilidades de Medicamentos homeopáticos para infecção do trato urinário –caso agudos
Aconitum; Antimonium tartaricum; Apis; Arsenicum; Asparagus; Belladonna; Benzoic acidum; Berberis; , Camporicum acidum; Cannabis; Cantharis; Capsicum; Chimaphila umbellata; Conium; Copaiba;Helleborus; Hydrangea; Hyoscyamus; Lachesis; Mercurius; Methylenum bichloratum; Nitricum acidum; Nux vomica; Oleum santali; Parreira brava; Petroselinum sativum; Piper methysticum; Prunus spinosa; Pulsatilla; Sabal; Sabina; Sarssaparrila; Saururus cernuus; Sepia; Stigmata maydis; Sulphur; Terebinthinum; Triticum repens; Uva Ursi; Vesicaria communis
Moreno (2011), a respeito dos sintomas para uso do medicamento Cantharis Vesicatória, esclarece o seguinte:
1. Dores intensas e queimantes na bexiga.
2. Não pode suportar a urina na bexiga ainda que em pequena quantidade. Por isso, tem necessidades urgentes e frequentes de urinar, apesar de a micção ser constituída apenas por algumas gotas, por vezes contaminadas por sangue, que acarretam dores.
3. Dores queimantes e dilacerantes na uretra, que ocorrem antes, durante e após a micção.
4. Há uma intolerável necessidade de urinar, antes, durante e depois da micção.
Já em relação aos sintomas para uso do medicamento Parreira Brava, Moreno destaca:
1. O doente tem necessidade de se agachar para urinar, as suas dores melhoram quando inclina para frente, com a cabeça contra o chão.
2. Vontade constante e ine caz de urinar e necessidade de fazer esforços para esvaziar a bexiga.
Como a homeopatia trata a pessoa de forma integral, existem outros fatores que in uenciam na ocorrência da infecção e, consequentemente, no seu tratamento. Nesse sentido, destacam-se dois outros medicamentos, Staphysagria e Valeriana, que segundo Moreno, tratam os seguintes sintomas:
Staphysagria:
1. As dores são contusas, vivas e queimantes, não importando a parte do corpo em que aparecem, quer no seu interior quer no exterior.
2. Cistite após relação sexual.
3. Fúria interiorizada, agressividade, ansiedade, frustração, indignação, humilhação e vexame.
4. Como se a bexiga não estivesse totalmente vazia.
5. Emoções contidas ou reprimidas, sentimentos e tristezas suprimidos.
Valeriana:
1. Insônia de adormecimento, nervosismo, sono agitado dos sujeitos nervosos, esgotados, es-
tressados.
2. Mulheres vivendo com di culdades um período de mudança de vida.
Ainda nessa visão integral, existe outro fator relevante que impacta no sucesso do tratamento, que é conhecido como Sicose. Este termo, em grego “sycos”, signi ca o go, em Latim, “ cus”. Segundo Moreno (2011), Sicose:
Exprime o resultado desta intoxicação do organismo, que é o aparecimento destas excrecências, gos, papilomas, pólipos etc. análogos pelo seu aspecto ao fruto da gueira. Estas excrecências são devidas à degeneração das células intoxicadas e também a uma reação de neutralização das toxinas, que decantam nestas formações.
Nesse caso, um dos medicamentos propostos por Moreno (20011) é a uya:
uya é o remédio que corresponde a sintomatologia e a evolução geral, sendo assim essencialmente “o grande sicótico na lei de semelhança”. Quando pudermos, pela etiologia ou pelos sintomas e sobretudo pelos dois ao mesmo tempo, determinar o estado sicótico em nosso doente, obteremos com uya curas supreendentes.
2.4. IMPORTÂNCIA DO CRANBERRY
O Cramberry desde o início do século XXI é considerada uma superfruta pelos excelentes benefícios a saúde. No Brasil, também é conhecida como Oxicoco. Ela tem um efeito preventivo sobre infecções uri primárias e de repetição, agindo contra diversas bactérias como a Escherichia Coli, eliminando-as da região do trato urinário. Rica em Proantocianidina, substância apontada como sendo 15 a 25 vezes mais e caz que a vitamina E para inibir a aderência e a saída de bactérias do
intestino para as vias urinárias. Possui ainda alto teor de vitamina C.
Estudos mostraram também benefícios em outras partes do corpo, além de agir como antioxidante natural, ajudando a aumentar as defesas do organismo contra os danos dos radicais livres que podem contribuir para o aparecimento de doenças crônicas, incluindo as cardíacas.
As Proantocianidinas são capazes também de impedir a xação da bactéria Helicobacter Pylori na mucosa estomacal e que é capaz de barrar a colonização de bactérias causadoras da placa bacteriana.
Segundo o Prof. Dr. Mário Maciel de Lima Junior: Estudos publicados na literatura especializada desde 1933, com o suco de Cranberry, demonstraram os seus efeitos de acidi cação da urina, diminuindo a presença de bactérias e por sua vez a própria infecção.
As pesquisas demonstram e certi cam a hipótese de que as infecções urinárias, após a ingestão de Cranberry, podem ser prevenidas pela diminuição da aderência bacteriana às células do trato urinário.
Atualmente, já podemos encontrar inúmeros estudos sobre o Cranberry. Em 2014, Ana Carolina Yoshida, Vanessa Gomes Coutinho e Maria Cláudia Spexoto publicaram um artigo na revista Ensaios e ciência abordando o efeito da suplementação do Cranberry nas doenças in amatórias, como infecção urinária.
No artigo, foi realizada revisão de literatura de estudos abordando o tema, nacional e internacional, produzidos a partir do ano de 2000. Destacamos no quadro a seguir, os estudos de Valentovaã e Stothers, explicitando as ações e benefícios encontrados com uso do Cranberry, de acordo com a população, dosagem e forma de administração:
5 Disponível em: http://www.mariomaciel.com.br/index.html. Acesso em: 18/12/2016.
Valentovaã et al. 2007
Quadro 2 – estudos das ações e benefícios do Cranberry
Stothers, 2002
Mulheres entre 19 e 28 anos de idade Mulheres entre 21 e 72 anos de idade
400 à 1200mg de extrato de Cranberry 250ml de suco de Cranberry ou 1 cápsula de extrato de Cranberry
Da mesma forma, a nutricionista Barbara Candeias, no seu site , traz algumas reportagens sobre os benefícios do Cranberry, transcritas a seguir:
1. Março de 2003 - American Journal of Clinical Nutrition.
A pesquisa da University of Oulu, Finlândia, descobriu que o consumo freqüente de sucos frescos de cranberry está associado com o risco reduzido de recorrência das Infecções do Trato Urinário. Os hábitos alimentares parecem ser um importante fator de risco para as recorrências das Infecções do Trato Urinário nas mulheres, e a orientação alimentar poderia ser um primeiro passo em relação à prevenção. Kontiokari T, Laitinen J, Jarvi L, Pokka T, Sundqvist K, Uhari M. Dietary factors protecting women from urinary tract infection. American Journal of Clinical Nutrition 2003; 77:600-604.
2. Janeiro de 2004 - Análises Sistemáticas do Banco de Dados da Cochrane. A Cochrane Collaboration publicou uma análise de pesquisa concluindo que há algumas evidências de que o suco de cranberry pode reduzir o número de Infecções sintomáticas do Trato Urinário nas mulheres. A Cochrane Collaboration é uma organização sem ns lucrativos estabelecida no Reino Unido, cuja missão consiste em ajudar as pessoas a tomarem decisões bem conscientes sobre sua saúde através do desenvolvimento de análises sistemáticas sobre os efeitos das intervenções à saúde. Jepson RG, Mihaljevic L, Craig
8 semanas
12 meses
Houve redução da oxidação proteica e da aderência da bactéria no tecido Houve redução da incidência do infecção urinária
J. Cranberries for preventing urinary tract infections. Cochrane Library 2004; 1:1-19.
3. Setembro de 2005 - Phytochemistry.
Os pesquisadores da Rutgers e da University of Wiscosin investigaram os efeitos antiadesão do suco de cranberry versus outros alimentos que contêm proantocianidinas (PACs). Nesse estudo com humanos, eles descobriram que apenas o consumo do suco de cranberry resultava na urina uma atividade antiadesão microbiana. Os pesquisadores descobriram que as proantocianidinas do cranberry continham uma característica estrutural única que pode justi car sua propriedade antiadesão microbiana. Howell AB, Reed JD, McEniry B, Krueger CG, Cunningham DG. A-type cranberry proanthocyanidins and uropathogenic bacterial anti-adhesion activity, Phytochemistry 2005; 66: 2281-91.
4. Outubro de 2005 - Journal of Alternative and Complementary Medicine.
Os pesquisadores da Brigham e Women's Hospital descobriram que os cranberries secos podem oferecer um mecanismo antiadesão que pode proteger o corpo das bactérias que causam infecções do trato urinário (ITUs). Greenberg JA, Newmann SJ, Howell AB. Consumuption of sweetened dried cranberries versus unsweetened raisins for inhibition of uropathogenic Escherichia coli adhesion in human urine: a pilot study. Journal of Alternative and Complementary Medicine 2005; 11: 875-878.
Destaca-se que, apesar dos inúmeros estudos e casos de sucesso demonstrando os benefícios do Cranberry à saúde, devido às suas propriedades antioxidantes, principalmente no quadro de Infecção do trato urinário, ainda são necessárias novas pesquisas para aprofundar o conhecimento sobre essa fruta.
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
3.1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Segundo a conceituação de Fachin (1993), método pode ser de nido como um instrumento do conhecimento que proporciona, aos pesquisadores, a orientação geral que facilita o planejamento de uma pesquisa, a formulação de hipóteses, a coordenação das investigações, a realização de experiências e a interpretação dos resultados. Assim, de acordo com a natureza especí ca de cada problema investigado, estabelecem-se os métodos considerados apropriados para atingir determinado m.
3.2. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
No presente trabalho, o tipo de pesquisa utilizada se caracteriza como descritiva, sob a forma de estudo exploratório. A pesquisa descritiva, segundo Cervo (1996) “busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano [...]”. Esclarece ainda Cervo (op. cit.) que “Os estudos exploratórios têm por objetivo familiarizar-se com o fenômeno ou obter nova percepção do mesmo e descobrir novas idéias”.
Segundo Gil (1991), as pesquisas exploratórias objetivam facilitar familiaridade com o problema, para permitir a construção de hipóteses ou tornar a questão mais clara. Temos como exemplo a pesquisa bibliográ ca e o estudo de caso.
O método de estudo exploratório escolhido para o desenvolvimento do trabalho mostra-se ade-
quado aos objetivos, em consonância com o pensamento de Gil (1996), o qual considera que a pesquisa de natureza exploratória concede ao pesquisador a possibilidade de ampliar seus conhecimentos em relação a um determinado problema, com vistas a torná-lo mais explícito. O estudo de caso realizado envolveu uma análise aprofundada e exaustiva do objeto de pesquisa, de maneira a permitir o seu amplo e detalhado conhecimento.
A metodologia adotada também abrangeu a realização de pesquisa bibliográ ca com a nalidade de levantar informações e conceitos sobre homeopatia, doença, saúde, infecção do trato urinário, in uência da emoção nas nossas vidas e a importância do Cramberry. Dessa forma, livros, revistas, dissertações, documentos impressos ou inseridos em meios eletrônicos, entre outros, relativos ao tema, foram revisados, fornecendo os fundamentos teóricos do estudo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. DESCRIÇÃO DO CASO
Cliente com 43 anos, sexo feminino, cor branca, casada, dois lhos. Em um período de 9 meses, teve sete crises de Infecção do Trato Urinário. Nas seis primeiras, recorreu ao Pronto Socorro de hospitais particulares, onde foram feitas coletas de urina para realização dos exames de EAS e Urocultura . Os resultados dos exames deram sempre positivos para Infecção do Trato Urinário no EAS e sempre negativos para Escherichia coli nas Uroculturas.
4.1.1. SINTOMAS FÍSICOS
Os sintomas físicos apresentados foram:
- Ardência forte ao urinar
- Urina com cheiro forte
- Disúria (dor pélvica)
- Aumento da frequência das micções
- Hematúria (sangue na urina)
Em sua penúltima crise, relatou que a dor era extremamente forte, que a fazia curvar-se para fren-
7 EAS: É o exame de urina mais simples. É uma avaliação qualitativa de alguns constituintes químicos do sedimento urinário. É um exame complementar a um diagnóstico, indolor e muito importante para avaliar a função dos rins. Urocultura: Exame de urina que identi ca a presença de bactérias. Como os rins e a bexiga são locais estéreis, ou seja, sem micróbios presentes, a identi cação de uma bactéria na urina costuma ser um forte indicador de uma infecção urinária.
8 Bactéria bacilar Gram-negativa que se encontra normalmente no trato gastrointestinal inferior dos organismos de sangue quente (endotérmicos)
te ou querer car de cócoras no chão. Neste episódio além dos exames de urina, pela intensidade da dor, também foi feita uma Tomogra a Computadorizada dos rins e vias urinárias para veri cação de possível cálculo renal, tendo seu resultado sido negativo.
Após ter sido medicada, tendo alívio dos sintomas, o pro ssional que a atendeu, aconselhou que procurasse um bom Ginecologista ou Urologista para uma investigação mais profunda sobre o seu caso. Medicamentos utilizados via intravenosa durante os atendimentos no Pronto Socorro:
- Nas primeiras cinco crises, Buscopan e Dipirona.
- Na sexta crise, Buscopan e Tramal.
Também foram receitados e usados antibióticos nas seis crises, conforme quadro a seguir:
Quadro 3 – antibióticos receitados
4.2. A BUSCA DA CURA
4.2.1. CONSULTA COM PROFISSIONAL GINECOLOGISTA
Após alguns dias, a paciente fez uma consulta ambulatorial com uma Ginecologista, pois ainda sentia alguma ardência, onde foi diagnosticada com Candidíase. Foi medicada com Fluconazol
150 mg, em dose única e Vagicand (Nitrato de Feticonazol) creme ginecológico.
Após esta consulta e o uso dos medicamentos receitados, a paciente retornou mais algumas vezes à mesma pro ssional, sempre com a mesma queixa, e esta sempre lhe prescrevia outras pomadas, diagnosticando sempre Candidíase de repetição.
Os medicamentos receitados foram:
- Tinidazol + Nitrato de Miconazol
- Metronidazol + Nitrato de Miconazol
- Cetoconazol + Diproprionato de Betametasona
- Cetoconazol + Diproprionato de Betametasona
+ Sulfato de Neomicina
Após este período, nalmente relatou alívio nos sintomas da ardência.
4.2.2. CONSULTA COM PROFISSIONAL UROLOGISTA
A cliente se consultou com um Urologista, que sugeriu três tipos de tratamento para evitar novas crises de infecção urinária de repetição:
1 – Antibióticoterapia com Macrodantina – por 3 meses, usando a dose mínima por dia (Macrodantina: agente antibacteriano indicado no tratamento de infecções urinárias agudas e crônicas, tais como cistites, pielites, pielocistites e pielonefrites causadas por bactérias sensíveis à nitrofurantoína)
2 – Urovaxon – por 3 meses, 1 comprimido por dia (Urovaxon: vacina para infecção urinária, em forma de comprimidos, composta por componentes extraídos de Escherichia coli, que atua estimulando as defesas naturais do organismo)
3 – Cystistat (Medicamento em solução injetável estéril para uso intravesical, destinado para substituir temporariamente a camada de glicosaminoglicanos (GAG) na bexiga. Seu uso é indicado nas condições em que a camada de GAG está alterada, como na cistite intersticial, na cistite induzida por radiação, na cistite causada por infecção, trauma, urolítiase, retenção urinária e neoplasia).
Optou pelo tratamento com Urovaxon e durante
este período não apresentou sintomas de Infecção Urinária.
No retorno, após os três meses de tratamento, reclamou ao Urologista que voltou a sentir ardência constante, mas que esta não estava vinculada a dor ao urinar. Foi orientada então, a opção da antibióticoterapia ou que procurasse tratamentos alternativos como a Homeopatia.
4.2.3. A BUSCA PELO TRATAMENTO HOMEOPÁTICO
No início do ano de 2016, a cliente me procurou em busca do tratamento homeopático, reclamando que estava novamente com Infecção Urinária, sendo que esta era a sua sétima crise. Relatou a quantidade de vezes que já havia tratado em hospitais, os medicamentos alopáticos que havia usado e que procurou a Homeopatia por indicação de um Urologista.
Sintomas apresentados no ato da consulta homeopática:
- Ardência forte ao urinar
- Dor pélvica violenta que a fazia se contorcer para frente e querer car em posição abaixada (dizia ser a “dor do m do mundo”)
- Aumento da frequência das micções
- Urina com cheiro forte de amônia
A partir das possibilidades de medicamentos homeopáticos para infecção urinária indicados por Moreno e Boerick, a indicação terapêutica se deu conforme a seguir: Cantharis Vesicatória CH 6 e Parreira Brava CH 6 - Solução Alcoólica 5%. Usar de quinze em quinze minutos durante as duas primeiras horas. Após esse período, usar de uma em uma hora até completar vinte e quatro horas do início do tratamento. No dia seguinte, entrar em contato para nova avaliação.
No dia seguinte, a cliente entrou em contato informando que todos os sintomas tinham sido aliviados após algumas horas do início do uso da medicação, mas não conseguiu dormir à noite, pois estava tensa e com muito receio de a dor voltar.
Nesse caso, a indicação terapêutica foi a de continuar
a medicação até o nal do vidro e retornar para nova avaliação. Após o término da medicação a cliente retornou para ser reavaliada e continuar o tratamento.
Relatou que, apesar de não estar mais sentindo os sintomas, não se sente completamente segura, tem a sensação que a qualquer momento a infecção pode reaparecer. Às vezes entra em pânico quando tem que ir ao banheiro. Não dorme direito com medo de acordar de madrugada com a mesma dor.
Comentou que em algumas vezes em que teve as crises de infecção urinária teria sido após relação sexual ou em períodos estressantes em que se sentia muito irritada, raivosa ou com medo, mas não deixava estes sentimentos transparecerem. Guardava-os para si e disse estar sofrendo por não conseguir controlá-los.
Está sem trabalhar há mais de um ano e pensa que o motivo do medo era de não conseguir mais arrumar emprego, pois já está com mais de 40 anos, e trata isso como um empecilho por achar que ninguém mais lhe “abrirá as portas”.
A Indicação Terapêutica para a situação relatada foi: Staphysagria CH 12, CH 13, CH 14, CH 15 e CH 16 - Solução Alcoólica 5% – 20 ml – Tomar 5 gotas 2 vezes ao dia e Valeriana CH 12, CH 13, CH 14, CH 15 e CH 16, - Solução Alcoólica 5% – 20 ml – Tomar 5 gotas 2 vezes ao dia. As medicações foram feitas em vidros separados (cada uma das dinamizações foi tomada por 30 dias).
Os resultados obtidos com o uso das medicações foram excelentes. Já nos primeiros dias do uso, sentiu a diferença no sono. Passou a dormir melhor, apesar de ainda acordar de madrugada assustada com medo de voltar a sentir dor.
Nos dois primeiros meses cava tensa e ansiosa ao ir ao banheiro, pensando na possibilidade de haver uma recorrência.
Após cinco meses de uso relatou estar dormindo bem, sem acordar à noite.
Após os meses de tratamento com a Staphisagria e
com a Valeriana, senti que ela estava bem mais equilibrada, então decidi iniciar o tratamento do miasma, para melhorar a Sicose em que ela se encontrava. Nesse sentido, a indicação terapêutica foi a seguinte: uya Occidentalis CH 5, CH 6 - Solução Alcoólica 5% – 20 ml – Tomar 5 gotas duas vezes ao dia.
Durante o uso no primeiro mês, relatou que teve muitos sonhos ruins e que pequenas verrugas apareceram no pescoço. Agora está no segundo mês de uso da medicação. Relatou que às vezes parece não conseguir “segurar as palavras dentro da boca”, fala o que vem a cabeça. Comentou também que algumas pintas pelo corpo estavam incomodando, como se tivessem cado in amadas e que uma delas, localizada no rosto, começou a se desprender e que em poucos dias não havia mais vestígio dela no local. O tratamento miasmático deve durar por mais alguns meses, objetivando a tentativa de retirá-la da Sicose, para que tenha uma melhor qualidade de vida.
4.2.4. INDICAÇÃO DO USO DO CRANBERRY
Desde o início do tratamento homeopático foi sugerido à cliente que incluísse em sua alimentação o suco de Cranberry, pois já existem muitas evidências cientí cas de sua e cácia na prevenção e tratamento de infecções do trato urinário e melhora na imunidade, dentre outros benefícios para a saúde. Como o tratamento está sendo exitoso até o momento, optou-se pela continuidade do uso do suco diariamente, por mais um tempo.
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Após nove meses de tratamento homeopático, vericou-se a e cácia do uso das medicações propostas. A cliente não teve mais crises de Infecção do Trato Urinário. Mostra-se menos ansiosa, mais feliz, menos insegura e já não guarda mais os seus sentimentos, sentindo-se mais animada para a realização de novos projetos.
Nesse tipo de caso, uma importante recomendação é a persistência no uso da medicação, pois, apesar de apresentar resultados imediatos, se caracteriza como um tratamento de médio a longo prazo.
6. REFERÊNCIAS
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__________________ O Estudo do Organon da Arte de Curar de Samuel Hahnemann. Ed. Hipocrática Hahnemanniana. 2014.
__________________ A Experimentação Homeopática Segundo Hahnemann. Ed. Hipocrática Hahnemanniana. 2011
__________________ Homeopatia Metafísica Repertorizada. Ed. Hipocrática Hahnemanniana. V. 2 e 8. 2011
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Tabelas divulgadas pela Anvisa que regulam a prescrição de medicamentos homeopáticos que podem ser indicados por terapeutas homeopatas:
https://homeopatias.com/informacao-geral/lista-de-homeopatia-sem-exigencia-de-prescricao-de-pro ssional-homeopata-editada-pela-anvisa/
https://homeopatias.com/bases-juridicas/tabela-de-toxicidade-relativa-de-substancias-utilizadas-na-homeopatia/
https://homeopatias.com/instituto-tecnologico-hahnemann