EDIÇÃO 40 . ANO IX - ABRIL/MAIO 2022
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NOSSA CAPA A maior exposição de zebuínos do mundo, a ExpoZebu, é o destaque desta edição. O evento vem com uma programação repleta de novidades e a expectativa da entidade é de movimentar cerca de R$300 milhões.
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APRESENTAÇÃO
GUSTAVO MIGUEL E CLÁUDIA MONTEIRO
Diretores
redacaopecuariabrasil@gmail.com
RAÇA
CARNE
LEITE
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Enfim, a vida volta com toda sua plenitude. Certamente, 2022 ficará marcado pela retomada dos eventos pecuários que possibilitam a todos os envolvidos no agro compartilhar seus conhecimentos. É dentro desse espírito que a revista Pecuária Brasil traz em sua capa a maior exposição das raças zebuínas do mundo, a ExpoZebu 2022, que vem com uma programação repleta de novidades. Como diz o presidente da ABCZ, Rivaldo Machado Borges Júnior, serão três anos em um. A expectativa da entidade é de movimentar cerca de R$300 milhões. A exposição levará para a pista de julgamento o melhor das raças zebuínas, selecionadas por criatórios de todo o país, como é o caso do Sindi Porangaba, de propriedade do criador Felipe Curi. A seleção preza pela funcionalidade animal dentro do sistema de manejo a pasto, buscando animais rústicos, precoces, capazes de manterem o bom ganho de peso e produzir bons bezerros em qualquer época do ano e sem receber suplementação. Também falamos com outros criadores de Sindi sobre o crescimento consistente da raça no país, cujas vendas de touros e de sêmen estão em franca expansão. Falando em pecuária intensiva, entrevistamos o médico-veterinário, Olavo Franco Bottino, coordenador técnico da expedição Confina Brasil, organizada pela Scot Consultoria. Segundo ele, as propriedades dedicadas à pecuária de corte intensiva estão cada vez mais profissionais e investindo em confinamento e semiconfinamento como forma de acelerar a produção de carne de qualidade. Quem vem colhendo os frutos da intensificação da pecuária é a Cia Mate Laranjeira, de Ponta Porã/MS. Um abate técnico realizado com animais super precoces cruzados Guzerá mostrou grande potencial para produção de carne de qualidade, apresentando muita precocidade e musculosidade nos machos e fêmeas abatidos. Já na raça Gir Leiteiro um estudo alerta que o tamanho da vaca influencia a produtividade de um rebanho. Esse tem sido um ponto de questionamento entre pesquisadores e criadores da raça, pois bovinos mais pesados podem representar maior necessidade nutricional, afetando a rentabilidade dos sistemas semi-intensivos de produção. Já na parte de sanidade trazemos os avanços nas pesquisas para o combate de carrapato e mosca-da-bicheira, que têm causado prejuízos à pecuária. O controle natural e manejo preventivo desses dois “pequenos inimigos” da pecuária são boas alternativas. Nesta edição ainda destacamos um experimento sobre sombreamento conduzido pela Embrapa onde ficou constatado que animais com acesso à sombra consumiram diariamente, em média, três litros de água a menos que o gado que estava a pleno sol. Outro resultado importante foi a produtividade hídrica, 10,37% maior para os animais à sombra. A produtividade hídrica é a relação de quilogramas de peso de carcaça, por litros de água. Uma boa notícia para a pecuária leiteira é a instalação da Vitrine Tecnológica da FAZU. A faculdade agora conta com um rebanho da raça Girolando e está ampliando as instalações de ordenha, laticínio, além de firmar parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando na área de fomento e pesquisa. Tem muito mais. Confira nas páginas seguintes.
REALIZAÇÃO:
TRANSMISSÃO:
Cadastros e Lances
RETRANSMISSÃO:
ASSESSORIAS
AGÊNCIA:
rema ematteweb.com
43 3373-7077
PATROCÍNIO:
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SUMÁRIO
Criadores
102 87ª ExpoZebu A volta do público ao Parque Fernando Costa PG. 36
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SEMPRE NA PECUÁRIA BRASIL 12 . PECUÁRIA EM REDE 16 . PECUÁRIA INDICA 20 . AGRO NO PRATO 22 . PORTEIRA ABERTA 28 . NOSSA CAPA 36 . ENTREVISTA 40 . CALENDÁRIO
Nelore e Brahman rumo ao Camboja
PG. 60
44 . PECUÁRIA 360 49 . RAÇA 67 . CARNE 81 . LEITE 97 . ZONA RURAL 101 . GENTE 110 . SOCIAIS 114 . PONTO DE VISTA 116 . OPINIÃO 121 . EM FOCO
Pesquisa testa Panicum para pecuária leiteira PG. 82
O avanço dos confinamentos PG. 36
Direcionando os caminhos do zebu PG. 106 DEZEMBRO 2021 | #pecBR
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V3 GENETICS: INOVAÇÃO
NO MERCADO DE GENÉTICA Referência mundial em gené ca zebuína, o Brasil con nua inovando para levar mais qualidade aos rebanhos de corte de várias partes do mundo. A par r de agora, o país contará com uma empresa especializada na venda de embriões e sêmen de animais Nelore Pintado. Os animais dessa pelagem estão conquistando cada vez mais pecuaristas interessados em levar para seus planteis uma gené ca focada em precocidade, rus cidade, qualidade na carne, mas também em beleza racial. Para atender esse crescente mercado é que a V3 Gene cs foi fundada. A empresa terá sua sede na Terra do Zebu, a cidade de Uberaba/MG. A inauguração do estande, localizado no interior do Parque Fernando Costa, será durante a
ExpoZebu 2022, agendada para o período de 30 de abril a 8 de maio. Durante o evento, a V3 Gene cs fará a apresentação de seu catálogo de touros Nelore Pintado, selecionados entre os principais criatórios do país, dentre eles o Nelore V3, que conta com mais de 60 anos de seleção. Outra novidade será o catálogo de doadoras Nelore Pintado. A V3 Gene cs fará a venda de embriões congelados e a fresco. A empresa está habilitada para atuar no mercado de gené ca, inclusive para exportar material gené co. Isso colocará o Nelore Pintado selecionado no Brasil em importantes mercados pecuários da América La na e outros con nentes, provando mais uma vez que o país é o maior polo de gené ca zebuína do mundo.
Venha conhecer o estande da V3 Genetics e fazer bons negócios durante a ExpoZebu!
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W W W . N E L O R E P I N T A D O P O . C O M . B R DEZEMBRO 2021 | #pecBR
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PECUÁRIA EM REDE Use a hashtag #pecBR e apareça aqui!
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Maternal Facilidade de parto
Ganho de peso
Eficiência alimentar
Padrão Ala de qualidade
Rendimento de carcaça
Qualidade de carcaça
Marmoreio Fertilidade Reprodução - Precocidade
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PECUÁRIA INDICA
SUPLEMENTAÇÃO EM BLOCO
O
livro “Céu e inferno em Terras Alagadas” dá início ao projeto Pantanal + 10, idealizado pelo fotógrafo José Medeiro. Com esse trabalho, ele mostra o que está acontecendo no Pantanal nos últimos dois anos. Ao contrário de imagens poéticas que quase sempre estão ligadas ao Pantanal, o autor documenta os resultados das queimadas e da ação do homem na maior planície alagada do mundo. O livro conta com a participação da crítica de arte Aline Figueiredo. Os textos são do artista plástico, escritor e crítico de arte, membro da academia sul mato-grossense de letras, Humberto Espíndola. A publicação conta ainda com texto crítico do fotógrafo e curador, Juan Esteves e a edição e projeto gráfico são de Valdemir Cunha. Ao longo dos próximos dez anos a ideia é lançar cinco livros que abordarão vários aspectos do Pantanal. O livro é publicado pela Editora Origem.
Bruna Monteiro Comercial da Pecuária Brasil
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A suplementação é uma necessidade consolidada na produção brasileira. Ela é indispensável para a pecuária de corte e leite, pela comum deficiência de nutrientes na pastagem. A Minerthal possui uma linha de suplementos minerais em forma de blocos retangulares, chamada MinerBlock®. A solução traz diversas vantagens ao produtor, como, por exemplo, a baixa frequência de reposição de suplemento, diminuindo os custos com mão de obra e dando agilidade nesse processo; fácil utilização, uma vez que é necessário apenas retirar o produto do plástico e colocá-lo em cocho a disposição dos animais; e a possibilidade de mudança no local de fornecimento do suplemento, facilitando o manejo. Outro benefício do produto é que, por conta do seu formato em bloco retangular, as perdas causadas por chuva e vento são reduzidas em comparação com o suplemento em pó convencional. O resultado é um menor desperdício de produto e maior preservação da composição nutricional.
CARREGADOR FRONTAL
O equipamento M145 para tratores de 190 a 240CV de potência com carga máxima de 2 mil quilos é o lançamento da Marispan. Comporta altura máxima de 4,70 metros, autonivelante, com acople/desacople e troca rápida de acessórios. Os acessórios do M145 são concha dianteira, paleteira, guincho e plaina niveladora, essa utilizada na pecuária para retirada de esterco em lotes de animais e para nivelar estradas de terra, lavouras, canais para escoamento de águas das chuvas, aterros e outros.
INOCULANTES SILOMAX GOLD MATSUDA Soluções como inoculantes para silagem com cepas de bactérias específicas para cada material escolhido, representam hoje, uma parcela significativa do sucesso nesse tipo de empreendimento. A Matsuda possui em seu portfólio de produtos a linha Silomax Gold (Silomax Gold Centurium, Silomax Gold Cana e Silomax Gold Milho), inoculantes otimizados, com maior mix de cepas, quantidade de bactérias que agem sobre a silagem de modo a garantir o melhor resultado desses trabalhos. Com recomendações de uso que variam de 2 a 4 gramas do produto contido no frasco diluídos por litro de água, a calda, após preparada, deve ser utilizada no prazo de 24h e tem o seu rendimento diretamente ligado a qualidade do material a ser ensilado. Ou seja, o ponto de corte, tamanhos de partículas e a compactação adequada também influenciam no aproveitamento de cada uma destas soluções, que podem render aplicações capazes de inocular de 50 até 100 toneladas de silagem; de acordo com a recomendação técnica.
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PECUÁRIA INDICA VINHOS
CARLOS ALBERTO PEREIRA Jornalista e tecnólogo em Hotelaria e Turismo vinhosetal@gmail.com
VINHOS DA UCRÂNIA A cultura do vinho na região da Ucrânia existe desde século 4 a.C., na costa sul da península da Crimeia, local onde foram encontrados lagares e ânforas. Na parte norte, no entanto, desenvolveu-se muito mais tarde, a partir do século XI, por meio de monges. Na Idade Média, os genoveses que dominavam a cidade de Sudak comercializavam vinhos da Crimeia em toda a Europa. No reinado de Catarina II (1729-1796), a península da Crimeia tornou-se parte do Império Russo em 1783. O marechal russo, Grigory Alexandrovich Potyomkin (1739-1791), estadista e colonizador preferido de Catarina, tornou a península da Crimeia arável e foi um grande promotor da viticultura. Ele importou vinhas da Itália, Espanha e França, onde o clima era muito semelhante ao da Crimeia, especialmente o solo ao redor da cidade de Sudak. Outros atores também foram importantes para o desenvolvimento da vitivinicultura da Ucrânia, como o conde Mikhail Vorontsov (1782-1856) que plantou vinhedos e construiu uma grande adega em 1820. Foi ele também que o fundou o Magarach Wine Institute nas proximidades, em 1828. Um outro destaque de grande contribuidor do desenvolvimento do vinho na região foi o cientista alemão Peter Simon Pallas (1741-1811), que foi trazido ao país por Catarina II e que plantou grandes vinhedos na região de Sudak. Ele foi o primeiro a descrever em detalhes cerca de 40 variedades de uvas indígenas. Já o príncipe Lev Golitsyn, o último primeiro-ministro da Rússia Imperial, contribuiu com o crescimento do setor, fundando uma vinícola que ainda existe até hoje. Golitsyn é considerado o criador do famoso vinho espumante da Crimeia (Shampanskoye Krimskoye). E, por ordem do czar Nicolau II (1868-1918), também fundou o que hoje é a Adega Estadual de Massandra.
ÁREAS DE CULTIVO E VARIEDADES
Em 2019, as vinhas cobriram um total de cerca de 41.500 hectares, dos quais foram produzidos 1,33 milhões de hectolitros de vinho, segundo a Associação de Viticultores da Ucrânia. Existem por volta de 180 variedades de uvas que são cultivadas, principalmente variedades de autóctones. Dentre essas variedades, pode-se destacar as históricas que incluem as uvas pretas Bastardo Magarachsky, Cevat Kara, Kefesyia e Odessa Black, e as brancas, Telti Kuruk, Kokur Bely, Sary Pandas e Sukholimansky, um cruzamento entre Chardonnay e Plavaï. A uva branca georgiana Rkatsiteli já compôs 40% de todas as plantações, mas hoje elas também incluem Aligote, Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Gewurztraminer, Merlot, Muscat, Pinot Noir, Riesling e Saperavi.
ESTILOS DE VINHOS
Estilos históricos ao longo da costa da Crimeia incluem vinhos doces e, quando introduzidos pela primeira vez, foram chamados de Porto, Madeira, Sherry e Tokay. Kagor, vinho tinto de sobremesa doce, recebeu o nome da região de Cahors, na França. Muscats - talvez o mais famoso de todos - eram brancos, rosa e pretos.
O ESPUMANTE
Produzido principalmente na região de Odessa, o vinho espumante continua sendo o mais popular hoje, compreendendo quase um terço da produção da Ucrânia. Baseado em Pinot Blanc, Aligoté, Riesling Chardonnay. 18
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Marco Paulo Quirino
AGRO NO PRATO
Criador de Gir Leiteiro e Expert em queijaria, Marco estudou na França para aprender os segredos da maturação e é um apaixonado pela culinária
RECEITAS
PÃO DE QUEIJO DA LENDA RECEITA: 1 kg de polvilho doce 2 copos (requeijão) de leite A2A2 de vaca Gir 1 copo de água 1/2 copo de óleo 800g de queijo maturado Gir da Lenda 6 ovos Sal
MODO DE FAZER:
N
a hora de preparar um pão de queijo, utilizar um produto elaborado com texturas, aroma e sabor próprios faz toda a diferença. Essa é a dica do criador de Gir Leiteiro, Marcos Paulo Quirino. Ele é expert em queijaria e estudou na França para aprender os segredos da maturação do queijo Minas Artesanal Gir da Lenda, um dos produtos brasileiros premiados com a medalha de Prata no Mondial du Fromage et des Produits Laitiers, concurso realizado na França e promovido pela Guilde Internationale des Fromagers. Marcos Paulo compartilha nesta edição sua receita de Pão de queijo Da Lenda. Uma iguaria mineira que pode ser acompanhada de um bom café!
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Em uma panela, coloque leite, água, óleo e deixe ferver. Coloque o polvilho em uma vasilha e despeje a mistura ainda fervente em cima, escaldando-o. Misture bem até esfriar. Coloque o queijo, o sal e os ovos. Misture novamente. Quando estiver uma massa mole, unte as mãos com óleo e faça as bolinhas. A massa pode ser congelada para ir assando aos poucos. Essa receita faz em torno de 60 bolinhas médias. Assar no forno a 160 graus.
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PORTEIRA ABERTA CÂMARA SETORIAL DA CARNE BOVINA André Ribeiro Bartocci, vice-presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) é o novo presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Carne Bovina, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A Câmara funciona como elo entre o governo e os representantes dos diversos elos da cadeia produtiva e busca potencializar as boas ações do MAPA, gerando um ambiente positivo para discussões, pleitos e causas. Bartocci foi indicado por unanimidade pelos atuais membros e nomeado pela ministra Tereza Cristina. Ele tem mandato até 2024 e substitui Antônio Pitangui de Salvo.
DESAFIOS DO MARKETING RURAL A Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio promoveu em março a primeira edição do ‘ABMRA Ideia Café’. O tema central do encontro foi a comunicação do agro e o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues iniciou a conversa com uma boa notícia e um desafio. “Nunca se falou tanto de segurança alimentar e sustentabilidade e o Agro é o motor dessa transformação. O desafio é que é preciso calibrar a mensagem, deixar de tratar de Agro e falar de comida, conectando o rural e o urbano. O alimento junta os dois públicos”, assinalou o ex-ministro. Já Ricardo Nicodemos, presidente da ABMRA, informou que a entidade, a ABAG e a ABIA (Associação Brasileira da Indústria da Alimentação) conversam sobre a importância de coordenar a comunicação em todos os elos da cadeia da produção de alimentos – da fazenda à indústria.
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VACINAÇÃO AFTOSA A vacinação contra a febre aftosa em 2022 terá alteração nos seguintes estados: Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Sergipe, São Paulo e Tocantins. Nesses estados, a vacinação de maio será destinada aos bovinos e bubalinos até 24 meses. Já em novembro o produtor deve vacinar os animais de todas as idades. Também houve inversão da estratégia de vacinação anti-rábica dos herbívoros nas etapas de 2022, nos municípios considerados de alto risco. Em maio o produtor rural deverá imunizar contra raiva os bovinos, bubalinos, equídeos, caprinos e ovinos até 12 meses e, em novembro, os animais de todas as idades. A movimentação de animais durante as duas etapas de vacinação continuará seguindo as mesmas regras dos anos anteriores. A medida foi tomada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para garantir que tenha vacina para imunização de rebanhos em todo o Brasil.
MUDANÇA NA ABCZ
A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) anunciou o novo diretor de Relações Internacionais da entidade. Trata-se de Bento Abreu Sodré de Carvalho Mineiro, que já compõe a atual gestão da Associação como diretor Comercial. Bento Mineiro assume a pasta antes ocupada por Ana Cláudia Mendes Souza, acumulando as duas diretorias na ABCZ. Natural de São Paulo, e trazendo como herança genética a paixão pelo Zebu, Bento Mineiro sempre se destacou entre os promissores jovens do setor. Segundo ele, para esse novo desafio, segue com a mesma disposição de fazer o melhor pelo zebu brasileiro.
DOCUMENTÁRIO PANTANAL O Pantanal é o menor bioma brasileiro e a maior planície alagável do mundo, além de Patrimônio Natural da Humanidade. Trata-se de uma região rica, diversa e vital para a biodiversidade do Brasil que agora pode ser vista pelo projeto Pantanal+10, que documentou o Pantanal nos últimos dois anos. Idealizada pelo fotógrafo José Medeiros, e com apoio da Belgo Bekaert, a iniciativa prevê o registro do bioma de 2020 a 2030. As entregas desta primeira fase, que englobam documentário e livro, foram lançadas oficialmente durante o 11º Festival de Fotografia de Tiradentes/ MG, em março. Uma exposição fotográfica está programada para abril, com estreia em Corumbá/MS.
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PORTEIRA ABERTA APOSENTADORIA DO TOURO K85
INVESTIMENTO EM DRONES
Os drones alçaram voo e caíram no gosto dos produtores rurais em todo o mundo. Segundo pesquisa da empresa Drone Deploy, realizada em 40 países, 54% dos produtores rurais pretendem investir no equipamento neste ano. Em Minas Gerais, essa realidade não é diferente! Somente em 2021, o Sistema FAEMG/SENAR/INAES/SINDICATOS promoveu 203 cursos sobre o tema, capacitando 1.471 pessoas, e a tendência é de aumento. Para a gerente de Formação Profissional Rural e Promoção Social do Sistema FAEMG, Liziana Rodrigues, a tecnologia pode ser aplicada em qualquer perfil de propriedade rural e será cada vez mais acessível. O uso do aparelho vai ao encontro de uma realidade de mecanização agrícola automatizada, gerando economia financeira e, em paralelo, atuando na preservação ambiental. Além da ação direta na produção agrícola, os drones podem atuar também na prevenção de incêndios e na preservação ambiental.
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Após mais de 10 anos de importantes contribuições para a pecuária leiteira nacional, o touro K85 irá se aposentar. Ele chegou a produzir 190 mil doses de sêmen convencional, além de 18 mil doses de genética sexada na central ABS. Com destaque absoluto em sua genética e filho de Shottle e Canela, o touro somou mais de 1200 filhas registradas na Associação Brasileira dos Criadores de Girolando – e o sucesso não se limitou ao Brasil: mais de 18 mil doses de sêmen do K85 foram exportadas para produtores mundo afora, consolidando a sua utilização em rebanhos internacionais. O proprietário do touro, José Renato Chiari, destaca que o K85 é filho de uma recordista em produção de leite e que a escolha pelo animal foi com base nos aspectos genéticos. K85 foi o primeiro filho da matriarca ICH CANELA em central e suas filhas sempre destacaram no aspecto de produção, conformação e fertilidade.
BOAS PRÁTICAS HÍDRICAS
O programa Boas Práticas Hídricas, desenvolvido em parceria entre a Nestlé e a Embrapa, motivou a economia de 56.841 milhões de litros de água na produção de leite. Esse foi o volume que as mais de 1,4 mil propriedades leiteiras que participam da iniciativa deixaram de consumir em 2021, comparando-se ao ano de 2020. A estimativa foi calculada por meio de indicadores de eficiência hídrica medidos em uma amostra das unidades participantes. As fazendas avaliadas estão localizadas no Paraná, Goiás, São Paulo e Minas Gerais. O monitoramento foi realizado mensalmente por meio de hidrômetros instalados em vários pontos de consumo e também demonstrou que houve redução na quantidade de água utilizada na produção por litro de leite, um indicador de eficiência muito importante. Em 2021, nas fazendas monitoradas na amostra, foram ordenhadas 2.742.384 vacas, sendo produzidos pouco mais de 53 milhões de litros de leite. Em relação a 2020, houve um aumento de 5% no número de animais e, ainda assim, diminuição de dois litros de água por vaca em lactação, e de um litro de água por litro de leite.
RAÇA SPECKLE PARK
SIMENTAL TEM NOVO PRESIDENTE
A Associação Brasileira de Criadores das Raças Simental e Simbrasil (ABCRSS) será conduzida a partir de agora por Bernardo Vasconcellos, selecionador de Simental e Simbrasil, em Minas Gerais, e advogado. O novo presidente, biênio 2022 a 2024, diz que assumir a ABCRSS é uma “convocação irrecusável e um motivo de muita honra”. Vasconcellos é empresário atuante na criação de bovinos das raças Simental, Simbrasil há quase 30 anos, tendo iniciado em 1995. Foi Presidente do Núcleo Mineiro dos Criadores das Raças Simental e Simbrasil como também atuante em outras entidades do agro. Nos últimos 22 anos, a ABCRSS era presidida pelo pecuarista Alan Fraga.
O Brasil registrou os primeiros nascimentos de animais da raça Speckle Park. Dois bezerros machos nasceram no dia 25 de março na Fazenda São Luiz, de Renato Junqueira Pimenta, em Santa Fé de Goiás (GO). A raça vem ganhando terreno em diferentes estados como mais uma ferramenta para a produção de carne e, em 2022, terá os primeiros exemplares registrados pela Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC). O bovino Speckle Park é resultado da cruza de raças Shorthorn (28%), Angus (20%), Galloway (15%), Lineback (15%), White Park (15%), Highland (5%) e Jersey (2%) e foi desenvolvido na província de Saskatchewan, no Canadá. Os exemplares têm, em sua maioria, pelagem branca e preta e são extremamente dóceis. O registro da raça foi delegado pelo Ministério da Agricultura à ANC em 2021, ano em que os primeiros embriões e doses de sêmen foram importados.
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PORTEIRA ABERTA ANCP APRESENTA AO MERCADO QUATRO NOVOS ÍNDICES BIOECONÔMICOS
WORKSHOP ILP
Como parte de seus esforços e ações para a constante melhoria e eficiência do sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), a marca CV Nelore Mocho apoiou a realização do III Workshop Projeto FAPESP/ NOW 2022, realizado no próximo dia 25 de março, na FEAGRI/UNICAMP, em Campinas/SP. O evento teve como tema o “Monitoramento de sistemas integrados lavoura-pecuária por meio de sensoriamento remoto e agricultura de precisão para uma produção mais sustentável – rumo à agricultura de baixo carbono”. Foram apresentados os resultados dos estudos realizados em 2021, além de discutir os avanços obtidos, além dos resultados do ECOSMOS, um novo modelo de simulação em nível de ecossistema para soja e pastagens tropicais, que futuramente será aplicado na fazenda Campina, localizada em Caiuá (SP), referência nacional na utilização do sistema de ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta).
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#pecBR | DEZEMBRO 2021
A Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) apresentou quatro novos índices bioeconômicos, desenvolvidos exclusivamente para objetivos de seleção específicos para atenderem aos mais diferentes sistemas de produção. A partir de agora, a pecuária seletiva poderá contar com novos índices que contemplam: sistema de cria (MGTe_CR), sistema de recria e engorda a pasto (MGTe_RE), terminação em confinamento (MGTe_CO) e terminação em confinamento voltado para animais cruzados F1 (MGTe_F1). A novidade não vem para substituir o tradicional MGTe (Mérito Genético Total econômico), mas sim considerar outras opções produtivas. Ela também atende às demandas do mercado, sobretudo dos diferentes sistemas de produção e dos novos cenários da pecuária e da economia brasileira, bem como a disponibilidade de novas características de avaliação, que até então não eram contempladas em índices de seleção brasileiros.
DIA DE CAMPO DA FAZENDA ARAPONGA
Para difundir ainda mais informações sobre qualidade de carne da raça Nelore, a base de carne do Brasil, profissionais do agronegócio participaram do Dia de Campo do Pasto ao Prato, nos dias 4 e 5 de março, idealizado pela Fazenda Araponga e Confraria da Carcaça Nelore. Na ocasião, foram debatidos temas relativos à produção de carne de qualidade, bem-estar animal, manejo e animais geneticamente melhoradores. A Fazenda Araponga, do proprietário Shiro Nishimura, vice-presidente da Associação da Confraria da Carcaça Nelore, é uma das pioneiras na seleção voltada para a produção de carne de qualidade. A confraria é formada por criadores que fomentam a ultrassonografia de carcaça como principal ferramenta de aceleração para a genética de carne de qualidade, além de trabalhar com o intuito de entregar produtos premium ao consumidor, visando aumentar o desempenho e precocidade dos animais no ciclo pecuário.
COOPERAÇÃO BRASIL/PERU
CIRCUITO NELORE DE QUALIDADE NA BOLÍVIA
Realizada em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, a primeira etapa internacional do Circuito Nelore de Qualidade 2022 teve participação de oito pecuaristas, que apresentaram 335 animais para as avaliações de carcaça. Ao todo, 313 machos e 22 fêmeas participaram do abate técnico. O Melhor Lote de Carcaças de Machos Terminados em Confinamento foi apresentado por Mário Ignácio Anglaril Serrate, da propriedade Cabanha El Trébol, de Cabezas. Já as Medalhas de Prata e Bronze foram para o Grupo Mônica e Alejandro Ribera Guardia, respectivamente. Já o Melhor Lote de Carcaças de Machos Terminados em Pastagens com Suplementação ficou com Gilberto Chaves Justiniano, de Cabanha Marisol, de San Julian. O Melhor Lote de Carcaças de Fêmeas Terminadas em Pastagens com Suplementação também foi apresentado por Gilberto Chaves Justiniano, de Cabanha Marisol, de San Julian. A apresentação dos resultados, entrega das medalhas a todos os participantes, e dos troféus aos vencedores desta histórica primeira etapa, ocorreu em evento realizado no dia 22 de fevereiro na sede da Asocebu, no parque de exposições da cidade. As novas etapas em Santa Cruz de La Sierra estão programadas para 6 de junho e 31 de outubro de 2022.
O criador Adalberto Cardoso, titular da Fazenda Brahman Braúnas, esteve na Embaixada do Brasil em Lima, no Peru, em março para entregar carta de intenção de cooperação com o setor pecuário peruano com o fornecimento de tecnologia e material genéticos. Representantes da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) também participaram da assinatura da carta, que ocorreu um dia antes do início do 1º Congresso Internacional “Do pasto à mesa: desenvolvimento pecuário sustentável nos trópicos”, em Tarapoto. O evento foi promovido pela ANCP, Embaixada do Brasil, Fazenda Brahman Braúnas, Vaccinar Nutrição Animal e Geneal Genética e Biotecnologia Animal, com o apoio do Instituto Nacional de Inovação Agrária (INIA) e da Universidade Nacional São Martin, que sediou o evento. Na ocasião, foram apresentados os avanços tecnológicos e as novas tendências para o desenvolvimento pecuário sustentável com o objetivo de fortalecer a cooperação técnica e a troca de experiências no setor pecuário. Também houve visita à sede do INIA e propriedades na região de San Martin, fazendas que trabalham principalmente com as raças Brahman e Brangus e que estão interessadas em melhorar sua produção e a qualidade genética de seus animais.
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87ª EXPOZEBU
A VOLTA DO PÚBLICO AO PARQUE FERNANDO COSTA Marcando a retomada do formato presencial, maior feira da pecuária zebuína no mundo deve movimentar cerca de R$300 milhões.
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repare-se para o reencontro! Vem aí uma nova ExpoZebu, que promete surpreender o público e retomar seu formato presencial em grande estilo. É o que garante o presidente da ABCZ, Rivaldo Machado Borges Júnior, que promete uma edição 3 em 1, após dois de eventos totalmente virtuais. “Essa é a melhor expressão que traduz o que estamos preparando, pois iremos celebrar os três anos dessa gestão em uma grande feira. Até porque, mesmo sem eventos presenciais, na crise nós criamos e crescemos, e nada melhor que uma grande ExpoZebu para essa celebração. Será uma edição histórica, reunindo tudo o que estávamos com saudade, com aquilo que tomamos gosto por fazer. Nosso palco central continuará sendo o Parque Fernando Costa, mas todo zebuzeiro, estando em qualquer parte do mundo, poderá acompanhar”, comemora Rivaldo Machado Borges Júnior, presidente da ABCZ. Rivaldo Júnior destaca ainda que ao longo dos últimos meses um grande grupo de trabalho, envolvendo todos os departamentos da entidade, se reuniu semanalmente para a definição de estratégias e ações para a retomada presencial da feira. Um comitê de enfrentamento a covid-19 também foi montado para o alinhamento junto aos órgãos municipais
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de Saúde em Uberaba (MG), município sede da feira. Regras específicas para os públicos nacional e internacional foram criadas, e estão disponíveis no site oficial e redes sociais da ABCZ. No que se refere a pauta financeira da feira, a expectativa é de que mais de R$300 milhões sejam movimentados. A previsão otimista se dá, principalmente, pelo crescimento no número de eventos comerciais previstos. Entre leilões e shoppings, já são 41 eventos programados, sendo que a quantidade supera a última edição presencial da feira (2019), quando foram realizados 36 eventos, movimentando cerca de R$50 milhões. Além de uma temporada aquecida, a ocupação comercial do Parque Fernando Costa, que já chega a quase 100%, é outro indicativo de uma feira marcada por bons negócios. Como ponto alto da feira, claro, está a também retomada dos julgamentos na pista do Parque Fernando Costa. A tradicional programação vem com novidades, sendo a principal delas referente ao modelo de julgamento que será adotado. Trata-se do retorno do trio de jurados, e não mais jurado único, como nas últimas edições. A mudança, que valerá para todas as raças zebuínas, foi discutida e aprovada por unanimida-
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de pelas associações promocionais. Vale ressaltar que a programação técnica da feira também contempla a 41ª edição do Concurso Leiteiro, que também conta com uma novidade, com a criação do ‘Tipo Funcional Leiteiro’, que contemplará a escolha de uma matriz independente da categoria de idade, que represente a raça nos quesitos: pernas e pés, força leiteira e úbere. O responsável por essa escolha será o mesmo jurado a executar o julgamento do melhor úbere do concurso. E com a proposta de uma grande programação, que vai além do Parque Fernando Costa, uma agenda extensa também movimentará a Fazenda Experimental da ABCZ, incluindo Dias de Campo e ABCZ Equishow, que promete movimentar os apaixonados por equinos. Ainda no que se refere ao local, uma série de inaugurações durante a feira está prevista, ampliando ainda mais as possibilidades dos associados e parceiros. Entre os destaques está um grande e moderno sistema de iluminação para a pista de cavalos,
nos moldes exigidos pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM). O pacote inclui ainda um novo sistema de confinamento com a tecnologia Intergado; nova estrutura de estacionamento para cerca de 150 carros; e, uma completa estrutura para quarentenário de animais, oficialmente reconhecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e que poderá receber animais anualmente. E para que os zebuzeiros espalhados nos quatro cantos do mundo possam acompanhar os destaques da feira, a ABCZ TV estará ao vivo, com uma programação diária de 12h. A ideia é levar aos telespectadores da ABCZ TV a experiência de estar dentro da feira, mesmo fora do parque, além de conteúdos exclusivos e ainda mais dinâmicos no canal. Entre as novidades, grande destaque para os julgamentos, que além da transmissão na íntegra e em tempo real, contarão com comentários de quem realmente entende do assunto. As tradicionais rodas de conversa, incluindo as maiores referências no setor também estão confirmadas, elevando ainda mais os debates da feira.
Shows ExpoZebu
ABCZ TV
O que mais vai rolar: Confira mais alguns pontos de destaque da 87ª ExpoZebu: •Shows nacionais e regionais •Zebu na Brasa •Praça de Alimentação
Fachada ABCZ Mulher
•Mérito ABCZ FOTOS/ANDRÉ SANTOS
•Feira de Gastronomia •13º Encontro Rural Jovem •Inaugurações: Espaço ABCZ Mulher, Memorial do Zebu, Reforma da sede da ABCZ, ABCZ Cozinha, entre outros •Negociações internacionais •37ª Mostra do Museu do Zebu e lançamento da revista Turma do ZEBUzinho
Fazenda Experimental
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P R O G R A M A Ç Ã O
30/04/2022 - sábado 8h30 – início do credenciamento das autoridades para a Abertura Oficial da 87ª ExpoZebu. Local: Palanque Oficial 10h – Solenidade de Abertura Oficial da 87ª ExpoZebu. Local: Palanque oficial 13h - Leilão Guadalupe Edição ExpoZebu 2022 Nelore. Virtual. Transmissão Canal Rural 19h - Leilão Five Points-QM - Quarto de Milha. Local: Centro de Eventos RKC 20h - 27º Leilão Nova Era/VR-JO e Convidados Nelore. Local: Tatersal Rubico de Carvalho
Leiteiro Vanderley de Andrade 14h às 18h - Julgamento Raça Gir Leiteiro e préclassificação Raça Nelore. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 20h – Leilão Noite do Nelore Nacional - Nelore. Local: Chácara Nelore Nacional 20h - 47º Leilão Peso Pesado do Tabapuã - Tabapuã. Local: Tatersal Rubico de Carvalho 20h – Leilão ProgreGIR - GIR. Local: Virtual. Transmissão Terra Viva 22h às 00h00 - Quinta Ordenha Oficial. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade
01/05/2022 - domingo 7h30 às 12h30 - Julgamentos Raças Nelore. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 9h - Leilão Virtual Reprodutores Ipê Ouro - Nelore. Virtual. Transmissão Canal Rural 10h - Abertura Equishow. Local: Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Junior 13h - Leilão Ipê Ouro - Nelore. Local: Tatersal Rubico de Carvalho 13h – Leilão Genética Campeã Fazenda Mutum e Convidados – Gir Leiteiro. Virtual. Transmissão Remate Web Plus 14h às 16h – Primeira Ordenha Oficial. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade 14h às 18h - Julgamentos Raças Gir Leiteiro e Préclassificação da Raça Nelore. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 19h – Mérito ExpoZebu 2022. Local: Centro de Eventos RKC 20h – Leilão Elo de Raça - Nelore. Local: Chácara Mata Velha 20h – Leilão TOP da Raça Pêga & Marchador. Virtual. 22h às 00h – Segunda Ordenha Oficial. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade
03/05/2022 – terça-feira 6h às 8h - Sexta Ordenha Oficial. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade 7h30 às 12h30 - Julgamento Raça Nelore e Tabapuã. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 9 às 11h30 - Reunião FICEBU. Local: sala de reuniões da presidência 11h30 às 12h30 – Lançamento Congresso Mundial de Zebu na Bolívia. Local: Salão Internacional 13h - Leilão Matinha ExpoZebu - Nelore. Local: Rancho da Matinha 14h às 16h - Sétima Ordenha Oficial. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade 14h às 18h - Julgamento Raça Gir (dupla Aptidão), Gir Leiteiro e Tabapuã e Pré-classificação Raça Nelore. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 20h - Leilão Noite dos Campeões - Nelore. Local: Chácara São Geraldo 20h - Leilão Sindi Castilho e OT Convidados - Sindi. Local: Tatersal Rubico de Carvalho 20h - Leilão Tradição Gir Leiteiro. Virtual. Transmissão Canal Terra Viva 22h às 00h00 - Oitava Ordenha Oficial. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade
02/05/2022 – segunda-feira 6h às 8h - Terceira Ordenha Oficial. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade 7h30 às 12h30 - Julgamento Raça Nelore. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 9h às 11h - Lançamento Projeto Zebu na Escola e Revista turma do ZEBUzinho. Local: Centro de Eventos RKC 13h - 33º Leilão Naviraí - Nelore. Local: Chácara Naviraí 14h às 16h - Quarta Ordenha Oficial. Local: Complexo 32
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04/05/2022 – quarta-feira 6h às 8h - Nona Ordenha Oficial. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade 7h30 às 12h30 - Julgamentos Raças Brahman (a campo), Guzerá, Nelore, Sindi e Tabapuã. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 8h às 11h - 13º Encontro Rural Jovem e 1º internacional. Local: Tatersal Rubico de Carvalho 9h às 16h - Dia de Campo ExpoZebu. Local: Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Júnior
05/05/2022 – quinta-feira 7h30 às 12h30 - Julgamentos Raças Brahman (a campo), Guzerá, Nelore, Sindi, Tabapuã. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 10h - Campeonato Modelo Frigorífico. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 13h - Leilão Agronova Nelore Profit – Fêmeas - Nelore. Virtual. Transmissão Canal Rural 14h às 18h - Julgamentos Raças Brahman, Gir (dupla aptidão), Gir Leiteiro, Girolando, Indubrasil, Nelore Mocho e Pré-classificação Raça Nelore. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 17h30 - Reunião técnicos ABCZ. Local: Salão nobre – sede ABCZ 20h – Inauguração dos stands Sindi e Indubrasil. Local: em frente aos stands dentro do Parque Fernando Costa 20h - Leilão Caminho das Índias – Gir Leiteiro. Local: Tatersal Rubico de Carvalho 20h - 3° Leilão VPJ Red Brahman. Virtual. Transmissão Canal do Boi 20h30 - Leilão ExpoZebu Camparino, Nova Trindade e amigos - Nelore. Local: Leilopec 06/05/2022 – sexta-feira 7h30 às 12h30 - Julgamentos Raças Brahman (a campo), Gir Leiteiro, Girolando, Guzerá, Nelore, Nelore Mocho e Sindi. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 8h - Reunião do Conselho Consultivo. Local: salão Nobre sede ABCZ 14h às 18h - Julgamentos Raças Brahman, Gir Leiteiro (encerramento), Girolando, Guzerá, Indubrasil e Nelore Mocho e pré-classificação Raça Nelore. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 17h - Encerramento dos trabalhos de classificação da raça Gir Leiteiro e Premiação do 42º Concurso Leiteiro. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 20h - Leilão Elite Provada - Nelore. Local: Tatersal Rubico de Carvalho 20h - Leilão GIR LEITEIRO Made in Brazil –Gir Leiteiro.
Local: Centro de Eventos RKC 07/05/2022 - sábado 8h às 10h - Encerramento dos trabalhos de classificação das raças Brahman, Gir (dupla aptidão), Guzerá e Indubrasil. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha. 9h - 2º Mega Leilão EAO ExpoZebu - Nelore. Virtual. Transmissão Canal Rural 10h às 12h - Encerramento dos trabalhos de classificação das raças: Nelore, Nelore Mocho, Sindi e Tabapuã. Confraternização e entrega dos prêmios aos Grandes Campeões e Grandes Campeãs. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 12h - Confraternização e entrega dos prêmios aos Grandes Campeões e Grandes Campeãs e Premiação dos melhores apresentadores e pavilhões. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 12h - Encerramento Oficial da 87ª EXPOZEBU (2022). Local: Palanque oficial 14h - Leilão GIROLANDO Made in Brazil - Girolando. Local: Tatersal Rubico de Carvalho 20h - Leilão Fazenda Geny - Nelore. Local: Tatersal Rubico de Carvalho 20h30 – Encerramento Equishow
Obs.: essa agenda poderá sofrer alterações sem prévio aviso. Consulte em nosso site as regras referente ao COVID 19.
10h30 às 12h - Matriz Modelo - Prêmio Orestes Prata Tibery Jr. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 13h - Leilão Terra Brava, Genética Aditiva e Convidados Especiais - Nelore. Local: Centro de Eventos RKC 14h às 16h - Décima Ordenha Oficial. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade 14h às 18h - Julgamentos Raças Brahman, Gir (dupla aptidão), Gir Leiteiro e Sindi e Pré-classificação Raça Nelore. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha 14h - Leilão Guzerá Genética de Campeões - Guzerá. Local: Tatersal Rubico de Carvalho 17h às 17h30 - Encerramento do Concurso Leiteiro e divulgação dos resultados. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade 20h30 - Leilão Mafra - Edição ExpoZebu - Nelore. Local: Chácara Nelore Mafra 20h30 - Leilão Melhor que a Encomenda - Fazendas do BASA – Gir Leiteiro. Virtual. Transmissão Terra Viva
08/05/2022 – domingo 9h – 2º Mega Leilão EAO ExpoZebu - Nelore. Virtual. Transmissão Canal Rural 09/05/2022 – segunda-feira 6h – Início da saída dos animais SHOPPINGS DE ANIMAIS: De 30/04 a 08/05 8h às 18h - Shopping Agropecuária Diamantino & Vitória Nelore. Local: Agropecuária Diamantino Estância Buriti II – BR 050 – Km 158 sentido Uberlândia 8h às 18h - Shopping Zebuembryo. Local: Fazenda Sant´Anna – BR 050 – Km 199 8h às 20h - Shopping Via Start Gir e Girolando. Local: Fazenda Estância Guaiba – Estrada Municipal Uberaba/Água Comprida – Km 6 8h às 20h – 1º Shopping Selecionadores Nelore. Virtual com transmissão pelo Canal do Campo 8h às 20h – Shopping de Embriões de Gir Leiteiro. Virtual com transmissão pelo Canal do Campo 8h às 22h - Shopping O Futuro do Gir Leiteiro. Local: Sede BrasVene e MS Santa Fé – Rodovia BR 050, Km 151 10h às 17h - Shopping RAÇAS Leilões. Local: Pavilhões 13 e 14 no Parque Fernando Costa (ABCZ) De 30/04 a 04/05 9h às 17h – Shopping Aliança Nelore Pintado. Local: Rodovia MG 190 s/nº - KM 37 – Zona Rural DE 02 A 06 DE MAIO 8h às 16h30 - 6º Shopping Gir Leiteiro EPAMIG. Local: Campo Experimental Getúlio Vargas – EPAMIG DE 02 A 08 DE MAIO 8h às 19h - Shopping Ipê Ouro. Local: Fazenda Ipê Ouro – BR 050 – Km 147 DEZEMBRO 2021 | #pecBR
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ENTREVISTA
OLAVO FRANCO BOTTINO
O AVANÇO DOS CONFINAMENTOS ARQUIVO PESSOAL
A
s propriedades dedicadas à pecuária de corte intensiva estão cada vez mais profissionais e com investimentos crescentes em técnicas modernas, como confinamento e semiconfinamento. É o que garante o médico-veterinário, Olavo Franco Bottino, coordenador técnico da expedição Confina Brasil, organizada pela Scot Consultoria. Ele vem rodando o Brasil nos últimos anos para avaliar como os confinadores têm feito a gestão do negócio, dos indicadores zootécnicos, da nutrição, do uso de tecnologia e equipamentos. Para Bottino, nos próximos anos o número de confinamentos será muito maior, o que exige de quem quer atuar nesse segmento ou já atua um bom planejamento e uma gestão eficiente. Em entrevista à Pecuária Brasil, ele fala do cenário para 2022, dos avanços alcançados e desafios.
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Pecuária Brasil- O confinamento continuará sendo um bom investimento em 2022, em que pese todos os últimos acontecimentos, como alta dos insumos, seca no Sul, conflitos internacionais? E que balanço faz dos confinamentos em 2021? Olavo Bottino- Tudo vai depender da gestão. Nas visitas que realizamos de norte a sul do Brasil, vimos que cada confinamento tem um desempenho diferente, com alguns apresentando rentabilidade e outros não. A forma como é feito ou utilizado dentro do negócio é que determinará se o investimento é bom. Percebemos que os confinadores têm se profissionalizado muito no Brasil, e nos últimos ano isso ficou muito evidente. Antes, era uma alternativa apenas para aproveitamento de preço de boi magro e de grãos em baixa. Hoje, existem vários confinamentos extremamente profissionais, inclusive com alguns fazendo prestação de serviço, que são chamados de boiteis, mas na verdade atuam como parceiros dos pecuaristas na engorda do gado. São confinamentos que trabalham com acompanhamento diário de mercado financeiro, fazem hedge, travamento na bolsa, seja na B3 ou nos Estados Unidos, parcerias com os pecuaristas, travamento do grão para garantir um preço fixo na produção da arroba. O planejamento bem executado é que faz a diferença em um confinamento com rentabilidade garantida. Porém, é preciso deixar claro que nem tudo é bom
para todo mundo. Não podemos generalizar. Para saber se o confinamento é um bom negócio, o produtor precisa primeiro definir o que é melhor para seu próprio negócio. Ele tem de conhecer os pontos fortes e os fracos da sua propriedade, ter objetivos bem claros, e só assim decidir se investir em confinamento será realmente bom para ele. Pecuária Brasil- Isso vai exigir uma mudança de percepção sobre a pecuária enquanto negócio? Olavo Bottino- Com certeza. Como no confinamento o animal tem hora para sair, ou seja, precisa estar preparado para
o abate no período certo, se o produtor não tiver um bom planejamento, ele perderá esse tempo de abate e ainda a oportunidade de fazer dinheiro. A verdade é que nem sempre a pecuária foi vista como uma atividade produtora de carne. Por volta das décadas de 80 e 90, ela era focada mais na quantidade de cabeças, encarando o boi como uma reserva de capital. Mas isso vem mudando. A pecuária de 2022 é vista como uma atividade altamente profissional na produção de carne, basta ver os números do segmento e seu desempenho no mercado externo, liderando as
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ENTREVISTA exportações. E como tal, precisa atender várias regras internacionais para alcançar mais mercados. Foi o caso da China, que importa somente carne de animais jovens. E o confinamento, apesar de não ser o único meio, é uma grande ferramenta para atingir esses objetivos e que está vindo para agregar na nossa pecuária de corte. Pecuária Brasil- O Brasil é um país que confina pouco se comparado a seus concorrentes internacionais. Essa realidade tende a mudar nos próximos anos e por quê? Olavo Bottino- Atualmente, no país, 20% do gado é confinado, o oposto dos Estados Unidos. Nos próximos 10 anos, os confinamentos tendem a aumentar bastante no Brasil por questões de mercado. Hoje, enquanto commodity, a carne brasileira é exportada para inúmeros países, mas à medida que passarmos a exportar para mercados mais exigentes, como ocorreu
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com a China, mais precisaremos dos confinamentos. E até mesmo para atender o mercado interno, pois a demanda por carne premium vem crescendo bastante. E o Nelore já provou que vai muito bem em confinamento, em muitos casos, com desempenho superior ao de raças taurinas, pois temos linhagens excelentes. Vale destacar ainda a questão ambiental, já que o bovino tem sido acusado de provocar o efeito estufa. No confinamento, por conta do ciclo reduzido e da dieta, há uma menor emissão de metano. Pecuária Brasil- Os resultados zootécnicos apresentados pelas propriedades visitadas mostram que têm melhorado a cada edição do Confina Brasil? Olavo Bottino- Tem havido uma eficiência maior e os números do ganho médio diário (GMD) comprovam isso. Em média, o GMD das fazendas analisadas em 2021 ficou em torno de 1,450 kg, bem acima da média nacional a pasto, que é de 0,5 kg. Por outro lado, uma das coisas que precisa melhorar nos confinamentos brasileiros é
em relação a forma como o milho é ofertado no cocho. O grão ainda é muito desperdiçado por falta de gestão eficiente dessa fonte de carboidrato. Ele precisaria estar mais úmido, mais quebrado, mais esmagado, misturado com outros ingredientes e em proporções corretas, ou seja, precisa planejar melhor essa parte. Por exemplo, se o produtor ofertar o grão reidratado já vai melhorar bastante o aproveitamento pelo bovino. Pecuária Brasil- Quais as previsões para o confinamento em 2022? Olavo Bottino- Quando o assunto é mercado pecuário, fazer qualquer previsão é difícil, pois existem vários fatores que influenciam. É esperado um crescimento, pois há muito mercado para atender. Basta ver o tanto que os três maiores frigoríficos do país vêm investindo em confinamento nos últimos anos. Agora, como o preço do bezerro começa a cair, o que consequentemente leva a maior abate de matrizes e a uma redução do preço do boi gordo, é esperado que confinamentos pequenos, sem planejamento ou sem capacidade de troca saiam do mercado, ficando aqueles mais
profissionais. Nessa hora é que fomos nos anos anteriores. Desurge oportunidade para quem vemos começar as visitas a partir quer jogar sério. de maio e elas devem ir até setembro. A expectativa é ampliar Pecuária Brasil- Qual a ex- o número de locais visitados. O pectativa para o Confina Bra- que temos notado nas últimas sil 2022? edições é que os confinamentos Olavo Bottino- Estamos inician- estão evoluindo. A preocupado os planejamentos das rotas, ção com bem-estar animal vem mas vamos visitar áreas que não crescendo, assim como a parte
de sustentabilidade do negócio, adotando práticas para melhor aproveitamento de dejetos, mais treinamento para as equipes, pois mão de obra qualificada tem sido um problema. Além disso, a idade de abate dos animais vem caindo.
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CALENDÁRIO EXPOVALE JACAREÍ
EXPOAGRO DOURADOS BAHIA FARM SHOW 31 de maio a 4 de junho Luís Eduardo Magalhães (BA) bahiafarmshow.com.br
ETAPA NÚCLEO MANGALARGA DE AMPARO
13 a 22 de maio Dourado (MS) sindicatoruraldedourados.com.br/ expoagro
EXPOAGRO
EXPOMARA
21 a 24 de abril Jacareí (SP) cavalomangalarga.com.br
22 a 24 de abril Amparo (SP) cavalomangalarga.com.br
AGRISHOW
25 de abril a 29 de abril Ribeirão Preto (SP) agrishow.com.br
AVESUI
26 a 28 de abril Medianeira (PR) avesui@gessulli.com.br
CONGRESSO DE ZOOTECNIA 26 a 28 de abril Medianeira (PR) zootecniaprecisao.com.br
EXPOSOL
28 de abril a 1 de maio Soledade (RS) exposol.com.br
EXPOINGÁ
5 a 15 de maio Maringá (PR) expoinga.com.br/2022
23 a 28 de maio Franca (SP)
EXPO NEL
15 a 19 de junho Avaré (SP) neloreavare.com.br
EXPO CURVELO 11 a 15 de maio Curvelo (MG) expocurvelo.com.br
AGROTECNOLEITE COMPLEM
23 a 28 de maio Morrinhos (GO) agrotecnoleitecomplem.com.br
RONDÔNIA RURAL SHOW 23 a 28 de maio Ji-Paraná (RO) rondoniaruralshow.ro.gov.br
CAMPO GRANDE EXPO Campo Grande (MS) 20 a 30 de abril acrissul.com.br
4 a 12 de junho Maracaju (MS) sind.mju@terra.com.br
EXPO RIO VERDE 7 a 17 de julho Rio Verde (GO) exporioverde.com.br
SUPERLEITE
19 a 22 de julho Pompéu (MG) superleitepompeu.com.br
GRAND EXPO BAURU 5 a 15 de agosto Bauru (SP) facebook.com/EXPOBAURU
19º EXPOSIÇÃO NACIONAL DA RAÇA SINDI 29 a 03 setembro 2022 Goiânia (GO) sindi.org.br
MEGALEITE
15 a 18 de junho Belo Horizonte (MG) sup.tecnico@girolando.com.br
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FOTOS/GUSTAVO MIGUEL (34) 99175-0006
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FOTOS/ZZN PERES E DOUGLAS NASCENTE
AGROPECUÁRIA V2 FLAMBOYANT LOURIVAL LOUZA
GRANDE CAMPEÃ – EXPOINEL MINAS 2022
EXUBERANCE FIV DA LOUZ – LOUZ 8049 LEONOR DA LOUZ x ROLEX FIV DA ZOLLER (CARTUCHO MBA) FILHA DA CONSAGRADA MATRIZ LEONOR DA LOUZ MEDALHA DE OURO ATRAVÉS DO RANKING NACIONAL E REGIONAL GOIANO NELORE MOCHO ACBN 2018/2019 – 2019/2020. 42
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82 anos de seleção UMA HISTÓRIA DE PIONEIRISMO, TRABALHO E DEDICAÇÃO MEDALHA DE OURO MELHOR CRIADOR E MELHOR EXPOSITOR DO RANKING NACIONAL - ACNB 2018/2019 – 2019/2020 MEDALHA DE OURO MELHOR CRIADOR E MELHOR EXPOSITOR DO RANKING REGIONAL GOIANO - ACNB 2018/2019 – 2019/2020 MEDALHA DE BRONZE MELHOR MATRIZ: LEONOR DA LOUZ - LOUZ 6354 MEDALHA DE PRATA MELHOR FÊMEA JOVEM: FIORELLA FIV DA LOUZ - LOUZ 7630 MEDALHA DE PRATA MELHOR MACHO ADULTO: HENRY FIV DA LOUZ - LOUZ 7324 MEDALHA DE BRONZE MACHO ADULTO: OLIVER FIV DA LOUZ - LOUZ 7321
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EXPOINEL MINAS
A Expoinel Minas, ocorrida entre os dias 15 e 19 de fevereiro, abriu o calendário de eventos em 2022 no Parque Fernando Costa, em Uberaba/MG. Além do Nelore e Nelore Mocho, o evento contou com exposições das raças Guzerá e Sindi. Os julgamentos contaram com cerca de 450 animais. A Expoinel Minas foi promovida pela Associação Mineira dos Criadores de Nelore, com o apoio da ACNB.
SHOW RURAL COOPAVEL
Realizada de 7 a 11 de fevereiro, o Show Rural Coopavel comercializou R$ 3,2 bilhões, o maior da história, superando o resultado de fevereiro de 2020, quando as vendas atingiram a cifra de R$ 2,7 bilhões O público esperado para os cinco dias era de 120 mil a 150 mil pessoas, mas fechou com 285.212 e o número de expositores, projetado em 400, chegou a 585. Já a parte de pecuária do Show Rural contou com 30 expositores e 420 animais de 15 raças. As raças participantes foram Charolês, Braford, Hereford, Caracu, Brangus, Angus, Holandês, Jersey, Simental, Pardo-Suíço, Nelore, Brahman, Tabapuã, Purunã e Canchin.
ZEBU CARNE DE QUALIDADE
A ABCZ realizou a pesagem final da primeira etapa da edição 2021/2022 do programa Zebu: Carne de Qualidade. Representantes das associações promocionais acompanharam a pesagem, ocorrida no dia 15 de março, na Fazenda Experimental, em Uberaba/MG, dos 106 exemplares das raças Brahman, Guzerá, Sindi e Tabapuã. O pesquisador da Epamig, Leonado Oliveira, que acompanha diretamente a nutrição e a evolução dos animais, destacou que os animais fecharam esta pesagem com um ganho próximo a 750 gramas durante todo o período das águas. A segunda fase do programa já iniciou e conta com prova de ganho de peso em confinamento e eficiência alimentar. Depois, os animais seguirão para abate técnico.
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LEILÃO SENEPOL
O “17º Leilão Virtual Senepol da Conquista”, ocorrido no dia 19 de março pelo selecionador Fábio Luis de Mello, comercializou somente fêmeas faturando R$ 906.870. No total, foram vendidas 43 novilhas PO prenhes, negociadas à média geral de R$ 21.090. O destaque do evento foi a aquisição de nove lotes de genética aprimorada à média de R$ 25.000 por um criador de Roraima.
MUDANÇA NO MAPA
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento agora está sob o comando do ex-deputado federal Marcos Montes Cordeiro, que desde o início do governo Bolsonaro atuava como secretário-executivo do órgão. Ele tomou posse no dia 31 de março, em cerimônia realizada em Brasília/ DF, com a presença do presidente Jair Bolsonaro e diversas outras autoridades. Marcos Montes tem 72 anos e é natural de Sacramento. Entre 2007 e 2019 foi deputado federal por Minas Gerais em 3 mandatos. Em 1997 foi eleito como prefeito de Uberaba e reeleito em 2001, exercendo a função até agosto de 2004. De 1993 a 1996 exerceu o cargo de secretário municipal de Turismo e Esportes. No Governo de Minas Gerais foi secretário de Desenvolvimento Social e Esportes entre agosto de 2004 a março de 2006.
CASA BRANCA AGROPASTORIL As propriedades Casa Branca Agropastoril, Fazenda São Marco e Angus CMF faturaram R$ 1.450.000,00 com a comercialização de 79 matrizes e reprodutores das raças Angus, Ultrablack, Brangus e Simental. O leilão virtual, que ocorreu no dia 19 de março, garantiu média geral de 19,6 mil para os machos e de R$ 17,2 mil para as fêmeas. Do total faturado, R$ 652 mil foi com a venda de animais da raça Angus e R$ 355.000,00 com a negociação de exemplares Ultrablack. O lote mais valorizado do pregão foi o touro Angus PWM CAPOL 3042 POWER SURGE, de apenas 21 meses de idade. Ele teve cota de 60% vendida por R$ 75.600,00 para Brahman Teen e Agropecuária Leopoldino, de São Carlos (SP). O reprodutor já foi contratado para coleta de sêmen. Criadores de nove estados arremataram animais.
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27ª AGRISHOW
De 25 e 29 de abril, em Ribeirão Preto/SP, acontece presencialmente a 27ª Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação. Com a participação de mais de 800 marcas do Brasil e do exterior, a feira reunirá a cadeia de produção do agro nacional para apresentar as principais novidades tecnológicas do setor, a fim de atender todas as demandas do produtor rural e, ao mesmo tempo, ampliar a competitividade do segmento. Com 520 mil m2 de área, a Agrishow 2022 espera receber mais de 150 mil visitantes do Brasil e do exterior. As expectativas de negócios são positivas para esta edição. Em 2019, o volume chegou a R$ 2,9 bilhões.
47º LEILÃO 102
ANOS
DE
SELEÇÃO
LEILÃO VIRTUAL
MACHOS E FÊMEAS POI
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VÁRIAS NOVIDADES
A organização da Agrishow 2022 está preparando muitas novidades, como o Agrishow Labs, uma jornada de conteúdo estratégico, focado no ecossistema de inovação agrícola para conectar, difundir ideias, apoiar e acelerar o desenvolvimento de soluções que ajudem o agro a crescer de forma sustentável. Durante a realização do evento, haverá um espaço dedicado ao projeto e também acontecerá o Prêmio Agrishow de Startups, com o objetivo de premiar três startups que apresentem as melhores soluções para o agronegócio. Já o Pavilhão de Inovação representa uma oportunidade para outras dez startups se relacionarem com os produtores rurais. Outro espaço interessante será o Agrishow Pra Elas, ponto de encontro das mulheres na feira.
AGRICULTURA DE PRECISÃO
FEMEC MOVIMENTA MAIS DE R$1 BI A feira do Agronegócio Mineiro, FEMEC 2022, gerou mais de R$1 bilhão em negócios entre os dias 22 e 25 de março, no parque CAMARU, em Uberlândia/MG. A feira contou com 215 expositores, recebeu 70 mil visitas e atendeu a cerca de 2500 pessoas em palestras realizadas nos quatro dias de evento. No Espaço da Pecuária muitos criadores e empresas envolvidas na atividade se reuniram para a troca de informações e negociações. Durante a FEMEC mais de 550 animais estiveram no parque, onde participaram de torneios e exposições ranqueadas das raças Gir Leiteiro e Nelore, mostra e comercialização da raça Senepol e exposição da raça Mangalarga Marchador. 48
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A programação do ConBAP – Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão, que vai ocorrer de 09 a 11 de agosto de 2022, na Expo D. Pedro, em Campinas (SP), já está disponível no site do evento (www.asbraap.org/conbap/). As palestras e plenárias serão apresentadas por pesquisadores e profissionais das principais instituições brasileiras de agricultura de precisão e digital como Esalq/USP, Unicamp, Embrapa, UFSM, Unesp e Abag, entre outras, além de representantes internacionais do INRAE (França), Universidade de Illinois (EUA), Norwegian University of Life Sciences (Noruega) e Vayda (EUA).
RAÇA
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SELEÇÃO . GENÉTICA . CRIAÇÃO . LEILÕES
Sindi MERCADO EM EXPANSÃO BRAHMAN E NELORE RUMO AO CAMBOJA
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RAÇA
Mercado em expansão para o Sindi Demanda por animais e sêmen cresce em todo o país. Para os criadores, esse crescimento é impulsionado pelos resultados apresentados em provas zootécnicas, abates e no próprio campo Os primeiros meses do ano mostraram que a recria e engorda continuam vivendo um bom momento. Dados do Cepea, divulgados em março, apontam que o pecuarista paulista precisou de 8,09 arrobas para a compra de um bezerro em Mato Grosso do Sul. Este é o momento mais favorável desde março de 2020, quando a relação de troca esteve em 8,9 arrobas. Esse cenário beneficia não só a pecuária comercial, mas também os selecionadores de animais puros das raças zebuínas, que já não têm qualquer receio de se posicionarem no mercado como opções eficientes para os cruzamentos industriais. É o caso do Sindi, que vem em um ritmo firme de crescimento nos últimos anos, tanto em relação à venda de animais quanto de sêmen. Seja para cruzamento com outras raças zebuínas, com rebanhos taurinos ou com fêmeas F1 (o chamado tricross), o zebuíno de pelagem vermelha avança pelo Brasil. Para o criador Adir do Carmo Leonel, que seleciona a raça há mais de 15 anos, o Sindi vem crescendo por conta da rentabilidade que proporciona à pecuária tanto de corte quanto de leite. “A pecuária brasileira precisa de um animal que dá resultado e que seja capaz de apresentar
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alto desempenho no pasto e o Sindi confere tudo isso aos projetos pecuários. São bovinos ideais para a produção da nossa carne ‘verde’, que é exportada para mais de 100 países. E vemos um desempenho muito bom também nos rebanhos leiteiros”, afirma Adir. A adaptabilidade é o grande diferencial da raça na opinião da médica-veterinária e criadora Helena Curi, do Sindi Porangaba. “Ele tem uma conversão alimentar bem maior, adaptando-se e produzindo mais seja em ambientes com fartura de comida, com boas pastagens, em confinamento ou em regiões mais secas. Nas avaliações de eficiência alimentar, diversos exemplares têm apresentado CAR negativo, mas por outro lado, têm bom ganho de peso. Esse é o tipo de animal que a pecuária sustentável está em busca. Os
Adir do Carmo Leonel, pecuarista e jurado da CJRZ
criadores de Sindi sempre devem manter essa essência da adaptabilidade do animal”, assegura Helena. Um bom termômetro da raça tem sido os leilões. Dois eventos realizados este ano apresentaram faturamento superior ao de 2021. É o caso do “4º Leilão Sindi da Porangaba”, promovido pela Fazenda Porangaba, em Jardinópolis/SP. O evento presencial marcou a inauguração do novo tatersal da propriedade de Felipe Curi, que desenvolve o trabalho de seleção e melhoramento genético a pasto desde 2004. A média geral do pregão ficou em R$ 46.410, alta de 43,5% em relação ao ano de 2021. As 37 fêmeas PO foram comercializadas à média de R$ 56.878 e as oito prenhezes/aspirações atingiram R$ 41.812 de média. Foram ofertados reprodutores, doadoras provadas, novilhas e prenhezes de matrizes de ponta do plantel, com avaliação genética pelo PMGZ. Os exemplares foram arrematados por 28 investidores dos estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e São Paulo. “O Sindi está indo muito bem no Brasil, pois tem apresentado avanço em várias características, seja em ganho de peso, desmama, eficiência alimentar, acabamento de carcaça, produção de leite, ou seja, está crescendo em tudo. E a tendência é crescer mais ainda nos próximos anos, e sem perder essa essência de rusticidade”, garante Helena Curi. Outro leilão que apresentou boas médias foi o “2º Leilão de Olho Nas Estrelas – Etapa Sindi”, realizado em 14 de março. O faturamento ficou em R$ 1,9 milhão, valor que representou um crescimento de 64%
em relação ao evento anterior. Em valores médios, as prenhezes e as fêmeas elite saíram por R$ 44.666 e R$ 44.125, respectivamente. Os machos apontaram média de R$ 24.900 e as fêmeas de produção R$ 15.000. Também foram negociadas 85 bezerras de corte Sindinel por R$ 2.958,82/cabeça. O pregão reuniu 26 investidores dos estados da Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo. “Não só o leilão já emplacou como um grande evento da raça, mas também o Sindi vem ganhando seu espaço na pecuária brasileira com a entrada de novos criadores porque é um zebu econômico, que que dá lucro para o pecuarista. O leilão teve muitos compradores novos, que estão aderindo à raça pelas suas qualidades. Dentro desse cenário, a seleção de grandes criadores vem fazendo com que a raça evolua bastante”, destaca Ângelo Tibery, do Sindi OT, um dos criadores que ofertou animais no “2º Leilão de Olho Nas Estrelas – Etapa Sindi”. As outras marcas que ofertaram lotes foram: Fazenda Camparino, Sindi Castilho, Sindi da Porangaba, Sindi J. França, Sindi Cerrado, Sindi Vó Lola, Sindi 3 Barras, Agropecuária Baguassu, Sindi da Gaby, além das criações de Fábio Luiz de Azevedo, Pedro Tutomu Hattori e Jorge Luiz Caixeta da Cunha. Para Ângelo Tibery, a raça destaca-se pela versatilidade, rusticidade, duplo propósito e pelos resultados apresentados em cruzamentos, que passaram a ser bem difundidos entre os produtores. “No caso dos cruzamentos para leite, o Sindi confere maior lon-
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RAÇA gevidade, rusticidade, precocidade e tem mostrado bons resultados com o Jersey, por exemplo. Vendemos novilhas meio-sangue que produzem em torno de 25 litros de leite/dia. Já com as raças europeias de corte, como o Angus, o cruzamento também vai muito bem. São animais que rendem muito no gancho. Além de tudo, é uma raça fácil de criar”, destaca Tibery. A venda de sêmen também vem crescendo. Segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Sindi, a raça Sindi fechou 2021 com mais de 50 touros em coleta ou com material genético disponível nos catálogos das centrais. Além desses reprodutores provados, um grande volume de animais entra anualmente na indústria, na categoria PS (Prestação de Serviço), para a produção destinada ao uso dos proprietários em seus rebanhos ou venda direta de criador para criador. O criador Adaldio José de Castilho Filho credita esse bom momento também ao maior volume de informações técnicas sobre a raça disponíveis na atualidade. A partir de maio, ele iniciará a avaliação de consumo alimentar de 25 filhos do touro Guerreiro da Estiva. Os animais serão acompanhados ao longo de 100 dias, com pesagens regulares. Encerrado, esse período, haverá um abate técnico para mensurar rendimento de carcaça, qualidade de carne, marmoreio, e rendimento na desossa. Os resultados serão apresentados na Semana do Sindi, que o criador realizará no final de setembro. O projeto será desenvolvido em parceria com a Apta de Colina. “Queremos comprovar que os dois lados vão ganhar com o Sindi, tanto o pecuarista quanto o frigorífico, pois são animais de ossatura
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mais leve, mais carne e precoce em acumular gordura”, explica Adaldio Castilho Filho, que foi pioneiro na realização de abates técnicos no Sindi, que já chegam a 12. Segundo ele, o que sustenta uma raça é a pecuária de produção. Como também é confinador, Adaldio conhece bem os desafios de quem trabalha com o sistema de engorda. “Ter um boi que come menos e ganha mais, com maior rendimento, é o futuro da pecuária. Por isso, nunca paro de fazer pesquisa, pois precisamos ofertar ao mercado uma genética diferenciada”, assegura o titular da Sindi Castilho. O aumento da procura pela genética Sindi tem sido verificado até mesmo em regiões pouco tradicionais em relação aos zebuínos, como no Rio Grande do Sul. Como a região enfrenta certos períodos de seca, e com altas temperaturas, como o que vem ocorrendo este ano, a genética Sindi imprime a rusticidade necessária para o gado desenvolver bem nesse tipo de clima. A pelagem vermelha é outro fator importante no enfrentamento ao sol, assim como a boa conversão alimentar já que boa parte das áreas de pastagem no Sul é formada por campo nativo, de menor valor nutritivo. “A fertilidade das fêmeas Sindi também é importante, bem como a facilidade de parto, o que reduz os casos de mortes de bezerro ao nascimento e, consequentemente, melhora a rentabilidade do negócio”, informa Adaldio. Para os selecionadores da raça, esse é só o começo de um crescimento sustentável. “Nós, do Sindi OT, cada ano ficamos mais entusiasmado com a raça e felizes por esse crescimento. Isso é mérito do Sindi, que tem muitas virtudes e agora está sendo reconhecido pelo mercado”, finaliza Ângelo Tibery
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UM DOS GRANDES DESTAQUES DA EXPOZEBU
TANTRA FIV OT O T P S 2 2 8 XILON DA ESTIVA X ETICA FIV OT (QUERENTE DA ESTIVA)
iABCZ 19.05 DECA 1 F 4.88
PARIDA E PRENHA
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UM DOS GRANDES DESTAQUES DA EXPOZEBU, JÁ INSCRITO NAS PISTAS E UM FORTE CONCORRENTE!
ELABORADO FIV OT B U L S 1 1 6 GUERREIRO AJCF X TEORIA FIV DA ESTIVA (SUSPIRO-E)
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RAÇA
Brahman e Nelore rumo ao Camboja
Animais vivos e material genético das duas raças serão exportados para o país asiático RUBENS FERREIRA
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nimais da raça Brahman selecionados por criatórios do Brasil serão exportados em breve para o Camboja, país do sudeste asiático. Foram adquiridos 22 touros de central e doadoras pela empresa i7 Ranch, com sede na capital Phnom Penh e que atua na criação e comercialização de Brahman e Nelore para várias regiões da Ásia. Será a primeira importação de Brahman brasileiro pelo criatório que, até então, tinha como base de seu plantel o Brahman americano e australiano. A maior parte dos exemplares foi adquirida
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durante o 7º Leilão Primavera Casa Branca, ocorrido em setembro de 2021, sendo 15 fêmeas e machos da Casa Branca Agropastoril, localizada em Silvianópolis/MG, e um touro do Brahman Catedral, em Natércia/MG. Ainda estão sendo coletadas 30 mil doses de sêmen de cinco touros Brahman, para exportação para o Camboja. “Serão exportados animais consagrados no Brasil e de criatórios tradicionais, sendo que muitos exemplares foram premiados em exposições. Teremos a oportunidade de mostrar a qualidade do gado brasileiro e como nossa genética pode contribuir para o avanço da pecuária cambojana”, destaca Antônio Carlos Pinheiro Machado Júnior, diretor da Pinheiro Machado Livestock, empresa responsável pelas negociações entre os criatórios brasileiros e a i7 Ranch. Os exemplares já estão em pré-quarentenário na fazenda experimental da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), em Uberaba/MG, onde permanecerão até o período de quarentenário exigido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, que antecederá o embarque,
previsto para o segundo semestre de 2022. O presidente da Associação dos Criadores de Brahman (ACBB), Paulo Sérgio Scatolin, destaca que a abertura do comércio com o Camboja comprova o crescimento da demanda pelo Brahman brasileiro. “Os criadores brasileiros têm se empenhado em selecionar animais precoces, dóceis, rústicos, de excelente carcaça, mas conservando o padrão racial, o que tem atraído compradores de diversos países”, assegura Scatolin. Para os criatórios participantes desta exportação, a genética Brahman contribuirá para a sustentabilidade da pecuária do Camboja, já que permite a produção de animais precoces, rústi-
cos e de bom acabamento de carcaça. “Acredito que o Brahman brasileiro tem muito a contribuir para o Camboja, pois eles adquiriram o que há de melhor aqui, pinçaram ótimos animais com potencial genético como nossa campeã nacional MCNS CATEDRAL 20”, destaca o criador Matã Nacácio, do Brahman Catedral. Segundo o criador Paulo Marques, proprietário da Casa Branca Agropastoril, entre os animais de seu criatório selecionados para a exportação está a Reservada Grande Campeã da ExpoBrahman 2021, CABR Theodora 3047/3. “A Casa Branca Agropastoril conquistou por duas vezes o campeonato World Champion Brahman. Já exportamos animais vivos para o Paraguai, mas para o Camboja é a primeira vez”, acredita. Nelore Também serão exportados cerca de 50 animais vivos e sêmen da raça Nelore, oriundos de criatórios como Sabiá, Valônia, Canaã, HRO, Machadinho, Santa Irene, HVP, Ipê Ouro.
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RAÇA
Super precoces
no gancho
Abate técnico realizado em 2022 com animais jovens de cruzamento com Guzerá mostrou grande potencial para produção de carne de qualidade
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carne premium vem ganhando cada vez mais espaço no prato dos brasileiros. A demanda pelo produto cresce entre 20% e 30% por ano e, para ser suprida, o país tem recorrido à importação de outros países, como Argentina, Uruguai e Austrália. “É um nicho de mercado importante que o pecuarista brasileiro pode atender, pois temos tecnologia para isso, além de genética de excelente qualidade”, explica o médico-veterinário e Doutor em Ciências, Marcelo Coutinho, que é pesquisador e diretor da Brazil Beef Quality (BBQ). A empresa auxilia as marcas de carnes a garantir e padronizar a qualida-
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de da carne com o uso da ciência e tecnologia. Coutinho foi responsável pelo abate técnico realizado em fevereiro com animais oriundos de cruzamento com Guzerá da Fazenda Santa Virgínia (Cia Mate Larangeira), localizada em Ponta Porã/MS. Foram abatidos 40 exemplares, entre machos inteiros e fêmeas, com idades entre 14 e 17 meses. Em 2019, o criatório iniciou um projeto piloto onde constatou que era possível abater bois e novilhas com até um ano menos que a média nacional, atendendo as especificações do mercado de peso e cobertura de gordura. Para a Cia Mate Larangeira, o abate de 2022 comprovou isso, com a raça Guzerá alcançando bom desempenho em diversos cruzamentos, tanto com Nelore quanto com raças taurinas. Para atender os objetivos do projeto, o criatório intensificou a produção por meio da ILP (Integração Lavoura Pecuária), adotando pastagens com alto valor nutricional, aliadas à uma seleção genética de décadas para produção de animais precoces e pesados. Este é o terceiro ano que intensificam a criação e ampliaram o projeto de cria, recria e engorda de animais super precoces. As novilhas e machos inteiros abatidos foram manejados a pasto logo após a desmama, ocorrida entre os meses de março e junho de
2021. Eles foram recriados em pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu, seguindo, no período de outono/inverno (maio a agosto), para as áreas de integração com lavoura, cobertas com Brachiaria ruziziensis. Os bovinos ainda receberam suplementação com uma ração específica para recria, a fim de maximizar o desenvolvimento. Ao final do ciclo, os animais foram mantidos em confinamento, com fornecimento de silagem de milho com concentrado (resíduos de armazém de grãos, milho, aveia e núcleo específico para a terminação). Como a região de Ponta Porã sofreu este ano com geada e seca, houve influência no peso de entrada dos animais e a propriedade optou por aumentar a permanência do confinamento para 143 dias. Os machos Guzerá/Nelore entraram com peso de 317,5 kg, chegando a 539,5 kg na pesagem final, ganho de peso diário de 1,350 kg. Os Guzerá/Cruza Angus entraram com peso de 281,3 kg, chegando a 546 kg na pesagem final, ganho de peso diário de 1,568 kg. Já os Guzerá/Cruza Bosmara entraram com peso de 317 kg, chegando a 582 kg na pesagem final, ganho de peso diário de 1,609 kg. As fêmeas Guzerá/Cruza Angus entraram com peso de 243 kg, chegando a 472 kg na pesagem final, ganho de peso diário de 1,547 kg. E as fêmeas Guzerá/Cruza Bosmara entraram com peso de
245 kg, chegando a 468,2 kg na pesagem final, ganho de peso diário de 1,508 kg. Mesmo assim o ganho final ficou acima da safra anterior. Nos fechamentos preliminares, eles entraram, em média, 6% mais leves, permaneceram 27 dias a mais, contudo obtiveram um ganho de 3% de GPD. O incremento no peso final ficou em 5% em relação à safra anterior. Os animais ainda foram pesados frequentemente pela balança de fluxo instalada no confinamento. Os cochos de água e comida foram instalados em lados opostos para que todas as vezes que os bovinos andassem pelo local fossem pesados. Esse acompanhamento foi feito pela empresa @Tech, empresa que fornece software de inteligência para avaliar o ponto ideal para abate dos animais e acompanhamento de peso. No último fechamento do ano safra 2020/2021, a fazenda obteve um incremento de 27% no desfrute. Um incremento importante na produção de @/ha/ano, produzindo a mesma quantidade de arroba da safra anterior (2019/2020), em uma área 47% menor que do ano anterior, mantendo no local o mesmo número de cabeças.
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RAÇA Resultados do abate O diretor da BBQ, Marcelo Coutinho, destaca que a precocidade e a musculosidade dos animais abatidos chamaram atenção. “Conseguir um bom acabamento, gordura e marmoreio em bovinos extremamente jovens é um desafio, pois a gordura é um tecido que se deposita mais tardiamente na carcaça. E, apesar disso, a avaliação apontou que essas carcaças tinham espessura de gordura e acabamento adequados, classificados entre mediano e uniforme, conforme a indústria deseja”, explica Coutinho. Todos os animais abatidos tinham zero dentes definitivos, com ossificação (indicativo de maturidade fisiológica) baixa, comprovando serem extremamente jovens. Também foi verificado pH baixo na carne, inclusive dos machos não castrados, que em geral costumam ter alto pH em decorrência de uma série de fatores, dentre eles a susceptibilidade ao estresse pré-abate. O pH alto influencia na aparência da carne (cor mais escura), no tempo de vida útil na prateleira, na maciez e pode conferir um sabor desagradável. No caso dos animais abatidos, a cor da carne foi clara, vermelha brilhante, e a gordura apresentou um amarelo mais claro, indo ao encontro da preferência do consumidor. As carcaças apontaram alto rendimento de desossa estimado, com AOL médio de 80
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cm nos machos inteiros e de 64 cm nas fêmeas, valores considerados bons para animais super precoces. O índice médio de rendimento de carcaça ficou em 55,2% e o acabamento em 3,1, nos machos. Entre as fêmeas, 52,1% de média de rendimento de carcaça e 3,9 de acabamento Apesar do grau de sangue Guzerá nos animais abatidos ter sido variável, entre 25% e 100%, o resultado revelou que todos tiveram bom desempenho e boa padronização. Segundo o diretor da BBQ, a qualidade de carcaça está ligada à genética e ao ambiente. “A genética zebuína, com animais bem manejados, tem mostrado uma opção eficiente na produção de carne de qualidade”, destaca. Degustação da carne A BBQ fez uma degustação da carne para avaliar a aceitação dos consumidores em relação a esse tipo de produto. Como a proposta era analisar o produto mais próximo do natural, o tempo de maturação foi de cinco dias, menor do que o praticado pelo mercado de carnes, que varia de 14 a 20 dias de maturação. O resultado sensorial apontou que os consumidores aprovaram a carne. “Isso mostra que os cuidados com a seleção genética e manejo adotados pela Fazenda Santa Virgínia para produzir animais super precoces foram acertados”, finaliza Marcelo Coutinho. A degustação ocorreu durante o evento Coplacampo, em Piracicaba/SP, no mês de fevereiro.
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CARNE PRODUÇÃO . MERCADO . ARROBA
Desempenho
SOMBREAMENTO TRAZ BENEFÍCIOS PARA SEU REBANHO EXPORTAÇÃO IMPORTÂNCIA DA EVOLUÇÃO DO STATUS SANITÁRIO
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CARNE
Mais sombra, melhor desempenho Experimento aponta que animais com acesso à sombra consumiram diariamente, em média, três litros de água a menos que o gado que estava a pleno sol.
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ombra e água fresca. Até no mundo animal essa dupla traz benefícios. Um experimento, realizado em São Carlos (SP), na Embrapa Pecuária Sudeste, avaliou o impacto do efeito do sombreamento artificial sobre as características fisiológicas, comportamentais e de desempenho de animais Nelore. Os animais que tiveram acesso à sombra consumiram diariamente, em média, três litros de água a menos que o gado que estava a pleno sol. Outro dado importante da pesquisa foi a produtividade hídrica – 10,37% maior para os nelores que estavam nos ambientes com sombra. O especialista em manejo hídrico e pesquisador da Embrapa Julio Palhares, e a zootecnista Taisla Novelli, doutoranda da Universidade de São Paulo (USP), analisaram os impactos da cobertura artificial em confinamento para o gado Nelore, considerado uma raça rústica, ou seja, que tolera altas temperaturas. O pesquisador conta que o sombreamento promovido pela integração com árvores já é conhecido e utilizado por boa parte dos pecuaristas. O que tende a se tornar cada vez mais comum é a técnica de sombra artificial em confinamento. Nos experimentos, a estrutura utilizada foi uma tela com 80% de bloqueio da luz solar. Mas são vários os tipos de coberturas que podem ser usadas pelos produtores, de acordo com suas condições e necessidades. Para Palhares, deve ser estimulada a implementação de tecnologias que ajudam a reduzir o impacto das mudanças climáticas e dar mais conforto aos animais e, ainda, melhorar a produtividade hídrica. Segundo ele, a sombra artificial influenciou no consumo de água e manteve o desempenho animal. Produtividade hídrica A ingestão hídrica média individual dos bo-
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CARNE vinos, avaliada durante 76 dias, foi superior para os animais confinados a pleno sol em relação àqueles com acesso a sombra. O consumo médio diário dos nelores que estavam no sol foi de 40,63 litros de água por animal, enquanto o daqueles que estavam na sombra foi de 37,31 litros. De acordo com Novelli, essa diferença diária de 3,32 litros é significativa e imposta pelas condições a que os bovinos estavam expostos. “No ano de 2019, o Brasil abateu pouco mais de seis milhões de animais provenientes de sistemas confinados, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) de 2020. O que seria igual uma economia de mais de 1,5 bilhão de litros de água ou 1,5 milhão de metros cúbicos de água se todos os animais abatidos tivessem acesso ao tipo de sombra artificial utilizada durante o confinamento. Em outro cálculo feito pela zootecnista, considerando o uso médio per capita rural de 100 litros por habitante ao dia (dados da Agência Nacional de Águas de 2019), a economia supriria o consumo anual de 42 mil habitantes que vivem no campo. “Dessa forma, sabemos que há um grande volume sendo consumido pela pecuária que poderia estar disponível para outras finalidades. Por outro lado, a escassez de informação sobre o número de animais em confinamento que possuem acesso às condições de sombra, e a falta de medição do consumo de água desses animais, impossibilita quantificar precisamente o volume que já estaria sendo economizado”, destaca Taisla Novelli.
Julio Palhares
Outro resultado importante foi a produtividade hídrica, 10,37% maior para os animais à sombra. A produtividade hídrica é a relação de quilogramas de peso de carcaça, por litros de água. “O objetivo é produzir o mesmo quilo de carne com menos litros de água”, afirma o pesquisador da Embrapa. Para ele, isso é ambientalmente significativo e dá ao pecuarista e à cadeia produtiva informações sobre o desempenho hídrico do produto carne. “O modo como os pecuaristas usam a água, direta ou indiretamente, afeta a disponibilidade hídrica para toda sociedade”, conta Palhares. Assim, o fornecimento de sombra pode auxiliar na conservação das fontes de água, além de apresentar benefícios produtivos, ambientais e econômicos. “Os animais são criados com bem-estar, o sistema de produção consome menos água, o consumidor ganha por ter um produto disponível com valores ambientais e de bem-estar animal”, explica o cientista. Dados da pesquisa O experimento foi realizado na Fazenda Canchim, sede da Embrapa Pecuária Sudeste. Participaram do estudo 48 bovinos machos não castrados da raça Nelore,
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com 24 meses de idade e peso médio de 448 quilos. Os animais foram divididos em dois grupos. Um deles teve acesso à sombra artificial e outro, não. O confinamento durou 96 dias. Nos primeiros 11 dias houve a adaptação à alimentação e à ingestão hídrica. Nos 76 dias posteriores, foram feitas as avaliações diárias do consumo individual de água e matéria seca dos grupos experimentais. Após esse período, os grupos foram divididos em três etapas de abate. À medida que os animais deixavam o confinamento, os consumos de água e alimento daqueles que permaneciam continuaram sendo quantificados até o período máximo de 85 dias. Essa continuidade atendeu à exigência de metodologias utilizadas no trabalho que consideram o ciclo de vida todo do animal dentro da atividade de produção. O consumo de água no abate não foi considerado no estudo. A dieta experimental de alto grão foi formulada com ingredientes utilizados em confinamento comerciais, entre eles farelo de soja, milho em grão moído, bagaço de cana in natura e suplementos minerais e vitamínicos. Foram usados aditivos alimentares e os níveis nutricionais ajustados buscando atender às exigências de manutenção e ganho dos animais de 1,5 Kg ao dia.
Aplicação nas propriedades Ricardo Sechis é pecuarista da cidade de Nhandeara, interior de São Paulo, e está na atividade há mais de 30 anos. Sechis é um dos poucos produtores brasileiros que utiliza a sombra artificial em confinamento. Ele trabalha com as raças Angus e Wagyu. O confinamento na linha coberta, feito em estrutura metálica, tem 295 animais. O pecuarista utiliza sombra desde 2012 e conta que a primeira opção pela cobertura foi devido à necessidade de sombreamento por questões de conforto térmico, porque as raças com que ele trabalha são mais sensíveis a altas temperaturas. Segundo a médica-veterinária da propriedade, Gabriela Sartori, os animais que ficam no sombreamento têm selo de sustentabilidade, selo rainforest e carne certificada. Ela conta que o desempenho animal e a lucratividade trazidos pela sombra nunca foram mensurados pela empresa, mas o bem-estar é perceptível. “Percebemos que, ao longo do dia, os animais buscam a sombra nos picos do calor. Nesses horários, eles sempre estão deitados, ruminando. Notamos que, quando é oferecida a sombra, os animais se encontram em uma condição mais confortável do que os que não têm essa disponibilidade”, ressalta Sartori.
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EXCELÊNCIA
DA
GENÉTICA
DO
NELORE
FOTOS: PATRICK VITORIANO
A
WWW.NAPEMO.COM.BR | INTAGRAM: @AGROPECUARIA_NAPEMO | UBERABA/MG E PERDIZES/MG 72
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Fundador do grupo Click
revela paixão pelo agro e quer impulsionar segmento Quem disse que agronegócio e tecnologia não se completam? Visionário, empresário de Telecom, Ney Pereira, enaltece a ABCZ, revela investir no agro e quer ser parceiro facilitador de agropecuaristas de Uberaba e região Agronegócio e tecnologia juntos e alguém que sabe fazer acontecer. Este novo e irreversível cenário desperta o interesse de empresários que enxergam o segmento do agro, carro-chefe da região do Triângulo Mineiro, a partir de uma visão disruptiva. Exemplo fiel disso é o caso do empresário Ney Pereira. Fundador da Click Telecom, Ney se volta cada vez mais a uma de suas paixões: os negócios no mundo do Nelore, sempre com a mentalidade “tech”, claro. Visionário, ele sempre acreditou na expansão da região do Triângulo e Alto Paranaíba como propósito para sua atuação, incentivando acesso e inclusão digital. Agora, Ney canaliza sua energia e investimentos também na criação da raça em uma de suas fazendas, a Napemo, que fica nas proximidades de Uberaba. Do tech para o agro Embora voltado à tecnologia, a relação com o agronegócio sempre esteve presente em sua vida, até mesmo por ter nascido em uma região cuja economia é dependente do agronegócio. Mas foi quando mudou com sua família para Uberaba, em 2015, na época para se dedicar ao projeto de expansão da Click que Ney se aproximou ainda mais do meio agropecuário com prospecção de negócios. “Vim para terras uberabenses para dar sequência ao projeto por meio da criação de um polo regional com o propósito de conectar cidades do Triângulo
Mineiro e interior paulista, partindo da nossa querida Uberaba, que respira agronegócio e é referência nacional e internacional”, afirmou Ney Pereira. A paixão pelo agro, no entanto, não se resumiu a propiciar conexão, acesso e movimentar a economia local com os serviços inovadores da Click. Ney também passou a atuar diretamente no segmento, como uma forma de valorizar a cultura uberabense. Segundo ele, as possibilidades de solução e a capacidade de a tecnologia acelerar e impulsionar o segmento são incalculáveis. Por isso, o empresário aposta cada vez mais em uma atuação conectada à Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), entidade que organiza anualmente a ExpoZebu, que este ano retoma com edição presencial. “O que queremos é agregar, trocar experiências e ser o mais útil possível para um setor tão importante para Uberaba, para Minas e para o Brasil”. Ainda conforme o empresário, o foco do “novo agro” local deve ser voltado à sustentável relação de benefícios da tecnologia na agricultura e tudo de produtivo que pode vir dela. “Nós acreditamos no segmento e na sua transformação. Apostamos no que sabemos que vale a pena, em todos os sentidos. Estamos aqui para oferecer solução, gerar crescimento e negócios. A tecnologia veio para contribuir e ajudar criando ferramentas e caminhos para propiciar isso ao agro”, completou.
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CARNE
Importância da evolução do status sanitário para exportações
C
onfesso que quando ouvi falar em “mundo globalizado”, ainda adolescente, eu não fazia ideia do que esse termo verdadeiramente viria a significar. E hoje, em pouco mais de duas décadas, nos encontramos frente a impactos quase que imediatos de ocorrências do outro lado do mundo. O tempo de reação é instantâneo e são mediatas pela velocidade da informação, que voa à velocidade da luz, mas sob o risco dos filtros daqueles que as conduzem. E que fazer para obter informações mais seguras? Ter acesso a veículos e profissionais confiáveis para não virar massa de manobra. Pois bem, mas o que isso tem a ver com saúde e produção animal? Tudo! A população mundial
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está crescendo e espera-se que até 2050 sejamos 10 bilhões de pessoa no planeta em que os grandes celeiros agrícolas estão no seu limite de produção e enfrentam questões ambientais, climáticas, modismos e obstáculos ideológicos que obstaculizam a produção de alimentos em todo o mundo. Esses modismos na alimentação, assim como novas regras na maneira de criar, transportar e abater os animais, interferem a todo momento na produção de alimentos, mas devem ser considerados para a nossa adaptação e evolução no setor. Lembremos que, com a população mundial em constante crescimento, a demanda por alimentos é cada dia maior e a produção de alimentos deve seguir crescendo para que a teoria Malthusiana (Thomas Robert Malthus) sobre a falta de recur-
sos naturais devido ao grande crescimento populacional não se concretize. Nada contra o clérigo britânico do Séc. XVII, mas se deixarmos que suas previsões se concretizem, o mundo passará fome. De fato, só os absortos em ideologias furadas que não percebem que sem tecnologia e o trabalho árduo do homem do campo isso acontecerá em poucas safras. Mas a questão é bem mais complexa que simplesmente produzir alimentos. Quase não há mais área disponível para isso. Austrália tem relevo, vocação agrícola e tecnologia, mas o clima hostil não o torna seguro como fornecedor de alimentos. África tem terras férteis, clima favorável e acesso à tecnologia, mas os conflitos étnicos repelem investidores. Os Estados Unidos têm tecnologia e vocação agrícola que os fizeram dominar o clima hostil, mas não têm mais terras a serem exploradas e todo o crescimento depende da verticalização da produção, que é eficiente, mas tem limite. A Ucrânia, celeiro agrícola da Europa está destruída e não sabemos quantos anos serão necessários para que retorne à produção plena. A quem restou a responsabilidade de não deixar o mundo passar fome? Ao Brasil, um país com vocação agrícola, terras abundantes e férteis, clima favorável, tecnologia acessível, mas que precisa continuar evoluindo na questão de segurança agrária, certificados sanitários e acordos bilaterais para verdadeiramente se consolidar como principal fornecedor mundial de alimentos. E, se há mercados famin-
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CARNE tos, precisamos aproveitar a oportunidade para fincarmos os dois pés dentro deles, cumprindo protocolos de cooperação bilateral de comércio, regras ambientais e principalmente: regras sanitárias! Os protocolos sanitários e o status sanitário dos países exportadores são limitantes e até impeditivos para muitas nações desejosas em acessar esses grandes mercados. E nesse ponto o Brasil tem feito a lição de casa e se destacado em um esforço conjunto entre iniciativa privada e órgãos governamentais no qual destaco o papel do MAPA (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) que vem cumprindo protocolos, rompendo barreiras e habilitando plantas frigoríficas, estados e grandes regiões do país para exportação para os principais mercados do mundo. Se para o Brasil isso é bom, para o mundo isso é necessário, pois o Brasil é um dos únicos países com capacidade de produzir proteínas de origem animal e grãos para suprir essa demanda. A cooperação internacional será fundamental para ambos os lados; o do produtor e o das bocas famintas. Para celebrar essa evolução, recentemente, o Brasil obteve autorização para exportar carne suína e de aves para o Canadá, um país com regras rígidas, mas que começa abrir suas portas para nossa proteína de origem animal. Lembremos que o Brasil é livre de febre aftosa e caminha para livre da febre aftosa sem vacinação em muitos estados. O país também é livre da peste suína africana, peste suína clássica, influenza, doença de Newcastle e muitos outros importantes riscos sanitários. Além disso, o Brasil vem verticalizando sua produtividade, utilizando dia a dia menos área para produzir mais alimentos; é destaque em ILPF (Integração Lavoura Pecuária e Floresta) e tem uma bovinocultura baseada a pasto, que permitirão, muito em breve, selos de neutralidade de carbono. Em resumo, poucas vezes na história tivemos um ambiente tão favorá-
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Marcus Rezende • Site: marcusrezende.com Instagram: marcus.rezend
vel ao agronegócio brasileiro. E o que fazer para não perdermos o cavalo encilhado que nos é apresentado? Nosso governo deve continuar evoluindo nos acordos bilaterais e, da nossa parte, continuarmos com o rigor de sempre na vacinação, notificações e cuidados sanitários que fazem da nossa bovinocultura, suinocultura e avicultura as melhores do mundo. Mas, se superamos barreiras, estejamos atentos, pois outras poderão ser levantadas. Evoluir sempre, essa é a missão!
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Tradição e qualidade C O M P R O V A D A PA R A P I S TA E C A M P O
EVEREST FIV ANGICO UNFF1352
BALCÃO JAPARANDUBA X SEDOSA TE ANGICO (SISO DE FC) GRANDE CAMPEÃO NACIONAL DA EXPOINEL/2016 RESERVADO GRANDE CAMPEÃO NACIONAL DA EXPOZEBU/2016
MORFEU FIV ANGICO UNFF1397
ARTILHEIRO FVC X AGRA FIV ANGICO (CARTUCHO MBA) CAMPEÃO BEZERRO JOVEM NACIONAL DA EXPOINEL/2020
MAGAIVER FIV ANGICO UNFF1409
D1484 X AGRA FIV ANGICO (CARTUCHO MBA)
IPANEMA FIV ANGICO UNFF1219
SAMARITANO DO JHV X AGRA FIV ANGICO (CARTUCHO MBA) CAMPEÃ NOVILHA MAIOR DA EXPOZEBU/2019 GRANDE CAMPEÃ NACIONAL DA EXPOINEL/2020
UDELSON NUNES FRANCO CONTATO: (34) 3412-1488 • FAZENDAANGICO@UOL.COM.BR • 78
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@FAZENDA_ANGICO
FAZENDA ANGICO
GENÉTICA QUE LEVA EFICIÊNCIA PARA O CAMPO A família Nunes Franco soube unir tradição e inovação para consolidar sua seleção da raça Nelore no mercado nacional. A Fazenda Angico, sediada em Campina Verde/MG, é comandada pelo tradicional selecionador Udelson Nunes Franco que sempre contou com o apoio incondicional de sua esposa Dra. Edma. Já são 69 anos de atuação na pecuária, sempre adotando as mais modernas tecnologias para a seleção de um Nelore altamente produtivo, de beleza racial e funcional. No rebanho utiliza somente IATF e FIV. Com o reforço do neto, o médico-veterinário, Danilo Franco, seu Udelson continua denindo os acasalamentos do plantel. A Fazenda Angico decidiu seguir novos rumos. Depois de conquistar inúmeras premiações nas exposições, logo na primeira safra, em 1971, consagrou seu primeiro Grande Campeão: Alnete, e desde então não parou de produzir Grandes Matrizes e Raçadores. Seu Udelson decidiu que é hora de focar na genética de resultado no campo e o criatório se despede das pistas durante a ExpoZebu/2022 em grande estilo, mas o selecionador continua apaixonado pelas exposições e torcendo pelo sucesso do Nelore. Para isso, a família Nunes Franco não abre mão de continuar investindo em novas tecnologias, medindo e avaliando seu rebanho para que possa continuar produzindo uma genética altamente eciente.A Fazenda Angico também atua na pecuária de corte comercial, ou seja, prova e comprova a eciência da própria genética que produz. Além disso, atua na pecuária leiteira. São mais de 30 anos registrando Girolando, produzindo diariamente uma media de 2 mil litros de leite.
AGRA FIV ANGICO UNFF728
CARTUCHO MBA X SANTISTA TE ANGICO (SISO FC) BICAMPEÃ MELHOR MATRIZ DO RANKING; MELHOR PROGÊNIE DE MÃE; MELHOR PROGÊNIE JOVEM DE MÃE DA EXPOINEL NACIONAL/ 2020.
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LEITE
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NUTRIÇÃO . PRODUÇÃO . ORDENHA
Gir Leiteiro
QUAL O TAMANHO IDEAL DA VACA PANICUM PESQUISA TESTA CAPIM PARA PECUÁRIA LEITEIRA DEZEMBRO 2021 | #pecBR
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Pesquisa testa Panicum para pecuária leiteira O custo da novilha Gir Leiteiro produzida em pastagem também será estudado
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A produção de leite e o comportamento ingestivo de bovinos da raça Gir Leiteiro manejados em pastagem de capins Panicum será avaliada por pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). As cultivares desse gênero são consideradas as plantas forrageiras mais importantes para a atividade em regiões de clima
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tropical e subtropical para sistemas intensificados. O nome pode não parecer familiar, mas os capins do gênero Panicum são conhecidos como Colonião, Tanzânia, Mombaça, Aruana, Massai, entre outros. No Brasil, o interesse por essas cultivares para formação de pastagens tem crescido nos últimos anos, devido ao potencial de produção de matéria seca por unidade de área e à qualidade nutricional das forrageiras.
com melhores respostas aos fertilizantes. Por isso optamos pelos capins Panicum”, explica o pesquisador. Leonardo Fernandes
Segundo o pesquisador da Epamig, Leonardo Fernandes, as cultivares de capins Panicum são, de fato, mais produtivas e nutritivas. Contudo, ele destaca que elas são mais exigentes com relação à fertilidade do solo e à reposição de nutrientes, em comparação com capins do gênero Brachiaria, responsáveis por boa parte das pastagens brasileiras. “Uma série de trabalhos já publicados comprova que o ganho de peso e a produção de leite de animais sob pastos de capins Panicum são maiores em função da melhor qualidade deles. Como vamos realizar experimentos em áreas intensificadas, com correções e adubações de solo para manter taxas de lotação mais altas, vamos precisar de capins de maior produtividade,
Vacas em lactação Parte da pesquisa da Epamig será dedicada à análise da produção e da composição química da forragem e do desempenho de vacas Gir Leiteiro em período de lactação manejadas em pastagens de capins das cultivares Tanzânia, BRS Zuri e BRS Quênia. Os trabalhos já começaram no Campo Experimental da Epamig de Uberaba, no Triângulo Mineiro, e terão duração de três anos consecutivos, com término previsto para dezembro de 2023. A troca do lote de bovinos ocorre a cada ano. Nessa parte da pesquisa serão utilizadas 27 vacas em início de lactação, com peso, número de lactações e produção semelhantes. Os animais serão ordenhados
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mecanicamente duas vezes ao dia. O pesquisador explica que o capim Tanzânia será utilizado como referência para o Zuri e o Quênia. Juntas, as três cultivares também serão avaliadas com relação à produção, qualidade da matéria seca disponível, altura, densidade, crescimento, acúmulo de forragem e resíduos pós-pastejo. Bezerras A outra etapa do estudo, também em Uberaba, vai analisar a produção, a composição química e o desempenho de bezerras da raça Gir Leiteiro manejadas em pastagens de Panicum da cultivar BRS Tamani, com e sem suplementação concentrada. O objetivo é determinar o custo da novilha produzida nas diferentes situações de manejo. Para esses experimentos, serão utilizadas 36 bezerras com um ano de idade e peso inicial de 180 quilos. As avaliações serão obtidas por ganho de peso diário, ganho de peso por área, comportamento ingestivo e pelo custo de produção da arroba. Leonardo Fernandes conta que a cultivar BRS Tamani possui alta qualidade, muitas folhas, pouco caule e porte mais baixo, melhor para pastejo de fêmeas em recria. Além disso, o capim é altamente nutritivo, com boa capacidade de produção, o que tende a gerar bom ganho de peso e a reduzir a utilização de alimentos
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concentrados que encarecem os custos de produção dos animais. “A pesquisa com as bezerras Gir Leiteiro é inovadora porque ninguém trabalhou ainda com a BRS Tamani em recria de fêmeas. Nós buscamos recrias mais curtas e, consequentemente, com custos menores”, conclui. Assim como o trabalho com vacas em lactação, os experimentos com bezerras estão previstos para terminar em dezembro de 2023. Os projetos são desenvolvidos em parceria e com financiamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto), do Centro Internacional de Inovação e Transferência de Tecnologia Agropecuária (Ciitta) e da Fertigram. Gerenciamento de Custos na Atividade Leiteira A maioria dos pecuaristas não registra os dados de despesas e receitas de suas atividades leiteiras e, portanto, não realiza apuração dos custos de produção.
Para ajudar a solucionar esse problema, a Epamig desenvolveu o aplicativo de Gerenciamento de Custos na Atividade Leiteira (GERCAL). Segundo o pesquisador da Epamig, Djalma Pelegrini, a falta de controle dos custos na atividade leiteira impacta os negócios de maneira negativa. Para ele, o produtor, após prejuízos constantes, pode até ser levado a desistir da atividade. “Quando não registramos as despesas, corremos o risco de realizar gastos além do necessário, o que impacta diretamente nas contas. Além disso, quando não controlamos os custos, perdemos a oportunidade de fazer o planejamento econômico-financeiro da propriedade e de realizar compras no momento adequado”, destaca Djalma Pelegrini, que participou do processo de idealização do sistema. O GERCAL é um aplicativo para celular que estima os custos de produção de leite e auxilia os produtores na contabilidade gerencial das propriedades dedicadas à produção de leite. O aplicativo é gratuito e está disponível para download para smartphones (Android). Após baixar o aplicativo, o produtor precisa inserir as informações da propriedade, dados das instalações e dos equipamentos utilizados. Logo após, o produtor precisa inserir as receitas totais e as despesas, tais como gastos com concentrados, combustíveis, alugueis de pasto e mão de obra. Com a inclusão desses dados, é possível obter relatórios sobre o custo operacional efetivo, custo médio do litro do leite produzido, margem bruta e margem líquida da atividade leiteira.
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ESCRITÓRIO CENTRAL
AV. DOS VINHEDOS, 200 | SALA 04 GÁVEA OFFICE | MORADA DA COLINA UBERLÂNDIA MG | CEP 38411-159 (34) 3216-1287 | WWW.XAPETUBA.COM.BR @XAPETUBAAGROPECUARIA
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Xapetuba
AGROPECUÁRIA
COM ATUAÇÃO INTEGRADA NA SUINOCULTURA, PECUÁRIA DE LEITE E GENÉTICA BOVINA, A PROPRIEDADE É REFERÊNCIA DE BOA GESTÃO E EFICIÊNCIA PRODUTIVA NO PAÍS
Há mais de três décadas, o pecuarista José Antônio da Silveira conduz a Xapetuba Agropecuária, localizada a 30 km de Uberlândia/MG, e traz em seu DNA o amor pela terra, pela inovação, pela produtividade. Com um trabalho em conjunto com a família, ele tornou a Xapetuba uma referência no agronegócio ao integrar culturas e sustentabilidade. Na propriedade são desenvolvidas de maneira integrada as atividades de suinocultura, pecuária de leite, melhoramento genético das raças Girolando e Gir Leiteiro. Na agricultura são autossucientes na produção de todo volumoso fornecido ao rebanho. As mais de três décadas de trabalho e dedicação frente à Xapetuba Agropecuária o fez receber o reconhecimento do setor. José Antônio da Silveira será homenageado com o “Mérito ABCZ”, maior honraria concedida pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu a pecuaristas que vêm contribuindo para o avanço da pecuária zebuína. A homenagem será durante a ExpoZebu/2022. Engenheiro civil, José Antônio da Silveira atuou por vários anos na usina hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, e por lá viu a família crescer. Dos quatro lhos, três deles: o Gustavo, o Thiago e a Bárbara, nasceram na região. Já a caçula Gabriela nasceu em Brasília. Na época, já tinha como meta atuar no agronegócio e, para isso, junto com a esposa Magda, começaram a poupar parte de seus salários. A persistência deu resultado e eles puderam comprar uma área pequena de terra, que era arrendada para vizinhos plantarem soja e milho. Posteriormente, a convite do fundador da granja Rezende, o senhor Alfredo Rezende, montou a primeira granja para produção de leitões. O negócio prosperou e, com a ampliação da propriedade, o passo seguinte foi investir na atividade leiteira. “O leite veio como uma alternativa para aproveitarmos a pastagem e os dejetos gerados pelos suínos”, lembra Silveira. Com a boa rentabilidade gerada pela pecuária leiteira, foi possível ampliar o negócio. Uma pista de alimentação foi transformada em compost barn,
sistema de instalação que visa reduzir custos de implantação e manutenção, melhorar índices produtivos e sanitários dos rebanhos e possibilitar o uso correto de dejetos orgânicos provenientes da atividade leiteira. Outros dois galpões de compost barn foram erguidos e um quarto já está em execução. Cada um tem capacidade para 400 animais. Ainda estão sendo nalizadas as instalações de uma ordenhadeira carrossel que terá capacidade para 50 animais. Segundo o fundador da Xapetuba Agropecuária, a atividade leiteira exige uma gestão eciente e mão de obra qualicada e comprometida. “Nada adianta fazer um alto investimento sem conseguir o envolvimento de toda a equipe, que precisa estar engajada, preocupada com os resultados. O fator humano é o grande diferencial aliado à coragem de estar sempre inovando, procurando novas tecnologias e investindo também no sistema de gestão. Esse é o grande segredo.”, diz o pecuarista. Diante dos desaos da pecuária e das oscilações nos custos, a Xapetuba conta com um sistema de gestão eciente. Todas as decisões são tomadas com base em dados e dentro de um planejamento e de um orçamento anual, sempre denidos com antecedência. “Em um país de moeda super volátil, é preciso ter gestão orçamentária e um acompanhamento rigoroso, pois assim conseguimos controlar melhor os custos. Adotamos uma estratégia de compra de alimentos antecipada, denida com base nas necessidades reais do rebanho, possibilitando uma compra precisa. Travar preço de insumo é uma necessidade porque a gente tem que ter segurança no negócio já que o preço do leite varia muito ao longo do ano”, explica. Com todos esses investimentos, a Xapetuba Agropecuária segue como referência no setor, sempre em busca de novos avanços. “Eu acredito que a Xapetuba venha no futuro a ser uma fazenda que vai produzir mais de 60.000 litros de leite”, naliza o pecuarista José Antônio da Silveira.
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Fazenda modelo da FAZU ganha vitrine tecnológica do leite Parceria entre a Associação de Girolando e a Fazu prevê realização de pesquisas, capacitação técnica, ampliação e melhoramento do rebanho 5/8 e PS da instituição de ensino
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ma vitrine tecnológica da raça Girolando está sendo erguida em Uberaba/MG, na fazenda modelo das Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu), para possibilitar aos produtores rurais mais acesso às inovações da pecuária leiteira. A iniciativa é resultado da cooperação técnica intensificada em 2022, entre a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando e a instituição de ensino. “Esta parceria tem como objetivo estabelecer um relacionamento contínuo entre a Fazu e a Associação, para levar diversos benefícios aos criadores, estudantes e técnicos. Será um ‘laboratório a céu aberto’ em uma das
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instituições de ensino mais tradicionais do país. A Fazu vem formando profissionais em várias áreas, principalmente no agronegócio, que estão atuando não só no Brasil, mas também em outros países da América Latina”, destaca o presidente da Girolando, Odilon de Rezende Barbosa Filho. A proposta é ter na vitrine da Fazu somente animais Puro Sintético e de composição racial 5/8. Para ampliação do rebanho, a Associação doou 20 doses de sêmen de touros participantes do Teste de Progênie. Esse material genético será utilizado para inseminar as fêmeas do plantel da Fazu, hoje composto por 17 vacas em lactação que produzem 200 litros de leite/dia. “Todos os acasalamentos serão orientados por um técnico
Odilon de Rezende Barbosa Filho, presidente da Girolando
da Associação, focando a produção de animais dentro do padrão da raça e com bom desempenho zootécnico”, informa o superintendente Técnico da Girolando, Leandro Paiva. No final do ano passado, a equipe da Associação esteve na fazenda modelo da Fazu para avaliar os animais com o objetivo de selecionar aqueles dentro do padrão racial para recebimento do registro genealógico. Novas avaliações estão programadas para este primeiro semestre do ano. De acordo com a coordenadora de Projetos da Fazu, Lívia Magalhães, a parceria ainda prevê o desenvolvimento de pesquisas com a raça, capacitação da equipe técnica da Associação e um programa de estágio contínuo para atuação dos estudantes nas rotinas técnicas da Associação. “Encontros técnicos sobre temas relacionados à pecuária leiteira também serão realizados. Com o trabalho conjunto das duas entidades esperamos aperfeiçoar a vitrine tecnológica a fim de que os produtores rurais venham a conhecer como a raça pode ser utilizada dentro de um sistema de produção a pasto, o que permite uma produção de leite sustentável e com rentabilidade”, destaca a coordenadora de Projetos da Fazu
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GBF Global prepara oferta de genética premium Serão ofertados 130 animais Girolando, entre vacas leiteiras, novilhas paridas, prenhas, bezerras e tourinhos
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eferência internacional na seleção da raça Girolando, a GBF Global prepara sua volta aos remates. A mesma qualidade genética que atende os projetos de leite da empresa estará à disposição de produtores de todo o Brasil durante o Leilão GBF Global Premium, agendado para o dia 14 maio. Serão ofertados 130 animais da raça Girolando, entre vacas em lactação, novilhas paridas, prenhes, bezerras e tourinhos. Entre os diferenciais da seleção da GBF Global estão seus índices dentro do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG). Apresenta, dentro de sua categoria, as melhores médias de eficiência produtiva, com a maior média de Produção de Leite em 305 dias, maior média de produção vitalícia e por dia de vida; menor média de idade ao primeiro parto no Ranking Nacional – Modalidade Rebanho, além de maior média de teor de Proteína. Todas essas características têm grande impacto econômico na pecuária leiteira, uma atividade que agrega
grande valor ao ativo principal de produção, que é a terra, entregando excelente rentabilidade líquida por hectare/ ano. “Nosso negócio sempre foi produzir leite e venda de genética foi a consequência. O trabalho de seleção da raça Girolando é o resultado de um melhoramento que visa a produção de leite e nunca foi o contrário”, assegura o engenheiro agrônomo Jônadan Ma, diretor do Grupo Araunah, do qual a GBF Global faz parte, e atual presidente da Comissão Técnica Pecuária de Leite da FAEMG. Nos últimos sete anos, o grupo vem colocando em prática um projeto de expansão que tem permitido trabalhar com a venda de genética melhoradora por meio de embriões, tanto para mercado interno como para exportação. Com sede em Conquista/MG, a GBF Global foi a primeira empresa credenciada pelo MAPA para exportação de embriões em Minas Gerais e a segunda do Brasil. Já exportou para Bolívia, Costa Rica, Equador e Guatemala. Agora, dá início à venda de animais, dentre eles bezerras, novilhas prenhes e vacas em lactação, como resultado de um trabalho de anos que foi construído ao longo do tempo. Com base em um plantel com grandes e renomadas doadoras Gir Leiteiro, Holandesas, Girolando CCG 1/2 e 1/4, das melhores famílias, dá início neste leilão à venda de bezerras, novilhas prenhes, vacas em lactação e tourinhos, como resultado de um árduo trabalho de seleção de quase 35 anos. Na produção de leite como negócio, trabalha com um rebanho de base Girolando, principalmente animais das composições raciais 5/8 e CCG 3/4, produzindo hoje mais de 13.000 litros diários, em um projeto que almeja atingir 40.000 litros em 5 anos. Com um projeto sustentável, a GBF Global foi a primeira fazenda leiteira do Brasil certificada com o Bem-Estar Animal e é reconhecida nacional e internacionalmente pelas suas ações de vanguarda tecnológica, ambientalmente adequadas e socialmente responsáveis. Marque na agenda- Toda a qualidade genética da seleção da GBF Global estará em oferta no Leilão GBF Global Premium no dia 14 maio, a partir das 14h, com transmissão pela Remate Web. A leiloeira é a Programa Leilões e o evento terá condições especiais de parcelamento.
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BIA FIV A. GALILEIA GAU 35
C.A.SANSÃO X ESCALA TE F.MUTUM (ATLÂNTICO TE)
CACHOEIRA FIV LAMARÃO LFRB 50 C.A.SANSÃO X UCHARIA CAL (RECITAL TE CAL)
BARONESA FIV SESMARIA SSAF6
JAGUAR TE GAVIÃO X OBJEÇÃO BRAS. (IVA FIV BRAS.)
A NATA FIV DAY
MR EVERGREENVIEW ALTADAY-ET X A NATA BRENDA FIV GENGIS KHAN
GIROLANDO 5/8; GPTA LEITE DE 1498KG; AUMENTO NA PRODUÇÃO DE LEITE; IPP - 42 DIAS.
@AGRO.BBR.LTDA 92
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NAVALHA FIV BOA LEMBRANÇA LKW 734 ESCOTEIRO FIV UNIUBE X GARAPA B. LEMBRANÇA (EDIPO DA ALAGOINHA) RECORDISTA MUNDIAL VACA JOVEM MEGALEITE 2017
ÉPOCA 4 MENINOS AVPG 308
CUBITO G.I DA ND X ESBELTA (HUMAITA TE TABOQ.) RECORDISTA MUNDIAL E MELHOR ÚBERE DA RAÇA NA NACIONAL 2018
MANGANO IBITURUNA JFPA1284
NÁPOLE TEJF x PEPITA IBITURUNA (URIEL IBITURUNA )
PERSEFANE FIV IBITURUNA JFPA 613 RUSSO TE JF X ATENA TE JF (PERSEU S)
+55 38 9 9951-4509 • BRENO.REMEDIO@HOTMAIL.COM ARINOS, BURITIS, URUCUIA/MG E BRASÍLIA/DF DEZEMBRO 2021 | #pecBR
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LEITE
Qual tamanho ideal de uma vaca leiteira? Pesquisa avalia parâmetros genéticos para peso corporal e produção de leite de rebanho Gir leiteiro O tamanho da vaca influencia a produtividade de um rebanho leiteiro? Esse tem sido um ponto de questionamento entre pesquisadores e criadores da raça Gir Leiteiro, pois bovinos mais pesados podem representar maior necessidade nutricional, afetando a rentabilidade dos sistemas semi-intensivos de produção. Desde a implantação do Gir Leiteiro Nacional Programa de Melhoramento Genético (PNMGL) em 1985, as taxas produtivas e reprodutivas da raça melhoraram. A produção de leite acumulada de 305 dias estava próximo de 2.000 kg em 1988 e alcançou média próxima a
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4.500 kg em 2018, segundo dados da Embrapa Gado de Leite. Uma pesquisa conduzida pela zootecnista Bruna Hortolani, cujos resultados foram publicados recentemente na Tropical Animal Health and Production, revista científica internacional, avaliou os parâmetros genéticos para peso corporal e produção de leite de rebanho Gir leiteiro. “Embora o peso corporal das vacas seja uma característica de eficiência produtiva que precisa ser melhor explorada, poucos estudos correlacionaram o peso adulto de vacas zebuínas, como Gir leiteiro, com outras características de produção. É importante que a coleta desse tipo de dados na raça seja incentivada, pois só assim conseguimos identificar e trazer respostas aos pecuaristas, como por exemplo
sobre essas características que podem impactar ambiental e economicamente a produção ao longo das gerações”, alerta Hortolani. Segundo a zootecnista, essa escassez de estudos sobre parâmetros genéticos é principalmente pelo fato de os rebanhos priorizarem a seleção para características produtivas, que são medidas durante a lactação de vacas. Poucos rebanhos coletam informações de peso, como o peso da vaca ao parto ou peso maduro, peso do bezerro ao nascimento ou durante o crescimento. Durante a pesquisa, foram analisados dados de 2.339 vacas Gir Leiteiro pertencentes aos criatórios Fazenda Santana da Serra, Fazenda Calciolândia e Fazenda José do Can Can. Os animais nasceram entre 1978 e 2017, pariram entre 1986 e 2019 e foram mantidas em pastagem adubada (Tifton— Cynodon spp., Tanzânia e Mombaça—Panicum máximo), em sistema rotacional durante a estação chuvosa. Além disso, receberam suplementação concentrada no cocho imediatamente após a ordenha. Os animais receberam silagem de milho como dieta complementar durante o inverno, período caracterizado por escassez de forragem na região onde as fazendas estão localizadas, em Minas Gerais e São Paulo. Outros dados utilizados na pesquisa foram fornecidos pela Associação dos Criadores de Zebu
Zootecnista Bruna Hortolani
(ABCZ) e pelos criadores, sendo 4.048 registros de produção de leite em 305 dias de 1948 vacas e 1.847 registros de peso da vaca ao parto de 1194 vacas. De acordo com a zootecnista, o número de registros foi menor para peso ao parto, pois os animais não são rotineiramente pesados na maioria das fazendas leiteiras e essa medição foi introduzida recentemente nas fazendas estudadas. As informações permitiram estimar parâmetros genéticos para produção de leite acumulada em 305 dias e peso ao parto de vacas Gir leiteiras puras. Os resultados apresentaram uma associação genética positiva entre as características, porém de baixa magnitude, o que indica que a seleção para aumento na produção de leite causará pouca alteração no peso dos animais. Na avaliação das tendências genéticas para tais características, também se observou que, apesar dos ganhos marcantes para a produção de leite ao longo dos anos, o peso corporal das vacas sofreu apenas pequenas modificações. “Tais resultados são de grande importância para a raça, pois sendo a seleção para a produção leitera o principal interesse dos pecuaristas, e considerando-se que o peso corporal não sofrerá grandes impactos, a estratégia se mostra favorável principalmente para o sistema de criação adotado nos trópicos, reduzindo os impactos ambientais e economicos”, conclui Bruna Hortolani.
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LEITE
Girolando lança campanha para incentivar uso da raça A entidade quer ampliar o número de animais Puro sintéticos e da composição racial 5/8 Holandês + 3/8 Gir A raça bovina leiteira Girolando, responsável por 80% do leite produzido no Brasil, acaba de ganhar uma campanha nacional para fomentar seu uso no país. A Associação Brasileira dos Criadores de Girolando deu início a uma ampla campanha promocional, intitulada “Girolando 5/8 - A Raça Nacional”. Ao longo de 2022, várias ações de marketing serão executadas para levar mais informações sobre os animais Puro Sintético e 5/8, composições raciais que são consideradas a raça propriamente dita pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O público poderá participar ativamente da campanha, atuando como “Porta-voz do PS e 5/8”. Basta compartilhar conteúdos sobre a raça nos perfis do criador ou da propriedade e marcar a Associação de Girolando (@associacaogirolando) ou comentar nas postagens feitas pela entidade. Atualmente, o Girolando é a raça leiteira com maior número de animais com registro genealógico e a segunda que mais comercializa sêmen. Entre os diferenciais
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da raça, estão a alta produtividade, rusticidade, precocidade, longevidade e fertilidade, além da alta capacidade de adaptação a diferentes tipos de manejo e clima. Outras ações programadas são vídeos sobre a seleção de PS e 5/8, resultados alcançados por criatórios de várias regiões, informações técnicas sobre os touros, além da realização de eventos em exposições, como a ExpoZebu e a Megaleite. “Precisamos popularizar as informações sobre a raça Girolando, que é a base da pecuária brasileira, não só dentro do agronegócio, mas em toda a população nacional. O leite é um alimento importante para a saúde humano e as pessoas precisam conhecer como os criadores, no campo, têm trabalhado para selecionar animais produtivos e sustentáveis, tornando viável a produção de lácteos. Com essa campanha inédita, queremos mostrar ao país que o Girolando é com muito orgulho a Raça Nacional”, assegura o presidente da entidade, Odilon de Rezende Barbosa Filho.
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ZONA RURAL GESTÃO . TECNOLOGIA . SUSTENTABILIDADE . MERCADO
Controle ecológico
MANEJO ADEQUADO CONTRA PEQUENOS INIMIGOS
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ZONA RURAL
Controle ecológico
contra pequenos inimigos Manejo adequado e novas estratégias de combate ao carrapato e moscada-bicheira buscam reduzir os danos causados na pecuária
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a tentativa de minimizar prejuízos da ordem de milhões de dólares causados por carrapatos e pela bicheira, pesquisadores brasileiros têm apostado em controles naturais e manejo preventivo desses dois “pequenos inimigos” da pecuária. Na Embrapa Gado de Corte, o pesquisador e médico-veterinário, Renato Andreotti, trabalha em algumas frentes para o controle do carrapato. Uma linha de pesquisa em desenvolvimento é o Sistema Lone tick (carrapato solitário, em livre tradução do inglês). A técnica permite o controle da infestação do carrapato, utilizando a rotação de pastagem, mas tendo como parâmetro o ciclo de vida do ectoparasita e não da forrageira. O pasto é dividido em quatro áreas, com os animais permanecendo por 28 dias em cada uma. O piquete precisa ficar por 84 dias sem pastejo de bovino. Assim, as larvas ficam sem hospedeiro e a maioria morre. “Quando os animais retornarem ao local, a quantidade de carrapato será pequena, garantindo a vacinação natural para tristeza parasitária, e não atrapalharão o desenvolvimento do rebanho”, explica Andreotti. Como cada região do Brasil exige um manejo diferente, o Lone tick está sendo testado em biomas variados. O primeiro deles foi no Cerrado, com animais Senepol e An-
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gus, com os testes em campo tendo duração de um ano. A Unidade Animal adotada por piquete foi de 0,8, sendo 27 exemplares da raça Senepol e quarenta da raça Angus. A média de infestação de carrapato por cabeça ficou em 10, permitindo o desenvolvimento normal dos animais e sem registros de casos de doenças. Desde junho do ano passado, os testes foram iniciados em Canguçu/RS para validar o Lone tick no bioma Sul. A propriedade escolhida trabalha com o sistema orgânico, mas o controle do carrapato era o único que ainda utilizava produtos químicos. O rebanho conta com animais cruzados de Chianina e Nelore. A próxima região a ser testada será o Sudeste. A Embrapa divulgará os resultados em uma revista científica internacional. Andreotti explica que o sistema em estudo é uma opção de manejo alinhada com a proposta de uma pecuária Carbono Neutro. “Como o carrapato prejudica o desenvolvimento do animal, uma maior eficiência em seu controle garante condições para os bovinos serem mais precoces, o que contribui diretamente para a redução das emissões de carbono”, explica. Como não há uso de acaricidas no sistema Lone tick, ele também é uma alternativa para quem trabalha com orgânicos. Atualmente, o método mais comum utilizado
Renato Andreotti
para controlar o carrapato no rebanho bovino é o controle estratégico com uso de pesticidas, porém ele se mostra esgotado em função do desenvolvimento de resistência do carrapato a esses produtos. Segundo o pesquisador, o Lone tick ainda traz uma viabilidade econômica, não só pela redução do uso de medicamentos para o controle do carrapato e para tratar as doenças causadas por ele, mas também pela possibilidade de produzir alimento para o gado nos períodos secos. “O sistema tem um potencial econômico muito interessante, pois é possível aproveitar o pasto que sobra durante o período sem pastejo para fazer feno em pé ou cortado, tanto para uso do próprio rebanho quanto para venda”, orienta o pesquisador. A Embrapa Gado de Corte desenvolveu a “Régua do Carrapato”, apontando a infestação anual por raça dentro de um sistema de produção comum. O limiar econômico estipulado é de no máximo 40 carrapatos/animal/ano. Os zebuínos (Nelore) estão abaixo dessa média, com 10 carrapatos, e as raças taurinas acima, sendo o Brangus com 100, Senepol com 350 e Angus com 600. “O estresse no manejo é um complicador. Se não for adequado, é possível ter uma infestação muito superior à estipulada para cada raça, mesmo nos zebuínos”, destaca Andreotti. Outra frente de pesquisa de Andreotti é uma vacina contra o carrapato, que está em fase de registro do Ministério da Agricultura, mas sem previsão de quando começa
a ser comercializada. Prevenção contra mosca-da-bicheira Já erradicada nos Estados Unidos, a miíase ou mosca-da-bicheira ainda causa prejuízos no Brasil e em outros países da América do Sul, pois reduz o desempenho animal, provocando menor produtividade, lesões no couro e mutilações. Os danos ainda incluem elevação dos gastos com medicamentos utilizados no controle e perdas devido à mortalidade dos animais. Incluir a prevenção da bicheira dentro do calendário sanitário da fazenda é essencial. A bicheira ocorre quando moscas da espécie Cochliomyia hominivorax depositam ovos (semelhantes a pequenos grãos de arroz e que podem ser vistos a olhos nus) nas feridas dos animais, localizadas em qualquer parte do corpo do bovino. Dos ovos eclodem as larvas de primeiro estágio que são muito pequenas e começam a se alimentar dos tecidos do bovino, ao produzir enzimas proteolíticas. No segundo e terceiro estágios, elas ficam maiores e são capazes de produzir grandes quantidades de enzimas digestivas. Ela afeta principalmente bezerros ao nascimento, devido à ferida do umbigo, e as vacas no pós-parto, sobretudo quando ocorre alguma dificuldade no parto, levando a formação de feridas na pele e mucosas. De acordo com orientações da Embrapa Pecuária Sudeste, o principal cuidado é manter a vigilância. Os ovos/larvas devem ser eliminados
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ZONA RURAL
Pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, Márcia de Sena Oliveira
o mais rápido possível, a fim de se evitar danos maiores. “Tratar o umbigo dos bezerros com uma solução de álcool iodado e a limpeza e desinfecção das feridas no pós-parto ajudam muito na prevenção das infestações”, esclarece a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, Márcia de Sena Oliveira. As vacas no pós-parto precisam ser examinadas frequentemente para verificar se há ferimentos na região vulvar, assim como a presença de excreções no corpo, mantendo sempre a ferida limpa e desinfetada. Durante a estação de nascimento, tanto os bezerros como as vacas, devem receber um cuidado maior, a fim de se prevenir infestações graves e de difícil tratamento. Outra dica é evitar, se possível, procedimentos cirúrgicos rotineiros nos meses mais quentes do ano, pois é quando as infestações de moscas são maiores. Após intervenções, como castração ou descorna, o local da lesão deve ser tratado e protegido com repelentes para evitar a instalação de larvas. Controle das moscas- Nos Estados Unidos, essa espécie foi erradicada por meio de uma grande campanha que distribuiu machos estéreis provenientes de uma cultura de laboratório em todo o sul do país. Atual-
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mente, a fronteira com o México é mantida sob vigilância pelos órgãos de defesa sanitária, e o canal do Panamá é usado para liberar machos estéreis e evitar a reintrodução do parasita no território americano. “Há a perspectiva de termos compartimentos livres da mosca, com áreas determinadas que possam dar garantias de qualidade de produtos ou animais destinados à exportação”, explica coordenador geral de Sanidade Animal do Mapa, Jorge Caetano Júnior. A estratégia da utilização de machos estéreis está fundamentada no fato de que as fêmeas copulam uma única vez durante sua vida, e quando várias delas copulam com um macho que não é capaz de fertilizá-las, há uma grande queda no número de indivíduos. Esse controle natural tem se mostrado muito eficaz, porém é de alto custo e depende de políticas públicas. Em março, um encontro internacional sobre mosca da bicheira, realizado em Porto Alegre, teve o objetivo de realizar encaminhamentos sobre o plano de erradicação do inseto. A reunião foi promovida pelo Comitê Veterinário Permanente do Cone Sul. Para a diretora do Departamento de Defesa Agropecuária da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, Rosane Collares, o controle da mosca deve ser um projeto de longo prazo. “Estamos acompanhando os passos do Uruguai para tentar uma alternativa que seja adequada para nossa região”, explica.
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GENTE
PECUARISTAS . ESPECIALISTAS . CRIADORES
Criadores
RECONHECIMENTO AO SINDI PORANGABA PERFIL JANDOVI PRANDI JÚNIOR
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CRIADORES
Reconhecimento ao Sindi Porangaba
Com o apoio incondicional da família, o criador Felipe Curi conduz a seleção do Sindi Porangaba, criatório que se tornou referência em genética zebuína, com animais eficientes, produtivos e de sucesso nas pistas.
E
m busca de alternativas capazes de tornar a pecuária de corte extensiva nas regiões de São Paulo, Minas Gerais e Goiás numa atividade mais eficiente e produtiva, o pecuarista Felipe Curi decidiu testar uma nova raça bovina nos cruzamentos com fêmeas Nelore. Nas fazendas da família, era desenvolvido um sistema de ciclo completo (cria, recria e engorda) a pasto, porém a escassez de alimentos nas secas, o forte calor e as pastagens grandes na época das chuvas eram desafios a serem vencidos. Várias raças já tinham sido testadas no cruzamento com Nelore, mas sem grande sucesso. “Os touros taurinos não andavam atrás das vacas para cobrir, e
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os mestiços que nasciam, sofriam demais na desmama. Com isso, seguíamos na busca de um gado mais rústico, que tivesse uma recria mais proveitosa, visando diminuir a idade ao abate, e idade reprodutiva nas fêmeas”, lembra Curi. Tudo começou a mudar em 2004 durante uma visita despretensiosa à propriedade do criador Adaldio Castilho. Mas quem acabou chamando a atenção de Felipe Curi e da esposa Cláudia foram os animais de pelagem vermelha. “Lembro quando ele nos visitou para ver cavalos. Quando ele conheceu os animais Sindi foi amor à primeira vista. Desde então, vem desenvolvendo uma seleção de grande qualidade. Além de grande criador, é uma pessoa generosa, de energia positiva, que busca a união da família”, destaca o criador Adaldio Castilho, do Sindi Castilho. O biotipo dos animais, a rusticidade e a mansidão foram alguns dos pontos que chamaram a atenção do casal. “Como sempre atuou na pecuária comercial de corte, meu pai prezava muito pela lucratividade do negócio, fazia o melhoramento genético de suas fêmeas Nelore e não investia em uma raça por moda, mas pelos resultados que trazia. Ao ver os produtos do cruzamento com Sindi, percebeu que era um tesouro a ser explorado. Minha mãe foi quem sugeriu a ele testar a raça, pois ela acreditava no potencial do Sindi”, conta a filha Helena, que na época era apenas uma criança. Ele adquiriu alguns animais de cabrestos, bem mansinhos, para alegria dos três filhos Miguel, Felipe e Helena que passaram a cuidar dos animais com entusiasmo. Vislumbrando aliar rentabilidade a um negócio em que toda a família pudesse participar, Felipe Curi adquiriu 50 tourinhos Sindi, que foram utilizados para cobrir a vacada Nelore da Porangaba. Os primeiros bezerros cruzados nascidos impressionaram pela qualidade e alto vigor. “O fato de nascerem com menor porte permite maior facilidade do parto e a recuperação mais rápida das vacas, que logo se mostraram aptas a emprenharem novamente”, diz. O cruzamento com Sindi imprimiu maior rusticidade ao rebanho, precocidade, tanto em relação ao início da fase reprodutiva quanto à redução da idade ao abate. Na fase de engorda, foi verificado um maior ganho de peso e carcaça muito pesada mesmo sem o fornecimento de concentrado. O peso final ao abate foi maior que de outros cruzamentos que já tinham sido testados na fazenda, e até mesmo que do Nelore puro. “Ficamos surpresos com a velocidade de ganho
JOSÉ HUMBERTO VILELA, CLÁUDIA, FELIPE E RONALDO BICHUETI
FELIPE COM OS FILHOS, HELENA, FELIPINHO E MIGUEL
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CRIADORES de peso dos machos e a qualidade de carcaça, mesmo sem o fornecimento de concentrado. O Sindi provou ser tudo que estávamos buscando para nosso gado de corte” atesta Curi. “O uso de touro Sindi em cima de vacada leiteira resulta em boa rentabilidade, produzindo boas fêmeas para a pecuária de leite e machos para o corte. As fêmeas mestiças Sindi apresentam úberes pujantes, com tetos pequenos e finos, que garantiram a desmama de bezerros mais pesados. O Sindi agregou maior habilidade materna ao nosso rebanho e mais leite”, destaca.
SELEÇÃO DE SINDI PO
SILVESTRE, ADALDIO, FELIPE, HELENA E MIGUEL
CLÁUDIA, FELIPE E HELENA
CLÁUDIA LEONEL, MARIA HELENA, FELIPE CURI, HELENA, MIGUEL, RUI E FELIPINHO
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Diante do sucesso no cruzamento, Felipe Curi decidiu dar início à seleção de Sindi. Nascia, assim, em 2007, o Sindi Porangaba, cuja sede fica na Fazenda Porangaba, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. O criador adquiriu 20 fêmeas PO, que posteriormente foram aspiradas para multiplicação do plantel. O primeiro animal registrado com a marca Porangaba nasceu em 2008. Dois anos depois, já contava com mais de 200 cabeças PO. Também introduziu a genética de tradicionais criatórios da raça para construir sua própria base genética. A seleção do Sindi Porangaba preza pela funcionalidade animal dentro do sistema de manejo a pasto, buscando animais rústicos, precoces, capazes de manterem o bom ganho de peso e produzir bons bezerros em qualquer época do ano e sem receber suplementação. O criatório participa do programa de melhoramento genético da ABCZ, o PMGZ, de provas de desempenho da raça. O criatório conta com exemplares em avaliação na prova Zebu Carne de Qualidade e no Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens (PNAT). Atualmente, são realizadas três provas de ganho de peso oficializadas pela ABCZ e ultrassonografia de carcaça no
rebanho para identificar animais com padrão de carne acima da média, maior precocidade de acabamento. O Sindi Porangaba tem apresentado medidas surpreendentes, inclusive de marmoreio, confirmando a vocação da raça para produção de carne premium. Com foco na produção de genética para cruzamentos de corte, a dupla aptidão do Sindi também é valorizada na seleção, mantendo a ordenha das fêmeas e utilizando as informações de produção de leite nos acasalamentos. Participa do Serviço de Controle Leiteiro Oficial da ABCZ. “Nossa genética tem sido muito usada em cruzamentos com raças taurinas leiteiras, tais como Holandês e Jersey, pois agrega rusticidade e habilidade materna aos produtos”, constata Curi. Outro universo que o Sindi Porangaba tem conquistado bons resultados é na pista de julgamento. Logo em suas primeiras participações em exposições, o criatório assegurou importantes premiações. Em 2010, conquistou o título de Reservado Grande Campeão da ExpoZebu com o touro Arcanjo Porangaba. Em 2011, Arcanjo consagrou-se Grande Campeão Nacional na ExpoZebu. Em 2014, a fêmea Babalu da Porangaba conquistou o título de Grande Campeã, voltando a vencer, em 2016, com o prêmio de Matriz Modelo da ExpoZebu. Já nos anos de 2015 e 2016 Baunilha fez seu bicampeonato na maior exposição de zebuínos do mundo.
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
Para identificar os futuros touros, doadoras e campeões de pista, Felipe Curi conta que o critério de seleção é rigoroso. A partir dos 11 meses, as melhores fêmeas são selecionadas e submetidas à inseminação. A Fertilização in Vitro é utilizada largamente, sendo que 80% do rebanho é oriundo dessa tecnologia. Os touros do criatório são utilizados no rebanho, tanto nas vacas puras quanto nas mestiças, para
confirmar a qualidade da genética Porangaba. Entre os touros de destaque do rebanho está Lok Porangaba, que começou a produzir sêmen aos 19 meses e agora está com filhos para nascer antes mesmo de completar três anos de idade. Para a formação do time de pista, os bezerros com melhor desenvolvimento ponderal na fase de desmame são selecionados e recriados a pasto. Depois, seguem para cocheira, onde são preparados para as competições de julgamento.
MÉRITO ABCZ
Com tantos anos de dedicação ao Sindi, Felipe Curi teve seu trabalho reconhecido pela ABCZ. Ele receberá o “Mérito ABCZ”, honraria concedida a personalidades que vêm contribuindo para o sucesso do zebu brasileiro. “Felipe é apaixonado pela pecuária e só veio a somar na raça Sindi. Essa homenagem que ele está recebendo da ABCZ é muito merecida”, garante o pecuarista Adir Leonel.
FUTURO EM BOAS MÃOS
O trabalho de seleção da raça Sindi completa sua segunda década de existência, mas Felipe Curi acredita que ainda há um longo caminho a percorrer pelas mãos dos filhos, que já estão inseridos no negócio, mostrando que a paixão pelo zebu perpetuará na família. A missão da nova geração do Sindi Porangaba é trabalhar para tornar a raça ainda mais conhecida e pintar o Brasil de vermelho, a cor do Sindi. “Meu pai sempre falava para mim que eu poderia fazer o que quisesse desde que eu estudasse e praticasse muito. Ele nunca me privou de nada por ser mulher. E fruto desse incentivo, com 15 anos eu já fazia a parte burocrática relacionada aos acasalamentos e registros. Hoje, sou médica-veterinária formada e atuando no negócio. Ele é grande responsável por toda minha paixão pelo Sindi, pois estimulou a mim e a meus irmãos a gostarmos da pecuária. Ele me fez ser a pessoa que eu sou hoje. Meu pai está nos preparando para cuidar da seleção tão bem quanto ele cuida, para que, quando decida deixar tudo a nosso cargo, faça isso com confiança”, afirma Helena.
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GENTE
Direcionando os caminhos do zebu O médico-veterinário Jandovi Prandi Júnior, proprietário da Select Assessoria Pecuária, conta como é atuar nos bastidores da pecuária, auxiliando os criadores na seleção do rebanho
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Jandovi Prandi Júnior
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or trás dos caminhos de sucesso percorridos pela pecuária de elite no Brasil, estão profissionais que têm trabalhado junto aos criadores de zebu para definir os critérios de seleção e as ferramentas para melhorar e multiplicar a genética bovina. Gente como o médico-veterinário Jandovi Prandi Júnior, proprietário da Select Assessoria Pecuária, empresa que atende pecuaristas em várias regiões do Brasil. “O maior desafio é buscar constantemente a excelência em atendimento aos nossos clientes, compradores e produtores de genética, pois só assim conseguimos atender as exigências do mercado”, assegura. Nascido em Araraquara, município localizado a 270 km da capital paulista, Jandovi cresceu respirando pecuária. Seu pai foi criador de Nelore P.O na década de 1980 e também atuava na pecuária comercial. “Desde que me entendo por gente, estive dentro da fazenda. Quando criança, acompanhava meu pai nas atividades da fazenda e, mesmo na época em que era estudante, chegava da escola e ia direto para o curral. Depois de formado em Medicina Veterinária, trabalhei com equinos e, posteriormente, fui chefe de inspeção de um frigorífico de abate de bovinos. Na época, eu ainda fazia venda de sêmen para a Central VR”, lembra. E foi trabalhando na VR que ele teve a oportunidade de conviver com um dos personagens mais importantes da história do Nelore no Brasil, o criador Torres Homem Rodrigues da Cunha, que teve participação direta na última importação de animais vivos da Índia, no final da década de 1960, e foi responsável pela vinda do lendário raçador Karvadi. “Tive o prazer, durante um ano, de toda quarta-feira estar com Seu Torres Homem, olhando a bezerrada com ele no curral. Aprendi muito na VR. Isso é uma herança, uma memória que vou carregar para o resto da minha vida”, lembra. As vivências na seleção de Nelore permitiram a Jandovi atuar em vários projetos pecuários do país, dentre eles o Nelore Doma, HVP Agropecuária e Nelore Paranã. Paralelo a isso, buscou aprimorar seus conhecimentos sobre o zebu, durante o curso de jurados da ABCZ, passou a atuar como jurado auxiliar
nas exposições. Com isso, conseguiu entrar para o quadro de jurados efetivos do Colégio de Jurados das Raças Zebuínas. Há alguns anos, optou por fazer carreira solo, fundando a Select Assessoria Pecuária, atuando na seleção e manejo de rebanhos de criatórios de zebu. “O Nelore, na minha opinião, é a melhor raça de corte do mundo. Sua evolução foi muito significativa na última década, com o avanço das avaliações genéticas, e principalmente no biotipo dos animais. É a raça líder em produção de proteína vermelha, devido à sua precocidade, rusticidade, e adaptação em todos os cenários de extensão rural do território nacional”, pontua. Na análise de Jandovi, o zebu continua em franca expansão e tem atraído novos investidores, o que tem levado a uma busca grande pelas assessorias pecuárias, seja na realização de leilões ou no dia a dia de seleção das fazendas. “O pecuarista confia na nossa indicação na hora de definir qual animal comprar, pois conseguimos mostrar a eles o potencial de cada animal”, assegura Jandovi. Segundo ele, os compradores têm buscado zebuínos com precocidade sexual, habilidade materna, boa área de olho de lombo e de acabamento de carcaça, mas sempre observando as características de nobreza racial. “O mercado ano a ano se mantém aquecido, devido à alta demanda de consumo, principalmente das exportações, e as novas tendências de melhoramento genético contribuíram muito para o avanço da qualidade da carne bovina brasileira”, destaca. Nas pistas de julgamento, a assessoria técnica também vem colhendo frutos, levando muitos criatórios ao posto mais alto nas exposições. “Para se fazer um campeão, a descendência da árvore genealógica de um indivíduo é um fator muito preponderante, mas também um bom manejo é fundamental para que ele chegue ao ápice de sua produtividade e performance, nas pistas de avaliação das raças zebuínas”, orienta Jandovi. Com toda a experiência adquirida ao longo da carreira, Jandovi mira o futuro, mas sem perder os ensinamentos deixados pelo pai. “Ele sempre dizia para mim e meus irmãos que um homem para crescer na vida precisava acordar cedo e trabalhar. Ele foi extremamente trabalhador e sempre enfatizava que o trabalho vence tudo. Por isso, busco no meu trabalho ser uma pessoa clara e honesta, orientando meus clientes a seguir o que realmente importa para o avanço do zebu”, conclui Jandovi.
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•PUBLIEDITORIAL
GABRIEL GARCIA CID A N U N C I A P R É - C A N D I D AT U R A À PRESIDÊNCIA DA ABCZ
GABRIEL NO PARQUE FERNANDO COSTA, EM UBERABA AO LADO DO BUSTO DE SEU AVÔ CELSO GARCIA CID
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Membro da terceira geração de uma das mais tradicionais famílias na seleção de zebu no Brasil, Gabriel Garcia Cid é pré-candidato à Presidência da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Ele lidera a chapa “ABCZ Mais Forte”. A eleição acontece em novembro deste ano. Neto de Celso Garcia Cid, criador que com sua ousadia importou junto com outros três companheiros, o zebu da Índia no início da década de 60, Gabriel aprendeu cedo a ouvir e respeitar a história construída pelos pioneiros que não mediram esforços para desenvolver a pecuária nacional. Nascido dentro da Cachoeira 2C, localizada em Sertanópolis (PR), fazenda que se tornou modelo na seleção de gado Zebu, Gabriel conhece profundamente os percalços da pecuária, seja por ter assumido o negócio da família aos seus 18 anos de idade, seja pela experiência acumulada ocupando cargos em entidades como a Associação de Neloristas do Paraná, na qual foi presidente; Diretor por duas gestões, da Associação Brasileira dos Criadores de Nelore (ACNB); e Diretor da ABCZ em duas gestões (de Tecnologia da Informação, no triênio 2016-2019, e Técnico, na atual gestão). Hoje é também Diretor de Pecuária da Sociedade Rural do Paraná. Compartilhar conhecimentos e contribuir com a evolução da pecuária zebuína no Brasil estão entre as razões que impulsionam o pré-candidato a participar ativamente de entidades que trabalham pelo desenvolvimento da pecuária e em prol dos pecuaristas brasileiros. Sua história na ABCZ, como associado, começou ainda na gestão de Orestes Prata Tibery Júnior (2004-2007), e como Diretor, em 2016/2019.
“Sempre admirei muito e tive respeito pela ABCZ e pelas pessoas que cuidam dela”, arma. Ele considera uma honra poder contribuir, nos cargos que ocupou, com a evolução da entidade. Na sua gestão como Diretor de Tecnologia da Informação houve uma importante renovação e unicação dos diversos sistemas de TI da entidade; e foram implantadas melhorias, como o ABCZ MOBILE, hoje uma das tecnologias mais usadas pelos criadores. Todas as ações sempre com o objetivo de facilitar o trabalho dos criadores. A entidade possui, atualmente, o maior banco de dados zootécnicos de bovinos do mundo. O programa Troca-Troca, assinado entre a Fazenda Cachoeira 2C e o Governo do Estado do Paraná na década de 60, foi uma das inspirações para o atual Pró-Genética da ABCZ. Esse programa consistia na troca de um reprodutor comum e de baixa qualidade por um reprodutor PO melhorador. Já na gestão iniciada em 2019, como Diretor Técnico, empregou mais um ensinamento do avô espanhol: compartilhar. Nessa gestão, foram criados os encontros anuais do corpo técnico da entidade para revisão dos serviços e dos produtos, e capacitação para melhorar ainda mais o atendimento prestado pela entidade; e também implantados os encontros com criadores participantes do PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos). “Em resumo, pretendemos trabalhar sempre considerando que a Diretoria é o elo entre o que nós criadores precisamos e o que a ABCZ precisa fornecer. Os associados são os seus verdadeiros donos e não a sua Diretoria, que tem a posição de servi-los”, enfatiza. Time forte e união Para a composição da “ABCZ Mais Forte”, Gabriel conta com 17 criadores integrando a Diretoria, dentre eles Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges (ex-presidente da ABCZ), Tonico Carvalho (Fazenda Brumado) e Ana Claudia Mendes Souza (diretora da ABCZ), 81 membros do Conselho Consultivo e 10 integrantes do Conselho Fiscal. “Reunimos em nossa chapa criadores de todas as raças zebuínas e representantes de todos os estados e dos diversos modelos de seleção praticados”, informa. Segundo Gabriel, sua proposta como futuro
GABRIEL COM AS FILHAS MARIA BEATRIZ, MARIA GABRIELA E MARIA PAULA
ARNALDINHO E GABRIEL
presidente da entidade é fazer uma gestão pautada na transparência, serviços aos criadores e participação dos associados. “O cérebro da ABCZ está em Uberaba, mas ela é uma entidade nacional e internacional, com 103 anos. Esse tripé da participação de todos é muito importante. Daremos voz aos criadores do Brasil todo, através da maior participação dos conselheiros colaborando no dia a dia e tendo voz ativa nas principais decisões políticas da entidade”, diz Gabriel. Apoio Muitas lideranças já manifestam apoio à candidatura de Gabriel Garcia Cid, como o criador Abelardo Luiz Lupion Mello, Cláudio Fernando Garcia de Souza, o Cláudio Totó, José Olavo Borges Mendes, presidente da ABCZ por três gestões, dentre diversos outros criadores. “Temos sonhos e planos, e se Deus quiser estaremos trabalhando por todos os associados e pela ABCZ”, conclui Gabriel Garcia Cid.
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SOCIAL
Aurico, Osvaldo e Gustavo
Bruno e Jerson
Geovana, Edelga e Renata
Humberto , Bruna, Flávia e Wellington
Garetti e Eliseth
Dalila e José Carlos
Isabela, Henrique e Mille 110
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Giovani e Geovana
João e Eliana Leo Matsuda, Thiago, Gabriel, Leo Cerise e Joaquim
Lucila e Sergio
Thiago, Victor e Felipe
Tereza e Osvaldo
Giulia e Matheus
João, Jerson e Abel
José Carlos e Waltinho
Virginia, Fabíola, Luciana e Nathane DEZEMBRO 2021 | #pecBR
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SOCIAL
Adaldinho, seu Adaldio, Plauto e Marco Branquinho e Thiago
Cláudia, Orlando, Helena e Magna
Silvestre e Tony Fábio, Otavio e Orlando Bia e Walter
Turma do Gir Leiteiro na FEMEC 112
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Regis, Thadeu, Bruno, Fred e Gaúcho
Luiz, Fabiano, Rivaldo, Pana e Pana Júnior
Matheus, Josimar, Angelo, Angelo e Alavaro
Ney, José Luiz e Adalberto
Lourenço, Rafael, Marcelo e Betão
Marquinho, Paulo e Adir
Felipe, Ronaldo, Márcio, Douglas, Dr. Otávio, Gabriel, Bruno, Gonçalo, Arnaldinho e Rodrigo DEZEMBRO 2021 | #pecBR
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PONTO DE VISTA
“Carne bovina é ótima e tem de fazer parte da nossa alimentação. Como mostra o estudo internacional, ela prolonga nossa expectativa de vida.” Nabih Amin El Aouar, cardiologista, pecuarista e presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB 114
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“A agricultura brasileira é movida à ciência. Os próximos pilares a serem trabalhados na Embrapa são agricultura digital, bioeconomia, intensificação sustentável e biologia sintética.” Celso Moretti, presidente da Embrapa
“Temos que ter estratégias juntos, para um futuro breve que nos exige urgência neste momento pós-pandemia e agora com os problemas da guerra.” Antônio Pitangui de Salvo, presidente do Sistema FAEMG/SENAR/INAES/Sindicatos
“O diálogo com o setor foi minha habilidade enquanto estive à frente do Mapa. Às vezes, a gente não concordava, mas sempre achava o rumo do meio para que pudéssemos caminhar, progredir e fazer do agronegócio esse agro que nós temos tanto orgulho.” Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura
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OPINIÃO MERCADO
Novos desenhos geopolíticos no mundo requer um Agro de lideranças
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ivemos um caos mundial. A pandemia, e agora a guerra na Ucrânia, escancaram as desigualdades e redesenham o mapa geopolítico do planeta. Uma nova ordem mundial surge. A pecuária brasileira segue a banda, dançando conforme a música. Mas toda crise gera oportunidades! A pandemia vinda da China fez cair grandes potências mundiais que arrastam dois anos de PIB negativos e dificuldades para se reerguerem na política do “fique em casa”, queimando suas reservas. Crise, desemprego, fome, famílias desestruturadas, milhões de órfãos, empresas tradicionais que desapareceram. O legado da pandemia é enorme e demoraremos a recuperar a economia do período pré-Coronavírus. Somado a essa catástrofe sanitária, vivenciamos agora a Guerra da Ucrânia/Rússia, também vinda do Oriente, despertando o que há de mais amargo na espécie humana. Vidas ceifando vidas. Junta-se um país de tradição bélica com uma potência eco-
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nômica que se diz “neutra” e temos um cenário desolador de mortes de civis, ataques a hospitais, bairros residenciais etc. É um país destruído com sua gente e sua história magnífica. Uma nova ordem mundial está surgindo. O Oriente vai se fortalecendo, militarmente e economicamente enquanto a economia e a soberba do Ocidente vão se ruindo. As economias mundiais estão interligadas, mas pendendo para o lado do “Sol nascente”. As criptomoedas vão ocupando o espaço de um dólar sem lastro, ferindo a soberania dos países e enfraquecendo os Bancos Centrais do mundo todo. É caminho sem volta! As fontes de energia, minérios, insumos estão mudando para novas fontes e mãos diferentes. A verdade é que tem muito “caroço neste angu” que ainda não sabemos, mas o mapa geopolítico do nosso planeta está mudando. E o Brasil, para que lado penderá? Historicamente, não temos tradição bélica, somos anões neste quesito. Mas no setor de
Eduardo Muniz de Lima “Mineiro” Médico veterinário especialista em Produção de Ruminantes, MBA em Gestão Empresarial, MasterMind Aliança Agrotalento e diretor da Central de Receptoras Minerembryo diretoria@minerembryo.com.br
abastecimento de alimento mundial somos líderes e altamente estratégicos e hoje todos querem estar juntos de nós. De um lado, um Estados Unidos inoperante e uma Europa sem líderes e enfraquecida. De outro, um Oriente fortalecido e extremamente comprador de nossas commodities. Chegou a hora de mostrarmos ao mundo o poder estratégico dos alimentos e que finalmente o Gigante acordou. Nossa pecuária vai nesta linha, vendendo cada vez mais para a China, Rússia e Oriente Médio, pendendo o prato da balança para o Oriente até com uma boa independência dos EUA. “Porteira adentro” ainda temos a preocupação do abismo criado entre a arroba interna e a que vai ao mercado externo, forçando a busca da qualidade e precocidade e isto é muito bom, mas penaliza as in-
dústrias focadas no Brasil, que vê suas margens derreterem. O mercado é soberano, temos que respeitá-lo, mas não seria a hora de batermos a mão na mesa e nos proclamarmos realmente como líderes mundiais no quesito alimentação!!! Definir os preços de grãos e proteínas animais mundialmente através de nossas bolsas e órgãos regulatórios sérios? Redesenhar estrategicamente as distribuições destes alimentos, inclusive internamente ao nosso povo tão sofrido? E que tal investirmos nossos lucros do Agro em educação e, só assim, nos tornarmos realmente uma Grande Nação? Onde estão os líderes nacionais do Agro? Acredito cegamente que, ao final, irá sobreviver quem tiver alimento e educação, e não fuzil...
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OPINIÃO
MV. Sérgio Henrique Andrade dos Santos Médico-veterinário, consultor em sanidade bovina
SANIDADE
Gestão e sanidade na pecuária de corte
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a pecuária de corte, trabalha-se com excelência nas áreas de reprodução e nutrição, sempre buscando os melhores protocolos de inseminação artificial e formas de diminuir o custo da dieta. Porém, um ponto ainda pouco percebido pelos pecuaristas e que vem ganhando força é o trabalho na sanidade. O custo da sanidade no sistema de produção de bovinos gira em torno de 1% a 3%, onde estão incluídas as compras de medicamentos, vermífugos, calendário vacinal e tratamentos de rotina. Quando o animal adoece, existe um comprometimento no ganho de peso, diminui a possibilidade de mostrar o seu potencial genético e tem a produtividade comprometida. Imagine uma situação em que o preço de venda para abate dos animais é de R$4000,00/cabeça e que, durante a terminação, houvesse um óbito. O produtor, com a ideia de tentar recuperar esse valor perdido, consegue abater seus animais por R $4100,00 reais (cem reais a mais do que previsto), ou seja, diretamente seria necessário a quantidade 40 animais para repor aquele animal perdido. Observando o prejuízo que o óbito na fazenda gera, temos a certeza de que a gestão sanitária vai muito além de promover a saúde, é garantir que o produtor tenha o lucro esperado e que a propriedade seja perene. A sanidade é extremamente importante em todo ciclo da pecuária, desde a cria até o abate ou venda dos animais, e exige o uso de ferramentas para avaliar e acompanhar o rebanho, obtendo, assim, o controle necessário da situação. Ao ter dados diários, podemos observar brechas e
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gargalos na saúde dos animais, possibilitando ações corretivas e preventivas. Podemos trabalhar com indicadores de mortalidade, morbidade, eficiência de tratamento e vários outros. O indicador de morbidade está relacionado diretamente às doenças no rebanho e pode ser introduzido em todas as fases. Na cria, por exemplo, a primeira porta de entrada dos microrganismos é através do umbigo, portanto, ter um indicador nessa fase possibilita saber se a cura de umbigo deve ser melhorada ou está sendo feita adequadamente. Quando se fala de recria, em um sistema de produção a pasto, vemos os ectoparasitas sendo os principais desafios, de forma que o complexo Tristeza Parasitária Bovina é uma doença de grande impacto. Assim, é necessário um planejamento de vermífugo para esses animais, para que o contato com o parasito seja de baixo impacto para a saúde. Na terminação em confinamento, um grande número de animais apresenta a Doença Respiratória Bovina, relacionada à múltiplos fatores, desde o estresse do ambiente, poeira, quantidade de animais juntos e peso. Avaliar os indicadores na terminação, é o ponto-chave para a lucratividade do sistema. Nenhuma medida de correção será efetiva se não houver formas de mensurar a evolução, por isso, os indicadores sanitários são de extremo valor. Claro que, devemos lembrar que para o gado demonstrar todo o seu potencial, sanidade, nutrição e reprodução devem estar alinhadas, e isso só será possível com um gerenciamento sanitário efetivo.
OPINIÃO
Karla Alessandra Consultora de Negócios - CRECI-MG 43506 karla@investingday.com.br
INVESTIMENTOS
K
Investing Day – Um novo olhar para aquisições de imóveis rurais
arla Alessandra é a nova CEO da Investing Day, uma empresa especializada em intermediações de ativos imobiliários. Ela explica que a aquisição de áreas rurais envolve uma série de cuidados, chamando atenção para a necessidade de submeter o ativo a um rigoroso processo de Due Diligence. Isso significa uma análise prévia de informações sobre o imóvel e seus negociadores, adquirentes e vendedores. O processo é cauteloso, mas essencial. Antes de concretizar qualquer bom negócio, as partes devem ser submetidas ao diagnóstico, só assim é possível avaliar e mitigar os riscos de se envolver em possíveis fraudes e irregularidades. Karla destaca que o risco não está ligado apenas com aquele que adquire, mas o negócio pode afetar também aquele que aliena (vende). Ela cita um exemplo, onde o interessado pelo imóvel esteve envolvido em grandes escândalos fraudulentos. Neste caso, o alienante quase trocou um ativo limpo por um capital sujo, o que só não ocorreu por conta da Investing Day. “Nem sempre o melhor pagador é o melhor comprador”, assegura. O agronegócio tem chamado atenção de forma geral, o que acaba atraindo para a atividade pessoas com pouca experiência no setor. Ela afirma que existem diversos critérios que precisam ser observados pelos negociadores. O imóvel rural, pelas suas características, não passa pelos mesmos critérios do imóvel urbano. O imóvel rural depende de sua aptidão, exemplificando que o Valuation
muitas vezes depende da produção estimada pelo período de anos, não é simplesmente multiplicar os hectares. O grande desafio frente a Investing Day é entregar o melhor produto (imóvel) aos seus parceiros, criando um ambiente de segurança, credibilidade e conforto entre as partes. Para isso, o primeiro passo é submeter o ativo à equipe interna de análise de risco. Somente após de uma prévia avaliação, o ativo é apresentado ao mercado. Segundo a CEO da Investing Day, não quer dizer que uma eventual crítica possa inviabilizar o negócio, mas o processo vai proporcionar que as partes tenham real conhecimento do tipo de negócio que pretendem realizar. Outro cuidado que a Investing Day toma é em relação à confiabilidade, ou seja, não veicular a informação sem critérios. Isso significa dizer que a empresa cumpre todas as regras de Compliance e boas práticas, bem como os termos de confidencialidade através dos “NDAs”. “Nosso perfil é apresentar ativos com alto valor agregado para pessoas sérias e que sejam sinérgicas com aquele tipo de mercado. Fugimos dos aventureiros, papeleiros, fila de intermediários, sobretudo dos especuladores que acabam depreciando o ativo”, garante a CEO. Assim, estando tudo certo, o ativo ganha a dinâmica necessária para o mercado. A Investing Day também está antenada na Tokenização dos ativos. “Este é o outro lado mais tecnológico da empresa, depois eu volto para contar mais para vocês”, finaliza Karla.
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OPINIÃO
Gabriella Camargo Fernandes Bicalho Advogada, pós-graduada em Direito do Trabalho pela PUC-MG gabriella@fraadvogados.com.br
JURÍDICO
Advocacia preventiva e Compliance trabalhista no Agro
A
importância do agronegócio para a economia brasileira é inquestionável. Com o seu crescimento exponencial, o agronegócio tornou-se o setor mais importante da nossa economia. Diante da dinâmica do mercado e das inúmeras particularidades próprias do setor, é imprescindível que o produtor rural e a agroindústria sejam assessorados por equipe jurídica especializada, que conheça a fundo as minúcias do agronegócio, bem como as diferenças entre suas diversas espécies de produtores, tais como fabricantes de defensivos agrícolas, de commodities, de HF e também os pecuaristas. Isso porque o agro traz consigo singularidades em todos os ramos do Direito, a exemplo de relevantes repercussões no Direito Trabalhista, Direito Tributário, Direito Civil, como se vê quando da elaboração de um contrato de safra, da emissão de títulos de crédito, da tutela do meio ambiente e da constituição de uma holding rural. O produtor rural hoje não é visto somente como um homem do campo, mas principalmente como verdadeiro empresário rural. Com a inegável evolução na forma de trabalhar do produtor rural, passou-se a exigir maior rigor e profissionalismo nas diversas cadeias de produção, na gestão administrativa do setor, no cumprimento da legislação e de suas regulamentações específicas, por exemplo, a NR 31, que trata da saúde e segurança do trabalho no agro. Sabe-se que um dos maiores desafios do produtor rural é a área trabalhista, pois, muitas vezes, o produtor cumpre todas as exigências legais, mas seus empregados não. Os desafios aparecem, pois o agro depende de mão de obra de outras regiões (safristas), que trabalham de modo temporário naquela propriedade e o produtor acaba por ter dificuldade em fazer valer o uso correto de EPIs, o uso adequado do banheiro, dos alojamentos
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e da área de vivência. Hoje, o produtor se preocupa em trabalhar em conformidade com a lei, de modo a evitar os mais diversos passivos, desde autuações do Ministério do Trabalho a ações judiciais. Logo, não é por acaso que algumas relações comerciais e emissão de certificações do agro passaram a exigir a implementação de programas de compliance no meio rural. Compliance nada mais é do que agir em conformidade com as normas legais e regulamentares, cuja função é proporcionar segurança jurídica e minimizar riscos, garantindo o cumprimento dos atos, regimentos, normas e leis estabelecidos interna e externamente. Estamos acostumados a remediar e não a prevenir, mas sabemos que a prevenção é o melhor e mais econômico caminho, pois minimiza os problemas, melhora as relações e aumenta o valor de mercado da própria empresa. A agropecuária empresarial traz consigo a particularidade de ser uma empresa a céu aberto. Assim, é indispensável a realização de cuidadosa gestão de riscos, aliadas a ganhos de eficiência, com a exploração da agricultura e pecuária de precisão, lançando mão de atuação estratégica na elaboração de contratos e implementação de programas de compliance. Portanto, no atual cenário, não existem dúvidas sobre a absoluta necessidade de um suporte jurídico que seja multidisciplinar e especializado, capaz de atender o agronegócio nas suas mais variadas demandas, sejam elas administrativas, trabalhistas, cíveis, tributárias e/ou ambientais, aspecto que exige do advogado desta área não apenas conhecimento profundo das normas jurídicas que regulam as relações agrárias, mas, sobretudo, a completa compreensão das dores e do dia a dia do produtor rural, a fim de que possa atuar com efetividade para minimizar riscos e gerar melhores resultados.
EM FOCO
Foto: Samir Nicolau
O amor está em toda a parte da natureza, como emoção, mas também como recompensa. Ralph Waldo Emerson
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100% COM AVALIAÇÃO
GENÔ-
24 ABRIL 2022
40 FÊMEAS NELORE PO 20 GARROTES E PRENHEZES Descendentes das principais famílias do Nelore
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